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ALEITAMENTO MATERNO E SEUS DETERMINANTES
BREASTFEEDING AND ITS DETERMINANTS
Thaiane Sartori Rolla
Discente do curso de Enfermagem do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais Unileste.
[email protected]
Virgínia Maria da Silva Gonçalves
Enfermeira. Especialista em Administração Hospitalar, Mestre em Saúde. Desenvolvimento e Meio
Ambiente. Docente do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais - Unileste.
[email protected]
RESUMO
O aleitamento materno é essencial para a saúde da criança, sendo oferecido de forma exclusiva nos
seis primeiros meses de vida, e considerado complemento com outros alimentos até os dois anos de
idade. Baseado nessas informações, realizou-se uma pesquisa com abordagem qualitativa de caráter
descritivo, com o objetivo de avaliar os determinantes do aleitamento materno, na Estratégia Saúde
da Família Centro do município de São Domingos do Prata, MG, identificando junto ás mães quais os
fatores que as levam a amamentar ou não seus filhos. A amostra foi composta por 16 mães cujas
crianças teriam consulta de puericultura na referida unidade. Os dados foram coletados mediante um
roteiro de entrevista e submetidos à análise de conteúdo. Verificou-se com o estudo que 12 mães
amamentaram seus filhos até os seis meses de idade, ou estenderam esse período e apenas 4 delas
desmamaram precocemente os filhos. O estudo revelou um baixo índice de desmame precoce entre
as mães entrevistadas. Fatores como o apoio familiar, condições adequadas no trabalho, aspectos
culturais e história de vida da mãe, são parâmetros favoráveis à decisão materna pela amamentação
e pelo momento do desmame.
PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento materno. Desmame. Saúde da criança.
ABSTRACT
Breastfeeding is essential for children's health, offered exclusively in the first six months of life, and
considered a complement to other foods until the age of two. Based on this information, we carried out
a survey with a descriptive qualitative approach, aiming to assess the determinants of breastfeeding in
public health service in São Domingos do Prata, Minas Gerais, with mothers to identify which factors
the lead or not to breastfeed their children. The sample comprised 16 mothers whose children would
have child care consultation in the unit, the data were collected using a structured interview and
submitted to content analysis. There was the study that 12 mothers breastfed their children up to six
months of age, or extended this period and only four of them children weaned early. The study
revealed a low rate of early weaning among mothers. Factors such as family support, adequate
conditions at work, cultural aspects and life history of the mother, seem to favor the maternal decision
to breastfeed and the time to wean.
KEY WORDS: Breast Feeding. Weaning. Child Health.
INTRODUÇÃO
A promoção do aleitamento materno exclusivo é a intervenção isolada em
saúde pública com o maior potencial para a diminuição da mortalidade na infância.
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Durante o período da amamentação, a mulher sofre inúmeras influências do entorno
social, que interferem, muitas vezes, na decisão de continuar oferecendo o leite
materno de forma exclusiva ao filho ou introduzir alimentos complementares
(MACHADO; BOSI, 2008; TOMA; REA, 2008).
O leite materno, além de água, vitaminas e sais minerais, contém
imunoglobinas, enzimas e lisozimas e muitas outras substâncias que ajudam a
proteger a criança contra infecções, incluindo-se anticorpos, hormônios e outros
componentes que não estão presentes em fórmulas infantis de leite. Tem um papel
fundamental na redução da morbi-mortalidade por doenças infecciosas, na proteção
contra diarréias, doenças crônicas e alergias (BARROS et al., 2009; SANTOS;
SOLER; AZOUBEL, 2005).
Reuniões científicas, discussões e debates sobre a alimentação de crianças no
primeiro semestre de vida têm destacado a importância e os benefícios
proporcionados pelo aleitamento natural exclusivo, em especial nos países em
desenvolvimento, onde a sobrevivência infantil depende na maioria das vezes da
condição do bebê ser amamentado ou não (SANTOS; SOLER; AZOUBEL, 2005).
Segundo o estudo de Carrascoza, Costa Junior e Moraes (2005), o incentivo
realizado durante o pré-natal torna-se potencialmente mais útil quando seguido de
um acompanhamento periódico e sistematizado após o nascimento do bebê. É
necessário nesse momento, a atuação do enfermeiro nos grupos de educação
continuada, abordando temas sobre o incentivo ao aleitamento materno, a fim de
reforçar o que já foi abordado no pré-natal, apoiando as mães e sanando as dúvidas
que podem aparecer durante os primeiros dias após o parto.
Segundo Almeida, Fernandes e Araújo (2004) o enfermeiro deve identificar
durante o pré-natal os conhecimentos, a experiência prática, as crenças e a vivência
social e familiar da gestante com a finalidade de promover educação em saúde para
o aleitamento materno, assim como, garantir vigilância e efetividade durante a
assistência a nutriz no pós-parto.
Estudos realizados com o objetivo de conhecer a percepção da mulher-mãelactante sobre a prática da amamentação mostram a complexidade desse ato, uma
vez que envolvem inúmeros fatores, principalmente, os psicossociais. Evidencia-se,
portanto, a necessidade da capacitação do enfermeiro para atuar na assistência em
amamentação numa abordagem que vai além do biológico, compreendendo a nutriz
em todas as suas dimensões do ser mulher (ARAÚJO; ALMEIDA, 2007).
O trabalho autônomo do enfermeiro, nesta área, é possível de ser realizado, e
traz para esta categoria o reconhecimento de um profissional liberal, com
conhecimento científico, validado em seus referenciais teórico metodológico, e
principalmente, no potencial de uma profissão que está encontrando seus caminhos,
descobrindo seus desafios e suas estratégias para alcançar metas cada vez mais
ousadas e sólidas (SILVA, 2000).
O estudo permitiu conhecer e identificar os motivos que levaram as mães
participantes do serviço de puericultura da Estratégia Saúde da Família Centro, no
município de São Domingos do Prata/MG a amamentarem ou não seus filhos, bem
como a percepção das mães em questão acerca do aleitamento materno.
O desenvolvimento desse estudo possibilitará aos futuros profissionais de
enfermagem compreenderem a necessidade de instituir um processo educacional
quanto à importância do aleitamento materno, visto que possa haver um
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desconhecimento por parte das mães a respeito da importância do leite materno
para o seu filho e incentivará ainda uma assistência diferenciada às mães-lactantes,
uma vez que, os profissionais e futuros profissionais da saúde, que lerem o artigo,
estarão conscientes da importância de fornecer todas as informações necessárias
às mesmas.
O estudo teve como objetivo principal identificar os determinantes do
aleitamento materno no município de São Domingos do Prata/MG na unidade de
ESF Centro, e identificar junto ás mães quais ações educativas foram abordadas
pelos profissionais da saúde para que as mesmas tivessem conhecimento sobre o
assunto.
METODOLOGIA
O estudo teve uma abordagem qualitativa de caráter descritivo, foi realizado no
município de São Domingos do Prata, situado na microrregião do Médio Piracicaba,
no centro-leste de Minas Gerais.
O projeto de pesquisa foi aprovado pela Secretária Municipal de Saúde de São
Domingos do Prata, MG, mediante a assinatura do Termo de Autorização à
Pesquisa. As participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
A amostra foi constituída por 16 mães, cujos filhos tinham idade entre 0 a 6
meses, e que estavam agendadas e aguardavam a consulta de puericultura, na ESF
Centro. As mães foram abordadas na sala de espera da unidade, onde foi
apresentado o TCLE que depois de lido e assinado em duas vias de igual teor foi
entregue uma via a participante e a outra ficou de posse da pesquisadora, em
seguida as participantes foram encaminhadas a uma sala cedida pela enfermeira da
unidade para a coleta de dados. Os mesmos foram coletados no mês de maio de
2010, cada entrevista teve a duração de 15 minutos. Utilizou-se um roteiro de
entrevista como instrumento de coleta de dados.
Para interpretação dos dados foi utilizado o método de análise de conteúdo,
que correspondeu a uma leitura exaustiva das respostas das participantes,
permitindo a interpretação sobre o aleitamento materno e seus determinantes na
percepção das mães lactantes, tendo como base literatura cientifica. Para preservar
o anonimato das participantes, utilizaram-se letras e numerais para identificá-las
(M1, M2...).
A pesquisa foi desenvolvida de acordo com a Resolução n. 196, de 10 de
outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, que descreve os padrões éticos e
morais de pesquisa envolvendo seres humanos, garantindo os direitos dos sujeitos
da pesquisa e deveres da comunidade científica (BRASIL, 1996).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o intuito de favorecer a contextualização das participantes da pesquisa, os
dados foram apresentados em uma distribuição por frequência e porcentagem,
contendo idade, estado civil, escolaridade e ocupação das entrevistadas conforme a
TAB.1.
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TABELA 1 - Distribuição de frequência e porcentagem, por idade, estado civil, escolaridade e
ocupação. São Domingos do Prata, MG, 2010.
Porcentagem
Categorias
Frequência
Idade
<20 anos
2
12,5
21 a 30 anos
11
68,75
>30 anos
3
18,75
Estado Civil
Solteira
Casada
5
11
31,25
68,75
Escolaridade
Ensino médio incompleto
Ensino médio
6
10
37,5
62,25
9
1
6
16
56,25
6,25
37,5
100
Ocupação
Do lar
Aposentada
Trabalhadoras
Total
FONTE: Dados da pesquisa.
Verificou-se com os dados apresentados na TAB.1, que 11 mães possuem
idade entre 21 a 30 anos e 11 são casadas. Completaram o ensino médio, 10 mães,
e 9 mães não trabalham. Observa-se a partir desses dados que a maioria das mães
entrevistadas são jovens, completaram o ensino médio e não trabalham, verifica-se
por tanto que esses fatores favoreceram o sucesso da amamentação na EFS Centro
no município de São Domingos do Prata.
Segundo Faleiros, Trezza e Carandina (2006), o aleitamento materno depende
de fatores que podem influir positiva ou negativamente no seu sucesso. Entre eles,
alguns se relacionam à mãe, como as características de sua personalidade e sua
atitude frente à situação de amamentar, outros se referem à criança e ao ambiente,
como, por exemplo, as suas condições de nascimento e o período pós-parto
havendo, também, fatores circunstanciais, como o trabalho materno e as condições
habituais de vida. Os resultados do estudo realizado por Carrascoza, Costa Junior e
Moraes, (2005), permitem sugerir que quanto maior a estabilidade conjugal, maior a
chance de a mãe estender o aleitamento natural, diminuindo os riscos da ocorrência
de desmame precoce.
O trabalho representa uma grande barreira, especialmente considerando que
nas camadas mais pobres, com características menos formais de emprego (trabalho
sem registro), a mãe se vê obrigada a desistir precocemente do aleitamento materno
exclusivo, para permitir a sobrevivência dela e do filho (MACHADO; BOSI, 2008).
Ao se questionar às mães sobre a importância do aleitamento, todas acreditam
ser o leite materno um alimento importante para seus filhos:
Tudo de bom, você passa todo amor que tem para o bebê na hora da
amamentação (M.4).
É o principal alimento nos primeiros seis meses (M.6).
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[...] para mim amamentar é para ser uma criança saudável, porque é o
melhor leite (M.7).
Muito bom, previne doenças é bom para o bebê também (M.8).
[...] defesa que passa para a criança (M.15).
O leite materno é o alimento ideal para o crescimento e desenvolvimento
adequados de crianças, sendo indicado de forma exclusiva até o sexto mês e
complementado com outros alimentos até, pelo menos, 24 meses de idade, por ter
um papel fundamental na redução da morbi-mortalidade por doenças infecciosas,
proteção contra diarréias, doenças crônicas e alergias (BARROS et al., 2009;
SILVEIRA; LAMOUNIER, 2006).
Além de água, vitaminas e sais minerais, o leite materno contém
imunoglobinas, algumas enzimas e lisozimas e muitas outras substâncias que
ajudam a proteger a criança contra infecções, incluindo-se anticorpos, hormônios e
outros componentes que não estão presentes em outras fórmulas infantis de leite
(SANTOS; SOLER; AZOUBEL, 2005).
Segundo o estudo de Marques, Cotta e Araújo (2009), esta responsabilidade
da mulher-mãe perante o aleitamento, pode levá-la ao sentimento de culpa, caso
tenha insucesso no processo de amamentação, acreditando que não conseguiu
exercer completamente seu dever de boa mãe, como ilustra o relato:
[...] fiquei muito ansiosa, o que atrapalhou. Outro ponto importante foi a
ferida nos bicos do peito que ajudou o processo ser traumatizante (M.16).
Quando questionadas sobre o tempo de amamentação, verificou-se que quatro
mães, desmamaram seus filhos antes dos seis meses de idade, e nove, estenderam
o período de aleitamento para mais de seis meses, conforme os depoimentos:
Até os seis meses foi exclusivo no peito, mas vou amamentar enquanto tiver
leite (M.3).
Vou amamentar até ele ter um ano sabe? Igual eu fiz com os outros (M.9).
A pesquisa evidenciou que as mães participantes do estudo, não só
amamentaram seus filhos como prorrogaram o período recomendado pelo Ministério
da Saúde. Segundo Carrascoza, Costa Junior e Moraes (2005), a prática da
amamentação natural pode se tornar tão intensa a ponto de dificultar o desmame,
caracterizado nesses casos como um ato de separação, afastamento e abandono, e
sendo, muitas vezes, mais doloroso emocionalmente para a mãe do que para a
própria criança.
O que contrapõe o estudo de Oliveira et al. (2005), realizado na cidade de
Salvador/BA, onde ele afirma que independentemente da condição sócio-econômica
das famílias das crianças de Salvador, a duração do aleitamento materno, em
quaisquer de suas modalidades, foi extremamente baixa, onde as medianas para o
aleitamento exclusivo foram de um a dois meses e meio, e para o aleitamento total
de quatro meses e meio.
Segundo Silva, Moura e Silva (2007), existem dificuldades que as mães têm
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em lidar com o choro da criança, associando-o à fome e à concepção de que o leite
é pouco e fraco, e por isso insuficiente para saciá-lo. A não observação da saída
concreta do leite e a manifestação de insatisfação da criança com o choro frequente
colocam em dúvida a condição de o leite materno estar suprindo adequadamente as
necessidades da criança, como ilustra o seguinte depoimento:
Sempre alimentei no peito, mas dou mingau também desde que nasceu
(M.10).
De acordo com Weigert et al. (2005), são necessárias ações para melhorar a
técnica de amamentação, em especial promover a pega assimétrica, muito pouco
praticada, apesar do atendimento especializado na maternidade. Para isso, é
importante que sejam testadas estratégias que melhorem a técnica de
amamentação desde as primeiras mamadas, bem como seu efeito nas frequências
de complicações decorrentes da amamentação. É possível que, melhorando a
técnica de amamentação, as mães possam amamentar com mais conforto,
aumentando assim as chances de uma amamentação mais prolongada e prazerosa,
conforme o depoimento:
[...] meu peito, o bico do mamá, sabe? Feriu muito. Sentia muita dor pra
amamentar, eu chegava a chorar (M16).
Ao perguntar às mães sobre a influência que sofreram durante a
amamentação, obtiveram-se os seguintes depoimentos:
Sim, principalmente a enfermeira do PSF (M.1).
Sim, a minha mãe falou para eu dar o peito, eu no início só queria dar o
NAN, mas agora dou só o peito (M.2).
O meu marido, ele fala pra eu amamentar ela até os dois anos (M.7).
[...] meus familiares falam pra eu dar mamadeira (M.9).
A amamentar o bebê. A agente da minha rua (M.10).
Segundo Machado e Bosi (2008), a mulher, durante o período da
amamentação, apresenta-se vulnerável às opiniões e conselhos das pessoas com
as quais interage em seu meio, sejam o marido, as avós e familiares. Esses são
personagens que avaliam a situação apresentada no cotidiano compartilhado e
através da interação mãe e filho, emitindo o seu julgamento. A pressão exercida por
eles revela-se como um fator determinante para a continuidade da amamentação ou
desmame precoce.
O ato de amamentar é uma função por excelência da mulher e, de acordo com
expectativas culturais, constitui-se em momento de realização plena da feminilidade,
ainda que com uma forte influência do meio social. Algumas mães passam por
situações de incentivo para amamentar exclusivamente, enquanto outras sofrem
forte pressão para adotar práticas incorporadas por gerações anteriores, onde o
desmame precoce era freqüente (MACHADO; BOSI, 2008).
Ao serem indagadas a respeito da consulta de pré-natal, verificou-se que 100%
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da amostra realizaram as consultas. Observou-se ainda que quatro mães realizaram
nove consultas, nove mães realizaram cerca de sete a oito consultas e três
realizaram seis consultas.
O fato das mães terem comparecido às consultas de pré-natal pode ter
influenciado no sucesso da amamentação, que apresentou ótimos resultados na
amostra, contrapondo-se ao estudo de Sandre-Pereira et al. (2000), que afirmaram
que é possível considerar que o atendimento pré-natal não seja suficiente para fixar
um número tão grande de informações sobre aleitamento. É preciso haver um
acompanhamento pós-parto e durante todo o período de aleitamento para que as
mulheres possam ser orientadas e para que se estimule o aleitamento exclusivo,
interferindo, consequentemente, na prevalência da interrupção precoce da
amamentação.
Quando questionadas a respeito das orientações recebidas acerca da
importância do aleitamento, oito mães alegaram ter recebido informações da
enfermeira, cinco receberam informações do médico, cinco obtiveram informações
dos familiares, duas mães relataram ter recebido informações nos grupos de
gestantes e duas alegaram não terem tido nenhum tipo de informação.
Das mães que receberam alguma orientação, obtiveram-se os seguintes
depoimentos:
Procurei na internet e tirei minhas dúvidas sozinha (M.4).
Enfermeira orientou amamentar exclusivo, parar com o NAN [...] amamentar
sentada e o jeito para o bebê pegar o peito, né? (M.5).
O médico falou para dar só o peito até os seis meses [...] mas a enfermeira
orientou a pega correta para melhorar as feridas no seio (M.6).
Minha mãe, que é muito bom amamentar [...] e que eu tenho que
amamentar sem reclamar (M.14).
Segundo o Ministério da Saúde, o enfermeiro é o profissional que mais
estreitamente se relaciona com a mulher durante o ciclo gravídico-puerperal e tem
importante papel nos programas de educação em saúde, por isso, durante o prénatal, ele deve preparar a gestante para o aleitamento, para que no pós-parto o
processo de adaptação da puérpera ao aleitamento seja facilitado e tranqüilo,
evitando assim, dúvidas, dificuldades e possíveis complicações (BRASIL, 2001).
CONCLUSÃO
Os resultados demonstraram o conhecimento das mães acerca do
aleitamento materno, tanto no que se refere à parte alimentar que enfatiza a
importância para a saúde da criança, quanto na parte afetiva que destaca a troca de
amor entre mãe e filho na hora da amamentação. Observou-se que o período de
aleitamento materno exclusivo foi respeitado pela maioria das mães, onde algumas
inclusive estenderam o período mínimo recomendado.
Algumas mães apresentaram dificuldades para amamentar ou alegaram não
terem tido nenhum tipo de informação durante as consultas de pré-natal. Isto pode
ser atribuído a uma falha no processo educativo. Processo este que o enfermeiro,
juntamente com uma equipe multidisciplinar, deve administrar visando garantir às
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gestantes todo o tipo de informação necessária para o sucesso da amamentação,
para que no pós-parto a adaptação ao aleitamento seja tranqüila e sem
complicações. O desconhecimento leva a mãe a não se importar com o aleitamento,
abrindo mão da necessidade que existe para o bebê ingerir o leite materno.
A visão da mãe como um todo deve ser incluída no processo de enfermagem e
a consulta dialogada deve ser adotada nesse processo, pois a troca de informações
essenciais e práticas entre a equipe de saúde e a mãe geram maior conhecimento
entre as partes.
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aleitamento materno e seus determinantes