ANÁLISE ECONÔMICA FINANCEIRA COMO FATOR DE
DECISÃO: O CASO ELISEU MEDINA & CIA LTDA.
Viviane Mara Jacovassi - FAFIPA
Onivaldo Izidoro Pereira – FAFIPA
ISSN 2178-5007
RESUMO
Analisar a situação econômica financeira de empresas destinadas a fins lucrativos
torna-se possível mediante a análise de dados encontrados por meio dos indicadores
econômicos financeiros, índices de liquidez, índices de atividade ou eficiência operacional,
índices de rentabilidade ou lucratividade, índices de endividamento e grau de alavancagem
operacional, financeira e combinada. Fazer a observação dos mesmos possibilita às empresas
um melhor gerenciamento de sua condição em quitar dívidas a curto prazo, verificar a
eficiência operacional de sua produção, os custos incorridos de seus produtos, a margem de
lucro em relação às suas vendas, os lucros e rentabilidade envolvidos, bem como verificar o
nível de endividamento em que a empresa se encontra. A observação e análise de todos estes
fatores contribuem nas tomadas de decisões e permitem alcançar o equilíbrio entre risco e
retorno almejados por uma organização. O objetivo é de proceder uma análise destes
indicadores econômicos financeiros e observar como se encontra a situação financeira da
empresa Eliseu Medina & Cia Ltda. A metodologia utilizada é do tipo quantitativa e
descritiva e para a coleta de dados foi utilizada a análise de conteúdo dos dados obtidos. A
administração financeira de curto prazo, por meio dos resultados levantados pelos
indicadores, constatou muitos fatores negativos sobrepondo uns poucos favoráveis
encontrados na empresa. Os índices demonstraram-se preocupantes. À condição encontrada,
se propôs uma maior atenção e cautela em todos os fatores envolvidos, a curto prazo, na
administração financeira da empresa, principalmente aqueles comprometidos com a eficiência
operacional.
Palavras – chave: Administração financeira de curto prazo. Indicadores econômicos.
Indicadores financeiros.
1 INTRODUÇÃO
A administração financeira introduzida pelos fatores alavancagem financeira,
alavancagem operacional, alavancagem combinada, índices de liquidez, índices de atividade
ou eficiência operacional, índices de rentabilidade e índices de endividamento, constitui fator
de extrema significância dentro das organizações destinadas a fins lucrativos. Por meio da
descrição dos fatores supracitados, pode-se observar e determinar quais as medidas
financeiras tomadas por uma empresa, bem como identificar quais os pontos positivos e
negativos em uma organização.
Assim, considerando o contexto, o problema de pesquisa orientador do artigo é: Quais
os indicadores de alavancagem financeira, alavancagem operacional, alavancagem
combinada, índices de liquidez, índices de atividade ou eficiência operacional, índices de
rentabilidade e índices de endividamento, observados na empresa Eliseu Medina & Cia Ltda?
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DE CURTO PRAZO
A administração financeira de curto prazo segundo Lemes Júnior et al., (2005, p. 325)
“são os recursos aplicados nas atividades operacionais que dão movimentação aos ativos
permanentes”. A meta do gerenciamento a curto prazo é administrar cada um dos ativos
circulantes da empresa (caixa, títulos negociáveis, duplicatas a receber e estoque) e passivos
circulantes (duplicatas a pagar, títulos a pagar e contas a pagar),
com a finalidade de
conseguir um equilíbrio entre risco e retorno, e poder contribuir para a valorização da empresa
com índices satisfatórios.
Com a obtenção dos índices, se torna mais fácil analisar e indicar quais pontos na
organização estará necessitando de maior ou menor atenção.
Gitman (1978, p. 8) afirma que,
a análise dos dados financeiros é uma função de transformação dos dados
financeiros em uma forma que possa ser usada para orientar a posição
financeira da empresa, planejar um financiamento futuro, avaliar a
necessidade de aumento da capacidade produtiva e determinar que tipo de
financiamento adicional deva ser feito.
Para alcançar tal equilíbrio, os responsáveis financeiros devem elaborar desempenhos
adequados a fim de que possam, a partir desta função (da análise dos demonstrativos
financeiros a curto prazo) contribuir para as tomadas de decisões de maneira certeira e mais
concreta.
11
2.2 ÍNDICES
Os índices ou indicadores econômicos possuem o intuito de conceder através de seus
valores encontrados, uma demonstração de qual a posição econômica financeira de
determinada organização.
Matarazzo (1995) menciona que índice é a relação entre contas ou grupo de contas
das demonstrações financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação
econômica ou financeira de uma empresa. Segundo Matarazzo (1995) a característica
fundamental dos índices é fornecer visão ampla da situação econômica ou financeira de uma
determinada organização.
A quantidade de índices a ser analisados dependerá do quanto o administrador
financeiro pretende aprofundar-se em conhecer a situação da empresa e, caberá ao analista
determinar quais os principais índices a serem abordados para somente então tirar conclusões
a respeito de futuras tomadas de decisões.
Os índices são divididos em aqueles que evidenciam aspectos da situação financeira,
como a estrutura e a liquidez da empresa e, os índices que evidenciam os aspectos da situação
econômica, como a rentabilidade (MATARAZZO, 1995). Ou seja, a situação financeira
refere-se à capacidade da empresa cumprir suas obrigações no prazo, e situação econômica à
capacidade que a empresa possui de geração de resultados com a utilização dos recursos
empresarias (CAMARGO, 2007).
De diversos índices existentes, os principais que permitem boa estrutura para análise,
são os índices de liquidez, índices de atividade ou eficiência operacional, índices de
rentabilidade e índices de endividamento.
2.3 ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Os índices de liquidez medem a capacidade de uma organização cumprir e cobrir suas
obrigações ou dívidas (CAMARGO, 2007).
Segundo Lemes Júnior et al., (2005, p. 74) os índices de liquidez “medem a
capacidade da empresa saldar seus compromissos no curto prazo”. Dividem-se em:
2.3.1 Índice de liquidez imediata
Para Neto (2006, p. 190) o índice de liquidez imediata “revela a porcentagem de
dívidas a curto prazo em condições de serem liquidadas imediatamente”.
I L I = disponível / passivo circulante
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A obtenção do valor deste índice revela o quanto a empresa possui de recursos
imediatos para conseguir quitar ou liquidar suas obrigações a curto prazo. Este indicador deve
ser conduzido e observado com atenção, pois muito dinheiro disponível (em caixa), não é
resultado de boas condições, mas ao contrário, muito dinheiro pode revelar recursos
“parados”, ou seja, significa que o mesmo não está sendo destinado a nenhuma aplicação. O
interessante às organizações é estar em contínuo investimento, porém sempre fazendo atenção
a quantidade de recursos disponíveis necessários para equilíbrio da empresa.
2.3.2 Índice de liquidez seca
Neto (2006, p. 190), diz que o índice de liquidez seca “determina a capacidade de
curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização das contas do disponível e valores
a receber”.
I L S = ativo circulante - estoques / passivo circulante
O índice de liquidez seca mede o quanto o ativo circulante consegue superar o passivo
circulante sem os estoques. A dedução do estoque acontece neste indicador, devido ao tempo
em que o mesmo leva para se transformar em dinheiro, ou seja, como sua liquidez é
relativamente demorada, com a dedução do estoque analisa-se melhor a capacidade de
pagamento da empresa.
2.3.3 Índice de liquidez corrente
O índice de liquidez corrente determina “o quanto existe de ativo circulante para cada
R$ 1,00 de dívida a curto prazo” (NETO, 2006, p. 190).
I L C = ativo circulante / passivo circulante
Ou seja, mede o quanto a empresa possui de recebimento para cada R$ 1,00 obrigado.
2.3.4 Índice de liquidez geral
Segundo Camargo (2007, p. 198) “a liquidez geral possibilita verificar a capacidade
que a instituição tem para pagar suas dívidas totais”. Para isso, são relacionados os ativos
circulantes e os realizáveis a longo prazo com o total de obrigações da empresa.
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De maneira ampla, a liquidez geral demonstra o quanto a empresa possui de recursos
para cada R$ 1,00 de dívida geral (CAMARGO, 2007).
Segundo Neto (2006, p. 191) “a liquidez geral também é utilizada como uma medida
de segurança financeira da empresa a longo prazo, revelando sua capacidade de saldar todos
seus compromissos”.
I L G = ativo circulante + RLP / passivo circulante + ELP
O índice obtido ocorre através do quociente entre a soma do ativo circulante e do
realizável a longo prazo (que são as contas a receber a um prazo superior de um ano), sobre a
soma do passivo circulante e do exigível a longo prazo (que são todas as contas à pagar com
prazo superior de um ano), com isto verifica-se qual a capacidade da empresa em quitar todas
suas obrigações.
2.4 ÍNDICES DE ATIVIDADE OU EFICIÊNCIA OPERACIONAL
Para Camargo (2007, p. 201) os índices de atividade ou eficiência operacional
“relacionam elementos do balanço patrimonial e da demonstração de resultados do exercício e
revelam quanto tempo os elementos patrimoniais levam para serem transformados dentro do
ciclo operacional da empresa”.
Já para Lemes Júnior et al., (2005, p. 75) os índices de atividade ou eficiência
operacional “medem a velocidade com que várias contas se transformam em vendas ou
caixas”.
Dentro do índice de atividade ou eficiência operacional se englobam o giro do ativo
operacional, giro dos estoques e produtos acabados, giro de contas a receber e giro de contas a
pagar.
2.4.1 Giro do ativo operacional (GAO)
O giro do ativo operacional mede qual a capacidade do ativo da empresa conseguir
gerar vendas, ou seja, quantas vezes o ativo de uma determinada organização consegue
produzir vendas.
Para Neto (2006, p. 241) o giro do ativo operacional “indica o número de vezes que o
ativo total da empresa girou (transformou-se em dinheiro) em determinado período em função
das vendas realizadas”.
GAO = vendas / ativo
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Quanto maior der o valor deste indicador, melhor estará sendo o desempenho da
empresa em ter produção e de dar retorno às suas aplicações.
2.4.2 Giro dos estoques e produtos acabados (GPA)
Refere-se ao giro dos estoques, à quantidade que o mesmo consegue se movimentar e
renovar, não ficando estacionado por um longo período dentro do almoxarifado. Camargo
(2007) expõe que quanto menor este período de estocagem, melhor para a organização, pois
com os recursos ficando menos tempo parados, um maior volume de vendas poderá ser
efetuado com a mesma estrutura.
GPA = CPV / estoque médio dos produtos acabados
O índice é obtido através do quociente do custo do produto vendido sobre a média do
estoque e produtos acabados. Através deste pode-se observar quantas vezes o estoque de
determinada empresa gira, e se multiplicado pelo período de um ano comercial (360 dias), se
obtém em dias qual o prazo que o mesmo leva para ser vendido.
2.4.3 Giro de contas a receber (GCR)
O giro de contas a receber revela, segundo Camargo (2007, p. 203) “o período médio
de crédito concedido aos clientes com vendas a prazo”. Esse prazo equivale ao período de
tempo desde a venda das mercadorias até o recebimento do pagamento por parte dos clientes.
GCR = vendas a prazo / saldo médio de contas a receber
Quanto menor o índice, melhor será o prazo de recebimento da empresa, e por
conseqüência proporcionará liquidez para saldar as dívidas em curto prazo.
2.4.4 Giro de contas a pagar (GCP)
Camargo (2007, p. 203) diz que o giro de contas a pagar pode ser interpretado “como
o crédito concedido pelos fornecedores por meio de vendas a prazo de mercadoria”.
GCP = compras de materiais a prazo / saldo médio de fornecedores
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Ou seja, é o período compreendido desde a compra de mercadorias dos fornecedores
até o seu respectivo pagamento. O valor deste indicador é contrário ao giro de contas a
receber, pois quanto maior for o prazo concedido pelos fornecedores, juntamente de um curto
prazo de recebimento, à empresa haverá a possibilidade de uma “folga” em seu ciclo
operacional, ou seja, conseguirá receber primeiro e pagar depois.
2.5 ÍNDICES DE RENTABILIDADE OU LUCRATIVIDADE
Para Lemes Júnior et al., (2005, p. 76) os índices de rentabilidade ou lucratividade
“medem o lucro e o retorno da empresa em relação a diversos itens do Balanço e da
Demonstração de Resultados do Exercício”.
Já para Camargo (2007, p. 206) os índices de rentabilidade “revelam aspectos
econômicos por mensurar a capacidade de geração de resultados da entidade”.
Cinco indicadores de rentabilidade ou lucratividade são demonstrados.
2.5.1 Margem bruta (MB)
A margem bruta relata o quanto a empresa adquire de lucro bruto para cada R$ 1,00
vendido (LEMES JÚNIOR, 2005).
MB = lucro bruto / vendas
2.5.2 Margem operacional (MO)
A margem operacional revela o quanto a organização possui de lucro operacional para
cada R$ 1,00 vendido.
MO = lucro operacional / vendas
Neto (2006, p. 242) diz que a margem operacional demonstra “o quanto das receitas de
vendas foi destinado a cobrir despesas operacionais, e quanto se transformou em lucro”.
2.5.3 Margem líquida (ML)
Camargo (2007, p. 207) relata que a margem líquida “revela qual a lucratividade da
empresa depois de reduzidos todos os gastos, comparativamente a suas vendas líquidas”.
ML = lucro líquido / vendas
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A margem líquida verifica o quanto a organização obteve de lucro líquido para cada
R$ 1,00 de vendas, observando o quanto das vendas serviram para cobrir os custos e despesas
incorridos.
2.5.4 Retorno sobre o investimento (ROI)
O retorno sobre o investimento indica o potencial de geração de lucros da empresa
(CAMARGO, 2007).
ROI = lucro líquido / ativo total
Ou seja, indica qual a porcentagem de lucro líquido que o ativo total proporciona a
organização.
2.5.5 Retorno sobre o patrimônio líquido
Segundo Neto (2006, p. 320), o retorno sobre o patrimônio líquido “fornece o ganho
percentual auferido pelos proprietários como uma conseqüência das margens de lucro, da
eficiência operacional e do planejamento eficiente de seus negócios”.
RPL = lucro líquido / patrimônio líquido
Este índice demonstra qual a rentabilidade obtida pelos sócios ou acionistas em
relação aos recursos investidos pelos mesmos (CAMARGO, 2007).
Ou seja, os índices de rentabilidade têm a função de demonstrar o quanto renderam os
investimentos aplicados pelos sócios ou acionistas.
2.6 ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO
Lemes Júnior et al., (2005, p. 75), explica que os índices de endividamento “medem a
participação do capital de terceiros na empresa”.
2.6.1 Índice de participação de terceiros
O índice de participação de terceiros mede o quanto de capital de terceiros está
comprometido com o ativo total da empresa (LEMES JÚNIOR et al., 2005).
IPT = passivo total – patrimônio líquido / ativo total
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O mesmo demonstra para cada R$ 1,00 aplicado no ativo, qual é a parcela de dívida da
empresa (capital de terceiros).
2.6.2 Índice do exigível sobre o patrimônio líquido
Esse quociente revela o quanto a organização utiliza de capital de terceiros (exigível a
longo prazo) para cada R$ 1,00 de capital próprio (patrimônio liquido) (CAMARGO, 2007, p.
194).
IEPL = exigível a longo prazo / patrimônio líquido
2.6.3 Índice do patrimônio líquido sobre o ativo total
É a participação do capital próprio sobre as fontes de financiamentos (LEMES
JÚNIOR et al., 2005).
IPLAT = patrimônio líquido / ativo total
Este índice demonstra, o quanto de capital próprio está financiando o ativo total.
Outro fator que contribui para análise da situação econômica de uma empresa é o grau
de alavancagem.
2.7 GRAU DE ALAVANCAGEM
A alavancagem “é o uso de ativos operacionais e/ou recursos financeiros, com custos e
despesas fixas, visando aumentar o retorno dos acionistas” (LEMES JÚNIOR et al., 2005, p.
71).
Segundo Lemes Júnior et al., (2005), a alavancagem é considerada entre os recursos
gerenciais existentes um instrumento que contribui para melhorar o desempenho das
empresas.
“Existem três tipos de alavancagem: a operacional, a financeira e a combinada”
(LEMES JÚNIOR et al., 2005, p. 71).
2.7.1 Grau de alavancagem operacional
A alavancagem operacional para Lemes Júnior et al., (2005) é aquela que usa dos
ativos operacionais, com custos e despesas fixas, visando como objetivo o aumento dos lucros
antes dos juros e do imposto de renda.
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Quando determinada empresa faz prospecção em relação ao aumento das receitas, a
mesma consegue, a partir da alavancagem operacional, adquirir o percentual que será
acrescido no LAJIR (lucro antes dos juros e impostos de renda), passando em seguida a
analisar a empresa a partir do grau de alavancagem operacional, que “é a medida do impacto
da alavancagem operacional nos lucros operacionais da empresa” (LEMES JÚNIOR et al.,
2005, p. 72).
GAO = variação percentual no LAJIR / variação percentual nas receitas
O resultado deste índice, se maior que zero, indica que houve grau de alavancagem
operacional e se menor indica que não houve. O GAO demonstra que uma variação (ou
aumento ou diminuição) das receitas, também provocará alteração nos lucros recebidos antes
dos juros e da dedução do imposto de renda.
2.7.2 Grau de alavancagem financeira
A alavancagem financeira “é o resultado da existência de encargos financeiros fixos,
para aumentar os efeitos de variações nos lucros antes de juros e imposto de renda (LAJIR)
sobre os lucros por ações (LPA)” (LEMES JÚNIOR et al., 2005, p. 72).
Ocorre alavancagem financeira quando a empresa utiliza-se de fontes de
financiamento em sua estrutura de capital, quando isso acontece, a empresa pode se beneficiar
de um crescimento mais que proporcional no lucro por ação (LEMES JÚNIOR et al., 2005).
Já o grau de alavancagem financeira contribui para medir o impacto da alavancagem
financeira da empresa nos lucros por ação – LPA (LEMES JÚNIOR et al., 2005).
GAF = variação percentual no LPA / variação percentual no LAJIR
Quando “o grau de alavancagem financeira for maior que 1, denotará que o capital de
terceiros estará influenciando positivamente o retorno do capital próprio da empresa” (Neto,
2006, p. 240). “Já quando o resultado der menor do que 1, refletirá uma situação desfavorável
para a empresa em termos de alavancagem financeira”.
2.7.3 Grau de alavancagem combinada ou total
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A alavancagem total “é o potencial de custos fixos, operacionais e financeiros,
utilizado para aumentar o efeito das variações nas vendas sobre o lucro por ação” (LEMES
JÚNIOR et al., 2005, p. 73).
GAT = variação percentual no LPA / variação percentual nas vendas
O efeito combinado da alavancagem operacional com a financeira permite avaliar, ao
mesmo tempo, a repercussão que uma alteração no volume de vendas promove sobre o
resultado operacional e líquido (NETO, 2006).
3 METODOLOGIA
A natureza de pesquisa é caracterizada por ser do tipo descritiva quantitativa,
pois se propõe a descrever a situação econômica financeira da empresa. Segundo Gil (1999, p.
44) “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. Já
Barros e Lehfeld (1986, p.90), a pesquisa do tipo descritiva é aquela em que o pesquisador
“observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis sem manipulá-los)”.
Para Cervo e Bervian (1996, p. 49), a pesquisa descritiva “procura descobrir, com precisão
possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua
natureza e características”. Quanto à natureza é quantitativa, pois Richardson afirma que o
método quantitativo,
[...] caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de
coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas, desde as mais simples como percentual, média, desvio-padrão,
às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão etc
(RICHARDSON, 1999, p. 70).
Para Richardson (1999, p. 70) o método quantitativo “é freqüentemente aplicado nos
estudos descritivos, naqueles que procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis,
bem como nos que investigam a relação de causalidade entre fenômenos”.
A unidade de análise estudada foi o setor econômico financeiro da empresa de
confecção de jeans Eliseu Medina & Cia Ltda, situada no município de Nova Esperança,
Paraná. A coleta de dados se deu por meio de análise de conteúdo de demonstrativos
financeiros, orientada e disponibilizada pelo responsável do setor financeiro, pois “a análise
de conteúdo é definida como uma técnica de pesquisa para a descrição objetiva” (JANIS et
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al., 1949 apud RICHARDSON, 1999, p. 221) e a mesma “possui como base, regras
explicitamente formuladas” (RICHARDSON, 1999, p. 222).
Para coleta de dados serão utilizados dados provindos de fontes primárias e
secundárias. A pesquisa em fontes primárias segundo Andrade (1993) baseia-se em:
Documentos originais, que não foram utilizados em nenhum estudo ou
pesquisa, ou seja, foram coletados pela primeira vez pelo pesquisador para a
solução do problema, podendo ser coletados mediante entrevistas,
questionários e observação.
Os dados secundários são aqueles que se encontram à disposição do pesquisador em
boletins, livros, revistas, dentre outros. Para Marconi e Lakatos (2000) as fontes secundárias
possibilitam a resolução de problemas já conhecidos e a explorar outras áreas onde os
problemas ainda não se cristalizaram suficientemente.
A análise terá como meio o caráter não participativo, se tratando de um caminho onde
o observador não tem nenhuma participação ou interferência no decorrer do processo, apenas
examina com atenção o trabalho.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO CASO
INDÍCES FINANCEIROS
LIQUIDEZ
Liquidez Imediata
Liquidez Corrente
Liquidez Seca
Liquidez Geral
EFICÊNCIA PERACIONAL
Giro do ativo operacional
Giro dos estoques e produtos acabados
Giro de contas a receber
Giro de contas a pagar
RENTABILIDADE
Margem Bruta
Margem Operacional
Margem Líquida
Retorno sobre o investimento
Retorno sobre o patrimônio líquido
ENDIVIDAMENTO
Índice de participação de terceiros
Índice do exigível sobre o patrimônio líquido
Índice do patrimônio líquido s/ o ativo total
GRAU DE ALAVANCAGEM
Grau de alavancagem operacional
2008
D / PC
AC / PC
AC - EST / PC
AC+RLP / PC + ELP
0,02
1,26
0,39
-
VENDAS / ATIVO
CPV / EST MÉDIO
V. PRAZO / S.M.C.R
C. PRAZO / S.M.F.
15,02 vezes ao ano
5,07 vezes ao ano
28 dias
29 dias
LB / VENDAS
LO / VENDAS
LL / VENDAS
LL / A T
LL / P L
PT - PL / A T
ELP / PL
PL / AT
∆%LAJIR /∆%RECEITAS
0,16
(0,11)
(0,11)
(0,38)
(0,99)
0,62
0,38
(44,82)
21
Grau de alavancagem financeira
Grau de alavancagem combinada
Onde:
AT = Ativo total
AC = Ativo circulante
D = Disponível
EST = Estoque
RLP = Realizável a longo prazo
CPV = Custo do produto vendido
S.M.C.R. = Saldo médio de contas a receber
PT= Passivo total
PC = Passivo circulante
Fonte: desenvolvido pelos autores.
∆% LPA / ∆% LAJIR
∆% LPA / ∆% RECEITAS
(1,03)
(46,02)
ELP = Exigível a longo prazo
PL = Patrimônio líquido
S.M.F. = Saldo médio de fornecedor
LB = Lucro bruto
LO = Lucro operacional
LL = Lucro líquido
∆% = Variação percentual
LAJIR = Lucro antes juros e imposto de renda
LPA = Lucro por ações
A empresa Eliseu Medina & Cia Ltda teve sua origem na cidade de Maringá, estado
do Paraná em 09 de julho de 1986. No ano de 1990 transferiu sua sede para o município de
Nova Esperança, mesmo estado, dando continuidade a sua principal atividade, confecção
têxtil de roupas jeans.
Há 24 anos no mercado, a empresa caracterizada como ME (micro-empresa), contribui
para a geração de 15 empregos e para a inovação de produtos com qualidade e preços
competitivos. Por ser de pequeno porte, a mesma não possui todos os setores administrativos
definidos com profissionais especializados por área, sendo que os próprios sócios são os
administradores e controladores da mesma, incluindo o setor financeiro.
E, por ser um setor de extrema importância na empresa, a administração financeira da
firma Eliseu Medina & Cia Ltda foi analisada com base nos indicadores econômicos
financeiros.
De início ao analisar os índices de liquidez, percebeu-se que a empresa em relação a
sua liquidez imediata possui 0,02 centavos para cada 1,00 de dívida, um indicar
razoavelmente bom, pois nesta análise considera-se o potencial da empresa saldar todas as
dívidas a curto prazo somente com o recurso do disponível. Um bom índice também foi
encontrado com a liquidez corrente, onde o valor de 1,26 também é considerável, visto que
valores superiores a este indicariam que a empresa estaria com muito recurso parado e por
conseqüência sem investimentos. Já o índice de liquidez seca, não apresentou resultado
favorável, pois se percebeu que o ativo não conseguiu superar o passivo sem os estoques,
onde para cada 1,00 de dívida a empresa somente possui 0,39 centavos para quitá-la. A este
índice (liquidez seca), pode-se supor que o volume de estoque é grande e por conseqüência
22
traduz que muito dinheiro encontra-se estacionado nos estoques. O índice de liquidez geral
não foi avaliado devido ao fato da empresa não apresentar em seu balanço patrimonial contas
a receber e a pagar a longo prazo (exigível e realizável a longo prazo).
Os índices de atividade ou eficiência operacional demonstraram através do giro do
ativo operacional que a empresa observada, consegue fazer seu ativo produzir vendas 15,02
vezes ao ano, levando em média 23 dias para realizar sua produção. O giro dos estoques e
produtos acabados demonstrou que o estoque da empresa gira 5,07 vezes no ano, demorando
71 dias para se renovar ou ser vendido. Deste, pode-se explicar o porquê de a liquidez seca
não ter demonstrado valor favorável. O giro das duplicatas a receber leva 28 dias para a
empresa receber seus direitos e nas duplicatas a pagar a empresa possui um prazo de 29 dias
para quitá-las.
Os índices de rentabilidade explanaram por meio da margem bruta que para cada 1,00
de vendas a empresa obteve 0,16 centavos de lucro bruto. Já a margem operacional e líquida
apresentou índice de (0,11) negativo, demonstrando que para cada 1,00 de venda a empresa
ficou com 1,11 de prejuízo. Não houve ROI (retorno sobre o investimento), pois o mesmo
apresentou valor negativo em (0,38), neste caso as aplicações no ativo não proporcionaram
lucro líquido à empresa. O retorno sobre o patrimônio líquido (RPL) também apresentou valor
negativo (0,99), indicando que os recursos aplicados pelos sócios não propiciaram lucro
líquido para os mesmos.
Já os índices de endividamento demonstraram que 62% do ativo estão comprometidos
com o passivo circulante, dívidas de curto prazo, sendo que para cada 1,00, de investimento
no ativo, 0,62 centavos é capital de terceiros. O índice do patrimônio líquido sobre o ativo
total indica que 38% do ativo são financiados com o capital próprio e o índice do exigível a
longo prazo sobre o patrimônio líquido não foi obtido, devido a empresa não ter
investimentos a longo prazo. Diante de a empresa trabalhar somente com fontes a curto prazo,
considera-se equilibrado seu nível de endividamento.
Através do grau de alavancagem operacional, financeira e combinada verificou-se que
a empresa não alavancou em nenhum dos três indicadores. O grau de alavancagem
operacional resultou no valor negativo de (44,82), indicando que a empresa não soube
administrar com eficiência seus custos. O grau de alavancagem financeira indicou também
que não houve alavancagem, observando que este índice ficou negativo em (1,03), desta
forma, não representou fator de grande influência negativa, se comparado ao grau de
23
alavancagem operacional. O grau de alavancagem combinada também revelou valor negativo
(46,02), demonstrando o mau gerenciamento tanto dos custos operacionais, financeiros e das
vendas, em relação ao lucro da empresa.
Outra análise através da demonstração de resultados dos anos de 2007 e 2008
percebeu-se uma redução significativa que apresentou um resultado negativo de (150,47%),
consumindo todo o lucro ganho no ano de 2007 e ficando ainda mais 50,47% devedor. O fator
mais desfavorável pelos maus resultados deveu-se ao mau gerenciamento dos custos dos
produtos, pois enquanto as vendas tiveram redução de 3,27% os custos dos produtos vendidos
aumentaram em 83,98%, ou seja, ao invés de haver uma redução proporcional, ocorreu o
contrário, os custos dos produtos elevaram-se demasiadamente.
Diante disto, propõem-se observações cautelosas em relação a todos os indicadores
econômicos financeiros encontrados e demonstrados, bem como um melhor gerenciamento
dos custos dos produtos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A empresa Eliseu Medina & Cia Ltda, através dos indicadores econômicos financeiros
observados, encontra-se em uma situação preocupante. Os dados demonstraram capital
disponível para quitação de dívidas a curto prazo e um bom giro de duplicatas a receber,
porém ao mesmo tempo, a empresa encontra-se com alto nível de estoque (demorando para
ter saída), valor negativo de retorno de lucro esperado em relação ao valor das vendas, mal
gerenciamento operacional, permitindo que os custos dos produtos sejam maiores do que o
lucro esperado, e nenhum retorno de capital aplicado pelos sócios, ou seja, a mesma se depara
com excesso de fatores negativos e falta de positivos que os compensem. Portanto, para a
empresa propõem-se observações cautelosas em todos os indicadores econômicos financeiros,
porém se faz necessário uma maior atenção para os custos, pois é o fator, no momento,
causador de percas financeiras.
REFERÊNCIAS
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Curitiba: Ipbex, 2007.
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Análise econômica financeira como fator de decisão