XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
COMPARAÇÕES
BIOMÉTRICAS
ENTRE
POPULAÇÕES DE BUTIA ERIOSPATHA (MART. EX
DRUDE) BECC. EM ÁREAS ABERTAS E
FLORESTAIS
Marcelo Callegari Scipioni - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, Curitibanos, SC.
[email protected]
Amanda Koche Marcon - Universidade Federal do Paraná, Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal,
Curitiba, PR.
Vanderlei dos Santos - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, Curitibanos, SC.
Fernanda Jungbluth - Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos, Curitibanos, SC.
INTRODUÇÃO
A espécie Butia eriospatha é uma espécie citada constantemente de formação campestre de altitude na região Sul
do Brasil. É uma espécie com alto grau de ameaça de extinção apesar de estar registrada como vulnerável (Messina
2012, Nazareno e Reis 2012). A população perdeu amplas áreas de ocorrência natural, e está constantemente
sofrendo perdas de habitat por processos antrópicos de conversão do uso do solo, principalmente pelo fato de que
estas palmeiras ocorrem naturalmente em locais preferenciais para culturas agrícolas e pastagens (Martins 2003).
A predação intensa da regeneração pelo gado e dos frutos também agrava a situação da espécie, não permitindo a
renovação das populações remanescentes. Esse processo se agravou a mais 90 anos atrás, com o aumento da
presença de gado introduzido pelos colonizadores europeus na região do planalto catarinense (Nazareno et al. 2012,
Nazareno e Reis 2014). Desta forma, Nazareno e Reis (2014) relatam que os indivíduos adultos remanescentes
estão com idade de 100 anos ou mais, sendo que muitos dos indivíduos estão morrendo por queda natural.
Em Curitibanos constatamos a presença intensa da espécie em remanescentes florestais vizinhos as áreas abertas
com butiás, vulgarmente conhecidos como butiazais. Não sabemos se a espécie está também perdendo espaço pela
expansão florestal acelerada dos últimos séculos pelas mudanças climáticas, ou se essas populações fazem também
parte do ambiente florestal. Para entender esse processo dinâmico entre esses ambientes, os portes dos indivíduos
podem auxiliar a diagnosticar mais uma ameaça à espécie, as mudanças climáticas pela expansão florestal.
OBJETIVO
O trabalho tem como objetivo conhecer e comparar a fitossociologia das populações de Butia eriosphata no
município de Curitibanos nos ambientes abertos e florestais.
METODOLOGIA
Para o levantamento fitossociológico foi adotado o método de parcelas com amostragem preferencial em áreas com
palmares de butiás, localizadas em diferentes localidades (Butiá, Tabuleiro e Marombas Caçador) no município de
Curitibanos. Ao todo foram amostrados sete palmares. Em cada área foi realizado o levantamento em dois
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ambientes distintos: interior dos fragmentos florestais e áreas de campo aberto com presença fisionômica de Butia
eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. Foram instaladas parcelas de 10 x 10 m dentro dos fragmentos florestais e nas
áreas abertas, respectivamente 44 e 70 unidades amostrais. Para a delimitação destas parcelas foram utilizadas
trenas métricas.
Dentro de cada parcela foram identificados todos os indivíduos arbóreos e as palmeiras com diâmetro superior a 5
cm, aqueles que não foram identificados no local, tiveram material botânico coletado para posterior identificação
no herbário da Universidade Federal de Santa Catarina, Campus de Curitibanos. A circunferência à altura do peito
de todos os indivíduos foram medidas com fita métrica, bem como as alturas totais com o aparelho Trupulse 200 L.
As coordenadas espaciais horizontais, X e Y, dentro das parcelas foram tomadas de todos os indivíduos. Todos os
dados coletados foram, posteriormente, digitados em planilhas do Excel para análise da densidade e comparação de
diâmetros e alturas nos dois ambientes como grupos independentes entre as populações de Butia eriospatha pelo
teste t e F.
RESULTADOS
Foram amostrados respectivamente 32 indivíduos vivos de Butia eriospatha nas áreas florestais e 59 indivíduos nos
palmares, representando respectivamente 72,7 e 140,5 ind./ha. Os diâmetros médios das palmeiras foram
respectivamente 33,5±5,4 cm e 32,5±8,5 cm no ambiente aberto. As alturas médias das palmeiras foram maiores
nas áreas florestais (8,5±1,7 m) em comparação ao ambiente aberto (8,0±1,3). Contudo, as diferenças de diâmetros
(F0,05= 0,141; P= 0,564) e altura (F0,05=4,15; P= 0,126) não foram significativas entre os ambientes, rejeitandose a hipótese H0.
DISCUSSÃO
Os parâmetros diâmetro e altura demostraram que as palmeiras apresentam o mesmo porte, indiferente do ambiente
de ocorrência, indicando que esses indivíduos são uma população originária no mesmo período temporal com
idades próximas. A maior altura média no ambiente florestal está condicionada ao maior crescimento da planta por
busca de luz entre as copas das árvores. Conforme relato de muitos autores (Nazareno et al. 2011; MMA, 2008) , a
espécie é típica de ambiente campestre de altitude, e a presença da espécie no meio da floresta, demostra que a
expansão florestal sobre os campos está diminuindo o espaço preferencial de ocorrência da espécie.
CONCLUSÃO
A expansão das florestas sobre áreas abertas dos palmares é um fator determinante para extinção da fitofisionomia.
Mas, será necessário maior número de estudos para definir se a expansão florestal é uma ameaça à espécie Butia
eriospatha ou se a espécie também faz parte da floresta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, E.R. 2003. Projeto conservação de recursos genéticos de espécies frutíferas nativas do norte Mineiro:
coleta, ecogeografia e etnobotânica. UFMG, Montes Claros. Relatório.
MMA – Ministério do Meio Ambiente. 2008. Espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção. Instrução
normativa n.6, de 23 de setembro de 2008.
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NAZARENO, A.G., ZUCCHI, M.I., REIS, M.R.S. 2011. Microsatellite markers for Butia eriospatha (Arecaceae),
a vulnerable palm species from the Atlantic Rainforest of Brazil. American Journal of Botany e198:e200.
NAZARENO, A.G., REIS, M.R.S. 2012. Linking Phenology to Mating System: Exploring the reproductive
biology of threatened palm species Butia eriospatha. Journal of Heredity, 103(6):842-852.
NAZARENO, A.G., REIS, M.R.S. 2014. At risk of population decline? An ecological and genetic approach to
threatened palm species Butia eriospatha (Arecaceae) of Southern Brazil. Journal of Heredity, 105(1):120-129.
MESSINA, T. Butia eriospatha (Mart. ex Drude) Becc. Centro Nacional de Conservação da Flora. Rio de
Janeiro, 2012. Disponível em: . Acesso em: 26 março 2015.
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comparações biométricas entre populações de butia eriospatha