ANOI
Loriga - Fevereiro de 1950
N." 12
POR
A BEM
TUDO
DE
E
LORIGA
POR
TODOS
E DA
-
RE GIAO
EDITOR: José Luís de Pina - LORIGA
ADMINISTRADOR: Armando Leitão - LORIGA
TRABALHANDC ...
Publicados que estão após a saída deste número
12
~xemplares do nosso jornal, «A NEVE» vai en~rar 110 segundo ano da sua publicaç:ão. Não pretenemos por ora analisar a sua acç:ão externa, as suas
:vantagens, ou o·s louros que. .poderá vir a colher de
·~n1ro. Não. Queremçs sim, chamar a público a.atençao dos nossos leitores <para alguns prohlemas, que se
prendem com a vida do jornal.
•Poucos poderão fazer ideia do trabalho que repr~enta cada exempla-r que aparece, desde o conse•
gu1r-se a cola·bora?o até à paginação e distribuição.
1 ~d,? desde a «a~aptaç:ão)>, dos artigos aleijados,
ate a colagem de cmtas e ·selos para a ex.pedição é
~eito com entusiasmo e carinho por meia dúzia de
Jovens de boa vontade.
A orgânica dum jornal é assaz complicada e com
isso temos de contar. A cada passo surgem proble" tnas a 1'~ol vcr e uma série e pequenas tarefas a que
quase todos se 'furtam. Justifica-o a experiência.
O jornal é de Todas e todos temos de ser para
o jornal.
Mas o jornal )á aca·ba por sair. Não 'Pode porém, continuar 'assim.
A ((Neve» é o órgão mensal de Loriga, a bem
da Região. Porém na pcriocidadc ele tem falhado,
raramente ·:saindo na devida altura. Não e.Stá em discussão a causa. Só <!Ueremos lembrar ser condição
necessária e sufkiente à existência dum jornal a sua
periocidade. Ela é a verdadeira respiração dum jornal: · E como sabemos respiração alterada, vida em
perigo. A .s~ída do · jornal, iuegular, gera o desintere;se dos le1tores. ·O .e:foito causado por um número
saido apaga-se•. se não vier outro n·úme-ro reacender
o .fogo. O jornal pode .não morrer, e então fica en·
trevado vivendo com achaques constantes, destruindo-se lentamente.
Um dos grandes males de «A NEVE», tem sido
a irregularidade da .sua publicação. As causas têm
sido várias: desde a consecµção dos artigos até à demora na -tipografia e di;ficuldade de dist1'ibuição.
Mas a causa mestr<1 é a colaboração; é sempre
rnoroso conseguir a colaboração stmcicnte para org:mizar um novo número. E curioso que a maior
P<irte das vezes escreve quem não tem ·nada para
dizer e cala-se quem é capaz de fazer coisa acertada
e conveniente.
.
Estamos certos que na nossa terra é. entre Doutores e Estudantes ou pessoas dotadas df. boas faculdades ~oderia ser recrutado um grupo relativamente
numeroso de colaboradores. T.e.mos a certeza, que
entre os ~rig~ensi:s ~~lhados -pela3 5 partes do
mundo, eXlStem .meia duua deles, que poderiam colaborar no s:u ·Jornal. Temos vjvido especialmente
de colahor:ça~ extr~nha de pessoas amigas, cujo
exemplo nao e segmdo .p or aqueles, que em situa•
çã~ passiva e desínteressa?a ·se limitam a pagar ·ª sua
õtssmatura, quando podenam levar mais longe a sua
comparticipaçio em •benefício do jornal.
Esta apatia, terá que terminar, .pois que a expansão que.1á tem o nosso jornal, deve ser para todos ·nó.s motivo de orgulho e estímulo para aqueles
-que isolados em torre de marfim, podendo colaborar
Votam O ;orna} ao mÚs condenável ostracismo,
Analisámos já dois aspectos importantes da vida
do nos..co jornal - - periocidade e colaboração - falta-nos falar do ponto fundamenta!:
A questão económica é o rfundamento de <toda
a orÇ'a~izaçio material. Sem uma ·boa .organizaç:ão
t!conom1c.a nem <cA NEVE» n~m nenhum jornal do
(Co1tlnn11 na 11áüa11 4)
DIRECTOR E PROPihF.TÁRIO: Dr. Carlos leltã.o Bastos
R. Marquês da Fronteira, 84-J.0
-
REDACl'OR: Eng. Emílio Leitã o Paulo LORIGA
Lisboa
COMP. E IMPRESSO: • União Gráfica• - R. Santa Marta, 4B- Lisboa
~~@U ~<b:OM ~~T©
~~ii~/A.~H©
Em artigo recentemente inseTido nas colunas do
jornal c<A Guarda» vimos frisad<1s as vantagens advindas, com a ligação da estrada Coimbra-Covilhã,
para a indi1stria, comércio e turismo desta tão im•portantc região.
É sem dúvida que, empenhados como estamos
no saneamento industrial do País, e considerando
esta região inteiramente interessada' ne~e ·saneamento, pelo grau elevaqo atingido pela sua indústria, a
imprensa regional não podia 'ficar alheia perante um
acontecimento que reputamos decisivo, quer no alargamento de horizontes para novos empreendimentos, quer numa maior intensificação das diver~s activi<lades· ~conómicas que aqui e ali se impuzeram
já ao respeito e consideraç:ão de ··todos aqueles que
vêm no p'rogresso o grau de vitalidatle du'm J'O';o.·
Ninguém ignora os ingente.S c.-porfiados esforços com que Loriga tem _contribuído para .a grandeza e prosperidade desta região, caminbàndo na
vanguardá dos povos, que incond icionalmente se votaram ao dever sagrado da luta pela vida em prol
da necessidade inpcriosa dum caminhar mais rápido
na senda do progresso.
A sua actividade industrial va.i-se avolumando,
sendo constante a valorização das diferentes instalações !fabris,- com novos edifícios que se levantam e
novas máquinas que -se instalam.
Os bnifícios, as malhas, a fundição e a mecânica
são indústri;is que patenteiam assinalados progressos,
assegurando a vida a uma importante massa operária'. ded.icada, laboriosa, con&cia dos ~eus deveres profiss10na1s e amante da ordem, adversa ao cantar de
s~reias de seus ~retenses amigos doutras ·b andas. qu~
visam o seu av1!tamento e degencra~ão.
E certo que o nosso colega «A Guarda» tornou
pú~l icos os benefi::ios que esta região passa a usufruir com a recente ina-ugunção da ponte de Alvoco da Serra, que deu' assim ligação definitiva à estrad~ 5=o!mbra-~~viJ:hã; .porém, numa imperdoável
negligen-c1a, om1t1u Longa da lista dos principais
centros que duma ·maneira particular beneficiarão na
sua mdústria de mais um ·factor de assinalada gran.
.
deza.
Loriga lastima a indiferenp com que é tratada_ e, tepudia animosidades com que pretendem deprrm1-la, e com ·nobreza .e lealdade sabe colocar-se
sobran~eira à' incompreensão de alguns e ao despreso
de muitos.
POSTO DE ASSIST·ÊNCIA SOCIAL
A Comissão Administrativa do Posto de Assist_ê ncia Social de Loriga, vem por este méio
tornar público, que pelo ilustre Governador Civil ·do nosso d istrito, lhe foi enviado um cheque
n~ v~lo; de 10.000$00 (dez mil escudos), contribu1çao daquele Governo Civil, para a instalação do referido Posto. .
Interpretando a .alegria de todos os loriguenses. ao verem finalmente reconhecida esta premente necessidade da sua terra , agradecendo em nome de todos a Comissão vem t estemunhar publ icarnente, a expressão ·da sua
eterna gratidão e reconhecimento.
Esperando podermos continuar a contar
com o decidido apoio das autoridades superiores, em que temos depositadas fundadas esperanças, aguardamos confiadamente o subsídio
do Estado, a fim de darmos início a uma vasta
A COM 1SSÃO
e eficiente assistência · socia)
EFEITOS
DA CRISE
A -cri~c pavorosa -que assola o mundo e caprichosamente se vai estendendo a todos os povos,
mesmo àqueles mais dotados de riquezas na turais,
tem-se 1feito sentir sobremaneira no seio do nossa
~ov~, ~ue na maior .parte se encontra sujeito à con,
tm~encia da red_u~ão do trabalho, de cujos proventos
mats que msuf1c1entes não consegue auferir ~enão
. uma defeituosa e prcéiria alir(lentação.
Há que encarar o "phiíb'!ima cõm espírito claro
e justo. pois é apenas ~prõ{i{í~'Ó.':'das: dificuldades do
momento da hora preserité: · : ,
As virtudes heróicas .do povo estão à prova e
aqueles a <i!1"r:' a 'f ortuna dotou com um pouco maís
de benevolenc1a, compete na medida do possível o
~ofr:men!o e ~ an~stia daqueles que, eivados por~o.mcntaneo mfortumo, arrastam as mais terríveis.
d rftculdades geradas pelo período fat ídico duma cri,
se tormentosa.
. A análise da situação real esclarece que as dificu~dades, por .singular capticho do destino têm in,
vadido todas as dases, como impondo-lhes um credo
comum de glorificação e exaltação ao no~o destino
eterno.
Po.rém, o nível de uns para outros é assás d j,
verso, impondo-se por dever de consciência e cari,
dade cristã um sacrifício a mais dos que ainda po,
dem para atenuar um pouco o sacrifício imenso dos
que muito precisam.
.i'.i com o coração dilacerado que contemplamos
um mundo novo de criancinhas, que já :sdfrem ar,
dentemente com o rigor insano dessa crise -tremen,
da. que egois~a. n em aos inocentes perdoa!
Então é 'Vê-los definhar, sem pão, quase nus,
de saca ao om·bro a caminho da escola!
Es.ses pequeninos .ser:s• lutando já pela vida na
aprendizagem das •primeiras let·rás, assemelham-se
muito àqueles heróis, que na .frente de •bat<tlha in ..
diferentes ao ribombar do canhão e à chuva 'sa~~
g·r enta da metr~lh~, enfrentam impávidos a morte,
abençoando a Patna 1
A esses entes, nossos irmãos mais novos, serão
n.o futurohoe_ntregues os destinos da nossa tern, e as-~1ste-nos
Je o dever sagrado de minorar ao máximo
o seu prematuro sofrer.
_ Como .riobre seria a .nossa acção e quantas bênçaos descenam do Trono da Majestade Divina para
todos que, em massa. acorressem ao chamamento que
. Ela_ nos faz .desde ª. eten:id~de c10 que fizerdes ao
mais pe:<Juenmo; ~ mim propr10 o fareis,>.
Pors bem, 1a que o ano de 1950 é santo e nós.
q ue crenl<ls na
. santas
_ ·sua sant·d
. i ade, tornemos .mats
as noss~s acçoes .e mais .felizes os desamparado!>.
.seiamos. cristãos, apóstolos dum cristianismo
sentido• meditad
· 'do, ten d o b em p resente as
. . • o e vivi
verdades divinamente enunciadas há vinte séculos.
~ certo que. cada um prat:ca a caridade segunde>
os dJtames da sua consciência mas creio que me
não levareis a mal um alvitre:·
As crianças das e;:colas aspiram ao saber e à
luz, mas ? . ~proyeitamento d.e muitas é reduzido
dadas a~ d1f1c1enc1.as_ da sua parca alimentaç:ão.
, Pots bem, <r1staos do melhor quila te, que cada
um dos que possa, 1'eceba em sua casa uma criança
e repart:_ com e!a as suas abenç:oadas refeições!
.
_E~ta~ vereJs co~o ela será mais forte, a sua
mteltgenc1a mais viva e o seu reconhecimento
eterno!
E. P.
FEVEREIR0-1950
"· A NEVE
2
BAPTIZAOOS - N• Jgrcja Paroquial de Loriga, recebcr..im o Santo Sacramemo do blptismo as seguintes crianças:
Maria dos Anjo5, filha de Ant6nio Nunes Luís e Macia Teresa Nunes; Fernando Ambrósio, filho de Ani6nio
Alves ·Pereira e Maria da Anunciação de H ora Ambrósio;
·Eduardo, filho de Mário .Pinro L11is e Carlinda Nunes Ca r·
doso: Marta de Lourdes. filha de António Fcrn;indes. Carreira e de Alice Gomes Lages: António, .filho de António
•Duarte Santos de Brito e Maria dos Anjos Mendes da Sil~
.Ya:' Maria . .Lúcia, .filha de António Duarte SJ.ntos de Brito
e de Maria dos Anjos Mendes da Silva: Fernando, filho
de Alberto Marques Silvestre e de Floripes Mendes Monteiro; Vfror Manuel, filho de José A lves .Pereira e de Maria
<le ·Jesus Mendes da CoSLa; António, filho de José Fernan·
des Conde ·e de Ester de Brito de ~csus; Mário, filho de
Emílio Fernandes LuG.1s e de Ploripes Antunes ·Ferreira
e Carlos filho de 1)osi< Manud Pereira e Rosa Joaquina T e·
nsa Galvão .
As nossas felicitações.
ÓBITOS - Fa!Ccer.a.m: Em 13 de Janeiro - José Lopes
dt: Brito, 73 anos de jdade, {ilho de António Lopes de
Brito t Brígida Antunes.
·· · 13-1 Abílio Simão Mendes, 18 meses de idade, fi,
!ho de José Simão e Maria do Caqno de Jesus.
•
18-1 António Pinto Fernandes, 2 anos de idade, ·fj.
lh~ de Carlos Fernandes Prata e de Cedlia de Jesus.
" . 25-1 M.1ria Lucília Mendes dos Santos, 2 dias de rdatlé, filha de António :Duarte Santos de Brito e Mari.i dos
Anjos Mendes da Silva.
: . 28-r - Armando Pina L'llís dos Santos, ::t meses de'
idade, filho de Plácido :Pinto Luís dos Santos e Maria
José Alves :Nunes de Pina.
CASAMENTOS - Na lgr.eja Paroquial contrairam 0
SJnto sacrameMo do Matrimónio:
Armando Gomes Ap3rício e Maria Lucíl~ Mendes da
Sil:-a;_.Fernando ·A~naral C~rrcia e Laura Mendes de jesus:
Joaquim Gomes Melo e Mana Natalina Moura: A~b::;.no Alves
dos ·santos e Maria do Carmo Rodrigues Abranches.
As .nossas feliCitações,
.
C.ARRElRAS REGULARES DE PASSAGElROS
Consta-nos ~ue a Empresa Automobilist:i. Arganilense de
Jorges, Mar1.1no & C.'. requereu a concessão ciuma. car0reira regu!ar de .passageiros, entre a Covilhã e Coimbra.
· Também a Auto União de. Serr.a da Estrela, requereu
a. concessão. duma carreir.a regular de passageiros, entre
Covilhã e Nel..s.
Concluida como ;se encontra já a est~ada de Jigasão de
Alvoco com Unhais da Serra, único obstáciilo que at'é há
yuuco· impedia o es:abelecíir.emo de carreiras .regulares de
opassagciros, entre a Covilhã e Coimbra, servindo uma im•pOrt.lntc região industrial, estamos cer.tos dê que as en:iêiades (»mpercmes não deixar5o de atender os pedido.s, o
<iue vem beneficia1' mui tos ·povos, nomeadamente, S. Romão,
Loriga, Alvoco da Serr.i. Unhais da Serra, Tortoiendo e
.aquelas duas cidades, que t.'lperam já -usufruir desse be nefício.
... GRUPO DESPORT:JVO .LORIGUENSE - Na última
reunião da Assembleia Geral. foi dada posse aos novos cor•POS ,gerentes, dos quais fazem •parte:
Assembleia Geral:· .Presidente - Manuel Gomes Lei•
(fo; 1.0 secretário - António Pinto Ascenção e 2.• secre•
·t:!rio ·- .fosé Leitão de Bri;o.
Direcção: Presidente - António Leitão de Brito: 'Vice·presidcnte - Carlos Simões :Pereira; secret;Írio - Carlos
Nunes Cab'r;1l ,Júnior e· tesoureiro - Joaquim Gonçalves de
Brito.
, .Orndo con.tinuidacle à obra encetada pelos seus ante•
cessores • .a nova direcção está envida.ndo os seus melhores
esforços no sentido de levar a cabo a conMruçâo do campo
dt jogos. Um campo onde des.porto i:iossa 'Pr~ticar-sc. em
todas as .s,uas modalidades, é de f.acto indispensável a uma
agtemi:ição desportiva.
·
o
•
SOCIEDADE DE DEFESA E PROPAGANDA' DE
LORIGA "-- •Em assemblc~ geral foram eleitos e· já tom11•
ram posse dos seus cargos, ós seguintes sócios:
.. . Assemb~ia Geral: Presidente - António Ca-br:il .Lei•
t5o: i.0 sec.retár·i o - António Leitão de Brito e 1.0 secrct'áno -· António Nunes Luls.
Direcção: PreJidente - António Nunes Ri.beiro; · secre•
tário - Joaqui m Goncalves de Brito e tesoureiro - WaldeNunes de Brito. .
.
No decorrer da sessão, o sr. Câbral Leitão, usando da
'Jlala..vra. salientou .a conveniêncià de :i. Socied~de se inte·
·rcssar não .só :reios assuntos de · caracter interno, mas tam•
:bém pelos que, de qualquer modo, .possam contribuir para
o progresso de Loríga, visto tratar-se duma Sociedade de
Defesa e .Propaganda de , Loriga.
mar
.SOCIEDAiOE RiECREATrv A E DE PROT.ECÇÃO À
ESCOLA - Fo·i neleita ia sua direccâo que é consti:uida
·
. i>elos segui ntcs sócio.s: ·
· .Presidente ·- Abílio Luís D uarte :Pina; secretário Amónio Nunes de i>ina e tesoureiro - José Gomes Lages.
SOCIEDADE RECREATJVA E MUSICAL LORTGUENSE - IDeixou de exercer o c1rgo de regente da
Banda MUBical, a sim pedido, o Sr. António de Brito Pereira, Iuhção que desempenhou durante muitos anos com ge·ral agrado dos loriguenSC$. Em sua substituição, foi elei10 ·regente, oPOr unanimidade, o sr. Ant6nio Pinto Ascen·
çio, moço cheio .de bo.a vontade e considerado execu•
·tante, sendo por oproposta sua eleito !õub-regente, o sr.
António ~ Brito Amaro. Por proposta também do novo
regente, foi ·exarado na acta da scssio um voto de louvor
ao seu anrcccssor, gesto q ue mereceu os melho:es aplausos de tod:i " assistência.
JOSÉ LOURENÇO GONÇ_l\LVES
SINDICATO .DOS ·I NDUSTRIAIS DE LANIFICIOS
- Foi eleito seu presidente, o sr. Ancó11io Ou.arte dos
Santos que, 0pclas •u:is qu:ilidadcs de trabalho e convívio,
Em Alvoco da Serra faleceu no dia 22 de J~­
goza de muita .simpatia, sendo seu antecessor, o sr. José
neiro
último, o sr. José Lourenço Gonçalves. vtu~
Duar<e Jorge, operário mui;o considerado quer peles colevo, de 62 anos.
gas quer pelos pa~õcs da fábrica Leitão & lrmãos L.•b, onde
Homem dotado de bons sentimentos e generocxerçe .'.l suo actividade há aproxim~ dame111e 5 0 anos .
CONCERTO - No último Domingo do passado mês
so 'Para com os pobres que nunca batiam à. sU:l
porta em vão,'esteve durante alguns anos no Brade 1aneiro, a Band.a de Música, deu um concerto no coreto
de S. ~ntónio, em que o novo regente, .na opinião do povo
sil, onde à custa de trabalho honesto e esforço
q ue ah acorreu, deu boas pcovas dos seus conhecimentos
persistente, .grangeou meios de fortuna.
musicais e regência.
'
Em Alvoco a .Junta da Freguesia teve nele u!ll
DIVERSAS - A Juventude Operária Citó'.ica Femini- .
dos seus melhores orientadores, pois sempre op!Ona. superío:m7n1e orient.ada pelo Vigário sr. p,c Prata,
gresso da terra lhe mereceu muita atenção, tend 0
promoveu aqui um reriro de ·~rês dias, a Que assistiram
ali desempenhado proficientemente cargos de dim~i tas meninas não .só de Lorii:a como também de Gour ecção nas, associações civis e religiosas. converveia. S. Romão e Valczim. foi conferente <> pároco de Gousador agradàvel e muito considerado, recebia t~­
veia e Assistente Diocesano àa Juve.ntude Católica, sr. P.•
bém com muita atenção as pessoas que o víS •
António Marcos.
tavam.
- Encontr.,-sc entre ·n6s o nosso amigo e .assinante, $f.
.ultimamente desempenhava as funções de en·
Joaquim Augus10 Mend es Fernandes da Cunha.
carregado d o P. ·<ia e. T. T .. em tudo revelando se~
-De yisita a •!'essoas de família esteve aqui, o sr- Alum cidadão muito digno de respeito e considerafredo Ma.rttns 'Pereira, pai da sr.• D. Maria Alice Perei~a
ção.
·
.
·
Abreu. c:onsiderad.a ifunc:onária dos servicos da C. T, T.
. Era pai. das Sr.•• D. Manuela, Amâlia e ·Fer...
-:- Estiver;im aqui ·também o director. dos serviços dos
nanda Abranches Gonçalves.
.
correios de Viseu sr. Cust6dio Casais e o ~~ofessor sr. MaO seu funeral constituiu uma grande rnani·
nuel Joaquim Rebelo.
!estação de i)esar, nele se tendo encorporado qua- •E m serviço do .n osso colega •A Vo7. da Serra11 esse toda a gente da freguesia e muitas pessoas da5
teve aqui. o nosso :imigo, sr. Diamantino Lopes Costa.
terras circunvizinhas, onde o finado era tatnbétl1
- Com o melhor êxito foi submetida a melil)dro~ inmu!to estimado.
tervenção ci:úrgii:a .a Senhora O. Aurora Reis Leitão, esA toda a familla enlutada apresentamos as
posa do nosso amigo sr. António Femandcs Leitão e mãe
nossas condolências.
do nosso caro Administrador Armando Leitão.
O seu ·r ápido irestabclecimento .silo os votos sinceros que
'
formulamos,
.
JúLIO U:WNRIQUES VAZ
- Para Lou·renço ·Marques partiu no p>1ssado d~ ::>6
a <bordo do paquete Moçambique o sr. Professor Ma.nuel
Paranhos da. Beira
Joaquim Rebelo, .nosso conterrâneo por casamen~o e que
em .Loriga exerceu o seu nobre magistérjo.
Foi Deus servido chamar a sua divina .presen·
Nas funções qu·e •vai desempenhar nos Caminhos de
ça. no passado dia 30 de Janeiro, o carácter rect-0.
·Ferro da Bcira dese}amos os melhores êxitos e as maiores
espirito
nobre e desemJ)oe1rado. que foi na Ter!S
µrosperidades.
·
Júlio
·
H
enrique
Vaz, e que aliado ao seu dinamis- De Valezim :para Escalhão foi trans:erido o nosso
mo e trato afãvel. lhe grangeou inúmeras strn·
solíci;o colaborador Rev . .Padre António Lourenco. deix.anpatias.
do atrái. de si um ~asto de simpatia e saudade. . Exemplar cbefe de familia. era também u!ll
A su a jnteligência viva e espontânu aliada a um carácpai
modelar. Assegurar o futuro a seus filhos, fol
ter ·nobre e à .amizade ·s incera que tributava aos que o
talvez .a sua mtssã.o m·ais querida. Eles têm sa~~f
r?.de.~~.ªt;"dL\.to~~~~~!ll.-2...§.~ll!i?! -~!'~re;: 4urc~o ,l!m _?c\l:_ ·correspontler· ao-desel<>-mu.is ;:iremente de· seu >~
te.ntico > o o •gv5 $CUS '?aroqwanos.
·
A lhancui da sua aíma e iovialidade comunicat[va ' O Mário, é já engenheiro electrotécnlco ao ~r'ldk
ço da :Empresa Hldueléctrica; o RU1 e o Fernan ?•.
.;ijud,.ram :iinrla a impô-lo ao .respeito de quantos com ele
dois esLudantes distintos de Agronon1ia e Mediei-:
lidavam, quer ~o trato das suas atribuições religiosas. quer
na. não tiveram a felicidade de poderem, no dlS
na manifestação dos mais variados problemas do es.p!riro.
da sua formatura, ter seu pai a compartilhar n&
A sua passagem ficou assinalada em Valez.im como uma
sua alegria. Fica.r-lhe-á por certo. a satisfação de.
estrela diamantina cintilando· as mais pm~s virtuáes cvan·
gélius .
haverem cumprido a sua vontade.
•!\ Nevcn cumprimenta e sauda S. Rev.• fazendo voo seu funeral. foi singularm·e nte concorridO,
tos por que i:i sua missão continue sendo como até aqui.
a atestnr a admiração e o respeito. que a sua ugu~
Com um abraço, ficamos cientes de que podelTl{)s semra impunha.
·
·p re contar cem o bom :imigo que é.
Paz à sua alma, e na terra resignação ante a
- Está concluído o novo edifício fabril da Firma Nuvontade de Deus.
nes Br!to & C." Ld.'. ·fic.;mdo a atestar o espírito de ini«A Neve) apresenta à família enlutada, elll
cia1iva que caracteriz:i os ~us sócios.
especial aos nossos amigos Mário, R ui e Fernando.
Situado dcsafogad.imente numa das mais higiénicas ar·
sinceros pêsames.
térias da 'Vila, ergue-se majestoso nas suas linhas com capacidade bast.1me P.ara se exccuta·r nela um trabalho ~ão e
pro~quo. · Por tão !ouvível empreendimento felicitamos os
Ex.'"0 • Sócios.
..
- A . r·ua iprinápal di:.s;~ vila continua oferecendo um
aspecto r,esagradante. lns1si1mos com as autoridades com•
petentcs para, de qualquer forma, porem termo à situação
resultante do !~amamento da$ ca lçadas para cxecutão do
s• neamento.
A<é já -parece ironia!... Para esta te=ra o bem só pode
vir acompanhado do mal.
Quando se quebrará o enguiço?
.
·l
ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO.
.l .
Realixondo-se no .próximo· dia 19 de Mor!;o no Resta1ttonte Costonheiro . do Mauro, peloa t 3 . horas, o Ili
Al~oço de Confroterni.:aç.ã o a Comissão pede cr tod0$
as pess?OS que desejem 0$$isti. o fayor de 0 c:omunico~em ~te 12 de Mor!{o poro li' Rua Morquês de Fronteiro
84 1.0 Esq.
O preço é o mesmo dos onos anteriorei,
·-··''''~-·-,~--·-···--·
IMPRENSA
«Notícias de Gouveia•
no
•.FesteJôu
passado dia 12. o seu 36.0 aniversario, e~te nosso ·colega, a quem desejamos muitas
prosperidades, para que continue com a mesma elevaç~~ e desassombro; ~ defender os pergaminhos que
leg1t11n.1mente conquistou na defesa dos interesses
de Gouveia .e sua ~egião.
Visado pela Comissão de Censura
Agente nos distritos de
VISEU, GUARDA E CASTELO BRANCO
António Nunes de Brito
LOIDGA
FEVEREIRO -
1950
A NEVE
3
Cultura geral e cultura especializada
Folheando um jornal de estudantes, deparou-se-me, em artigo assinado .por um professor, o seguinte ·passo:
~o ensino tem que abandonar entre nós. para seu prestígio e utilidade ·prática. para bem corresponder às exigências da vida actual e às necessidades urgentes da Nação, o método enciclopédico, a mina da cultura geral, vicio profundamente
enraizado na maneira portuguesa; o ensiri.o em
Portugal tem que lançar i:Om coragem a ponte
Que venca o abismo que o separa da vida, tem que
abandonar os seus métodos .generalizadores e teôrlcizantes e ganhar ralzes nas exigências da especialização e da aplicação prática dos conhecimentos. O ensino tem que abandonar a cultura geral
Para fomentar .c01n eficiéncia a cultura espectali2ada>.
Discordo da forma como está posta a questão.
Quere-me parecer que o textQ, confrontado com a
anterior ·declaração de d escrença - inserta no
mesmo artigo - nos ·m éritos dos o:prodigi~ enclclooêdlcos, que sabem de tudo, de história. :!1losot11a, ciências naturais, fisica, qulmlca, matemâtlca,
l ngua,s. economia, finanças, enfim, de· tudo, mas
Só lt!Ultissimo pela rama, e em verdade. de nada
com fundamentos sérios da sua aplicação na prática>, Pode conduzir os mais desprevenidos à Jdeia
de Que o remédio para o mal consiste em abandonar pura e simplesmente ·a cultura geral para trilhar exclustva1nente o caminho da especialização.
P.or este critério toda a preparação dos alunos
do ensino comercial, por exem·plo, conslsLiria no
estudo pormenorizado de contabilidades, esteno-daetilografia, correspondência. comercial e outras
matérlas afins.
Ninguém - ou quase n inguém - discordará
de que uma salutar orientação do ensino se dever á encaminhar decldldamente no· sentido da especialização. Só aqueles que não vivem espiritualmente no presente e pensam como se pensava no
século passado, não sentirão esta necessidade Imperiosa e ur.gente. Os problemas da vida moderna
são tão complexos que só 'J){)dem ser resolvidos
por indivíduos muito competentes em qualquer dos
Incontáveis ramos da activldade humana. E esta
competência só pode ser a-dqulrida ·p ela concentração das ·faculdades ·de cada um de nós em uma
direcção •bem determinada.
·
Também está geralmente compreendido e demonstrado que os inétodos teoricizantes e .enclclopêdicos ··que ainda h oje caracterizam a Escola Por tuguesa, poderão produzir ·palradores do sala ou
, de
café, aüornados duma pseudo-erudição. capazes de discutirem todos os assuntos, sem de nenhum deles perceberem verdadeiramente ou, na
melhor das hipóteses, pessoas dota-Oas de uma cultura superficial, ainda que brilhante, mas · raras
".'ez~ formarão cidadãos eapazes de .fazer algo de
utll pela colectivldade.
.
E, finalmente, é duma evldêncià .gritante que
a Escola actual está absolutamente desligada -cta
vida, que ensina. .montanh~s de coisas inúteis, desprezando outras Indispensáveis -e que proporciona
à maioria dos estudantes uma .falsa concepção da
reaUc;lade. E que só umii. reduzidlssima falange de
hero!s ·ou afortunados consegue su:1>erar o sistema
e criar a estrutur a mental necessária p ara realizar a usa •m issão na s ociedade.
·Mas, como 'Pode o reconhecimento destas verdades palpitáveis levar-nos a ver na total supressão da c:cultura geral» a panacelra para tão graves moléstias?
É dlfícll, ev1dentemente, estabelecer o significado preciso da.· expressão <cultura ·gera.li>; não
tentarei, -sequer, a deflniçá<>.
Mas julgo que não· será muita presunção nem
erro .grave supor -que o somatório de conhecimentos e de experiências q ue possam criar no individuo' uma lúcida consclênc!a dele ·Próprio e de tudo o que o rodeia, glnasticando-lhe o cérebro, desfazendo o véu que se inter.põe entre ele e a :realidade, numlnando o ·caminho que a sua inteligência terá de percorrer, num a palavra, tudo Quanto
con tribua .par a. a formação de uma mentalldade
. esclarecida, estará Intimamente relacionado com
· a chamada ccultura· geral».
.
. Quer dizer, «cultura .gerai. e ccultura enciclopedl~~~. sao. me parece, coisas bem diversas quase dina diametralmente opostas.
'
Se aceitarmos que a "cultura geral> tem realmente o object!vo que lhe atr ibui, como poderemos dizer que a ·Esco!a, abandonando-a, se integre
na sua verda<letra missão?
..
0
É, sem dúvida, désej áve1, mesmo lndtspensáve1 ttue um engenheiro hidráulico conheça. amplamente os problemas da hidráulica é a.s leis que regem o curso dos rios e saia da escola com a capa. cidade de resolver todos os problemas que, -n a sua
.esfera de aeção, possam sur.gtr. Mas serâ admissiVel que esse engenheiro escreva com erros de ortografia e mau estilo a sua própria língua, que
de~conheça a organização de uma célula, que não
~a capaz de ligar duas ideias sobre a Revolução
· · .anc.e sa? •E como obterá estas noções tão eleme1ntares sem estudar ·Português, Biologia .ou Hls""r a?
Parece-me excelente e até imprescindível que
um contabilista esteja na plena posse da teoria e
da prática da Contabll!dadc e acho simplesmente
magnifico que ele se t.enha especializado num <ios
seus ratnos, o ramo ·bancário, por exemplo. Mas é.
a meu ver, lamentô.vel que ele nunca tenha lido
um Auto de Gll Vicente. que ign ore cm absoluto
a;; leis da atracção universal e se sinta incapaz
de explicar satisfatoriamente as fases da Lua, lacunas que o estudo da Literatura .Portuguesa da
Física e da Cosmografla teriam evitado...
'
Também não vejo a vantagem que poderá advir para a comunidade ,do facto <le um ad,•ogado
não saber resolver uma equação. de um médico
lgnorar os princípios da Economia ·P olltlca ou de
um agrónomo ·s er completamente alheio às ma!s
elementares regras de Direito.
Creio que, reformando o ensino neste sentido
destruiriam um exagero para cairmos noutro. Llbertariamos o estudante da orgia de luzes desencontradas do enciclopedismo, ·que o cegam pelo
e:ccessivo, .para mergulhar nas trevas <lo analfabet1Smo intelectual, ·que do mesmo modo ó não deixariam ver. Teriamas assim demolidas as espantosas lnstltulções nacionais - a Sebenta, o Compêndl-0, a Teoria sem :Prática - geradoras de retóricos es.tére.is, copistas sem iniciativas, papagaios
sem origmahdade, para erigir em seu lu"'ar um
magnifico monumento -à Inconsciência.
º
Teriamas, em eontraste co1n os super-homens
que ~ Escola a~tualmente modela, uma produção
em serie de autómatos sem personalidade com certas faculdades hipertrofiadas e toctas as outras
a trofladas.
Não creio q ue .ganhássemos com a troca.
•
•
*
A ·Escola não tem por missão exclusiva preparar cientistas ou técnicos; compete-lhe na mesma medida a maravilhosa função de educar. Arrebatar-lha é, certamente, dlmlnui-la. Certo ê que
a. vida _impõe eada. vez mais ao homem de hoje
uma cuidada e minuciosa especialização, mas exige-lhe também que seja Home.m, em toda a acepção da :Palavra. A sua actividade mental não se
ir á exercer somente no escritório, no tribunal, na
sala de operações ou na fábrica; a sua atenção, a
sua inteligência vão ser solicitadas ainda que em
menor escala, em multas outras d irecções ; o exerc1cio dos deveres clvlcos, o voto. por exemplo, exige-lhe uma esclarecida consciência politica, a leiti:ra dos jornais diários requer uma razoô.vel noçao dos problemas nacionais e internacionais a
sua. vida -conjugal não poderá ser perfeita sem
c~r:ecto conhecimento da fisiologia., psicologia e
higiene das relações sexuais, a visita .a um museu
a um teatro, a um cinema, a uma sala de concer~
tos, será pràtlcamente inutil se -a sua senslblltdade estética não estiver educada. Ora estes requisitos Indispensáveis para a formação de uma personalidade, compete à Escola, ·mais <10 que a qualquer outra entidade elaborá-los; sã:o eles qoe const ituem a sua faceta educativa, que de nenhum
m octo exclui a sua função especlalizadora. Só conser vando e aperfeiçoando n a Escola a sua função
educadora, ·ela •P oderá aj udar a transformar a sociedade P ortuguesa, forjando o n1a1or número
p ossfvel d ç lndlvlduos cultos, capazes de construiiem. ~ seu próprio futuro, contra a miséria, conr a a ignora.nc,a, contra a fome.
.
flaro que, quando digo «O maior número pos51v; ~e 1ndlviduos <:ultos•. não quero, como ironiza a · ça de Queiroz «fazer de ~da .aamponés um
filóso~o>. Cultura é uma coisa, erudição é outra; a
~a!ona dos homens pode, sem dúvida ser consc1enclallzada.
'
Nem pretendo que cada h omem seja capaz de
tocar o «Clalr de !Lune> ou a 4'S infonia Patética>
p intar um quadro como ..Café, ou escrever um 11~
vro_tie envergadura de «As Vinh as da Ira, ou "C'apitaes d a Areia~. ·Mas julgarei magn!flco 0 nível
mental duma sociedade, em que a n1a1oria esteja
apta a apreciar conscientemente Beethoven e
Tschalkowsky, •Portlnarl, Stelnbeek e Jorge Amado
E que Isto não é utopia, provam-no alguns
países mais adiantados d~ que o nosso, que ao
mesmo tempo que intensificam extraord!nària·mente a especialização, difundem e alargam a
cultura, de alto a baixo áa. sociedade, de forma a
que ela penetre em todas as <:lasses e em todas as
Profissões; ·nesses paises, a rádio, -0 cinema. a imP~ensa, etc. servem ·de veiculo t r ansmissor da
m alfadada ~culLura gera1"; e, n as escolas ensina-se, entr e outras coisas, música, canto, arte dramática, :pintura, ·etc.
·
. Simplesmente, não há misturas. Começam por
ministrar durante alguns anos, ger almen te 6 ou
mais, uma. instrução primária que ultrapassa consid~ràvelmente o âmbito da nossa e que, estando
bem ·mais relacionada com as realidades da vida
ê destinada a todas as crianças em idade escolar'
·s em olhar a meios de fortuna ou outros particu~
larismos. tDepois, os jovens seguem para a escola
secundária que lhes dará vasta "cultura geral>
considerada necessâria para ingressarem nos cursos superiores, que serão forteme nte especializados, ?U .·Para as escolas profissionais, igualmente
um
espec1alizadas.
•
INSISTINDO
É no .Largo da .Praça que se continua a proceder
à venda dos géneros alimentícios, não obst;1n te a
ii:~st.ênci~ aliás compreensível com que nos temos
d1ngtdo as autoridades locais.
J:> saúde pú-bl!c.a está posta etn cheque pefo falta
de interesse venf1cada .pel.ls referidas autoridades
~ a agl.01~1eração d~ p~ssoas ao Domingo toma quas~
1mprat1cavel . o ·tr.msito dos fiéis que obrigatoriam7nte por ah fl<lssam para a -caminho da igreja cumprirem o seu dever de cristãos.
C~mpreendemos q~e ~aia. empreendimentos que
requ~1ram som~s cons1dcrav~is para a sua realização
e embora, muitas vozes, seiam urgentes à satisfação. d~ interesses imediatos do povo, temos ele nos
desiludir com a sua realização, atentas as dificuldades de obtenção de 'fundos, quase '!emprc estranhos
ao arbítrio de autarquia local.
Po.rém, .a par desses empreendimentos à base fi.
nance1ra, outros :há que, por singelo manifesto de
<~~preensão e boa vontade, bastarao para dar via,
b.1lidadc a ~c-rtas empresas que, a despeito ela carência de capital, podem elevar muito o l'!Ível de vida
do .povo.
Est~ neste caso ~ tra.n~er~ncia da Praçi para ]u.
gar mais amplo, mais h1g1eruco e melhor localiz;ido
e. só lamentamos a pouca consideração e o muito desinteresse pela, saú~e pública, que o nosso alvitre
tem m-er~1do a enttdade admin~trativa competente.
Ta~ atitude surpreende-nos tanto q uanto é certo
o desvelo .com que outros problemas têm sido tratados e muitos deles coroados do melhor êxito.
No nosso papel de bons cidadãos assiste-nos 0 de·
ver de respeua.r e fazer respeit.al' a autoridade leg~Jn:iente constituída, mas reivindicamos também 0
~JreJto de conden;ir. erros e faltas, que ;n05 é confendo pela nossa qualidade de cidadãos livres e amantes do progresso da nossa terra.
A própria a~izade que . trib~tamos aos compon:nte~ d~ ?!'g~nis~o adrnm1strat1vo local creio que
nao ficara d11rn11u1da pelo !facto de os chamarmos à
atenção e ~s reprovamos mesmo em atitudes que, âa
sua parte. ~ulguemos menos .felizes.
Ad'~i~istra: é coiab_orar e colab01ar ~ participai"
na admm1straçao e, amtstosamente todos directa ou
indirectamente, nos poderemos pronunci~r.
E vistas as coisas, despretenciosa e muito sincerament~, apelamos, espero que pela última vez, para a cr1ter10~ compreensão da Junta de Freguesia,
·.para que. hoie e não amn!hã se dec.ida enve.redar
pelo cammho que justamente lhe é recomendado.
..
-,-------------...............
---~·
"Migalhas de Ciência"
O telescópio
O telescópio é um ap.lre]ho que .serve para vermos
nuis .p~no e melho; o que, naturalmente, fica distanre
e, por isso, .pouco ·Visível ou mesmo invisível.
Este apa~clho e.x1raordin:irio a que já cham.1 ram a
"chave «;!os ceusD ·f.01 11.\ado, •pela primeira vez. '!)elo célebre Ga!1!eu, no sec. XV.li e apesàr de, então, 11.pcnas
cod nsegu_ir sete au mcmo~, como vulgarmente se diz, 0 sábio
e.se 00 nu, -com e 1 e, muitos astros novos.
·~o~ meados do séc. XVIH construiram-se os famosos
telescop~os de Herschel e Lord Rosse, instrumentos u..,
...ssombraram o m undo de então,
q
. Mas .ª ~iê.ncia não ·~r~ e, assim, se construiram os
amda mais .ramosos ~ele:icop1os dos Observatórios de y er•
kcs. e de Monte Wilson. O de Yerkes, at é há pouco 0
maior . do muodo, tem ,um metro de diâmetro, tiove de
comprimento, a par.e~ ~ovei pesa virr:e toneladas e encurta
250.000 vezes a d~ancia.
·M as ·parece-me. utu já corutiuido o da Califór.nia que
t~tn de abertura cinco metro e meio e encurta as distãnoas t.000.000 de vc:z.cs.
Ê com est~ aparelho .potentíssimo que nós iremos admi•
rar as maravilh as do céu, para, depois, admirarmos as
maravilhas da terr.a.
CARLOS P. ASCENÇA.O
J?est e modo se consegue formar e n genheiros,
arqu1tectos. agrónomos, cientistas, contablllstas
professores, advogados, médicos, operários e em-'
p;egados competentes, sem prejuízo da sua formaçao mental, e se resolve com simplicidade um problema na aparência insolúvel.
. Ora. parece-me bem que o que se faz noutros
pa1~es também se pode fazer no nosso, pois não
esta ~e ~anelra alguma provado que o nosso po.:
vo seJ~ 1nfer ior a qualquer outro em aptidões ou
intel!gencla.
EDMUNoo DA SILVA RODRIGUES
A NEVE
FEVEREIR0-1950
CONVE.RSANDO ªªª
·Joaquim António, de f.ato bem cuidado e domingueiro, aproxima-se do local denominado «praça" para entreter seu ócio de dia de descanso, em
dois dedos de cavaco com seu primo Manuel que
'Já ·para ali tinha ido também• .movido pelo mesmo
interesse e v er mercadejar os géneros que se estendem rua tfora, já que durante a ·semana 1nteira. des
s·e cansam 11a labuta do amanho das suas ~erras e
tratamento das uas vacas leiteiras.
Joaquim António, de carácter jovial e alegre
que já ali topara o seu amigo •Manel, este sempre
pronto a críticas 1! apreciações no que de novo se
bz lá ma terra e dispara - e ntão, Manel como vai
'!gora a tua bezerra? a ·tua «manjona>> já dá mais
"uma pinga de leite? etc. Manel que se gaba de ser
o melhor ·tratador dos lameiros, dos «Avenais» rL·
•posta: olha Joaquim, sohre a 'bezerra ninguém a leva
por menos de r5 ·n otas, porque está. booira que nem
:urna me.nin~ c.asad~ira ... quanto à minhJ. <cmanjo.
ria» aquilo e dar leite que me p aTece encheria uma
·vazilha do tamanho do -cantaro magro... e leva . lá
~~a! olh~ o ti Zé Bernardo, que ainda agora de lá
veio e viu fazer a ordenha, disse: ó Manel, o leite
que dá a tua vaca dava para and ar a -roda duma
fábrica!. .. Já vês que cá o Manel não 'é da laia d e
·muitos -que para aí há. -qu-e têm os i<alimais2> na loja
~'morrer de ifome e depois querem ieite; -sabes como
eles o arra njam, Joaquim?! É com a água das levadas
e depois dizem os senhores doutores «vetrinários>'
que não ·têm · uma coisa a que chamem c<visseminas>>
ou lá como lhes chamam, aue eu não entendo daquelas coisas: se dcs até pÕr da rem uma sovelada
no rabo do alimal, a que chama \cbascinall sabem se
estão tísicas ou ;não!!. ..
M as deixemos lá estas coisas que não são para nós.
Joaquim! já reparaste nestas coisas que a Se.
~'hora Junta anda a fazer? E m que Manel! T u não
veis home, -como isto stá! ontetn ·quando vinha para
casa dei tal !HUpadai> que a «tomba}l dos meus
«hutes» ,foi para o diabo!. ..
.
.
A V 1SO
Aos nossos assinantes. do ultramar e estrangeiro, que ainda não procederam à liquidação da sua assinatura, mesmo aqueles a quem
já foi envia.do recibo elucidativo, pedimos 0
favor de enviarem a respec tiva importância à
nossa Administração, segundo a tabela seguinte
(anual) .
Ultramar ... .. .
25$00
Estrangeiro
30$00
]. L.
P. ANTóNIO AUGUSTO LOURENÇO
Na impossibilidade de me despedir pessoalmente
de todos os Amigos no Concelho de Seia venho par
este meio :faze-lo e ofere~er-lhes a minha casa em
Escalhão, com um abraço cordial.
...
~
t
""'
-
• ,__, **
t
l}
mund-0 poderá viver. Antes de mais nada, trata-se
de estudar como se arranjará o fundo económico;
depois é preciso sabê-lo empregar da melhor forma.
Quem lida com estes assunto5 sabe, muito ·bem
que a principal fonte de llrn jornal é a publícidade.
Em todas as emergências, a publicidade supre todas
as faltas.
Temos de encarar o problema económico de
frente. Não julguem os nossos leitores. ouc neste
aspecto o jornal corre mal. Não. Isso seria· a ruinà.
Lutam<rs porém com certas dificuldades na organi,
zação perfeita dos nossos serviços, pois que. ating~'
do o nosso jornal vários pontos àe todos os contl'
nentes as cobranças se tomam muito d ifíceis na
maior parte das vezes. Temos que contar aqui com
a generosidade. dos nos~s leit~res do est~ngeiro.,
para que nos remetam a importância da sua assinatura, conforme nota publicada noutro local. Ccrc~
de 250 assinantes ainda não liquidaram a sua á.SS1'
natura o {}Ue dificulta sobremaneira a nossa missão·
Valeu-nos nesta emergência a dedicação e por
vezes :º sacrifício. dos nos!os anunciantes que nos
gararit1rilm a publicação, com regularidade, da nossa
página de anúncios. '
. , :Pretendem~. agora lançar uma campanha publi,
c~tana. ~s anun.çiantes pagarão para que os seus ar'
t1gos seiam realmente reclamados. Preciso é dar-lhes
essa certeza. E isso ~ó é possív el fazendo cem que
<1A NEVE» saia com regularidade. Expansão não se'
rá descabido frisar - já a tem. E esta é a maior ga'
rantia que lhe poderemos oferecer.
F.
: t?
11ó~ inil
(Gfintlnuaçao da
Estas calçadas estivam ainda gei tosas... lá isso
estavam,. .. mas d eu-lhe na 11gana>1 para «esgravetarem» tudo só para colocarem um çano .pela n1a a-cima, dizem eles que é para a g1mte ·ter casas de :banho_; ~im Joaqu im, .n ão sei se entendes ... que eu
desta 1dade•.para tomar banho é a .ribeira das Cou.
relas, é não é 1.odos os anos... e vai daí, como ía
dizendo, as nossas rua'S mais pa-recem terras de lavradio, iburaco aqui, buraco acolá, e mal a pessoa se
descuida, zás! corpo .n o chão. O melhor é ainda
di~erem, que agora vão ser calcetadas, parece que
assim a modos de uquartos» mas não é de .pão de
trigo, como dizem que são em Valhelhas, salvo seja,
llUls pedrinhas todas ja-nota-s. Ontem ouvi uma conversa .na loja do Fran<Ísco, que as casas vão ser cortadas, como -quem corta manteiga ... .e vai desde o
Adro até l Carreira, para :f icar ·uma avenida à maneira .das de Li~boa. Que me dizes a isto, Joaquim?
·Digo-te amigo !Manel, que entre o dizer e o
.f azer é que está o «busiles» e como há mais quem
peça do que quem dê, 'tudo ficará na mesma ou
pior, mas o melhor é JJão nos ralarmos e termos mais
cautela por mor do tropeções!... e adeus que são
horàs de levar a minha t urina à água ...
.
... '".
TRABALHANDO ..•
. ...
"*
..
SAPATARIA <<ERNESTO»
· ·de
Ernesto da Silva
Sempre grande ~ortido de .calçado para homem,
.. senhora e crianças, para todos os preços
§
"'
úlTIMAS NOVIDADES
"'
::'.:)
"'
o
"'o
w
.-
o
'<
"'
Rua Cândido dos Reis 31
1
SE 1 A
Tipa de Rece ptor BX 31!8 A e BX 388 U
HOJE MESMO ADQUIRA UM PHILJPS
Consulte o agente: ·António Nunes Brito ...... t ••
.
'
t
.
..
...
, ....
.
... .,.
••
.
DROGAS
TINTAS
PRODUTOS QUIMlCOS
PER.FUMARIAS
PAPELARIA ·
ARTIGOS ESCOLARES
ARTIGOS DE CAÇA E PESCA
• t
• h
• • N'
..
, • ,. *
..
,
LORICA
.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
fERRO
ANTõNIO NUNES BRITO
Rua Sacadura Cabral
FERRAGENS
AÇOS
ARAME E CARVÃO
DROGARIA ' LA6ES
LORIGA
OE
.
~©>$lt . @<QJMJ~~ ·
lbA@~S
Seguros,
Comissões,
Depositário
Ad\lbo• Qulmicos
óleos Lubrificantes
-
de
e
consignações
Acessórios
para
a
Conta
Própria.
Indústria Textil:
Artigos Religiosos, Fotográficos e de Escritório.
MATERIAIS ELÉCTRICOS
AQénle do Comp.•· de SeQuros
COMERCIO E JNDOSTRIA
•
Artigos Sonitórios
•
Estonquciro ·de P61voros do Estado
Parililhos da Beira
AGENTE DA PHILIPS PORTUCUESA E HUSQVARNA
VALORES SELADOS
s
A NEVE
FEVEREIR0-1950
Entre duas Qeruçües
Meu bo.m Amigo:
. l.ogo no começo da leitura dn vossa ctrta. em que
continuo a admirar a vossa gentileza para comigo e
a eloquência com que defendeis os Outonos, senti~
•me apoderad;i duma infinita alegria.
lnvoluntàriamcnte. vós respondestes a uma das
inquietas perguntas que bailavam no meu- subconsciente, e se tornou viva no meu i:;onsciente quando·
rne propus manter est a correspondência, .a fim de
apresentar .a alma e as aspirações da minha Mocidade.
- Meu Deus. quanto me assustei ao prime_íro olhar,
na observância da maneira de ser de cada Jovem, .se
fi,nalmente a essência é apenas uma. confiante e terna, \ivre e ansiosa!. . E quanto me assustaria ail'tda se a vossa p el).a lu~
m\nosa e a vossa contínua amabilidade me não afir~sem ·que sou uma boa intérpréte da Mocidade de
ho)e! Essa a frase que me enche de alegria. essa a
r~sf?<>sta ao meu anseio de saber observar e conhecer
0~ JôVens como eu.
Assim, afastada qualqlier hesitação ou incerte:ia.
abraço mais corajosamente a nossa luta.
. .. Em corroboração da minha atitude,. v~m o nosso
ep1co lembrar-me que "é fraqueza desistir da causa
começada», embora cu esteja convicta de que nunca
desistiria, vi:sto tei' ar.mas bastantes pa.r a me defender-.
O difícil é saber manejar essas armas.
E, como vedes·, logo no começo da vossa carta,
senti-me invadida duma felicidade espi:ritual jamais
~u-plantada por qualquer outra felicidade. Uma- feli•
tidade de conceito sentimental e filosófico, jamais
Contido nas páginas dum dicionário. Não a felicidade
contida na trilogia Afortunado;Ditoso-Feliz, porque,
bem analizados. esses sinón'imos referem-se ·mais a
um aspecto material.
·
E, quanto às condições para se ser feliz ou à ma•
neira pela qual vós me ensinais a conquistar tal bem,
não posso ainda concordar convosco. ·
Defendendo apenas a nossa felicidade, podería-mos eliminar os estados de espírito que a ela 'se opu-·
sessem; vós sabeis. porém, que esses estados vêm de
wdo o que nos rodeia. da própria felicidade que observ;irnos nos outros.
De que nos ser".e ter todos os recursos materiais
t. portanto; ser <eafortunados», ter mais que o suficiente pára viver e uma inteligência - que por, vezes
ainda nos mostra mais claramente as duras realidades
--e ·por .conseguinte ser· «ditosos>r ...
E se o aspecto ·ex.t erior' ·Se coaduii.a com os nossos ·desejos. e nós sentimos •<felizern, não perderá tudo
isto grande parte do seu brilho à vista de tantos sem
recursos. pobres de espírito e desprotegidos da sorte?
Ser-se feliz à vista deste quadro não será egoís,.
·m o? Só conseguiria ser feliz· uma alr:na que se embrenhasse em si própria, mas o nosso espírito afasta•st dalguma coisa que repele. ' apenas mo.mentâneamente.
É essa a felicidade que eu compreendo no escritór e no artista. Enquanto embevecido na concepção
da sua obra, ele goza uma ventura completa; mas só
\1esse éstado é felit porqu~ ao :abstrair-se desse sol)ho, ao abrir os olhos, fie.a l!pivora~o com tudo o que
o- rodeia, tal como' um ébrio ao sair do seu estado etí-
Educar e instruir
O dever do bom Profe~sor não é só ministrar
aos .alunos o ensinamento das disciplinas a que a Lei
o obriga. mas sim conduzir ;is crianças à educação•
ao asseio, à ordem, ao método, e arreigar-t:hes no es· pÍrito todos os «dcvere$» -que cada- um tem para consigo próprio, para com a Família. para com os conhccido·s, ou desconhecidos.
Convem lbastante usar de prémios (:scolares: por
comportamento, por aplicação, pcir asseio, por obediência. etc.
Lembro-me que vi :na Bélgica os Professores
distri:buirem pequenas tir.as..,de .papel de côt, impressas com várias in'Scrições:
·
-· Nunca .faças o que não queres que te fa,
çam;
- Amai-vos tqdos como irmãos:
- Sê respei~oso para <:om os velhos:
- Protege os teus camaradas ·mais. novos;
- Protege os pássaros, os ninhos, as árvores, as
flores;
- P·r atica t odos os dias, qualquer .acto bom:
- 1Defe11de os animais maltratados: Etc.
Os alunos .iam colando os seus prémios aos cader-hos e aos livros, para a tQdo o momento terem
presente tão ·úteis conselhos e-orgulharem-se de '})OS·
suir a. maior quantidade po;sível daquelas tirinhas
de papel de. côr.
Eis uma exc·elente ideia a pôr em prática pelas
Escolas .primárias das .nôs!;as aldeias.
Marquesa de V alvcrde
~'0
Acaba dt· sair mais ·u m núme10 deste magnífico .sema>
nário ilusrraclo·, que se .publica em Lisboa, todas as quintas-feira~. ao ·preço de 1$50.
N:is suas .1::> .páginas. de grande formaro; podem os
leitores <:le 1odas as idades e de ambos os sexos, .e ncontrar
interes,<ances ·no.v,eL~s. ·traduzidas dos melhores escritores
contemporâne<>s americanos, além ôu.-na desenvolvida .secção dê passatempos, com prémios sem~nais de 5o$oo e
20$00, •paiav.ra• <mui.das. curiôsidades, .aetualidadcs univer·
sais, etc. «0 MUNDO IDE AV.ENTÜRAS•, ·q ue se intitula,
com ;:azão. o jornal da gente jwein de todas as ida<les,
pode ser rcquisi1acio para a sua redacçio, :rua do Arsenal.
60-2. 0 , Lisboa.
__ ..... _______....._.....____...,__... _..,
ACRADEC·IMENTO
A :família de Aurota Reis Leitão, que .pot motivo da sua doença esteve internada ·na Liga dos
Amigos dos Hospit~is em Lisboa, e que entrou cm
fran<:a convalescença, vem -p ar este ·m eio, na impossrhilidade de o faze-r pessoalmente. testemunhar, ·a
todas as cpessoas que de qualquer modo, se interessaram pelo seu estado de saúde, a expressão do seu
em
Primavera
OLGA
(Con/imrripio dá pág, tíJ
Emissora Nacional de H.ádiofus5.o, poderia esta importante organização nacional, .fomentar neste ponto um dos seus maiores porta-vozes. A corrente alterna,. é fornecida. ,pelo inesgotável manancial que
lhe for.necem as lagôas e covões; quanto ao resto
das instalaç-Oei não é 1'a~ de temeridades para urna.
Insti tuição de setneihante natureza.
A expensas locais. isso é o'bra para ficar no estudo e ptojccto, mas com a comparticipação oficial.
será um facto de fácil resolução 1
Os cstudios a instalar em Loriga, verfente do
ponto mais pitoresco da Serra da Estrela poderiam
ser anexos a uma das pousadas já preconizadas pelo
Ilustre Director deste .jornal - O Dr. Carlos Leitão
Bastos, no seu criterio~p estud.o turístico sobre .a criação do .Polígono da Serra da Estreia.
A Direcção da Emis~ora Nacional de Rádío'fusão
e o Secretariado Naci.onal de Cultura Popula·r e In<form'ação, seriam o elo para que o Cír<:ulo Turístico
fosse um facto e o Emiss.or Regio·nal, o futuro porta•VOZ da charn;tda de -forasteiros· para as belezas do
nosso Portugal. O:s Serviços Meteorológi<:os Nacionais, teriam ali também bons colabor<1dorcs. po.is junto a uma Pousada ·e Emissor Regional. poder-se-ia
manter com o pcsseal privativo urna ópt1ma Estação Meteorolqgica ·Nacional. naquele ponto.
Não somos profetas, ~as com uma cajeirada·tiro ·enfiar-se-ia uma org.i.nização dentro de uma
«mu<:he», que muito valorizaria Portugal e, sobretudo o desenvolvimento de 'Uma zona de tur.ism.o
que a pesar da boa vontade dos particulares, nunca .poderá atingir· o -fim a que tem jus, ·sem a com•
participação. do Estado.
AO .POLIGONO TURÍSTICO DA SERRA DA
ESTRELA SUA ESTAÇÃO EMISSORA DE
RADIOFUSÃO - SERVIÇOS.METEOROLÓGICOS
E POl.JSADAS RE.SiPECTlVAS, DESEJAMOS UM
FUTURO RA1DIOSO NUMA E•POCA' MUITO
1
PRóXlMA. NAS !MÃOS DE EMPRESAS PARTJ,
·cULARES OU DAS ENTl,DADES OFICIAIS!
OXALÁ O JORNAL «A ·NEVE» SEJA O PORTO
DE ABERTURA DO MAIS BELO E I1\o1PORT ANTE CENTRO TURfSTlCO DAS TERRAS
LUSAS!
LOBITO - DIA [)E NATAL DO ANO DE
1949.
António Fernandes Gomes
_............-.....
A
-
............
___ ...___..._ __ .._ __
Ie<:çmhecimento.
LUSALITE
*
Chapas onduladas para cobert_uras
licºo.
- . Eu não q uero chamar egoísta ao Outono; mas
também não quero supor que vós pretendais, com as
vossas . afirmações, exper!mentar a .sensibilidade e o
coração· da juventude.
Deveis 'saber por vós . próprió, porque já percotreste 'a vossa estr<idâ, que a Primavera ficaria inconsol.á vel e nãó viraria a cara · a um companheiro desafortunado, para se entregar totalmente a uma feli, ·cidade que só para ela chegasse.
E. assim, eu não posso aceder ao convite que me
f.i.zeis de procurar a felicidade da rnesrria maneira
que vós.
Perdoai, portanto.Esperai ate ao ano de 1970, e então, de Outono
para Outono. talvez possamos chegar a um acordo,
que por agora se mostra U)Jl pouco inaceitáveJ. ·
Não creio . ilu.são vo5sa ch~gardes ate lá, porque
estou. cqnvencida que os ventos do Invernei terão
entpeoho
VOS COt;1Setvàr bem firme, para apre•
ciarem o' valor com que sabei~ domar as ideias ou.s;icks ·desta inconformista ...
Mundo de aventuras"
Rádio tlub do Serra da Estrela
'
Chapas 1isas para tectos
Em fr.anca <onvalesccnça encóntra-sc já cm casa -ele
seus ,pais, o H .' ,D. Aurora Reis Leitão. que na Liga dos
Amigos dos Hospitais :foi sujcit·a a uma intervenção cirúrgica, conforme noticiámos.
·
Fazen1os votos ·i>eio seu rápido e franco restabelecimento.·
,
- Enconira-se doe_n te o menino F'c.r.nando- Ma.nucl Moura . Rebelo gentil iilhin?<? do nosso amigo Prof. M. Joa.quim Rebelo. Votos 'rap1da.s melhor.as.
-. De Lo:ign <;h~garam " Lisboa Júlio Augusto Lciião
e •Elvira qesus Paulo.
·
·
Chapas decorativas
Tubos de SANOLITE, para · esgotos e
condução de águas sem pressão
Tubos de LUSALITE parâ alta pressão
ALPAIATARIA ACADÉMICA
DE
Depósitos, ·colmeias, etc.
Agente e Depositário nos concelhos
tARLOS FERNANDES
*
DRTI 6DEIRJ\
Gouveia e Seia
<8:>
Agente e Depositário nos concelhos de
.
lúLIO ABRANTES MANTA
CONFECÇõES PARA HOtviENS,
SENHORAS E CRIANÇAS
Gouveia -Tel. 44
LO RIGA
FEVEREIRO - 1950
A NEVE
6
·A lvitra-se a criação
A BEM
POR
DE
11JOO
do
L-ORIGA
E DA
RE GIÃO
E
POR
TODOS
VOSA<O
Rádio Elnb oa Serra da Estrela
a a a
por ARTUR V ARATOJO
Estatificado perante a montra do restaurante, o homem
tinha os olhos füos na comida exposta, alheando-se do
mundo exterior e ruióoso que o cercava, indifuenre.
Contudo dois homens, num passeio de fronte. observavam-no, argutos. por detrás dum jornal diário.
P.lSsou 1:1 mão pela cara de barb a hirsuta, .num gesto
de desalento e soltando um suspiro Fundo desviou os olhos,
fixa.ndo-os agora num •ponto imaginário da calçada. Este= assim absorto uns curtos momentos: depois. com um
leve bater de .pálpebras :voltou à realidade e .retomou o
anoor v:tgaroso, as mã9s metidas nos bolsos dum sobretudo
esfiampado. Súbito, sentindo no braço, O · contacto m~rno
duma mão amiga, voltou-se, rápido, os olhos desmedida•
mente abertos como os da presa fugitiva, t1ma expres~ão
inter.rogante na face pálida. Ofüaram-no condoído e ele pareceu sossegar, a custo 1omando ás pala·vr:is que saíram
num rôuqueijo inquiridor:
- Que me querem?
-Venha da{ j~ntar ,<:onoosco ...
Baixou os olhos, córando, mas assentiu com um movim't·nto de cabeça.
Nada disseram a té à sobremesa.
A face do homem ganhava cor à medida que comfa.
Os outros dois obser.varam-lh e disfarçadamente os gestos e n~o os espantou se.quer as maneiras corrcctas àe que
~e servia.
Havia nele qualquer coisa que transpirava educação.
Rcsolver;im-se a quebrar o silêncio.
- Não quer m;iis nada?.. . Não se acanhe, se quiser
peça! - acrescentou 'Um deles com aparente> franqueza.
- Não, muito obrig.ado! - e de novo voltou " c.órar.
E ntão o outro chamou o criado, a quem gratificou com
generosidade, e saí ram os três voltando .:i englobá-los o silêncio pesado, partilhado no decorrer do jantar.
Corno um automato, ele d eixava-se conduzir, cabisbaixo e pensativo.
Na ru a ch<imaram ~m carro e fizeram-lhe um sinal.
convidando-o .a entrar.
Aceitou sem .procurar o raciocínio. A viagem foi curta
e o taxi-.parou .numa 1'ua deserta.
Apeou-n ~.;mbém sem esperar o conYite.. Após .-i parti'da do carro dois vultos saíram dá ~mbra dum port~l.
recortando-se .oo •nevoeiro gélido que fazia.
.
Começou a compreend er e soo riu. Lev.ant<>u a gola do
sobretudo .num gesto •protcctor, e olhou os .recém-vindos.
abrangendo -no mesmo golpe de vista o lugar onde se encontrava.
Ao fundo ill1l palacete de linhas iusteras ~ecortav~·se,
esfumado na penumbra. Os candieiros tinham um 1om baço,
as.pugíndo ·Um.1 claridade doe·ntia que não era suficieme
p;ita o iluminas; contudo ao fitá-lo. ele recuou visivelmente atemorizado e levantou o braço como para se proteger
de alguma coisa invisível que dele emanasse.
Notanpo-o um dos homens que o levar:i a jantar, interpelou-o:
- Que ~e pass.'.L amigo?... Medo?... Está deserto! acrescentou rec.onfortante depois duma breve · ~usa.
. Envergonhado, m as ~m q-ue h ouves-se de 1:odo desaparec~do a primeira impressão q ue exterio:i:ara, ele pareceu
mais calmo, e, sem .responder, fitou de novo o -edi fício. A
respiração -;1celerada. Os joelhQS bati:im•lhe sob as ·calç;is
reme ndadas. enquanto inúmeras 'Picadas lhe alfinetavam
o corpo todo.
,
Numa ·visão cinematográfica passavam-lhe pela menti:,
os dezanove el'IQS ant-eriore.s.
...
•; •
·-· ... ·-· ... --· ...... ··- --- ......... .
Primeiro, <> dia radioso, de sol b rilhante rcf!ec!indo-se
na face da sua mulhe:r, maravilhosamente linc!a sob o véu
.nupcial. Depois vieram os anos d e- casad<». O dia do n.1$•
cimento da filha. A s horas angustios:is q ue <pa.ssara, per' cursor as duma al~ria m.i~avilhosa que em anava, num tode candura e felicidade, daquele pedacito de carne que
tinha algo de ~eu. Contra sua vontadt a visão escureceu
aí 1lll1 poucó, ipara. voltar ~ proiectar•sc -de 1lovo luminosa.
A face da rapari ga , que .fora a causadora involuntária
da sua .infelicidade, veio do Além, deixando em segundo
plano muitos ·envelopes • .cartas, que tinh am o nome dele
· tstampado tm grandes carac:teres. SimL. Haviam sido essas cartas que o tinham .perdido!... M as como haveria sua
· sogra tomado ipOS!e del.:is?... Não sabia.
N unca o soubera. Oepois <> divórcio, que por ,uma obs·
tÍn3ção de orgulho sua mulher requerera.
Dois meses depois 'Uffi· desast·r~ vitimaya-a, deixando
ao desamparo dos matt·rnais aarínhos; a c:ria nça que ...
(Ele e$tava certo disso) .. . <5e ela vivesse seria o agenie seguro duma ·reconciliação.
- Po rque não lhe haviam entregado no T r ibunal? ...
Nãol
Tinham procedido bem 1... Ela meneia-a!
A avó a quem fora entregue de-pois. nunc.1 .mais lhe
havia con cedido vê-la ..• E já Já iam quase vinte anos!...
ls.so fora o fim de tudo. A miséria arreba~.ara-o numa •<>'
<!opiante onda de a bsorção.
Passou a mão •pela cara e apalpou as rugas precoces que
lhe vinca.,~ o rosto. Aquelas n.sgas - cinzeladas · pelo
infortunio - eram _.para .ele quase qµe motivo de orgulho.
ª.º
E ;.quele .palacet e que estava ainda ali em frente dele
a atestar ser a únic.1 coisa real de toda essa caleidoscópica
fantasia, .fôra o fulcro <le toda a existência.
-·.
... ... ... ... ... ...
... ...
.. . ... ... ... .. . ... .. . .. .
. ..
...
Compreendia melhor agora .p orque lhe haviam ofer:•
cido jant.u .
Mais uma vez o destino se comprar.ia cm troçar dele.
T raziam-no para roubar! ... Sim! Roubar o que era seu?
Sen iiu invadi-lo umo onda de ·revolt a ... E •porque não?
Por pouco não soltou 'Unta gargalh~da denr?·ntc.
M~ de novo QS com panhei ros o chamavam à rea lidade.
M eteram-lhe .na mão um pe<jutnino objecto frio: - A
chave! Um minusculo pedaço de metal, igual a um out ro
que tantas vezes utilizara. Sentiu deslizar-lhe· para o oolso
:algo pe.sado t :anteviu-lhe os con:ornos.
Preparavam-se para o acompanhar, mas ele rccu peran·
do a c:a\ma convenceu o chefe a deixá-lo oartir só-sinho.
Ninguém .profanaria uma •i-tc;ordação ·que erâ querida!
Atravessou a rua devagar, mal podendo suster-se nas
pernas nervosa~ . ·P~rou um momento em frente da porta,
durante a qual a mão, tremendo, lhe contrariava os movimentos. Por fim conseguiu introduzir a chave e dar a
voh:1 à lingueta.
,. A •por.ta abr.iu-sc com um rnnger d e gonsos mal lubri.icados.
A passos 1!émulos penetrou na escuridão b afien:a.
Amparou-se ao corrimão ·para ·não cair e limpou 0 suor
que lhe encharcava a fromc esmaecid..1 . .Parecia rec:onhecer
no .escuro todas as <r,e miniscéncias com que havia contem•poriudo. Subiu -0 rtsto dos degraus . >Por mais de 'Uma .v ez
esteve ·remado a fugir mas uma força invisível retinha-<>.
pr.eça?o ao chão, sempre <JUe 'Q tentava. Penetrou no es•
<_ntorio, e fechou a -porta com ruído, como aliás sempre
tiver:i por h~bito. N ão •pensava. 'Não vivia.
O contacto frio duma voz que vinha de qualquer lado,
quebrou-lhe o .est ulo hipertenso dos nervos, q ue o mantinham automi1'11zado. O cérebre comecou então a trabalhar.
Não lhe haviam garantido. que a · casa estava deserta? ...
, Só havia uma ex.plicação. O utr·o gatuno! M as, nS:o!
Nmgulm roubaria o que era .seu!
.
.
,
. R•efogiou-se no camo mais escuro e esperou. lntroduúu a mão no bolso e co mprimiu o cabõ da arma que
sabia lá · estar.
. "ºº lado oposto, donde ·par•i ra a voz, soou um estalido e a daridack tépida. óum candeeiro de mesa, envolveu
a s.>l.a num halo de luz morna. Arma apertada, h abituado
às contrariedades ida vida. ·Voltou-se rápido.
Um rosto oval, e maravilhoso de mulhu, que .uns cabelos <:astanhos emolduravam desalinhados. sobressaía <i.3
escuridão da sala.
·
A luz incidindo-lhe s ob o queixo dava-lhe· ·um aspecto
de te r.rível realidade.
.
Ao fixá-lo, o .roS"to dele desc:ongestionou•.s>a e . caiu par.a
frente com baco surdo, ·soltando a arma dos dedos enclavinhados. A rapariga correu sol:>re um so.fá, espargi~o-lhe
depois as fontes com água que ela fora buscar, solk1t.a.
O ttlari.do quebrou o sil~ncio:
- ll. melhor chamarmos a '])Olícial
- Niol Consente qu~ termine o meu capricho! Este
homem não tem cara de assassino . É um •pobre diabo!
- Mas vinha armado! - argumentou o ra pa.z, acres•
centando em ~om ·r eprovativo:
.Esses teus caprichos!... Po~que haveria mos nós hoj.~
de vir .ficar aqui ena c;asa onde tua mãe ·viveu?
A .rapariga .parecia não o esctu.H t sem que ele disso
se a.percebesse tirou cuma gaveta um m aço de notas que
introduziu no bolso d o inconsciente, julgando conseguir as•
sim a remuneração ju91a dum infortúnio. _
.Aos -poucos a ~az.io 'Voltava ao cérebro cansado de emoções do i mprovisado ·gatuno.
fitando o .rosto d a ,rapariga que se curvara para eJ.e
·parecia querer de.o;enhar ·na memória -todos os contornos-_
Aqude rosto ... que fô11a o da sua mulher... só podr:na
pertencer a um a pessoa .. . sua filha! s:mI «Sua filha_!»
><Sua filhô\h g.ritava-lhe os olhos e o coração. Ao sent1r·lhe a mão gelada ela apertou-lhe entre ias su as. reconfortante. Mas .não era possível continuar o sonho. O passado não lh e -pertencia. Urgia acordar.
.
A cu.~to ergueu-se do soíá e murmurando palavras 1nccie-rentes de d~culpa, caminhou .para ·a porra.
,
Nem .p or um rr..qmento ·pensou que lhe pudessem 1mpe~ir a partida.
.
.
Olhou-a de novo, os olhos nublados por lágr1m<1s escaldantes, e saiu . Por pouco não rebotou pelos degr..lus da
eS<:adaria.
Corr.iou •para o grupo o nde lhe revistaram im~diatamen·
te os bolsos' e encontrando o ~ço de nota~. parec:cram
du-se p or u :zo'à111::lmente satisfeitos .
Meter.iro-lhe uma mão gelada e desap;ireceram no ne<11oeiro. Ele compreendeu a origem do dinheiro e sorriu.
'e nlevado. Como ela era boa ...
Olhou mais uma vez a janela do palace;e, oe afastou-se
~ pas.sos lentos, por ·entre as lu~es ner.v osas -que orlavam
a ·r ua, bruxele:indo .na neblina.
.
Mirava a figura da nota, que' ~os ~eus olhos aparecia
transmudada num .rosto oval de cabelos cast.anhos em de·
.salinho... ·
No Continente Africano. mormente nos vários
recantos da Colónia de Angola, a Portuguese We.s_t
Afrika;, como é ,conhecida do Ex terior, existem V2'
rios Rádio-Clubsl
Se julgam isto uma fantasia do articulista. pa5'
saremos a enumerá-los, com a devida vénia do ihw
tre Editor do baluarte, pois o espaço que nos reser'
va «A NEVE>1, é restrito!
As estações emissoras, só em Angola, conUIJl~
como segue, não incluiremos os Postos de Amadores.
alguns dos "lua.is .pela sua orgânica e técnica, co~~
nicam com dezenas de correspondentes nas Amtn'
cas:
Rádio Ciub de Angola, a emissora oficial ~
ciada pelo Governo Geral; Rádio-Club de Nova-Ll~
boa, onde actua o galã e ex-locutor da E. N. Curado
Ribeiro e esposa, o qual, criou o comentadíssimo ter"
mo: c(UMA. VOZ ;PORTUGUESA EM AFRICJ\Jl•
pelo .facto de muitas e muitas haver que nonnal'
mente e cotidianamente emanam para o ar a lin~
dos lusíadas; Radiofusora do Lobito, a ~tação pi<>'
n eira da Colónia e mais antiga da Á frica, fundab
pelo célebre papá da rádio-angola - Álvaro de Cat"
valho, vive da propaganda noticiosa: Rádio Club dO
Sul de Angola. financiada por dotações do Governo,
Geral e da Câmara Municipal do Lobito; Rádio Cl~
de Benguela: com as dotações anteriores e ass~
prosseguem em igualdade de cirC'Unstâncias: o Rá~_f
Club do ·Huamlbo: Rádio Club do Bié; Rádio Cwv_
de iMoç.âmedes; Rádio Club da Huila, etc. Têm ~"'
mo é de prever os seus associados e além da radi~
fusão, dispõem de ccrinks» para ·patinagem; dan_ça;verbeius e outros desportos. Todas estas estaçoeS. pelos seus serviços humanitários -: _socorros, Ut:ge:D'
tes, etc. - são consideradas de uuhdade publica .e
como tal ipatr<><:inadas. por Portarias pubfü:adas 11o5
Boletins Oficiais do Governo Geral!
*
de
Em Portugal, observamos uma concentraçao
Radiofusoras, em Lisboa e Porto, as quais, por ve:zDt
actUª10 f1 horas em que só são ouvidas pelas p~
que se dedicam à ociosidade.
.
Quanto a Emissoras ela Província. isso é let!'I"
nha morta. Ora. a exemplo do que se vê nas jovens
terras africanas, ;ulgamos q ue a época dos marasrn~
no nosso •Portugal, já é tempo de passar ao rol dos
. .
mute1s.
A mãe do Império Colonial Português, deveria
perfilhar os exemplos d e..,ccendentes, criando radiO'·
fusoras provinciais ou distritais q ue, em tempos nor"
mais. seriam porta-vo7. do folclore e interesses na'
cionais e regionais e nos casos de emergên1:ia, são e!>'
sas emissoras, de manifesta utilidade pública, o prorv
to socorro ao serviço da Região e da ·Nação!
Quem mais rápido do q ue a Rádio pode loca"
lizar o medicamento desejado ou o socorro preveiv·
tivo!
No .tnar - simples enfermeiros, têm execuudo
operações urgentes, dirigidas pelos mestres, das e5'
tações em terra. No ar, ainda 'não há muito tempO
que ~m piloto serviu de parteiro a uma passageira
que teve o seu hom sucesso em pleno 'VÔO, gra~
às indicações transmitiaas pela Rádio!
E já que de Angola em correspondência para ~
Jom.a] .«A NEVE». estamos levantando <>repto a fa,
vor da Cri.açio dé uma Estação Emissora de Radio/
. fusão em Loriga, com a denominaç.âo «RÁDIO OLUB
DA SERRA DA ESTRELA » ou ESTAÇÃO RE
GJONAL DAS BEIRAS OU DA SERRA . DA ES
· TRELA>>. afumamos q ue a exemplo dos serviP
prestigiosos que yêm prestando aos habitantes longe
dos grandes centros no Império Colonial, tam~·
em •Portugal, uma Estação no género do Rádio CI~
ou como dependência da Emissor.i Nacional, no sJ5"
tema Regional, •beneficiaria um perímetro rascável e;
ficaria colocada em altitude e latitude que abrange'
na grande perim~tro.
Loriga. está , localizada num ponto excelent~ e
com óptimas vias de comunicação para 0 objeeuvo
almejado. IDali aos píncaros da serra da Estrela, faz.-se <1 viagém por bons caminhos e excelentes estra'das.
A vista que se desfruta da Penha do Gato, Jocal
que prognosticamos para a instalação das T ôrres pi"
ra as antenas, é maravilhosa.
A exemplo dos desdobramentos já existentes da
.
(Cot1il1111a ·na pag. ;J
Download

TRABALHANDC - Gentes de Loriga