issn 2178-1672
volume 3, Número 2,
julho/AGOSTO 2012
Revist a
FISIOTERAPIA
EM EVIDÊNCIA
Número 2, dezembro 2010
f a c u l d a d e
muito além do ensino
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
1
ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, p. 2, julho/agosto 2012
Revista
Informações básicas
A Revista Fisioterapia em Evidência, ISSN 2178-1672, é uma publicação semestral
do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco. Publicada desde 2010, adota o
processo de revisão por especialistas (peer review), sendo cada artigo publicado após
a aceitação dos revisores, mantidos no anonimato. Os conceitos e opiniões emitidos
nos artigos são de inteira responsabilidade de seus autores. A submissão de artigos
pressupõe que, com exceção dos resumos ampliados, não tenham sido publicados
anteriormente nem submetidos a outra publicação.
O título abreviado da revista é Fisioter. Evid., forma que deve ser usada em bibliografias,
notas de rodapé, referências e legendas bibliográficas.
A revista encontra-se gratuitamente disponível no site da Faculdade Dom Bosco.
Missão
Publicar artigos originais de pesquisa cujo objetivo básico se refere ao campo de
atuação profissional da fisioterapia e da reabilitação.
Ficha catalográfica
Revista Fisioterapia em Evidência/Faculdade Dom Bosco. vol. 3, n. 2 (2012).
Curitiba: FDB, 2010
Semestral
Sumários em inglês e português
ISSN 2178-1672
1. Fisioterapia – Periódicos. I. Faculdade Dom Bosco.
CDD 615.82
CDU 615.8
2
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, p. 3, julho/agosto 2012
Revista
Editores responsáveis
Silvia Regina Valderramas (doutora)
[email protected]
Salete do Rocio Cavassin Brandalize (mestre)
[email protected]
Conselho editorial
Anna Raquel Silveira Gomes
Universidade Federal do Paraná – Curitiba-PR – Brasil
Ariani Cavazzani Szkudlarek (doutora)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Cassio Preis (mestre)
Faculdade Dom Bosco e PUCPR – Curitiba-PR – Brasil
Claudia Chaguri de Oliveira Pellenz (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Cristiane Gonçalves Ribas (mestre)
Faculdade Dom Bosco e PUCPR – Curitiba-PR – Brasil
Cristiane Regina Gruber (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Francisco Ernesto H. Zanardini (mestre)
Faculdade Dom Bosco, Uniandrade e Faculdade Espírita – Curitiba-PR – Brasil
Gilda Maria Grasse Luck (doutora)
Faculdade Dom Bosco e Facel – Curitiba-PR – Brasil
Isabel Cristina Bini (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Marcelo Kryczyk (doutor)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Marcia Maria Kulczycki (mestre)
Faculdade Dom Bosco – Curitiba-PR – Brasil
Sandra Mara Meireles Adolph (doutora)
Universidade Federal de São Paulo – São Paulo-SP – Brasil
Editoração eletrônica
Comunicação Dom Bosco - [email protected]
INFORMAÇÕES PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS
Todo o material a ser publicado deve ser submetido online por meio do site:
www.fisioterapia.com.br/revista
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
3
ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, p. 4, julho/agosto 2012
Revista
Sumário
Editorial............................................................................................. 5
Artigo 1 ............................................................................................. 6
Avaliação da utilização da manobra de expiração lenta prolongada associada à
solução salina hipertônica a 3% em crianças de 0 a 2 anos com doenças obstrutivas
pulmonares, internadas na UTI pediátrica do Hospital de Clínicas de Curitiba
Assessment of use of the prolonged slow expiration maneuver associated with 3% hypertonic saline
solution in children from 0 to 2 years old with obstructive pulmonary diseases admitted to the
pediatric ICU of Hospital de Clínicas de Curitiba
Artigo 2 ........................................................................................... 12
Levantamento do perfil de colaboradores de uma instituição de ensino em relação
à prevenção de alterações relacionadas com o trabalho
Lifting the profile of employees of an institution in relation to the prevention of work-related changes
Artigo 3 ........................................................................................... 20
Fortalecimento da musculatura inspiratória em atletas de basquetebol por meio de
um incentivador respiratório pressórico
Muscle strengthening inspiratory basketball athletes in through an incentive spirometry pressure
Artigo 4 ........................................................................................... 32
Estudo dos efeitos do treinamento resistido e dos exercícios multisensoriais sobre
o equilíbrio e risco de quedas de idosos institucionalizados
Study of the effects of resistance training and exercises multisensory on balance and risk of falls
institutionalized elderly
Artigo 5 ........................................................................................... 41
Hidrocinesioterapia em gerontologia: uma revisão da literatura
Aquatic Therapy in Gerontology: a literature review
Normas para apresentação de artigos ........................................ 49
4
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
ISSN 2178-1672
Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, p. 5, julho/agosto 2012
Revista
Editorial
A
Fisioterapia, uma das mais solidárias profissões, tem respaldo
científico em suas ações. A geração de novos conhecimentos
propicia ao profissional atualizado responder com competência
e efetividade aos desafios que mudanças sociais e novos paradigmas
determinam. Nesse contexto, a Faculdade Dom Bosco, por intermédio da
Revista Fisioterapia em Evidência, oferta à comunidade científica artigos
de extrema relevância e concomitantemente desperta nos fisioterapeutas o
interesse pela leitura de qualidade que subsidia sua práxis profissional.
Nesta edição apresentamos duas publicações na área de gerontologia – uma
revisão de literatura sobre hidrocinesioterapia, abordando os benefícios que
diferentes métodos propiciam aos idosos para vasta gama de patologias
crônicas; e artigo que aborda o efeito do treinamento resistido e dos
exercícios multissensoriais sobre o equilíbrio e o risco de quedas de idosos
institucionalizados, demonstrando que a falta de atividade física determina
aumento na incidência de quedas em idosos.
A área de fisioterapia respiratória conta com duas publicações nesta
edição. A primeira mostra resultados significativos no fortalecimento da
musculatura inspiratória em jogadores de basquete amador por meio
de incentivador respiratório pressórico. A segunda avalia a manobra de
expiração lenta prolongada associada à solução salina hipertônica a 3% nas
doenças obstrutivas pulmonares em crianças de 0 a 2 anos internadas em
uma UTI pediátrica de Curitiba.
Completa a presente edição publicação sobre ginástica laboral, com
levantamento do perfil de colaboradores de uma instituição de ensino em
relação à prevenção de alterações relacionadas ao trabalho. Todos os temas
são de extrema relevância social.
Desejo a todos excelente leitura,
Prof. Francisco Zanardini
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
5
Artigo 1
Avaliação da utilização da manobra de expiração lenta
prolongada associada à solução salina hipertônica a
3% em crianças de 0 a 2 anos com doenças obstrutivas
pulmonares, internadas na UTI pediátrica do Hospital de
Clínicas de Curitiba
Assessment of use of the prolonged slow expiration maneuver associated
with 3% hypertonic saline solution in children from 0 to 2 years old with
obstructive pulmonary diseases admitted to the pediatric ICU of Hospital de
Clínicas de Curitiba
Madelleynne Ortiz de Oliveira Batista1
Ana Tereza Campos Rosa2
Amaeli Silva de Oliveira3
Valéria Cabral Neves4
Silvia Regina Valderramas5
1. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
2. Acadêmica da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
3. Acadêmica da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
4. Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas de Curitiba, mestre
Contato: [email protected]
5. Fisioterapeuta, doutora, docente da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
Resumo
A manobra de expiração lenta prolongada e
a inalação com solução salina hipertônica são
intervenções muito utilizadas em crianças com
hipersecreção pulmonar por auxiliarem na
função mucociliar e higiene brônquica. Porém,
os efeitos da associação dessas duas técnicas
ainda não foram estudados.
Objetivo: analisar os efeitos da manobra
de expiração lenta prolongada associada à
nebulização com solução salina hipertônica a
3% sobre a frequência respiratória, frequência
cardíaca, saturação periférica de oxigênio, pressão
arterial sistólica, pressão arterial diastólica, fração
inspirada de oxigênio e escore de gravidade de
Wang.
6
Metodologia: em um ensaio clínico não
controlado realizado na UTI pediátrica de um
hospital universitário, foram incluídas crianças
entre 0 a 2 anos, com diagnóstico clínico de
doenças obstrutivas pulmonares, que foram
submetidas à manobra de expiração lenta
prolongada associada à inalação de solução
salina hipertônica a 3% durante 8 minutos,
duas vezes ao dia, durante o período em que
estiveram internadas.
Resultados: foram incluídas no estudos 6
crianças, com idade média de 5 ± 3,74 meses.
Após as intervenções, houve diminuição
significante da frequência respiratória (de 51,16
± 5,52 para 37,33 ± 8,45 ipm), sendo que para
os demais parâmetros foi constatada melhora
clínica.
Conclusão: os resultados deste estudo
demonstraram que a manobra de expiração
lenta prolongada associada à inalação com
solução salina hipertônica a 3% melhorou
a frequência respiratória em crianças com
doenças obstrutivas pulmonares.
Palavras-chave: pneumopatias, solução salina
hipertônica, frequência respiratória.
Abstract
The slow prolonged expiratory maneuver and
inhaled hypertonic saline are interventions
that have been widely used in children with
increase of pulmonary secretion to assist the
mucociliary function and bronchial hygiene.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 1
But the effects of the association of these two
techniques were also studied.
Objective: analyze the effects of prolonged
slow expiratory maneuver associated with
nebulized hypertonic saline 3% on respiratory
rate, heart rate, peripheral oxygen saturation,
systolic blood pressure diastolic blood
pressure, fraction of inspired oxygen and
severity score of Wang.
Methodology: in a non-controlled clinical trial
conducted in the pediatric ICU of a university
hospital, were included children aged 0-2 years
old, with a clinical diagnosis of obstructive lung
diseases, who underwent the slow prolonged
expiratory maneuver associated with inhalation of
hypertonic saline 3%, during 8 minutes, twice daily
for the period in which they were hospitalized.
Results: were included in the study 6 children,
with a mean age of 5 ± 3.74 months. After the,
there was a significant decrease in respiratory
rate (from 51.16 ± 5.52 to 37.33 ± 8.45 ppm),
whereas for the other parameters we observed
a clinical improvement.
Conclusion: the results of this study
demonstrate that the prolonged slow
expiratory maneuver associated with nebulized
hypertonic saline 3%, improves the respiratory
rate in children with obstructive pulmonary
diseases.
Keywords: lung diseases, hypertonic saline
solution, respiratory rate.
Introdução
Doenças respiratórias são comuns em crianças.
No tratamento fisioterapêutico prestado nas
unidades de tratamento intensivo pediátricas,
a remoção de secreções pulmonares é um dos
objetivos, em vista da limitação estrutural e
funcional respiratória da criança. A eliminação
das secreções melhora as trocas gasosas e
reduz o trabalho respiratório da criança,
cuja mecânica respiratória é pouco eficiente
(HADDAD et al., 2006).
A fisioterapia respiratória em crianças
deve ocorrer sob certas condições clínicas,
como síndromes aspirativas, síndrome do
desconforto respiratório, pneumonias e
atelectasias, assim como na prevenção de
complicações da ventilação mecânica, na
presença de secreção na via aérea e nos casos
com evoluções desfavoráveis à gasometria
(NICOLAU e LAHÓZ, 2007).
Na criança, as taxas metabólicas são mais altas
que em um adulto, enquanto a capacidade
residual funcional (CRF) e a reserva de oxigênio
são mais baixas. Assim, em razão de disfunção
respiratória, as crianças tornam-se rapidamente
hipoxêmicas. A retenção de secreções está
entre as principais causas da hipoxemia, sendo
as patologias hipersecretivas responsáveis
pelas alterações das características do muco,
prejudicando o movimento mucociliar (STEIDL
et al., 2010).
A solução salina hipertônica tem ação sobre
o muco, formando uma barreira mecânica e
biológica com a finalidade de proteger a mucosa
epitelial da desidratação, das lesões químicas
e físicas e dos microrganismos e agentes
nocivos. O muco é um fluido heterogêneo que
consiste basicamente de água (95%), eletrólitos,
aminoácidos e macromoléculas, também
chamadas de mucinas ou mucoproteínas
(DUMAS, 2004). É um mecanismo efetivo de
defesa do trato respiratório, necessário para
limpar as vias aéreas dos materiais estranhos e
manter os pulmões estéreis. Dessa forma, é um
dos mais importantes mecanismos de defesa do
pulmão.
Segundo Mandelberg et al. (2006), a solução
salina hipertônica age no muco absorvendo
a água da submucosa, o que pode reverter o
edema, diminuir a espessura e o ressecamento
da mucosa que está no interior da luz
bronquiolar. Tem sido observado aumento no
tempo do transporte mucociliar em algumas
situações, como in vitro, em pacientes normais
e em pacientes com doenças obstrutivas
pulmonares.
A manobra de ELPr é uma técnica totalmente
passiva devido à incapacidade do paciente
pediátrico cooperar. É realizada com a criança em
decúbito dorsal sobre uma superfície semirrígida,
sendo que o fisioterapeuta exerce uma pressão
manual conjunta nas regiões abdominal e torácica,
aproximando essas estruturas ao final do tempo
expiratório espontâneo e prossegue até o volume
residual. A pressão exercida é lenta e chega a se
opor a duas ou três tentativas inspiratórias.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
7
Artigo 1
A manobra tem como local de ação as seis
primeiras gerações brônquicas do lactente, porém
pode-se observar a ação ocasional na periferia
do aparelho respiratório. A ação depurativa está
ligada, provavelmente, à desinsuflação pulmonar
global que provém da expiração completa que
a ELPr ocasiona, sendo favorecida pela elevada
complacência toracopulmonar (POSTIAUX, 2004).
Materiais e métodos
Este estudo é um ensaio clínico não controlado
realizado na unidade de terapia intensiva
pediátrica (UTI-P) do Hospital de Clínicas
(HC) de Curitiba, Paraná, após a aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição
supracitada, sob registro nº 2537.144/2011-06.
Em uma amostra de conveniência, foram
incluídas no estudo crianças de ambos
os gêneros, com idade entre 0 e 2 anos,
diagnóstico de doença obstrutiva pulmonar e
indicação de higiene brônquica. Todos os pais
assinaram o Termo de Consentimento Livre
Esclarecido.
Foram excluídas crianças com doenças
neurológicas (paralisia cerebral),
neuromusculares (miastenia grave neonatal),
cardiopatia congênita e pós-operatório de
cirurgia cardíaca.
Após a inclusão no estudo, os participantes
foram previamente avaliados por um
examinador independente para coleta de dados
demográficos e antropométricos.
Após essa avaliação, os participantes foram
submetidos ao tratamento com a manobra
de ELPr associada à inalação de solução
salina hipertônica, realizada da seguinte
forma: inalação de 1,5 mL de solução salina
hipertônica a 3% durante 8 minutos, com
oxigênio a 7 L/min. Durante a inalação foi
realizada a manobra de ELPr, uma pressão
manual, torácica e abdominal lenta, ao final da
expiração espontânea até o volume residual.
Na presença de tosse ou mobilização de
secreção traqueal, utilizou-se aspiração traqueal
das vias aéreas superiores para remoção
da secreção deslocada. O procedimento foi
realizado duas vezes ao dia pelo fisioterapeuta
responsável.
Análise estatística
Os dados foram digitados e analisados por meio
do programa Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS), versão 16.0 para Windows. Os dados foram
submetidos ao teste Shapiro-Wilk para verificação
da normalidade. A análise estatística descritiva
(média, desvio-padrão, mediana, mínimo
e máximo) foi utilizada para caracterização
demográfica, antropométrica e clínica da amostra.
As diferenças intragrupo (pré e pós) foram
analisadas por meio do teste t de Student pareado
e do teste de Wilcoxon, a depender do tipo e da
distribuição dos dados. O nível de significância
estatística adotado foi de p < 0,05.
Resultados
Foram incluídos no estudo seis crianças
atendidas no período entre setembro e
dezembro de 2011. As características
demográficas, antropométricas e clínicas estão
demonstradas na tabela 1 e 2, respectivamente.
Tabela 1 - Características demográficas e
antropométricas da amostra (n = 6)
Mediana
Variáveis
Média ± DP
Idade (meses)
5 ± 3,74
5,5 (1-11)
Sexo F/M (n)
2/4
NA
Peso (kg)
3,44 ± 1,01
3,56 (2,13 – 4,67)
Número de
atendimentos
fisioterapêuticos por
paciente
4,2 ± 2,2
3,5 (2 – 10)
(mín.-máx.)
F: feminino; M: masculino.
NA: não se aplica
Fonte: Elaboração própria (2012).
Tabela 2 - Características clínicas da amostra (n = 6)
Comorbidades
(%)
IRA
33,33
Bronquiolite
33,33
Hipertensão pulmonar primária
33,33
Apneia do recém-nascido
16,66
Laringotraqueobronquite
50
Broncodisplasia
50
Varicela
16,66
Prematuridade
83,33
IRA: Insuficiência respiratória aguda.
Fonte: Elaboração própria (2012).
8
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 1
Após o tratamento, os resultados
demonstraram diminuição significativa da
frequência respiratória (FR). Embora os outros
parâmetros avaliados (FC, PAS, PAD, SpO2)
não tenham demonstrado diferença significante
após o tratamento, podemos observar que
houve melhora clínica importante (Tabela 3).
Tabela 3 - Distribuição das variáveis avaliadas
Variáveis
Pré
Pós
Valor p
FR (média ± DP)
51,16 ± 5,52
37,33 ± 8,45
0,02
FC (média ± DP)
148,16 ±
18,28
149,66 ±
24,76
PAS (média ± DP)
101,33 ±
24,59
92,00 ±
23,37
60,16 ±
23,94
47,33 ±
11,32
90,66 ± 8,35
95,50 ± 2,58
PAD (média ± DP)
SpO2 (média ±
DP)
0,90
0,41
0,31
0,13
FiO2 (média ± DP)
40,83 ±
15,57
51 ± 12,24
Escore de Wang,
mediana (mínimo
- máximo)
6,00
4,50
(2,00 – 8,00)
(2,00 – 6,00)
0,28
0,10
FC: frequência cardíaca; FR: frequência respiratória; PAS:
pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; SpO2:
saturação periférica de oxigênio; FiO2: fração inspirada de
oxigênio.
Discussão
A redução da FR sugere que a técnica
fisioterapêutica utilizada neste estudo
melhorou o fluxo aéreo devido à eficácia
desobstrutiva da manobra de ELPr. Esse
dado corrobora com o estudo de Damiani e
Rosa (2006), que pesquisaram nove lactentes
com diagnóstico de pneumonia submetidos
à manobra ELPr e obtiveram redução
progressiva da frequência respiratória,
avaliados no 1’, 5’, 10’ e 15’ da realização da
técnica, justificável pela locomoção da secreção
e melhora da mecânica respiratória.
Dentre as comorbidades encontradas neste
estudo, a prematuridade teve alta incidência
(83,33%) da amostra (n=6), o que pode ter
motivado as demais comorbidades, como
também os dois óbitos que ocorreram no
decorrer do estudo. Esse dado é esclarecido
por Salge et al. (2009), segundo os quais
o bebê prematuro apresenta imaturidade
anatomofisiológica, o que acarreta uma série de
complicações após o nascimento, especialmente
para os recém-nascidos (RN) de baixo peso,
que correm mais risco de morbimortalidade.
A morbidade está diretamente relacionada
aos distúrbios respiratórios e às complicações
infecciosas e neurológicas. Bettiol et al. (2010)
acrescentam que problemas respiratórios em
prematuros são de duas a três vezes mais
comuns do que em bebês nascidos a termo.
Bronquiolite é considerada a causa mais
comum de infecção no trato respiratório
baixo, bem como de internamento hospitalar
(PETRUZELLA e GORELICK, 2010; GREWAL
et al., 2010; MANDELBERG et al., 2006). Essa
informação diverge do presente estudo, dada a
dificuldade na obtenção de pacientes com essa
patologia. Entre setembro e dezembro de 2011,
foram encontrados para este estudo apenas
dois pacientes, em comparação com os estudos
de Sarrel et al. (2002) e de Al-Ansari et al. (2010),
que tiveram amostras maiores.
Lanza et al. (2011) avaliaram alterações
na dinâmica respiratória durante e após a
realização da técnica fisioterapêutica ELPr em
dezoito lactentes, mensurando a frequência
respiratória e incluindo volume de reserva
expiratório, pico de fluxo expiratório, volume
corrente e mecânica respiratória passiva,
antes e após a realização da ELPr. Ao final do
estudo, constatou-se diferença significativa
na redução da frequência respiratória e no
aumento do volume corrente. Esse dado
corrobora com os resultados significativos da
redução da frequência respiratória na presente
pesquisa. Postiaux (2004) esclarece essa
redução ao explicar que a ELPr promove ação
depurativa e desinsuflação pulmonar global,
que é favorecida pela elevada complacência
toracopulmonar.
Um dos efeitos adversos da inalação com
SSH 3% é o broncoespasmo (RALSTON
et al., 2010). No presente estudo não
houve nenhum caso de broncoespamo.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
9
Artigo 1
RALSTON et al., em estudo com 158
pacientes, não encontraram evidências
de que a solução salina hipertônica a
3% induza ao broncoespasmo, nem
que o uso adjunto com broncodilatador
seja seguro. Zorc e Hall (2010), em
revisão sistemática, complementam
que a constrição do músculo liso parece
corroborar com o processo patológico
das doenças obstrutivas pulmonares, o
que pode explicar o benefício limitado
de broncodilatadores observado em
estudos clínicos.
Al-Ansari et al. (2010) realizaram estudo
duplo cego, randomizado, comparando
a eficácia e segurança da solução salina
hipertônica a 5% e 3% com a mesma solução
a 0,9%, entre setembro de 2007 e dezembro
de 2008, numa amostra de 171 crianças com
bronquiolite. Observaram melhora clínica
no escore de gravidade na utilização de
nebulização com 5% em relação a 0,9%, e
possível melhora em relação à nebulização
com 3%, considerando este não ser o objetivo
da pesquisa, que necessitaria de amostra
maior para determinar sua eficácia. Sarrel
et al. (2002), em estudo com 65 crianças
com bronquiolite, utilizaram solução salina
hipertônica a 3% associada à terbutalina no
grupo experimental , e terbutalina diluída
na solução salina a 0,9% no grupo controle.
Verificaram diferença significativa no escore
de gravidade de Wang após o primeiro dia de
tratamento. A inalação foi realiza três vezes
ao dia, e a melhora foi verificada no segundo,
terceiro, quarto e quinto dia de aplicação.
Na presente pesquisa não houve melhora
significativa nesse item.
Houve algumas limitações neste trabalho, como
a inexistência de um grupo controle, limitado
número amostral, justificável pelo escasso
tempo hábil para a confecção da pesquisa. Uma
sugestão para próximos trabalhos é ampliar o
tempo de coleta, tendo em vista a sazonalidade
das doenças obstrutivas pulmonares. Outro fator
a ser explorado é a homogeneidade da amostra,
no que se refere ao tipo de doença, bem como a
avaliação de outros parâmetros, como os gases
sanguíneos.
10
Conclusão
Os resultados deste estudo demonstram que
a manobra de expiração lenta prolongada
associada à inalação de solução salina foi eficaz
na redução da frequência respiratória.
REFERÊNCIAS
1. AL-ANSARI, K. et al. Nebulized 5% or 3%
hypertonic or 0,9% saline for treating acute
bronchiolitis in infants. The Journal of Pediatrics, v.
157, n. 4, 2010.
2. BETTIOL, H.; BARBIERI, M. A.; SILVA, A. A. M.
Epidemiologia do nascimento pré-termo: tendências
atuais. Revista Brasileira de Ginecologia e
Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 32, n. 2, 2010.
3. DAMIANI, I. B; ROSA, G. J. Os efeitos
da técnica de expiração lenta prolongada
em lactentes com pneumonia. Tubarão,
Universidade do Sul de Santa Catarina, 2006.
4. DUMAS, F. L. V. et al. Mudanças nas
propriedades reológicas do muco brônquico
umedecido monitorado através de técnicas
fotoacústicas. Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento (IP&D), Universidade do
Vale Paraíba, São José dos Campos, 2004.
5. GREWAL, S. et al. A randomized trial of
nebulized 3% hypertonic saline with epinephrine
in the treatment of acute bronchiolitis in the
emergency department. Archives of Pediatrics
and Adolescent Medicine, Chicago, v. 63, n. 11,
nov. 2009.
6. HADDAD, E. R. et al. Abordagens
fisioterapêuticas para remoção de secreções das
vias aéreas em recém-nascidos: relato de casos.
Pediatria, São Paulo, 2006.
7. LANZA, F. C. et al. Prolonged slow
expiration technique in infants: effects on tidal
volume, peak expiratory flow, and expiratory
reserve volume. Respiratory Care, v. 56, n. 12,
dec. 2011.
8. MANDELBERG, A. et al. Nebulized 3%
hypertonic saline solution treatment in
hospitalized infants with viral bronchiolitis.
Chest Journal, oct. 2006.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 1
9. NICOLAU, C. M.; LAHÓZ, A. L. Fisioterapia
respiratória em terapia intensiva pediátrica e
neonatal: uma revisão baseada em evidências.
Pediatria, São Paulo, 2007.
10. PETRUZELLA, D. F.; GORELICK, M. H.
Current therapies in bronchiolitis. Pediatric
Emergency Care, v. 26, n. 4, apr. 2010.
11. POSTIAUX, G. Fisioterapia respiratória
pediátrica: o tratamento guiado por ausculta
pulmonar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
12. RALSTON, S.; VANESSA, H.; MARTINEZ,
M. Nebulized hypertonic saline without
adjunctive bronchodilators for children with
bronchiolitis. Journal of American Academy of
Pediatrics, v. 126, n. 3, sep. 2010.
13. SALGE, A. K. M. et al. Fatores maternos e
neonatais associados àprematuridade. Revista
Eletrônica de Enfermagem, v. 11, n. 3, 2009.
14. SARREL, E. M. et al. Nebulized 3%
hypertonic saline solution treatment in
ambulatory children with viral bronchiolitis
decreases symptoms. American College of
Chest Physicians, v. 122, n. 6, dec. 2002.
15. STEIDL, E. M. S. et al. Fisioterapia neonatal:
histórico e evolução. III Jornada Interdisciplinar
em Saúde. Rio Grande do Sul, 2010. Disponível em:
http://www.unifra.br/eventos/jis2010/Trabalhos/7.
pdf
16. ZORC, J. J.; HALL, B. C.; Bronchiolitis:
Recent evidence on diagnosis and
management. Pediatrics, v. 125, n. 2, feb. 2010.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
11
Artigo 2
Levantamento do perfil de colaboradores de uma
instituição de ensino em relação à prevenção de alterações
relacionadas com o trabalho
Lifting the profile of employees of an institution in relation
to the prevention of work-related changes
Bruna Tatsumi Narazaki¹
Fabiane Cristina de Moura²
Isabel Cristina Bini³
1. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
2. Acadêmica de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
3. Fisioterapeuta, mestre, docente da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
RESUMO
Ginástica laboral pode ser definida como um
conjunto de exercícios realizados no ambiente
de trabalho. Estes devem ser elaborados de
acordo com as atividades realizadas pelos
colaboradores e com a necessidade física
deles. Tem por finalidade compensar os
esforços inerentes à atividade laboral e ativar
as estruturas que não são frequentemente
usadas, mantendo o equilíbrio, relaxando e
fortalecendo as diversas estruturas do corpo,
prevenindo desse modo o surgimento de lesões
e elevando o bem-estar do trabalhador. O
objetivo deste estudo foi verificar o perfil dos
colaboradores de uma instituição de ensino em
relação ao comportamento preventivo, após
orientação especializada.
O estudo se justifica por representar um
indicador relevante para futuras ações que
visem à qualidade de vida do funcionário da
instituição pesquisada. Como metodologia,
utilizou-se um questionário e o Formulário
de Corlett, aplicados durante a SIPAT da
empresa. Como resultado, observou-se, dentre
outras questões, que as queixas de dores
relatadas pelos funcionários diminuíram após
a intervenção (orientação de exercícios e sua
realização pelo período de um ano
Palavras-chave: ginástica laboral, qualidade de
vida, prevenção.
12
ABSTRACT
The gymnastics can be defined as a set of
exercises that are performed in the workplace.
These exercises should be prepared in
accordance with the performed activities
and with the employees physical need. The
gymnastics purpose is to offset the work
activity stresses and activate the structures
that are not frequently used, thus maintaining
a balance, relaxing and also strengthening
the various structures of the body, thereby
preventing the appearance of lesions and
raising the worker welfare. The objective of this
study was to check the employees profile of an
educational institution, in relation to preventive
behavior, following expert guidance.
The study is justified because it represents a
relevant indicator for future actions ordering
employee quality life, that works at the
institution where the research occurred. The
methodology used was a questionnaire and a
form (Corlett Form) applied during a company
SIPAT. As a result, it was observed, among
other things, that employees reported pain
complaints fell after the intervention (exercise
orientation and its implementation for one
year). The complaints were bigger in 2010,
and this number was reduced in 2011, which
resulted in the conclusion that a program
guidelines, to be performed by the employees,
is able to generate a positive result, in relation
to reduction of pain complaints or workers
discomfort.
Keywords: gymnastics, life quality and
prevention.
Introdução
Atualmente, em nosso país, devido aos
grandes avanços tecnológicos e à globalização
da economia, aumentam cada vez mais
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 2
os riscos de lesões nos colaboradores nos
ambientes de trabalho, principalmente em
razão do capitalismo e da competitividade,
que exigem alta produtividade com
qualidade, menor custo e menor tempo,
gerando aumento das exigências físicas e
psicológicas sobre o trabalhador. Essa situação
tem atingido muitas organizações, mas nem
todas estão preocupadas em dar subsídios
aos seus colaboradores, como programas de
qualidade de vida. Tal ação, via de regra,
possibilita melhor qualidade de vida aos
funcionários e beneficia a ambos, trabalhador
e empresa. Para os trabalhadores, o benefício
relaciona-se ao bem-estar e à saúde, enquanto
que a empresa teria ganho em relação a sua
produtividade.
A dor relacionada ao trabalho é descrita desde
a Antiguidade (DEMBE, 1996), mas o registro
clássico de vários ofícios e danos à saúde a
eles relacionados está contido na publicação
de Ramazzini em 1730 (RAMAZZINI, 1985).
Estudos têm demonstrado que trabalhadores
de diversos ramos estão expostos a condições
de trabalho que propiciam a ocorrência e/
ou agravamento de quadros relacionados à
LER/DORT (MAENO; SALERNO; ROSSI;
FULLER, 2006), e que a prática de exercícios
simples de compensação e relaxamento são
ferramentas úteis para sua prevenção. Tais
procedimentos estão embasados na norma NR17 (Ergonomia) das Normas Regulamentadoras
de Segurança e Medicina do Trabalho (Lei
n. 6.514, de 22/12/1977). A verificação de
índices de qualidade de vida no trabalho pode
revelar fatores que interferem diretamente na
satisfação e motivação pessoal e coletiva, com
reflexos na excelência da estrutura e do serviço.
Um estudo sobre esses elementos permite
conhecer como as pessoas se sentem em
relação a vários aspectos (tanto internos como
externos) da empresa e elaborar estratégias
que promovam o aumento do envolvimento
(PIZZOLI, 2005).
A etiologia das LER/DORT é multifatorial,
diferentemente de, por exemplo, uma
intoxicação por metal pesado, cuja etiologia é
claramente identificada e mensurável. Nesse
caso, é importante analisar os vários fatores
de risco envolvidos direta ou indiretamente,
que não são necessariamente as causas diretas
da LER/DORT, mas podem gerar respostas
que a produzem. Na maior parte das vezes,
foram estabelecidos por meio de observações
empíricas e depois confirmados com estudos
epidemiológicos (KUORINKA; FORCIER,
1995). Porém, a prevenção por meio de
exercícios de compensação e relaxamento,
segundo os mesmos autores, pode ser positiva
na população na qual é aplicada.
A importância do tema e a necessidade de
uma análise a respeito da LER/DORT foram
os principais motivadores deste estudo, que
abrange o comportamento preventivo a lesões
osteomusculoligamentares.
Metodologia
O estudo foi realizado por meio de pesquisa de
campo aplicada, que segundo Thomas e Nelson
(2002), gera conhecimento dirigido à solução
de problema específico. Quanto à abordagem,
é qualiquantitativa, pois busca um vínculo
entre os dados coletados e a objetividade do
problema, com procedimentos que confirmam
o resultado, conforme afirmam Santos, Rossi e
Jardilino (1999).
Esta pesquisa respeita a Resolução 196/96, do
Conselho Nacional de Saúde, e seu projeto foi
submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa da
instituição Dom Bosco de Ensino Superior.
Os dados foram coletados junto a
colaboradores (funcionários e professores) do
colégio e da faculdade Dom Bosco (campus
Mercês e Marumby), mediante autorização de
representante desta instituição.
Apenas participaram desta pesquisa os
colaboradores que:
- foram contratados pela Instituição Dom Bosco
de Ensino;
- assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido;
- participaram da Semana Interna de Prevenção
aos Acidentes de Trabalho (SIPAT) em 2010 e 2011.
Instrumento da pesquisa
Foi utilizado o Formulário de Corllet, validado
por Bishop e Corlett em 1976. O instrumento
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
13
Artigo 2
da pesquisa apresentou três categorias de
questionamentos: a primeira, referente ao tipo
de atividade exercida pelo trabalhador na
instituição e informações pessoais; a segunda,
a respeito do comportamento do colaborador
em relação aos exercícios orientados na SIPAT;
a terceira, à existência ou não de queixas de
dores ou desconforto durante o trabalho.
4. Relação do número de pessoas que
realizaram ou não os exercícios contidos nas
filipetas distribuídas durante a SIPAT
Análise e discussão de resultados
1. Relação da percepção sobre a importância
de se implantar medidas de promoção à saúde
no ambiente de trabalho
Qtde. 2010
%
Qtde. 2011
Qtde. 2010
%
Qtde. 2011
%
Sim 29
33%27
35%
Não 59
67%50
65%
Total 88
100%77
100%
Fonte: Elaboração própria.
5. Relação do número de pessoas que sabem
ou não o que é ginástica laboral
%
Sim
7889%
77100%
Qtde. 2010
%
Qtde. 2011
%
Não 10
Sim 30
34%
77
100%
11%0
0%
Total
88100%
77100%
Não
5866%
00%
Fonte: Elaboração própria.
Total 88
100%77
100%
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico 2010
2. Relação do número de pessoas que
participaram da SIPAT do ano anterior
100%
90%
89%
80%
Qtde. 2010
%
Qtde. 2011
%
70%
60%
Sim 43
49%45
58%
50%
Não 45
51%32
42%
30%
Total 88
100%77
100%
10%
20%
11%
Promoção Participação Receberam Realizaram Ginástica
à saúde
SIPAT
orientações os exercícios laboral
não
Gráfico 2011
120%
100%
100%
100%
80%
Qtde. 2010
%
Qtde. 2011
%
40%
Não
4147%
2431%
20%
Fonte: Elaboração própria.
14
0%
69%
58%
60%
Sim
4753%
5369%
Total
88100%
77100%
34%
33%
sim
3. Relação do número de pessoas que
receberam ou não a filipeta com orientações
dos exercícios a serem realizados diariamente
66%
47%
40%
0%
Fonte: Elaboração própria.
67%
51% 53%
49%
42%
31%
65%
35%
0%
0%
Promoção Participação Receberam Realizaram Ginástica
à saúde
SIPAT
orientações os exercícios laboral
sim 2011
não 2011
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 2
Gráfico
99%
99%
120%
0
0%
10
37%
Sentem-se bem quando
realizam os exercícios 24
83%
9
33%
Realizam por acreditar
que farão bem à saúde 5
17%
7
26%
Gostam de realizar e
acreditam que farão
bem à saúde
0
Total
29 100%27100%
0%
1
4%
Fonte: Elaboração própria.
8. Relação de opiniões dos funcionários sobre
empresa que adota a ginástica laboral
2010
%
2011 %
87
99%
76
99%
Não têm opinião
1
1%
0
0%
Joelhos18
19
Punhos14
13
Pés6
1
Cotovelos1
1
Cabeça6
3
Tornozelos0
1
Mãos1
3
Pernas4
2
Peitoral maior
0
2
Braços7
0
Total de queixas
62
72
Fonte: Elaboração própria.
Gráfico
18%
16%
12%
10%
8%
6%
Quantidade 2010
1%
Mãos
Tornozelos
Cabeça
0%
1%
1%
1%
Cotovelos
Pés
Punhos
88 100%77100%
0%
Joelhos
Total
2%
Ombros
0 0% 11%
1%
4%
Não é uma boa
empresa
Fonte: Elaboração própria.
33%
19
14%
Boa empresa para
se trabalhar
Não é uma boa 0%
empresa 1%
0%
Ombros13
20%
n° de queixas
de dores em 2011
3%
Gostam de realizar
os exercícios
6%
2011 %
n° de queixas de
dores em 2010
14%
13%
%
18%
19%
2010
9. Relação das queixas de dores na região anterior
19%
Quantidade 2011
Quantidade 2010
13%
7. Relação das justificativas dos colaboradores
que responderam “sim” à questão anterior
Não têm vontade de
realizar os exercícios
Não têm
tempo
Esquecem
Fonte: Elaboração própria.
7%
59 100%50 100%
Quantidade 2011
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
0%
Total
Braços
2%
Não têm opnião 1%
0%
1
2%
3%
0%
1
0%
Peitoral maior
Sentem vergonha
de realizar os exercícios
Boa empresa para
se trabalhar
10%
4%
5
2%
0%
Pernas
0
20%
6%
3%
Não têm vontade
de realizar os exercícios
37%
52%
Sentem-se bem quando
realizam os exercícios
40%
26
Gostam de realizar 0%
os exercícios
23
10%
Não têm tempo
3%
2%
60%
Sentem vergonha de
realizar os exercícios
35 59% 1530%
80%
52%
Esquecem
38%
2011 %
38%
%
59%
2010
30%
83%
100%
Realizam por
17%
acreditarem
26%
que fará bem
Gostam de realizar e
0%
acreditam que fará bem
4%
6. Relação das justificativas dos colaboradores
que responderam “não” à questão anterior
15
Artigo 2
10. Relação das queixas de dores na região
posterior
n° de queixa de dores em 2010
n° de queixas de
dores em 2011
Coluna lombar
37
36
Trapézio40
14
Coluna cervical
20
8
Toda a região
da coluna
2
0
Fossas poplíteas
6
0
Cotovelos1
0
Coluna sacral
0
1
Coluna torácica
0
3
Região posterior
da coxa
0
1
Nádegas0
1
Panturrilhas0
1
Total de queixas
65
106
Fonte: Elaboração própria.
40%
35%
37%
36%
45%
40%
Gráfico
20%
30%
25%
Quantidade 2010
Panturrilhas 0%
1%
Nádegas 0%
1%
Posterior da coxa 0%
1%
Coluna toráxica 0%3%
0%
Coluna sacral 1%
0%
Cotovelos 1%
0%
Coluna cervical
Trapézio
0%
Coluna lombar
5%
Toda a região da coluna
2%
0%
10%
Fossas poplíteas
8%
15%
6%
14%
20%
Quantidade 2011
Discussão
Segundo Santos e Vajda (2007) e em
concordância com os resultados desta pesquisa,
a promoção de saúde no local de trabalho
está relacionada a boas empresas. Para os
autores citados, a preocupação da empresa
com a saúde do funcionário é não somente
uma obrigação ética, como também econômica.
16
As empresas devem, portanto, promover a
prática de atividades físicas, pausas periódicas
e programa de orientação de exercícios a serem
realizados no ambiente de trabalho, adequação
do ambiente de trabalho às características
físicas dos funcionários, melhor alimentação
e campanhas de conscientização. Os mesmos
autores dizem que muitas empresas ainda não
dão a devida importância à LER (lesão por
esforço repetitivo), doença comum atualmente,
e que a quantidade de empresas com local
de trabalho adequado caiu em relação às que
disponibilizam paradas periódicas no trabalho.
Isso indica desinformação das empresas, que
consideram os intervalos suficientes para
a prevenção. “O local de trabalho deve ser
adequado para as características físicas do
funcionário a fim de evitar a LER” (SANTOS e
VAJDA, 2007, p. 79).
Mezzomo, Contreira e Corazza (2010)
afirmam que para diminuir as queixas álgicas
e melhorar o relacionamento interpessoal é
necessária a prática de exercícios no ambiente
de trabalho; a opinião dos trabalhadores
apontou para o mesmo indicador. Ambos os
estudos concordam quanto à importância de
realizar ações preventivas nas empresas, por
meio de atividades físicas, a fim de minimizar
os quadros potencializadores de doenças que
afetam a saúde funcional dos trabalhadores.
Mezzomo, Contreira e Corazza (2010) dizem
ainda que programas de exercícios são
benéficos para a melhora dos aspectos físicos,
prevenção de doenças ocupacionais, evolução
das condições de saúde, bem como contribuem
para o progresso no relacionamento
interpessoal dos trabalhadores e reforçam a
importância da prática de atividades físicas
para melhor qualidade de vida.
Os resultados apresentados neste trabalho
encontram respaldo em pesquisa realizada
por Candotti, Stroschein e Noll (2011), que
avaliaram os efeitos do programa de orientação
de exercícios no ambiente de trabalho,
diminuindo as dores e melhorando os hábitos
posturais no trabalho. O programa consiste
numa técnica que, se aplicada no ambiente
de trabalho, pode levar à diminuição de
afastamentos decorrentes de lesões por esforço
repetitivo, doenças osteomusculares, acidentes
de trabalho e aumento da produtividade.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 2
Os autores colocam ainda que a orientação
de exercícios é eficaz na diminuição da
intensidade e frequência da dor e na correção
dos hábitos posturais durante o trabalho,
melhorando a postura, além de ser uma
ferramenta que produz efeitos positivos
ao trabalhador durante o longo período de
trabalho.
Em relação à importância que as empresas
dão à prevenção de acidentes de trabalho,
o presente estudo encontra concordância
em Oliveira (2007), que relata serem poucas
as empresas e instituições preocupadas em
oferecer aos colaboradores condições ideais,
se interessando pela melhora da qualidade de
vida dos mesmos. É observado nos estudos
de Oliveira (2007) que a melhor forma de
prevenir doenças ocupacionais como LER/
DORT é o programa de orientação de exercícios
a serem realizados no ambiente de trabalho,
promovendo aumento de produtividade,
diminuição de gastos com assistência médica
e aumento do retorno financeiro para as
empresas. Para o autor, o exercício físico é
eficaz para prevenir doenças relacionadas ao
trabalho, reduzir queixas de dores, melhorar
a qualidade de vida do funcionário e prevenir
lesões severas no futuro.
Nesse sentido, Moreira, Cirelli e Santos (2005)
enfatizam a importância do programa de
orientação de exercícios a serem realizados no
ambiente de trabalho para a redução de algias,
e observam que nas empresas que oferecem
tais atividades aos funcionários há redução nas
queixas de dores e aumento de produtividade.
Os mesmos autores relatam ainda que estudos
realizados em empresas comprovam que os
exercícios durante o período de trabalho são
capazes de reduzir os desconfortos, tal qual os
achados deste estudo.
Segundo Sampaio e Oliveira (2008), o
programa de orientação de exercícios a
serem realizados no ambiente de trabalho
proporciona benefícios tanto para o trabalhador
quanto para a empresa. Para os autores, ele
tem apresentado ainda resultados mais rápidos
e diretos, como a melhora do relacionamento
interpessoal e o alívio das dores corporais. Os
mesmos autores dizem que, nesse sentido, a
implantação de um programa de orientação de
exercícios para serem realizados no ambiente
de trabalho busca despertar nos trabalhadores
a necessidade de mudanças do estilo de vida
e não apenas de alteração nos momentos
de ginástica orientada dentro da empresa.
“Do ponto de vista empresarial, desenvolver
ações de promoção da saúde e da qualidade
de vida para os trabalhadores representa um
investimento com retorno garantido a médio e
longo prazo” (SAMPAIO E OLIVEIRA, 2008,
p. 71). Ainda para os autores, trabalhadores
bem informados e conscientes de que seu
comportamento pode determinar maior ou
menor risco de adoecer (ou mesmo de ficar
incapacitado ou morrer precocemente) são
certamente mais saudáveis, produtivos e
felizes.
CONCLUSÃO
Por meio deste trabalho foi possível concluir
que a execução de exercícios orientados
durante a jornada de trabalho pode promover
melhores condições físicas aos trabalhadores de
instituições de ensino.
Tal percepção foi possibilitada pela
observação do perfil dos trabalhadores da
instituição pesquisada. Quanto ao gênero dos
trabalhadores, verificou-se que existem mais
mulheres do que de homens, numa proporção
de 56%. Em relação à faixa etária, havia mais
pessoas entre 31 a 40 anos. Quanto à incidência
de queixas em relação ao local de trabalho,
apurou-se que era maior em colaboradores da
faculdade do que o colégio; já em relação ao
período em que os funcionários as referiram,
observou-se que as queixas ocorreram mais em
2010 do que em 2011. Em relação à condição
física, ela se mostrou melhor em 2011. Quanto
ao número de pessoas que realizaram os
exercícios contidos nas filipetas, no ano de 2010
foi superior ao de 2011. Já o número de pessoas
que sabem exatamente o que é ginástica laboral
cresceu em relação ao ano de 2010.
Outra percepção possível neste trabalho foi a
de que pode ser ferramenta útil para embasar
futuras pesquisas que visem melhorar a
qualidade de vida dos trabalhadores, já que
de maneira geral as características de trabalho
atuais impõem aos funcionários o aumento
do esforço muscular estático, que associado às
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
17
Artigo 2
questões estressantes da vida moderna podem
acarretar problemas osteomusculares. A partir
da prática de exercícios laborais, e conscientes
de seus benefícios, os trabalhadores podem
ser estimulados a aderir à prática de atividade
física fora do ambiente de trabalho, fazendo dos
exercícios físicos parte do dia a dia.
Como sugestão para trabalho futuro,
indica-se a realização de novos estudos,
que possam envolver a implantação piloto
de um programa de exercícios, no formato
de cinesioterapia laboral, para verificar
seus impactos em relação às queixas dos
trabalhadores.
Nossa futura condição de saúde depende de
nossos atuais hábitos de vida, e qualquer esforço
para melhorá-los deve ser realizado para a busca
de uma sociedade mais saudável.
REFERÊNCIAS
1. ANDRADE, A. L. LER: Uma visão da
doença. Revista Fenacon, São Paulo, ano V, n.
54, jun. 2000.
2. ALLSEN, P. E.; HARRISON, J. M.; VANCE, B.
Exercício e qualidade de vida: uma abordagem
personalizada. São Paulo: Editora Manole, 2001.
3. ALVAREZ, B. R. Estilo de vida e hábitos
de lazer de trabalhadores, após dois anos de
aplicação de um programa de ginástica laboral
e saúde. Florianópolis: UFSC, 2002.
4. BARBANTI, V. J. A. Dicionário de educação
física e esporte. 2. ed. Barueri: Manole, 2003.
5. BARBOZA, R. J.; SILVA, D. A. Ergonomia
aplicada ao trabalho. Revista Científica Eletrônica
de Administração, ano V, n. 9, dez. 2005.
18
8. DA SILVA, J. B.; SALATE, A. C. B. A ginástica
laboral como forma de promoção à saúde.
Fisioterapia Especialidades, v. 1, n. 1, out./dez.
2007.
9. DEMBE, A. E. Occupational and disease:
how social factors affect the conception of
work-related disorders. New Haven and
London: Yale University Press, 1996.
10. FERREIRA, A. B. H. Minidicionário da
Língua Portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2004.
11. FIGUEIREDO, F.; MONT’ ALVÃO, C.
Ginástica laboral e ergonomia. Rio de Janeiro:
Sprint, 2005.
12. GRANDE et al. Comportamentos
relacionados à saúde entre participantes e não
participantes da ginástica laboral. Rev. Bras.
Cineantropom, 2011.
13. KUORINKA, I.; FORCIER, L. Work-related
musculoskeletal disorders (WMSDs): a
reference book for prevention. Great Britain:
Taylor & Francis; 1995.
14. LEITE, N.; MENDES, R. Ginástica laboral:
princípios e aplicações práticas. 2. ed. Barueri:
Manole, 2008.
15. LIMA, V. Ginástica laboral: atividade física
no ambiente de trabalho. 1. ed. São Paulo:
Phorte, 2003.
16. MAENO, C. K.; SALERNO, J.; ROSSI, M.;
FULLER, G. Protocolos de Atenção Integral
à Saúde do Trabalhador de Complexidade
Diferenciada. Ministério da Saúde, 2006.
6. CANDOTTI, C. T.; STROSCHEIN R.; NOLL,
M. Efeitos da ginástica laboral na dor nas costas
e nos hábitos posturais adotados no ambiente
de trabalho. Rev. Bras. Cienc. Esporte,
Florianópolis, v. 33, jul./set. 2011.
17. MEZZOMO, S. P.; CONTREIRA, A. R.;
CORAZZA, S. T. Os efeitos da ginástica laboral
sobre as habilidades básicas de funcionários de
setores administrativos. Revista Brasileira de
Ciências da Saúde, São Caetano do Sul, ano 8,
n. 25, jul./set. 2010.
7. CORLETT, E. N.; BISHOP, R. P. A technique
for assessing postural disconfort. Ergonomics,
1976.
19. MOREIRA, P. H. C.; CIRELLI, G.; SANTOS,
P. R. B. A importância da ginástica laboral na
diminuição das algias e melhora da qualidade
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 2
de vida do trabalhador. Fisioterapia Brasil, v.
3, set./out. 2005.
20. MURREL, K. F. H. Apostila de Ergonomia.
São Paulo: Edgard Blücher, 1949.
21. NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e
qualidade de vida: conceitos e sugestões para
um estilo de vida ativo. Londrina: Midiograf,
2001.
22. OLIVEIRA, J. R. G. A prática da ginástica
laboral. 3. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.
23. OLIVEIRA, J. R. G. A importância da
ginástica laboral na prevenção de doenças
ocupacionais. Rev. Educação Física, dez. 2007.
24. PINTO, A. C. C. S.; SOUZA, R. C. P. A
ginástica laboral como ferramenta para a
melhoria da qualidade de vida no setor de
cozinha em restaurantes. Disponível em:
<http://www.ergonet.com.br/download/
ginastica-cozinhas.pdf> Acesso em: 26 nov. 2011.
para elaboração de trabalhos acadêmicos.
Universidade Camilo Castelo Branco, São
Paulo, 1999.
31. SANTOS, F. A. T.; VAJDA, F. R. Estudo
sobre a preocupação das empresas com a
saúde dos funcionários. Revista Ciências do
Ambiente On-Line, v. 3, n. 1, fev. 2007.
32. SILVA, A. R. A. A eficácia da ginástica
laboral na saúde do trabalhador. Revista
Científica Online Z ISSN, 2010.
33. SILVA, M. A. D.; MARCHI, R. Saúde e
qualidade de vida no trabalho. São Paulo: Best
Seller, 1997.
34. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos
de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2002.
25. PIZZOLI, L. M. L. Qualidade de vida no
trabalho: um estudo de caso das enfermeiras
do Hospital Heliópolis. Ciênc. Saúde Coletiva,
Rio de Janeiro, v. 10, n. 4, dez. 2005.
26. RAMAZZINI, B. As doenças dos
trabalhadores. Trad. de Estrela, R. São Paulo:
Fundacentro, 1985.
27. REINHARDT, E. L.; FISCHER, F. M.
Barreiras às intervenções relacionadas à saúde
do trabalhador do setor saúde no Brasil. Rev.
Panam Salud Publica, Washington, 2009.
28. RODRIGUES, M. C. V. Qualidade de
vida no trabalho: evolução e análise no nível
gerencial. Fundação Edson Queirós, Fortaleza
(Mimeo), 1991.
29. SAMPAIO, A. A.; OLIVEIRA, J. R. G. A
ginástica laboral na promoção de saúde e
melhoria da qualidade de vida no trabalho.
Marechal Cândido Rondon, v. 7, n. 13, 2008.
30. SANTOS, G. T.; ROSSI, G.; JARDILINO,
J. R. L. Orientações e normas metodológicas
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
19
Artigo 3
Fortalecimento da musculatura inspiratória
em atletas de basquetebol por meio de um
incentivador respiratório pressórico
Muscle strengthening inspiratory basketball athletes in
through an incentive spirometry pressure
Everson Bitencourt de Oliveira1
Guilherme Menta Mello2
Karine Silva Dias Cunha3
Lucas Jefté Mota Calmon4
Cássio Preis5
1. Graduando da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
2. Graduando da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
3. Graduanda da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
4. Graduando da Faculdade Dom Bosco
Contato: [email protected]
5. Professor-mestre Cássio Preis
Contato: [email protected]
RESUMO
Introdução: Os músculos respiratórios
(diafragma) realizam o trabalho muscular
inspiratório. O basquetebol propicia o
desenvolvimento da potência aeróbia,
fundamental para os jogadores.
Objetivo: Avaliar os efeitos do treinamento
respiratório e a quantidade máxima de
oxigênio, além de mensurar e detectar a força
muscular.
Metodologia: Pesquisa quantitativa,
intervencional, experimental e controlada com
atletas de 18 a 32 anos da UFPR de Curitiba-PR.
O estudo foi feito por meio do medidor de
pressão negativa, e os valores foram utilizados
para o treino da resistência muscular por
meio de incentivador em percentual de 20% e
30%, mais o teste de Cooper por 12 minutos.
Ao final, os atletas foram reavaliados por
meio do medidor de pressão e pelo teste de
Cooper. O grupo controle foi submetido a
mensurações semanais da pressão inspiratória
máxima e ao teste de distância de Cooper; o
grupo experimental, além dos procedimentos
20
descritos, foi submetido ao programa de
fortalecimento diafragmático.
Resultado: Na comparação entre as variáveis
do avaliador pressórico, os resultados dos
grupos na avaliação inicial e final foram,
respectivamente, (M+DP) 92,85714 e 23,77974;
111,25 e 33,46106479; 99,16667 e 20,1039;
108,75 e 31,81980515. Na análise da variável do
incentivador pressórico do grupo experimental
nas duas primeiras semanas de intervenção, os
resultados não mostram diferença significativa
(p = 0,59), já nas duas semanas seguintes, os
resultados mostram diferenças significantes
(p = 0,009).
Conclusão: O resultado demonstra
equivalência no nível da pressão inspiratória
máxima entre os grupos analisados, quando
avaliados no período pré e pós-fortalecimento
muscular por meio do treinamento inspiratório
progressivo.
Palavras- chave: treinamento, diafragma,
inspiratório, atletas.
ABSTRACT
Background: The respiratory muscles
(diaphragm) held inspiratory muscle work.
Basketball promotes the development of
aerobic power, essential for the players.
Objective: To evaluate the effects of respiratory
training and the maximum amount of oxygen,
and to measure and detect muscle strength.
Methods: Quantitative research, interventional,
controlled trial and with athletes 18-32 years
of UFPR of Curitiba-PR. The study was done
by measuring the negative pressure values
which were used for training the endurance
by a promoter in a percentage of 20% and
30%, adding the test by Cooper time of
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
12 minutes. At the end, the athletes were
reassessed by means of pressure gauge and
the Cooper Test The control group underwent
weekly measurements of maximal inspiratory
pressure and test away from Cooper and the
experimental group than those described, the
diaphragm strengthening program.
Results: Comparing the results of the
variable evaluator pressure between groups
at baseline and final were: (M + SD) 92.85714
and 23.77974, 111.25 and 33.46106479, 99.16667
and 20.1039; 108 75 and 31.81980515. In the
analysis of variable motivational pressure in
the experimental group the first two weeks of
intervention, the results show no significant
difference (p = 0.59) while for the next two
weeks, the results show significant (p = 0.009).
Conclusion: The result shows a statistical
equivalence in the levels of maximal
inspiratory pressure between groups analyzed,
when evaluated in the pre and post muscle
strengthening through progressive respiratory
training.
Keywords: training, diaphragm, inspiratory,
athletes.
Introdução
O sistema respiratório é definido como um
conjunto de vias aéreas superiores e inferiores
que se ligam aos pulmões, interagem com o
coração e o sistema circulatório num processo
homeostásico de trocas gasosas na promoção
de oxigênio ao organismo (COSTA, 2004).
O diafragma é um dos principais músculos
usados na inspiração e produz cerca de dois
terços da capacidade inspiratória máxima.
Representa pelo menos 70% da atividade
respiratória de um indivíduo, atua de
forma ininterrupta e permanece ativo com
os músculos intercostais tanto durante a
respiração calma quanto durante os exercícios.
O treinamento muscular respiratório habilita os
músculos a realizarem com maior facilidade a
função destinada a cada um deles – reexpansão
pulmonar, aumento da permeabilidade
das vias aéreas ou fortalecimento dos
músculos respiratórios. O treinamento com o
incentivador pressórico visou proporcionar o
aumento da força e a performance por meio
do treino resistido programado, além de
melhorar as condições do trabalho respiratório,
minimizando possíveis fadigas.
Metodologia
A presente pesquisa contemplou as áreas
de fisioterapia respiratória e esportiva e foi
efetutada na UFPR (Universidade Federal
do Paraná), campus Politécnico, situado
na
BR-277, Curitiba, Estado do Paraná.
Os dados foram coletados de atletas da
equipe adulto universitária de basquete
amador, composta por 16 jogadores do gênero
masculino com idade entre 18-32 anos. A
pesquisa obteve aprovação junto ao Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade Dom Bosco
e recebeu o certificado de aprovação com o
protocolo número CAAE – 0044.0.301.000-11
em 27 de junho de 2011. Para as intervenções
do programa de fortalecimento diafragmático
dos atletas, a autorização consentida para a
pesquisa foi manifesta em carta subscrita pelo
chefe de Departamento de Educação Física da
Universidade Federal do Paraná e pelo técnico
responsável pelo treinamento da equipe de
basquetebol.
Os participantes foram submetidos à
avaliação inicial, que consistiu na coleta em
forma de dados da PIMÁX – avaliação da
força muscular diafragmática e musculatura
inspiratória – em protocolo inicial, por meio
da manovacuometria. Para realização do
procedimento, os atletas foram avaliados, os
dados das pressões inspiratórias diagramados
e usados como base para o posterior treino
muscular de resistência inspiratória. Foram
realizados dois encontros semanais durante
quatro semanas, sendo o primeiro escolhido
para avaliação da PIMÁX, em que os atletas
obtiveram feedback por meio do diagrama da
evolução de seus esforços inspiratórios.
Adicionalmente a essa metodologia, os atletas
foram avaliados por meio do teste de Cooper,
que consistiu em corrida, sem interrupção,
durante 12 minutos, num ritmo constante
suportável máximo, com registro da distância
total percorrida ao redor da quadra de
basquete, com área de 28 x 15 metros. Ao final
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
21
Artigo 3
da corrida, a distância percorrida foi medida,
e realizado cálculo proposto pelo idealizador
do teste com a finalidade de mensurar o VO2
indireto. O teste foi realizado no primeiro
encontro e refeito ao final do programa de
fortalecimento, ou seja, na 4ª semana de
intervenção. Para isso, preencheram-se fichas
de avaliação individual com dados pessoais,
anamnese, valor de frequência cardíaca,
distância percorrida em metros, dentre outros.
Após realização da avaliação pressórica, os
participantes foram submetidos ao treinamento
de força muscular por meio do incentivador
pressórico, e realizaram inspirações no bocal
com o percentual pré-estabelecido pelo
avaliador pressórico. A PIMÁX foi revisada
semanalmente e ajustada conforme a evolução,
estagnação ou regressão do desempenho
inspiratório do atleta.
Após o último treinamento e término da
pesquisa, no tempo de quatro semanas,
os atletas foram reavaliados pela
manovacuometria e pelo teste de Cooper,
quando a análise dos resultados foi avaliada de
forma comparativa e estatística.
As etapas das avaliações foram organizadas de
acordo com o fluxograma a seguir.
Seleção de
voluntários
Avaliação Cooper
Avaliação pressórica
Grupo experimental
Reavaliação
pressórica
semanal
Grupo controle
Treinamento com
incentivador respiratório
com 20% de carga
Treinamento com
incentivador respiratório
com 30% de carga
Reavaliação Cooper
Reavaliação pressórica
Fonte: Elaboração própria.
Avaliação dos dados
Os dados da pesquisa foram coletados de
voluntários divididos em dois grupos, controle
22
e experimental. As variáveis relativas à idade,
altura, ao peso, IMC, aos treinamentos por
semana, a horas de treino, horas de sono e
ao cansaço durante o teste foram descritas
por meio da média e desvio-padrão (M+DP)
e comparadas entre os dois grupos por meio
do teste t para amostras independentes. As
variáveis referentes ao teste de Cooper, VO2
máximo e à frequência cardíaca (FC) antes
do 1º e do 2º teste de Cooper e da avaliação
pressórica foram avaliadas quanto ao padrão
de normalidade por meio do teste de Shapiro-Wilk e do teste de Anova na comparação entre
grupos aos tempos inicias e finais.
A variável do incentivador pressórico a 20% e a 30%
foi avaliada somente com o grupo experimental,
durante o tempo pré e pós-treinamento no
período de um mês no Centro Politécnico
da UFPR, mediante aplicação do teste t para
amostras pareadas.
Todos os testes estatísticos foram realizados
com nível de significância de 0,05.
Resultados
Foram avaliados 16 atletas jogadores de
basquete amador, oito em cada grupo. Um
sujeito do grupo experimental precisou ser
desligado da pesquisa na metade do período
intervencional, pois contraiu o vírus da
caxumba. Seus dados não constam na avaliação.
Foram selecionados atletas voluntários que
participavam do treino por no mínimo duas
vezes na semana. O grupo experimental
participou do programa de mensuração
semanal da pressão inspiratória máxima
por meio do avaliador pressórico seguido
de fortalecimento muscular inspiratório
por meio do incentivador pressórico com
carga estabelecida pela manovacuometria
em percentuais de 20% nas duas primeiras
semanas e 30% nas duas semanas seguintes,
bem como realizou o teste de Cooper. Os
critérios estabelecidos para o grupo controle
foram somente a avaliação das mensurações
inspiratórias máximas e o teste de Cooper. A
coleta de dados teve início em setembro/2011.
A tabela 1 mostra os dados antropométricos de
cada grupo analisado.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
Grupo
Controle
(média)
DP
Experimental
(média)
DP
Idade
24 623
3
Altura (m)
1,82
0,07
1,86
0,08
Peso (kg)
83
16
83
11
IMC (kg/m2)
25,1
6
24
1,7
Fonte: Dados da pesquisa com estatísticas descritivas
(média e desvio-padrão – DP) das variáveis quantitativas
relativas à idade, altura, ao peso e IMC dos grupos controle e
experimental.
A tabela 1 mostra discreta diferença de idade
entre os dois grupos, sendo a média do grupo
experimental maior em relação ao grupo controle.
Em relação a essa e outras variáveis, os dados
entre grupos se mostram homogêneos (p > 0,05).
Em relação às variáveis treinamentos por semana,
horas totais de treino e horas de sono semanal
entre os grupos, os dados foram considerados
homogêneos (p > 0,05), expressos na tabela 2.
Tabela 2 – Treinamentos, horas totais de
treinamento semanal e hora de sono dos
grupos controle e experimental
Grupo
Controle
Experimental
MédiaDP Média
DP
Treinamentos
por semana (dias) 4,8
3,6
5,9
2,8
Horas totais de
treino semanal
9,6
9,9
4,4
Hora de sono
semanal
10,7
7,0 1,17,4
0,9
Fonte: Dados da pesquisa com estatísticas descritivas (média e
desvio-padrão – DP) das variáveis quantitativas relativas aos
treinamentos, horas totais de treino semanais e hora de sono
dos grupos controle e experimental.
A tabela 3 dos itens distância, VO2 máximo
e frequência cardíaca demonstra não haver
diferença nas médias dos grupos analisados,
pois a coleta dos dados seguida do programa
intervencional de fortalecimento progressivo
no período de quatro semanas não foi
suficiente para efetividade crônica da terapia.
Tabela 3 – Distância, VO2 máximo, frequência
cardíaca do primeiro teste de Cooper e
frequência cardíaca do teste de Cooper final
dos grupos controle e experimental
Parâmetro
Avaliação Controle
(média) DP
Experimental
(média)
DP
Distância (m) Inicial
2202,6
2237,9 276,72463,8
199,9
38,2
6,3
Final
VO2máx
(mLO2/kg/min) Inicial
325,6 2372,5
7,8
284,8
41,5
Final 38,8 6,743,6
4,4
FC do primeiro
Cooper (bpm) Inicial
82,6
Final
116,7 18,097,4
16,7
FC do Cooper
final (bpm)
Inicial
77,7
12,3
Final
107,7 16,696,0
10,0
10,8
82,6
10,9
72,8
12,7
Fonte: Dados da pesquisa com estatísticas descritivas (média
e desvio-padrão – DP) das variáveis quantitativas teste de
Cooper, VO2 máximo, frequência cardíaca do primeiro teste
de Cooper e frequência cardíaca do teste de Cooper final dos
grupos controle e experimental entre o período inicial e final.
O gráfico 1 mostra a comparação da variável
relativa aos valores das pressões obtidas pela
avaliação pressórica no período pré e pós-fortalecimento. Os resultados mostram não
haver diferença significativa entre os grupos
(p > 0,05).
Gráfico 1 – Aferição da PIMÁX pela avaliação
pressórica durante quatro semanas de treinamento
45
40
Incentivador pressórico 20%
p = 0,59
Incentivador pressórico 30%
p = 0,009
35
30
cm H2O
Tabela 1 – Idade, altura, peso e IMC dos
grupos controle e experimental
25
20
15
10
5
0
1a semana
2a semana
3a semana
4a semana
Fonte: Dados da pesquisa na comparação dos valores obtidos
pela avaliação pressórica entre os grupos analisados no período
pré e pós-fortalecimento diafragmático nas quatro semanas
treinamento.
O gráfico 2 compara a variável relativa aos
valores obtidos pelo incentivador pressórico
no período pré e pós-fortalecimento de quatro
semanas. Os resultados mostram não haver
diferença significativa nas duas primeiras
semanas (p = 0,59), mas se mostram significantes
nas duas semanas seguintes (p = 0,009).
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
23
Artigo 3
Gráfico 2 – Comparação dos valores obtidos
pelo incentivador pressórico no período de
quatro semanas de fortalecimento do grupo
experimental
160
140
120
cm H2O
1100
80
60
15
40
20
0
Controle
Experimental
Período pré-fortalecimento
Controle
Experimental
Período pós-fortalecimento
Fonte: Dados da pesquisa na comparação dos valores obtidos
pelo incentivador pressórico no grupo experimental no período
de quatro semanas de fortalecimento muscular inspiratório.
Discussão
Weiner et al. (1997, 2002 e 2008), Holm,
Sattler e Fregosi (2004), Laoutaris et al. (2004),
Beckerman et al. (2005), Kunikoshita et al.
(2006), Irwin e Tecklin (1994), Cader et al.
(2006), Martinez et al. (2001) e Rajendran
et al. (1998) mostram em estudos que o
aumento da força e da resistência muscular
inspiratória pode aumentar os níveis de
pressões inspiratórias máximas (PIMÁX).
Complementando esses estudos, Neder
(1999), Mador, Kufel e Pineda (2000) e Souza
(2002) afirmam que esses níveis pressóricos
podem ser utilizados para quantificar
a força dos músculos respiratórios em
indivíduos saudáveis e em pacientes com
diferentes distúrbios, assim como para
avaliar a resposta do treinamento muscular
respiratório. Ao encontro do trabalho dos
autores supracitados, o presente estudo pode
demonstrar correspondência nos níveis da
PIMÁX dos participantes desta pesquisa. Por
meio do programa de mensuração semanal das
pressões inspiratórias, seguido de programa
de fortalecimento progressivo pressórico com
incentivador, o nível das pressões inspiratórias
máximas se mostrou estatisticamente
equivalente (média entre os grupos controle
e experimental inicial e final em cm H2O,
respectivamente: 92,85 e 111,25 e 99,16 e
108,75). Infere-se que tal equivalência se atribui
tanto à utilização dos músculos acessórios
24
como à adequação dos procedimentos da
correta postura ao sentar-se e do uso constante
e correto da pinça nasal. Além disso, as
contrações efetivas e perceptíveis do músculo
diafragma no período inicial do programa
de fortalecimento muscular coadjuvaram,
causando intercorrências nos resultados.
Possivelmente, os atletas não possuíam
experiência suficiente para desenvolver a
técnica correta.
Sheel (2002) afirma que a atribuição da força
muscular se dá pelo aumento da percepção
da respiração, pelo limiar de fadiga e pela
eficiência ventilatória. Lima (2008) acrescenta
que a ação mecânica aumentada dos músculos
inspiratórios é capaz de proporcionar maior
habilidade toracoabdominal, efetivando a
ação mecânica muscular. Dentre os benefícios
constatados no treinamento diafragmático por
Muniz (1993) estão a melhora da força e da
resistência muscular. Além desses benefícios,
o treinamento diafragmático não gera custos,
pois dispensa equipamentos específicos
e objetiva a contração muscular de forma
voluntária, além da ventilação eficiente nas
bases pulmonares, o que leva ao aumento do
volume corrente e à diminuição da frequência
respiratória. Fatos relevantes contados por
alguns atletas do grupo experimental deste
estudo corroboram com os achados dos
referidos autores, como melhora do sono,
da dispneia e da percepção diafragmática.
Suspeita-se que tais fatos estão relacionados
à melhora significativa da força do músculo
diafragma, principal músculo inspirador,
na qualidade promovida da troca gasosa,
relacionando o distúrbio do sono com a
diminuição da saturação de oxigênio.
Com relação às alterações do padrão
respiratório, Souchard (2004) afirma que
podem ser decorrentes do encurtamento
excessivo da musculatura inspiratória, e
as principais causas podem ser agressões
neuropisíquicas (estresse), postura inadequada,
patologias respiratórias e fraqueza muscular.
Pereira (2010) acrescenta que a dor pode
levar um indivíduo a apresentar um padrão
de movimento toracoabdominal, levando
a alterações na distribuição regional da
ventilação, e sugere exercícios fisioterapêuticos
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
respiratórios com a finalidade de diminuir
riscos e minimizar os esforços respiratórios.
Estudos de Ross, Dean e Abboud (1992)
envolvem programas como o simples
posicionamento corporal e a compreensão
fisiológica dos efeitos da posição para a
obtenção dos efeitos significativos na mecânica
diafragmática, otimizando estratégias
e recursos terapêuticos e favorecendo a
ventilação regional.
O treinamento muscular respiratório por
meio de programa de carga progressiva
estabelecida neste trabalho visou aumentar
a força e a endurance muscular, melhorando
as condições de trabalho, habilitando os
músculos ao desempenho inspiratório e
retardando o surgimento da fadiga muscular.
Na realização do treinamento muscular
inspiratório, há controvérsias na literatura
em relação à magnitude da carga. Enrigjt
et al. (2006) observaram que em sujeitos
saudáveis submetidos ao treinamento
muscular inspiratório com carga de 80% da
PIMÁX durante oito semanas houve aumento
significativo da PIMÁX, bem como da
espessura do diafragma e da capacidade de
exercício, quando comparados com o grupo
controle não treinado.
Na comparação do treinamento muscular
inspiratório com sujeitos patológicos, Shephard
(1993) mostrou aumento evidente da PIMÁX
em crianças asmáticas submetidas à carga
de 40%, e Ramirez-Sarmiento et al. (2002) em
pacientes adultos obstrutivos crônicos usando
percentuais de 60 a 70% durante seis meses
de treinamento. O aumento das pressões
inspiratórias foi relatado, bem como diminuição
da dispneia, aumento da capacidade de
caminhada e melhora da qualidade de vida dos
sujeitos. Os autores concluem, juntamente a
Parreira et al. (2007), Rocha et al. (2010), Martin
et al. (1987) e Van Houtte, Vanlandewijck e
Gosselink (2006), que as mensurações são
mais bem influenciadas pela compreensão das
manobras a serem executadas e pela vontade do
indivíduo em cooperar e realizar movimentos
e esforços respiratórios realmente máximos,
do que quando cargas pré-estabelecidas em
um programa de treinamento inspiratório são
impostas.
De acordo com o objetivo do treinamento, a
prescrição da intensidade da força pode ser
realizada por meio de percentuais relativos
ao valor do teste de 1RM (uma repetição
máxima), o qual determina a maior carga que
pode ser sustentada por uma repetição em
exercícios contra resistência (BRETANO et
al. 2008). No preparo corporal para a prática
esportiva, o treinamento resistido é capaz de
aumentar o desempenho para a prática do
esporte e das atividades que exijam força,
potência, controle e resistência, prevenindo
lesões, melhorando o desempenho funcional,
seja para atletas de alto nível ou praticantes
de atividade física em geral. De acordo com
Nosaka et al. (2004), Lastayo et al. (1999), Higbie
et al. (1996), Gleason et al. (2003) e Stupka et al.
(2001), os programas e a escolha dos exercícios
são baseados no tipo de atividade que cada
um desenvolve e na especificidade da tarefa
realizada, podendo variar desde o número
de séries, carga, repetições e velocidade até
o tempo de descanso entre as mesmas. Para
o treinamento inspiratório desta pesquisa,
foi escolhido o programa de seleção de carga
dos autores Gomes e Araújo Filho (1992), por
se amoldar melhor ao objetivo proposto da
performance muscular por meio da escolha da
seleção de carga, ao contrário de um protocolo
de percepção de esforço, como a escala de Borg
em estudo de Ciolac e Guimarães (2004), a qual
avalia e monitora intensidades em programas
de exercício subjetivamente, e as percepções
experimentadas durante a atividade ou o
treinamento serão sempre baseadas nas
sensações do sujeito que as pratica.
De acordo com os resultados estatísticos do
presente estudo, o protocolo de treinamento
muscular inspiratório com o incentivador
pressórico não proporcionou aumento
significativo (p = 0,59) nas duas primeiras
semanas no emprego de 20% da PIMÁX, sendo
equivalente a estudos de Souza et al. (2008),
o qual avaliaram de forma aguda cargas de
treinamento com o mesmo incentivador. A
título de definição, Rey (1999) descreve o
efeito agudo como resposta intensa e de curta
duração, podendo ser produzida por uma ação
ou um tratamento preventivo. Essa definição
é pertinente e comprobatória para o referido
estudo, pois em duas semanas de treinamento
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
25
Artigo 3
26
com carga pré-estabelecida das pressões
inspiratórias em 20%, houve agudização do
programa de treinamento de curta duração.
Acredita-se que o resultado também possa
estar associado ao período de adequação dos
procedimentos, à aprendizagem e prática
da técnica, mas na extensão do período
intervencional ao protocolo de treinamento
muscular inspiratório do estudo retro os
resultados se mostraram significantes (p =
0,009) nas duas semanas seguintes a 30% da
PIMÁX, indo a favor das sugestões de Souza
et al. (2008), segundo os quais a extensão ao
programa de treinamento com frequência
maior de tempo e a intervenção terapêutica
demonstraram resultados crônicos, cíclicos,
efetivos e positivos. Em relação a essa resposta,
Moura, Peripolle e Zinn (2003) e Lagally e
Amorose (2007) justificam que à medida que
o custo metabólico do trabalho mecânico
é aumentado, uma maior percepção do
esforço e precisão do movimento podem ser
atingidos. Ohyama et al. (2003) complementam
que no desenvolvimento do treinamento
repetitivo, a transformação de um movimento
descoordenado em movimento harmonioso
gera a mecanização ou memória motora, a qual
dispensará programação prévia ou intenso
raciocínio, pois o mesmo já foi gerado, a
princípio, pelo treinamento repetitivo. Noble
e Robertson (1996) e Gearhart et al. (2001)
complementam que quando um músculo
é solicitado a superar altas cargas, maior
desenvolvimento de tensão é necessário pelas
fibras musculares ativas, requerendo aumento
do recrutamento das unidades motoras e da
frequência de disparo dos impulsos nervosos,
levando ao aumento da ativação e da tensão
muscular pelos órgãos tendinosos de Golgi
(OTG’s).
que o aparelho possui incoveniente faixa de
aplicação de pressão limitada a 40 cm H20,
limitando o emprego de pressões inspiratórias
maiores. A favor do trabalho dos autores,
o presente estudo necessitou remanejar o
emprego das cargas impostas com o objetivo
de ganho de resistência muscular inspiratória,
estipulando-se as mesmas em 20 e 30% da
PIMÁX, pois, ao se realizar a mensuração das
pressões inspiratórias por meio da avaliação
pressórica, os valores encontrados para o
programa de fortalecimento muscular por meio
do incentivador pressórico ultrapassariam
o percentual fixado pelo aparelho. Na
tentativa de ampliação das faixas de pressões
limitadas do incentivador pressórico, Alves
e Bruneto (2006) adaptaram em estudo um
antigo modelo do Threshold® IMT com
ao substituir o corpo do aparelho por um
sistema de pesos, do tipo esferas de chumbo.
Acionado manualmente pelo paciente, tal
aparelho gerava pressões inspiratórias pelo
sistema em conjunto a dispositivos de válvulas
e conexões. Os resultados comprovaram a
confiabilidade do equipamento, além da
produção simples e pouco onerosa. O prejuízo
na reprodutibilidade dos testes deveu-se ao
fato de o modelo não estar disponível para
venda, e de os modelos atuais não permitirem
a fácil abertura do aparelho. A sugestão quanto
à fabricação de um modelo que permita
sua abertura ou de unidades com maior
resistência inspiratória foi mencionada pelos
autores, e se encontra pertinente ao estudo
em questão para futuras pesquisas, pois na
aplicação dos testes objetivando à performance
e resistência inspiratória, as seleções de carga
não necessitariam ser remanejadas tampouco
reduzidas, já que o aparelho ofereceria, sem
restrições, ampla variação dessas pressões.
Na aplicação dos testes de resistência muscular
inspiratória, o incentivador pressórico se
mostrou simples, eficiente, não invasivo, de
prática aplicação e amplamente utilizado,
objetivando avaliar a resistência muscular
respiratória por testes de cargas contínuas ou
incrementais com um sistema de carga linear
pressórica. Alves e Bruneto (2006), autores
desse estudo, acrescentam concomitantemente
com Clanton, Calverly e Celli (2002) e Souza
et al. (2008) a limitação de seu uso afirmando
Em relação à variável frequência cardíaca (FC),
avaliada nos testes de Cooper inicial e final,
não houve resultado significativo em ambos os
grupos analisados (p = 0,12725 e p = 0,31104),
contrariando tanto os estudos de Guimarães
(2005) no treinamento aeróbio e de força
muscular, quanto os de Kunikoshita (2006) no
treinamento muscular respiratório (TMR) e
físico (TF) crônico em portadores de DPOC por
seis semanas, em que a frequência cardíaca em
repouso e durante o exercício foram reduzidas
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
mediante treinamento aeróbio e de força.
O teste de Cooper foi utilizado no presente
estudo para avaliar o volume de oxigênio
máximo por se tratar de teste simples e não
oneroso, dispensando o uso de equipamentos
específicos. Seu objetivo foi quantificar a maior
quantidade cedida pelo sistema cardiovascular
aos tecidos durante o trabalho físico intenso. Os
atletas podiam definir, durante a realização do
teste, a velocidade da corrida, e os pesquisadores,
a velocidade que desejavam, intervindo por meio
de gestos e ruídos e solicitando intensidades
gradativas e piques explosivos quando os atletas
se encontravam próximos ao final do tempo
determinado para o teste.
Cooper (1968), idealizador do teste, avaliou
115 indivíduos da força aérea americana
com idade entre 17 a 54 anos e constatou
grande correlação entre o consumo máximo
de oxigênio estabelecido pelo seu teste e o
respectivo VO2 máximo obtido em laboratório
(r = 0,90); os valores variaram de 31 a 59 mL/
(kg/min). Já Grant e colaboradores (1995), na
comparação de vários métodos de predição,
incluíram o teste de Cooper, o teste de bicicleta
submáximo (ergoespirometria) e o shuttle run
de multiestágios progressivos e obtiveram
maior correlação com a medida direta do VO2
máximo (r = 0,92) por meio do teste de Cooper.
Mac Ardle e colaboradores (1986), em estudo,
afirmam que sem a aplicação do teste de
Cooper a avaliação dos atletas seria ruim,
pois a correlação dos valores de VO2 máximo
declinava de 0,90 para 0,59 mL O2/kg/min.
Contrariando dados citados, a estatística do
presente estudo comprova não haver diferença
significativa (p = 0,07851), sendo os resultados
considerados equivalentes em metros: (M+DP
final dos grupos controle e experimental
respectivamente: 2237,9 e 276,7; 2463,8 e 199,9).
Acredita-se que o pequeno valor da amostra
(n = 15) seja o fator principal para a pouca
diferença entre os grupos, mesmo considerando
a boa performance dos grupos experimental e
controle quanto aos níveis de VO2 máximo, cujas
respectivas médias no período inicial e final do
cálculo, medidos em mL O2/kg/min, foram (41,5
e 43,6) e (38,2 e 38,8).
Diante do fato, o presente estudo sugere a
utilização de outros protocolos de predição,
como o de Léger, citado em estudo de
Kokubun e Daniel (1992). Nesse protocolo,
são evidentes períodos de atividade de curta
duração e alta intensidade intercalados com
períodos de recuperação e equiparam-se à
prática esportiva do basquete e ao analisador
de gases para a determinação do VO2 máximo
nos estudos de Lira et al. (2007), em que os
sujeitos, conectados durante todo o tempo ao
aparelho, realizam os testes escalonados com
velocidades progressivas em esteira rolante,
mensurando a concentração tempo a tempo
do lactato sanguíneo pelo lóbulo da orelha por
meio do lactímetro.
Com relação ao uso padronizado de bocais
e traqueias nas mensurações pressóricas
inspiratórias, o presente estudo vai ao encontro
dos autores Gibson (1995, p. 216) e Inoue et
al. (2010) que relatam não haver influência do
tipo do bocal utilizado tampouco do gênero
dos analisados. Em contrapartida, autores
como Koulouris et al. (1988) e Rubinstein et al.
(1988) concluem que há influência nos valores
e sugerem uso de bocais que ofereçam maior
suporte à face, pois a falta de padronização
metodológica em âmbitos nacionais e
internacionais nas medidas das pressões
inspiratórias e expiratórias máximas podem
levar a resultados conflitantes nas pesquisas.
Na avaliação dos efeitos do treinamento
respiratório por meio do incentivador
pressórico, a literatura (ENRIGHT et al., 2006;
SHEPHARD, 1993; RAMIREZ-SARMIENTO
et al., 2002; PARREIRA et al., 2007; ROCHA et
al., 2010; MARTIN et al., 1987 e VAN HOUTTE,
VANLANDEWIJCK E GOSSELINK, 2006)
apresenta métodos e empregos de cargas
pressóricas diferentes, seja por meio de
treinamento muscular envolvendo sujeitos
hígidos, seja em intervenções terapêuticas no
tratamento de distúrbios respiratórios. Sendo
assim, a limitação do presente estudo quanto
à padronização da carga utilizada e o tempo
de intervenção/tratamento oferecidos, levou
a indicar um programa de fortalecimento
muscular com sujeitos hígidos praticantes da
modalidade de basquetebol, podendo com
o mesmo mensurar a capacidade funcional
dos músculos inspiratórios, descrever e
detectar a força diafragmática por meio da
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
27
Artigo 3
avaliação pressórica e melhorar a performance
muscular por meio do incentivador pressórico,
determinar a relação do volume máximo de
oxigênio indireto pela realização do teste de
Cooper, além de demonstrar os benefícios e as
contribuições dessa pesquisa para interessados
no assunto e para a sociedade científica,
e sugerir a necessidade de novos estudos
explorando esses e outros aspectos.
REFERÊNCIAS
1. ALVES, L. A.; BRUNETTO, A. F. Adaptação
do Threshold® IMT para teste de resistência dos
músculos inspiratórios. Rev. Bras. Fisioter, São
Carlos, v. 10, n. 1 2006.
2. BECKERMAN, M.; MAGADLE, R.; WEINER,
M.; WEINER, P. The effects of 1 year of specific
inspiratory muscle training in patients with
COPD. Chest, 128(5):3177-3182, 2005.
3. BRETANO, M. A.; CADORE, E. L.; SILVA, E.
M.; SILVA, R. F.; KRUEL, L. F. M. Estimativa
de força máxima em exercícios de musculação
baseados em parâmetros antropométricos
de homens e mulheres fisicamente ativos.
Brazilian Journal of Biomotricy, 2008.
4. CADER, S.; SILVA, E. B.; VALE, R.; BACELAR,
S.; MONTEIRO, M. D.; DANTAS, E. Efeito do
treino dos músculos inspiratórios sobre a pressão
inspiratória máxima e a autonomia funcional de
idosos asilados. Motricidade, 3(1): 279-288, 2006.
5. CIOLAC, E. G.; GUIMARÃES, G. V. Exercício
Físico e Síndrome Metabólica. Rev. Bras. Med.
Esporte. v. 10, n. 4, jul./ago. 2004.
6. CLANTON, T.; CALVERLY, P. M.; CELLI,
B. Tests of respiratory muscle endurance. In:
American Thoracic Socity, European Respiratory
Society. ATS/ERS Statement on Respiratory
Muscle Testing. Am. J. Respir. Crit. Care Med,
166: 518-624, 2002.
7. COOPER, K. H. Aerobics. New York: Bantam
Books, 1968.
8. COSTA, D. Fisioterapia respiratória básica.
São Paulo: Atheneu, 2004.
28
9. ENRIGHT, S. J.; CHATHAM, K.; BALDWIN,
J.; GRIFFITHS, H. Effect of high-intensity
inspiratory muscle training on lung volumes,
diaphragm thickness, and exercise capacity
in healthy individuals who are. Journal of de
American Physical Therapy Association, v. 86,
n. 3, mar. 2006.
10. GEARHART, R, F.; GOSS, F. L.; LAGALLY,
K. M.; JAKICIC, J. M.; GALLAGHER, J.;
ROBERTSON, R. J. Standardizerd scaling
procedures for rating perceived exertion during
resistance exercise. Journal of Strength and
Conditioning Research, v. 15, n. 3, 2001, p. 320- 325.
11. GIBSON, G. J. Measurement of respiratory
muscle strength. Respir. Medicin, 1995.
12. GLEASON, M. M.; DRURY, S. S.; SMYKLE,
A. T.; EGGER, H. L.; FOX, N. A.; NELSON, C.
A.; ZEANAH, C. H. The validity of evidencederived criteria for reactive attachment disorder:
I Emotionally Withdrawn/Inhibited Type, 2003.
13. GOMES, A. C.; FILHO, A.; Cross Training:
uma abordagem metodológica. Londrina:
Editora A.P.E.F., 1992.
14. GRANT, S.; HYNES, V.; WHITTAKER, A.;
AITCHISON, T. Anthropometric, strength,
endurance and flexibility characteristics of elite
and recreational climbers. Journal of Sports
Sciences, v. 14, 1995, p. 301-309.
15. GUIMARÃES, C. Q.; SALMELA, T. L. F.;
GOULART, F.; FARIA, M.; INACIO, E. P.;
ALCANTARA, T. O.; SOUZA, A. C. Treinamento
físico e destreinamento em hemiplégicos crônicos:
impacto na qualidade de vida. Revista Brasileira
de Fisioterapia, v. 9, n. 3, 2005.
16. HIGBIE, E. J.; CURETON, K. J.; WARREN,
G. L.; PRIOR, B. M. Effects of concentric and
eccentric training on muscle strength, crosssectional area, and neural activation. Journal of
Applied Physiology, Bethesda, v. 81, 1996, p.
2173-81.
17. HOLM, P.; SATTLER, A.; FREGOSI, R. F.
Endurance training of respiratory muscles
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
improves cycling performance in fit young
cyclists. BioMed Central Physiol, 2004 (9):14721494.
18. INOUE, F. O. Influência de diferentes
tipos de bocais e diâmetros de traqueias na
manovacuometria. Fisioterapia e Movimento,
abr/jun. 2010.
19. IRWIN, S.; TECKLIN, J. S. Fisioterapia
cardiopulmonar. 2. ed. São Paulo: Manole, 1994.
p. 50-160.
20. KOKUBUN, E.; DANIEL, J. F. Relações
entre a intensidade e duração das atividades
em partida de basquetebol com as capacidades
aeróbica e anaeróbica: estudo pelo lactato
sanguíneo. Rev. Paul. Educ. Fís., 6(2):37-46,
1992.
21. KOULOURIS, N.; MULVEY, D. A.;
LAROCHE, C. M.; GREEN, M.; MOXHAM,
J. Comparasion of two different mouthpieces
for the measurement of PImax and PEmax in
normal and weak subjects. Eur. Respir. J.,1988;
1(9):863-7.
22. KUNIKOSHITA, L. N.; SILVA, Y. P.; SILVA,
T . L. P.; COSTA, D.; JAMAMI, M. Efeitos de três
programas de fisioterapia respiratória (pfr) em
portadores de DPOC. Rev. Bras. Fisioter., São
Carlos, v. 10, n. 4, out./dez. 2006, p. 449-455.
23. LAGALLY, K. M.; AMOROSE, A. J. The
validity of using prior ratings of perceived
exertion to regulate resistance exercise intensity.
Perceptual and Motor Skills, v. 104, n. 2, 2007.
24. LAOUTARIS, I.; DRITSAS, A.; BROWN,
M. D.; MANGINAS, A.; ALIVIZATOS, P. A.;
COKKINOS, D. V. Inspiratory muscle training
using an incremental endurance test alleviates
dyspnea and inproves functional status in
patients with cronic heart failure. Eur. J.
Cardiovasc. Prev. Rehabil, 2004, 11(6):489-496.
25. LASTAYO, P. C.; LINDSTEDT, S. L .; REICH,
T. E. When active muscles lengthen: properties
and consequences of eccentric contractions.
News in Physiological Sciences, Maryland, v.
16, 1999, p. 256-61.
26. LIMA, E. V.; LIMA, W. L.; NOBRE, A.;
SANTOS, A. M.; BRITO, L. M.; COSTA, M. R.
Treinamento muscular inspiratório e exercícios
respiratórios em crianças asmáticas. J. Bras.
Pneumol., 2008; 34:552-8.
27. LIRA, F. S.; OLIVEIRA, R. S.; JULIO, U. F.;
FRANCHINI, E. Consumo de oxigênio pósexercícios de força e aeróbio: efeito da ordem de
execução. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 13, n. 6,
nov. /dez. 2007.
28. MADOR, M. J.; KUFEL, T. J.; PINEDA, L. A.
Quadriceps and diaphragmatic reaction after
exhaustive cycle exercise in the healthy elderly.
Am. J. Respir. Crit. Care Med. 2000, 162(5):17601766.
29. MARTIN, F. W.; CAMPBELL, W.; RUBERTE,
R. M. Perennial edible fruits of the tropics: an
inventory. U.S. Department of Agriculture,
Agricultural Research Service, Washington, DC.,
USA., Pages: 247, 1987.
30. MARTINEZ, A.; LISBOA, C.; JALIL, J.;
MUNOZ, V.; DIAZ, O.; CASANEGRA, P.;
CORBALAN, R.; VASQUEZ, A. M.; LAIVA,
A. Selective training of respiratory muscles in
patients with chronic heart failure. Rev. Med.
Chil, 2001, 129(2):133-139.
31. MCARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH,
V. L. Fisiologia do exercício: energia, nutrição
e desempenho humano. 4. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1998, 2001 e 2008.
32. MOURA, J. A. R.; PERIPOLLE, J.; ZINN,
J. L. Comportamento da percepção subjetiva
do esforço em função da força dinâmica
em exercícios resistidos com pesos. Revista
Brasileira de Fisiologia do Exercício, v. 2, n. 2,
2003, p. 110-133.
33. MUNIZ, J. W. C. Atuação da fisioterapia
respiratória no empiema pleural. Fisioterapia
em Movimento, Curitiba, v. 6, n. 1, abr./set.
1993. p. 65-71.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
29
Artigo 3
34. NEDER, J. A.; ANDREONI, S.; CASTELO-FILHO, A.; NERY, L. E. Reference values for
lung function tests. II. Maximal respiratory
pressures and voluntary ventilation. Braz. J.
Med. Biol. Res., v. 32, n. 6, 1999, p. 719-27.
35. NOBLE, B. J.; ROBERTSON, R. J. Perceived
exertion. Champaing: Human Kinetics, 1996,
p. 320.
36. NOSAKA, K.; NEWTON, M.; SACCO,
P.; CHAPMAN, D.; LAVENDER, A. Partial
protection against muscle damage by eccentric
actions at short muscle lengths. Medicine and
Science in Sports & Exercise, Madison, v. 37,
2004, p. 746-53.
37. OHYAMA, T.; NORES, W. L.; MURPHY, M.;
MAUK, M. D. Wat the cerebellum computes.
Trends Nerosci, 2003.
38. PARREIRA, V. F.; FRANÇA, D. C.; ZAMPA,
C. C.; FONSECA, M. M.; TOMICH, G. M.;
BRITO, M. M. Pressões respiratórias máximas:
valores encontrados e preditos em indivíduos
saudáveis. Rev. Bras. Fisioter., 2007, v. 11, n. 5, p.
361-368.
39. PEREIRA, M. R. I.; GOMES, P. S. C. Teste
de força e resistência muscular: confiabilidade
e predição de uma repetição máxima – revisão
e novas evidências. Revista Brasileira de
Medicina no Esporte, v. 9, n. 5, 2010, p. 325-335.
40. RAJENDRAN, A. J.; PANDURANGI, U.
M.; MURALI, R.; GOMATHI, S.; VIJAYAN, V.
K.; CHERIAN, K. M. Sociedade Brasileira de
Pneumologia e Tisiologia. Consenso Brasileiro
de Ventilação mecânica. J. Bras. Pneumol. 1998;
26 (supl. 2): S1-S68.
41. RAMIREZ-SARMIENTO, A.; OROZCO-LEVI, M.; GUELL, R.; BARREIRO, E.;
HERNANDEZ, N.; MOTA, S. Inspiratory muscle
training in patients with chronic obstructive
pulmonary disease: structural adaptation and
physiologic outcomes. Am. J. Respir. Crit. Care
Med., 2002; 166(11):1491-7.
30
42. REY, L. Dicionário de termos técnicos de
medicina e saúde. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1999.
43. ROCHA, E.; MAGALHÃES, S. M.; LIMA, V.
P. Repercussão de um protocolo fisioterapêutico
intradialítico na funcionalidade pulmonar, força
de preensão manual e qualidade de vida de
pacientes renais crônicos. J. Bras. Nefrol., 2010,
v. 32, n. 4, p. 359-371.
44. ROSS, J.; DEAN, E.; ABBOUD, R. T. The
effect of postural drainage positioning on
ventilation homogeneity in healthy subjects.
Phys. Ther.,1992; 72(11):794-9.
45. RUBINSTEIN, I.; SLUTSKY, A. S.; REBUCK,
A. S.; MCCLEAN, P. A.; BOUCHER, R.;
SZEINBERG, A. Assessment of maximal
expiratory pressure in healthy adults. J. Appl.
Physiol., 1988; 64(5):2215-9.
46. SHEEL, A. W. Respiratory muscle training in
healthy individuals: physiological rationale and
implications for exercise performance. Sports
Méd., 2002, 32(9):567-581.
47. SHEPHARD, R. J. Exercise and aging:
extending independence in older adults.
Geriatrics, 1993; 48 (5): 61-4.
48. SOUCHARD, P. Fundamentos do SGA: RPG
a servico do esporte. São Paulo: E Realizações,
2004.
49. SOUZA, E. D. E.; TERRA, E. L. S. V.;
CHICAYBAN, R. P. L.; SILVA, J.F.; JORGE,
F.S. Análise eletromiográfica do treinamento
muscular inspiratório sob diferentes cargas do
Threshold®IMT. Revista Perspectivas On Line,
v. 2, n. 7, 2008.
50. SOUZA, R. B. Pressões respiratórias estáticas
máximas. J. Pneuml., v. 28, n. 3, 2002, p. 155-65.
51. STUPKA, N.; TARNOPOLSKY, M. A.;
YARDLEY, N. J.; PHILIPSS, M. Cellular
adaptation to repeated accentric exercise-induced muscle damage. Journal Applied
Physiology, v. 91, 2001, p. 1669-1678.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 3
52. TARANTINO, A. B. Doenças pulmonares. 5.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
53. VAN HOUTTE, B. A.; JARVIS, P. A. The
role of pets in preadolescent psychosocial
development. Journal of Applied
Developmental Psychology, 1995, 16, 463-479.
Retrieved from Science Direct.
54. WEINER, P.; MAGADLE, R.; BECKERMAN,
M.; BEARYANAY, N. The relationship among
inspiratory muscle strenght, the perception
of dyspnea and inhaled beta2-agonist use in
patients with asthma. Can. Respir. J., 2002,
9(5):307-312.
55. WEINER, P.; MAN, A.; WEINER, M.;
RABNER, M.; WAIZMAN, J.; MAGADLE,
R. Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia. Consenso Brasileiro de Ventilação
mecânica. J. Bras. Pneumol., 1997; 26 (supl 2):
S1-S68)
56. WEINER, P.; ZEIDAN, F.; ZAMIR, D.;
PELLED, B.; WAIZMAN, J.; BECKERMAN,
M. L. Sociedade Brasileira de Pneumologia e
Tisiologia. Consenso Brasileiro de Ventilação
mecânica. J. Bras. Pneumol., 2008; 26 (supl 2):
S1-S68.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
31
Artigo 4
Estudo dos efeitos do treinamento resistido e dos
exercícios multisensoriais sobre o equilíbrio e risco de
queda de idosos institucionalizados
Study of the effects of resistance training and exercises multisensory on
balance and risk of falls institutionalized elderly
Cristiane Regina Gruber1
João Erick C. dos Santos2
Lincoln H. Miyamura3
Marcel E. N. Dias4
1. Fisioterapeuta, mestre em Engenharia Elétrica e Informática
Industrial pelo CEFET-PR e docente da Faculdade Dom Bosco
2. Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
3. Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
4. Acadêmico do curso de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
RESUMO
O ser humano, ao longo da vida, tende a sofrer
uma série de problemas motores devido ao
sedentarismo, à senilidade ou senescência.
O presente estudo teve como objetivo
identificar os efeitos dos exercícios resistidos
e multissensoriais em relação ao equilíbrio
e à diminuição do risco de queda em idosos
institucionalizados. A amostra do estudo foi
composta por 12 sujeitos de ambos os gêneros
(quatro homens e oito mulheres), com idade
entre 60 e 90 anos, institucionalizados em
uma casa de repouso particular na cidade de
Curitiba. Estes foram randomizados em três
grupos (multissensorial, resistido e controle),
avaliados e reavaliados por meio das escalas
de equilíbrio de BERG, TUG e sentar/levantar,
e submetidos a um programa de exercícios
resistidos e multissensoriais por dois meses, com
dois atendimentos semanais de 40 minutos de
duração. Houve um período de destreinamento
de 30 dias, em que os idosos não realizaram
qualquer atividade, sendo reavaliados depois
desse tempo. Ocorreu melhora na avaliação
dos dois grupos (multissensorial e resistido)
na escala de Berg, no teste de TUG e de sentar/
levantar. Entretanto, a manutenção do equilíbrio
e consequente diminuição do risco de quedas
32
foi melhor observado no grupo multissensorial,
mesmo após o período de destreinamento de
30 dias. Pôde-se concluir com este trabalho que
os exercícios multissensoriais causam efeitos
duradouros em relação ao equilíbrio do idoso,
sendo necessárias novas pesquisas com os
exercícios aplicados neste estudo e com grupo
maior de participantes, para confirmar os efeitos
dos exercícios multissensoriais sobre o equilíbrio
das pessoas de terceira idade.
Palavras-chave: fisioterapia, envelhecimento,
equilíbrio, atividade física, exercícios resistidos,
exercícios multissensoriais.
ABSTRACT
The human being throughout life tends to
trigger a series ofengine problems due to
inactivity, old age or senescence. This study
aimed to identify the effects of resistance
exercises andmultisensory exercises in relation
to balance and reduce the riskof falls in
institutionalized elderly. The study sample
consisted of12 subjects of both sexes (4 males
and 8 females) with agesranging from 60 to
90 years, institutionalized in a private nursing
home in the city of Curitiba. These were
randomized into threegroups (multisensory,
weathered and control), assessed andreassessed
by the Berg Balance Scale, TUG and sit /
stand,subject to a program of resistance
exercises and multisensorytwo months with
two weekly visits to 40 minutes in duration.
There was a time of 30 days of detraining,
where the elderly did not perform any activity.
Being re-evaluated after that time.Improvement
occurred in both groups (multisensory and
resisted)in the scales of Berg, TUG test and test
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 4
sit / stand. However,maintaining the balance
and therefore reducing the risk of falls was
observed in the multisensory best, even after
the detrainingperiod of 30 days. The conclusion
from this work that themultisensory exercises
cause lasting effects as regards the balance of
the elderly, further research is needed with the
exercises used in this study with a larger group
of participants to confirm the effects of exercise
on the balance of multisensoryseniors.
treino de força e os exercícios multissensoriais.
Estes envolvem a manutenção da postura e
são uma opção prática, simples, barata e de
fácil implantação em escolas, praças, parques
e postos de saúde. Isso faz desta atividade
a resposta ideal para o aprendizado motor
relacionado ao equilíbrio (COSTA et al. 2009).
Keywords: physical therapy, aging,
balance, physical activity, resistive exercise,
multisensory, BBS, TUG and sit/stand.
Segundo Rebelatto (2007), a sarcopenia, ou
seja, diminuição da massa muscular, pode ser
revertida com o treinamento de força, o que
segundo Silva et al. (2008) tem correlação com
o equilíbrio. Tais fatores justificam a presente
pesquisa.
Introdução
Materiais e métodos
O envelhecimento é um evento geneticamente
programado, na sequência normal que vai do
desenvolvimento à morte, e ocorre devido
ao colapso gradativo das funções celulares.
(PICKLES et al., 2000).
No Brasil, grande proporção de idosos
institucionalizados é dependente por
problemas físicos ou mentais, mas a
miséria e o abandono são os principais
motivos da institucionalização. O indivíduo
institucionalizado sofre com a falta de um
programa de exercícios para manutenção de
seu equilíbrio e força, o que aumenta seu medo
de cair (CARVALHO et al., 2001).
A atividade física tem sido comprovada como
fator de melhora da saúde global do idoso,
sendo importante medida de prevenção das
quedas, oferecendo aos idosos maior segurança
na realização das atividades de vida diária
(GUIMARÃES et al., 2004). Carvalho et al.(2001)
relatam que para uma boa condição estática do
equilíbrio e da força de reação é necessário que
os músculos estejam treinados, com isso evitamse fraquezas favoráveis à queda. A atividade
física é capaz de beneficiar pessoas de todos os
grupos etários, mas é especialmente importante
para a saúde de pessoas da terceira idade.
De acordo com Costa et al.(2009), o treinamento
dos mecanismos de equilíbrio aumenta
a autoconfiança das pessoas mais idosas,
melhora suas capacidades funcionais e sua
mobilidade e é um recurso utilizado para a
manutenção da aptidão física relacionada
ao equilíbrio; dentre os mecanismos estão o
A pesquisa foi realizada na casa de repouso
Sant´ Felicy. Foram incluídos os moradores
da instituição com faixa etária de 60 a 90 anos,
com escore mínimo no Mini Exame do Estado
Mental (MEEM), não limitantes para atividade
exigida pelo estudo, com marcha independente
(considerando dispositivos auxiliares, como
bengalas) e sedentários.
Foram excluídos idosos que apresentassem
amputação, alterações neurológicas (AVE, lesão
medular), deficiência visual limitante, traumas
ortopédicos recentes, alteração cognitiva
grave, hipertensão arterial não controlada e
cadeirantes.
Procedimentos
Os procedimentos e a coleta de dados para
pesquisa foram realizados na instituição. Os
idosos foram avaliados utilizando-se as escalas
Berg, sentar-levantar e timed up and go antes
da aplicação do programa de exercícios, ao
término do tratamento (8 semanas) e após 4
semanas sem atividade física.
A escala de Berg (SILVA, et al., 2008), criada
em 1992 por Katherine Berg, é constituída por
14 tarefas comuns que envolvem o equilíbrio
estático e dinâmico, tais como alcançar, girar,
transferir-se, permanecer em pé e se levantar.
A realização das tarefas foi avaliada por meio
de observação, e a pontuação varia de 0 a
4, totalizando o máximo de 56 pontos. Tais
pontos foram subtraídos quando o tempo
ou a distância não foram atingidos, o sujeito
necessitou de supervisão para a execução
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
33
Artigo 4
da tarefa apoiou-se num suporte externo ou
recebeu ajuda do examinador.
O teste de sentar-levantar (TSL) (LIRA,
ARAÚJO, 2000) avaliou a destreza nas ações de
sentar e levantar do solo, independentemente,
utilizando uma escala ordinal de 0 a 5. Para
cada apoio utilizado nas ações, um ponto foi
perdido e, no caso de desequilíbrio, mais meio
ponto foi subtraído do escore máximo de 5.
O melhor desempenho, em duas tentativas,
representou o escore final para cada ação.
O TSL envolveu os atos de sentar e levantar
do solo, comuns nos primeiros anos de
vida, mas menos presentes no cotidiano, de
acordo com o passar dos anos. A lógica que
permeia a avaliação é a de que, quanto maior
a dificuldade do indivíduo em realizar tais
atos, mais apoios no solo e no próprio corpo
são utilizados. A aplicação do teste demandou
cerca de um minuto, e a graduação dos atos
foi extremamente simples, uma vez que cada
apoio utilizado resultou na redução de um
ponto da nota máxima e, havendo desequilíbrio
perceptível, mais meio ponto foi subtraído.
Os pacientes realizaram o teste timed up and go
(PAULA, PRATA, 2007) com calçados, iniciando
a partida com as costas apoiadas na cadeira.
Em seguida, foram instruídos a se levantar,
percorrer um trecho de 3 metros até um ponto
pré-determinado, regressar e sentar-se apoiando
as costas na cadeira. Os pacientes foram
instruídos a não conversar durante a execução
do teste e realizá-lo o mais rápido possível.
Programa de tratamento
O grupo controle foi avaliado e recebeu orientações
sobre a prevenção de quedas, entretanto não
participou do programa de exercícios.
Os integrantes dos grupos multissensorial e
resistido foram submetidos à realização de
exercícios durante quarenta e cinco minutos,
duas vezes por semana, totalizando oito semanas
(SKELTON & MCLAUGHLIN, 1996; SCHLICHT et
al., 2001 apud ARAÚJO, 2010) de trabalho, conforme
protocolo elaborado pela equipe e apresentado a
seguir.
A pressão arterial foi verificada no início e no
fim de cada sessão, e caso o sujeito apresentasse
alteração significativa, o treinamento era postergado
34
(segundo a Organização Mundial da Saúde,
OMS, a pressão sistólica máxima é de 160 mmHg
e diastólica máxima é de 89 mmHg). Além
disso, o exercício era interrompido caso o sujeito
apresentasse alguma alteração incomum, como
sinais de dor ou fadiga inesperados.
Os exercícios multissensoriais foram compostos por
dez estações em forma de circuito, com exercícios de
equilíbrio, coordenação motora e controle postural
em varias posições. Cada atendimento foi composto
das seguintes fases: aquecimento com caminhada
de dez minutos (SILVA et al., 2008) e exercícios
multissensoriais com duração de trinta minutos. Os
idosos realizaram os exercícios individualmente em
tempo determinado de 3 minutos em cada estação,
passando para a próxima estação por meio de
comando de voz do fisioterapeuta responsável.
Descrição das estações
Estação 1: O idoso começou em posição sentada e
percorreu a distância de 3 metros. Contornou uma
garrafa PET e retornou à posição inicial no menor
tempo possível.
Estação 2: O idoso começou sentado, levantou-se,
caminhou sobre as marcas paralelas no chão, simulando
marcha com passadas largas. Logo após, retornou
ao ponto de partida, realizou um giro de 360° e
sentou-se, finalizando o exercício.
Estação 3: O circuito desta estação foi composto
por cinco garrafas PET distribuídas em linha reta
separadas umas das outras por uma distância de
50 cm. O idoso caminhou em zigue-zague entre as
garrafas. Quando chegou ao fim do circuito, voltou
para a posição inicial.
Estação 4: O idoso caminhou em linha reta em
cima da marca feita no chão, com um pé na frente
do outro, sem dar espaços entre as passadas.
Caminhou até o final da linha de três metros.
Estação 5: Foram colocadas duas bolas em pontas
opostas de um quadrado de 1,5 m2 desenhado no
chão. O idoso teve que se agachar, pegar uma das
bolas, levar para a ponta oposta do quadrado e
trocar as bolas, levando a que estava no chão para a
ponta do quadrado onde estava a primeira bola.
Estação 6: O idoso caminhou de costas sobre uma
linha reta marcada no chão e ao final fez um giro de
180°, retornando ao ponto de partida.
Estação 7: O idoso realizou apoio unipodal na
marca feita no chão, primeiro com o membro
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 4
inferior direito e depois com o membro inferior
esquerdo, mantendo o equilíbrio por 20 segundos.
Estação 8: O idoso começou o exercício realizando
uma marcha sem sair do lugar seguida de uma
contagem de 10 segundos. Logo após iniciou
marcha sobre as marcas estabelecidas no chão;
chegando ao final das marcas, realizou contagem
seguida de marcha novamente sem sair do lugar e
retornou para o início da atividade.
Estação 9: O idoso ficou em pé sobre uma marca
delimitada no chão, com uma bola entre as mãos,
e buscou acertá-la dentro de um cesto a uma
distância de 4 metros.
Estação 10: Havia dois bambolês no chão. O idoso
teve de pegar o primeiro e passar por dentro dele
iniciando pela parte superior do corpo (cabeça);
depois, iniciou pelos membros inferiores. O idoso
realizou essa atividade quantas vezes conseguiu.
Os exercícios resistidos foram realizados utilizando
como resistência a gravidade, o peso corporal do
indivíduo e faixas elásticas, utilizadas em costura,
sem realizar implementação de cargas progressivas
pelo fato de os indivíduos apresentarem condições
sedentárias, como dificuldade de marcha e
hipotrofia muscular. Exercícios concêntricos e
excêntricos tiveram duas séries de oito repetições
(SILVA et al., 2008). Cada atendimento foi composto
das seguintes fases: aquecimento com caminhada
e duração de 10 minutos (SILVA et al., 2008),
exercícios resistidos de 30 minutos de duração.
Exercícios em posição de decúbito dorsal
1) Idoso deitado ao solo em decúbito dorsal
executou uma flexão de quadril até a altura do
joelho oposto, primeiramente com o membro
direito, após duas séries de oito repetições,
alternadamente.
2) Idoso deitado ao solo em decúbito dorsal realizou
uma flexão de quadril com os dois membros
paralelos, levantou os calcanhares entre 30 a 40 cm.
Foram realizadas duas séries de dez repetições.
3) Idoso deitado ao solo em decúbito dorsal realizou
uma flexão de quadril de 30° a 40° com os dois
membros paralelos seguida de uma abertura dos
mesmos formando o ângulo máximo suportável
para sua estrutura, retornou com o membro elevado
e apoiou o mesmo ao chão; executou duas séries de
dez repetições.
4) Idoso deitado ao solo em decúbito dorsal
executou uma flexão de joelho a 90°, com apoio
total da parte plantar ao solo, fez uma extensão de
quadril elevando a parte glútea do solo. Executou
duas séries de dez repetições.
Exercícios em posição sentada
1) Idoso sentado numa cadeira comum, apoiando
o membro superior na cadeira ao lado do quadril,
realizou uma extensão de joelho total. Executou
duas séries de 10 repetições.
2) Idoso sentando numa cadeira comum, apoiando
o membro superior na cadeira ao lado do quadril,
realizou uma extensão de joelho, retornando
à posição inicial. Executou duas séries de oito
repetições.
3) Idoso sentado com os joelhos flexionados e a
parte plantar fixada no chão, com uma bola entre a
articulação dos joelhos, executou adução de quadril
exercendo pressão sobre a bola; executou duas
séries de oito repetições.
Exercício em posição em pé
1) Idoso em pé apoiado a uma cadeira executou
uma flexão total de quadril juntamente a uma
flexão total de joelho. Executou duas séries de oito
repetições em cada membro.
2) Idoso em pé com um elástico envolvendo os
dois membros, que estavam em extensão de joelho,
executou uma abdução tencionando o elástico
envolvido. Executou duas séries de oito repetições.
3) Idoso em pé apoiado a uma cadeira em leve
flexão de joelho realizou um agachamento que
permaneceu no limite de 30° a 90°. Executou duas
séries de oito repetições.
Ao término do programa, os sujeitos foram
reavaliados com base nos mesmos procedimentos
da avaliação inicial. Após quatro semanas do
término, foram submetidos aos mesmos testes.
Resultados
A amostra foi composta por 12 indivíduos, na
faixa etária dos 60 aos 90 anos, sendo quatro
homens (33,3%) e oito mulheres (66,7%). Esses
sujeitos foram divididos igualmente em três
grupos de quatro indivíduos: GM (grupo
multissensorial), com média de idade de 80
anos, GR (grupo resistido), com média de idade
de 82 anos e GC (grupo controle), com média
de idade de 80,5 anos. Nos resultados a seguir,
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
35
Artigo 4
são apresentadas as médias de cada grupo nos
testes TUG, BERG e sentar/levantar no formato
de tabela e/ou gráfico da avaliação, reavaliação
e destreinamento.
Gráfico 1 - Médias do TUG nos três grupos
(multissensorial, resistido e controle)
TESTE TUG (segundos)
60
49 50
50
54
27 28
30
0
10
7
7
MULTISSENSORIAL
RESISTIDO
AVALIAÇÃO
REAVALIAÇÃO
CONTROLE
DESTREINAMENTO
3,3
TESTE BERG (Escore)
60
49
55 55
43
40
30
40
32
31 28 29
RESISTIDO
CONTROLE
20
10
MULTISSENSORIAL
AVALIACAO
2,5 2,5
REAVALIAÇÃO
DESTREINAMENTO
Fonte: Elaborado pelos autores.
Comparando os dados coletados no teste
de BERG, observou-se melhora de 11% na
reavaliação referente aos pontos adquiridos
pelo grupo multissensorial, e mesma
pontuação no destreinamento. Na reavaliação,
os participantes do grupo resistido, em
relação à reavaliação do BERG, tiveram
2,5
3,0
2,3
1.8
-
1,8 1,8
0,8
1,0
MULTI.
(sentar)
0,5 0,5
0,25
0,5
0,3
MULTI.
RESIS.
RESIS.
(levantar) (sentar) (levantar)
AVALIAÇÃO
Gráfico 2 - Médias do BERG nos 3 grupos
(multissensorial, resistido e controle)
36
4,8
2,0
De acordo com os dados coletados, observou-se
melhora de 30% nos participantes do grupo
multissensorial e de 28% nos participantes do
grupo resistido em relação à reavaliação do TUG;
essa média foi mantida no destreinamento. Já no
grupo controle ocorreu piora de 2% no tempo
de execução do teste na reavaliação e de 8% no
destreinamento.
0
4,9
4,5
3,0
Fonte: Elaborado pelos autores.
50
TESTE SENTAR/LEVANTAR (Escore)
6,0
4,0
20
10
Gráfico 3 - Médias do teste sentar/levantar nos
três grupos (multissensorial, resistido e controle)
5,0
38
40
melhora de 26% e diminuíram essa média no
destreinamento, o que reduziu seu escore em
7%. Já no grupo controle ocorreu piora de 10%
no desempenho na reavaliação, e de 2% no
destreinamento.
REAVALIAÇÃO
CONT.
CONT.
(sentar) (levantar)
DESTREINAMENTO
Fonte: Elaborado pelos autores.
Comparando os dados coletados no teste
sentar/levantar, observou-se melhora na
reavaliação dos pontos adquiridos no teste de
sentar no grupo multissensorial e praticamente
a mesma pontuação no destreinamento. Já
no teste de levantar manteve-se a pontuação
inicial da reavaliação e melhorou a pontuação
no destreinamento. Na reavaliação, os
participantes do grupo resistido apresentaram
melhora no teste de sentar e diminuição
dessa média no destreinamento. Já no
teste de levantar, tal grupo praticamente
manteve a média, mas com fator decrescente.
Já o grupo controle apresentou piora na
reavaliação do teste de sentar e mesma média
no destreinamento. No teste de levantar, o
desempenho do grupo controle na reavaliação
foi igual, com piora no destreinamento.
Os testes foram avaliados por meio de
análise descritiva, e os resultados não foram
significativos devido à amostra de participantes
de cada grupo ser inferior a 10 integrantes.
A melhora dos participantes em relação
ao teste de BERG e TUG é considerada
fundamental para se evitar uma queda, como
trofismo muscular no auxílio do equilíbrio e na
resposta de reação de proteção. Ganança et al.
(2005) relatam que o aumento do número de
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 4
quedas em idosos ocorre devido à involução
de sistemas, como aparelho vestibular, e
fatores intrínsecos, como imobilidade e
incapacidade funcional para realizar atividades
da vida diária, diminuição de força muscular
de membros inferiores, déficit de equilíbrio,
distúrbio da marcha e doenças crônicas.
Também relatam que um programa de
treinamento ou atividades físicas cujo objetivo
seja o fortalecimento de membros inferiores
auxilia em muitas funções, como o equilíbrio,
diminuem o risco de quedas.
Os dados coletados depois do treinamento
imposto aos grupos apresentam resultados
consideráveis para a manutenção do equilíbrio,
como a diminuição de tempo percorrido no
teste de TUG de 30% no grupo multissensorial
e de 28% no grupo resistido. No teste de
BERG, o grupo resistido apresentou grande
melhora em relação aos outros grupos; obteve
26% da melhora emseu escore na reavaliação,
comprovando resultado considerável do
treinamento.
Discussão
A proposta desta pesquisa foi comparar
os exercícios resistidos aos exercícios
multissensoriais, buscando avaliar qual é o
mais efetivo para a melhora do equilíbrio e,
consequentemente, para diminuir o risco de
quedas em idosos institucionalizados.
O estudo de Paula (2007) relata que o
envelhecimento se dá de forma heterogênea,
variando de pessoa para pessoa, não podendo
um indivíduo ser classificado unicamente pela
faixa etária.
Faria (2003) cita que o envelhecimento
leva a uma série de modificações
fisiológicas inevitáveis sobre os sistemas
neuromusculoesquelético e sensorial. Essas
modificações podem gerar déficits de equilíbrio
e alterações na marcha, que predispõem o idoso
a quedas e limitações funcionais.
A independência funcional requer força
muscular, equilíbrio, resistência cardiovascular
e também motivação. Costuma-se afirmar que a
deterioração dessas capacidades é inevitável com
o envelhecimento, porém, está claro que essa
deterioração pode ser atribuída ao sedentarismo.
Isso significa que a implementação de um
programa de exercícios terapêuticos, mesmo
em idade avançada, é capaz de minimizar ou
mesmo evitar o declínio funcional acentuado,
amenizando os efeitos das doenças ou mesmo as
prevenindo (FARIA, 2003).
Considerando que, segundo Paula (2007),
a queda é um evento multifatorial, no
qual estão envolvidos perda do equilíbrio,
alterações na marcha, nos sistema sensorial
e musculoesquelético, além de fatores
ambientais, o presente estudo contemplou
atividades de treinamento do equilíbrio, da
marcha e treinamento muscular, contribuindo
para a diminuição do risco de quedas,
ponderando a afirmação que depois de uma
queda com consequências mais graves, como
fraturas, internações e perda de independência,
o idoso pode apresentar a síndrome pós-queda,
que pode interferir em sua vida tanto do
ponto de vista físico quanto social. Assim, esse
indivíduo passa a ter medo de sair de casa e
limita suas atividades (PAULA, 2007).
Em estudo de Soares e Sacchelli (2007), os idosos
que realizaram programa cinesioterapêutico
apresentaram melhora no equilíbrio, o que
possivelmente diminui o risco de queda e
aumenta a independência para a realização das
atividades diárias. Esse achado foi comprovado
no presente estudo, já que foi relatada, pelos
idosos atendidos, melhora na independência
para as atividades diárias, como levantar de
uma cadeira, sentar na poltrona, deambulação,
subir e descer escadas, tomar banho e realizar a
higiene pessoal.
O equilíbrio consiste em manter o centro
de gravidade (CG) numa base de suporte
que proporcione maior estabilidade nos
segmentos corporais durante situações estáticas
e dinâmicas. O corpo deve ser hábil para
responder às translações do seu CG impostas
voluntária e involuntariamente (FARIA et
al., 2003). O mesmo autor descreve que com
base nos estudos analisados, o fortalecimento
muscular foi efetivo em melhorar a força dos
músculos, a mobilidade funcional e o equilíbrio
de indivíduos idosos.
Exercícios que exigem equilíbrio estimulam
o sistema de controle motor e favorecem
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
37
Artigo 4
ganhos de força muscular, a melhoria dos
mecanismos de propriocepção, a diminuição
dos desequilíbrios musculares causadores de
desvios posturais e maior sinergia entre os
músculos durante um movimento. Exercícios
que forçam o indivíduo a manter seu centro de
gravidade dentro da base de suporte melhoram
o equilíbrio (CAMPOS et al., 2004).
Nos resultados obtidos depois do
destreinamento, foi observado efeito duradouro
ou manutenção dos escores na EEB, TUG e
sentar/levantar pela aplicação dos exercícios
multissensoriais. Com a aplicação dos exercícios
resistidos, não houve manutenção dos mesmos
escores de pontuação. Carvalho (2003) relata
em seu trabalho que existe uma especificidade
de adaptação ao treino e de desadaptação
após destreino relacionada ao instrumento de
avaliação utilizado.
No decorrer da aplicação dos treinamentos
deste estudo, observou-se um déficit motor e
social relevante nos idosos institucionalizados,
correlacionado com o estudo de Davim et al.
(2004), onde é citado que os asilos, geralmente,
são casas inapropriadas e inadequadas às
necessidades do idoso, não lhes oferecendo
assistência social, cuidados básicos de higiene e
alimentação.
Conclusão
Após o tempo de destreinamento (30 dias sem
atividades), observou-se a manutenção do
equilíbrio e da qualidade da marcha apenas no
grupo que realizou exercícios multissensoriais.
Já no grupo que realizou exercícios resistidos,
houve declínio na velocidade da marcha (TUG)
e no escore de BERG quando reavaliados após
o destreinamento.
Com isso, concluiu-se que a atividade com
maior ganho e manutenção do equilíbrio
aconteceu no grupo multissensorial,
diminundo dessa forma a incidência de queda
nos idosos institucionalizados. Isso deixa claro
que, na falta de qualquer atividade física, como
observada no grupo controle, ocorre um déficit
motor devido ao sedentarismo, à senilidade e/
ou senescência dos idosos.
Sugere-se a realização de novas pesquisas
usando as técnicas incluídas neste estudo com
38
um grupo maior de participantes, além de
comparação entre idosos institucionalizados e
não institucionalizados a fim de observar com
maior fidedignidade os efeitos dos exercícios
físicos sobre o equilíbrio e risco de quedas de
idosos.
REFERÊNCIAS
1. ALFIERI, M. F. Mobilidade funcional
de idosos submetidos a exercícios
multissensoriais. Motricidade On Line, 2008.
2. ARAÚJO, M. M. Efeitos dos exercícios
resistidos sobre o equilíbrio e a funcionalidade
de idosos saudáveis: artigo de atualização.
Revista Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v.
17, n. 3, , jul./set. 2010, p. 277-83.
3. AVEIRO et al. Efeitos de um programa
de atividade física no equilíbrio e na força
muscular do quadríceps em mulheres
osteoporóticas visando a uma melhoria na
qualidade de vida. Revista Brasileira Ci. e
Mov., Brasília, v. 12, set. 2004, p. 33-38.
4. BASTONE, A. C.; JACOB FILHO, W. Effect of
na exercise program on fuctional performance
of institutionalized elderly. Journal of
Rehabilition Research & Development, São
Paulo, v. 41, 2004, p. 659-668.
5. CARVALHO, J. et al. Efeito de um programa
de treino em idosos: comparação da avaliação
isocinética e isotônica. Revista Paulista
Educação Física, São Paulo, 2003, p. 74-84.
6. CARVALHO, J.; PINTO, J.; MOTA, J. Actividade
física, equilíbrio e medo de cair. um estudo em
idosos institucionalizados. Revista Port. Ciênc.
Desp., São Paulo, ed. 7, 2001, p. 225-231.
7. CASTRO et al. Estudo da marcha em
Idosos – resultados preliminares. Revista Acta
Fisiátrica, Rio de Janeiro, 2000, p. 103- 107.
8. CHAIMOWICZ, F. & GRECO, B. D.
Dinâmica da institucionalização de idosos em
Belo Horizonte, Brasil. Revista Saúde Pública,
33 (5), 1999.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 4
9. COSTA, J. N. A. Efeitos de um circuito
de exercícios sensoriais sobre o equilíbrio
funcional e a possibilidade de quedas em
mulheres idosas. Dissertação apresentada à
Faculdade de Educação Física da Universidade
de Brasília, DF, 2010.
10. DAVIM et al. Estudo com idosos de
instituições asilares no município de Natal/
RN: características socioeconômicas e de saúde.
Revista Latino-americana Enfermagem,
Ribeirão Preto, v. 12, n. 3 maio/jun. 2004.
11. DIAS, R. M. R.; MARUCCI, M. F. N.
Benefícios do treinamento com pesos para
aptidão física de idosos. Acta Fisiatr., 13(2):
90-95, 2006.
12. FARIA et al. Importância do treinamento
de força na reabilitação da função muscular,
equilíbrio e mobilidade de idosos. Acta
Fisiátrica, 10(3): 133-137, 2003.
13. WILSON FILHO, J.. Atividade física e
envelhecimento saudável. Revista Brasileira Educ.
Fís. Esp., São Paulo, v. 20, n. 5, set. 2006, p. 73-77.
14. FREITAS, E. V. et al. Tratado de geriatria
e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2002.
15. GANANÇA, F. F. et al. Circunstâncias
e consequências de quedas em idosos com
vestibulopatia crônica. Revista Brasileira de
Otorrinolaringologia, ed. 72, 2006.
16. GUIMARÃES et al. Comparação da
propensão de quedas entre idosos que praticam
atividade física e idosos sedentários. Revista
Neurociências, v. 12, n. 2, abr./jun. 2004.
17. HERDMAN, S. J. Reabilitação vestibular. 1.
ed. Barueri: Manole. 2002.
18. KAUFFMAN, T. L. Manual de reabilitação
geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
19. KENNETHA, B. D. O impacto do treino
de resistência à instabilidade no equilíbrio e
estabilidade. Revista Sports Med., 35: 43-53, 2005.
20. LIRA, V. A.; ARAUJO, C. G. S. Teste de sentarlevantar: estudos de fidedignidade. Rev. Bras.
Ciên. e Mov., Brasília, v. 8, n. 2, 2000, p. 9-18.
21. MACIEL, A. C. C.; GERRA, R. O. Prevalência
e fatores associados ao déficit de equilíbrio
em idosos. Revista Brasileira Cinesiologia e
Movimento, ed. 13, 2004, p. 37-44.
22. MACHADO, A. Neuroanatomia funcional.
2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006.
23. MAZZEO, R. S. et al. Exercício e atividade
física para pessoas idosas: Colégio Americano
de Medicina Esportiva, posicionamento oficial.
Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde,
v. 3, n. 1, jan. 1998. p. 48-78.
24. MONTEIRO, C. P. R. S. O destreino na
terceira idade – estudo em idosos dos 65
aos 95 anos de idade. Dissertação Faculdade
de Ciências do Desporto e Educação Física.
Universidade de Coimbra, Coimbra, 2006.
25. OKUMA, S. S. O idoso e a atividade física.
4. ed. São Paulo: Papirus, 1998.
26. PAULA, F. L.; PRATA, H. Teste timed
“up and go”: uma comparação entre valores
obtidos em ambiente fechado e aberto. Rev.
Fisioterapia em Movimento, Curitiba, v. 20, n.
4, 2007, p. 143-148.
27. PICKLES, B. et al. Fisioterapia na Terceira
Idade. 2. ed. São Paulo: Livraria Santos, 2000.
28. PHILIP, J. R. Cinesiologia e Anatomia
Aplicada. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1991.
29. PHILLIPS, W. & HASKEL. Muscular fitness
easing the burden of desability for elderly
adults. Jornal Aging and Physical activiy, São
Paulo, 1995, p. 261-289.
30. POWERS, K. S. Fisiologia do Exercício. 1.
ed. São Paulo: Manole, 2000.
31. REBELATTO, J. R.; MORELLI, J. G. S.
Fisioterapia geriátrica. 2. ed. Barueri: Manole,
2004.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
39
Artigo 4
32. REBELATTO, JR.; CASTRO, A. P. Efeito do
programa de revitalização de adultos sobre a
ocorrência de quedas dos participantes. Revista
Brasileira de Fisioterapia, São Paulo, set./out. ,
2007, p. 383-389.
abordagem específica, não sistematizada e
breve. Revista Acta Fisiatr. Minas Gerais, 2006,
p. 17-24.
33. RIBAS et al. Avaliação fisioterapêutica da
marcha em idosas institucionalizadas. Revista
Rubs, Curitiba, 2005, p. 33-37.
34. SILVA, A. et al. Equilíbrio, coordenação e
agilidade de idosos submetidos à prática de
exercícios físicos resistidos. Revista Bras. Med.
Esporte, ed. 14, 2008.
35. SILVA, P. R. Efeito do treinamento muscular
realizado com pesos, variando a carga contínua
e intermitente em jogadores de futebol. Acta
Fisiátrica, 8(1): 18-23, 2001.
36. SOARES, M. A.; SACCHELLI, T. Efeitos da
cinesioterapia no equilíbrio de idosos. Revista
Neurocienc. São Paulo: 2007. p. 97-100.
37. PEDRO, E. M.; AMORIM, D. B. Análise
comparativa da massa e força muscular e do
equilíbrio entre indivíduos idosos praticantes
e não praticantes de musculação. Revista
Conexões, São Paulo, v. 6, 2007. p. 173-182.
38. TRANCOSO, E. S. A. F.; FARINATTI, P.
T. V. Efeito de doze semanas de treinamento
com peso sobre a força muscular de mulheres
com mais de sessenta anos de Idade. Revista
Paulista de Educação Física, São Paulo, 2002.
p. 220-29.
39. TRIBESS, S.; JUNIOR S. J. Prescrição de
exercícios físicos para idosos. Revista Saúde
Com., 1(2): 163-172, 2005.
40. TORMEN, M. L. S. Efeito do treinamento
e destreinamento de hidroginástica no
perfil lipídico e na remodelação óssea em
mulheres pré-menopáusicas. Programa de
Pós-Graduação em Educação Física, nov. 2007,
UFRS, Porto Alegre, RS.
41. ZAMBALDI et al. Efeito de um treinamento
de equilíbrio em um grupo de mulheres
idosas da comunidade: estudo piloto de uma
40
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 5
Hidrocinesioterapia em gerontologia:
uma revisão da literatura
Aquatic Therapy in Gerontology: a literature review
Cristiane Regina Gruber1
Edlaine Yara Kuhnen2
Eduardo Ribeiro Dutra2
Poliane Domingos de Oliveira2
1. Fisioterapeuta, mestre em Engenharia Elétrica e Informática Industrial
pelo CEFET-PR e docente da Faculdade Dom Bosco
2. Acadêmicos do 5º período de Fisioterapia da Faculdade Dom Bosco
RESUMO
Conceituado como processo dinâmico
e progressivo, o envelhecimento leva a
modificações fisiológicas e morfológicas
que resultam na limitação do organismo.
Esse fator torna os indivíduos suscetíveis
a agressões intrínsecas e extrínsecas que
podem ou não resultar no óbito do idoso.
É comum verificarmos a procura dessa
geração por tratamentos curativos e cuidados
preventivos, visando à melhor qualidade
de vida. O presente estudo tem por objetivo
analisar a atuação da hidrocinesioterapia
em gerontologia. Para sua realização foram
consultadas as bases de dados Lilacs, Medline
e Scielo no período de 2005 a 2011. Foram
selecionados 11 artigos que tratavam do
assunto em questão. A partir dessa revisão,
verificou-se que as áreas da fisioterapia que
abrangem de maneira específica a gerontologia
estão em ascendente crescimento. Inúmeros
estudos demonstram diretamente os benefícios
que a hidrocinesioterapia, por meio de métodos
como Bad Ragas, Halliwick e Watsu, pode
proporcionar aos idosos de maneira geral ou
focada em determinado tipo de patologia.
physiological changes that result in limiting the
body. This factor makes individuals susceptible
to intrinsic and extrinsic aggressions that may
or may not result in the death of the elderly. It
is common to verify demand of this generation
in question for curative treatment and
preventive care seeking a better quality of life.
This present study aims to examine the role of
hydrotherapy in gerontology. To accomplish
these databases Lilacs, Medine and Scielo
have been consulted from the period 2005 to
2011. We selected 10 articles that mentioned
the subject. Through this review, we can see
that the areas of physical therapy that include
specific way of gerontology are in upward
growth. Numerous studies show that directly
through methods such as hydrotherapy Bad
Ragas, Halliwick and Watsu can benefit the
elderly in general, or focus on a particular type
of pathology.
Keywords: aging, hydrotherapy, Bad Ragaz,
Halliwick, Watsu, strengthening, relaxation,
stretching, physiological effects.
Introdução
Segundo Rebelatto e Morelli (2002 apud
MOBBS, 2001), o envelhecimento é um
processo gradual e espontâneo de mudanças
biológicas que resulta na maturação e no
crescimento durante a infância, puberdade e
idade adulta e no declínio durante a meia idade
e a idade tardia.
ABSTRACT
Para Guccione (2002), as alterações que
ocorrem nos sistemas orgânicos e fisiológicos
associada à idade são de grande importância
à saúde pública e encontram-se em rápido
crescimento na população idosa. A redução da
capacidade funcional somada à atividade física
diminuída, comumente encontradas em idosos,
não descreve envelhecimento.
Renowned as a dynamic and progressive
process, aging presents morphological and
Para o autor supracitado, as habilidades dos
idosos tornam-se cada vez mais limitados para
Palavras-chave: envelhecimento, hidroterapia,
Bad Ragaz, Halliwick, watsu, fortalecimento,
relaxamento, alongamento, efeitos fisiológicos.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
41
Artigo 5
desempenhar as atividades de vida diária
devido ao equilíbrio precário, à resistência
reduzida, fraqueza global ou a quedas
repetitivas.
O autor complementa relatando que a massa
magra, o nível de metabolismo normal,
a capacidade aeróbica e a sensibilidade à
insulina encontram-se diminuídos se o nível de
atividade física for baixo, bem como de acordo
com a idade.
Biasoli e Machado (2006) relatam que a água
tem sido descrita como recurso curativo
desde a civilização grega, em torno de 500
a.C. Há também relatos de que Hiócratres já
utilizava a hidroterapia em meados de 460-375 a.C em pacientes com doenças reumáticas
e neurológicas, aplicando, dentre outros
métodos, banhos de imersão para amenizar
espasmos musculares e doenças articulares.
A hidrocinesioterapia é constituída por
um conjunto de técnicas terapêuticas
fundamentadas no movimento humano.
Trata-se da fisioterapia na água ou da prática
de exercícios terapêuticos em piscinas,
associados ou não a manuseios, manipulações,
hidromassagem e massoterapia, adaptadas em
programas de tratamento específicos para cada
paciente.
Os efeitos fisiológicos da hidroterapia resultam
dos exercícios executados e dependem da
temperatura, pressão hidrostática, duração do
tratamento e da intensidade dos exercícios.
Deve-se levar em consideração, porém, que
esses efeitos podem sofrer alterações de acordo
com a patologia do paciente.
Segundo Biasoli e Machado (2006), a
hidrocinesioterapia é indicada para alívio da
dor e do espasmo muscular, relaxamento,
aumento da circulação sanguínea, melhora das
condições da pele, melhora/ganho de ADM,
treinamento para a marcha, recuperação para o
pós-cirúrgico e fortalecimento.
42
tratamento preventivo, tratamento curativo,
hidrocinesioterapia, psicomotricidade,
fortalecimento, relaxamento, alongamento
e métodos Bad Ragaz, watsu, Halliwick
publicados de 2005 a 2011.
Foram selecionados e incluídos nesta revisão
apenas estudos na íntegra que discorreram
sobre a atuação da fisioterapia, especificamente
da hidrocinesioterapia, para o tratamento de
maneira geral em idosos.
Resultados
Foram selecionados onze artigos que
descreviam alguma forma de atuação
da fisioterapia, mais especificamente da
hidrocinesioterapia em gerontologia, como
recurso no tratamento preventivo e curativo
de uma gama de patologias que acometem a
população idosa.
Pôde-se verificar que a hidrocinesioterapia é
utilizada com o objetivo de fortalecer, alongar,
relaxar, melhorar o equilíbrio e a marcha dos
pacientes, bem como a circulação, visando
prevenir, retardar ou até mesmo tratá-los.
Todos os objetivos citados anteriormente
podem ser alcançados por meio de métodos
como Bad Ragaz, watsu, Halliwick, trabalhos
de equilíbrio, noção corporal, noção de espaço,
dentre os pilares da psicomotricidade, carros-chefe na hidroterapia.
Foi observado que esses recursos, quando bem
empregados, podem reduzir ou até eliminar
os sintomas de cada patologia e devolver a
funcionalidade muscular, articular e ligamentar
dos pacientes em questão.
Todos os artigos enfatizam a importância da
hidrocinesioterapia para tratamento dos idosos,
principalmente devido aos seus benefícios
duradouros, , fazendo a procura por essa forma
de tratamento aumentar com o passar do
tempo.
Materiais e métodos
Discussão
Trata-se de revisão da literatura realizada
nas bases de dados Medline, Lilacs e Scielo.
Os descritores usados para tal pesquisa
foram envelhecimento, fisioterapia,
Fichmam et al. (2005) relatam ser o
envelhecimento um fenômeno de ordem
mundial que afeta a saúde pública. Dessa forma,
O processo de envelhecimento
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 5
os autores levam em consideração a importância
de se fazer o diagnóstico de demências o mais
precocemente possível.
Segundo Freitas et al. (2002), o processo de
envelhecimento e sua consequência natural,
a velhice, são uma das preocupações da
humanidade desde o início da civilização.
Rebelatto e Morelli (2007) citam que o aumento
da população idosa é visto com maior
frequência em países desenvolvidos, quando
comparados a países em desenvolvimento. Os
autores ainda relatam que além do processo
de envelhecimento, há acúmulo de doenças
crônicas que acometem tal população.
De acordo com Rebelatto e Morelli (2002 apud
MOBBS, 2001)
O envelhecimento é um processo gradual e
espontâneo de mudanças biológicas do homem,
que resulta na maturação e no crescimento
durante a infância, puberdade e idade adulta,
e no declínio durante a meia-idade e a idade
tardia.
Para Guccione (2002), as alterações que ocorrem
nos sistemas orgânicos e fisiológicos associados
à idade são causas de grande importância
de saúde pública em rápido crescimento na
população idosa. A redução da capacidade
funcional somada à atividade física diminuída,
comumente encontrados em idosos, não
descreve envelhecimento.
Para o autor supracitado, os idosos tornam-se
cada vez mais limitados nas habilidades para
desempenhar as atividades de vida diária,
devido ao equilíbrio precário, à resistência
reduzida, fraqueza global ou a quedas
repetitivas.
O autor complementa relatando que a massa
magra, o nível de metabolismo normal, a
capacidade aeróbica e a sensibilidade à insulina
diminuem se o nível de atividade física for
baixo, bem como de acordo com a idade.
Hidrocinesioterapia e seus benefícios
Biasoli e Machado (2006) relatam que a água
vem sido descrita como recurso curativo
desde a civilização grega, em torno de 500
a.C. Há também relatos de que Hiócratres já
utilizava a hidroterapia em meados de 460-375
a.C. em pacientes com doenças reumáticas e
neurológicas, aplicando, dentre outros métodos,
banhos de imersão para amenizar espasmos
musculares e doenças articulares.
A hidrocinesioterapia é constituída por um
conjunto de técnicas terapêuticas fundamentadas
no movimento humano. Trata-se da fisioterapia
na água ou da prática de exercícios terapêuticos
em piscinas, associados ou não a manuseios,
manipulações, hidromassagem e massoterapia,
adaptadas em programas de tratamento
específicos para cada paciente.
Os efeitos fisiológicos da hidroterapia resultam da
prática de exercícios e dependem da temperatura,
pressão hidrostática, duração do tratamento e
intensidade dos exercícios. Deve-se levar em
consideração, porém, que esses efeitos podem
sofrer alterações de acordo com a patologia do
paciente.
Bruni, Granado e Prado (2008) relatam que
devido ao aumento da população idosa no
Brasil, o número de pessoas que apresentam
deterioração das aptidões físicas também está
aumentando.
A hidroterapia é um recurso da fisioterapia
intensamente procurado por indivíduos
da terceira idade devido aos benefícios
que proporciona. O método, que associa as
propriedades físicas da água à cinesioterapia,
é considerado ideal para prevenir, manter,
retardar, melhorar e tratar as disfunções físicas
características do envelhecimento.
Esse tipo de atividade pode ser associado com
exercícios de equilíbrio, força e propriocepção.
O equilíbrio pode ser alcançado por meio
de treinamento muscular, resultando na
diminuição das quedas.
Quando inserido em meio aquático, o corpo
do idoso é exposto a diferentes forças físicas,
e como resposta o corpo realiza uma série de
adaptações fisiológicas.
Bruni, Granado e Prado (2008) concluíram que
o estudo em questão apresentou resultado
significativo para a melhora de equilíbrio
postural e da marcha.
Segundo Biasoli e Machado (2006), as indicações
da hidrocinesioterapia são alívio da dor, do
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
43
Artigo 5
espasmo muscular, relaxamento, aumento da
circulação sanguínea, melhora das condições
da pele, melhora/ganho de ADM, treinamento
para a marcha, recuperação pós-cirúrgica e
fortalecimento.
Os mesmos autores também citam as
contraindicações absolutas: feridas infectadas
e não tratadas, tratamento radioterápico em
andamento, infecções de pele e gastrointestinais.
As contraindicações relativas são compostas
por período menstrual, incontinência fecal e
urinária, lesões cognitivas ou funcionais, dentre
outras.
Corroborando com os autores acima, Sarmento
e Cordeiro (2011) relatam que, por ser segura, a
hidrocinesioterapia é indicada para a população
idosa; além do menor risco de quedas durante
a atividade, há boa aceitação e adesão ao
tratamento. Os exercícios executados na
piscina apresentam como efeito relaxamento e
flexibilidade devido ao calor, fortalecimento de
membros inferiores e alongamento.
Técnicas utilizadas na hidroterapia
Cantos, Schutz e Rocha (2008) demonstraram
em estudo que a utilização dos métodos watsu
e Halliwick em portadores de doenças crônicas
apresentou benefícios.
O método Halliwick foi usado com o objetivo
de ambientar os pacientes na piscina a 30°.
Já a técnica watsu foi incluída no programa
de tratamento desses pacientes visando ao
alongamento e à consciência corporal.
Por meio do questionário de Lipp (1996), os
pesquisadores puderam determinar o nível de
estresse dos pacientes.
Durante o tratamento houve relatos de que o
nível de estresse dos pacientes caiu; muitos
afirmaram que o tratamento em água os ajudou.
Os pacientes relataram também redução da dor,
principalmente de origem muscular, e bem-estar
duradouro. Outros pacientes complementaram
dizendo que houve aumento na qualidade do
sono, de forma que se sentiam mais calmos nas
rotinas diárias.
Este estudo foi concluído com a evidência
de que os métodos supracitados agem de
forma direta sobre o controle do estresse, pois
44
diminuíram as tensões sentidas pelos pacientes.
Biasoli e Machado (2006) relatam em estudo
os métodos utilizados na hidroterapia para
tratamento de várias patologias que acometem
os idosos.
1. Método Halliwicki
Esse método foi desenvolvido por McMillian
em 1949, na Halliwicki School for Girls, em
Southgate, Londres. Inicialmente tratava-se de
técnica recreativa que visava à independência
individual na água de pacientes com alguma
incapacidade. Atualmente, o método está
associado a vários princípios, como adaptação
ambiental, restauração do equilíbrio, inibição e
facilitação.
Essas técnicas têm sido utilizadas para tratar
terapeuticamente pacientes pediátricos
ou adultos com diferentes alterações de
desenvolvimento e disfunções neurológicas.
2. Método Bad Ragaz
Bad Ragaz é uma cidade Suíça construída em
torno de um spa de água morna natural, com
três modernas piscinas cobertas. Em 1930 esse
spa começou a ser usado para a prática de
exercícios aquáticos. A técnica Bad Ragaz foi
desenvolvida na Alemanha pelo Dr. Knupfer
Ipsen; seu principal objetivo era promover a
estabilização do tronco e das extremidades
por meio de padrões de movimentos básicos
e, se resistidos, realizados segundo planos
anatômicos.
Corroborando com os autores supracitados,
Biasoli (2007) relata que nessa técnica o paciente
é posicionado na piscina em decúbito dorsal,
com auxílio de flutuadores ou “anéis” no
pescoço, pelve e tornozelos; por isso a técnica
também é designada de “método dos anéis de
Bad Ragaz”.
Em 1967, Bridgt Davis incorporou o método de
facilitação neuromuscular proprioceptiva ao
método dos anéis de Bad Ragaz.
Os objetivos dessa modalidade terapêutica são
redução de tônus muscular, pré-treinamento de
marcha, estabilização de tronco, fortalecimento
muscular e melhora da amplitude articular.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 5
3. Método watsu
Também conhecido como water shiatsu,
aquashiatsu ou hidroshiatsu, esse método foi
criado por Harold Dull em 1980. Consiste em
aplicar alongamentos e movimentos do shiatsu
zen na água, incluindo alongamentos passivos,
mobilização de articulações e “hara-trabalho”,
bem como pressão sobre “tsubos” (acupontos)
para equilibrar fluxos de energia através dos
meridianos (caminhos de energia). Há dois tipos
de posição no watsu: simples e complexas.
As simples são constituídas de movimentos
básicos e de livre flutuação. Já as complexas são
chamadas “berços”.
O fluxo de transição do watsu consiste em uma
abertura, movimentos básicos e três sessões:
berço de cabeça, embaixo da perna distante,
ombro e quadril e berço da perna próxima e
uma conclusão.
Método deep-running
Propõe a movimentação de pernas e braços com
o paciente em flutuação por meio de fixadores
(flutuadores) na pelve, sem que os pés toquem
o chão da piscina, promovendo a simulação
de marcha ou corrida com a resistência da
água eliminando o impacto articular. Essa
modalidade promove fortalecimento e
condicionamento cardiovascular.
Hidroterapia e equilíbrio
Segundo Resende, Rassi e Viana (2008), quedas
são consideradas um dos maiores problemas
de saúde pública na população idosa. É
possível verificar o aumento da morbidade e
mortalidade, bem como do custo para a família
e a sociedade como um todo.
A hidroterapia é utilizada para promover a
diminuição de quedas, visando ao tratamento de
doenças reumáticas, ortopédicas e neurológicas.
Considerado eficaz, o meio aquático
fornece benefícios durante a reabilitação
do idoso, pois além de atuar nas desordens
musculoesqueléticas, também melhora o
equilíbrio.
Ao proporcionar a diminuição da sobrecarga
existente em solo, a terapia em água resulta
na redução de quedas e lesões. Além desses
benefícios, a flutuação possibilita ao paciente
realizar movimentos que em solo lhe são
impossíveis.
Em estudo, foram utilizados como métodos de
avaliação a escala de equilíbrio de Berg (versão
brasileira) e o teste timed up e go, por meio dos
quais é possível determinar fatores de risco
que resultam em quedas, gerando a perda
de independência do idoso. Esse estudo foi
aplicado por um período de 12 semanas com
sessões de quarenta minutos, duas vezes por
semana.
Com base nas informações obtidas nos testes
supracitados, foi aplicado o protocolo de
hidroterapia com o objetivo de alcançar o
equilíbrio. O programa inclui adaptação ao
meio aquático, hidrocinesioterapia e outros
exercícios que desafiam o equilíbrio. As sessões
foram dispostas em três fases: adaptação ao
meio aquático, alongamento e exercícios para
equilíbrio estático e dinâmico.
Os exercícios foram descritos pelos autores
como controle respiratório, alongamento de
isquiotibiais, tríceps sural e ileopsoas, marcha
em círculo com as mãos dadas, mudança de
sentido esporádica, marcha em fila, marcha
para trás, marcha lateral com passos largos,
marcha com um pé a frente do outro, marcha
com parada unipodal, flexoextensão de ombros
bilateral, abdução e adução horizontal dos
ombros bilaterais.
Após doze semanas, o resultado foi o aumento
significativo do equilíbrio por meio da aplicação
da escala de Berg e do teste timed up e go.
Além disso, foi possível verificar que o risco de
quedas reduziu de maneira significativa após
o tratamento. Os autores sugerem que com a
melhora do equilíbrio o risco de quedas cai pelo
fato de o primeiro estar diretamente relacionado
ao segundo.
A maioria dos autores concorda quanto à
indicação de exercícios aquáticos para idosos
com medo e risco de queda. Pelo fato de a
água ser viscosa, ela desacelera os movimentos
executados, retardando a queda e prolongando
o tempo de retomada da postura em casos
de desequilíbrio. Já a flutuação atua como
suporte, aumentando a confiança e reduzindo
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
45
Artigo 5
diretamente o medo de cair. Dessa forma, é
possível tratar o paciente além de seus limites
de estabilidade sem temer consequências de
quedas.
Hidroterapia para analgesia e ganho de ADM
Queiroz et al. (2006) citam que a osteoartrite é
uma doença reumática degenerativa crônica
caracterizada pela degeneração progressiva
da cartilagem articular hialina, resultando
em limitação e deformidade funcional. A
osteoartrite de joelho é uma das patologias que
acometem pessoas de meia idade. Alguns sinais
e sintomas são dor localizada, que piora com
movimentos mínimos, rigidez articular matinal,
crepitação e hipotrofia, principalmente do grupo
muscular quadríceps.
Os autores consideram eficaz o tratamento
em piscina aquecida, pois esta atua de forma
direta no alívio dos sintomas, resultando em
reabilitação funcional e melhora da qualidade
de vida dos pacientes. A água possui princípios
físicos que atuam diretamente na recuperação
do paciente, dentre elas a flutuação, que reduz
o peso sobre a cartilagem lesada, tornando
os exercícios propostos para tratamento
menos dolorosos, e o calor, que proporciona
relaxamento muscular e melhora a circulação
sanguínea, gerando ganho na amplitude de
movimento.
Queiroz et al. (2006) concluem ser a
hidrocinesioterapia recurso eficaz no
tratamento com objetivo de proporcionar ao
paciente analgesia e melhora da amplitude de
movimento (ADM).
Hidroterapia e pressão arterial e frequência
cardíaca
Candeloro e Caromano (2008), por meio de
estudo, procuraram analisar os efeitos da
hidroterapia sobre a pressão arterial e frequência
cardíaca de 16 idosas entre 65 e 70 anos que
não apresentavam doenças crônicas. O estudo
foi elaborado por meio de um programa de
fortalecimento muscular e flexibilidade.
Durante os quatro primeiros atendimentos, os
pesquisadores visaram à adaptação em meio
aquático; os 28 atendimentos restantes tiveram
46
duração de uma hora cada, em duas vezes na
semana, por 14 semanas consecutivas.
O grau de dificuldade dos exercícios era
aumentado de forma gradual e em sete fases,
sendo todos realizados com os pacientes
imersos.
A PA e a FC eram mensuradas em quatro
momentos: em repouso fora da água, em
repouso três minutos após a imersão, em
imersão ao final dos exercícios e três minutos
após a saída da piscina.
Os autores justificam a escolha do públicoalvo por meio de dados que demonstram ser
as mulheres idosas e sedentárias mais sujeitas
à hipertensão arterial sistêmica (HAS), pois
durante o processo de envelhecimento há
redução da capacidade aeróbica, e esse declínio
é reforçado quando somado ao sedentarismo.
Na HAS há modificações na elasticidade do
músculo cardíaco que provocam extensão do
tempo de contração, aumento da resistência à
estimulação elétrica, espessamento do tecido
conjuntivo dos vasos que tendem a apresentar
irregularidades; esses mecanismos podem gerar
aumento da PA e os riscos de AVE, insuficiência
cardíaca e insuficiência renal podem aumentar.
Os exercícios físicos em geral podem retardar
ou impedir o aumento da PA característico do
envelhecimento, pois causam vasodilatação
periférica, resultando na redução da resistência
vascular periférica. Há também melhora na
complacência dos vasos, o que provoca redução
na frequência cardíaca de repouso.
Os autores consideram que o trabalho do corpo
imerso em água aquecida aumenta cerca de 60%
devido à ação da pressão hidrostática e do calor
da água; isso resulta no aumento da circulação
central pelo incremento do retorno venoso
e no aumento do trabalho da musculatura
inspiratória.
A alteração da capacidade pulmonar ocorre
devido à compressão da caixa torácica,
resultante da pressão hidrostática, que limita os
movimentos e aumenta a pressão dos grandes
vasos localizados no tórax.
Candeloro e Caromano (2008) verificaram queda
significativa de 5,6 mmHg em média na PA das
pacientes, sendo que a PA sistólica de repouso
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
Artigo 5
caiu em média 9,7 mmHg e na PA diastólica. Os
exercícios causaram aumento não significativo
de 1,0 bpm na frequência cardíaca (FC); dessa
forma, os autores constataram que exercícios
de força e flexibilidade em imersão com grau
de dificuldade crescente não sobrecarregaram
pacientes entre 65 e 70 anos.
Biasoli (2007) cita que a fisioterapia pode
ser utilizada para uma gama de patologias
que acometem a população idosa, sejam elas
de origem musculoesquelética, ortopédica,
reumática, neurológica ou cardiovascular.
Dentre os principais objetivos da fisioterapia,
encontramos melhoria da amplitude de
movimento (ADM), de força muscular da
mobilidade articular, das atividades da vida
diária (AVD’s), de vida profissional (AVP’s) e a
educação do paciente.
Considerada uma intervenção não
farmacológica composta por várias técnicas, a
hidroterapia visa complementar ou substituir
por tempo determinado a fisioterapia terrestre.
Essa modalidade de terapia pode ser adaptada
para atender às condições do paciente em
períodos de transição e quando ele não tolera a
fisioterapia realizada em solo, principalmente
quando não consegue sustentar o peso total ou
parcial.
Hidroterapia associada à exercícios
respiratórios
Ide et al. (2007) relatam que o envelhecimento
provoca no organismo uma série de alterações
fisiológicas, detectadas no fim da terceira década
de vida. As alterações pulmonares são discretas,
visto que a função pulmonar alterada gera alto
nível de mortalidade. Nota-se diminuição da
elasticidade pulmonar e fusão das articulações
sinoviais entre o esterno e cartilagens costais.
A diminuição na elasticidade, reunida à
hipotrofia dos músculos respiratórios, restringe
a capacidade de expansão da caixa torácica.
Os exercícios respiratórios unem movimentos de
tronco e membros superiores, associando-os a
movimentos respiratórios.
Os programas de exercícios respiratórios
em ambiente aquático apresentam grandes
vantagens em comparação aos exercícios de
solo. A temperatura favorece a complacência
de tecidos moles e articulações; o empuxo e a
pressão hidrostática levam o sistema respiratório
a trabalhar de maneira constante.
CONCLUSÃO
Sobre a intervenção da fisioterapia no tratamento
da população idosa por meio da hidroterapia,
a maioria dos artigos a indicam como opção de
tratamento para fortalecimento, alongamento e
relaxamento de diferentes segmentos do corpo.
Podemos verificar a comprovação da efetividade
da utilização da água de forma terapêutica.
Os autores citam a hidroterapia como método
primário e eficiente quando o paciente apresenta
limitações para realizar a fisioterapia em solo
e para o tratamento de diversas patologias que
acometem a população idosa.
Conclui-se que diante de uma gama de
patologias que afetam a população idosa, a
hidrocinesioterapia é um meio fisioterapêutico
eficaz para tratamento, cujos objetivos podem
ser alcançados por meio dos métodos Bad Ragaz,
que visa ao fortalecimento, Halliwick, que tem
como objetivo a ambientação em meio aquático e
a indepedência do indivíduo na piscina, e watsu,
cuja meta é levar o paciente ao relaxamento, bem
como seu alongamento.
Verifica-se, por meio deste estudo, que assim
como o processo de envelhecimento encontrase em fase ascendente no Brasil e no mundo,
os estudos relacionados à hidrocinesioterapia
também estão em fase de crescimento, pois além
de apresentar benefícios evidentes aos pacientes
em geral essa terapia age de forma direta
sobre a saúde dos idosos. Concluímos que são
necessários mais estudos focados na população
idosa, para análise dos efeitos ocorridos durante
o tratamento em água.
REFERÊNCIAS
1. BIASOLI, M. C. Tratamento fisioterápico na
terceira idade. Revista Brasileira de Medicina,
São Paulo, v. 64, edição especial, 2007.
2. BIASOLI, M. C., MACHADO, C. M. C.
Hidroterapia: aplicabilidades clínicas. Revista
Brasileira de Medicina, São Paulo, v. 63, n. 5,
2006.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
47
Artigo 5
3. BRUNI, B. M.; GRANADO, F. B.; PRADO, R.
A. Avaliação do equilíbrio postural em idosos
praticantes de hidroterapia em grupo. Revista O
Mundo da Saúde, São Paulo, v. 1. 2008, p. 56-63.
4. CANDELORO, J. M.; CAROMANO, F.
A. Efeitos de um programa de hidroterapia
na pressão arterial e frequência cardíaca
de mulheres idosas sedentárias. Revista
Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 15, n. 1,
2008.
12. REBELATTO, J. R.; MORELLI, J. G. S.
Fisioterapia Geriátrica: a prática da assistência
ao idoso. 2. ed. São Paulo: Manole, 2007.
13. SARMENTO, G. A. S. N. P.; CORDEIRO, R.
C. Fisioterapia aquática como modalidade de
tratamento em idosos não institucionalizados:
uma revisão sistemática. Revista Einstein, São
Paulo,v. 9, n. 1, 2011.
5. CANTOS, A. G.; SCHUTZ, R.; ROCHA, M.
E. O Método Watsu e Halliwick associados
com a biodança: dados preliminares de uma
população com doenças crônicas. Revista
Pensamento Biocêntrico, Pelotas, n. 10, 2008.
6. FICHMAM, H. C.; CARAMELI, P.;
SAMISCHIMA, K.; NITRINI, R. Declínio da
capacidade cognitiva durante o envelhecimento.
Revista Brasileira de Psiquiatria, Rio de Janeiro,
v. 27, n. 12, 2005, p. 79-82.
7. FREITAS, E. V.; PY, L.; NERI, A. L.;
CANÇADO, F. A. X.; GORZONI, M. L.;
ROCHA, S. M. Tratado de geriatria e
gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan , 2002.
8. GUCCIONE, A. A. Fisioterapia geriátrica. 2.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
9. IDE, M. R.; CAROMANO, F. A.; VICENTINE,
M. A. B. D.; GUERINO, M. R. Exercícios
respiratórios na expansibilidade torácica de
idosos: exercícios aquáticos e solo. Fisioterapia
em Movimento, Curitiba, v. 20, n. 2, 2007.
10. QUEIROZ, L. F.; ROSA, A. S.; PADILHA,
R. F. F.; CARVALHO, P. T. C. Efeitos da
hidroterapia em pacientes idosos com
osteoartrose de joelhos. Revista Terapia
Manual, Londrina, v. 4, n. 16, 2006.
11. RESENDE, S. M.; RASSI, C. M.; VIANA, F.
P. Efeitos da hidroterapia na recuperação do
equilíbrio e prevenção de quedas em idosas.
Revista Brasileira de Fisioterapia, São Carlos,
v. 12, n. 1, 2008, p 57-63.
48
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
NORMAS PARA APRESENTAÇÃO
DE ARTIGOS
A revista Fisioterapia em Evidência, editada
pelo curso de Fisioterapia da Faculdade Dom
Bosco, publica artigos originais e de revisão,
relatos de caso, editoriais e cartas ao editor.
Originais que não estiverem de acordo com
as normas desse gênero serão devolvidos
aos autores para adequação, antes de
ter o conteúdo examinado. Os que se
enquadrarem serão submetidos à apreciação
de dois editores, garantindo-se o anonimato
de autores e editores. Dependendo dos
pareceres recebidos, os autores poderão ser
solicitados a fazer ajustes, ainda sujeitos
à aprovação. Uma vez aceito, o texto
será submetido à edição, podendo haver
novamente solicitação de ajustes formais.
Responsabilidade e ética
O conteúdo e as opiniões expressas são
de inteira responsabilidade dos autores.
Artigos de pesquisa envolvendo sujeitos
humanos devem indicar expressa aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisas com
Seres Humanos da instituição responsável.
Pesquisas referentes a animais precisam da
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
com Animais.
Formato e conteúdo
Os textos deverão ser digitados em Word 972003, em tamanho A4, com espaçamento de
linhas duplo e fonte 12 tipo Times New Roman.
Exige-se o formato ABNT em todo o texto.
Página de rosto – deve conter:
a) título do trabalho e sua versão para o
inglês;
b) nome completo dos autores com
indicação da titulação acadêmica e inserção
institucional, nome do departamento,
curso ou laboratório dessa instituição,
acompanhado de endereço completo,
incluindo cidade, estado e país;
c) título condensado (máximo de 50
caracteres) – running title;
d) endereços eletrônico e postal do autor
principal;
e) indicação de órgão financiador de parte
ou todo do projeto de estudo, se for o caso.
Resumo – deve permitir visão panorâmica
do trabalho, conter no máximo 250
palavras e versão em inglês. Para os artigos
originais, o resumo deve ser estruturado
em objetivos, métodos, resultados e
conclusões.
Unitermos ou palavras-chave – máximo
de seis, relacionados após o resumo e o
sumário. Como guia, consulte descritores
em ciências da saúde (http://decs.bvs.br).
Estrutura do texto
• Editoriais – a convite do editor, sob
tema específico, devem conter no máximo
duas mil palavras.
• Artigos originais – devem conter
estruturalmente as partes introdução,
objetivos, métodos, resultados, discussão
e conclusão. São contribuições destinadas
a divulgar resultados de pesquisa original
inédita, passíveis de ser replicadas e/ou
generalizadas. Devem atender aos princípios
de objetividade e clareza da questão
norteadora, conter o máximo de cinco
mil palavras; tabelas e figuras não podem
exceder a sete.
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
49
• Relato de caso – com a mesma
estrutura dos artigos originais – no máximo
mil e quinhentas palavras e três tabelas.
Recomenda-se não citar iniciais do paciente.
• Artigos de revisão – compreende
avaliações críticas e ordenadas da literatura
sobre determinado assunto, devendo conter
objetivo (por que a revisão da literatura
foi realizada, indicando se ela enfatiza
algum fator em especial), fonte de dados
(critérios de seleção de artigos e métodos
de extração e avaliação da qualidade
das informações), síntese dos dados
(principais resultados quantitativos e/ou
qualitativos da pesquisa) e conclusões (com
as respectivas aplicações). Incluem-se os
procedimentos adotados e a delimitação
do tema. A extensão limita-se a três mil
palavras.
• Cartas ao editor – comentários,
discussões e críticas a artigos publicados
recentemente nesta revista, relatos de
pesquisas originais ou achados científicos
significativos. Extensão limítrofe de mil
palavras.
Referências
As referências devem seguir o modelo da
Associação Brasileira de Normas e Técnicas
(ABNT). Veja exemplos:
DAHER, S.; MATTAR, R.; SASS, N. Doença
hipertensiva específica da gravidez:
aspectos imunológicos. In: Sass N, Camano
L, Moron AF, editores. Hipertensão arterial
e nefropatias na gravidez. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006. p. 45-56.
BLIDDAL, H.; HELLESEN, C.; DITLEVSEN,
P.; ASSELBERGHS, J.; LYAGER, L. Soft-laser
therapy of rheumatoid arthritis. Scand. J.
Rheumatol. 1987. 16(4):225-8.
50
HERZOG NETO, G.; CURI, R. L. N.
Características anatômicas das vias
lacrimais excretoras nos bloqueios
funcionais ou síndrome de Milder. Rev.
Bras. Oftalmol. [periódico eletrônico]. 2003
[citado 2006 jul. 22];62(1):[cerca de 5 p.].
Disponível em: <www.sboportal.org.br>.
FREIRE, M. Exercícios aeróbicos e lombalgia
[dissertação]. São Paulo: Disciplina de
Reumatologia, Universidade Federal de São
Paulo, Unifesp, 2000.
SACCO, I.C.N.; COSTA, P.H.L.; DENADAI,
R.C.; AMADIO, A.C. Avaliação biomecânica
de parâmetros antropométricos e dinâmicos
durante a marcha em crianças obesas. In:
VII Congresso Brasileiro de Biomecânica,
Campinas, 28-30 maio 1997. Anais.
Campinas: Editora Unicamp, 1997. p. 447-52.
Agradecimentos
Quando pertinentes, dirigidos a pessoas
ou instituições que contribuíram para a
elaboração do trabalho, são apresentados
ao final das referências.
Apresentação eletrônica da versão final
Após comunicação do aceite ao artigo, o
autor deverá proceder a eventuais ajustes
sugeridos pelos editores, no prazo de cinco
semanas. Com a versão final editada, o
editor poderá solicitar novos ajustes e
esclarecimentos. Neste caso, o prazo será
de duas semanas.
Enviar artigos para
[email protected].
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
ISSN 2178-1672 Fisioter. Evid., Curitiba, v. 3, n. 2, julho/agosto 2012 | Revista Fisioterapia em Evidência
51
Download

FISIOTERAPIA EM EVIDÊNCIA