ESTRATÉGIAS DE USO DA LINGUAGEM E RECURSOS DIGITAIS:
uma relação em ambientes virtuais
Aline Tavares Costa¹, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro Moita
1. [email protected]
Resumo
O desenvolvimento de dispositivos eletrônicos e de aplicativos voltados para a comunicação
tem permitido aos indivíduos experimentar um sem número de combinações semânticas em
suas mensagens. As opções envolvem multimídia, formatação textual, emoticons, repetição de
caracteres e de sinais de pontuação, e, até mesmo, códigos criados pelos próprios grupos. No
entanto, para que a comunicação seja efetiva, sem falhas, é preciso que todos os envolvidos
compartilhem, entre outros itens, dos significados atribuídos a cada elemento semântico da
linguagem utilizada. Este artigo – recorte de pesquisa de mestrado – busca apontar estratégias
de uso da linguagem e de recursos digitais, como contribuição a interação em ambientes
virtuais. Essas estratégias foram elaboradas a partir da análise de dois fóruns de um curso de
Pós-Graduação, na modalidade b-learning. A pesquisa fez uso de etapas da netnografia, um
método que busca evidenciar as particularidades dos ambientes online, como observação,
análise e apontamentos sintéticos, relacionados à linguagem e à interação. Percebeu-se pouca
exploração dos recursos de formatação, de linguagem e multimidiáticos, levando a estratégias
relacionadas, principalmente, ao destaque de informações relevantes, além de acréscimos
daqueles recursos ao sentido da palavra escrita.
Palavras-chave: Linguagem. Ambiente virtual. Estratégias.
Abstract
The development of electronic devices and applications focused on communications has
allowed individuals experience a number of semantic combinations in your messages. Options
involve multimedia, text formatting, emoticons, repeating characters and punctuation marks,
and even codes created by the groups themselves. However, for communication to be effective,
flawless, it is necessary that all involved share, among other things, the meanings assigned to
each semantic element of the language used. This article – part of master's research – search
point of language use strategies and digital resources, as a contribution to interaction in virtual
environments. These strategies were drawn from the analysis of two forums of a course
Graduate in b-learning mode. The research made use of the netnography steps, a method which
seeks to highlight the particularities of online environments such as observation, analysis and
synthetic notes, related to language and interaction. It was noticed little exploration of
formatting features, language and multimediatic, leading to strategies related mainly to
highlight relevant information, as well as additions of those resources to the written word
meaning.
Keywords: Language. Virtual environment. Strategies.
Introdução
Os ambientes virtuais distinguem-se dos reais por possibilitar, entre outros aspectos, diversas
interações simultâneas em grupos temáticos, com participações de pessoas de qualquer lugar
do mundo. O acesso à cultura e à informação é facilitado, permitindo que qualquer pessoa crie
e recrie informações, com base no que há disponível na internet.
A forma como essas pessoas elaboram suas produções, no entanto, varia de acordo com suas
preferências e com seus conhecimentos tecnológicos ou de utilização da linguagem. Uma
mesma mensagem pode ser escrita de tantas formas, quanto pode ser compreendida, resultando,
muitas vezes, em ruído na ação comunicativa. Por este motivo se faz necessário conhecer os
sentidos que podem ser atribuídos a uma mensagem, quando são utilizados recursos adicionais,
como formatação textual, multimídia, emoticons, hipertexto etc.
Com o objetivo de apontar estratégias, que auxiliem o uso da linguagem e de recursos digitais
em ambientes virtuais, foram analisados dois fóruns de um curso de Pós-Graduação, na
modalidade b-learning. Pela pouca exploração dos recursos, observou-se uma carência na
atribuição de sentidos extras às mensagens, levando a elaboração de estratégias de auxílio, tanto
aos ambientes direcionados à aprendizagem quanto aos informais.
Referencial Teórico
Por instinto, o homem usa da oralidade desde suas primeiras relações dialógicas, aprendendo a
falar sem sistematização de métodos e processos, utilizando apenas uma tecnologia natural: a
voz. Com as descobertas e avanços no desenvolvimento de outras tecnologias, formas diversas
de interação e linguagem foram sendo empregadas no meio social, tornando-o determinante
para o desenvolvimento cultural e linguístico.
As revoluções linguísticas são tidas como vagarosas e sutis (CRYSTAL, 2005), pois precisam
firmar presença nas práticas sociais de uma comunidade, adequando-se para melhor servir às
necessidades de comunicação que possam surgir. Os efeitos das mudanças linguísticas,
provocados por um novo meio de comunicação, ocorrem no caráter formal das línguas que o
utilizam (idem). Ao buscar adequação à escrita, a linguagem incluiu sinais gráficos de
pontuação, criou variedades de tamanhos de letras, usufruiu de espaços em branco, permitiu
organizar o texto em períodos lexicais e sintáticos diferentes, buscando contornar falhas de
comunicação (BRAGA, 2013).
Em ambientes online a escrita ganha visibilidade por ser a principal forma de comunicação,
logo, a priori, toda e qualquer interação pode ser registrada e revisitada posteriormente. A
combinação de diversas linguagens, em diversos formatos, contribui semanticamente para a
mensagem inicialmente textual. Este hibridismo, aplicado a processos sistematizados de
aquisição de saberes, enriquece o resultado da interação entre a nova informação e os
conhecimentos prévios dos interagentes.
O meio em que ocorre essa interação, ou seja, a mídia utilizada, configura-se como qualquer
forma de comunicação, pois se define no espaço de um meio, envolvendo interlocutores (ativos
ou não). A internet, por outro lado, pode ser considerada, não mais como meio de comunicação,
mas um ambiente. Essa distinção é feita pela sua permissividade de circulação e de
disponibilização de informações, num “gigantesco sistema de biblioteca on-line”
(KEARSLEY, 2011, p. 18), que contribui para o desenvolvimento de saberes a partir da troca
de experiências, num processo constante de retroalimentação comunicacional.
Vale salientar que o termo “usuário” não mais representa o indivíduo online, pois ele não se
limita apenas a usar o sistema em rede, mas o produz. Para Mattar (2013, p. 19), “o browser
torna-se assim a plataforma de trabalho, substituindo o computador”. A livre atuação dos codesenvolvedores (MATTAR, 2013) e dos prossumidores, que não mais se satisfazem com o
consumo e passam a também produzir (FILATRO, 2010), articula cenários de
compartilhamento de informações sem diversos setores sociais, seja online seja presencial.
Neste cerce, aos interlocutores são exigidos concordância no assunto, na linguagem, na vivência
sociocultural, levando a cabo a necessidade de letramentos digitais, principalmente pelo local
de destaque que a internet ocupa naqueles setores sociais. Rojo (2012) acrescenta que o
indivíduo ou grupo que não estiver multiletrado e imerso nas representações multissemióticas,
poderá não compreender por completo a essência da mensagem, ocasionando falha na
comunicação com outro indivíduo ou com a própria mensagem.
A cultura atual, portanto, envolve sentidos diversos, num sistema multissemiótico, que combina
texto, imagem, som, vídeo, hiperlink, animação, emoticon, simulação e game, permitindo a
criação de mensagens semanticamente ricas (MOITA, 2007). Os artifícios utilizados para suprir
a falta da entonação da voz, dos gestos e até do próprio silêncio compõem o que Crystal (2005,
p. 89-90) chamou de netspeak, “mais compreendido como uma linguagem escrita que foi
empurrada em direção à fala do que uma linguagem falada que foi escrita”. Para o autor, o
netspeak é mais que um conjunto de características da fala e da escrita, precisa ser visto como
uma nova forma de comunicação, um novo veículo, pois suas mensagens possuem fluidez,
simultaneidade e não perdem seu valor pelas cópias realizadas.
Há, no entanto, um dilema enfrentado pelos grupos que desejam utilizar-se do meio digital:
precisam aprender regras que não existem, “no sentido de modos de comportamento
universalmente aceitos e estabelecidos pelo uso de gerações” (CRYSTAL, 2005, p. 79). A
ausência de limites sobre a criatividade em elaborar códigos linguísticos, de certa forma, força
a ampliação dos conhecimentos do receptor, que busca decifrar a mensagem e extrair dela todos
os possíveis sentidos.
Segundo o autor, há três diferenças básicas entre a conversa face a face e a mediada por
computador. A primeira é que a interação presencial possui retorno simultâneo, ainda que não
seja em locução, já virtualmente, as mensagens são completas e unidirecionais, porém existem
recursos que sinalizam a ação do interagente, como “está digitando...” ou “Visualizado em”.
A segunda está relacionada à quantidade de conversas simultâneas, possíveis de serem
realizadas quando mediadas pelo recurso digital. A última diferença envolve “as limitações
temporais da tecnologia: o ritmo de uma interação na Internet é muito mais lento do que o de
uma situação de fala, e invalida algumas das propriedades mais evidentes de uma conversa”
(CRYSTAL, 2005, p. 82). Para o autor, alguns dos fatores que influenciam tal ritmo são o
computador, a personalidade e os hábitos do interlocutor em relação ao próprio acesso ao
equipamento.
A persistência da mensagem (CRYSTAL, 2005) na construção do diálogo é outro elemento
apenas nas interações online. Os interlocutores, mesmo os ingressantes após o início da
conversa, dependendo do software utilizado, podem ter acesso aos registros das mensagens,
retornar ao assunto ao emitir suas impressões ou permanecer em silêncio. Essas possibilidades
fazem do ambiente online um espaço propício à criação de conhecimento compartilhado,
utilizando-se de linguagens e recursos digitais como subsídio para atribuição semântica ao
contexto das mensagens trocadas.
Metodologia
A netnografia busca, na etnografia, etapas e processos que subsidiem a pesquisa em ambiente
online, considerando suas particularidades, chegando a “definição de questões de pesquisa [...];
identificação e selecção de comunidade; observação da comunidade e recolha de dados; análise
de dados e interpretação frequentativa das descobertas; e escrita, apresentação e relato dessas
descobertas” (MENDES, 2013, p. 54).
Esta pesquisa apoiou-se nas etapas de observação, análise e apontamentos de estratégias. A
primeira e segunda etapas ocorreram em dois fóruns (identificados como Fórum A e Fórum B)
de um curso b-learning de Pós-Graduação. A partir deles, foram identificadas estratégias de
utilização da linguagem e de recursos digitais em ambientes virtuais, que podem destacar ou
atribuir maior valor semântico ao texto escrito.
Análise dos fóruns
Os dois fóruns analisados ocorreram no mesmo espaço virtual (Moodle) e foram frequentados
pelo mesmo público. Por ser um curso b-learning, a probabilidade de os grupos se conhecerem
pessoalmente era maior, configurando uma significativa afetividade e resultando em uma
interação menos formal. Porém, notou-se pouca ou nenhuma referência a situações vivenciadas
presencialmente, sequer um reconhecimento pessoal.
Os mediadores variaram suas formas de participação, revelando a ausência de uma orientação
inicial, com boas práticas de como comunicar-se com os alunos. O mediador do Fórum A
repetiu o texto oficial da Atividade, esclarecendo o objetivo da discussão e a quantidade
máxima de linhas para a resposta, porém sem saudação inicial ou final, assinatura ou qualquer
elemento pessoal. Além desta postagem inicial, o professor mediador participou mais duas
vezes apenas: a primeira delas parabenizando os alunos, motivando-os com uma linguagem
coloquial – para construir vínculos informais –, sem erros gramaticais ou de digitação, e
comentando de maneira geral sobre as mensagens postadas até então, sem especificar a
identificação do participante.
A segunda postagem manteve a linguagem coloquial, o respeito às normas gramaticais, mas
explorou um pouco mais os recursos linguísticos, como as reticências, indicando surpresa e
admiração em “Pessoal... sem palavras.” e as letras maiúsculas na palavra “todos”, para
amplificar seu sentido (“Estou muito satisfeito com o desempenho de TODOS vocês”). O
conteúdo desta mensagem foi de cunho motivacional e de reconhecimento pela participação
dos alunos, quando explicitou seu orgulho pelo nível de interação no fórum e sua felicidade em
mediar aquela turma. A postagem finaliza com uma solicitação da opinião dos alunos sobre o
novo formato do fórum.
Já no Fórum B, a professora mediadora informou a temática, dispondo-se a ajudar quanto às
dúvidas e relembrando a importância da realização das atividades. No corpo do texto, não há
qualquer orientação em relação ao que iria ocorrer naquele espaço de interação. A mensagem
seguiu um padrão comum nas práticas comunicacionais formais: saudação (“Olá minha gente,
bom dia!”), corpo da mensagem com contextualização e lembretes acerca da realização das
atividades da referida semana, despedida e assinatura. É possível observar a cordialidade e o
uso da língua padrão nesta primeira comunicação, além de apenas a paragrafação ter sido
utilizada como recurso de separação de ideias, mesmo com a possibilidade de formatação
textual (negrito, itálico, sublinhado) e inserção de imagens ou vídeos, por exemplo.
Além dessa, a mediadora realizou outras seis postagens, e as mensagens de resposta aos alunos
continham elementos importantes: (1) identificação com o aluno ao nomeá-lo; (2) incentivo e
confirmação do pensamento do aluno; (3) despedida, inclusive utilizando-se de abreviação
(“att”); (4) assinatura, com identificação do seu papel naquele momento (mediadora) e contato
eletrônico.
O espaço virtual permite ao usuário produtor de conhecimento, refletir sua participação na
interação. A autoavaliação pode ser auxiliada pela leitura e revisão em pré-visualizações, antes
da publicação oficial, assim como na ação desfazer, durante a construção do texto ou
posteriormente (até 30 minutos). Diante disto, a pré-visualização do formato do texto final, se
bem utilizada, torna-se uma aliada na análise da mensagem, evitando postagens equivocadas
e/ou confusas.
Em geral, poucos foram os recursos linguísticos utilizados para atribuir sentido extra às
postagens, porém ainda foi possível encontrar textos em cores diversas, imagens, hiperlinks,
aspas em palavras-chaves, arquivos de texto anexados, todas as palavras da mensagem em letras
maiúsculas, excesso de parágrafos e de pontuação, palavras sublinhadas e em itálico e
demonstração de risada pela repetição da letra “k”.
O uso desses recursos pode não ter sido resultado de uma decisão consciente para destacar
alguma informação, mas apenas utilizados deliberadamente, como em fase de experiência. Essa
limitada exploração pode estar relacionada com o nível de letramento digital dos participantes
do fórum, pois é um dos elementos que influencia a qualidade e a dinâmica da interação em
ambientes de fórum online (MERCADO e ARAÚJO, 2010, p. 191). Dentre os três níveis
apontados pelos autores, em sua pesquisa, predominou o nível 1, no qual o usuário vivencia um
estágio que “se aproxima de um uso mecânico e condicionado, ainda não reconhece
integralmente as propriedades do gênero digital e o utiliza por associação do gênero impresso”.
Aliado a isso, houve, também, pouca participação e pouca interação e, apesar de
compreenderem a importância e a função do fórum, “não utilizam suas potencialidades
explorando suas vias de comunicação” (idem, p. 227). Os autores acreditam que a parcela de
participantes respondentes da pesquisa sem experiência em fóruns (60%) justifica a pouca
participação, além do cronograma repleto de atividades na plataforma.
Esses elementos podem ser utilizados, também, para justificar a análise realizada nos dois
fóruns desta pesquisa, apesar de não ter sido traçado um perfil dos participantes. A forma como
foram utilizados os recursos pode causar ruído na comunicação, pois permite interpretações
nem sempre desejadas pelo autor da mensagem. Segundo Shepherd e Saliés (2013, p. 33),
dependendo da experiência do interlocutor em interações online, é provável que uma mensagem
ambígua, constrangedora ou mal interpretada resulte em solicitação de esclarecimentos por
quem se sentiu ofendido, ou em percepção e correção automática da situação. Os autores
acusam o uso de emoticons, por exemplo, como uma “admissão de fracasso comunicacional”,
pois acreditam que uma boa sentença não necessita de recursos extras para resolver uma
ambiguidade, e orientam reescrevê-la, dispensando-os.
Não há uma formação ou capacitação para utilização desses recursos, e, portanto, não se pode
cobrar que participantes de fóruns saibam quando e onde utilizá-los. Há, porém, a necessidade
de bom-senso, as vivencias em frequentes espaços de interação online e o conhecimento de
estratégias que possam auxiliar as decisões do quê, quando e como usufruir da linguagem e dos
recursos digitais.
Apontamento de estratégias
A partir da análise, observou-se a ausência de exploração consciente de recursos digitais e de
linguagem nas postagens do fórum. A primeira das estratégias apontadas é a que mais se discute
em ambientes virtuais: a apropriação de imagens e vídeos, aliados ao texto, como alternativa
e/ou complemento para compreensão de um tema, pois a fixação de novas informações pode
ser potencializada com múltipla percepção sensorial.
Além da multimídia, a formatação e a utilização de pontuação podem contribuir no sentido do
texto, como o negrito (destacando uma informação), a cor de letra vermelha (indicando urgência
ou um ponto negativo relacionado àquele recorte de texto), todas as letras maiúsculas de uma
palavra ou frase (tom de voz alto), a repetição de interrogação ou de exclamação, ainda que sem
acompanhamento do texto, (potencializando o sentido de questionamento ou de afirmação) e a
combinação de parênteses e interrogação “(?)” (significando dúvida a respeito do termo
anterior). Há, ainda, a união de diversos signos, que representam expressões faciais humanas,
“criadas para compensar a ausência física do interlocutor” (SQUARISI, 2014, p. 30), os
chamados emoticons (“:D”, “^^”, “:/” e “:P”).
Esses elementos podem fazer parte da mensagem, caso a interação seja informal ou entre
pessoas que já se conhecem (pessoalmente ou não), pois permite flexibilidade nas
interpretações. Em casos de maior formalidade, o corpo da mensagem deve conter uma
saudação inicial, preferencialmente referenciando o destinatário (“Bom dia, Ana.”, “Olá Pedro,
como vai?”, “Marcelo!! Tudo bom??”); o assunto da mensagem, tratado de maneira objetiva e
direta, o que não significa abreviar palavras deliberadamente, mas que, num contexto mais
informal, poderá fazer uso das estratégias de formatação e multimídia citadas acima; a
despedida, que pode variar de uma formal solicitação de confirmação de recebimento (“Favor
acusar recebimento”), a um simples “Até mais!”; e a assinatura, com nome, apelido,
identificação da função, telefone e endereço, caso seja necessário.
A organização das ideias também é um ponto importante, como na utilização de marcadores,
que facilitam a visualização dos tópicos de um assunto; no tamanho diferenciado dos títulos em
relação aos subtítulos, indicando um fluxo hierárquico; na quebra da linearidade uniforme de
um texto narrado, quando é possível transformá-lo em locuções diretas, usando o travessão. O
uso da voz ativa, inclusive, exige menos toques, o que pode servir como dica a respeito de
qualquer outra forma de escrita online: escolher o termo com menos entradas alfabéticas no
teclado (SQUARISI, 2014).
A utilização dessas estratégias deve levar em consideração, principalmente, o contexto em que
a mensagem irá circular (SQUARISI, 2014), pois a comunicação em ambiente de trabalho não
é a mesma entre amigos, por exemplo. O bom-senso também prevalece como aliado na escolha
de qual recurso utilizar, além da premissa de que menos é mais. Portanto, caso haja dúvidas, é
aconselhável a abstenção da ação, pois pode provocar confusão nas múltiplas interpretações, e
uma interação inconclusa.
Considerações Finais
O surgimento de necessidades interacionais, nos mais diversos cenários histórico-sociais, levou
o ser humano a desenvolver tecnologias que o auxiliassem na mediação da comunicação. As
gerações, portanto, passaram a conversar de formas distintas, gerando falhas na comunicação e
conflitos.
A internet, uma rede que cresce exponencialmente a partir da interação entre seus nós, tem
potencial nas possibilidades de representação da informação em formatos e suportes distintos,
que, combinados, permitem ricas interpretações semânticas. É evidente que os interagentes
precisam partilhar objetivos, linguagem e conhecimentos prévios, a fim de tornar a
comunicação satisfatória para os envolvidos.
Nos fóruns analisados, os participantes possuíam a mesma finalidade: responder a atividade
solicitada. O espaço utilizado abrigava recursos digitais e de formatação, que, se bem
aproveitados, permitiriam um acréscimo semântico substancial ao conteúdo textual. A tímida
exploração desses recursos, no entanto, pode ser justificada pelo desconhecimento da
ferramenta e de suas possibilidades de uso.
A característica mista (b-learning) do curso de Pós-Graduação analisado deveria proporcionar,
aos participantes, maior afeição construída, já que houve oportunidade de encontros
presenciais, além da possibilidade de vínculos pré-existentes. No entanto, as poucas interações
não demonstraram uma presença social marcante, sendo esta uma questão importante, a ser
aprofundada em pesquisas futuras.
As estratégias apontadas a partir da análise dos fóruns estiveram relacionadas, principalmente,
ao destaque da palavra e à organização estrutural de uma mensagem, para a compreensão do
sentido pretendido pelo autor. Esse aspecto é importante na construção e na utilização dos
recursos, pois suas inúmeras opções de manipulação podem causar confusão no entendimento,
caso não forem escolhidas com atenção, a partir do conhecimento sobre suas possíveis
interpretações.
Como dito, esse texto é um recorte de uma pesquisa em andamento, que aprofundará as
estratégias e a análise dos fóruns, para encontrar relações entre os níveis de interação e os
recursos utilizados no ambiente virtual de aprendizagem. Portanto, cabem aprofundamentos
pedagógicos, na elaboração e acompanhamento de cursos b-learning, tecnológicos, nas
escolhas dos recursos adequados para os fins planejados, e de produção de conhecimento, na
interação entre alunos, professores e conteúdo.
Referências
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KEARSLEY, Greg. Educação on-line: aprendendo e ensinando. São Paulo: Cengage
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MATTAR, J. Web 2.0 e redes sociais na educação. São Paulo: Artesanato Educacional, 2013.
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MOITA, Filomena. Game on: jogos eletrônicos na escola e na vida da geração @. CampinasSP: Editora Alínea, 2007.
ROJO, Roxane Helena R (orgs.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola Editorial,
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SHEPHERD, Tania G.; SALIÉS, Tania G. Linguística da internet. São Paulo: Contexto, 2013.
SQUARISI, Dad. Como escrever na internet. São Paulo: Contexto, 2014.
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