HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
As Conferências Evangélicas Latinoamericanas (CELA)
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Em 1949, por iniciativa do Conselho Nacional
Evangélico do México, convocou-se uma conferência
evangélica que reuniu todas os concílios evangélicos
do continente.
A Conferência foi convocada para julho de 1949 na
cidade de Buenos Aires. Presidiu a reunião o Bispo
Metodista Argentino, Santo Uberto Barbieri, estavam
presentes 56 delegados de 15 países do continente.
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A Conferência foi planejada e dirigida por
latino-americanos, refletindo a maturidade
do protestantismo na América Latina.
Uma comissão estudou a “realidade latinoamericana e a presença das igrejas
evangélicas”, outra comissão tratou do
tema “mensagem e missão do cristianismo
evangélico para América Latina”.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
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“Não temos buscado, nem consideramos
imprescindível, a unidade orgânica,
eclesiástica ou administrativa. O Corpo de
Cristo, que é sua igreja, não é uma
estrutura mecânica, senão um organismo
vivo. O que queremos e devemos é
manifestar a íntima unidade espiritual que
desfrutamos em Cristo “ – Carta ao povo
evangélico
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
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Fato peculiar no documento final aprovado por
CELA I foi a menção à Declaração Universal dos
Direitos do Homem[1], como direitos defendidos
pelas igrejas evangélicas. Declarou que a liberdade
de culto é a “mãe” de todas as outras liberdades: “e
a reclamamos tanto para professar uma religião
como para mudar de religião ou para não professar
nenhuma.”
[1] A Declaração Universal dos Direitos humanos
foi aprovada a 10 de dezembro de 1948 pela
Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU),
estando o Brasil entre os países signatários.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
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Bastian avaliou CELA I como o fim do projeto
evangélico liberal para o continente pois havia
terminado o ciclo das missões com seu projeto
civilizatório. A partir da Segunda Guerra Mundial
, uma grande parte das igrejas na América
Latina começou uma trajetória diferente de
outras igrejas no mundo, afastando-se cada vez
mais do projeto ecumênico, e tornando-se mais
fundamentalista e espiritualista.
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CELA II reuniu-se em 1961, na cidade de
Huampaní, região metropolitana de Lima,
Peru. A América Latina vivia um momento
de ebulição, a revolução cubana
introduziu um novo paradigma no
continente. Os movimentos de esquerda
alimentavam a esperança de alcançar o
poder em diversos países.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO III
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A Conferência contou com a representação de
42 igrejas, 200 delegados de vinte e oito países
do continente e foi promovida por onze
federações nacionais de igrejas. Ela foi presidida
pelo pastor presbiteriano brasileiro Benjamim
Morais e contou com importantes nomes da
Teologia Protestante da América Latina: Emilio
Castro, que foi posteriormente Secretário Geral
do CMI e José Miguez Bonino, depois
considerado Teólogo da Libertação.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
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Três movimentos criados após a
assembléia deram a forma concreta para
o desenvolvimento do unidade
evangélica na América Latina: o
Movimento Igreja e Sociedade na
América Latina (ISAL), criado em 1961; a
Comissão Latino-americana de Educação
Cristã (CELADEC), em 1962 e a
Comissão Pró- Unidade Evangélica
Latino-Americana (UNELAM).
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CELA II assinalou definitivamente o
rompimento teológico do movimento de
unidade na América Latina com o
movimento conservador. O primeiro
comprometeu-se com as causas políticas e
sociais progressistas e foi perseguido pela
reação conservadora, tanto de Estado
quanto eclesiástica, enquanto o
movimento conservador deu suporte às
ditaduras que se estabeleceram na
América Latina.
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“Nós evangélicos somos no mundo testemunhas do amor de Deus,
que deu seu filho pela redenção do homem. Se ele amou o mundo
de tal maneira, nós não podemos menos que preocupar-nos
seriamente por tudo que ocorre nestas terras onde Deus nos
colocou. Sabemos que não temos sido chamados a uma vida de
mera contemplação senão de participação ativa, confiada e
redentora na vida do mundo que Deus criou. Contemplamos, com
profunda simpatia e no espírito de solidariedade, a busca ansiosa de
nossos povos por um futuro melhor. Sentimos como nossos desejos
de justiça, de uma distribuição eqüitativa da s riquezas que Deus
colocou em nossa terra, o desejo de grandes massas de nossa
população de independência social e econômica, de acesso à cultura
e de uma participação plena na vida e direção de nossas nações.
Solidarizamo-nos com os anseios de liberdade integral da América
Latina. Fazemo-lo porque sabemos que a justiça e a liberdade são
conseqüências inegáveis do Evangelho, dons que Deus dá ao
homem e pelos quais devemos lutar “
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
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A terceira conferência deveria ser realizada no Brasil em
1965, mas o golpe militar em 1964, e as mudanças que
começaram a ocorrer na Confederação Evangélica
Brasileira (CEB), fizeram com que os organizadores
transferissem a reunião para Buenos Aires, e a mesma
aconteceu em 1969.
Estiveram representados 43 igrejas e organismos paraeclesiásticos, e também dois observadores católicos,
representando a igreja Católica Romana que foi
convidada para participar do evento em retribuição ao
convite feito para a participação de evangélicos na II
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano que
se reuniu em Medellin em 1968.
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Cela III foi um marco no protestantismo latinoamericano. A conferência refletiu a controvérsia
que havia entre as cúpulas das igrejas e os
movimentos mais radicalizados. A comissão de
juventude não conseguiu aprovar um
documento único, e apresentou dois relatórios.
Um defendia maior engajamento nos problemas
da América Latina, até mesmo participando dos
processos revolucionários. O segundo,
postulava que a Bíblia era a resposta para o
continente.
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O tema de CELA III foi “Devedores do Mundo” e os
temas dos debates já demonstram quais foram os
objetivos do encontro ....nossa dívida e responsabilidade
específica como igreja protestante latino-americana;
nossa dívida protestante nas transformações sociais,
econômicas e políticas da América Latina; nossa dívida
protestante na transição de uma sociedade rural para
uma urbana na América Latina; nossa dívida evangélica
para com a mulher latino-americana; nossa dívida pra
com a juventude latino-americana; e nossa dívida para
com a comunidade católico-romana.
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Algumas organizações articularam o movimento
ecumênico na América Latina antes da
formação do Conselho Latino-americano de
Igrejas (CLAI), entre elas destacamos: Comissão
Pró- Unidade Evangélica Latino-Americana,
UNELAM; Igreja e Sociedade na América Latina,
ISAL ; e Comissão Latino-americana de
Educação Cristã, CELADEC. Destes apenas
CELADEC, permaneceu como instituição
autônoma, UNELAM deu lugar ao CLAI e ISAL
não resistiu aos anos de chumbo das ditaduras
militares nos países do Cone Sul (Brasil,
Uruguai, Argentina e Chile).”.
HISTÓRIA DO CRISTIANISMO I
As conclusões de CELA III foram uma pedra de
tropeço para a participação de grupos
conservadores no movimento evangélico latinoamericano que acabaram desenvolvendo um
movimento paralelo.
 A declaração de CELA III sobre a dívida com o
catolicismo romano foi um dos aspectos
inaceitáveis para o protestantismo conservador e
fundamentalista.
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