“Indústria metalúrgica uma década de mudança”
Muito já se falou dos efeitos perversos das medidas adotadas
durante a década de 1990 para o desenvolvimento econômico e
social do país. Mas nunca é demais relembrar a escolha política
consciente, marcada pela abertura econômica, pelas privatizações,
pela falta de crédito com taxas de juros e prazos adequados, e
ações fragmentadas de acordos com lobby dos setores industriais.
Somam-se a esses elementos as novas formas de organização do
trabalho poupadoras de mão-de-obra, a forte terceirização e a falta
de investimento em infraestrutura.
O resultado dessa escolha foi um período com pequeno crescimento
econômico, estagnação de setores industriais ou mesmo o seu
desaparecimento, como no caso da indústria naval. Para os
trabalhadores, o resultado foi o desemprego e todos os problemas
sociais daí decorrentes.
Iniciamos a atual década ouvindo que o trabalho industrial nunca
mais iria recuperar os patamares do inicio dos anos 1990. No
entanto, nos últimos oito anos a escolha foi orientada para criar um
ambiente favorável ao desenvolvimento econômico sustentável, à
distribuição de renda e à participação popular, com impactos
positivos sobre o emprego metalúrgico.
1
No que diz respeito à indústria, o governo federal lançou dois
programas: a PITCE – Política Industrial, Tecnológica e de Comércio
Exterior (2005) e a PDP – Política de Desenvolvimento Produtivo
(2008), um marco na retomada do crescimento industrial em nosso
país.
A crise econômica mundial já completou um ano e meio e diversos
indicadores demonstram que está em superação no Brasil, mas o
fato de o país ter feito outra opção de desenvolvimento nos últimos
anos, tem garantido a recuperação em patamares distintos de
outras crises pelas quais passamos.
Investimentos na indústria
A partir de 2006 temos uma retomada dos investimentos no país.
Algumas características desse movimento são:
 Investimentos puxados, num primeiro momento, pela indústria
do petróleo, gás e mineração, ampliando para insumos
básicos, e em um terceiro momento, para bens de consumo;

Inicialmente proporcionado pelo crescimento do mercado
mundial e, em seguida, pelo consumo interno, devido ao
crescimento da massa salarial e do crédito;

Investimentos
mais
voltados
para
a
ampliação
da
capacidade produtiva do que ao adensamento da cadeia de
produção;
Na
década
de
1980
e
1990
as
empresas
concentram
os
investimentos em modernização tecnológica. No momento atual, a
retomada dos investimentos se dá com a construção de novas
2
unidades produtivas e voltados para a demanda final, como nas
indústrias automotiva e eletroeletrônica.
Com a crise de 2008, o nível de investimento medido pela
Formação Bruta do Capital Fixo (FBCF) caiu 22% entre o terceiro
trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de 2009. Por depender de
um cenário mais estável, esse indicador demorou mais para reagir
e terminou o ano de 2009 em 16,7%.
A partir dos dados levantados pelo BNDES no segundo semestre de
2009, com números que representam cerca de dois terços da
indústria nacional, temos um investimento anunciado de 60,2% a
mais no quadriênio 2010-2013 comparado com o quadriênio 20052008. Os dados demonstram que, além de superação da crise, o
investimento no setor industrial teve um incremento, quando
comparado com o período 2005-2008.
3
Tabela 1 - Crescimento dos investimentos mapeados na
indústria 2010-2013
Setores
Valores (R$ milhões)
2005-
2010-
2008
2013
156
Extrativa mineral
Crescimento
%
% ao ano
295
88,2
13,5
53
52
(2,7)
(0,6)
Siderurgia
28
44
58,7
9,7
Petroquímica
19
36
87,1
13,3
Veículos
23
32
40,8
7,1
15
23
51,7
8,7
Autopeças
7
9
18,3
3,4
Eletroeletrônica
15
21
42,1
7,3
Papel e celulose
17
19
13,0
2,5
311
499
60,2
9,9
Petróleo e gás
Montadoras
Indústria
Fonte: Visão do Desenvolvimento, no 79, março 2010, BNDES
Observando
os investimentos anunciados segundo grupos, o
segmento voltado para o mercado interno apresenta crescimento
de 56,8%. Os investimentos de setores voltados para o mercado
externo apresentam crescimento de 17,4% devido ao cenário do
comércio mundial, e o segmento de petróleo e gás, 88,2%, para o
período de 2010-2013.
Segundo
o
BNDES,
esses
números
são
positivos
porque
o
crescimento de setores ligados à demanda final evita riscos de
desindustrialização e tem impacto positivo sobre os setores de bens
4
intermediários
e
matérias-primas.
Para
garantir
que
esse
crescimento não afete a balança comercial, o banco sugere como
medidas: ampliar as políticas de desenvolvimento produtivo, criar
medidas para uma taxa de cambio menos volátil, dentro de uma
taxa flexível, apoio ao desenvolvimento tecnológico, melhoria da
infraestrutura
e
avanços
na
reforma
tributária,
reforço
da
diplomacia brasileira em negociações de comércio internacional e
desenvolvimento
do
mercado
de
capitais
e
modalidades
de
financiamento.
Os setores ligados à indústria metalúrgica representam 19,4% dos
investimentos acima anunciados (R$ 97 milhões), isso sem contar,
que os investimentos nos outros setores têm reflexos positivos
sobre toda a cadeia metalúrgica, em especial, sobre o setor de bens
de capital.
Outro setor beneficiado e que representa um exemplo de política
industrial, com participação dos setores sociais envolvidos é o
naval. Esse setor tem uma demanda de 48 embarcações e 13
plataformas, além da expectativa de demanda para mais 28 naviossonda e plataformas entre 2013 e 2017, contabilizados no setor de
petróleo e gás.
No caso do setor naval, nunca é demais relembrar que apesar de
ser um setor importante, ele foi abandonado durante a década de
1990 e praticamente foi extinto, devido à abertura do mercado
brasileiro às empresas internacionais e às dificuldades para o
financiamento, já que os estaleiros tinham muita dificuldade de dar
as garantias solicitadas pelos bancos e pelo Fundo da Marinha
Marcante (FMM).
5
De um total de 40 mil trabalhadores diretos nas décadas de 1970 e
1980 e de ocupar o segundo lugar como produtor mundial, a
indústria naval brasileira foi acabando durante a década de 1990, e
chegou ao final desse período com um número reduzido de
trabalhadores apenas para as operações de reparos e com quase
todos os estaleiros fechados.
Em 2007, já com os esforços de retomada desse setor, a frota
brasileira ainda representava apenas 0,6% da marinha mercante
mundial e 0,1% da produção naval, com cerca de 22 mil
trabalhadores.
No momento pré-crise, a demanda internacional por embarcações
passava por forte aceleração com gargalos de oferta e preço do
frete em níveis recordes. A demanda interna não foi prejudicada
pela crise financeira mundial porque está concentrada no setor de
petróleo e gás.
O setor naval é estratégico por diversos motivos:

Tem um grande potencial de geração de emprego (para cada
1 trabalhador direto, 4 trabalhadores indiretos);

Tem presença marcante do Estado em todo o mundo, por
meio de instrumentos de incentivos e regulação;

A garantia de navios com bandeira brasileira diminui as
perdas cambiais por conta do frete;

Em 1980, 22% da navegação de cabotagem na costa
brasileira eram de bandeira nacional, e caiu para 0,8% no final
da década de 1990;
6

O transporte hidroviário é 75% a 80% mais barato do que o
transporte rodoviário e 30% a 40% mais barato do que o
ferroviário;

O setor cria demanda na indústria siderúrgica e na rede de
suprimentos, o que gera importante dinamismo industrial
próprio da indústria de bens de capital.
Objeto de diversas ações do atual governo, o setor também
incorpora a PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo) com o
objetivo de fortalecer a indústria naval a partir das encomendas do
segmento
off-shore
e
de
demandas
da
armação
nacional,
especialmente para cabotagem.
Desafios do setor naval:

Apoiar a consolidação empresarial e a modernização da
estrutura
industrial,
ampliar
o
investimento
em
PD&I
(Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) e a qualificação
profissional;

Criar uma empresa líder em projetos navais e fortalecer a
cadeia produtiva. Para tanto, as metas definidas foram o
aumento do uso de navipeças nacionais de 65% para 85%; a
ampliação da participação da bandeira brasileira na marinha
mercante mundial para 1%, e a geração de mais 25.000
empregos na cadeia produtiva.
Apoio à expansão e modernização da indústria naval:
7

Criação do Programa de Modernização e Expansão da
Frota (Promef) com o objetivo de construir navios no Brasil,
com índice de nacionalização de 65% e em estaleiros
competitivos em nível internacional. Na primeira etapa, o
objetivo é de construir 26 navios (US$ 2,48 bilhões) e na
segunda etapa, 16 navios.

Criação do Programa de Renovação da Frota de Apoio
Marítimo (Prorefam) com o objetivo de construir embarcações
no Brasil, com índice de nacionalização de 75%. Entre 2008 e
2014, a previsão é de construção de 146 embarcações em
diversas etapas. Nesse programa, a geração de empregos
prevista é de 73 mil postos de trabalho.

Criação do Fundo de Garantia para Construção Naval com
a finalidade de garantir o risco de crédito das operações de
financiamento à construção naval, realizadas pelos agentes
financeiros credenciados a operar com recursos do Fundo da
Marinha Mercante – FMM.

Liberação
financiamento
de
para
R$
6,2
bilhões
construção
e
até
2010
para
modernização
o
de
embarcações para estaleiros brasileiros através do FMM.

Implantação do Catálogo de Navipeças.

Promoção da certificação de navipeças para viabilizar a
utilização por estaleiros e armadores nacionais e estrangeiros.
8
Desoneração tributária do investimento e apoio à navegação
de cabotagem:

Por meio da suspensão da cobrança de IPI, PIS e Cofins
incidentes sobre peças e materiais destinados à construção de
novas embarcações por estaleiro nacionais.
Investimento em PD&I e qualificação profissional:

Liberação de R$ 25,7 milhões em 2008 de recursos Finep
(Financiadora de Estudos e Projetos) para o Fundo para o
Setor de Transporte Aquaviário e Construção Naval e utilização
do Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de
Petróleo
e
Gás
Natural)
Naval
para
a
Formação
e
aperfeiçoamento de recursos humanos. Pelo TEM (Ministério
do Trabalho e Emprego) foi estabelecido um convênio para a
formação de 1.500 trabalhadores do setor em diversas
profissões, por meio do Plansec.

Os trabalhadores têm acompanhado efetivamente todo o
processo e participam do conselho deliberativo do FMM.
Produção industrial
A produção industrial dos setores metalúrgicos vem passando por
um crescimento sustentado nos últimos anos, em decorrência da
implantação de uma política industrial pautada pela ampliação do
investimento no PIB (FBCF – Formação Bruta de Capital Fixo), da
elevação do gasto privado em P&D (Pesquisa & Desenvolvimento),
da ampliação da participação das exportações brasileira no total
9
mundial e da dinamização das MPMEs (Micro, Pequenas e Médias
Empresas).
O objetivo central da política industrial é dar sustentabilidade ao
atual ciclo de expansão e os indicadores têm mostrado que o
resultado tem sido positivo.
Os setores da indústria metalúrgica apresentaram índices de
crescimento significativos nos últimos oito anos que variaram entre
8,7% (metalurgia básica, um dos setores que mais sofreu com a
crise, com forte impacto no setor siderúrgico) e 145,7% (máquinas
para escritório equipamentos de informática).
Se compararmos esses indicadores como as taxas de crescimento
pré-crise, o resultado é surpreendente, em especial, porque a
tendência na década de 1990 era de queda na produção industrial,
conforme tabela 1.
10
Tabela 2 – Variação da produção industrial nos setores da
indústria metalúrgica, comparação entre os períodos de
2010/2003 e 2008/2003
Setores da Indústria
Metalúrgica
2010/2003 (8
2008/2003 (6
anos)
anos pré-crise)
Variação
Média
Variação
Média
no
anual
no
anual
período
Metalurgia básica
período
8,7
1,1
19,1
3,2
22,6
2,8
12,2
2,0
43,4
5,4
44,6
7,4
145,7
18,2
170,7
28,5
Produtos de metal exclusive máquinas e
equipamentos
Máquinas e
equipamentos
Máquinas para escritório
11
e equipamentos de
informática
Máquinas, aparelhos e
materiais elétricos
30,8
3,9
56,5
9,4
8,8
1,1
40,2
6,7
62,0
7,7
73,8
12,3
91,7
11,5
71,4
11,9
Material eletrônico,
aparelhos e
equipamentos de
comunicações
Veículos automotores
Outros equipamentos de
transporte
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
Remuneração média metalúrgica
Apesar do crescimento econômico observado nos últimos anos, o
aumento da remuneração média dos trabalhadores metalúrgicos
ainda é um desafio para o movimento sindical. Podemos observar
no Gráfico 1, que a remuneração apresenta uma trajetória bastante
instável: no período mais recente, a partir de 2005 o crescimento
da remuneração média iniciou uma trajetória crescente, sendo
novamente interrompido pela crise, em 2009.
Gráfico 1
12
Fonte: Rais 2000 a 2008 e Caged Jan2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado
como mês base de comparação Dezembro.
Esse quadro demonstra que mesmo como a reposição da inflação e
com a conquista de aumento real, os salários não crescem na
mesma velocidade que os outros indicadores da economia, devido à
alta flexibilidade do mercado de trabalho brasileiro, em especial, em
decorrência da alta rotatividade da mão de obra no país. Mas é
claro que estamos em um cenário muito mais positivo comparado
com os anos 1990 como podemos observar no resultado das
negociações coletivas dos últimos anos.
Negociações coletivas
As negociações coletivas apresentaram reajustes salariais nos
Sindicatos de Trabalhadores Metalúrgicos filiados à CNM/CUT que
incorporaram em média 14,21% de 2004 a 2009 a título de
aumento real. Soma-se a esse percentual 33,62% de reposição
integral da inflação, segundo estimativa elaborada a partir de
informações disponibilizas pelos sindicatos (Gráfico 2). Mesmo o
13
ano de 2009, fortemente impacto pela crise, registrou aumento real
médio, nacionalmente, em torno de 2,1%.
Esse resultado tem outro fator relevante: a conquista de aumento
real e de reposição da inflação tem apresentado índices mais
homogêneos
nacionalmente,
demonstrando
ser
acertada
a
estratégia da CNM/CUT de buscar a negociação nacional, estratégia
que já apresenta pontos positivos que contribuem para a redução
das desigualdades regionais. Na região Nordeste, a remuneração
média dos trabalhadores dos Sindicatos Metalúrgicos filiados à
CNM/CUT representava em 2005 cerca 40,7% do recebido em
média pelos trabalhadores da região Sudeste. Em 2008, essa
relação sobe para 51,2%.
Tabela 3 – Remuneração média dos Sindicatos Metalúrgicos
filiados à CNM/CUT e comparação com a Remuneração
média na Região Sudeste (2005 e 2008)
2005
Regiões
Região Norte
2008
Remunera Compara Remunera Compara
ção média
ção com
ção média
ção com
(R$)
SP
(R$)
SP
Variação
2008/20
05
1.277,33
60,3
1.571,74
64,9
23,0
862,23
40,7
1.241,05
51,2
43,9
2.119,21
100,0
2.423,19
100,0
14,3
Região
Nordeste
Região
Sudeste
14
Região Sul
1.323,76
62,5
1.576,37
65,1
19,1
Total
1.746,90
82,4
2.034,39
84,0
16,5
Fonte: CNM/CUT, Rais 2005 e 2008. Elaboração: DIEESE, 2010
Desafio
A atuação para o próximo período deve reforçar o combate à
rotatividade, por ser o principal fator que impede que os ganhos
salariais sejam permanentes, inclusive porque no Brasil, em um
cenário de crescimento, em vez de apresentar queda na taxa de
rotatividade, o que temos observado é um acréscimo a cada ano.
A partir de um balanço realizado no Congresso dos Metalúrgicos em
2007 pudemos observar que a rotatividade na indústria metalúrgica
gira em torno de 28% a 33% e, além das incertezas causadas na
vida dos trabalhadores, impacta negativamente o crescimento da
massa salarial e da remuneração média.
A partir dessa constatação a CNM/CUT iniciou uma campanha pela
ratificação da Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do
Trabalho), que define mecanismos contra a dispensa imotivada.
Para a CNM/CUT, a valorização dos salários pela reposição da
inflação e de aumentos reais pautados pelo crescimento da
produtividade é fundamental para a continuidade do crescimento do
País, tanto para que o desenvolvimento seja com distribuição de
renda, como para que esse crescimento, pautado pelo mercado
interno, tenha continuidade.
Gráfico 2
15
Fonte: Sindicatos de Metalúrgicos Filiados à CNM/CUT, 2005 a 2009
Emprego metalúrgico
Nos meses de novembro de 2008 a julho de 2009 o saldo de postos
de
trabalho
negativos,
na
tendo
indústria
em
metalúrgica
dezembro/2008
o
apresentou
pico
das
números
demissões
(conforme gráfico abaixo). O número total de postos de trabalho
formais no Brasil foi positivo já em fevereiro. No entanto, a
indústria metalúrgica só volta a apresentar saldo positivo em
agosto de 2009, totalizando no período de crise um saldo negativo
de 231.725 postos de trabalho.
Destaca-se que devido à alta rotatividade do mercado de trabalho
brasileiro, o total de demitidos metalúrgicos foi de 636.812. Como
houve nesse período de crise a contratação de 405.087, o saldo de
16
postos de trabalho nos meses de novembro a julho de 2009 ficou
negativo
em
231.725.
Isso
também
explica
a
queda
na
remuneração média em 2009, já que os trabalhadores são
contratados com remunerações menores do que a dos demitidos.
A partir de agosto os números do emprego metalúrgico voltaram a
ficar positivos, acumulando saldo de 71.446 até dezembro de 2009.
Retomada
O saldo médio desses meses se equipara aos valores observados
nos anos anteriores, o que é um forte indício de uma retomada do
crescimento
do
emprego
de
forma
estável
e
nos
mesmos
patamares dos anos anteriores, apesar do número negativo de
dezembro
(5.535),
que,
historicamente,
apresenta
número
negativo, por conta do ajuste feito pelas empresas e pelo ajuste
nos dados do Ministério do Trabalho.
Se esse movimento de contratação continuar nesse ritmo, no final
do primeiro semestre de 2010, a categoria volta a patamares iguais
aos observados antes da crise.
Essa retomada foi possível porque diferente de outros momentos
da história brasileira o governo atuou de forma positiva com
medidas anticíclicas, como a redução do IPI para automóveis e
linha branca, linhas de crédito e melhorias nas formas de
financiamento do BNDES para vários produtos, entre outras ações.
Gráfico 3
17
Fonte: Caged Jan2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010
Como resultado da política adotada nos anos 1990, o emprego
metalúrgico sofreu uma forte queda e, durante os anos de 1995 a
2002, somou um saldo negativo de 13 mil postos de trabalho.
A partir de 2003, esse cenário muda e tem início uma retomada
vertiginosa do emprego metalúrgico, acumulando na atual década
um
crescimento
de
58,4%
apesar
da
crise
financeira.
Se
considerarmos o crescimento do emprego metalúrgico até o ano de
2008 é ainda mais significativo o desempenho desse indicador:
crescimento de 63,9%, saindo de 1,27 milhões de empregos em
2000 para 2,09 milhões de empregos metalúrgicos em 2008. A
queda registrada em 2009, fruto da crise economia mundial, já foi
superada, segundo dados de abril de 2010, quando o emprego
metalúrgico chegou a 2,15 milhões.. (Gráfico 4)
Gráfico 4
18
Fonte: Rais 2000 a 2008 e Caged Jan2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado
como mês base de comparação dezembro. Para 2010, foi utilizado o mês de abril.
Considerações finais
A indústria metalúrgica sofreu fortes mudanças na atual década,
com destaque para a segunda metade da década, acompanhando
os indicadores positivos da economia brasileira. Considerando esse
crescimento,
as
entidades
sindicais
metalúrgicas
filiadas
à
CNM/CUT procuraram garantir que esse crescimento resultasse em
melhoria para o conjunto da sociedade, com mais e melhores
empregos e com melhoria nas remunerações, além de buscar
interferir nos rumos do desenvolvimento do país, com destaque
para as políticas de desenvolvimento do setor produtivo.
Colocando em pratica essa diretriz, foi possível intervir em vários
espaços, seja de negociação coletiva ou de negociação junto ao
governo federal.
Atuamos durante o período de crescimento, mas também durante o
período da crise em 2008/2009, buscando garantir que os
19
trabalhadores não pagassem a conta da crise (em outros períodos,
o remédio utilizado no Brasil), e que também se beneficiassem do
crescimento pelo qual o país vem passando.
20
ANEXO
Gráficos - Produção física industrial, por tipo de índice e
seções e atividades industriais da metalúrgica, Brasil
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
21
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
22
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: DIEESE CUT Nacional, 2010. Utilizado como mês base de
comparação Janeiro
23
CARLOS GRANA
Começou sua trajetória de militância em 1980, ainda estudante do
Senai,
A pouca idade - apenas 13 anos - não foi problema para
Carlos Grana começar a despontar na política. Natural de São
Bernardo, desde 1979 o atual presidente da CNM/CUT discute os
problemas políticos e sociais com a população; como propósito de
trabalhar tais questões, atuava em peças de teatro como O Invasor,
de Dias Gomes, e as apresentava em comunidades carentes,
sindicatos e associações de bairro.
Sua trajetória sempre foi cheia de lutas....
*Em 1980, ainda estudante do SENAI, iniciou sua militância na
JOC (Juventude Operária Católica) ABC
*Organizou, em 1982, o 3º Congresso Nacional de Jovens
Trabalhadores. Na época, por ainda ser menor de idade, não pôde
ser delegado - requisito necessário devido à ditadura militar. No
congresso seguinte, coordenou e organizou a região do ABC, saindo
como delegado para o congresso nacional da JOC, até mesmo por
ter sido privado disso durante a ditadura
*Dois anos depois, em 1984, houve a formação da chapa para a
Diretoria do STI Metal e Grana foi eleito Diretor de Base em Santo
André; cumpriu seu primeiro mandato como diretor sindical mais
jovem do Brasil. Algum tempo depois, foi eleito ao cargo de diretor
24
executivo, como 2º secretário, e secretário geral na STI Metal,
iniciando um processo de fusão entre os sindicatos de Santo André
e São Bernardo do Campo, como peça importante neste processo
*De 1988 a 1989, 2º Tesoureiro da CUT Estadual São Paulo,
assumindo a tesouraria durante o mandato
*Secretário Geral STI Metalúrgica do ABC de 1993 a 1999
*Vice-Presidente STI Metalúrgica do ABC de 1999 a 2002
*Secretário Geral CUT Nacional de 2000 a 2003
*Presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos de 2004 a
2007
*Presidente reeleito da CNM/CUT para a gestão 2007 a 2010;
Representante da CUT no Codefat.
CLAUDIR NESPOLO 25
Militante dos movimentos de juventude desde 1977 na JOC
(Juventude Operária Católica), Claudir Nespolo, Casado, 2
filhos natural de Passo Fundo, mora em Porto Alegre onde
atua na categoria dos metalúrgicos desde 1988. Cumpriu 3
mandatos na presidencia do Sindicado dos Metalúrgicos da
Grande Porto Alegre ( 30.000 metalúrgicos), de 2001 a
2010. Neste período foi eleito para a direção da FEM
(Federação dos Metalúrgicos da CUR/RS) na função de
diretor Executivo e para a direção da CNM/CUT
(Confederação Nacional dos Metalúrgicos) nas funções de
Diretor Executivo e Vice-presidente. Em 2009 foi eleito para
a direção da CUT/RS na função de Secretário de Organização
e Política Sindical.
26
Download

“Indústria metalúrgica - uma década de mudança”