Carlos Henrique de Carvalho/Segurança do Trabalho – 1ª Manhã
Aquelas duas ou três advertências
Carlos Henrique
Meu dia começou como qualquer outro, nada de interessante, típico de quem ama as
rotinas, nada de aventuras, tudo bem seguro, exato, exceto pelas superstições. Acredito que
um dia ruim, começa ruim, na hora de fazer o café, escovar os dentes, comer o pão. Mas a
história que quero contar não é sobre minha vidinha desinteressante, mas de um dia em
particular.
Ao chegar no serviço calço as botas pretas feitas de borracha com biqueira de aço,
como deve ser, o capacete branco, e minha inseparável prancheta de check-list. Um ambiente
úmido e seco ao mesmo tempo, muita areia, cimento, ferragens, e principalmente pessoas, das
mais variadas, negros, brancos, altos, baixos, tristes, felizes, contadores de histórias, pessoas
sem história alguma, e o Seu Pedro. Seu Pedro, típico homem do interior, veio da Bahia
criança, mas há muito, mineiro de coração, um homem de uns sessenta anos, bigode bem
aparado, barba sempre feita, camisa social bem gasta, mas sempre muito bem passada e
limpa, sempre com um sorriso no rosto embolado com seu cigarro de palha, sempre com uma
piadinha daquelas sem graça, mas sem maldade, daquelas que se pode contar até para uma
criança, mas que faria rir apenas o Carlos Alberto de Nóbrega, um ótimo pedreiro, porém tem
medo de altura, uma ótima pessoa, sempre acompanhado do seu inseparável, simpático e
maldito chapéu, uma chapéu aparentemente bem gasto, uma palha já bem descorada, algumas
palhas soltas. Maldito porque este chapéu é sempre desculpa para não usar o seu equipamento
de proteção individual, o EPI, o capacete incomoda, e não o protege do sol, segundo ele, mas
sei também que aquele chapéu de história. Sempre gostei das coisas bem certas, perfeitas,
simétricas, de acordo com o protocolo, por isso, passei a exigir mais duramente do Seu Pedro
que usasse cada EPI, ele teria que dançar conforme a música, fiz duas vistorias de rotina, nas
duas ele não estava usando, dei-lhe duas advertências, ele as assinou sorrindo, mas não era um
sorriso de ironia, era um sorriso simpático, precedido por um olhar humilde, lembrava meu
avô.
A terceira advertência nunca veio, nunca viria, resultado da minha fraqueza, a empatia.
A empatia por um já idoso, pai de oito filhos, três deles menores de catorze anos. Ele
precisava do seu emprego, eu precisava cumprir minha obrigação, uma terceira advertência
significaria sua demissão. Que tipo de pessoa é responsável pela demissão de um idoso tão
simpático pai de oito filhos? Assim eu pensava, mas descobri tristemente que se importar
também pode significar ser duro quando necessário.
Meu dia começou, mas não como qualquer outro, ainda sim, nada de interessante, mas
deixei minha garrafa de café cair, e essa se quebrou, ela estava sempre corretamente colocada
no canto direito da mesa próxima a parede, da maneira mais segura possível. Coloquei o
creme dental na escova e este caiu na pia, meu pão estava cheio de formigas, meu dia
começou ruim, já entendia os sinais.
Chegando ao serviço, do carro já via algo incomum e incorreto, era Seu Pedro, ele
estava fazendo um serviço que não era o dele, rebocando uma parede externa do prédio, em
cima de um andaime, sem nenhum EPI, apenas com o maldito chapéu. Gritei para Seu Pedro,
gritei muito, mas meus esforços não alcançavam Seu Pedro, ele estava longe, estava em outro
lugar, junto com seu coração. Se tivesse gritado mais, se tivesse sido mais enérgico, mais
decidido, se tivesse dado aquela terceira advertência, Seu Pedro não teria caído dos seus três
metros.
Lá estava eu Acompanhando Seu Pedro no Hospital, cinco dos seus oito filhos
estavam lá também, menos sua esposa, ele nos fitava com os olhos, procurando o que não
acharia, pensando bem, suas roupas não estavam passadas, não portava seu sorriso, nem se
importava com seu chapéu, olhar vazio. Pensei que realmente, um bom homem, um bom pai,
um bom amigo, poderia também não ser um bom marido. Seu Pedro, estava com seu Fêmur
quebrado, e sua alma também, pobre Seu Pedro, é mesmo uma pena que não exista EPI para o
coração.
Crônica de Carlos Henrique /Aluno de Segurança Trabalho-Manhã- 1ªEtapa
João Paulo da Silva Barros/Meio Ambiente – 1ª manhã
IRMÃOS ABSTRATOS
Na sociedade atual, cheia de formas, atalhos, maneiras de fugir do que é
correto, um abandono das raízes, também das premissas da agência moral, vida
fácil, com comodidade; egocentrismo e o egoísmo contribuem para o esquecimento
de dois irmãos, que são mais importantes do que Einstein é para os físicos e do que
Platão é para os filósofos. Esses irmãos presentes no universo são como água no
corpo humano. Como podem estar tão esquecidos se ao mesmo tempo estão
presentes?
Dois irmãos nobres, capazes de mudar a história, de levar o ser humano
a autorrealização ou ao autoconhecimento, formando cidadãos dignos de honra. O
irmão mais velho, sempre temperante, com uma maneira ímpar de se portar,
trajando vestes sociais, impecável ao falar, extremamente inteligente, muito
respeitoso, com uma silhueta solene, esse indivíduo encanta a muitos e ao mesmo
tempo é menosprezado por outros. O irmão caçula, um rapaz robusto com
personalidade forte, e grande determinação, trajando vestes simples, mas de imenso
valor, um líder indispensável, fala com eloquência e tem um ótimo poder de
persuasão, muitos querem encontrá-lo enquanto outros fogem dele, da mesma
maneira que o diabo foge da cruz.
A única atribuição cabível de onde surgiram?.Só pode ser divina, são
filhos de Deus. Gerados para regência da lei moral. O mais velho é o Sr Educação.
Para a maioria ele se encontra em instituições de ensino. Trazendo conhecimento à
população, o caçula tem por nome Trabalho. A maioria acredita que ele está sempre
envolvido em tarefas que envolvem lucro e esforço. Mas os dois estão por todas as
partes, fases e etapas do mundo, eles podem estar ao lado de qualquer um ou
fazendo parte de qualquer um. Sem eles como ficaria “ o pão de cada dia dai hoje?”
“Ou perdoar as ofensas como perdoaram aqueles que nos ofenderam?” Sem eles
não haveria sociedade, não haveria mundo.
Irmãos ligados por uma linha tênue, inseparáveis, essenciais,
aconselhando aqueles que querem os ouvir. Trazendo, paz, conhecimento, respeito,
força de vontade e sabedoria. Enquadrados nos parâmetros universais esses irmãos
são perigosos, uma ameaça aos ignorantes. Mas eles só querem ajudar!
Crônica do aluno Marcilio Silva /1ªetapa /Curso de Enfermagem/Noite
REFLEXÃO
"A coragem é um atributo dos fortes". Isto foi dito por um candidato à Presidência do
Brasil.
Por que comecei citando isto?
Talvez seja pelos grandes desafios: Educação e Trabalho
No momento atual, esses temas são primordiais para cada brasileiro que tem a
vontade de querer melhorar o país.
A força de trabalho junto com a educação é o caminho e depende de todos, pois, neste
mundo moderno não podemos simplesmente cumprir determinadas funções no cargo
que ocupamos, a profissão tem que ser feita de forma a se relacionar com pessoas
totalmente distintas, tem que realmente gostar daquilo que está exercendo, não se
tornando um "robô", simplesmente fazendo as coisas repetidamente.
Educar para isso não é uma tarefa fácil. É necessário transformações das pessoas e do
ambiente, tanto na prática quanto teoria, para que elas descubram a melhor forma de
trabalhar para que todos sejam beneficiados.
O papel do trabalhador mudou. Não somos mais simplesmente "peças" de
engrenagens.
Sabemos que as dificuldades e os grandes desafios virão. E vamos trabalhar juntos, não
vamos nos curvar, devemos “encarar de frente”!
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Carlos Henrique de Carvalho/Segurança do Trabalho – 1ª