A BUSCA DA FELICIDADE NA CONTEMPORANEIDADE:
CONTRIBUIÇÕES DE BARUCH DE ESPINOSA
Gilnei da Rosa1
RESUMO
O homem contemporâneo vive na constante busca da felicidade, de um sentido, ou significado para a sua
existência. Dentro dessa perspectiva segue os mais diversos caminhos imagináveis e trilháveis, caindo muitas
vezes em extremos, apegando-se a materialidade, ou alienando-se a sistemas e “coisas”, procurando aí
preencher seu vazio existencial. Apesar de ser uma busca de séculos, percebe-se o homem cada vez mais
perdido, desiludido, e tateando as cegas a procura de algo que dê sustentação para o seu existir, e dê significado
a sua vida. Além do apego religioso, assiste-se o apego a materialidade, ao dinheiro, riquezas, honras, etc... O
filósofo moderno Baruch de Espinosa propõe a busca de uma verdade que dê sentido à vida, uma verdade
imamente ao próprio indivíduo, que está no seu interior. E essa verdade se alcança pela vivência daquilo que é
próprio, sendo dispensável toda forma de prazer, riqueza e honra.
PALAVRAS - CHAVE: Felicidade, conatus, princípios imanentes.
INTRODUÇÃO
É natural do ser humano, de sua capacidade racional e sentimental, buscar e dar um sentido para sua
existência, e trilhar caminhos que julga, racionalmente, levá-lo a esse fim. Entretanto, esse caminho parece um
tanto nebuloso e ofuscado, pois o homem contemporâneo está cada vez mais perdido, debate-se e tateia a
procura de uma base sólida, de algo firme, para em cima disso, construir o edifício de sua existência.
E essas bases do homem contemporâneo são como que areia movediça, e a força de intempéries da
vida, o edifício do sentido da existência desmorona. Nesses casos, é frequente e visível, o grande número de
pessoas depressivas, estressadas, que perderam o sentido de viver, e/ou levam uma vida completamente
alienada, absorvida pelo álcool, drogas, e outros vícios, desprovida de significado e valor.
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Acadêmico do IV semestre de Filosofia, URI – campus de Frederico Westphalen. [email protected]
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Como buscar um sentido para a existência? Como ter uma vida bem sucedida? Que princípios seguir,
ou o que procurar? Como manter a integridade e sair bem num mundo altamente complexo?
Buscando resolver e dar uma resposta a essas questões, faz-se interessante a filosofia de Baruch de
Espinosa que propõe uma reforma dos pilares sobre os quais o homem constrói o sentido da existência, visto que
este, geralmente é construído em cima de futilidades. Ele propõe que se busque uma verdade, uma base sólida,
na qual e pela qual, a existência ganhe sentido, e a existência sustente-se dando ao indivíduo a tão sonhada
felicidade.
E nesse sentido, o presente artigo pretende discutir sobre a busca de um ponto sólido sobre o qual o
indivíduo possa pautar a sua existência e a sua vida. Sabe-se que uma sociedade só evolui, quando os seus
integrantes evoluem, e não há como evoluir na vida, se a vida não tem um sentido, se não tem algo pela qual e
no qual ela se fundamenta.
DESENVOLVIMENTO
O filósofo moderno Baruch de Espinosa (1632- 1677), em seu Livro Tratado da Correção do intelecto,
discorre sobre a busca de uma verdade capaz de dar sentido à existência humana, procurando identificar qual o
bem, cuja posse, garantiria ao homem a suprema felicidade.
E esse verdadeiro bem para Espinosa, segundo Antiseri e Reale (1990, p.410): [...] é precisamente
aquele verdadeiro que interessa mais que qualquer outro à vida humana: aquele verdadeiro que se busca para
dele desfrutar e em cujo desfrutamento realiza-se o cumprimento e a perfeição da existência, e portanto, a
felicidade (grifos do autor).
E segundo Espinosa esse bem deve ser um bem imutável, não submisso à fatuidade e superficialidade
das coisas da realidade. Esse bem deve servir de base firme e sólida para a construção do sentido da existência
do indivíduo. Escreve Espinosa na abertura do Tratado da Correção do Intelecto:
Desde que a experiência me ensinou ser vão e fútil tudo o que costuma acontecer na vida cotidiana, e
tendo eu visto que todas as coisas de que me arreceava ou que temia não continham em si nada de bom
nem de mau senão enquanto o ânimo se deixava abalar por elas, resolvi, enfim, indagar se existia algo
que fosse o bem verdadeiro e capaz de comunicar-se, e pelo qual unicamente, rejeitado tudo o mais, o
ânimo fosse afetado; mais ainda, se existia algo que, achado e adquirido, me desse para sempre o gozo
de uma alegria contínua e suprema. (ESPINOSA, 1983, p.43)
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Mas quais são essas coisas da vida cotidiana que Epinosa considera vã e fútil? O que essas coisas
encerram em si, que não são proveitosas ao indivíduo? Escreve ele: “[...]com efeito, as coisas que ocorrem mais
na vida e são tidas pelos homens como o supremo bem resumem-se, ao que se pode depreender de suas obras,
nestas três: as riquezas, as honras e a concupiscência2”. (ESPINOSA, 1983, p.43)
Portanto, riquezas, honras e prazer, não são fontes ou pontos sólidos onde o homem encontra ou pode
construir a felicidade, não encontrando, assim, o sentido para sua existência. Mas porque essas fontes são tão
nocivas ao homem?
Para Epinosa, a busca dos prazeres, não torna o homem feliz, pois o prazer é válido enquanto dura, e
depois de desfrutado, leva a um profundo vazio. E enquanto fruí determinado prazer, o indivíduo não pensa em
outras coisas, sendo absorvido completamente por ele. Entretanto, quando o prazer cessa, vem o desânimo e o
sentimento de vazio, e isso o leva a buscar novamente esses prazeres, ou novos prazeres, vivendo sempre numa
constante busca, e num constante desânimo, pois nenhum prazer “dura para sempre” (CHAUÍ, 1995).
A busca de riquezas, do capital, também não torna o homem feliz, segundo Espinosa, pois facilmente
ele se torna alienado e escravo destas. Segundo Chauí (1995) a riqueza nunca é plena, pois quando mais o
homem possui bens e riquezas, mais quer possuir, e nessa busca usa dos mais diversos meios, inclusive aqueles
que ferem a ética vigente, para alcançá-los. E mesmo que alcance uma determinada riqueza, será motivo de
constante preocupação e temor a sua conservação.
Observando a realidade, percebe-se tantas pessoas que morrem por causa de suas posses, ou passam
uma vida inteira se submetendo as mais diversas coisas para alcançá-las. A busca da riqueza não deve ser
buscada como um fim em si mesma (riqueza pela riqueza), mas como um meio para se alcançar outras coisas, e
que essas sejam pra ajudar o homem a viver aquilo que lhe é próprio. (ANTISERI; REALE, 1990).
Da mesma maneira, a busca de honra e reconhecimento não leva o indivíduo a viver feliz. Isso porque,
honra e reconhecimentos são instituídos pelos outros, e para alcançar esse reconhecimento, o homem tem que
fazer coisas, e desempenhar funções que agradem a essas pessoas. E isso o faz afastar-se de viver aquilo que
realmente ele quer e deseja, e que lhe faz bem. De maneira análoga à busca de riquezas, o homem pode se
submeter a qualquer coisa ou situação para alcançar reconhecimento, ou para manter o reconhecimento que já
possui.
E sobre isso, Espinosa escreve especificamente no Tratado da Correção do Intelecto:
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Prazer.
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Existem, de fato, muitos exemplos dos que, por causa de suas riquezas, sofreram a perseguição até a
morte, se expuseram a tantos perigos que afinal pagaram com a vida a pena de sua tolice. Nem menos
numerosos são os exemplos dos que, para conseguir a honra ou defendê-la, muitíssimo sofreram. Por
último, há inúmeros dos que aceleraram sua morte pelo excesso de concupiscência. (ESPINOSA, 1983,
p.44)
Então se esses bens (bens materiais) não conseguem por si, trazer ou dar sentido para a existência
humana, pois encerram em si coisas que impedem a manifestação da Vida, quais ou qual, na visão de Espinosa,
seria o bem capaz disso?
A observação do Conatus
Para responder a essa questão, Espinosa recorre ao conceito de Conatus. Escreve Chauí (1995, p. 63):
Todos os seres possuem, em decorrência da atividade dos atributos substanciais infinitos, uma potência
natural de autoconservação que Espinosa [...] denomina conatus. Os seres são indivíduos quando
possuem conatus, isto é, quando possuem uma força interna para permanecer na existência
conservando seu estado. (grifos da autora)
Para Espinosa, o homem tem a peculariedade de ser consciente desse seu conatus, desse esforço que
está imanente a ele, e que o leva a preservar a sua existência, utilizando-se para isso os mais diversos meios
possíveis. “Na verdade, os humanos não possuem conatus, são conatus” (CHUÍ, 1995, p.63).
Esse conatus é uma força interna positiva ou afirmativa, sempre a favor da vida, e consequentemente
indestrutível, pois nenhum ser busca a autodestruição. Com isso, para Espinosa, a morte não é intrínseca a
essência humana, mas provém do exterior, não podendo jamais vir do interior. É esse conatus que move ou dá
origem as paixões humanas, desejos e princípios que move o homem em direção as coisas, ou o leva a afastarse delas.
E é pela realização desse conatus que o homem alcança a felicidade. Consequentemente o sentido da
existência humana consiste na realização do conatus próprio de cada indivíduo.
O conatus possui as regras e princípios para o bem viver e para a realização do homem, e é por meio
desse que, na visão de Espinosa, também dá-se o conhecimento e o discernimento das coisas: “[...] Nosso
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intelecto, diz o Tratado da Emenda do Intelecto, é vis nativa, força natural inata para o livre exercício do
conhecimento”(CHAUÍ, 1999, p.99, grifos da autora). E nesse sentido, escreve Espinosa:
[...] A forma do conhecimento verdadeiro deve achar-se no próprio conhecimento, sem relação com
outros (conhecimentos), nem conhece o objeto como causa, mas deve depender do próprio poder e
natureza do intelecto [...] Portanto, o que constitui a forma do conhecimento verdadeiro há de procurar-se
no próprio conhecimento e deduzir-se da natureza do intelecto. (ESPINOSA, 1983, p. 59).
Nesse sentido, a filosofia de Espinosa é considerada um racionalismo absoluto, pois para ele a
totalidade do real pode ser inteiramente conhecida pelo intelecto humano, não havendo no mundo lugar para
milagres, mistérios e coisas ocultas (CHAUÍ, 1995). O homem por ser parte integrante da natureza divina3, já
possui em si, de forma imanente, todos os princípios do conhecimento como conatus.
O falso conatus
Entretanto, há uma forma equivocada de se compreender Espinosa, quando este afirma que o home é
a medida para a busca da felicidade, de compreender que então o indivíduo é livre, e pode fazer tudo aquilo que
quer e que julga lhe fazer bem, abolindo todas as regras sociais e jurídicas, no momento em que essas lhe
impedirem de conquistar algo que deseja. Essa compreensão é equivocada quando não se têm a compreensão
ou não se conhece o verdadeiro conatus, e quando não se compreende o homem dentro da esfera social, com
compromisso moral para com os outros.
Como vimos anteriormente que o conatus é um esforço para a preservação da existência, não podendo
ser, em nenhuma hipótese, algo que vá contra a existência, ou que a degenere. Nesse sentido deve-se ter um
cuidado muito especial, para não compreender como conatus ou como princípio, coisas que acabam por macular
a existência, e que são contrários a Vida e o pleno desenvolvimento desta no indivíduo.
Por exemplo, não se pode afirmar que é um esforço para manter-se na existência (conatus) de
determinado indivíduo, o impulso do “consumismo desenfreado”, pois este, na verdade, acaba por interferir na
vida deste, tornando o mais um escravo do mundo da moda e das imagens produzidas pela mídia. De modo
análogo, não se pode dizer, que é próprio do indivíduo, e que lhe faz bem e o realiza, o vício em bebidas
alcoólicas, pois este degenera a Vida.
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Para Espinosa, Deus não está fora do mundo, mas está imanente n’ele, ele é todas as coisas.
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Como ainda o homem contemporâneo não desenvolveu a sua capacidade de auto-conhecimento, ou do
conhecimento de seu próprio conatus, fica confuso, sendo facilmente enganado e manipulado por toda uma série
de interesses midiáticos e capitalistas, que utilizando-se de artimanhas, o dominam muito bem, como o apelo
emocional por meio das imagens, que o faz introjetar e adotar princípios, como se lhe fossem próprios, quando na
verdade, estes inibem o desenvolvimento da Vida, ou seja, não levam o indivíduo à sua realização, à sua
felicidade.
A visão de sociedade
Para Espinosa, antes de formar sociedade, o homem vivia num estado de Direito de Natureza, onde
seu direito ia até “onde possuía poder para realizá-lo e forças para garanti-lo”. (CHAUÍ, 1995). Nesse estado,
todas as ações humanas obedeciam apenas o conatus próprio de cada indivíduo, sendo seus desejos a única
medida e lei da existência.
Acontecia, porém, que nesse estado natural, os homens viviam em constante guerra entre si, pois os
desejos de um indivíduo podia visar a mesma coisa que outro, originando aí o conflito. Assim, para proteger-se
desse constante perigo, evitando a destruição da vida, os homens passam a viver em comunidade, onde
estabelecem algumas regras, alienando alguns de seus direitos e desejos.
Escreve Chauí (1995, p.76)
[...] De fato, quando os homens em estado de Natureza, descobrem as vantagens de unir forças para a
vida em comum, não fazem pactos nem contratos, mas formam a multidão ou a massa como algo novo:
o sujeito político. A massa, constituindo um sujeito único, cria um indivíduo coletivo cujo conatus é mais
forte e superior a cada um dos indivíduos. Esse conatus coeltivo é o soberano ou o Estado Civil. (grifos
da autora)
É dentro desse estado civil que hoje o homem vive, e para o qual deve obrigações e têm alguns de
seus direitos assegurados, como a segurança, saúde e liberdade – ao menos teoricamente. Nesse estado Civil, o
indivíduo deve adequar alguns de seus princípios, pois caso contrário, estará ferindo o conatus coletivo, e
consequentemente estará sujeito à coerções, convencionalmente estabelecidas.
O indivíduo pode-se perguntar: então jamais serei feliz, se o Estado me impedir de realizar certas
coisas que me são próprias? Responde-se essa questão, trazendo para a discussão o filósofo grego, Aristóteles.
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Segundo ele (apud, GALLO, 2003), há três modos do homem viver feliz, e um desses modos (o que nos interessa
para a questão) é a vida de cidadão livre e responsável. Para Aristóteles, todo homem deve participar ativamente
das decisões da polis (cidade/estado), sendo essa uma condição indispensável, pois assim, o indivíduo estará
velando para que seus interesses sejam atendidos. Somente pelo exercício da sua cidadania, o homem terá sua
liberdade, seus interesses e seus desejos assegurados.
Portanto, o Estado Civil, só se torna um opressor e acaba impedindo o indivíduo de viver a sua
felicidade, quando este vive fora das decisões políticas tomadas, ou omite seu papel de cidadão. Isso se reflete
muito na nossa realidade, quando vemos a política como algo que é feito e desempenhado pelos outros, e que
pouco nos interessa. A escolha política, por meio do voto, quando não feita conscientemente, pode sim, estar
influenciando no modo como o indivíduo estará vivendo no seu dia-a-dia. A qualidade e o trabalho dos
representantes políticos trazem grandes mudanças e benefícios, quando esses são a voz dos desejos e
necessidades do povo que o escolheu, não servindo apenas à interesses egoístas e privados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não há fórmulas prontas ou caminhos já trilhados para se alcançar o grande objetivo da humanidade, que
é a busca de um sentido para a existência. O sentido da vida é particular para cada indivíduo e, portanto, sua
busca, ou seja, o caminho que se deve percorrer é particular, ou próprio de cada sujeito. O que existe na história
da filosofia, são algumas dicas e apontamentos que se tornam úteis no momento em que o indivíduo as aplica em
seu cotidiano, no caminho que trilha em busca desse objetivo.
Estamos acostumados a buscar a felicidade em algo que nos é externo, como roupas, produtos de
beleza, ídolos musicais e de cinema, riquezas, etc...E é nisso que a pautamos. Entretanto, Espinosa insere um
importante elemento: essa busca não deve ser medida por algo externo, mas sim por algo que e próprio ou
imanente ao indivíduo. Quando pautada por algo externo, o sentido da vida não é alcançado, pois seu objeto é
contingente, e portanto, só vai realizar o indivíduo enquanto esse tiver o objeto tiver em sua posse, ou este lhe
chamar a atenção.
Com o presente artigo, em que procuramos aprofundar a busca do sentido da vida na concepção de
Espinosa, não se pretendeu impor algo dogmatizado, nem algo pronto, mas acima de tudo buscou-se estar
levantando uma discussão acerca dessa busca pela felicidade, apontando alguns “nortes” que podem ser úteis ao
indivíduo, no discernimento do caminho que deve trilhar por si mesmo na busca da felicidade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTISERI; REALE. História da Filosofia: Do humanismo a Kant. Vol. II. São Paulo: Paulus, 1990.
CHAUÍ, Marilena. Espinosa: uma filosofia da Liberdade. São Paulo: Moderna, 1995.
CHAUÍ, Marilena. A Nervura do Real: imanência e liberdade em Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras,
1999.
GALLO, Silvio. Ética e Cidadania: Caminhos da Filosofia. 11 ed. Campinas – SP: Papirus, 2003.
ESPINOSA. Os Pensadores: Pensamentos Metafísicos; Tratado da Correção do Intelecto; Ética; Tratado
Político; Correspondência. 3 ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
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