OPINIÃO
JORNAL
DO
3
n Sábado e domingo, 4 e 5 de março de 2006 n
POVO
BOM DIA, LEITOR
ARTIGO
A violência que não se vê
Dislaine de Siqueira Spengler
Tenho acompanhado nos jornais
os artigos escritos por muitas pessoas ligadas ou não à área educacional
e da saúde com relação à violência
infantil, assunto que se tornou polêmico nos últimos dias desencadeado
pela atitude de um “monstro-mãe”
ter jogado seu bebê numa lagoa, ao
que se seguiu uma série de outros
crimes praticados contra a criança
em nosso país.
Foi preciso mesmo ter ocorrido
um fato tão chocante para que se
retirasse do baú do esquecimento um
tema que deveria ser diariamente
discutido em família, nas rodas de
amigos, nas escolas, nos órgãos oficiais, e principalmente com as crianças
e adolescentes que serão pais também um dia. É comum pais tratarem
os filhos como foram tratados tentando dar-lhes uma vida e ensinamento
melhores do que tiveram (salvo casos
de distúrbios emocionais tão comuns
em tempos de tantas doenças psíquicas que provêm de uma vida agitada
e precária).
Quando o diálogo já não mais
surte efeito, partem para a palmada e o está implícita, é aquela que fazemos
castigo para impor autoridade e limites conosco ao fingir que aceitamos as noque a criança necessita. Até aí, não se vas regras e com elas sofremos o despode julgar muito, creio, pois o que gaste de ver ruir a família, os laços de
ocorre entre família cabe somente aos amizade, os princípios básicos da moresponsáveis saber qual a atitude certa ral, dos bons hábitos, em nome de uma
a ser tomada. Grave é o fato do abuso, do sociedade injusta e por vezes imoral, o
perder o senso, a noção do excesso e exemplo dado por oportunistas, por
partir para as marcas, estas sim fica- pessoas que se valem da inocência para
pregar seus próprios valores interesrão.
seiros ao longo dos tempos e
Muitos de nossa geração (anos 60, 70, 80)
Muitos pais aos quais nossas crianças esse habituando a ver, ouvir,
levaram muitas palmaperderam o tão
aceitar como normal e correto
das e castigos e nem por
controle
e valerem-se desses mesmos
isso se tornaram adultos
sobre seus
exemplos para sua vida, que
cruéis. A educação dos
vai além do terreno políticofilhos
filhos hoje vai além do
social: a mentira, a traição, o
lar. Muitos pais perdesuborno, a hipocrisia e o desram o controle sobre seus filhos. Há
muito que aprender fora de casa: com os caso serão tratados como coisa corricolegas de brincadeiras, na escola, na queira e normalmente aceitável, pois
foi desta forma que cresceram aprenTV...
Tomados pela angústia e medo de dendo.
É necessário, sim, coibir a violênperder de vez o leme, partem para agressões físicas, as quais podem tomar gran- cia física, mas antes dela a psicológides proporções. Há que se reeducar os ca, pois é por esta que se forma o
adultos, mas para isso será necessário futuro agressor, o crápula, o tirano.
reeducar o meio, será preciso repensar e Que será que ensinaram a Hitler?
retomar valores há muito esquecidos em Como deve ter sido sua educação?
vista da modernidade. A maior violência Quais os valores que lhe passaram?
[email protected]
Primeiro dia
O Jornal do Povo
será aguardar os próxitraz nesta edição uma
mos dias e as próximas
radiografia da adesão à
reuniões entre os profesgreve dos
sores em cada
professores
escola para se
Quem
por escola. Os
saber exatamente
números
onde haverá aula
resistirá
foram fornecie onde os alunos
mais, o
dos pelas
seguirão em
Governo
direções para a que sente
férias. O discurso
24ª CRE.
do Governo é
perda de
Algumas
cauteloso: quem
votos ou o
escolas não
quiser trabalhar
magistério, terá seu direito
chegaram a
que soma
liberar os
protegido e quem
perdas
números, mas
quiser parar terá
desde o
já é possível
seu direito
fazer duas
respeitado. Na
tempo da
previsões.
verdade, nunca foi
Ditadura?
Considerando
assim. Também
que Cachoeira
nos próximos dias
é um dos municípios mais
será possível medir as
tradicionais em manifesarmas que o Governo
tações do Cpers, percebetem para mostrar.
se que nem a greve é tão
Quem resistirá mais,
fraca como o Governo
o Governo que sente
acreditaria que fosse,
votos escoando pelos
muito menos é tão forte
dedos ou o magistério,
quanto o sindicato
que soma perdas salariesperava que acontecesse. ais desde o tempo da
O mais inteligente
Ditadura?
CRÔNICA
Célia Maria Maciel
Sou uma criatura quieta. Não sou
falante, barulhenta, espaçosa, como
algumas pessoas. Ocupo o mínimo de
espaço, estou sempre em retirada e
de preferência evito muito tempo de
conversa para não cansar. A conversa é uma arte. Algumas criaturas me
prendem um pouco mais, são objetivas, claras e dizem o essencial. Outras, no entanto, ficam repetindo a
mesma frase, avançam um pouco e
tornam a repetir. Penso que é difícil
escrever, não raro, na escrita também acontece o mesmo, mas falar é
mais difícil ainda. Há falas sem consciência. Há falas ocas, desprovidas
de qualquer sentimento. Há as que
são atiradas ao vento, inconseqüentes. As raivosas, as mal murmuradas. E as das vozes alteradas.
Aprendi, lendo “O ouvido
AGENDA
NESTE DOMINGO
■ Domingo da Mulher, a
partir das 14h, na Praça
José Bonifácio, com atividades de cultura, lazer
e cidadania
QUARTA-FEIRA
■ Sessão solene do Dia
da Mulher, com homenagem a Célia Maria
Maciel. Na Câmara de
Vereadores, às 20h
12 DE MARÇO
■ A Praça é Nossa, a
partir das 14h30min, na
Praça José Bonifácio
16 DE MARÇO
■ 1º Fórum Regional de
Turismo, no auditório da
Ulbra/Cachoeira, às
13h30min. A promoção é
do Corede Jacuí Centro
Conversas
pensante”, do canadense Murray interlocutores tudo o que se relaciona
Schaffer, o que poucas pessoas sabem: a com a criatura: os seus conflitos, a
psicologia do sussurro. “Aqueles para presença imaginada de uma outra;
quem ele (o sussurro) não é dirigido, um amor não presente no momento,
instintivamente querem entendê-lo; os fantasmas. Ontem, vi um filme em
desse modo, ouvem com
que a esposa se queixa que o
maior atenção. Uma obra
marido conversa com os inseAlgumas
que começasse com um
tos.
criaturas
sussurro, imediatamenTive um irmão que paste possuiria todo o públisou uma vida conversando
são objetico”, diz o autor.
vas, claras e baixinho, sem que eu soubesE aprendi com mise com quem. E nunca quis
dizem o
nhas experiências que a
saber. Fechava meus ouvidos
essencial.
conversa deve acontecer
para não ouvir detalhes daOutras,
sempre, é claro, em qualquela conversa inaudita.
ficam repequer situação em que
São as formas de convertindo a
haja duas ou mais pessosas. Mas é domingo e eu já
as. Mas, em tom baixo.
mesma frase estou atrasada para o enconPara que a atenção seja
tro que tenho, de vez em quanpreservada. E acabei de
do, com essa criatura, sentadizer “em que duas ou mais pessoas...”. da num banco de jardim, aguardando
Engano, uma conversa também existe dentro de mim. Essa criatura que ora
com uma única pessoa. São quer conversas ora versos.
RONI CHARGE
HÁ UM ANO NO JP
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Volta às aulas: Ulbra recebe 360 novos acadêmicos
Marlon Santos descobre dívida de 230 mil do Simcasul
Polícia investiga derrame de notas falsas de R$ 50,00
Cachoeira e Santa Cruz atrás da Uergs regional
Comunicado
Comunicamos aos nossos clientes que, devido a manutenções em nossos servidores,
o serviço estará indisponível neste sábado,
dia 4/3/2006, das 10h às 24h.
Atenciosamente,
Provedor Piq
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