ÁREA TEMÁTICA: Sociologia do Desporto [ST 6]
FALTA DE FAIR PLAY OU EXCESSO DE VIRTUOSE? BREVES REFLEXÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DE
CRISTIANO RONALDO E NEYMAR NO FUTEBOL ATUAL
MARQUES, José Carlos
Doutor em Ciências da Comunicação
Universidade Estadual Paulista (UNESP – Brasil)
[email protected]
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Resumo
A prática do futebol profissional, desde o final do Século XX, passou a caracterizar-se por
uma racionalização crescente, em função da organização empresarial dos clubes, da
profissionalização de setores técnicos, do desenvolvimento tático, do maior rigor na
preparação dos atletas, entre outros aspectos – o que fez diluir em parte a essência lúdica da
prática esportiva, como apontou o historiador holandês Johan Huizinga na obra “Homo
Ludens”. No entanto, o futebol contemporâneo ainda representaria um terreno fértil para a
busca do prazer e a efetivação do impulso lúdico, o que, para o português António Cabral,
realizar-se-ia por meio da imitação (mimese) e da competição (agon), conceitos definidos
pelo sociólogo francês Roger Caillois.
A partir destas considerações, este trabalho procura analisar o comportamento do português
Cristiano Ronaldo (Real Madrid) e do brasileiro Neymar (Santos FC). Acusados algumas
vezes de agirem com falta de ética e de fair play, os dois atletas costumam fazer uso da
habilidade técnica como demonstração do virtuosismo de seus estilos. Em significativos
estudos sociológicos no Brasil, o drible e a irreverência seriam fatores de valorização estética
(como atestam Gilberto Freyre, Roberto DaMatta e Anatol Rosenfeld). Tais considerações
serão colocadas em perspectiva na leitura do jogo destes atletas, em confronto com os
aspectos disciplinadores e civilizatórios promovidos pelo esporte, conforme definiram os
sociólogos Norbert Elias e Pierre Bourdieu.
Abstract
The practice of professional football since the end of the twentieth century, came to be
characterized by an increasing rationalization, depending on the business organization of
clubs, the professionalization of technical fields, the tactical development of higher accuracy
in the preparation of athletes, among other aspects - what part did dilute the essence of
leisure sports, as noted by the Dutch historian Johan Huizinga in his work "Homo Ludens".
But the contemporary football still represent a fertile ground for the pursuit of pleasure and
accomplishment of the play drive, which, for the Portuguese António Cabral, would be held
by means of imitation (mimesis) and competition (agon), concepts defined by the French
sociologist Roger Caillois.
From these considerations, this paper analyzes the behavior of the Portuguese Cristiano
Ronaldo (Real Madrid) and the Brazilian Neymar (Santos FC). Sometimes accused of acting
with a lack of ethics and fair play, the two athletes usually make use of technical skill as a
demonstration of virtuosity of their styles. In significant sociological studies in Brazil, the
dribbling and irreverence factors would be aesthetic value (as evidenced by Gilberto Freyre,
Roberto Da Matta and Anatol Rosenfeld). Such considerations will be put into perspective in
reading the field of athletes in comparison with the disciplining and civilizing aspects
promoted the sport, as defined sociologists Norbert Elias and Pierre Bourdieu.
Palavras-chave: Fair play; Cristiano Ronaldo; Neymar; drible; disciplina.
Keywords: Fair play; Cristiano Ronaldo; Neymar; dribbling; discipline.
PAP0784
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1. Introdução i
A prática do futebol profissional, desde o final do Século XX, passou a caracterizar-se por uma
racionalização crescente, em função da organização empresarial dos clubes, da regulamentação profissional
dos setores técnicos envolvidos (as equipas hoje dispõem de uma infinidade de profissionais que lhe dão
suporte, como fisiologistas, nutricionistas, psicólogos, terapeutas, preparadores físicos, diretores etc.), do
desenvolvimento de novos esquemas táticos, do maior rigor na preparação dos atletas, entre outros aspectos
– o que fez diluir em parte a essência lúdica da prática esportiva, como apontou o historiador holandês Johan
Huizinga (em sua célebre obra “Homo Ludens”. No entanto, e sem prejuízo desses aspectos
profissionalizantes, o futebol contemporâneo ainda representaria um terreno fértil para a busca do prazer e a
efetivação do impulso lúdico, o que, para o autor português António Cabral, realizar-se-ia por meio da
imitação (mimese) e da competição (agon), conceitos definidos pelo sociólogo francês Roger Caillois.
O rigor e a complexidade de regras e regulamentos, tão característicos do esporte de alta competição, não
estão presentes da mesma forma nos chamados jogos populares; mesmo assim, os atletas profissionais,
segundo António Cabral, podem continuar a exercer sua prática profissional e dar vazão ao prazer lúdico que
está na gênese das atividades esportivas. É como se o jogo representasse um regresso ao paraíso da infância,
quando a atividade lúdica tem início; mais do que um regresso ao paraíso, o jogo seria o “paraíso do
regresso”.
A partir destas considerações, o presente trabalho procura tecer algumas reflexões sobre o comportamento
em campo do futebolista português Cristiano Ronaldo (atleta vinculado atualmente ao Real Madrid CF) e do
futebolista brasileiro Neymar (vinculado atualmente ao Santos FC). Acusados algumas vezes, por críticos e
pelos media, de agirem com falta de ética e de fair play, os dois atletas costumam fazer uso da habilidade
técnica como demonstração do virtuosismo de seus estilos.
Em significativos estudos sociológicos no Brasil sobre o futebol, o drible e a irreverência seriam fatores de
valorização estética (como atestam as obras de Gilberto Freyre, Roberto DaMatta e Anatol Rosenfeld). Essa
sublimação foi coroada pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, que em texto publicado em 1970 afirmou
que as equipas sul-americanas praticariam um “futebol de poesia”, enquanto as europeias, um “futebol de
prosa”. Tais considerações serão colocadas em perspectiva na leitura do jogo praticado por Cristiano
Ronaldo e Neymar, em confronto com os aspectos disciplinadores e civilizatórios que seriam promovidos
pelo esporte, conforme atestado pelos sociólogos Norbert Elias e Pierre Bourdieu.
2. Algumas considerações sobre o fair play
No esporte moderno, ou seja, no esporte concebido a partir de meados do século XIX – época em que foram
criadas regras e regulamentos para disciplinar as práticas esportivas na Europa ocidental –, temos a
sublimação e o triunfo da racionalidade em torno do respeito às normas. Tudo isto está diretamente
relacionado às particularidades que o jogo adquiriu na sociedade pós-Revolução Industrial: a função do
esporte, na vida moderna, estaria relacionada a dois aspectos fundamentais da vida burguesa – a disciplina
das massas (que precisam obedecer a horários e a regras) e o fair play, ou seja, o saber ganhar e o saber
perder, como bem atesta o historiador holandês Johan Huizinga em sua obra já clássica, Homo Ludens:
A civilização implica a limitação e o domínio de si próprio, a capacidade de não tomar
suas próprias tendências pelo fim último da humanidade, compreendendo que se está
encerrado dentro de certos limites livremente aceites. De certo modo, a civilização
sempre será um jogo governado por certas regras, e a verdadeira civilização sempre
exigirá o espírito esportivo, a capacidade de fair-play. O fair-play é simplesmente a boa
fé expressa em termos lúdicos. Para ser uma vigorosa força criadora de cultura, é
necessário que este elemento lúdico seja puro, que ele não consista na confusão ou no
esquecimento das normas prescritas pela razão, pela humanidade ou pela fé.
(HUIZINGA, 1990, p. 234)
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Com a nova concepção do esporte moderno, introduzem-se posteriormente noções mais rígidas de
desempenho. A atividade física normatizada passa então a ser aquilatada por instrumentos de julgamento
(como o cronômetro); minutos, segundos, marcas, índices e recordes ganham importância decisiva, ao
mesmo tempo em que definem os atletas merecedores de subir ao Olimpo. Nesse sentido, o esporte de massa
ajudou a disciplinar o trabalhador e o próprio trabalho, na mesma medida em que ajudou a disciplinar o
tempo e o espaço. Competições esportivas passaram a encarar, dessa forma, um desafio novo decorrente dos
mesmos desafios que o homem moderno tinha pela frente no novo seio urbano: disciplinar o tempo e o
espaço em torno de uma disputa entre iguais. E, o mais importante nesse processo: demonstrar que vencer e
perder faziam parte do jogo, de modo a que se acreditasse que a igualdade diante das regras imperava entre
os competidores.
O esporte praticado pela classe média passava a combinar também dois elementos da invenção da tradição –
o político e o social. A primeira tentativa era a de formar uma elite dominante que se baseasse no modelo
britânico de organização, de modo que este procurasse suplantar os outros modelos aristocrático-militares
mais velhos do resto da Europa. Dependendo da situação, o esporte se associava a elementos conservadores e
liberais nas classes médias e altas a Inglaterra. A segunda tentativa significava uma busca mais espontânea
de se isolar as massas, especialmente por se dar maior ênfase ao amadorismo como critério do esporte de
classe média alta. Mas a combinação dos elementos político e social tinha também o objetivo de desenvolver
um novo e específico padrão burguês de lazer e estilo de vida, por meio de critérios flexíveis de admissão em
grupos (ELIAS, 1995).
O sociólogo francês Pierre Bourdieu, no artigo “Como é possível ser esportivo?”, aponta ainda para o
“discurso fundador” que sedimentou o aparecimento de várias modalidades esportivas no século XIX. Antes
de mais nada, o conceito do fair play e do respeito às regras atendem a uma moral aristocrática, que integra
os pressupostos essenciais da sociedade burguesa, da empresa privada e da iniciativa privada. Assim, o
esporte, que nasceu dos jogos populares, ou seja, produzidos pelo povo, retorna a ele na segunda metade do
século XX sob a forma de espetáculos para o povo.
Os exercícios corporais da ‘elite’ foram separados das ocasiões sociais ordinárias às
quais os jogos populares permaneciam associados (festas agrárias, por exemplo) e
desprovidas das funções sociais (e, ‘a fortiori’, religiosas) ainda ligadas a vários jogos
tradicionais (como os jogos rituais praticados em muitas sociedades pré-capitalistas em
certas passagens do ano agrícola). (BOURDIEU, 1983, p. 139).
Nesse processo de definição do esporte, classes dominantes e dominadas passaram a projetar em
determinadas modalidades os mesmos valores presentes em seus meios de vida. Enquanto a carreira
esportiva profissional era negada a jovens burgueses ou aristocratas (à exceção do golfe e do tênis, por
exemplo), ela mesma passou a representar uma das poucas possibilidades de ascensão social para os jovens
das classes menos favorecidas. E a escolha na prática de determinado esporte também reproduziu as relações
entre o capital econômico, o capital cultural, a relação com o corpo e o tempo livre envolvidos em cada
modalidade. Desse modo, os esportes mais populares se ligaram a aspectos tacitamente associados à
juventude (daí o fato de serem modalidades com grande investimento de esforço físico e dor), os esportes
“burgueses” ficaram subordinados à função da manutenção física (e quanto mais puder se prolongar a
juventude, melhor), ao bem-estar e ao lucro social que propiciam (portanto, destacam-se aqui as modalidades
mais exclusivas, como o golfe):
A maior parte dos esportes coletivos – basquetebol, handibol, rugby, futebol – cuja
prática declarada é maior entre os empregados de escritório, técnicos e comerciantes, e
sem dúvida também os esportes individuais mais tipicamente populares, como o boxe ou
a luta livre, acumulam todas as razões para repelir os membros da classe dominante: a
composição social de seu público, que redobra a vulgaridade que sua divulgação
implica, os valores em jogo, como a exaltação da competição e das virtudes exigidas,
força, resistência, disposição à violência, espírito de sacrifício, de docilidade e de
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submissão à disciplina coletiva, antítese perfeita da distância em relação ao papel que os
papéis burgueses implicam, etc. (BOURDIEU, 1983, p. 139)
Além disso, Bourdieu reforça a importância da disciplina e do respeito às normas como fator civilizatório na
sociedade pós-Revolução Industrial.
A escola viu nos esportes um meio de ocupar a menor custo os adolescentes que estavam
sob sua responsabilidade em tempo integral; como aponta um historiador, quando os
alunos estão no campo dos esportes, é fácil vigiá-los, dedicam-se a uma atividade ‘sadia’
e direcionam sua violência contra os colegas ao invés de direcioná-la contra as próprias
instalações ou de atormentar seus professores. Sem dúvida está é uma das chaves da
divulgação do esporte e da multiplicação das associações esportivas que, originalmente
organizadas sobre bases beneficentes progressivamente foram recebendo o
reconhecimento e a ajuda dos poderes públicos. (BOURDIEU, 1983, p. 146)
No Brasil, coube ao antropólogo Roberto DaMatta fazer uma aproximação bastante relevante entre futebol e
cultura de massa, por meio de inúmeros estudos (o mais clássico está contido na obra Carnavais, malandros
e heróis) em que se pretende inaugurar um novo olhar sobre o país. Desde o aparecimento de seus “discursos
fundadores”, o Brasil sempre procurou ser pensado a partir de sua alteridade, isto é, o país foi visto
continuamente a partir dos olhos europeus (e, mais recentemente, norte-americanos). A doutrina hegeliana,
que fazia da América Latina um simples espaço da Natureza e da emoção (em oposição à Europa e, mais
precisamente, à Alemanha – espaço da Razão), impregnou-se desmesuradamente em nosso continente,
fazendo com que fôssemos (e que continuássemos sendo) falados pelo olhar eurocêntrico.
Vê-se aqui a particularidade da historiografia brasileira do século XX, que procurou ver na “mestiçagem”
brasileira uma marca singular de construção do caráter nacional (nesse sentido, destacam-se os estudos
clássicos realizados por Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Darcy Ribeiro, entre outros), que tanto
vão influenciar os estudos de Roberto da Matta. Para ele, “o futebol seria popular no Brasil porque permite
expressar uma série de problemas nacionais, alternando percepção e elaboração intelectual com emoções e
sentimentos concretamente sentidos e vividos” (DaMatta, 1982, p. 40). Assim, a importância desse esporte
em nosso país transcenderia a mera esfera do entretenimento, já que estaria incluída no meio da ordem
social:
Se, de fato, carnaval, religiosidade e futebol são tão básicos no Brasil, tudo indica que
diferentemente de certos países da Europa e América do Norte, nossas fontes de
identidade social não são instituições centrais da ordem social, como as leis, a
Constituição, o sistema universitário a ordem financeira, etc., mas certas atividades que
nos países centrais e dominantes são tomadas como fontes secundárias e liminares de
criação de solidariedade e identidade social. Assim é a música, o relacionamento com os
santos e espíritos, a hospitalidade, a amizade, a comensalidade e, naturalmente, o
carnaval e o futebol, que permitem ao brasileiro entrar em contato com o permanente de
seu mundo social. (DAMATTA, 1982, p. 39)
Nessa ordem social retratada pelo futebol, a noção de fair play deixa de ser relevante, abrindo espaço para
outro componente ligado ao ethos nacional: o drible e a malandragem. Gilberto Freyre, na introdução do
livro O negro no futebol brasileiro, do jornalista Mário Filho, aponta para o fato de a capoeiragem e o samba
estarem presentes intensamente no estilo brasileiro de jogar futebol. Comparando o futebol de Domingos da
Guia à literatura de Machado de Assis, o autor afirma que se pode encontrar:
(...) nas raízes de cada um, dando-lhes autenticidade brasileira, um pouco de samba, um
pouco de molecagem baiana e até um pouco de capoeiragem pernambucana ou
malandragem carioca. Com esses resíduos é que o futebol brasileiro afastou-se do bem
ordenado original britânico para tornar-se a dança cheia de surpresas irracionais e de
variações dionísicas que é. (Gilberto Freyre, em RODRIGUES FILHO, 1994).
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Anatol Rosenfeld, em outro texto fundamental para o entendimento da importância das relações entre cultura
e futebol no Brasil, chama nossa atenção para a diferença entre o uso da mão e do pé no esporte. Segundo o
crítico alemão, o arremesso feio com as mãos denota um comportamento incomparavelmente mais
“civilizado” do que o golpe desferido com o pé. Existiria uma certa amabilidade na troca de bolas feita com
as mãos que se observa acentuadamente nos jogos das moças. No futebol, entretanto, o movimento de chutar
representaria um ato de agressão, mesmo que o jogador soubesse “cuidar da bola”. O chute impetuoso, desta
forma, tem sempre um caráter violento, que, entretanto, está domado pela disciplina. “Essa ambivalência
deve exercer um apelo extraordinário em culturas que, como as do Ocidente, reverenciam tanto o ideal da
masculinidade – um traço que no Brasil particularmente se realça” (ROSENFELD, 1993, p. 95).
A particularidade do futebol, nesse sentido, está no fato de ser praticado ao ar livre e sobre uma superfície de
grama e terra, o que deve causar grande apelo numa sociedade cada vez mais “urbanizada e asfaltizada” das
cidades, por conta do fluxo migratório para as metrópoles advindo com a Revolução Industrial: o futebol,
assim, ritualiza o mito do surgimento de um mundo agrário e rural cercado pelos muros da metrópole. E, no
caso do futebol brasileiro, ele ainda ritualizaria uma forma de resistência às normas por conta da sublimação
do drible e da finta. Parte dos futebolistas brasileiros faria uso de manifestações públicas e espetaculares
(como o futebol e o carnaval) como espaço de improvisação e vazão para os movimentos sensuais e
imprevisíveis relacionados à sua espontaneidade corporal. As raízes negras e indígenas presentes na
formação do homem brasileiro (ao lado do matiz branco, europeu) trariam esse componente em função de
sua ampla vivência de cultura libertária.
Em que pese o possível exagero na sublimação do corpo e da forma de atuar do jogador brasileiro (dado que
mereceria um tratamento mais científico em busca da confirmação daquilo que parece ser um sentimento já
cristalizado entre imprensa esportiva e adeptos no país), certo é que a cultura brasileira concede espaço
privilegiado ao drible e à finta, como já demonstramos em outro estudo (ver MARQUES, 2000). Igual
sublimação foi feita pelo cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, em artigo intitulado “O gol fatal” e publicado
pouco depois da realização do Mundial de 1970, no México (no Brasil, esse texto foi publicado no Caderno
Mais, do jornal Folha de S. Paulo, no dia
6 de março de 2005). Em linhas gerais, Pasolini defende a
tese (discutível, mas não é o caso de pensá-la dialeticamente neste artigo) de que o futebol europeu se
aproximaria da prosa, enquanto o brasileiro representaria a quintessência da poesia. O drible, para ele, é algo
essencialmente poético, e os jogadores brasileiros, os melhores dribladores do mundo e os melhores
fazedores de gols. “Portanto o futebol deles é um futebol de poesia – e, de fato, está todo centrado no drible e
no gol.”
Torna-se peculiar, nesta trabalho, verificar que o jogador português Cristiano Ronaldo tem se notabilizado
pelos gols e dribles que efetua dentro de campo – à semelhança do que ocorre com o brasileiro Neymar.
Nesta perspectiva, Cristiano Ronaldo estaria vinculado ao paradigma do futebolista sul-americano e
brasileiro conceituado por Pasolini – e praticaria um futebol de poesia. Entretanto, a perspectiva que
gostaríamos de adotar aqui diz respeito a algumas particularidades desses dois jogadores que, ao longo de
suas carreiras, podem ser lidas como exemplos de falta de fair play – e, portanto, como transgressões a
normas e conceitos instituídos na gênese do esporte moderno. O recorte que propomos aqui pode parecer, à
primeira vista, assistemático e aleatório. No entanto, o objetivo foi ilustrar alguns lances protagonizados
pelos dois jogadores dentro de campo – lances estes que motivaram diversos protestos de adversários e que
têm definido a maneira como os comportamentos de Cristiano Ronaldo e Neymar vêm sendo analisados
pelos media e pelos adeptos de futebol, em função das polêmicas criadas.
3. O “caso” Cristiano Ronaldo
Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, mais conhecido como Cristiano Ronaldo, nasceu na Ilha da Madeira
(território português) a 5 de fevereiro de 1985. Iniciou sua carreira nas categorias de base do Clube de
Futebol Andorinha de Santo António e, com 10 anos, foi levado para o Clube Desportivo Nacional, onde
mais tarde despertou o interesse do Sporting Clube de Portugal, da capital portuguesa. Alinhou por apenas
duas temporadas na agremiação lisboeta, pois logo chamou a atenção dos ingleses do Manchester United,
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para onde se transferiu em 2003, com 18 anos. Em 2009, ocorre nova transferência – desta vez para o Real
Madrid da Espanha –, quando se contabilizou o maior valor já pago por um atleta na história: 94 milhões de
euros. Na seleção portuguesa, estreou-se como titular já em 2004, durante o Campeonato Europeu disputado
em Portugal, chegando ao vice-campeonato e tendo marcado dois gols ao longo dessa competição.
Cristiano Ronaldo atingiu o auge da carreira em 2008, quando foi eleito o melhor jogador do mundo pela
FIFA (Fédération International de Football Association) e quando se sagrou campeão da Liga dos Campeões
com o Manchester United. Nesse mesmo ano, foi eleito ainda o melhor jogador do mundo pela revista
britânica World Soccer e venceu o Ballon d'Or (Bola de Ouro) concedido pela revista francesa France
Football.
Alguns estudos divulgados em 2012, como o da escola de mercado IPAM, de Portugal, atestam que Cristiano
Ronaldo seria o jogador de futebol com a imagem mais valiosa do mercado (sua imagem foi avaliada em 40
milhões de euros). A despeito do sucesso de marketing e dos resultados expressivos conquistados até agora
(são três títulos nacionais em Inglaterra, um em Espanha, um em Portugal – mais o título continental e o
mundial de clubes pelo Manchester United), Cristiano Ronaldo também apresenta uma carreira repleta de
lances polêmicos, em que a possível falta de fair play – ou o seu excesso de virtuose – acabaram por irritar
adversários e por atrair críticas da imprensa especializada. Analisaremos brevemente, a seguir, três episódios
que são ilustrativos do que vimos a discutir até agora.
Episódio 1: Piscadela no Portugal 0 x 0 Inglaterra – Mundial de 2006 na Alemanha
No dia 1º de julho de 2006, Portugal e Inglaterra enfrentavam-se em Gelsenkirchen pelas quartas-de-final do
Mundial da Alemanha. Aos 62 minutos de partida, o inglês Wayne Rooney disputa uma bola de maneira
mais ríspida com o zagueiro português Ricardo Carvalho e atinge-o na região pubiana com o pé. Cristiano
Ronaldo dirige-se ao árbitro do encontro, o argentino Horacio Elizondo, e manifesta efusivamente sua
indignação com o lance. Motivado ou não pela reação do português, o árbitro acaba por exibir o cartão
vermelho a Wayne Rooney.
A partida fica interrompida por alguns minutos, até que Ricardo Carvalho pudesse ser atendido. É quando as
câmeras de televisão captam Cristiano Ronaldo, em close, dirigindo-se para a lateral do gramado e efetuando
uma piscadela – possivelmente para alguém de sua comissão técnica (Imagem 1). Embora o ato da piscadela
pudesse representar apenas uma concordância do jogador com alguma orientação que lhe fora passada por
seu técnico – o brasileiro Luiz Felipe Scolari –, a imagem foi lida pelos media e pelo público como uma
artimanha do jogador luso, ou uma confissão de que ele, de fato, havia coagido o árbitro a expulsar o jogador
inglês.
Imagem 1: a piscadela de Cristiano Ronaldo após a expulsão de Wayne
Rooney no Mundial da Alemanha de 2006. (Reprodução de imagem televisiva)
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O jogo terminou empatado sem gols, tanto no período normal dos 90 minutos como no período de
prolongamento, o que obrigou a realização de um desempate por meio da disputa de tiros da marca de
pênalti. Portugal acabou por vencer a Inglaterra por 3 a 1 – com o gol da classificação anotado por ele
mesmo, Cristiano Ronaldo. Após essa partida, o português passou a ser ameaçado por fanáticos ingleses, já
que a imprensa britânica lhe imputou a culpa por ter forçado a expulsão de seu companheiro de clube,
Wayne Rooney.
Na partida seguinte de Portugal, na semifinal contra a França, Cristiano Ronaldo foi apupado sempre que
tocava na bola – o público europeu não perdoou aquilo que entendeu ser uma falta de respeito do português
com um adversário que, acima de tudo, ainda era colega de clube na Inglaterra. Cristiano Ronaldo demorou a
superar a animosidade do público; na Inglaterra, isso se deu apenas com a conquista do tricampeonato da
Liga Inglesa (2007-2008-2009) e da Liga dos Campeões (2008). O estigma de ser um jogador “trapaceiro”,
entretanto, não pôde ser tão facilmente apagado.
Episódio 2: Passe de costas no Atlético de Madrid 0 x 2 Real Madrid – Campeonato Espanhol 2010/2011
Em 7 de novembro de 2010, Cristiano protagonizou um lance curioso no derby de Madri entre o Atlético e o
Real,em partida válida pelo Campeonato Espanhol. Já nos acréscimos da partida – e com o Real vencendo o
jogo por 2 a 0 no campo do adversário – o atleta português recebe a bola rebatida pelo goleiro adversário na
extremidade do campo e efetua um inusitado passe com as costas para Alonso, seu companheiro de equipe
(Imagem 2).
Raúl García, zagueiro do Atlético de Madri, não aprova a atitude do português e incita uma discussão áspera,
alegando que Ronaldo não teria coragem de efetuar tal jogada se a partida estivesse empatada sem gols. Os
dois atletas trocam algumas palavras mais ríspidas – e o lance é entendido pelos jogadores do Atlético como
uma provocação, uma falta de respeito e de fair play, ainda mais pelo fato de a partida estar sendo realizada
nos domínios do Atlético de Madrid. Os atletas do Real Madrid, ao contrário, preferiram minimizar a
situação, alegando que se tratou de um “detalhe de qualidade”, como afirmou Sérgio Ramos ao final do
encontro.
Imagem 2: o passe de costas Cristiano Ronaldo no clássico de Madri entre
Atlético x Real, em 2010 (Reprodução de imagem televisiva).
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Episódio 3: Pedido de “Calma!” no Barcelona 1 x 2 Real Madrid – Campeonato Espanhol 2011/2012
Já no dia 21 de abril de 2012, Cristiano Ronaldo volta a protagonizar novo lance que levantou polêmica na
partida Barcelona 1 x 2 Real Madrid, válida pelo Campeonato Espanhol. O time catalão havia empatado o
jogo em seu campo, mas pouco tempo depois, aos 72 minutos, Cristiano Ronaldo arrancou pela direta do
ataque e fez o segundo gol de sua equipe – gol que selou a vitória e que determinou uma confortável
vantagem de pontos sobre o rival, acabando por garantir o título da Liga Espanhola para a equipe
madrilenha. Após anotar o segundo gol para o Real, Ronaldo dirige-se para o público barcelonista e repete
seguidas vezes a frase “- Calma!”, a qual é acompanhada por um correlato gesto com a mão direita (Ver
Imagem 3).
Imagem 3: Cristiano Ronaldo e o pedido de “calma” ao público catalão no
clássico Barcelona x Real Madri, em abril de 2012 (Reprodução de imagem
televisiva).
O ato foi mais uma vez interpretado como insolente e provocador com o público catalão, uma vez que a
partida realizava-se no campo do Barcelona. Os adeptos do Real Madrid, entretanto, esfuziaram-se com a
cena, que simbolizou a supremacia de um time da capital espanhola sobre a equipe mais vitoriosa dos
últimos anos no cenário internacional – o Barcelona.
4. O “caso” Neymar
Neymar da Silva Santos Júnior, conhecido simplesmente como Neymar, nasceu na cidade de Mogi das
Cruzes, no Estado de São Paulo, no dia 5 de fevereiro de 1992 – exatamente sete anos após Cristiano
Ronaldo (surpreendentemente, os dois nasceram no mesmo dia, embora em anos diferentes). Em 2003, então
com 11 anos, o jogador passou a atuar pelas equipes de base do Santos FC, equipe onde se manteve até
agora. A estreia de Neymar no time profissional do Santos deu-se em março de 2009, e desde então o
jogador vem sendo classificado pela imprensa esportiva brasileira como o maior talento brasileiro surgido
após o astro Pelé. Neymar ainda não conquistou maior brilho com a camisa da Seleção Brasileira, e ficou de
fora da lista de convocados elaborada pelo então técnico Dunga para o Mundial de 2010, na África do Sul.
De todo modo, e com apenas 20 anos, Neymar já conquistou por três vezes seguidas o título do Campeonato
Paulista (2010, 2011 e 2012), uma Copa do Brasil (2010) e um torneio continental – a Libertadores da
América (2011), competição que corresponderia à Liga dos Campeões. Ainda em 2011, um gol seu anotado
no dia 7 de julho na partida Santos 4 x 5 Flamengo, válida pelo Campeonato Brasileiro, foi eleito pela FIFA
como o mais bonito do ano. A premiação serviu para dar maior visibilidade a Neymar no exterior, uma vez
que atletas que não atuam no futebol europeu tendem a permanecer mais afastados do noticiário
internacional.
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À semelhança de Cristiano Ronaldo, Neymar também possui uma carreira vitoriosa dentro dos gramados e
muito bem-sucedida fora deles. Segundo a edição de maio de 2012 da revista britânica SportsPro, o atleta do
Santos conta com o maior potencial de marketing entre os esportistas de todo o mundo. Para chegar a esse
resultado, a publicação levou em consideração os seguintes critérios: valor de mercado, idade, mercado de
origem, carisma, disposição e popularidade. E também à semelhança do craque português, Neymar se tem
envolvido em diversas polêmicas com árbitros e adversários, tudo fruto de seu comportamento transgressor.
Analisamos a seguir também três passagens que ilustram a discussão que vimos estabelecendo neste
trabalho.
Episódio 1: “Chapeu” sobre Chicão no Santos 2 x 1 Corinthians – Campeonato Paulista de 2010
Em 28 de fevereiro de 2010, Neymar é flagrado em fora-de-jogo num ataque de sua equipe contra o
Corinthians, em partida disputada na cidade de Santos e válida pelo Campeonato Paulista. Após a sinalização
do árbitro, o zagueiro adversário Chicão se dirige para pegar a bola e dar reinício à partida quando é
surpreendido por Neymar, que lhe aplica um chapéu com a bola (Ver Imagem 4).
Chicão irrita-se com a “petulância” do jovem jogador (à época, Neymar tinha apenas 18 anos) e sente que
sua condição de capitão do Corinthians foi desrespeitada por ter sido exposto a uma situação vexatória. O
atleta do Corinthians protesta contra Neymar e então empurra-o com força. Neymar cai ao chão, e o árbitro
da partida acaba por exibir o cartão amarelo para ambos os jogadores. O Santos já vencia a partida por 2 a 1,
resultado que permaneceria até o final.
Imagem 4: Neymar (dir.) faz um chapéu em Chicão com a partida já
paralisada, no clássico Santos 2 x 1 Corinthians pelo Campeonato Paulista de
2010 (Reprodução de imagem televisiva).
Episódio 2: Goiás 1 x 4 Santos Cobrança de pênalti
Em 21 de novembro de 2010, já sem chances de conquistar o título do Campeonato Brasileiro, o Santos foi à
cidade de Goiânia enfrentar o Goiás, que estava ameaçado de descer de divisão. O Santos acabou vencendo a
partida por 4 a 1, de virada, e Neymar protagonizou um lance polêmico aos 72 minutos de jogo, quando a
partida encontrava-se empatada em 1 a 1. O atacante preparava-se para efetuar a cobrança de uma penalidade
máxima quando olha para o árbitro e, aparentemente, faz um gesto que indicava que iria ajeitar a bola mais
uma vez (Imagem 5). Inesperadamente, entretanto, o jogador chuta contra o gol adversário, e o goleiro
Iarlei, extático, não consegue impedir que a bola entre na meta.
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Imagem 5: Neymar procura iludir o goleiro adversário antes da cobrança de
um pênalti na partida Goiás 1 x 4 Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2009
(Reprodução de imagem televisiva).
O árbitro da partida invalida o lance e adverte Neymar com cartão amarelo, indicando que a penalidade
máxima deveria ser repetida. O próprio Neymar efetua nova cobrança e anota o gol (ele ainda seria o autor
de outros dois tentos nessa mesma partida).
Episódio 3: São Paulo 1 x 3 Santos – dribles sobre Piris
Por fim, em partida realizada fora de casa no dia 29 de abril de 2012 contra o São Paulo, válida pelo
Campeonato Paulista de 2012, Neymar efetua, numa mesma jogada, cinco dribles sobre o lateral adversário
Piris, que interrompe a jogada com uma falta. O placar apontava àquela altura 2 a 0 para o Santos (que
venceria o encontro por 3 a 1), e os atletas do São Paulo insurgem-se contra a marcação do árbitro, alegando
que Neymar estava desrespeitando o adversário com maneirismos desnecessários (Imagem 6).
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Imagem 6: Após efetuar cinco dribles sobre o jogador Piris, Neymar (com
uniforme azul) sofre falta violenta na partida São Paulo 1 x 3 Santos, pelo
Campeonato Paulista de 2012 (Reprodução de imagem televisiva).
O lateral Piris recebe a advertência com cartão amarelo, o que também ocorre com outro colega de equipe –
Cícero –, que protesta veementemente contra o árbitro e contra a atitude de Neymar. Piris é substituído no
segundo tempo pelo técnico do São Paulo, Emerson Leão, precavendo-se contra uma possível expulsão do
jogador. O mesmo não pôde ser feito com Cícero, que acaba sendo expulso no final do encontro.
5. Considerações finais
Os seis episódios aqui elencados, envolvendo as carreiras de Cristiano Ronaldo e Neymar, são emblemáticos
na história de dois atletas que buscam, por meio de suas qualidades técnicas, suplantar defesas e atletas
adversários. No entanto, se o virtuosismo dos dois está fora de questão, o mesmo não se pode dizer de alguns
de seus comportamentos dentro de campo – especialmente quando está implicado o conceito de fair play, ou
seja, a noção de que se deve respeitar o adversário e estabelecer a disputa a partir de um plano de igualdade.
A habilidade de que ambos dispõem caminha par e passo com atos e atitudes que ferem o sentido do respeito
às normas de conduta e de convivência – traços indeléveis na composição do esporte moderno, tal qual como
ele se configurou a partir do Século XIX na Europa.
Por outro lado, o comportamento dos dois atletas denota também um caráter transgressor e perturbador que,
paradoxalmente, enriquecem a própria cena do esporte moderno. Os dribles exagerados e as simulações de
falta que ambos promovem a cada partida dão conta de um temperamento “malandro”, provocador, que
procura buscar vantagens ilícitas ao se ludibriar o árbitro. Nesse sentido, são ações que problematizam a
ordem instituída, que colocam em dúvida o status quo e as formas de dominação e controle que o jogo
encerra.
Além disso, a aproximação entre Cristiano Ronaldo e Neymar faz com que ambos se filiem ao mesmo
paradigma do “futebol em poesia” definido pelo cineasta Pasolini. Não à toa, o jornalista francês Yves Bigot,
em seu livro Football, tece uma série de características valorativas para definir o futebolista brasileiro –
incluída entre elas a “portugalidade”:
Au Brésil, plus que nulle part ailleurs, le football est le reflet de l'âme de son peuple.
Créatif, esthète, mélomane, exubérant, insouciant, virevoltant, démonstratif, excessif,
cabotin, frimeur, nationaliste, nostalgique, vulnérable, fataliste. On pourrait aussi dire:
africain, méridional, indien, portugais, catholique. (BIGOT, 1996, p. 37)
Para além da sublimação da malandragem, Cristiano Ronaldo e Neymar são responsáveis por fazer
sobreviver os aspectos lúdicos das práticas arcaicas relacionadas ao jogo – agora normatizadas e estruturadas
como esporte. Desse modo, o espírito provocador e irreverente de ambos, se por um lado demonstra a falta
de fair play quando lido à luz da norma esportiva canônica eurocêntrica, por outro lado pode ser visto como
elemento inerente à prática do jogo. Para o público padrão europeu, a falta de fair play de ambos é
reprovável e indigna; para o publico brasileiro padrão (seria, em certa medida, também para o público
português?), o excesso de virtuosismo dos dois é motivo de distinção e euforia. Esse ethos do jogador de
futebol é algo que carece de maior investigação e cuidado – noções que este trabalho procurou pôr em
discussão de forma embrionária e preliminar.
Referências bibliográficas
Bigot, Yves. Football. Paris, Bernard Grasset, 1996.
Bourdieu, Pierre. “Como é possível ser esportivo?” em Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero,
1983.
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Cabral, Antônio. Teoria do jogo. Lisboa, Editorial Notícias, s/d.
Caillois, Roger. Os jogos e os homens. Lisboa: Portugal, 1990.
Damatta, Roberto. Universo do futebol: esporte e sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1982.
Elias, Norbert, & Eric Dunning. Deporte y ocio en el proceso de la civilización. México: Fondo de Cultura
Económica, 1995.
Rodrigues Filho, Mário. O negro no futebol brasileiro. Petrópolis, Firmo, 1994.
Huizinga, Johan. Homo ludens. São Paulo: Perspectiva, 1996.
Marques, José Carlos. O futebol em Nelson Rodrigues. São Paulo: Educ/Fapesp, 2000.
Rosenfeld, Anatol. Negro, macumba e futebol. São Paulo, Perspectiva, 1993.
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A apresentação deste trabalho no VII Congresso Português de Sociologia contou com o auxílio da FUNDUNESP –
Fundação para o desenvolvimento da UNESP.
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ÁREA TEMÁTICA: Sociologia do Desporto [ST 6] MARQUES