COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA - CEPLAC SUPERINTENDENCIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CACAUEIRA DO ESTADO DA BAHIA - SUEBA ESTUDO-PROJETO PARA INSTALAÇÃO DO PARQUE TECNOLÓGICO EM ÁREA ESPECÍFICA A SER DETERMINADA Na SEDE DA SUPERINTENDÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO CACAUEIRA DA BAHIA ORDEM DE SERVIÇO CEPLAC/SUEBA NO 09/2013 - BOLETIM DE PESSOAL NÚMERO 16 DE 10 DE JUNHO DE 2013. ILHÉUS - BAHIA JULHO - 2013 1 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO COMISSÃO EXECUTIVA DO PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA Antônio Eustáquio Andrade Ferreira Ministro Helinton José Rocha Diretor da CEPLAC Juvenal Maynart Cunha Superintendente de Desenvolvimento da Bahia - SUEBA Adonias Castro Virgens Filho Chefe do Centro de Pesquisas do Cacau - CEPEC Sergio Murilo Correia Menezes Chefe do Centro de Extensão Rural - CENEX Jackson Eduardo de Queiroz Moreira Chefe da Divisão de apoio Operacional - DIAO Elaboração Antonio Cesar Costa Zugaib - SEPRA-SUEBA Coordenador Equipe Sumário item 11.4 2 Parque Tecnológico do Sul da Bahia SUMÁRIO 1. Histórico.......................................................................................................................4 2. Referencial Teórico.....................................................................................................5 3. Justificativa para o estabelecimento do Parque Tecnológico................................10 4. O Conceito de Parque Tecnológico...........................................................................12 5. Finalidade do Parque Tecnológico............................................................................14 6. Análise do Cenário Local............................................................................................15 6.1. O Arranjo Produtivo Local.......................................................................................15 7. Empresas Potenciais para o Parque Tecnológico...................................................20 8. Potencial de Transferência de Tecnologia................................................................23 8.1. Infraestrutura de Pesquisa......................................................................................24 8.2. Patentes Registradas...............................................................................................30 8.3. Ciência, tecnologia e inovação como eixo estruturante do desenvolvimento do Brasil.................................................................................................................................31 8.3.1. Tendências internacionais das políticas de C,T&I..............................................34 8.3.2. Desafios..................................................................................................................37 8.4. Referência Agroindustrial........................................................................................44 9. Planejamento do Parque Tecnológico do Sul da Bahia...........................................46 9.1. Cenário da área a ser implementado o Parque......................................................46 9.1.2. Fases de implementação.......................................................................................47 9.2. Planejamento para Viabilização do Parque Tecnológico......................................48 9.2.1. Objetivos para viabilização do Parque Tecnológico..........................................48 9.2.2. Resultados Esperados pelo Projeto na Fase do Planejamento para a Viabilização do Parque....................................................................................................56 9.3. Modelo de Organização Urbanístico-Administrativa do Parque Tecnológico....57 3 9.3.1. Modelos de governança, aspectos jurídicos sobre a gestão administrativa e tecnológica do parque - condomínio fechado....................................................................57 9.3.1.1. Organização Gestora..........................................................................................57 9.3.1.2. Atores do Empreendimento...............................................................................57 10. Serviços e infraestrutura que serão disponibilizados as empresas.....................58 10.1. Infraestrutura...........................................................................................................58 10.2. Elementos Constitutivos........................................................................................59 10.3. Plano Urbanístico....................................................................................................60 11. Valores estimados dos custos operacionais e de investimentos.........................64 11.1. Viabilização dos investimentos necessários.......................................................65 11.2. Critérios de Seleção................................................................................................67 11.3. Incentivos e fatores de atração de empresas e investimentos para o parque...............................................................................................................................68 11.4. Membros da Comissão Estudos para Instalação do Parque Tecnológico do Sul da Bahia......................................................................................................................70 4 Parque Tecnológico do Sul da Bahia 1. Histórico A proposta de criação do Parque Tecnológico na área da Superintendência para o Desenvolvimento do Estado da Bahia - SUEBA da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, vem sendo construída ao longo do tempo e aponta em dois objetivos estratégicos contidos no seu "Plano de Gestão" que são: a) no item "Desenvolvimento" quando referencia a Conservação Produtiva e a Agregação de Valores; e b) no item "Inovação" quando referencia "Ser excelência em P&D". A ideia inicial do Parque Tecnológico era para atender exclusivamente o agronegócio cacau e chocolate na visão da agregação de valores, mas com a evolução do projeto Barro Preto em torno da "Conservação Produtiva" e dos Sistemas Agroflorestais existentes na região o propósito se estendeu para a geração de tecnologias e agregação de valores nas cadeias produtivas dos sistemas agroflorestais existentes na mesorregião Sul Baiano. Assim passou-se a discutir sobre a possibilidade da instalação de empreendimentos, com embasamento tecnológico dentro da área destinada ao Parque em sintonia com as pesquisas que vinham e que vem sendo realizadas pelos órgãos afins existentes e pelos anseios de empreendedores na área de atuação do Parque Tecnológico. Na sequencia das discussões, esta percepção se cristalizou na ideia da constituição do parque tecnológico em ambiente localizado na sede da superintendência regional da CEPLAC na Bahia - SUEBA, quando então foi criado um Grupo de Trabalho através da Ordem de Serviço no 09 de 22/05/2013, para elaboração de estudo-projeto para Instalação do Parque Tecnológico com a finalidade de impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico como forma de incentivar a criação de novas empresas de base tecnológica com fundamento em pesquisas desenvolvidas nas devidas áreas de competências. A finalidade precípua do Parque é estimular o desenvolvimento econômico, social e ambiental regional, através do fortalecimento ou implantação das indústrias locais relacionadas às cadeias produtivas dos produtos agroflorestais produzidos ou que venham ser implantados na mesorregião Sul Baiano, contando, também, com indústrias relacionadas às áreas de pesquisa. O Parque Tecnológico terá a incumbência de contribuir para a integração dos diversos elos das cadeias produtivas e estimular o surgimento de novos empreendimentos e negócios, com fulcro na cooperação e colaboração com a finalidade de agregar valor e conhecimento aos produtos de origem agroflorestais regionais para atender aos mercados nacional e internacional. Para alcançar tais objetivos o grupo de trabalho assinala para a criação de um órgão responsável pela gestão do Parque Tecnológico, cuja meta será o incentivo ao 5 desenvolvimento de empresas de base tecnológica consorciado com a promoção do desenvolvimento econômico e tecnológico da região em bases sustentáveis. Neste contexto o GT iniciou os seus trabalhos para elaborar um pré-projeto sobre a viabilidade da criação do parque tecnológico, do desenho organizacional, da indicação das instituições ancoras e demais atributos que venham a dar o perfil inicial deste futuro parque, como o apoio da equipe técnica da CEPLAC. Foram pesquisados alguns sites e documentos dos parques tecnológicos de Ribeirão Preto - FIPASE, Sergipe Parque Tecnológico - Sergipetec, São José dos Campos, Sorocaba, Londrina, Brasília, etc. Para atingir os objetivos propostos deverão ser mantidos parcerias para a implantação do parque Tecnológico com Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT, Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia - SECTI, Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB, Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia SICM, Universidade Federal do Sul da Bahia, Universidade Estadual Santa Cruz - UESC, Secretaria de C&T ou correspondente da Prefeitura Municipal de Ilhéus, Secretaria de C&T ou correspondente da Prefeitura Municipal de Itabuna, Federação das Indústrias do Estado da Bahia - FAEB, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da BAHIA – SEBRAE/BA, Associação dos Produtores de Cacau - APC, Instituto Pensar Cacau - IPC, Câmara Setorial Federal do Cacau e Câmara Setorial Estadual de Cacau. Na realidade, o estudo-projeto é um documento norteador das ações que poderemos tomar de agora em diante para implantar o Parque Tecnológico do Sul da Bahia. Aos 16/07/2013 o Estudo-Projeto do parque tecnológico do Sul da Bahia está sendo entregue ao Diretor da CEPLAC e ao Superintendente de Desenvolvimento da Região Cacaueira da Bahia - SUEBA. 2. Referencial Teórico O Projeto Instituicional e Político-Desenvolvimentista do Parque Tecnológico do Sul da Bahia tem como base uma concepção de Parque como instituição de desenvolvimento econômico, ambiental e social destinada a mudar o perfil empresarial da região cacaueira da Bahia, dando-lhe uma visão de desenvolvimento sustentável com agregação de valores, inovando na produção de produtos, processos e métodos de produção, promovendo transformações profundas na sociedade quando prega a conservação produtiva como sistema de produção capaz de conservar a mata altântica e sua biodiversidade, mas, sobretudo gerando renda e emprego para essa população carente de oportunidades de investimento. Nessa perspectiva, o Parque Tecnológico do Sul da Bahia está sendo concebido a partir dos seguintes marcos teóricos principais: 6 Conservação Produtiva de Wallace&Lobão (2012). A lei da entropia e o processo econômico de Georgescu Roegen, (1971), Externalidades, Coase, (1960), Valoração Econômica, Mota, 1998) Efeitos propulsores da causalidade cumulativa de Gunnar Myrdal (1968). Desenvolvimento econômico e Ciclos Econômicos de Joseph Schumpeter (1911, 1939). Agronegócios com vistas a agregação de valores de Davis&Goldberg (1958) Teoria e política do desenvolvimento de Celso Furtado (1967). Teoria Institucional de Douglas North (1990) O referencial teórico do Parque Tecnológico do Sul da Bahia começa com uma preocupação imediata que é a preservação da Mata Atlântica e sua biodiversidade. Com base na segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia, Georgescu-Roegen, 1971, aponta para a inevitável degradação dos recursos naturais em decorrência das atividades humanas. Criticou os economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites, e desenvolveu uma teoria oposta e extremamente ousada para a época: o decrescimento econômico. A lei da entropia afirma que qualquer utilização de energia reduz a quantidade total de energia útil disponível para o futuro. Nesse sentido, o Parque Tecnológico utilizará o conceito de conservação produtiva, idealizado como uma contextualização atualizada do sistema cabruca, fundamentado em seus princípios éticos, culturais, conservacionistas e produtivos; agrega experiências técnicas locais à tecnologia resultante de ações de baixo custo e impacto ambiental planejado em um mesmo espaço produtivo, o agroecossistema, onde prevalece a gestão sustentável local. Pressupõe-se que a unidade mínima de planejamento e ação seja a propriedade rural abrangida no seu espaço geográfico e territorial, onde as ações devem ser principiadas com inventários e caracterização dos recursos naturais, e dos espaços produtivos, que em conjunto devem proporcionar sustentabilidade, e, por conseguinte, ações favoráveis à inclusão social produtiva e de conforto ambiental ao homem, como projeção do desenvolvimento sustentável. A teoria das externalidades provém uma abordagem econômica para analisar os custos dos danos ambientais causados pelas atividades econômicas ou benefícios sociais criados pela atividade econômica que melhora o ambiente. Temos as externalidades negativas que citamos como exemplo as mudanças climáticas, extinção de riachos e rios, perda da biodiversidade e as externalidades positivas que são a preservação da Mata Atlântica, proteção das nascentes e a valoração Ambiental, etc. O objetivo é buscar as externalidades positivas, mais especificamente chegar a valoração econômica de recursos ambientais que pode ser entendida como um conjunto de técnicas que sirvam ao propósito de ordenar opções excludentes e que implica, basicamente, em “determinar o valor econômico de um recurso ambiental”, o que 7 significaria “estimar o valor monetário do recurso ambiental em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia” (MOTTA, 1998, p. 15). O Parque Tecnológico procurará dinamizar a região com cooperativas agroindustriais, pois se acredita que essas indústrias cooperativadas possam trazer desenvolvimento para a região quando atrás delas vem o fluxo de capitais, a mão-de-obra especializada e os bens e serviços. Para Myrdal (1965[1957]) o “círculo vicioso da pobreza” tem como base o processo acumulativo, sendo que as consequências podem gerar tanto os “efeitos progressivos ou propulsores”, como os “efeitos regressivos”. É fácil ver como a expansão em uma localidade produz efeitos "regressivos" em outras, isto é, os movimentos de mão de obra, capital, bens e serviços não impedem por si mesmos, a tendência natural a desigualdade regional. Por si próprios, a migração, o movimento de capital e o comércio são, antes, os meios pelos quais o processo acumulativo se desenvolve - para cima, nas regiões mais afortunadas, e para baixo, nas desafortunadas. Em geral seus efeitos são positivos na primeira e negativos na segunda. O sul da Bahia, já enfrentou diversas crises. Baseado em Schumpeter citado por Evans, 1969, p. 417, podemos inferir que os ciclos alternados de crescimento do produto na cacauicultura apresentam quatro fases: A) ascensão ou bom crescendo acima da tendência de longo prazo; B) recessão, iniciada após o pico, com declínio do nível de atividade (produção); C) depressão, com o nível de produto (produção) caindo abaixo da linha de tendência; D) recuperação, após o vale, indo até a linha de tendência, quando a economia cacaueira pode iniciar nova fase de crescimento. Figura 1. 400.000 350.000 356.327 300.000 A 250.000 294.775 B 253.796 245.997 234.504 200.000 150.000 180.527 177.315 160.390 C 152.381 134.383 100.000 144.195 129.329 139.584 154.071 118.477 115.675 105.454 98.617 D 122.344 101.118 102.480 131.780 109.299 50.000 0 Figura 1 - Flutuações econômicas de longo prazo na cacauicultura A luz da experiência histórica constata-se que o crescimento econômico não se produz de maneira uniforme no tempo. Ele acelera-se com a introdução de novos produtos e novos processos de produção, pela ação do empresário inovador. Os preços sobem, o 8 que estimula as empresas a aumentarem a produção. A economia shupeteriana move-se, portanto, através de uma trajetória cíclica. O surgimento de inovações, de crédito e de empresários inovadores não é linear, provocando o crescimento econômico em ritmo superior a tendência histórica, limitada pelo estoque de recursos e técnicas tradicionais. Vamos invocar Schumpeter para trazer novos produtos e processos para o mercado no Sul da Bahia. Implantaremos incubadoras de empresas dentro do Parque Tecnológico justamente para desenvolver esses produtos e processos. As empresas de base tecnológica abrigarão os produtos e processos que sairão das incubadoras, se apropriando da propriedade intelectual, sempre com uma visão de desenvolvimento sustentável. Contudo, atualmente a região começa a se organizar para começar um novo ciclo. As forças propulsoras retornam a região buscando dinamizar as inovações que começam a surgir no mercado. Schumpeter identificou cinco principais categorias de inovações. As inovações de produtos trazem novas e melhores mercadorias ou serviços ao mercado. Os clones de cacau mais produtivos e resistentes estão provocando um aumento da produção baiana para 180.000 t (no ano de 2.000 a produção baiana esteve em 90.000 t). O produto Tricovab está no mercado atuando na vassoura-de-bruxa utilizando controle biológico. As inovações dos processos introduzem técnicas melhoradas nos processos de produção. A conservação produtiva surge como um modelo de sustentabilidade utilizando o sistema cabruca que ao mesmo tempo preserva a mata atlântica gera empregos e dar rentabilidade econômica ao produtor. A emissão de decreto pelo Governo do estado da Bahia através da Secretaria de Meio Ambiente, no sentido de permitir que o produtor possa reduzir a sombra com a retirada das árvores exóticas, compensando com o plantio de três árvores em locais menos sombreado, vai proporcionar a penetração da luz aumentando a fotossíntese e a produtividade de nossos cacauais. Por outro lado, o plantio de cacau a pleno sol e a polinização artificial surgem como alternativas também para aumentar a produção e a produtividade do cacaueiro em áreas de pastagens desgastadas. A abertura de novos mercados cria novas oportunidades para vendas e crescimento. Um novo chocolate desponta no mercado com alto teor de cacau no chocolate. Esse chocolate abre novos nichos de mercado provocando abertura de pequenas e médias agroindústrias de chocolate no Sul da Bahia. A descoberta de suprimentos alternativos dos recursos naturais apoiarão as exigências de crescimento do sistema. A conservação produtiva surge como um modelo em que o produtor vai poder explorar o plantio de madeira comercialmente, obtendo a sua valoração econômica de um modo sustentável. Finalmente, as inovações organizacionais aumentarão a produtividade e afetarão a alocação da mão de obra entre os setores da economia. A CEPLAC redireciona suas ações dando um caráter ambiental, social e econômico nos setores em que atua, buscando a contratação de novos pesquisadores junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Busca ainda implementar um Parque Tecnológico onde tenham universidade, incubadora de empresas, empresas de base tecnológicas e empresas cooperativas agroindustriais, tendo na inovação o instrumento para criação de novos produtos, processos e serviços com a finalidade de gerar emprego e aumentar o valor agregado da região cacaueira do Sul da Bahia. É a destruição criadora agindo e criando o 9 novo em nossa região. Enfim, todos esses tipos de inovações podem operar ao mesmo tempo e interagir de várias maneiras. Schumpeter concluiu que a principal força diretriz que rompe o estado estacionário da economia era o progresso tecnológico (ou inovação). As inovações existem em várias escalas, como os mercados locais, regionais, nacionais ou globais, com efeitos que variam no decorrer do tempo. Elas impulsionam a mudança e assim rompem o estado estacionários da economia. Uma vez que a inovação prova ser bem sucedida e se dispersa, novamente o sistema se restabelece como estacionário, até a próxima rodada de inovações acontecer. Schumpeter via os empresários como as pessoas que traziam inovações ao mercado, na medida em que procuravam continuamente melhores oportunidades de lucros. Como as energias criativas deles eram o ponto central para orientar a economia, os empresários se tornaram o principal interesse para Schumpeter, na posição central de sua análise do crescimento econômico. O Parque Tecnlógico servirá também para que a região sul da Bahia agregue valor ao produto. Davis&Goldberg, 1957 definiu agronegócios como o conjunto de todas as operações e transações envolvidas desde a fabricação dos insumos agropecuários, das operações de produção nas unidades agropecuárias, até o processamento e distribuição e consumo dos produtos agropecuários "in natura" ou industrializado. A ideia é que o agricultor seja ao mesmo tempo produtor da matéria-prima e industrial do produto final. Por isso as cooperativas agroindustriais. Isto sem abrir mão das iniciativas empresariais privadas. Vamos fazer esforços para que todas essas operações que aconteçam no Sul da Bahia, sejam concentradas no Parque Tecnológico e também sejam descentralizadas, gerando desenvolvimento para o seu interior. Porém, é preciso que o Parque Tecnológico nasça com planejamento. Segundo Furtado, o planejamento é indispensável para a eficiência da industrialização em países dependentes. Um programa de desenvolvimento econômico, sustentado por um planejamento global, tem maiores possibilidades de estabelecer metas específicas de desenvolvimento, a médio e longo prazo, aumentando assim, a eficácia do processo de industrialização. Fica evidente, portanto, que a reconstrução de um sistema econômico, na concepção furtadiana depende de um programa sistemático de coordenação de decisões. Sobre isso Celso Furtado escreveu (1999: 80): “... o planejamento aumenta a eficácia do Estado. Minha convicção é que uma economia subdesenvolvida como a do Brasil necessita de um planejamento (...) numa economia como a brasileira, que tem imenso atraso acumulado, desequilíbrios regionais e setoriais, (...) abandonar a ideia de planejamento é renunciar à ideia de ter governo efetivo.” Finalmente referenciamos Douglas North, 1990, quando ele diz que o processo de desenvolvimento só pode ser entendido com a endogeneização das instituições nos modelos teóricos. Em outras palavras, o desenvolvimento econômico é também um processo de desenvolvimento das instituições e, nesse sentido, as instituições importam e a história importa. Instituições são definidas como sendo regras, formais ou informais, criadas pelos indivíduos para regular a interação entre eles numa sociedade. Um 10 conjunto de regras morais para o comportamento ético que restringem a maneira com que as regras e regulamentos são especificadas e cumpridas. Segundo North, a matriz institucional influencia diretamente o desempenho econômico dos países de duas formas principais: reduzindo os custos de transação e reduzindo os custos de transformação (ou de produção) possibilitada pelas inovações tecnológicas, que juntos somam os custos totais. Os spillovers (difusão) do conhecimento são importantes para a sustentabilidade do crescimento endógeno dadas as externalidades positivas. Traduzem-se na promoção e na difusão do conhecimento, com impactos diretos ao nível da produtividade. Contudo, os ganhos de produtividade não derivam apenas dos spillovers do conhecimento pois, de acordo com Durbin (2004), também podem surgir de ângulos diferentes, entre os quais destacamos: (i) adoção de novas tecnologias, (ii) reorganização do trabalho provocada pelas novas tecnologias, (iii) mão de obra mais habilitada, (iv) aprendizagem organizacional, (v) práticas de gestão dos recursos humanos, (vi) políticas empresariais quotidianas, (vii) capacidade empreendedora das empresas e da região, (viii) economias de aglomeração, (ix) organização do trabalho e (x) Conhecimento codificado e tácito existente. 3. Justificativa para o estabelecimento do Parque Tecnológico O Parque Tecnológico do Sul da Bahia nasce com duas funções principais: gerar tecnologias e agregar valor a produção de origem agroflorestais com sustentação nas empresas de base tecnológicas que se instalarem em sua área. Empresas Intensivas em Tecnologia constituem a base da nova “sociedade do conhecimento” e atuam como verdadeiros “aditivos” e “catalisadores” dos demais setores da economia. No caso específico proporcionará as condições favoráveis para a elevação da rentabilidade dos negócios e da renda, oportunizará um novo fluxo da acumulação do capital na região. A convergência de estudos demonstrando que a inovação tecnológica pode ser um fator propulsor do desenvolvimento econômico sustentável de um país tem levado a um esforço em várias partes do mundo, principalmente a partir da segunda metade do século XX, na busca de “estruturas” institucionais que propiciem a geração de inovação. Os parques tecnológicos surgiram tanto de forma espontânea como de modo não programado. A experiência pioneira e de maior sucesso foi a articulação entre conhecimento científico e pesquisa desenvolvidos na Universidade de Stanford, na Califórnia, e o esforço de adaptação desse conhecimento para a geração de novas tecnologias, a partir do final da década de 1940. Essas iniciativas deram origem a vários empreendimentos de sucesso, especialmente nos segmentos da microeletrônica e seus desdobramentos, dos quais nasceu o chamado “vale do silício”. Neste contexto, a criação de parques tecnológicos é vista como um mecanismo de incentivo à inovação tecnológica e ao desenvolvimento econômico, por meio da aproximação da pesquisa científica da produção, aproveitando-se de um aparato de produção científica local. 11 Os Parques Tecnológicos - PqTs têm como missão prover a “inteligência”, a Infraestrutura e os serviços necessários ao crescimento e fortalecimento das empresas intensivas em tecnologia. Trata-se de um modelo de concentração, conexão, organização, articulação, implantação e promoção de empreendimentos inovadores visando fortalecer este segmento dentro de uma perspectiva de globalização e desenvolvimento sustentável. Um Parque Tecnológico é um ambiente para fazer negócios. É um novo modelo de desenvolvimento cujo foco é a melhoria da qualidade de vida e de oportunidades para as pessoas. É um novo conceito de articulação envolvendo os diversos elos das cadeias produtivas. Guardadas as devidas proporções, o modelo de Parques Tecnológicos pode e deve representar para a “Indústria do Conhecimento e Inovação” o mesmo que significou, as Universidade para o segmento de ensino, pesquisa e extensão, os clusters e APLs para o setor industrial, os complexos financeiros (como Wall Street e Avenida Paulista) para o setor financeiro, os Shoppings Centers para o setor de comércio e a internet para as comunicações e negócios. Todos estes mecanismos permitiram “saltos quânticos” na competitividade, qualidade e diferenciação dos setores e segmentos onde foram aplicados. É exatamente este o papel dos PqTs: criar um ambiente que dê condições para que a “indústria da inovação” possa nascer, crescer e agregar valor a outros setores econômicos e à sociedade como um todo. Os Parques Tecnológicos brasileiros devem contribuir de forma relevante para consolidar a formação de uma forte e competitiva “indústria do conhecimento” bem como para agregar tecnologia e inovação ao setor industrial, agroflorestais e de serviços já estabelecidos. As principais razões que levaram à realização do projeto do Parque Tecnológico do Sul da Bahia foram: A necessidade dos produtos agroflorestais do Sul da Bahia em agregar valor, ou seja, sair da forma de matéria-prima para se transformar em produtos industrializados ou manufaturados; Fomentar a indústria de chocolate e outros produtos na mesorregião Sul baiano; Percepção da importância e do papel dos Parques Tecnológicos; Aumento vertiginoso do número de projetos em desenvolvimento no país; Interesse crescente nos âmbitos político, acadêmico e empresarial; Demanda por diretrizes e políticas públicas consistentes e relevantes; Oportunidades extraordinárias geradas no contexto da PAC, PITCE e Plano de C&T&I. A condição de logística já existente (estradas) e em vias de implementação dos novos equipamentos porto e aeroporto situados em distância inferior a 30 Km da sede do Parque. Oportunizar e estimular o fortalecimento do capital social regional. 12 A criação do Parque Tecnológico e suas possíveis ramificações para outros municípios da mesorregião Sul Baiano possibilitará a superação dos paradigmas ainda presentes no setor primário da produção regional focado na monocultura, ou mesmo diversificação agrícola, para a produção de commodities, permitindo a total dependência da economia local às cotações internacionais das bolsas de valores que não tem estabelecidas nenhuma relação com os custos de produção. A oportunidade de agregar valor e conhecimento aos produtos é, também, sintonizar-se com a execução das medidas macroeconômicas do governo federal na perspectiva da criação de ambiente favorável a realização de investimentos na economia real, proporcionando a geração de empregos mais qualificados e a produção de bens de melhor qualidade para suprir o mercado interno, cujo cenário permanece de elevação do poder aquisitivo da população e ampliar nossas exportações com produtos com maior valor agregado. Além disso, atualmente já existem mais de 1500 Parques Tecnológicos operando em todo o mundo; Nas experiências bem sucedidas de PqTs em países desenvolvidos, as empresas instaladas geram em média U$ 3,00 de receita anual para cada U$ 1,00 investido na implantação do Parque; Nos países emergentes esta taxa é de cerca de U$ 1,50 de receita anual para cada U$ 1,00 de investimento inicial; Tanto em países desenvolvidos como nos emergentes, os casos de sucesso de PqTs envolveram investimentos públicos e privados numa taxa de 1:5; O custo de geração de um posto de trabalho em uma empresa instalada num PqT varia entre U$ 20 mil a U$ 30 mil /emprego; O investimento público de países desenvolvidos e emergentes na implantação inicial de PqTs varia entre U$ 50 a U$ 100 milhões. Ao longo do processo de implantação, os investimentos públicos e privados ultrapassam a marca de U$ 1 bilhão, gerando empregos e impostos correspondentes. A lógica dos parques tecnológicos aproxima-se das teorias das aglomerações, que enfatizam as vantagens da proximidade das firmas, o que favorece a organização destas e de outros agentes em torno destas. Em extensão a esta corrente teórica, aproximar a produção científica de empresas de base tecnológica levaria ao favorecimento de atividades cruzadas entre estes dois agentes, além de impulsionar a criação de um mercado de mão de obra especializada, criar um ambiente favorável ao aprendizado e o fortalecimento de um mercado de prestação de serviços especializados. Os parques também buscam a aproximação com governos e outras instituições de apoio. 4. O Conceito de Parque Tecnológico Existem uma infinidade de conceitos de Parques Tecnológicos, entretanto para orientar este estudo-projeto que visa implementar um Parque Tecnológico na mesorregião Sul Baiano, foram escolhidos quatro conceitos, o primeiro refere-se o da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Tecnologias Avançadas - ANPROTEC. 13 (a) Um complexo industrial de base científico-tecnológica planejado de caráter formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas cuja produção se baseia em pesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de P&D vinculados ao parque. (b) Um empreendimento promotor da cultura da inovação, da competitividade e do aumento da capacitação empresarial fundamentado na transferência do conhecimento e tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de riqueza. O segundo conceito advém de um projeto de lei que tramita no Senado dos Estados Unidos. "Significa um grupo de empresas e de instituições inter-relacionadas - incluindo fornecedores, prestadores de serviços, instituições de ensino superior, incubadoras de empresas e associações empresariais - que são capazes de cooperar mesmo que sejam concorrentes e que estejam localizadas numa área cuja entidade gestora promove tanto o desenvolvimento imobiliário quanto a transferência de tecnologia e parcerias, e que não é um Parque Empresarial". Um Parque Empresarial significa um empreendimento imobiliário com fins lucrativos destinados à localização de estabelecimentos comerciais ou indústrias que não necessariamente se reforçam mutuamente mediante ações sinérgicas. A terceira concepção dos parques tecnológicos visa aproximar a pesquisa científica do meio empresarial em uma área geográfica específica, buscando o aumento de sinergias entre o setor produtivo e a universidade. Em geral são parceiros na constituição dos parques tecnológicos as universidades, os centros de pesquisa, o poder público, tanto no âmbito municipal quanto estadual, e em alguns casos órgãos de fomento. A definição da FINEP (Edital Verde-Amarelo/ Parques Tecnológicos, n° 04/2004) para parque tecnológico é de um empreendimento imobiliário com as seguintes características: Possui relações formais com alguma universidade ou centro de pesquisa; Estimula a formação e o desenvolvimento de empresas localizadas no parque, cujos produtos dependem de conhecimento científico; Possui uma função gerencial que está ativamente engajada na transferência de tecnologia e na capacitação empresarial para as firmas estabelecidas no parque”. O quarto conceito diz que um parque tecnológico pode ser definido como uma organização urbana em uma área geográfica construída e delimitada voltada para empreendimentos em atividades do conhecimento, ou seja, atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para a produção de bens e serviços baseados na ciência (Courson, 1997: 78)1. Em termos organizacionais é constituído por uma associação, em um mesmo lugar ou próximo a ele, de quatro tipos de instituições: universidades, 1 COURSON, J. Espaço Urbano e Parques Tecnológicos Europeus. In Parques Tecnológicos e Meio Urbano. PALADINO, G.G. e MEDEIROS, L.A. Brasília: Anprotec, 1997. 14 laboratórios de pesquisa, empresas de alta tecnologia e prestadoras de serviços correlatos. Um parque possui em geral as seguintes atribuições, que variam de importância em função de algumas características diferenciadoras: Contribuir para o desenvolvimento do sistema local de ciência e tecnologia, tendo a inovação como o objetivo central do esforço de P&D; Gerar localmente novos conhecimentos passíveis de serem transformados em novos produtos e processos, por maio do estímulo ao desenvolvimento de ligações entre agentes inovativos na troca de conhecimentos específicos e do desenvolvimento de conexões locais de redes mundiais de informações; Facilitar o surgimento de novas empresas provenientes de instituições locais, como universidades ou outras empresas de base tecnológica (spin-offs); Criar ambiente favorável para o desenvolvimento de empresas inovadoras baseadas em novos conhecimentos, gerados especialmente através de redes locais de informações; Melhorar a competitividade mundial de empresas locais; Criar novos mercados de produtos e serviços especializados; Criar postos de trabalho especializados contribuindo para aumentar o efeito multiplicador da renda local. A ideia fundamental de criação de um parque é propiciar um ambiente local de cooperação entre as universidades/institutos de pesquisa e empresas de base tecnológica. A estratégia de longo prazo é desenvolver a região como pólo de geração tecnológica. Para isto, a proximidade geográfica é crucial haja vista que o aprendizado cooperativo pressupõe criação de conhecimento tácito que surge a partir do contato face a face, muitas vezes através de relações informais. 5. Finalidade do Parque Tecnológico O Parque Tecnológico do Sul da Bahia tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento científico e tecnológico como forma de incentivar a criação de novas empresas de base tecnológica com fundamento em pesquisas desenvolvidas nas devidas áreas de competências, bem assim, o desenvolvimento, econômico, social e ambiental, buscando o fortalecimento das indústrias locais das cadeias produtivas de produtos agroflorestais produzidos na mesorregião Sul Baiano, e das demais indústrias relacionadas às áreas de pesquisa. A vocação principal do Parque Tecnológico deverá ser: agronegócios cacau e outros produtos de origem agroflorestais, biotecnologia, agricultura orgânica, agroecologia conservação produtiva e estudos ambientais. Visa ainda, contribuir para a integração dos diversos elos das cadeias produtivas, estimulando a cooperação e colaboração para a expansão das indústrias nos mercados nacional e internacional. 15 Parques como este têm como missão prover a inteligência, a infraestrutura e os serviços necessários ao crescimento e fortalecimento das empresas intensivas em tecnologia. “A inovação tecnológica tem sido um propulsor de desenvolvimento econômico e dentro dessa perspectiva, o chocolate e outros produtos que agreguem valor vinda da base produtiva agrícola do Sul da Bahia tem tudo para alavancar a economia regional”. Trata-se de um modelo de concentração, conexão, organização, articulação, implantação e promoção de empreendimentos inovadores visando fortalecer estes segmentos dentro de uma perspectiva de globalização e desenvolvimento sustentável para o Sul da Bahia. Essas são as principais vocações discutidas até agora, porém não estão concluídas. Finalidade do Parque Tecnológico - Vocação Desenvolvimento Sustentável do Sul da Bahia Cacau, Sistemas Agroflorestais e Produtos Diversificados Logística de Transporte Cacau e Chocolate Informática e Eletroeletrônica Preservação e Recuperação Ambiental Biotecnologia Conservação Produtiva – Agroecologia Frutas e Sucos Produtos lácteos/Couros e Peles Produtos Naturais Dendê e Biodiesel Bens e Serviços Ambientais Borracha e Pneumáticos Recuperação Florestal de Áreas Degradadas Condimentos e Óleos Essenciais Produtos Apícolas Madeira e Celulose Preservação e Recuperação de Recursos Hídricos 6. Análise do Cenário Local 6.1. O Arranjo Produtivo Local Podemos dizer que o arranjo produtivo local envolve a cadeia produtiva do cacau e chocolate e também de outros produtos agroflorestais. O mapa do Arranjo Produtivo Local da cadeia produtiva do cacau e chocolate envolve os participantes de toda a cadeia de valor: fornecedores de insumos, intermediários, serviços de negócio, associações do cluster, produção de chocolate, regulação, infra/estrutura de suporte e distribuição e vendas. A abrangência do cluster de chocolate no sul da Bahia envolve 7 territórios (Vale do Jequiriçá, Médio Rio de Contas, Baixo Sul, Litoral Sul, Itapetinga, Extremo Sul e Recôncavo). A CEPLAC, órgão do ministério da agricultura, pecuária e abastecimento responsável pela pesquisa e extensão rural a 25.000 produtores de cacau em amêndoas, 634 associações, 19.000 trabalhadores 16 treinados e 20.000 famílias beneficiadas, espalhadas em 117 municípios, através dos 7 núcleos de extensão rural e 52 escritórios locais. Figura 2. Figura 2 - Área de atuação do Parque Tecnológico do Sul da Bahia. 17 Fornecedores de Insumos: Praticamente todos os insumos para a produção de chocolate podemos encontrar no Sul da Bahia, com exceção do açúcar, apesar de já ter sido grande produtor no passado. Isto não impede de voltar a produzir a cana-de-açúcar, pois tem solos e áreas disponíveis, principalmente no território do extremo sul. A produção de cacau, principal matéria-prima do chocolate tem crescido nos últimos anos e na safra 2012/2013 período que vai de 01/05 a 30/04 a produção da Bahia chegou a 180.527 t e a brasileira em 240.402 t (ACB, cons. TH, 2013). Essa produção dar para abastecer muitas indústrias de chocolate em sua área de atuação. Apesar desse aumento na produção os custos de produção altos fazem dos produtores brasileiros não competitivos na exportação do cacau em amêndoas. O preço do cacau em amêndoas cotado na bolsa de Nova York satisfaz os produtores africanos, pelos seu baixo custo, principalmente por não remunerar bem sua mão de obra com um salário condizente e recolhimento dos encargos sociais, mas não satisfaz o produtor brasileiro que tem um comportamento diferenciado com relação ao seu trabalhador. O governo para proteger os produtores estabeleceu o preço mínimo em R$ 75,00 para a safra 2013/14, apesar do custo de produção estar em R$ 83,70. Segundo Zugaib, 2013, se o preço estabelecido fosse o custo operacional médio de produção o mercado geraria mais excedentes e poderíamos chegar a autossuficiência. Outra alternativa seria instituir quotas para importação como fez o governo mexicano, forçando os processadores e industriais de chocolate a comprar a produção, só podendo importar cacau depois de absorvida toda a produção local. A produção de leite pode ser adquirida dos rebanhos locais, principalmente nos localizados no território do extremo sul da Bahia. Os insumos como nozes e frutas são mais prontamente disponíveis no mercado local a preços competitivos., mas constituem apenas uma parte relativamente pequena dos custos de produção de chocolate no país. Intermediários: As principais empresas processadoras localizadas no Sul da Bahia são a Cargil, a Joanes, a Barry Callebaut e a Nestlé. Juntas elas absorvem cerca de 241.970 t de cacau em amêndoas e transformam em líquor, torta, manteiga e pó de cacau. O mercado praticamente consome toda a produção e na safra 2012/2013 experimentou um déficit de apenas 1.929 t de cacau. As exportações e importações brasileiras de cacau em amêndoas estão na Tabela 1. A única processadora que não está localizada no Sul da Bahia é INDECA, localizada no estado de São Paulo, mas que só processa apenas 3% do total. Existem também algumas empresas intermediárias comprando cacau em amêndoas como a Amazon Bahia, Manuel Chaves e Marcelo Bittencourt. As próprias processadoras também compram cacau em amêndoas diretamente dos produtores. 18 Ano safra brasileiro 90/91 91/92 92/93 93/94 94/95 95/96 96/97 97/98 98/99 99/00 00/01 01/02 02/03 03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13* Produção Bahia 356.327 253.796 245.997 294.775 234.504 160.390 177.315 152.381 134.383 98.617 105.454 129.329 101.118 144.195 122.344 139.584 115.675 102.480 118.477 109.299 154.071 131.780 180.527 Brasil 384.327 280.796 271.997 319.775 257.504 181.390 199.815 180.049 164.750 123.006 129.347 157.209 130.334 175.567 170.800 164.773 147.014 140.137 164.918 154.702 201.613 182.578 240.402 Importação Exportação 0 111.952 0 67.688 2.171 88.805 1.402 105.422 8.278 67.841 259 15.345 29.501 29.026 23.765 5.550 20.886 4.171 85.102 3.888 60.865 2.064 32.996 3.204 75.461 3.285 40.100 1.676 47.303 983 53.695 1.035 74.712 397 90.037 764 70.190 354 63.533 270 40.528 374 59.471 739 28.016 361 Consumo Aparente Moagem Prod +Import-Export Brasil 272.375 224.884 213.108 205.744 185.363 190.552 215.755 219.770 197.941 190.843 166.304 173.687 200.290 179.812 198.264 182.458 181.465 188.092 204.220 199.487 188.148 194.068 187.001 179.605 202.510 190.394 213.991 206.117 217.120 201.474 217.433 215.000 221.329 220.000 229.410 225.000 234.754 225.000 217.965 230.000 241.767 239.122 241.310 242.490 268.057 241.970 Sup/Def Sup/Def Antes Imp Depois Imp 47.491 47.491 7.364 7.364 -7.360 -5.189 -5.417 -4.015 -1.180 7.098 -7.642 -7.383 -9.023 20.478 -7.959 15.806 -27.513 -6.627 -80.369 4.733 -66.785 -5.920 -25.600 7.396 -63.345 12.116 -32.226 7.874 -31.657 15.646 -51.262 2.433 -73.383 1.329 -85.627 4.410 -60.436 9.754 -75.568 -12.035 -37.883 2.645 -60.651 -1.180 -1.929 26.087 Tabela 1 - Balanço do mercado brasileiro de cacau em amêndoas Serviços do Agronegócio: Existem muitas empresas que fazem terceirização no Sul da Bahia, em diversas áreas principalmente nas áreas de transporte, alimentação e limpeza. O Sul da Bahia é contemplado pelas principais instituições financeiras existentes no país. Associações do Cluster: Existem diversas organizações dos produtores em todos os elos do cluster do chocolate. No elo da produção existem duas associações de destaque, a Associação dos Produtores de Cacau - APC e o Instituto Pensar Cacau - IPC que representam os produtores de amêndoas de cacau, no elo do processamento existe a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau - AIPC, no elo da industrialização existe a Associação Brasileira das Indústrias de Cacau, Amendoim e Balas de Chocolate - ABICAB. Existem também algumas organizações que representam os trabalhadores como o Pólo Sindical e os sindicatos de trabalhadores. Produção de Chocolate: O Sul da Bahia está renascendo muito mais forte, porque a nova visão do cluster está na cadeia de valores do chocolate. Várias fábricas de chocolate começam a desenvolverem atividades, como por exemplo, a fábrica de chocolate da cooperativa de Ibicaraí, a fábrica de produtos de chocolate da COPSULBA, a fábrica de chocolate Itacaré localizada no Rio de Engenho no município de Ilhéus, a Cooperativa de Chocolate COPER Bahia situada em Gandú, a produção de chocolate de alguns produtores individuais como os chocolates Bahia Superior, Cacau do Céu, Sagarana, Modaka e Mendoá, etc. Regulação: As regulações realizadas nesta área constam com a participação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA através do Codex Alimentarius e também por medidas governamentais. 19 Infraestrutura/Instituições de Suporte A infraestrutura do Sul da Bahia é boa, pois contempla boas estradas ligando a região com o sudeste e sul do país através da BR 101. Possui um porto internacional em mar aberto com experiência na exportação de cacau e derivados, soja, madeira, etc e aeroportos em Ilhéus e Porto Seguro, com boa rede de armazéns. Possui instituições de pesquisa envolvendo universidades (UESC, Madre Thaís, FTC, UNOPAR e a Faculdade de Ilhéus) e institutos tecnológicos a exemplo do Instituto federal Baiano. Recentemente a região ganhou a Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSBA. Distribuição e Vendas A procura interna para o chocolate é dividida em dois mercados muito diferentes. Mais de 90%o do total de vendas vêm de produtos de baixo custo, onde os produtores competem nos preços. Aqui, os investidores mais bem sucedidos são aqueles com os canais de distribuição maiores. As vendas restantes (menos de 10 por cento) vêm de chocolate high-end de alta qualidade. No mercado de baixo custo não houve grandes aumentos em valor agregado nos últimos anos. Por outro lado, no mercado de alto valor, existem várias histórias de sucesso de pesquisa e inovação, provenientes de pequenos produtores de chocolate locais. Figura 3 FORNECEDORES DE INSUMOS Agricultores de cacau Produtores de leite Produtores de açúcar Outros insumos (amêndoas, frutas ASSOCIAÇÕES DO CLUSTER REGULAÇÃO Associação das indústrias processadoras de cacau - AIPC Associação dos produtores de cacau - APC Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA - Codex Alimentarius Associação Brasileira dos Produtores de Amendoim e Chocolate - ABICAB Estado e Governo Local DISTRIBUIÇÃO/VENDAS Fornecedores de Máquinas e Equipamentos PRODUÇÃO DE CHOCOLATE Grandes (industrias) fabricantes de Chocolate Distribuidores Internacionais /Exportadores INTERMEDIÁRIOS Firmas Processadoras de cacau Intermediários Comerciantes SERVIÇO DE NEGÓCIOS Serviços de Outsourcing Administrativo Serviços Financeiros Principais Concorrentes Distribuidores e Revendedores Locais Pequenos (nichos) fabricantes de chocolate Negócios Relacionados (Turismo, Beleza) INFRAESTRUTURA/INSTITUIÇÕES DE SUPORTE Infraestrutura de Transporte Fornecedores/Operadores Fatores/Insumos Empresas de Frete e Seguro Apoio/Indústrias relacionadas Figura 3 - Mapa do Arranjo Produtivo Local Promoção de Exportação Distribuição e Vendas 20 Quanto ao Arranjo Produtivo Local em relação as diversas cadeias de produtos agroflorestais quanto a natureza dos componentes temos 4 tipos de sistemas: Existem muitas classificações dos sistemas agroflorestais (Nair,1993; Dubois et al., 1997; Montagnini at al., 1992). Na classificação mais empregada, distinguem-se os seguintes sistemas: o Silviagrícola ou Agrosilvicultural, o Silvipastoril e o Agrosilvipastoril. Os sistemas silviagrícolas são caracterizados pela combinação de árvores, arbustos ou palmeiras com espécies agrícolas, por exemplo, o consórcio de cacau-eritrina ou cacauespécies nativas (cabruca). Os sistemas silvipastoris preconizam a associação de árvores dentro de atividade agropecuária ou a criação de animais dentro de povoamentos florestais, em resumo a associação de pastagens e/ou animais e árvores. Sistemas agrosilvipastoris são caracterizados pela criação e manejo de animais em consórcios silviagrícolas, por exemplo, criação de animais em agroflorestas. A parte “florestal” da palavra agroflorestal não quer dizer que a espécie arbórea do sistema deva ser uma espécie da floresta ou uma espécie madeireira. Na Amazônia, por exemplo, muitos desses sistemas têm apenas árvores frutíferas e cultivos perenes. Além destes exemplos citados acima poderíamos incluir mais um tipo de SAF que é o Agropastoril que, apesar de não ser citado em literaturas, mas se tivermos uma pastagem sombreada com um cultivo agrícola (cajazeira, mangueira, jenipapeiro, seringueira, etc,) teremos aí um SAF Agropastoril. 7. Empresas Potenciais para o Parque Tecnológico As empresas potenciais para futura implantação no Parque Tecnológico do Sul da Bahia são: 1. Coofasulba - A Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável Agricultura Familiar do Sul da Bahia - COOFASULBA é uma cooperativa da agricultura familiar, foi fundada em 2004. O início das operações da COOFASULBA teve como objetivo a difusão dos conhecimentos cooperativistas, a questão de produção e produtividades de suas glebas, em uma ação conjunta com os organismos dos governos Federais e Estaduais. A COOFASULBA tem como principal vertente o Programa de Aquisição de Alimentos PAA criado em 2003 sendo uma das ações do Fome Zero e tem como um dos seus objetivo, promover a inclusão social no campo. 2. Cooperativa Agroindustrial de Cacau Fino - COPERBAHIA - www.cooperbahia.com.br Constituída em julho de 2011, conta com 11 produtores rurais associados, entre pequenos, médios e grandes, somando mais de 30 propriedades rurais distribuídas em 17 municípios da região cacaueira da Bahia. A COOPERBAHIA tem como objetivo principal receber, processar e insdustrializar o cacau fino produzido por seus associados e comercializar, no Brasil e no exterior, o produto daí derivado - o líquor fino. É um empreendimento pioneiro. 21 Produtores rurais comprometidos com as melhores práticas de produção de cacau fino de origem controlada, com sustentabilidade e inclusão social, terão seus produtos industrializados numa fábrica projetada de acordo com as mais exigentes especificações técnicas e cuidados ambientais para a produção de líquor fino, a ser utilizado na fabricação de chocolate gourmet. Tudo é voltado para a satisfação do cliente que valoriza não apenas a qualidade, mas a produção do cacau fino com responsabilidade social e ambiental. 3. APC Cooperativa Agroindustrial Cacau e Chocolate A APC Cooperativa Agroindustrial - constituída em 25 de outubro de 2010, rege-se pelas operações baseadas, no ato cooperativo conforme lei 5764/71, pelas demais disposições legais, pelas normas de autogestão adotadas pelo sistema cooperativista e por este Estatuto, tendo a sede administrativa e foro jurídico no Município e Comarca de Ilhéus, Estado da Bahia. Sua área de ação, para fins de admissão de associados, abrange o Estado da Bahia. O prazo de duração indeterminado e ano social compreendido pelo período de 01 de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. A Cooperativa com base na colaboração recíproca a que se obrigam seus associados, objetiva promover: I - O estímulo, o desenvolvimento progressivo e a defesa de suas atividades de interesse econômico de caráter comum; II - A venda, em comum, de matérias primas e de produtos industrializados pertencentes aos seus associados, nos mercados locais, nacionais e internacionais; III - Prestação de serviços; IV - O desenvolvimento de ações vinculadas a responsabilidade social e ambiental mediante atividades internas ou através de organismos especialmente criados para este fim. Para a consecução de seus objetivos, a Cooperativa poderá: a) Receber, classificar, beneficiar, padronizar, armazenar, expurgar, industrializar e comercializar a produção de seus associados, armazenada ou não na cooperativa; b) Comprar em comum insumos agrícolas e agropecuários, bem como máquinas e implementos, peças e acessórios, lubrificantes, combustíveis, pneus e outros de interesse comum, para fornecimento a seus associados. c) Produzir, comercializar, armazenar, beneficiar, reembalar, expurgar, certificar produção própria e efetuar análises laboratoriais de cacau em amêndoas e produtos chocolatados; d) Registrar-se como Armazém Geral, se houver exigência da legislação; e) Adotar “logomarca” específica para a Instituição; f) Comercializar produtos industrializados destinando-os ao mercado de varejo nacional e internacional, através de marcas devidamente registradas em seu nome. g) Realizar ou contratar outros serviços de que necessite e/ou que o interesse social aconselhar. 4. Associação dos Apicultores Ambientalistas de Ilhéus A Associação de Apicultores ambientalistas de Ilhéus, com sigla AAMI, constituída em 14 de maio de 1999, é uma entidade sem fins lucrativos, com sede à Avenida Princesa Isabel, 1064, com foro jurídico no município de Ilhéus, Estado da Bahia, com a área de 22 ação, para efeito de adminissão de associados, abrangendo o Sul da Bahia e regiões da Mata Atlântica. A associação tem por objetivo a defesa social dos seus associados, por meio da ajuda mútua e proveito comum, representando-os ainda, perante os poderes públicos, bem como promover a organização do quadro social. Além disso, adquirir e gerenciar sede e casa de processamentos dos produtos da abelha. 5. Cooperativa Cabruca - www.cabruca.com.br A CABRUCA (Cooperativa de Produtores Orgânicos do Sul da Bahia) nasceu como fruto de um histórico não muito feliz da região cacaueira do sul da Bahia. A infestação das lavouras de cacau pelo fungo da vassoura-de-bruxa (Moniliophtora perniciosa) e a queda do preço das amêndoas de cacau no mercado nacional, levaram muitos agricultores a abandonar suas lavouras ou substituí-las por outros sistemas agrícolas. Como conseqüência, o desmatamento não só das cabrucas (sistema tradicional do plantio de cacau na região, sob a sombra de árvores nativas) mais também dos remanescentes florestais da Mata Atlântica tornou-se uma atividade comum e alarmante. Com este panorama regional surgiram muitos esforços para superar uma crise que era não só financeira e social mais também ambiental. Focando a manutenção e produção sustentável do cacau, o IESB (Instituto de Estudos Sócio Ambientais do Sul da Bahia) com apoio do CI (Conservation International) e o, MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) buscaram desenvolver ações demonstrativas de produção e comercialização de cacau orgânico. Apoiando um grupo de agricultores preocupados e sensibilizados com a conservação da mata atlântica e produção de alimentos livres de agrotóxicos, auxiliaram na criação da Cooperativa CABRUCA no final do ano 2000. O nome CABRUCA veio como inspiração do tradicional sistema cabruca de plantio de cacau, característico do sul da Bahia. Neste sistema árvores nativas remanescentes da Mata Atlântica são mantidas com objetivo de sombrear a plantação de cacau. Por apresentar uma estrutura semelhante à de uma floresta, as cabrucas funcionam como importantes e efetivos corredores entre remanescentes florestais, contribuindo diretamente com a manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Através da certificação orgânica, realizada pelo IBD (Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural), que é credenciada a IFOAM (International Federation of Organic Agriculture Movements) e DAR (Deutscher Akkreditierungsrat), a cooperativa CABRUCA hoje conduz o projeto IBD, BA – 036, que atualmente congrega trinta e quatro membros, produtores rurais de pequeno, médio e grande porte. A CABRUCA também vem apoiando diversas iniciativas de cooperados para produção de produtos já beneficiados como o vinho de cacau, chocolate caseiro, polpas, geléias e doces de frutas orgânicas. Além disso, a CABRUCA também disponibiliza frutas, palmito, hortaliças e especiarias para mercado local, contribuindo para divulgação do trabalho com manejo orgânico da terra e saúde de seus consumidores. 23 Em síntese, a proposta da cooperativa CABRUCA visa garantir a recuperação e ampliação do cultivo agroflorestal baseado em um manejo orgânico procurando unir agricultura, saúde e sustentabilidade ambiental. Para tal proposta a CABRUCA procura levar os seguintes objetivos como ferramentas: - Vender no mercado diferenciado de produtos orgânicos; - Estabelecer padrões “únicos” de qualidade para os seus produtos; - Fomentar o enriquecimento do plantio tradicional; - Incentivar a diversificação da produção; - Capacitar associados e agregados; - Valorizar os seus produtos através do processamento artesanal/agroindustrial. 6. Escola de chocolateria - chocolate gourmet- Parceria Instituto Cabruca/Castelli O Instituto Cabruca com o objetivo de promover a formação de recursos humanos na área de cacau e chocolate gourmet com qualidade, que possa valorizar o cacau brasileiro vem desenvolvendo uma série de ações. Tais como a promoção de publicações na área, o apoio a realização e formatação de cursos e seminários a exemplo do Seminário Florestas de Chocolate e do curso de pós-graduação e curta duração da Escola de Chocolataria da Castelli com quem mantemos um acordo de cooperação técnica. Recentemente o Instituto também visitou a Escuela de Chocolateria da Amêrica Latina e Caribe em estado de Araguaia na Venezuela com quem também pretendemos manter acordo de cooperação técnica. Desta forma solicita um espaço no parque tecnológico em formatação pela CEPLAC com o objetivo de desenvolvermos atividades de capacitação, desenvolvimento e inovação em parceria com as instituições citadas e outras de caráter privado, em conjunto com a CEPLAC com quem mantemos um acordo de cooperação técnica na área de Cacau Cabruca e Qualidade de Cacau. 8. Potencial de transferência de Tecnologia A transferência de tecnologia ser vista, também, como uma transferência de informação tecnológica, passível de gerar conhecimento em determinado espaço de determinada realidade. Qualquer movimentação tecnológica que não realize um processo de produção de conhecimento, não completa a transferência. Entende-se por desenvolvimento tecnológico, o crescimento contínuo e auto sustentável na adoção de tecnologias inovadoras em um determinado contexto social. O desenvolvimento tecnológico pode manifestar-se de forma mais lenta, ou mais rápida, em diferentes espaços sociais ou em determinados setores da sociedade. 24 O potencial de inovação ou de adoção e uso de tecnologia de uma sociedade depende basicamente dos seguintes fatores: 1 - Atividade de Pesquisa e Desenvolvimento Experimental - representa o nível de dispêndio e a prioridade que a sociedade estabelece para estas atividades; 2 - O Nível e a Qualidade do Estoque de Tecnologia Instalado no País - é uma função da transferência de tecnologia, da compra de tecnologia no exterior e da produção interna de tecnologia. O estoque de tecnologia instalado no País indica sua densidade tecnológica; 3 - Contexto Político e Institucional do País - representa o momento econômico e político no seu relacionamento com as unidades produtivas e com o progresso técnico; 4 - Disponibilidade de Recursos Humanos - a absorção da tecnologia transferida ou produzida internamente é limitada, ou facilitada pela qualidade da força de trabalho interna, obtida através de um processo de aperfeiçoamento histórico e cumulativo; 5 - A Estrutura Industrial do País - representada pelas condições de mercado, estrutura do mercado, oferta, demanda e preços e o relacionamento das unidades produtivas; 6 - A Competência Operacional do Setor Produtivo - representa as possibilidades técnicas da realidade em "engenheirar" as condições necessárias para a adaptação da tecnologia emergente; 7 - A Infraestrutura de Informação e sua Transferência - relaciona-se a capacidade do setor de informação em transferir adequadamente informações que possam gerar ou facilitar a introdução de novas ideias técnicas na sociedade. Envolve um direcionamento da mensagem e do canal, como um instrumento de desenvolvimento tecnológico. 8.1. Infraestrutura de Pesquisas A CEPLAC possui um Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC) localizado dentro das coordenadas 39° 11’ de longitude W e 14° 45’ de latitude S. no coração da Mata Atlântica, no município de Ilhéus,BA – Brasil. O Cepec possui 26 laboratórios que abrangem as áreas de: Biologia Molecular – tem boa estrutura física e desenvolve atividades de biologia molecular em suporte ao Programa de Melhoramento Genético do Cacaueiro. É equipado para otimização e aplicação de marcadores moleculares e obtenção de seqüências de DNA para o estudo genético e genômico do cacaueiro. 25 Figura 4 - Laboratório de biologia molecular Biocontrole - isola, cultiva e produz fungos antagônicos às doenças do cacaueiro e para isso consta de sala de esterilização para meios de cultura, vidrarias, sala de inoculação, sala de germinação, sala de secagem, câmara fria, sala com câmaras indutoras da produção de basidiomas de Moniliophothora perniciosa. Figura 5 - Laboratório de biocontrole 26 Solos: desempenha atividades de pesquisa e análises de rotina para atendimento aos agricultores da Região Cacaueira da Bahia. Possui infraestrutura para o desempenho das atividades de: análises química e física de solos, análise de água para fins de irrigação, potabilidade e apoio a projetos de pesquisa. Realiza também análise de fertilizantes e corretivos visando o controle de qualidade dos produtos. Faz parte, do Programa de Controle de Qualidade (PAQLF) supervisionado e controlado pela Embrapa Solos do Rio de Janeiro, que lhe confere anualmente o Certificado de Qualidade. Conta também com um Aparelho Varian 820 MS, (ICP Mass Spectrometers). Figura 6 - Laboratório de Solos As pragas do cacaueiro constituem um dos fatores responsáveis pela baixa produtividade. Neste contexto, um melhor entendimento dos aspectos bioecológicos das principais pragas é um pré-requisito para adoção de medidas racionais de controle, visando reduzir os níveis populacionais de insetos, ácaros e outros animais nocivos ao cacaueiro e às espécies botânicas usadas como sombreamento das plantações, seja através de métodos convencionais de controle ou preservação de populações de inimigos naturais. 27 Figura 7 - Laboratório de Entomologia Ceratocystis e Histopatologia- Desenvolve atividades de isolamento, cultivo e armazenamento de isolados dos fungos Ceratocystis cacaofunesta, Moniliophthora perniciosa e Phytophthora spp., para serem utilizados nas inoculações artificiais na seleção de materiais genéticos resistentes às doenças do cacaueiro. Também processa amostras para microscopia ótica e eletrônica. Dispõe também de equipamentos apropriados e pessoal qualificado. Phytophthora- Este laboratório é o único nesta especialidade no Brasil, sendo um centro de referência nos meios científicos brasileiros e internacionais. Possui uma micoteca com 1512 isolados de Phytophthora. Dos isolados obtidos são realizados testes de patogenicidade, compatibilidade sexual, caracterização morfo-fisiológica, cultivo e extração de DNA para caracterização molecular. Há rotineiramente treinamento de estudantes de Iniciação Científica, mestrado, doutorado e graduados em Agronomia e/ou Biologia para especialização, preparo de monografias, dissertações e teses e formação de especialistas na taxonomia do gênero Phytophthora. Clínica Fitopatológica - dispõe de infraestrutura, equipamentos, materiais, reagentes e mão-de-obra especializada, contando com uma equipe técnica treinada e experiente na realização de estudos fitopatológicos e de diagnose, principalmente, de doenças de natureza fúngica, e em menor proporção, bacteriana. 28 Fitopatologia Molecular - desenvolve pesquisas biológicas e moleculares para melhor conhecimento das bases genéticas e moleculares da resistência da relação plantapatógeno. Também faz identificação de fitopatogenos, biologia e estudos populacionais a análise da expressão gênica (genômica funcional); de epidemiologia molecular e taxonomia molecular. Para o desenvolver as atividades possui infra-estrutura com: seqüenciadores, 3100 e 377, casa-de-vegetação, laboratórios equipados com PCRs, PCR em tempo real com sistema de genotipagem para SNP, centrifuga refrigerada, pipetas automáticas, computadores, sistema de quantificação de DNA, plataforma de coloração por prata, cubas de eletroforese, incubadores, câmara úmida para inoculação, câmaras de crescimento, bioinformática, plataforma de produção de esporos e testes de patogenicidade. Figura 8 - Laboratório de Fitopatologia Tecidos Vegetais - realiza as análises de: Matéria seca total, Umidade total, Resíduo mineral físico, Macro e micro-minerais, (N, P, K, Ca, Ma, Fe, Zn, Cu, S, B e Mn), Clorofila, Carboidratos, Acidez, Ácido cianídrico, Fenóis, Proteína, Aminoácidos, Nitrato, nitrito, Valor calórico, Vitamina C, Grau alcoólico, Densidade Aparente, Extrato etéreo, Óleos essenciais, Matéria orgânica, Carbono, pH, SS em Brix, Lignina, Teobromina, Silício. 29 Figura 9 - Laboratório de Tecidos Vegetais A falta de um sistema de informações eficiente e constante dificulta a tomada de decisões e a formulação e implementação de políticas voltadas para a região. São objetivos da socioeconomia acompanhar, analisar e informar preços de insumos, mão de obra e principais produtos agrícolas da região, estabelecer prioridades e avaliar as atividades do CEPEC com relação à geração de tecnologias e ainda desenvolver métodos preciosos de pevisão e acompanhamento de safras. Figura 10 - Laboratório de Socioeconomia 30 Ainda possui outros Laboratórios como: Biodiesel, Bioecologia, Mirmecologia, Taxonomia, Anatomia, Cultura de Tecidos, Fertilizantes e Corretivos, Análise Sensorial, Subprodutos de Cacau, Físico-Química, Bioecologia, Ecotoxicologia, Aplicação de Agrotóxicos, Biodiversidade de Fungos, Screening, Ofiologia. 8.2. Patentes Registradas a) NOME: T R I C O V A B; b) Registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA: D.O.U. Seção 1, nº 186, terça-feira, 25 de setembro de 2012, defere e concede o pedido de registro nº 01312 a marca comercial Tricovab® à Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC) - Brasília – DF. c) COMPOSIÇÃO: Esporos de Trichoderma stromaticum (contendo no mínimo 2,3x108 esporos/g): 19g/kg (1,9% m/m). Outros ingredientes: 981g/kg (98,1% m/m) d) CLASSE: Fungicida microbiológico; e) MODO DE AÇÃO: Contato; f) TIPO DE FORMULAÇÃO: Pó Molhável (PM); g) TITULAR DO REGISTRO: Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac); h) FABRICANTE DO PRODUTO TÉCNICO: Ceplac, Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec); i) FORMULADOR: Ceplac/ Cepec; j) MANIPULADOR: Ceplac/ Cepec; k) FUNGICIDA MICROBIOLÓGICO: contém esporos do fungo Trichoderma stromaticum isolado Ceplac 3550; l) CARACTERÍSTICAS DO AGENTE DE BIOCONTROLE: Fungo filamentoso dimórfico, com uma fase sexuada denominada Hypocrea stromatica livremente encontrada na natureza, geralmente sobre frutos de cacau e cupuaçu em decomposição. A fase assexuada (mitospórica), Trichoderma stromaticum, é produzida via fermentação sólida. O teleomorfo é conhecido apenas na região cacaueira do estado da Bahia e o anamorfo tem ocorrência também nos estados do Pará e Rondônia; m) CLASSIFICAÇÃO TOXICOLÓGICA – IV – Pouco Tóxico; n) CLASSIFICAÇÃO DO POTENCIAL DE PERICULOSIDADE AMBIENTAL – IV – Produto pouco perigoso ao meio ambiente; o) INSTRUÇÕES DE USO: TRICOVAB PM é um fungicida microbiológico, eficaz no controle do fungo Moniliophthora perniciosa na cultura de cacau compondo o manejo integrado para controle da doença vassoura-de-bruxa do cacaueiro. A sua aplicação deve ser realizada sobre os restos culturais resultantes das operações de poda da parte aérea e de remoção das vassouras (gemas vegetativas e almofadas florais) e frutos doentes, amontoados no solo; p) CULTURA: Cacau (Theobroma cacao L.); 31 q) PRAGAS / DOENÇAS: Moniliophthora perniciosa (Stahel) Aime & Phillips-Mora/ vassoura-de-bruxa; r) DOSE: 2 Kg p.c. (produto comercial)/ha; s) NÚMERO, ÉPOCA E INTERVALO DE APLICAÇÃO: - Número de aplicações: no máximo 4 (quatro) aplicações durante o período indicado. - Época: Aplicar durante o período chuvoso de maio a agosto, após a remoção das vassouras e dos frutos doentes, em dias de umidade relativa alta (acima de 80%); - Intervalo de aplicação: no máximo 4 (quatro) aplicações por ano durante o período de maior umidade. - MODO DE APLICAÇÃO: Pulverização. Dirigir o jato de aplicação do pulverizador costal manual, dotado de bico tipo leque 110/02, às vassouras e frutos amontoados sobre a serrapilheira. 8.3. Ciência, tecnologia e inovação como eixo estruturante do desenvolvimento do Brasil Nos anos recentes alcançaram-se avanços significativos. Desde meados dos anos 2000, os recursos financeiros destinados, aumentaram expressivamente, fortaleceu-se, institucionalmente, o sistema de C,T&I, elevou-se a quantidade e a qualificação dos recursos humanos nas diversas áreas do conhecimento e ampliou-se a infraestrutura de P&D com desconcentração e redução de assimetrias regionais, inserindo de forma definitiva a ciência brasileira no cenário internacional. Entretanto, se observa que, embora instrumentos de promoção da pesquisa e da inovação tenham sido criados e aperfeiçoados, 20 anos de recessão e de hiperinflação levaram o setor privado a inovar pouco para o mercado e a adotar uma cultura passiva em relação a transferência de tecnologia, o que só começa a mudar mais recentemente. Com a edição da Lei de Inovação e da Lei do Bem, o Brasil passou a contar com um sistema mais integrado e coerente para a indução da inovação nas empresas. Atualmente as empresas brasileiras que investem em P&D dispõem de uma serie de incentivos e facilidades, entre os quais (i) incentivos fiscais a P&D semelhantes aos principais Países do mundo (automáticos e sem exigências burocráticas), (ii) possibilidade de subvenção a projetos considerados importantes para o desenvolvimento tecnológico, (iii) subsidio para a fixação de pesquisadores nas empresas, (iv) programas de financiamento a inovação de capital empreendedor, e (v) arcabouço legal mais propicio para a interação universidade/empresa. 32 A ambiência favorável a inovação, aliada a conjuntura econômica brasileira, tem atraído para o Pais maiores investimentos e centros de P&D de empresas com presença global. O empresariado brasileiro se mobiliza para difundir a importância da inovação para a competitividade e para explicar os instrumentos disponíveis de apoio a inovação. A Mobilização Empresarial para a Inovação (MEI), lançada pela Confederação Nacional da Industria (CNI) em 2009, representa uma nova atitude, que tem propiciado mais parcerias com o MCTI. É relevante ressaltar que os esforços se consolidaram no Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação 2007-2010 (PACTI), anunciado em novembro de 2007, que fortaleceu a articulação entre a política de C,T&I com as demais políticas de Estado e entre os vários atores do sistema nacional de C,T&I. Figura 11 Figura 11 - Articulação da política de C,T&I com as principais políticas de Estado e a integração dos atores No entanto, essa retrospectiva positiva não significa que o Pais possa simplesmente replicar as medidas até aqui adotadas para permanecer numa trilha de sucesso. Ao contrário, parte dos avanços realizados no plano socioeconômico e no desenvolvimento de competências científico-tecnológicas tenderá a diluir-se na ausência de esforços renovados, tanto para fortalecer a capacidade competitiva da industria nacional como para sustentar a trajetória ascendente dos investimentos. As modificações ocorridas na economia mundial ao longo dos últimos anos, algumas das quais aprofundadas por crises financeiras, alteraram as condições de concorrência e competitividade na escala global. A emergência da China como potência econômica modificou a estrutura e a dinâmica da economia mundial. O extraordinário crescimento da indústria chinesa e sua transição para uma economia crescentemente urbanizada tem gerado forte demanda por alimentos e matérias-primas. Os desafios postos ao Brasil por essa nova configuração do cenário externo são hoje gigantescos, mas abrem também, oportunidades para que o País dê o tão desejado salto tecnológico. 33 Para o Brasil, grande produtor e exportador de commodities, o cenário global tende a induzir a especialização primário-exportadora. A ampliação das commodities na pauta de exportações brasileira e a crescente participação das importações no consumo doméstico, principalmente nos segmentos de media alta e alta tecnologia, são evidencias desse movimento que impacta a estrutura produtiva brasileira. É de se esperar que, em um próximo momento, aumente a participação dos setores produtores de commodities na estrutura produtiva do País, em virtude da elevada rentabilidade relativa desses produtos frente aos produtos industrializados. Considerando seu potencial, sua capacidade cientifica e tecnológica em diversas áreas, a dinâmica do seu mercado interno e o grau alcançado pelo seu desenvolvimento industrial, o Pais reúne as condições necessárias para diversificar a pauta comercial em direção a produtos mais intensivos em conhecimento, condição fundamental para o desenvolvimento no longo prazo. Entretanto, é evidente que um País que não produz tecnologia de forma competitiva não tem condições de exportá-la. Por isso, políticas de inovação bem elaboradas e eficientes são fundamentais para agregar valor a estrutura produtiva no longo prazo. Essa compreensão requer opções ousadas na produção de conhecimento e de inovações na economia brasileira, estimulando setores e tecnologias nos quais o País tem condições de se tornar um ator relevante no cenário mundial. Nesse sentido, o Brasil precisa aproveitar as oportunidades existentes no mercado internacional para aprofundar o processo de ganhos de produtividade e de diversificação da sua economia. É importante salientar também, que o papel desempenhado pela CT&I na competitividade entre nações não se limita a esfera econômica. Sendo a inovação e o conhecimento os motores da política de desenvolvimento, é essencial que a disseminação de novos conhecimentos e novas tecnologias e métodos sejam capazes de ampliar o acesso da população a novos bens e serviços, e que gerem melhorias concretas para a coletividade, assim diminuindo as desigualdades sociais existentes. A continuidade do atual ciclo de crescimento da economia brasileira e a construção de um novo padrão de desenvolvimento sustentável demandam uma maior centralidade da política de desenvolvimento cientifico e tecnológico e de inovação. É nesse consenso, refletindo uma das treze diretrizes centrais do atual governo é — transformar o Brasil em potência cientifica, tecnológica e inovadora”. Figura 12 34 Figura 12 - Diretrizes do Governo Federal 8.3.1. Tendências internacionais das políticas de C,T&I O desenvolvimento econômico dos Países tem por base, cada vez mais, na inovação e no desenvolvimento cientifico e tecnológico. Com esse entendimento vários Países, a exemplo de Estados Unidos e China, tem colocado a inovação e o apoio a P&D como eixos centrais de suas estratégias de retomada do crescimento, de enfrentamento de crises e de promoção do crescimento no longo prazo. De uma maneira geral, nas políticas governamentais de C,T&I mantém-se focadas tanto no fortalecimento da base cientifica e tecnológica quanto na ampliação da capacidade de inovação do setor empresarial. A reforma das políticas de C,T&I, que visa melhor alinhar a oferta e a demanda de apoio público a inovação com vistas a obtenção de melhores resultados e impactos das ações, permanece na ordem do dia das economias centrais. Nesse sentido, nos últimos anos, emergiu um conjunto amplo de novas tendências nas políticas nacionais de C,T&I, dentre as quais se destacam1: preocupação com a sustentabilidade no seu sentido mais amplo, nas estratégias nacionais de pesquisa e de inovação. A maioria dos Países desenvolvidos continua a colocar as questões ambientais, climáticas e de segurança energética no topo da agenda das estratégias nacionais de C,T&I; as áreas de saúde e de qualidade de vida também se mantém como prioridades importantes. 35 ênfase especial, sobretudo nas economias emergentes — como China, Brasil, Rússia e África do Sul — no uso de tecnologias existentes e de inovações não tecnológicas2 para atender as necessidades sociais e de infraestrutura, tais como água, saúde, educação, transporte e energia. ressurgimento da ciência básica como alta prioridade das políticas de C,T&I, vista como essencial para a inovação futura, sobretudo no que se refere as tecnologias necessárias para alcançar a sustentabilidade ambiental e social do desenvolvimento. ampliação da questão da governança das ações de promoção da C,T&I nas agendas nacionais, bem como da colaboração internacional para enfrentar os desafios globais. direcionamento do fomento para áreas e tecnologias estratégicas, com destaque para: biotecnologia, nanotecnologia, saúde, energia limpa, tecnologia da informação e comunicação, novos materiais e industrias avançadas. aumento do apoio governamental direto e indireto para atividades empresariais de P&D e de inovação, o qual tem buscado aumentar o acesso a recursos por parte das pequenas e médias empresas e ser mais eficaz. esforço crescente para focalizar o fomento a C,T&I nas diferentes fases da cadeia de valor da inovação (isto é, fornecendo incentivos para P&D por meio de doações ou créditos fiscais, da promoção de clusters de tecnologia específica, ou fundos de risco), com o intuito de aumentar a capacidade das empresas de se especializarem-se em tecnologias emergentes. fortalecimento de políticas voltadas a indução do aumento da demanda por inovação, tais como encomendas governamentais e regulamentos favoráveis a inovação. reforma das universidades visando estimular uma maior colaboração com o setor empresarial e a ampliação das parcerias pública-privadas, promoção do empreendedorismo acadêmico, criação de novas empresas de base tecnológica e proposição de um conjunto de novas iniciativas visando acelerar a comercialização do conhecimento produzido ou agregado. adoção de um amplo conjunto de políticas de promoção do desenvolvimento de recursos humanos em C&T, que incluem iniciativas voltadas a estimular o interesse dos jovens na ciência, ampliar as oportunidades de financiamento dos estudos doutorais e treinamentos pós-doutorais no exterior, estimular a mobilidade internacional dos pesquisadores e a atração de jovens talentos, entre outras. _______________________________________________________________________ 1 Fonte: Science, Technology and Industry Outlook 2010, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Extraído de: Carta IEDI, nº 452 de 28.01.2011, http://www.iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_452_principais tendencias_nas_politicas_cientificas_tecnologicas_inovacao.html 2 Embora se valham de conhecimento e, em muitos casos, de tecnologia, são consideradas inovações não tecnológicas aquelas relativas a, principalmente, modelo de negócio, marketing, canal de distribuição, cadeia de fornecimento, gestão, planejamento urbano, logística de transporte. 36 A primeira vista, os planos e estratégias nacionais para a ciência, tecnologia e inovação nos Países desenvolvidos, bem como nos principais Países emergentes são, em geral, semelhantes. O fortalecimento da inovação empresarial com vistas ao aumento da competitividade industrial continua a ser um objetivo comum, especialmente em termos da elevação da produtividade, do crescimento do emprego e da melhoria da qualidade de vida. Entretanto, verificam-se diferenças de ênfase e de foco. Nos Países que já ocupam posição avançada com relação as atividades empresariais de P&D e de inovação — como nos casos da Coreia, do Japão e dos Estados Unidos — a atenção está concentrada nos investimentos em ciência básica, na pesquisa pública e na formação de recursos humanos para reforçar a base para inovações futuras. Esses Países também tem direcionado seu apoio a C,T&I para áreas com grande potencial de crescimento futuro e na fronteira do conhecimento, tais como saúde e tecnologias verdes, visando, ao mesmo tempo, melhor enfrentar os desafios globais de mitigação dos efeitos de mudanças climáticas e de segurança alimentar. Em contraste, nos Países que precisam avançar nos esforços internos de inovação, os planos e/ou estratégias nacionais de C,T&I dão especial ênfase ao desenvolvimento de capacidade institucional para dirigir ou gerenciar as políticas governamentais, para reforçar os laços entre a universidade e a indústria, e melhorar a qualidade do ensino superior e da pesquisa nacional. Em outros termos, esses Países buscam desenvolver ou aperfeiçoar seus sistemas nacionais de pesquisa e inovação integrando suas estratégias de C,T&I as estratégias de desenvolvimento nacional. A orientação estratégica das prioridades nacionais no campo da pesquisa e da inovação tem sido marcada por uma continua mudança rumo a sustentabilidade ambiental. Também permanecem no topo da agenda da política de C,T&I dos Países centrais e emergentes questões relativas a segurança alimentar e as relacionadas a temas sociais tais como saúde, envelhecimento da população, urbanização, segurança pública, transporte, gestão de recursos hídricos, segurança energética, entre outros. Destaca-se também a importância dada pelos Países a ação sinérgica de quatro campos científicos e tecnológicos — nanotecnologia, biotecnologia, tecnologias de comunicação e informação e ciências cognitivas, em especial a neurociência, — intitulada de Convergência Tecnológica. Particularmente nos Países em desenvolvimento, como no caso do Brasil, as tecnologias de pequena escala que contribuem para a inclusão social e a redução da pobreza assumem, também, posição de destaque. Ao mesmo tempo, as políticas nacionais de apoio a C,T&I são cada vez mais amplas e interdependentes. De um lado, a inovação não tecnológica e a difusão e aplicação de novos conhecimentos são vistas como fatores primordiais para o aumento da produtividade e a promoção do crescimento. De outro, há o reconhecimento crescente que políticas horizontais de apoio a inovação empresarial — que incluem desde crédito tributário sobre o dispêndio em P&D ate recursos não reembolsáveis para micro, pequenas e medias empresas — devem considerar de maneira mais ampla os contextos local e global. 37 Em suma, a nova Estratégia Nacional de C,T&I apresentada neste documento considera grande parte dos objetivos gerais das políticas nacionais de C,T&I prevalecentes no cenário internacional. Ela é pautada, porém, pela convicção de que o caminho do desenvolvimento cientifico e tecnológico a ser construído, no caso brasileiro terá de ser, até certo ponto, um caminho próprio que leve a soluções tecnológicas singulares. 8.3.2. Desafios A importância conferida a política de C,T&I no processo de desenvolvimento sustentável do País implica reconhecer que os impactos da ciência e da tecnologia são transversais a atividade econômica, a conservação dos recursos naturais e ao propósito final de elevar os padrões de vida da população brasileira a partir da crescente incorporação de novas tecnologias ao processo produtivo e da apropriação dos benefícios gerados. Nesse sentido, essa Estratégia de âmbito nacional aponta claramente os objetivos a serem atingidos, as ações para alcançá-los e as metas mais significativas a serem cumpridas ao longo do processo. A ENCTI foi concebida para contribuir no enfrentamento dos desafios apresentados pelo atual estágio de desenvolvimento do País. Os cinco principais, descritos a seguir, constituem a motivação para as ações a serem empreendidas. Redução da defasagem científica e tecnológica que ainda separa o Brasil das nações mais desenvolvidas O Brasil é um Pais em estágio intermediário de desenvolvimento cientifico e tecnológico. A despeito do avanço notável do Brasil no ranking mundial da produção cientifica, persiste um hiato significativo em relação aos Países desenvolvidos. A defasagem é ainda maior no plano tecnológico, que envolve a capacidade de incorporar conhecimento em novos bens e serviços. Para reduzir a defasagem tecnológica que ainda o separa dos Países desenvolvidos, é essencial que a taxa de crescimento do esforço tecnológico brasileiro — expresso em investimentos em P&D – supere aquela observada nos Países centrais. Entre 2000 e 2010, houve ampliação significativa dos esforços brasileiros3 em C,T&I, num cenário econômico marcado por taxas de crescimento mais elevadas. Embora o crescimento observado no período recente seja expressivo em termos históricos, não foi suficiente para reduzir o mencionado descompasso em relação aos Países centrais. Se o Pais apenas mantiver a taxa de crescimento do investimento em P&D dos últimos anos, serão necessários cerca de 20 anos para se chegar ao patamar observado atualmente nos Países europeus. Superar a defasagem tecnológica requer, portanto, uma mudança de patamar nos investimentos em P&D da economia brasileira, tanto públicos quanto privados. _______________________________________________________________ 3 No período de 2000 a 2010, o dispêndio total em P&D no Brasil cresce, como proporção do PIB, de 1,02% para uma estimativa de 1,19%. O dispêndio privado, por sua vez, aumenta de 0,47% PIB para 0,56% PIB. 38 Para fazer frente a esse desafio, é preciso que se aumente a participação empresarial nos investimentos em P&D. Nesse contexto, a política industrial, expressa no Plano Brasil Maior tem como alicerce principal a promoção da inovação. A ENCTI define setores e segmentos tecnológicos prioritários, com maior potencial de geração de externalidades para o conjunto da economia. São setores críticos e intensivos em tecnologia nos quais o Brasil possui elevados déficits comerciais e setores nos quais possui competências bem estabelecidas que lhe permitam elevar o patamar na produção de conhecimento e inovação. Expansão e consolidação da liderança brasileira na economia do conhecimento da Natureza Na economia do conhecimento da Natureza, o sistema de inovação é, em grande parte, construído com base nos recursos naturais e ambientais do País e nos bens deles derivados4. O Brasil deve apostar na utilização dos avanços proporcionados pela economia do conhecimento para ampliar o conteúdo científico e tecnológico dos setores intensivos em recursos naturais, o que permitira que o País aproveite suas vantagens na produção de commodities para avançar na diferenciação de produtos. O Brasil se tornou um grande exportador agrícola em função de suas vantagens naturais e principalmente, porque desenvolveu de forma pioneira no mundo e com grande competência, uma agricultura tropical de sucesso graças, em grande parte, aos investimentos feitos em pesquisa e tecnologia agrícola. O mesmo ocorre com muitos outros produtos agrícolas e em outros setores, como a mineração, a bioenergia e a extração de petróleo. A agropecuária e a indústria extrativa brasileiras são tecnologicamente avançadas e é possível utilizar a demanda desses setores para fomentar a indústria produtora de insumos e bens de capital e outros segmentos da cadeia produtiva, além de fornecedores de serviços tecnológicos de alto valor agregado. Também é possível aproveitar a escala de produção e a competência empresarial dos grandes atores nesses segmentos, incentivando a diversificação da sua base produtiva. São numerosos os exemplos de empresas mundiais, atualmente em setores intensivos em conhecimento, provenientes originalmente da área de commodities. A agropecuária necessita muita pesquisa em biotecnologia, manejo de solo e práticas que continuem a aumentar a produtividade agrícola e da pecuária de forma compatível com a preservação do patrimônio ambiental. Há uma demanda crescente por alimentos no mundo e o Brasil e o Pais que mais aumentou o excedente de exportação de alimentos na ultima década. _____________________________________________________________ 4 Kirsten Bound, “Brazil: the natural knowledge economy”. Editora Demos, Reino Unido, 2008, tradução publicada pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) no mesmo ano. 39 Na mineração é necessário explorar novos segmentos, como o das terras raras5, que hoje são quase monopólio da China. As terras raras são cada vez mais relevantes para diversos setores industriais de ponta e exigirão novas rotas tecnológicas. O Brasil, atualmente, não produz elementos e compostos de terras raras, sendo totalmente dependente da importação. No entanto, há varias reservas e fontes alternativas associadas as terras raras no Brasil, que podem tornar o País autossuficiente, necessitando-se, porém, que seja retomado o desenvolvimento em tecnologia para produção de óxidos, elementos e ligas de terras raras. A cooperação técnico-científica internacional e a parceria pública-privada devem ser fomentadas em nichos de oportunidades para a fabricação no Pais de produtos de alta tecnologia com uso intensivo de compostos de terras raras, tais como ima de alto desempenho para motores elétricos e turbinas eólicas, e a futura indústria de fabricação de carros híbrido-elétricos, catalisadores, leds e displays, dentre outros. A implantação da cadeia produtiva de terras raras no País é, portanto, uma das prioridades da ENCTI, por razões estratégicas e econômicas. Para sua implementação há necessidade de definir nichos prioritários do uso industrial de terras raras que possibilitem a produção de produtos de alta tecnologia em áreas que apresentem perspectivas para o Brasil se tornar importante ator no mercado mundial, como também de definir ações em PD&I essenciais ao domínio de rotas tecnológicas que contribuam para o alcance deste objetivo. A descoberta dos grandes campos de petróleo no pré-sal e a valorização dos preços das commodities no mercado mundial abrem janelas de oportunidade importantes e que devem ser aproveitadas pelo Pais. O pré-sal é a cadeia produtiva mais importante e capaz de alavancar o processo de inovação e avanço tecnológico do País. Estima-se que, nos próximos três anos, um terço dos poços perfurados offshore esteja localizado no Brasil. Entretanto, cerca de 90% dos serviços e produtos mais intensivos em tecnologia demandados pela industria do petróleo são importados, ou seja, a participação brasileira nos setores de alta tecnologia é pequena. A Petrobras tem feito importante esforço na superação dessa condição, mas é preciso avançar muito mais, o que constitui uma das grandes prioridades da nova ENCTI. Outra área importante para investimentos em P&D diz respeito a métodos mais limpos de extração e de refino. Da mesma forma, a consolidação do etanol como parte estratégica da matriz energética renovável exige acelerar os investimentos e a realização de pesquisas em processos avançados e novas rotas de produção, além de fomento a química verde. ____________________________________________________________ 5 As terras raras representam um grupo de 17 elementos químicos, dos quais 15 pertencem, na tabela periódica dos elementos, ao grupo dos lantanídeos (elementos com número atômico entre Z=57 e Z=71), e dois, o escândio (Z=21) e o ítrio (Z=39), ocorrem nos mesmos minérios e possuem propriedades físico-químicas similares. Essas propriedades são utilizadas em diversas aplicações tecnológicas, principalmente nos campos da microeletrônica, dos lasers, da catálise, dentre outros. 40 Ampliação das bases para a sustentabilidade ambiental e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono As crescentes preocupações com o desenvolvimento sustentável, além dos efeitos do aquecimento global sobre as atividades humanas, tornam cada vez mais necessário o desenvolvimento de tecnologias que contribuam para a construção de uma economia mais verde e mais sustentável. O Brasil, por exemplo, ocupa posição de destaque na produção de energia a partir de fontes renováveis e de combustíveis alternativos – sua matriz energética está entre as mais limpas do mundo – detendo portanto, capacitações científicas e tecnológicas que o credenciam a se tornar um líder mundial nesses setores. A economia verde, entendida como uma economia que promoverá o crescimento econômico tendo como vetor central a vertente ambiental e a inclusão produtiva, pode ser a grande aposta estratégica brasileira. Para ser viável, deverá promover profunda transformação no setor produtivo: envolverá novos processos de produção e novos produtos e materiais recicláveis, os quais evitarão a utilização crescente de recursos naturais, dentre outros aspectos que serão necessariamente abordados para atender a hábitos de consumo de uma sociedade ambientalmente consciente. Ou seja, não basta apenas desenvolver tecnologia e inovação, elas tem de conduzir a um novo paradigma de produção e consumo. Essa é uma das vertentes centrais de onde pode provir o salto tecnológico brasileiro. É importante que o desenvolvimento brasileiro seja baseado: (i) na contenção e reversão dos danos antrópicos associados aos padrões de produção e consumo da sociedade moderna; (ii) na adoção de novas modalidades de aproveitamento sustentável dos recursos naturais; e (iii) na minimização do impacto ambiental dos processos de ocupação do território e de assentamento populacional, especialmente nas aglomerações urbanas e metropolitanas. Consolidação do novo padrão de inserção internacional do Brasil A ciência e a tecnologia podem contribuir de maneira importante em diversos aspectos do desenvolvimento das relações internacionais do País, incluindo o comércio exterior, a defesa dos interesses estratégicos nacionais e a cooperação internacional, entre outros. No que tange ao comércio exterior, o investimento maciço em C,T&I no setor industrial pode contribuir para melhorar a especialização comercial brasileira. Atualmente, em parte como consequência da forte apreciação do real, mais de 60% das exportações brasileiras são constituídas de produtos não industriais ou de relativamente baixa intensidade tecnológica (commodities, produtos intensivos em Mão de obra e recursos naturais) e menos de 30% são produtos de maior conteúdo tecnológico. Pode também contribuir para a redução dos crescentes déficits na balança comercial de bens industriais de média alta e alta tecnologia, que refletem o aumento da participação das importações no consumo doméstico desses bens. A recente crise internacional contribuiu para intensificar 41 esse quadro. Entre 2007 e 2010, a participação das commodities na pauta de exportações brasileira saltou 10 pontos percentuais, chegando a 51%6 no mesmo período, o déficit na balança comercial dos segmentos de média-alta e alta tecnologia passou de US10,1 bilhões para US 28,4 bilhões, um aumento de 184%. O desenvolvimento da capacidade cientifica, tecnológica e inovativa brasileira é, portanto, vital para que o País tenha autonomia no seu desenvolvimento industrial e consolide e amplie sua segurança e sua soberania em três esferas estratégicas: a energética, a alimentar e a sanitária. É decisivo, igualmente, para respaldar a política externa do País e seu protagonismo na manutenção da paz mundial e nas diversas instancias e fóruns de governança internacional. A C,T&I tem um papel imprescindível no monitoramento e na gestão do território, da plataforma continental e dos recursos naturais brasileiros e no estabelecimento de parcerias estratégicas e iniciativas de integração regional e de cooperação. A C,T&I se consolida como elemento decisivo nas parcerias estratégicas entre os Países em desenvolvimento e, nesta condição, tem contribuído para o fortalecimento da identidade dos BRICS7 e do IBAS8. Igualmente importante é o seu papel no processo de aprofundamento do MERCOSUL e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e de apoio aos Países africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Ênfase também é conferida a colaborações com Países da região amazônica e com Países que mantenham programas de pesquisa oceânicas e na Antártida. _______________________________________________________________ 6 IPEA, Boletim Radar n. 13 (maio/2011). 7 Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul 8 Índia, Brasil e África do Sul Incluem-se nas ações necessárias a consolidação desejada o fomento a internacionalização da ciência e dos cientistas brasileiros e o fortalecimento das atividades de cooperação científica e tecnológica com outros Países e regiões. Cumpre também apoiar a internacionalização das empresas brasileiras e a aquisição de ativos tecnológicos no exterior, atrair centros de P&D de empresas multinacionais para o Brasil e incentivar os processos de transferência de tecnologia. 42 Superação da pobreza e redução das desigualdades sociais e regionais Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, a erradicação da pobreza extrema e a redução das desigualdades sociais e regionais existentes continuam a ser alguns dos principais desafios brasileiros. A ciência e a tecnologia são ferramentas poderosas para contribuir para o desenvolvimento social. A construção de agendas regionais de tecnologia e inovação alinhadas com as iniciativas federais, a interiorização dos centros de pesquisa e de formação de recursos humanos e o tratamento adequado das diferenças regionais na formulação e implementação de políticas nacionais são parte essencial das iniciativas que pretendam reduzir as disparidades de renda, de capacidade tecnológica e de condições de vida e de trabalho, tanto entre regiões como no interior de cada região. Novas tecnologias e sua disseminação contribuem significativamente para a inclusão social e para a redução das desigualdades de oportunidade e de inserção ocupacional. As tecnologias assistivas, por exemplo, são essenciais para a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais e para a criação de oportunidades iguais para todos. Este tem sido um campo novo e estratégico de atuação do MCTI, que participa do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência: Viver sem Limite, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos, o Ministério do Desenvolvimento Social, o MEC e o Instituto Nacional de Seguridade Social. Da mesma forma, a massificação das tecnologias de comunicação é fundamental para reduzir a assimetria no acesso a informação dos diversos segmentos da população e nos processos educacionais. A inclusão digital poderá promover um grande avanço educacional no Brasil, mas exigiria um padrão pedagógico, a produção de conteúdos digitais e muito apoio aos professores. A ciência e a tecnologia podem contribuir com soluções criativas para melhorar a qualidade de vida da população, com o desenvolvimento de novas tecnologias urbanas e habitacionais, aderentes as necessidades de construção de uma economia verde e sustentável. Nesse sentido, investimentos em tecnologias podem ajudar a equacionar problemas ambientais no meio urbano, tais como o enfrentamento de enchentes e deslizamentos, que afetam mais fortemente a população carente que vive em áreas de risco e em condições de vulnerabilidade social. Uma das iniciativas do MCTI no sentido da prevenção e a criação do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN). Outro campo de atuação é no fomento a tecnologias de pequena escala que contribuam para o fortalecimento da agricultura familiar. No tocante as desigualdades regionais, o grande esforço de desconcentração empreendido no ultimo governo alterou a distribuição espacial dos programas de pósgraduação, assim fortalecendo as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste na formação de mestres e doutores. Alguns projetos estruturantes foram desenvolvidos nas regiões Norte e Nordeste, tais como a criação do Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), porém é necessário ir muito 43 além para efetivamente reduzir as desigualdades regionais. Nessa perspectiva, o MCTI está articulando a formulação de estratégias regionais para as três regiões citadas, com o envolvimento dos respectivos Estados, em consonância com a ENCTI. Elas conterão objetivos, metas e recursos definidos e serão construídas em parceria com governadores, secretários estaduais de C,T&I, fundações de amparo a pesquisa, reitores de universidades, federações da industria, dentre outros. Extraído de: MCT. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012 – 2015. Balanço das Atividades Estruturantes. 2012. http://www.mct.gov.br/upd_blob/0218/218981.pdf. 44 8.4. Referência Agroindustrial Para escolhermos as agroindústrias cooperativadas que poderão se instalarem no parque tecnológico foi preciso que se fizesse um levantamento do uso e ocupação do solo, com as devidas culturas agrícolas para que se pudesse estabelecer as agroindústrias. Este trabalho foi realizado por território de acordo com o sistema de planejamento do centro de extensão rural - SISCENEX do Centro de Extensão - CENEX da CEPLAC/SUEBA. Para sugestão das demandas da cadeia agroindustrial tomou-se também o trabalho desenvolvido por Zugaib, 1992, quando avaliou cenários alternativos para a diversificação agroindustrial da Região Cacaueira da Bahia. Tabela 2 Território Cadeia produtiva Baixo Sul Cacau 62.652,70 Banana 5.076,50 Doce de banana Seringueira 8.967,00 Pós-colheita, elastômeros Extremo Sul Área da cultura Demandas da cadeia Agroindustrial (ha) Suco, chocolate, doces Pecuária 47.391,80 Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Dendê 19.439,90 Biodiesel, alimentação Coco 4.239,00 Óleo de Coco, Leite de coco Cravo-da-índia 4.927,30 Óleos Essenciais Guaraná 4.242,90 Refrigerantes Mandioca 4.638,50 Farinha de mandioca, Fécula de mandioca Piaçava 11.924,50 Vassoura Pecuária 827.334,70 Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Floresta (eucalipto) 637.273,80 Madeira, móveis, celulose Cacau 49.685,90 Suco, chocolate, doces Fruticultura 12.481,30 Tecnologia de produção, pós-colheita, polpas, sucos, sorvetes, picolés, doces 45 Café Seringueira Piscicultura (m2 lâmina d’agua) Apicultura (colmeias) Coco Território Cadeia produtiva Itapetinga Pecuária Litoral Sul 21.679,00 789,30 Tecnologia de produção, pós-colheita Pós-colheita, elastômeros 1.108.647 Tecnologia de produção, pós-colheita 8.823 Tecnologia de produção, pós-colheita 3.366,30 Tecnologia de produção, pós-colheita Área da cultura Demandas da cadeia (ha) 166.017,80 Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Cacau 15.748,20 Suco, chocolate, doces Cacau 307.488,00 Suco, chocolate, doces Pecuária 311.283,50 Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Mandioca 2.455,10 Coco 3.435,20 Tecnologia de produção, pós-colheita Café 3.742,40 Tecnologia de produção, pós-colheita Mandioca 2.455,10 Farinha de mandioca, Fécula de mandioca Pupunha 1.426,90 Tecnologia da produção, palmito. Seringueira 7.042,90 Pós-colheita, elastômeros, Pneus. Piscicultura (m2 lâmina d’agua) 208.377 Apicultura (colmeias) 3.371 Mel, Pólen, Extrato de Própolis. 46 Território Cadeia produtiva Médio Rio das Cacau Contas Recôncavo 93.606,40 Pecuária 153.652,80 Piscicultura (m2 lâmina d’agua) 291.019,00 Fruticultura 554,90 Seringueira 30,00 Suco, chocolate, doces Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Tecnologia de produção, pós-colheita, polpas, sucos, sorvetes, picolés, doces Pós-colheita, elastômeros Pupunha 120,00 Tecnologia da produção, palmito Floresta (eucalipto) 688,00 Madeira, móveis, celulose Cacau 905,10 Suco, chocolate, doces Pecuária Vale Jequiriçá Área da cultura Demandas da cadeia (ha) 12.277,00 Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Dendê 559,80 Biodiesel, alimentação do Cacau 22.245,20 Suco, chocolate, doces Banana Doce de banana 1.607,80 Café 1.124,90 Café Solúvel Pecuária 69.979,90 Carne, couro, leite in natura, produtos lácteos Mandioca 6.137,90 Farinha de mandioca, Fécula de mandioca Tabela 2 - Produtos e demandas da cadeia agroindustrial por território - Bahia 47 9. Planejamento do Parque Tecnológico do Sul da Bahia 9.1. Cenário da área a ser implementado o Parque O Parque tecnológico do Sul da Bahia será implementado na área destinada pela Superintendência de Desenvolvimento da Região Cacaueira da Bahia - SUEBA da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira - CEPLAC, considerando a utilização dos 1.000.000 m2 da área destinada ao Plano Diretor do Parque. A forma de concessão das áreas para instalação das empresas seria pela cessão de uso do terreno. Por estar totalmente implantado dentro da Sede da Superintendência do Estado da Bahia - SUEBA/CEPLAC, este cenário traz um maior controle das atividades a serem inseridas no Parque Tecnológico por parte da CEPLAC, o que pode ser considerado como uma forte vantagem. Outra vantagem deste cenário seria uma maior agilidade de implantação do projeto, dado que a parte privada necessita de um tempo considerável de 1,5 a 2 anos para as liberações de licenças de implantação do projeto nos órgãos competentes. 9.1.2. Fases de implementação Pode-se dividir o projeto de implantação do parque tecnológico em 3 fases distintas: a) Fase I - Planejamento: planejamento, concepção, estudos de viabilidade e estruturação do parque tecnológico. Envolve a concepção e implantação do parque tecnológico, em que se decide, entre outras coisas, a área de ocupação, a forma jurídica do empreendimento, a viabilidade econômica, etc. Esta fase envolve: Estudos preliminares e concepção do parque; o qual constitui-se do presente documento de pré-proposta; Estruturação jurídica, constituição legal e anúncio formal de sua criação; Projeto urbanístico; em anexo contempla até o presente momento a descrição contida no Cenário. Este projeto, deverá ainda ser aprimorado, de forma a permitir a instalação da infraestrutura com o menor custo possível. A proposta atual conta com X módulos distribuídos em X quadras . O projeto urbanístico final dependerá da definição da área a ser utilizada. Elaboração de um planejamento econômico detalhado e de um plano de captação de recursos para investimentos em infraestrutura física e tecnológica. 48 b) Fase II - Implantação: Criação da infraestrutura básica e ocupação das edificações de uso coletivo do parque tecnológico. Corresponde ao período de estruturação do empreendimento com a criação de infraestrutura básica; Instalação das primeiras empresas. A instalação das empresas seguirá um cronograma em 4 etapas, desta forma a área do parque será dividia em 4 grandes blocos A, B, C e D, e corresponderão a um conjunto de quadras, conforme será detalhado na proposta do documento “Regulamento de uso e ocupação do solo”. Para cada uma destas etapas, ocorrerá um “Edital de Concorrência”, a ser elaborado, a fim de selecionar as empresas mais adequadas ao Parque. As empresas selecionadas assinarão o “Contrato de concessão” (proposta do documento a ser elaborado) com a CEPLAC, o qual estabelecerá os direitos e deveres das partes interessadas. A implantação do Parque Tecnológico em 4 fases, possibilitará a execução da infraestrutura por etapas. Uma nova fase somente será implementada após avaliação do cumprimento dos objetivos da fase anterior. Esta avaliação deverá tramitar primeiramente pelas instâncias gerenciadoras do Parque Tecnológico e depois pelo procuradoria jurídica, em se tratando da área da CEPLAC. Desta forma em cada fase um conjunto de módulos será disponibilizado para a “cessão de uso” a iniciativa privada, seguindo o plano urbanístico, conforme a descrição a seguir: Implantação – 1a. fase: serão disponibilizadas 2 quadras com 5 módulos para empresas, mais 5 módulos para as instituições âncoras e serviços de uso comum; Implantação – 2a. fase: serão disponibilizadas 2 quadras com 5 módulos para empresas, mais 1 módulo para as instituições âncoras e serviços de uso comum. c) Fase III - Operacionalização: Ocupação do parque tecnológico pelas Empresas de Bases tecnológicas - EBTs, Universidades e Centros de pesquisa de grandes empresas, bem como gestão do empreendimento e oferta de serviços variados. Ocupação plena do parque tecnológico pelas agroindústrias cooperativas; Divulgação intensa das ações relacionadas ao parque; Nesta fase, o sucesso do Parque Tecnológico poderá ser medido pelo número de empregos gerados, pelo faturamento das empresas instaladas e pelo transbordamento das atividades do parque por meio da proliferação de novos fornecedores ao longo da cadeia produtiva. Este deverá se tornar um agente propulsor da atividade econômica regional. 9.2. Planejamento para Viabilização do Parque Tecnológico 9.2.1. Objetivos para viabilização do Parque Tecnológico 49 Este planejamento tem como objetivo geral avaliar a viabilidade técnica, econômica e financeira do empreendimento, bem como definir estratégias, diretrizes e ações para a implementação do Parque Tecnológico, com metas a serem atingidas nesta fase do projeto e metas para serem atingidas em fase posteriores. O objetivo geral acima descrito será desdobrado nas seguintes metas: 1. Gerenciamento do projeto; 2. Estudo do plano urbanístico básico da área do Parque; o qual deverá contemplar também um levantamento topográfico e cadastral da área, inclusive com discriminação da vegetação arbórea. 3. Estudos das experiências de parques tecnológicos já existentes para a definição de estratégias de transferência de tecnologia; 4. Estudo da definição do perfil das atividades e características das empresas a serem implantadas no Parque; 5. Estudo da forma legal de realização da cessão de uso do terreno; 6. Estudos jurídicos para a implantação da operação urbana na área do Parque; 7. Estudo para definição da viabilidade econômica e da engenharia financeira da operação urbana a ser utilizada na área do Parque; 8. Estudo para definição dos custos de infraestrutura e dos equipamentos da área do Parque; 9. Estudos para a implantação de um Centro Tecnológico; 10. Definição do modelo organizacional da instituição que realizará a gestão do parque; 11. Elaboração do EIA-RIMA ou do RAP, conforme as exigências do órgão responsável, para este tipo de empreendimento O Quadro 1 apresenta em maiores detalhes as atividades que devem ser realizadas para que sejam atingidas as metas acima descritas. 50 Quadro 1: Atividades a Serem Desenvolvidas na Fase de Viabilização do Parque Tecnológico Objeto Atividades Contratação do gestor e da equipe executora Planejamento e definição dos trabalhos das equipes temáticas Supervisão das atividades 1. Gerenciamento do projeto Entrega dos resultados do trabalho das equipes temáticas (data limite) Relatório parcial / síntese das atividades desenvolvidas Síntese dos resultados dos estudos temáticos Relatório final e prestação de contas Apresentação do Plano de Investimento do Parque 2. Estudo do plano urbanístico da área do Parque Levantamento das necessidades e possibilidades de utilização das áreas do Parque para a racionalização e melhoria do plano urbanístico. levantamento topográfico e cadastral da área, inclusive com discriminação da vegetação arbórea. Visitas a parques tecnológicos no Brasil. Serviços: levantamento da estrutura de serviços existente em outros parques tecnológicos. 3. Estudos das Tecnologia: mapeamento das melhores práticas de interação e transferência tecnológica em Parques. experiências de parques tecnológicos Identificação de mecanismos que viabilizem a cooperação empresa/universidade para atração de EBTs. Detalhamento do arranjo institucional referente à transferência de tecnologia entre os agentes envolvidos no Parque. 52 Delineamento do arranjo institucional do Parque com um todo a partir das melhores práticas nacionais e internacionais e das especificidades locais. 4. Estudo e definição do Empresas: levantamento dos potenciais investidores: aproximação das EBT´s da região, dos laboratórios das universidades e dos centros de pesquisa. perfil das atividades/ Síntese do perfil dos potenciais investidores e, por consequência, do perfil das empresas a serem implantadas serviços e das empresas no Parque. que serão implantadas no Parque Serviços: identificação e definição das atividades e serviços que serão oferecidos no Parque (após resultados item 3). Levantamento das experiências de cessão de uso de outros Parques Tecnológicos instalados em universidades públicas. 5. Estudo da forma legal de realização da cessão de Seleção das formas jurídicas possíveis para cessão de uso do Parque a ser instalado na sede da SUEBA/CEPLAC, segundo as normas desta instituição. uso do terreno Escolha e definição de forma jurídica especifica para cessão de uso pelos órgãos competentes. 53 Operação Urbana: Levantamento dos parâmetros legais para a implantação da Operação Urbana. Análise do Plano Diretor e da legislação urbanística do município quanto às possibilidades de utilização da área onde se pretende instalar o Parque. 6. Estudos jurídicos para a implantação da operação urbana na área do Parque Proposição de diretrizes para elaboração de legislação específica de regulação da Operação Urbana na área do Parque. Ocupação da área: estudos e levantamento das formas de cessão de uso possíveis das áreas do parque para a instalação das empresas e centros de pesquisa tecnológica. Definição dos mecanismos de incentivo ao uso e ocupação da área. 7. Levantamento da Levantamento dos custos de implantação dos empreendimentos previstos no Parque. viabilidade econômica e Estimativas dos recursos necessários para a operação urbana. da engenharia financeira da operação Definição de taxa mínima de retorno da operação urbana e condições de apropriação dos investimentos. urbana da área do Levantamento das possibilidades de geração de receitas e definição dos potenciais construtivos para a Parque viabilização destas. Análise das características topográficas da área. 8. Definição de infraestrutura e equipamentos e seus respectivos custos de implantação. Definição da infraestrutura básica e equipamentos quanto a: energia, água e esgoto, telefonia, centro empresarial, escritórios da administração do parque, área para instalação de empresas prestadoras de serviços, área de esporte e lazer, área para a instalação das empresas etc. Definição dos custos unitários a serem utilizados nas estimativas dos custos globais de infraestrutura e dos equipamentos necessários. Estimativas dos custos de ressarcimento de eventuais danos ambientais causados pelo empreendimento. 54 9. Estudos para a implantação de um Centro Tecnológico Estudo de viabilidade para a criação de um Centro Tecnológico Definição das características e/ou competências do Centro Tecnológico 10. Definição do modelo Levantamento de pontos fortes e fracos dos modelos organizacionais possíveis para a gestão de Parques a partir organizacional da das experiências de outros Parques. instituição que realizará Definição de modelo que mais se adéqua às condições locais. a gestão do parque 11. Elaboração do EIARIMA ou do RAP Deverá ser realizado um estudo de impacto ambiental EIA-RIMA ou RAP , conforme as exigências da CETESB e demais órgãos ligados ao meio ambiente, para este tipo de empreendimento Quadro 7: Estagio Atual das Metas a serem alcançadas para Implementação do Parque Tecnológico: META A SER ALCANÇADA ESTAGIO ATUAL 1. Gerenciamento do projeto Falta a contratação de um gerente para o projeto do parque. Isto Restrições financeiras, em deve ocorrer depois da criação do Parque Tecnológico do Sul da busca de recursos junto a Bahia e posse da diretoria executiva. FINEP, quando da abertura de novo edital para parques tecnológicos 2. Estudo do plano urbanístico da área do Parque 3. Estudos das experiências de parques tecnológicos DIFICULDADES LIMITAÇOES / Falta o Plano urbanístico inicial para ser enviado a direção da Em fase inicial. Posteriormente CEPLAC para ser analisado e aprovado pelo Conselho de deve ser elaborado o projeto. Administração do Parque Tecnológico do Sul da Bahia. Serão realizadas visitas para estudos de experiências nacionais Está sendo realizado o com visitas a parques tecnológicos no Brasil pelo grupo de planejamento de visitas aos Trabalho. parques. 55 4. Estudo e definição do perfil das atividades/serviços e das empresas que serão implantadas no Parque 5. Estudo da forma legal de realização da cessão de uso do terreno Está sendo realizado o levantamento das empresas que tem Falta o plano de marketing para interesse/potencial para se instalarem no Parque Tecnológico. divulgação. Precisam ser elaboradas as minutas dos seguintes documentos: a) Em fase final de providências a edital de concorrência; b) contrato de concessão; c) atestado de serem realizadas aptidão. 6. Estudos jurídicos para a implantação Precisa ser elaborado a minuta do regulamento do uso e ocupação Em fase final de providências a da operação urbana na área do Parque 7. Levantamento da viabilidade do solo; serem realizadas Atividade a ser iniciada Restrições financeiras contratação da equipe Foram definidos os elementos constitutivos e valores estimados. Restrições financeiras econômica e da engenharia financeira da operação urbana da área do Parque 8. Definição de infraestrutura e para equipamentos e seus respectivos custos de implantação. 9. Estudos para a implantação de um Centro Tecnológico 10. Definição do modelo organizacional da instituição que realizará a gestão do parque Está sendo elaborado o termo de referência para disciplinar as Restrições financeiras empresas interessadas em se instalar no Centro Tecnológico. Há uma primeira indicação por parte do Grupo de trabalho do Parque Tecnológico do Sul da Bahia, associação a ser criada, com estatuto em anexo, venha a ser responsável pela gestão do parque. 11. Elaboração do EIA-RIMA ou do RAP O documento precisa ser elaborado. 12. Inserção do Parque Tecnológico de O Estatuto do Parque Tecnológico do Sul da Bahia já está em anexo. Precisa ser operacionalizado. Restrições financeiras Deverá ser feita uma apresentação do estudo-projeto para Aprovação do estatuto e posse 56 do Sul da Bahia na lista de parques prioritários para o Governo do Estado a Bahia. os dirigentes oficiais dos órgãos que compõem o Conselho da diretoria executiva. de Administração do Parque Tecnológico do Sul da Bahia. Está sendo escrito um estudo-projeto para servir de base para encaminhar um projeto a FINEP solicitando recursos para a 13. Levantar recursos financeiros para conclusão dos estudos de viabilidade. Bem como vão ser viabilizar os estudos de viabilidade e pleiteados recursos junto ao MCT, o governo do Estado da Bahia (SECTI, FAPESB, SICM e SUDIC) e as Prefeituras de Ilhéus e as obras de implantação Itabuna 14. Protocolo de Intenções Há edital (FAPESB) de apoio a parques aberto neste momento. Para operacionalização e implantação. Necessidade de buscar outras fontes de financiamento para viabilidade econômica e financeira. O protocolo de intenções poderá ser o próprio estatuto do Em andamento Parque Tecnológico do Sul da Bahia e a concordância dos órgãos em participarem do Conselho de Administração. 57 9.2.2. Resultados Esperados pelo Projeto na Fase do Planejamento para a Viabilização do Parque Concluída a fase do Planejamento para a viabilização, espera-se atingir os seguintes resultados: Elaboração de relatório do perfil das atividades e das características das empresas a serem implantadas; Apresentação de relatório do arranjo jurídico-legal da Operação urbana; Elaboração de relatório dos custos de infraestrutura e equipamentos necessários na área do Parque; Proposta do plano urbanístico básico da área do Parque; Relatório de viabilidade econômica e da engenharia financeira da operação urbana; Definição das estratégias e mecanismos de transferência de tecnologia, a partir de experiências de parques tecnológicos já em funcionamento; Plano de Investimento; Relatório de Impacto Ambiental Relatório final e prestação de contas desta primeira fase. Após a finalização dos trabalhos da Fase I, de concepção e estruturação do empreendimento, passa-se para a Fase II descrita no item 2.2. 1.1.1. Cronograma das atividades da Fase I A seguir apresenta-se um conjunto de atividades em ordem cronológica, as quais são necessárias para implementação do projeto do parque tecnológico. Destaca-se no entanto que estas atividades serão apenas listadas em uma ordem, sem indicar o tempo de duração das mesmas. 1) Análise por parte dos membros do GRUPO do estudo-projeto; 2) Submissão ao GRUPO para apreciação e aprovação do estudo-projeto, que passará a ser chamado de Projeto do Parque Tecnológico da Mesorregião Sul Baiano; 58 3) Assinatura de um protocolo de intenções ou o próprio estatuto entre todos os atores interessados no projeto do Parque (CEPLAC, UFSBA, SECTI, MCT, Secretarias Municipais de C&T, etc. etc. ) 4) Realização dos estudos de impacto ambiental (EIA-RIMA, RAP) 5) Envio do projeto a SUEBA e posteriormente ao Reitor e demais instancias da UFSBA para análise e aprovação 6) Definição formal da entidade gestora do Parque (Modelo de organização administrativa do parque) 7) Realização dos demais estudos que integram a Fase I (estudo de viabilidade econômica e engenharia financeira, levantamento das potenciais empresas que poderão vir a se instalar no parque, estudos jurídicos) 8) Elaboração e aprovação da versão definitiva do plano urbanístico 9) Assinatura do convenio entre todos os atores interessados no projeto do Parque (CEPLAC, UFSBA, SECTI, MCT, Secretarias Municipais de C&T, etc. ) para criação do Parque 10) Lançamento dos editais para contratação das obras de infraestrutura 11) Realização das obras de infraestrutura 12) Lançamento dos editais para seleção das empresas 13) Implantação das empresas no Parque. 9.3. Modelo de Organização Urbanístico-Administrativa do Parque Tecnológico 9.3.1. Modelos de governança, aspectos jurídicos sobre a gestão administrativa e tecnológica do parque - condomínio fechado. 9.3.1.1. Organização Gestora A organização gestora do Parque tecnológico do Sul da Bahia, poderá ser uma pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, constituída na forma de Associação, OSCIP ou Fundação, com prazo indeterminado, que terá sede e foro no Km 22 da Rodovia Ilhéus - Itabuna, na cidade de Ilhéus, Estado da Bahia. 9.3.1.2. Atores do Empreendimento O Parque Tecnológico do Sul da Bahia é uma ação liderada pela CEPLAC, com a participação de universidades públicas e privadas, institutos federais 59 tendo como parceiros: a) Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT b) Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia - SECTI; c) Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado da Bahia - SICM; d) Secretaria de C&T ou correspondente da Prefeitura Municipal de Ilhéus e) Secretaria de C&T ou correspondente da Prefeitura Municipal de Itabuna; f) Federação das Indústrias do Estado da Bahia - FAEB; g) Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas da BAHIA – SEBRAE/BA; h) Representante dos Produtores. Figura 13 Modelos de governança, aspectos jurídicos sobre a gestão administrativa e tecnológica do parque - condomínio fechado Organização Gestora – Atores do Empreendimento UFSBA UESC IFBAHIA IFBaiano CEPLAC SECTI FAPESB SICMSUDIC ATORES PARQUETEC SUL DA BAHIA SEBRAE APC IPC MCT FINEP CNPQ SEC. MUN. DE C&T FAEB Figura 12 - Atores do Parque Tecnológico do Sul da Bahia 9. Serviços e infraestrutura que serão disponibilizados as empresas Segundo o plano diretor da sede da Superintendência do Estado da Bahia SUEBA, há uma área de aproximadamente 100 hectares destinada à interface com a comunidade para a instalação de empreendimentos tecnológicos não poluentes. Como resultado do estudo de viabilidade técnica será estabelecida a área a ser utilizada inicialmente, bem como possível expansão do parque, à medida que cada etapa do processo for concluída. Em razão de ser um imóvel público a sua utilização ocorrerá conforme os requisitos legais de cessão de uso do terreno, seguindo normatização definida pelas instâncias competentes. 60 Figura 13 - Atores do Parque Tecnológico do Sul da Bahia 10. Serviços e infraestrutura que serão disponibilizados as empresas 10.1. Infraestrutura As infraestruturas básicas disponibilizadas às empresas são: a. Comunicação: conexão de rede de fibra óptica, telefonia e internet; b. Energia elétrica, hidráulica, esgoto, manutenção, jardinagem, grande estacionamento e segurança. Os edifícios disponibilizados pelo parque são: a. Escritório da Administração: prédio onde fica instalada a gerência do parque e o escritório do Parque Tecnológico do Sul da Bahia; b. Prédio de Infraestrutura de Comunicação: abriga pontos de comunicação da Embratel, PROCEMPA, Brasil Telecom, GVT, Diveo do Brasil, Metroweb, as quais oferecem seus serviços às empresas residentes no parque. 10.2. Elementos constitutivos Os elementos constitutivos do Parque tecnológico do Sul da Bahia são: a) escritório do Parque Tecnológico onde funcionará a administração; b) a Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB e outras universidades desde que tenham projetos específicos para serem desenvolvidos dentro do parque; c) o Centro Tecnológico onde funcionará as empresas de base tecnológica; d) módulos onde se instalarão os centros de pesquisas; e) módulos onde se instalarão as agroindústrias cooperativas f) Centro de Capacitação. Figura 14 e 15. 61 10.2. Elementos Constitutivos CENTRO TECNOLÓGICO EBTec UNIVERSIDADES MÓDULOS CENTROS DE PESQUISAS e INCUBADORAS Elementos Constitutivos do Parque Tecnológico do Sul da Bahia ESCRITÓRIO CEPLACTEC CENTRO DE CAPACITAÇÃO MÓDULOS AGROINDUSTRIAIS COOPERATIVADOS Figura 14 - Elementos constitutivos do CEPLAC Parque tecnológico do Sul da Bahia - CEPLACTEC 9.3. Plano Urbanístico Figura 14 - Planta Baixa do Parque Tecnológico Figura 14 - Planta Baixa do Parque Tecnológico 62 10.3. Plano Urbanístico A definição da infraestrutura e dos equipamentos que deverão ser disponibilizados no Parque Tecnológico deverá ser realizada pelo Conselho de Administração do Parque Tecnológico do Sul da Bahia. Tendo em vista que o Parque Tecnológico deve oferecer terrenos com infraestrutura adequada para vários tipos de atividades de alta tecnologia voltadas as áreas preferenciais, o mesmo deve criar condições para o desenvolvimento de ações conjuntas e o aproveitamento de economias externas pelas empresas ali instaladas. São sugeridos os seguintes investimentos em infraestrutura e equipamentos, os quais deverão ser detalhados em projeto arquitetônico específico, a ser aprovado posteriormente pelo Conselho do Parque Tecnológico. Construção Civil a) Portaria / posto de informações, com 30 m²; b) Prédio da Administração/Coordenação composto por: recepção, Show Room, 2 salas de reunião para 20 pessoas cada, sala de coordenação, sala para equipe técnica (aproximadamente 5 pessoas), sala de informática, copa, central de telecomunicações e sanitários. c) Centro Empresarial edificado no pavimento superior do prédio da administração, contendo 01(um) auditório para conferência e videoconferência com capacidade para 200 pessoas, 2 salas de treinamento para 40 pessoas, secretaria e sanitários. d) Bloco Empresarial para as Incubadoras – composto por 10 conjuntos modulares, com 30m² cada, para o funcionamento de salas para préincubação e 20 conjuntos modulares, com 60m² cada, para o funcionamento de salas para incubação. e) Centro Tecnológico com dois conjuntos modulares, para o funcionamento do laboratório de uso comum e um laboratório de certificação de produtos agroflorestais. O detalhamento deste centro deverá acontecer após levantamento das necessidades das empresas que deverão vir a se instalar no parque e das competências de pesquisa existentes no campus do CEPLACTEC. f) Módulos Empresariais – terrenos onde deverá funcionar a sede administrativa e operacional das empresas que venham a se instalar no parque. O número de empresas está condicionado ao estudo urbanístico da área do Parque, o qual conta na atual versão com 10 módulos. Estes deverão ter o tamanho mínimo de 1000 m 2, que poderão ser agrupados de 63 forma modular, ou seja, conforme a necessidade da empresa esta poderá ocupar mais de um módulo de 1000 m². g) Centro de Capacitação INFRAESTRUTURA a) Serviços Topográficos b) Terraplenagem c) Drenagem d) Obras D´artes Especiais (Pontes e Bueiros) e) Aterro Compactado f) Pavimentação Asfáltica com sub-base e arruamento g) Energia Elétrica h) Água e Esgoto Rede, coleta e tratamento de esgoto industrial de pequeno, médio e grande porte; Coleta, armazenamento e tratamento de resíduos sólidos; Sub-estação e redes de água; i) Telefonia e comunicação de dados Linhas telefônicas; Cabos para transmissão de dados. Áreas para atividades compartilhadas a) Áreas de estacionamento coletivo para as quadras das instituições âncoras; b) Heliporto; c) Guaritas de segurança e controle de entrada e saída; Instituições Âncoras a) Centro Administrativo do Parque b) Centro Tecnológico c) Escritórios e/ou laboratórios de instituições parceiras, como por exemplo, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que não dispõe ainda de convênio de cooperação técnica com do Parque Tecnológico do Sul da 64 Bahia, e Fapesb que está em processo de celebração de convênio com do Parque Tecnológico do Sul da Bahia; d) Sede do Parque Tecnológico do Sul da Bahia; Transporte Nos transportes considera-se duas alternativas, conforme o modelo de administração adotado: a) Empresas concessionárias do transporte coletivo público municipal transitam pelo Parque Tecnológico, determinados os pontos de embarque/desembarque; b) Empresas concessionárias do transporte coletivo público municipal param em pontos localizados próximos às entradas do Parque Tecnológico e o transporte interno fica a cargo do condomínio que poderá contratar os serviços. A alternativa (b) se aplica caso o Parque Tecnológico seja organizado como um condomínio fechado. Entretanto, nada impede que, ainda que seja adotado o modelo de condomínio fechado, o transporte interno seja realizado pelas atuais concessionárias do transporte coletivo urbano. Áreas de lazer a) Quadras poliesportivas; b) Pista para caminhada; c) Espaço cultural de uso comum, com infra-estrutura para eventos e reuniões. Prestação de Serviços a) Áreas Comerciais e de Serviços; b) Agências bancárias e caixas eletrônicos; c) Agência de correios; d) Central de cópias e fax; e) Empresas de entrega; f) Brigada de incêndio; g) Posto de vigilância conjunta. 65 11. Valores estimados dos custos operacionais e de investimentos Quadro 11: Custos Estimados para Construção da infra-estrutura das Instituições Ancoras do Parque Tecnológico Áreas e Volumes Descrição Total Construção Total Custo/m² * Previstos (m², m³) INFRAESTRUTURA Serviços topográficos (m²) 1.000.000,00 R$ 727,90 R$ 72.790,00 Terraplenagem (m²) 1.000.000,00 R$ 4,48 R$ 4.480.000,00 Drenagem (m³) 5.000,00 R$ 183,48 R$ 917.400,00 Obras dàrtes especiais (Pontes e Bueiros ) vb R$ 850.000,00 Aterro Compactado ( m³) 1.050.000,00 R$ 3,77 R$ 3.958.500,00 Pavimentação Asfaltica com sub base e 10.000,00 R$ 412,95 R$ 4.129.500,00 arruamento (m²) Rede eletrica vb R$ 1.800.000,00 Abastecimento de Agua vb R$ 550.000,00 Saneamento vb R$ 480.000,00 Telefonia e comunicação de dados vb R$ 280.000,00 TOTAL INFRAESTRUTURA Portaria / Posto de Informações R$ 17.518.190,00 30 R$ 1.583,70 R$ 47.511,00 R$ 47.511,00 Prédio da Administração/coordenação composto de recepção e Show Room , 2 salas de reunião, sala de coordenação, sala para equipe técnica, sala de informática, copa, central de telecomunicações e sanitários. 530 R$ 1.583,70 R$ 839.361,00 R$ 839.361,00 Centro Empresarial edificado no pavimento superior do prédio da administração, contendo 01(um) auditório para conferência e vídeoconferência com capacidade para 200 pessoas, 2 salas de treinamento para 40 pessoas, secretaria e sanitários. 500 R$ 1.583,70 R$ 791.850,00 R$ 791.850,00 Bloco Empresarial para os centros de pesquisas e Incubadoras – composto por 10 conjuntos modulares, com 30m² cada, para o funcionamento de salas para pré-incubação e 20 conjuntos modulares, com 60m² cada, para o funcionamento de salas para incubação. 1.500 R$ 1.583,70 R$ 2.375.550,00 R$ 2.375.550,00 Centro Tecnológico - composto de 100 conjuntos modulares, com 60 m2 cada para as empresas de base tecnológica (EBTec). 3.000 R$ 1.583,70 R$ 4.751.100,00 R$ 4.751.100,00 Centro de Capacitação Blocos Empresariais a serem construídos pelas empresas que venham a se instalar no Parque. Será de responsabilidade das próprias empresas Universidade Será de responsabilidade da própria universidade *Valores Ref. SINDUSCON -BA / DNIT maio /2013 R$ 17.518.190,00 R$ 8.805.372,00 R$ 26.323.562,00 66 11.1. Viabilização dos investimentos necessários A maior parte dos investimentos irá requerer o desenvolvimento de parcerias com o poder público e privado – está se buscando recursos junto ao MCT, FINEP, CNPQ e as Prefeituras de Ilhéus e Itabuna, pretende-se pleitear recursos junto a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia e FAPESB. Deve-se realizar parcerias com empresas que explorarão a infraestrutura e os equipamentos instalados, de maneira a minimizar os investimentos realizados diretamente pelo gestor do Parque, do Parque Tecnológico do Sul da Bahia, cuja atuação na captação dos recursos necessários será prioritária nesta fase. Os gastos em infraestrutura de energia deverão ser realizados por empresas que poderão explorar comercialmente os investimentos realizados. O mesmo deverá ser feito em relação a água e esgoto, em que a EMBASA poderá fazer os investimentos necessários para explorá-los. No caso da telefonia e comunicação de dados, deverá ser aberta concorrência entre empresas que proveem serviços de transmissão de voz e dados para análise da proposta que melhor provenha a infraestrutura planejada. No caso de atividades compartilhadas, sugere-se que a maior parte das mesmas seja feita pelo setor privado com direito à exploração das mesmas. Os investimentos nas áreas de segurança, no caso de opção pela administração em condomínio, deverão ser feitos pela administradora do Parque Tecnológico cujas despesas poderão ser incorporadas no valor do condomínio. Os investimentos no estacionamento coletivo e no heliporto poderão ser feitos por empresa concessionária, ou pela administradora do condomínio, no caso de opção por este modelo, que poderá explorar seu uso. No Centro Tecnológico e no Centro Empresarial são vários os arranjos possíveis de organização, como a utilização de recursos a fundo perdido originado de órgão de fomento; definição prévia das atividades que estarão no centro empresarial e concorrência conjunta ou em separado pela ocupação do espaço, entre outros. No caso da “infraestrutura social” sugere-se que o gestor do Parque Tecnológico seja o responsável, explorando-a de acordo com a utilização pelas empresas. O quadro 12 resume as principais propostas de viabilização dos investimentos em infraestrutura e equipamento: Quadro 12: Investimentos em Infraestrutura, Equipamentos e Formas de Viabilização Investimento 1. Infra-estrutura Viabilização 67 Energia: Acordos com as empresas que atuam neste mercado Sub-estação de energia elétrica; Iluminação voltagem; de vias e alta Terminal de gás. Água e Esgoto: Acordo com a EMBASA. Quanto ao tratamento de resíduos sólidos, pode-se pensar na constituição de uma Rede, coleta e tratamento de cooperativa para a reciclagem. esgoto; Sub-estação e redes de água. Coleta, armazenamento e tratamento de resíduos sólidos. Telefonia dados e comunicação de Acordo com empresas que atuam neste mercado como, por exemplo, Telefônica e Embratel. 2. Atividades compartilhadas Áreas de estacionamento coletivo Concessão para empresa da área; ou para instituições âncoras; Concessão para administradora do Parque Tecnológico, Heliporto CEPLACTEC. Guaritas de segurança A cargo da administradora do condomínio (CEPLACTEC). Controle de entrada e saída Centro Empresarial: Construção e exploração pelo setor privado (Cessão de Agroindústrias cooperativas uso); Anfiteatro Concorrência conjunta ou em separado pela ocupação dos espaços previamente definidos; ou Salas de reuniões Sala de vídeo-conferência Salas de apoio Salas de treinamento Escritórios da administração do Parque Tecnológico Posto de fiscalização de obras e ocupação Central de telefonia Copa Sanitários Construção e exploração pela administradora do condomínio (CEPLACTEC). Projetos a serem elaborados. 68 Centro Tecnológico e demais Recursos de órgãos de fomento como FINEP, FAPESB e áreas institucionais de uso Secretaria de C&T do Estado da Bahia. comum (como laboratórios, Construção pelo poder público a partir de acordo com os centros de qualificação etc.) centros de treinamento (SENAI, SENAC, SENAT, SEBRAE etc.); ou Construção pelo Gestor do Parque Tecnológico. Serviços: Agências bancárias eletrônicos; Por acordo com a administração do condomínio através de convênios ou cessão de uso. e caixas Agência de correios; Central de xerox e fax; Empresas de entrega; etc. Brigada de Incêndio Construção pelo poder público, com custo incluso na mensalidade e pessoal do corpo de bombeiros; Responsabilidade da administradora do condomínio e custo incluso na mensalidade. Posto de vigilância conjunta Concessão para empresa de segurança particular pelo gestor do Parque Tecnológico. 3. Área Social Centro de Esportes e Lazer Concessão para o gestor do Parque Tecnológico. Restaurantes A cargo da iniciativa privada: por meio de licitação dos lotes ou por acordo com a administração do condomínio (CEPLACTEC). Refeitórios Lanchonetes 11.2. Critérios de Seleção Os critérios de seleção servirão de parâmetros para introdução das empresas de base tecnológicas e as empresas âncora estabelecidos no arranjo produtivo local. Os critérios estabelecidos são: a) As empresas de base tecnológicas deverão ter como enfoque principal contidos no termo de referência técnico-científico; b) as empresas agroindustriais terão como enfoque contidos no termo de referência agroindustriais; c) As empresas para se instalarem no Parque Tecnológico terão que ser agroindústrias cooperativas; 69 d) As universidades, centros de pesquisas, empresas de base tecnológica e empresas agroindustriais cooperativas deverão se associarem do Parque Tecnológico do Sul da Bahia; e) Deverão seguir rigorosamente as cláusulas existentes no estatuto e no regimento interno do parque tecnológico; f) Uma vez definido e aprovado pelo Conselho de Administração, as instituições participantes do Parque Tecnológico do Sul da Bahia deverão obedecer o sistema de gerenciamento. 11.3. Incentivos e fatores de atração de empresas e investimentos para o parque Além das próprias âncoras a serem instaladas no parque, existem fatores de ordem técnica, sociais, fiscais, econômicos e ambientais da região cacaueira da Bahia que constituem-se como atrativos para as empresas de diversas áreas se instalarem no Parque. Tais fatores são mostrados no seguinte quadro: Categoria Fatores Facilitadores Estrutura Âncora CEPLACTEC Universidade Centros de Pesquisas e Incubadoras Centro Tecnológico (EBTec) Agroindústrias Cooperativas Técnica Capacitação e qualificação técnica dos profissionais da região Infraestrutura tecnológica existente na região Disponibilidade de acesso a novas tecnologias Sociais Capacidade criativa Estabilidade social e política Fiscais Incentivos Fiscais (para investimentos em P&D) Econômicos Relativa estabilidade econômica Apoio das agências de fomento 70 Empresas da cadeia de cacau Malha viária, porto e aeroporto que facilita o escoamento Tecnológicos e Científicos Porte das Universidades instaladas na região Qualidade dos cursos de graduação e pós-graduação das universidades da região Qualidade dos serviços e espaços existentes Disponibilidade de acesso a novas tecnologias proporcionadas pelo amplo número de grupos de pesquisa voltados as áreas priorizadas do Parque Universidades e Centros de Pesquisa de Padrão Internacional A definição de responsabilidade de cada ator envolvido no projeto com os respectivos investimentos a serem realizados, alguns dos quais já indicados na lista das âncoras do projeto encontra-se em fase de futura negociação entre o poder público municipal, estadual e federal, alem da discussão com órgãos de fomento e bancos de investimentos. 71 11.4. Membros da Comissão de Estudos para Instalação do Parque Tecnológico da Mesorregião Sul Baiano Foram incorporados ainda ao Estudo-Projeto do Parque Tecnológico através de Ordem de Serviço do Superintendente: - Wellington Duarte da Costa - Lindolfo Pereira dos Santos Filho 72 - Antonio Fernando Ribeiro da Silva Próximos Passos 1. Estatuto do Parque Tecnológico do Sul da Bahia em Anexo 2. Regimento interno (II Fase) 3. EIA-RIMA/ou do RAP Licenciamento Ambiental. (II Fase) 4. Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (II Fase) 5. Plano Urbanístico (Diretor) (II Fase) Regulamento de uso e ocupação do solo Regimento Interno do Parque 6. Relatório sobre Impacto de Vizinhança 7. Proposta de Site (II Fase) 8. Projeto do Parque ao FINEP-PRIME/FAPESB (II Fase) 9. Plano de Marketing e Promoção. (II Fase) 10. Credenciamento (II Fase) 11. Edital de Concorrência (II Fase) 12. Contrato de Concessão (II Fase) 13. Contrato de Permissão Bibliografia BARRETO A. de A. Transferência de informação, desenvolvimento tecnológico e a produção de conhecimento. ECO/UFW - IBICTICNPq. 1995. Durbin, S. (2004), Workplace Skills, Technology Adoption and Firm Productivity: A Review. Working Paper 04/16, New Zealand Treasury. GIUGLIANI, E; SELIG, P. M.; SANTOS, N. Modelo de governança para parques científicos e tecnológicos: análise e contexto. XXII Seminário nacional de parques tecnológicos e incubadoras de empresas. Foz do Iguaçu. Paraná. 2012. 73 MCTI. Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012 – 2015. Balanço das Atividades Estruturantes. Brasília. 2012. MULLER, M.W. Semana do Fazendeiro, 26ª , Uruçuca, 2004. Agenda. Uruçuca, CEPLAC/CENEX/EMARC. PP. 199 – 206.2004. Parques tecnológicos no brasil. Estudo, análise e proposições. ABDI e ANPROTEC. 2008. Pré-projeto do parque tecnológico no campus de Ribeirão Preto. Documento elaborado pela Comissão de Estudos para Instalação do Parque Tecnológico no campus da USP em Ribeirão Preto em conjunto com a FIPASE. 2005 SPOLIODORO, R & AUDY, J. Origens e Evolução dos Parques Tecnológicos. Parques Científicos e Tecnológicos da PUCRS - TECNOPUC. 2006. ZUGAIB, A.C.C. Avaliação de cenários alternativos para a diversificação agroindustrial da região cacaueira da Bahia. Tese de Mestrado. Viçosa. Minas Gerais. 1992. ZUGAIB, A.C.C. Análise do preço mínimo para a cacauicultura baiana. SEPRA/SUEBA/CEPLAC. 2013.