UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
Secretaria de Educação a Distância – SEED/MEC
Programa de Formação Continuada Mídias na Educação
Curso de Especialização em Mídias na Educação
MÍDIAS E A MOTIVAÇÃO PEDAGÓGICA NO ENSINO DA
LÍNGUA PORTUGUESA
Maria Iraci Cardoso Tuzzin
Professor Doutor
Alexandre Jesus da Silva Machado
Orientador
Chapecó, julho de 2010
SUMÁRIO
SUMÁRIO..................................................................................................................................2
RESUMO....................................................................................................................................3
ABSTRACT................................................................................................................................4
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................5
OBJETIVO .................................................................................................................................7
REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................................7
3.1 Mídias e as potencialidades educacionais........................................................................7
3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem...............................................................................20
3.3 Motivação e o emprego das mídias.................................................................................29
Disponível em: http://books.google.com.br/ Acesso em 08 jun 2010....................................33
METODOLOGIA.....................................................................................................................34
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS...............................................................................36
6. ESTUDOS FUTUROS.........................................................................................................38
7. CONCLUSÃO......................................................................................................................38
8. REFERÊNCIAS....................................................................................................................39
APÊNDICE 1............................................................................................................................40
RESUMO
Esse documento apresenta a Monografia de Conclusão do Curso de Pós-Graduação
Lato Sensu Especialização em Mídias na Educação, edição realizada em 2009 e
2010 pela UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE no Pólo de Chapecó. O
objetivo dessa pesquisa é investigar se as mídias - informática e impressos –
trabalhadas com o apoio de um ambiente virtual de aprendizagem podem motivar
para o ensino de Língua Portuguesa. O eixo metodológico da pesquisa enfatizou
momentos de entrevista, estudo bibliográfico, observação direta, análise e
apresentação dos resultados observados numa escola pública de Educação Básica.
Inicialmente, buscou-se saber da quinta série do Ensino Fundamental, o que os
motivava nas aulas de Língua Portuguesa. Essa informação foi obtida através de
questionário aplicado aos alunos da Escola Poncho Verde de Panambi, RS. Através
do questionário, evidencia-se que as ações pedagógicas realizadas na sala de aula
tradicional entediam os estudantes, porém a maioria deles as realiza com êxito
enquanto que, aquelas atividades desenvolvidas na sala de aula virtual desperta
euforia inicial, entretanto uma parcela significativa do grupo não consegue completálas satisfatoriamente. Desta forma acreditamos que o uso das mídias informática e
impressos podem motivar pedagogicamente os estudantes desde que, entraves
como conexão lenta, sucateamento dos laboratórios de informática e excessivo
número de alunos por turma, seja revisto.
Assim as mídias podem se tornar
ferramentas significativas para professores diversificarem a ação pedagógica
tradicional, através do uso de material didático virtual.
PALAVRAS CHAVE: mídias, motivação, Língua Portuguesa,
ABSTRACT
This document presents the Monograph of Completion of Post-Graduate
Specialisation Lato Sensu in Media in Education, edition held in 2009 and 2010 by
the Federal University of Rio Grande on Campus Chapecó. The objective of this
research is to investigate whether the media - print and computer - worked with the
support of a virtual learning environment can motivate for teaching Portuguese. The
axis moments emphasized methodological research interviews, literature research,
direct observation, analysis and presentation of the results observed in a public
school in Basic Education. Initially, we attempted to find the fifth grade on, what
motivated them in teaching Portuguese. This information was obtained through a
questionnaire applied to pupils of the School Poncho Green Panambi, RS. Through
the survey, it is evident that the teaching activities carried out in the traditional
classroom bored students, but most of them successfully realize the while, those
activities developed in the virtual classroom arouses initial euphoria, however a
significant group can not complete them satisfactorily. Thus we believe that the use
of computer and printed media can motivate students to educationally from that
barriers such as slow connection, scrapping of computer labs and excessive number
of students per class to be reviewed. So the media can become a significant tool for
teachers to diversify traditional pedagogical action, through the use of virtual learning
materials.
KEYWORDS: media, motivation, Portuguese Langua
5
INTRODUÇÃO
Este trabalho relata a experiência de utilização de um ambiente virtual de
aprendizagem – AVA – como possibilidade de motivação pedagógica para o ensino
da Língua Portuguesa na quinta série do Ensino Fundamental numa escola pública
estadual. Primeiramente, se faz necessário considerar o fato que as novas gerações
estão mergulhadas nas “vias audiovisuais” e estas, de uma forma, ou de outra,
influenciam nos modos de sentir e pensar dos nossos alunos. Neste contexto,
ensinar Língua Portuguesa de forma tradicional (caderno/livro/quadro) reforçando o
uso de terminologias e especificidades próprias da disciplina Língua Portuguesa,
conforme orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, seguidos pela escola
pública, em detrimento do trabalho com a dinamicidade da língua em uso, presente
em ambientes (conhecidos pelos estudantes) onde a comunicação é realizada com
a utilização conjunta de componentes visuais (signos, imagens, desenhos, gráficos)
e sonoros (voz, música, ruído, efeitos onomatopeicos), vistos e ouvidos ao mesmo
tempo, pode ‘entediar’ os estudantes dificultando o trabalho docente. Em segundo
lugar, sublinhamos que os conhecimentos adquiridos no Programa de Formação
Continuada Mídias na Educação oferecido pelo Ministério da Educação (MEC) via
Secretaria de Educação a Distância (SEED) e operacionalizado pela Universidade
Federal do Rio Grande (FURG) forneceram embasamento teórico interessante para
que se buscasse uma forma diferenciada de prática docente. Nesta caminhada
descortinou-se uma visão crítica e abrangente sobre a incorporação das mídias e
suas linguagens ao processo de ensino de Língua Portuguesa na quinta série do
Ensino Fundamental.
Assim, a obtenção de conhecimentos específicos sobre diferentes mídias rádio, tevê e vídeo, impressos e informática - fez emergir a idéia de testar o uso
destas possibilidades no desenvolvimento estratégico de situações de ensino para
motivar pedagogicamente os estudantes. A utilização da mídia informática aplicada
como suporte para estudo e aprofundamento da mídia impressos – neste caso, os
conteúdos de Língua Portuguesa – ambos executados num Ambiente Virtual de
Aprendizagem – AVA, tendo como recurso o computador traduz nossa proposta de
trabalho, justificada pela cotidiana comprovação do desinteresse explícito dos
6
estudantes quando nos referimos ao trabalho com a disciplina de Língua Portuguesa
estudada na sua variante padrão.
Voltando um pouco no tempo podemos chegar ao final da década de 1990
(1998, precisamente) nesta época surgem os Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCNs – com o objetivo de normatizar, de maneira particular, o ensino da Língua
Portuguesa, redefinindo seus objetivos. Orientada por esta “cartilha” a escola
pública, de um modo geral, e de forma particular a escola onde esta pesquisa
aconteceu, intensifica seu trabalho com um programa preconizador da norma padrão
da língua materna, ou seja, a variante oficial do Português utilizado no Brasil,
reforçado pela aplicação de atividades intelectuais provenientes da Gramática
Tradicional da Língua Portuguesa.
O nosso desafio, portanto, consistiu em encontrar um modo de ensinar
Língua Portuguesa a um aluno com dificuldade de reconhecer a utilidade imediata
da norma oficial do nosso idioma uma vez que, na faixa etária em que se encontra
(dez a doze anos), concordar, discordar ou opinar pode ser realizado empregando a
variante falada da Língua Portuguesa.
Desta forma, objetivando motivar para o estudo da língua materna culta nas
suas diferentes dimensões (fala, leitura e escrita) e desafiada pelas discussões
realizadas durante o transcorrer do curso “Mídias na Educação” inserimos atividades
do componente curricular Língua Portuguesa - trabalhada de modo tradicional por
todos os professores da escola, em todas as séries e níveis – em um Ambiente
Virtual de Aprendizagem (AVA); experiência amparada nos estudos de diferentes
autores (MACHADO, 2005; McCLLAND, 1973; SILVA, 2008, entre outros) que têm
demonstrado através de suas reflexões que o ensino mediado pelo computador
pode trazer motivação para aquisição de determinado conhecimento, pois, é
crescente o número de professores a perceberem todos os dias, a falta de
motivação dos estudantes para o estudo, particularmente da Língua Portuguesa.
Desta perspectiva, citamos Silva et al. (2008) que afirma ser o advento da
internet, dos microcomputadores e de novos softwares educacionais uma
oportunidade para explorar novas possibilidades no processo de ensinoaprendizagem, propiciando aos professores a busca de um novo modo de ensinar e,
aos alunos, novas formas e possibilidades de aprender. Ainda, segundo este autor,
tais ambientes oferecem uma gama de recursos que vão desde o gerenciamento
das atividades, como criação de turmas e inscrição de alunos, passando pelo
7
fornecimento de ferramentas para a comunicação entre os participantes, até a
criação, em tempo real, de ambientes interativos, como no caso dos games e
mundos virtuais, bastante atraentes para os estudantes.
Continuando deste enfoque ressaltamos que os estudos do professor
Alexandre Jesus da Silva Machado da Universidade Federal do Rio Grande
registrados em sua Tese de Doutorado ‘Competências Inter profissionais:
Modalidade Presencial e à Distância da Educação Profissional’, a teoria professor e
psicólogo de Harvard University David Clarence McClelland, o conteúdo dos
módulos básico, intermediário e avançado do curso Mídias na Educação, entre
outros subsídios, fundamentam a produção desta monografia.
A metodologia utilizada para desenvolvimento das etapas do trabalho, o
cronograma, a apresentação dos resultados, estudos futuros, bem como as
referências consultadas, constam na seqüência deste relato.
OBJETIVO
Investigar se as mídias - informática e impressos – trabalhadas com o apoio
de um ambiente virtual de aprendizagem podem motivar para o ensino de Língua
Portuguesa.
REFERENCIAL TEÓRICO
3.1
Mídias e as potencialidades educacionais
É inquestionável que para realizar este trabalho de conclusão de curso –
TCC – se fez necessário rever bibliografia relativa ao universo do emprego das
Mídias no contexto educacional contemporâneo. Neste sentido priorizamos os
estudos constantes na Tese “Competências interprofissionais – Modalidade
Presencial e a Distância da Educação Profissional” de autoria do professor Doutor
Alexandre Jesus da Silva Machado, o artigo “Testing for competence rather than for
intelligence” do professor e psicólogo norte-americano David C. McClelland, bem
8
como os conteúdos dos módulos básico, intermediário e avançado do curso Mídias
na Educação, localizados no Portal Webeduc1.
‘Mídias e a motivação pedagógica no ensino da língua portuguesa’ é o título
da nossa proposta de trabalho que inicia destacando idéias estudadas durante a
realização dos três ciclos do curso ‘Mídias na Educação’ para isso, revisitamos o
Módulo Introdutório - Integração de Mídias na Educação – a fim de aprofundar
alguns conceitos, a destacar: o que são mídias? O que é tecnologia?
Do grego tekhno- (de tékhné, 'arte') e -logía (de lógos, ou 'linguagem,
proposição'). Tecnologia é um termo usado para atividades do domínio humano,
embasadas no conhecimento de um processo e/ou no manuseio de ferramentas. A
tecnologia tem a possibilidade de acrescentar mudanças aos meios por resultados
adicionais à competência natural, proporcionando, desta forma, uma evolução na
capacidade das atividades humanas, desde os primórdios do tempo (...) pode ser
vista, assim, como artefato, cultura, atividade com determinado objetivo, processo de
criação, conhecimento sobre uma técnica e seus processos. Considerando-se que o
indivíduo se desenvolve e interage com o mundo utilizando suas múltiplas
capacidades de expressão por meio de variadas linguagens constituídas de signos
orais, textuais, gráficos, imagéticos, sonoros, entre outros. (BRASIL, 2009)2
As mídias passam a configurar novas maneiras para os indivíduos utilizarem
e ampliarem suas possibilidades de expressão, constituindo novas interfaces para
captarem e interagirem com o mundo. Este é um termo usado para referenciar um
vasto e complexo sistema de expressão e de comunicação. Literalmente, "mídia" é o
plural da palavra "meio", cujos correspondentes em latim são "media" e "medium",
respectivamente. (id., ibid.). Na atualidade, ‘mídia’ é uma terminologia usada para
suporte de difusão e veiculação da informação (rádio, televisão, jornal) para gerar
informação (máquina fotográfica e filmadora). A mídia também é organizada pela
maneira como uma informação é transformada e disseminada (mídia impressa,
mídia eletrônica, mídia digital...), além do seu aparato físico ou tecnológico
empregado no registro de informações (fitas de videocassete, CD-ROM, DVDs).
Mídia, utilizada como “meio de comunicação” se refere ao instrumento ou a forma de
conteúdos utilizados para a realização do processo comunicacional. Entretanto,
outros meios de comunicação, como o telefone, não são massivos e sim individuais
1 Disponível em: http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/
2 Disponível em http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/introdutorio/etapa_1/p1_02.html
9
(ou interpessoais) e também são denominados mídia. Assim, podemos exemplificar
mídia como meio de comunicação sonoro, citando o telefone, o rádio; na escrita os
jornais e revistas e no universo audiovisual a televisão, o cinema. Mídia também é
veículo de comunicação, isto é suporte através do qual a comunicação é feita, como
comunicação de massa quando dirigida a um público heterogêneo e anônimo por
intermediários técnicos e a partir de uma fonte organizada, ampla e complexa. Mídia,
na área da publicidade é responsável pela veiculação de anúncios. Uma mídia de
armazenamento é o suporte no qual pode se registrar a informação digital (id., ibid.).
Mídia impressa é todo material (impresso em papel) que contém
informações lúdicas, técnicas ou científicas a respeito dos temas variados; jornais,
revistas, livros, encartes, folders se constituem em exemplos. Também é mídia
impressa, a relação de conteúdos programáticos constantes no Plano de Trabalho
do Professor, na Proposta Político Pedagógica da escola e nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, que os professores de escola pública utilizam como
referência e suporte.
É possível explorar a mídia impressa de várias formas. Inicialmente, citamos
os livros (técnicos, de ficção, didáticos, paradidáticos) que oferecem uma variedade
de opções para realização de atividades, como a leitura de obras de literatura, em
sala de aula, entretanto de acordo com a disciplina de Gêneros textuais Impressos 3
destacamos que:
Ensinar a ler é uma tarefa de todo professor, não sendo exclusividade do de
Língua Portuguesa, quase sempre responsabilizado pela dificuldade do
aluno de interpretar questões de outras disciplinas. O desconhecimento do
que seja leitura e dos processos sócio-cognitivos nela envolvidos leva as
pessoas a construírem um conceito limitado desta ação de linguagem.
Assim, com a finalidade de motivar pedagogicamente os estudantes da
quinta série - que passaremos a denominar “turma piloto” - com a utilização da mídia
impressos (livro), selecionamos obras paradidáticas existentes na biblioteca escolar
(destacamos primeiramente, o título ‘Carta Errante, Avó Atrapalhada, Menina
Aniversariante’) que, conforme consta nos estudos sobre gêneros textuais
impressos, pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem dos estudantes e
se tornar alternativa diversificada da ação pedagógica.
3 Disponível em http://webeduc.mec.gov.br/midiaseducacao/material/impresso/imp_intermediario/index.html
10
Deste enfoque, a reflexão sobre atividades de leitura remetem à sala de aula
tradicional. Semanalmente, durante todo ano letivo, organizamos a turma em círculo,
e lemos em voz alta, frase por frase. A palavra vai sendo passada adiante à medida
que os sinais de pontuação indicam o encerramento dos enunciados que são lidos
com cadência e clareza para que seja possível ouvir, compreender e refletir. A
montagem fotográfica abaixo registra um dos momentos quando a atividade se
realizava. Nela é possível constatar que a maioria dos estudantes mantém o olhar
fixo no livro demonstrando concentração na leitura, apesar do grande número de
pessoas num mesmo ambiente, a heterogeneidade se manifestar, muitos alunos
carecerem de necessidades especiais de atendimento, a sala ser pequena, sem
climatização, etc., mesmo assim, a hora da leitura é um momento agradável e
promissor no sentido de despertar os pequenos leitores para esta prática que
deveria ser uma ação freqüente na vida das pessoas, já que é através dela que se
chega ao conhecimento.
Figura 1 – Leitura de material impresso na sala de aula
Fonte: registro fotográfico da autora, 2010.
Posteriormente, o trabalho se amplia e tem seqüência na sala de aula virtual
através do uso da ferramenta de interação ‘fórum’. Naquele espaço, dúvidas são
11
dirimidas e opiniões podem ser manifestadas ou comentadas. O fórum é mediado
pela professora e há a abertura de um, para cada livro lido de forma coletiva, o que
compreende o período entre dez a quinze aulas aproximadamente. O fórum
permanece visível durante o ano letivo e só contabilizam nota as postagens
realizadas dentro de determinado espaço de tempo, previamente combinado. Neste
espaço o aluno dialoga com a proposição inicial e, pode trocar idéias com os
colegas participantes, de forma assíncrona. Desta maneira, é possível acompanhar
a evolução do pensamento dos envolvidos bem como as conexões que por ventura
venham a se estabelecer em situações de interação entre os alunos, através dos
registros arquivados no ambiente virtual.
Figura 2 – Fórum sobre o livro “Carta Errante, Avó Atrapalhada, Menina Aniversariante”
Fonte: print screen da tela do software Moodle
Para a realização da etapa virtual dos trabalhos com a mídia impressa é
reservado, antecipadamente, o laboratório de informática da escola que fica à
disposição da turma piloto. Naquele espaço estão disponibilizados computadores
que passam a ser o recurso empregado para o trabalho com a mídia informática.
Os estudantes da turma piloto recebem instruções, na sala de aula real,
sobre os procedimentos a serem seguidos no laboratório de informática, da mesma
forma, são orientados para acessar, com êxito, a sala de aula virtual. Esta maneira
de conduzir as atividades encontra eco nos estudos de Machado (2005 p.123) “[...]
12
explicamos detalhadamente aos alunos o que gostaríamos que eles fizessem [...]”
Na turma piloto, composta por trinta pré-adolescentes, normalmente agitados, há
muitas vezes, dispersão e falta de compreensão sobre as explicações do professor.
Então, os colegas com mais facilidade relacionada ao acesso e trânsito na sala de
aula virtual auxiliam aqueles com dificuldade, neste sentido recomenda Machado
(2005 p.193) “[...] eles seriam responsáveis por ensinar aos seus colegas como o
ambiente funciona, de maneira que todos os colegas que demonstrassem interesse
pudessem utilizá-lo de forma adequada.”
Figura 3 - Laboratório de informática da escola pública – ajuda mútua.
Fonte: registro fotográfico da autora, 2010.
A entrada no ambiente da sala de aula virtual é realizada mediante registro que
os alunos da turma piloto executam após terem conhecido e aprendido a criar e utilizar
o correio eletrônico (e-mail). Desta forma, mesmo freqüentando a educação básica,
estão desenvolvendo, segundo Machado (2005, p. 32) o “Exercício da iniciativa, da
criatividade, do comprometimento, da responsabilidade” competências importantes para
o sucesso profissional do indivíduo no mundo do trabalho. Sobre o desenvolvimento de
capacidades, encontramos em Machado (2005 p. 30)
13
As competências interprofissionais foram estabelecidas pelos Referenciais
Curriculares Nacionais, como um conjunto de competências profissionais
comuns, denominadas de “navegabilidade”, que podem ser alvos da
preparação geral para o trabalho, uma vez que podem ser desenvolvidas em
qualquer uma das vinte áreas profissionais estabelecidas pela Resolução
CNE/CEB n.o 04/99.
Assim, ao efetuarem o cadastramento no ambiente virtual e executarem
exercícios de ambientação com o objetivo de se tornarem capazes de se usufruir com
autonomia das ferramentas disponíveis, os estudantes se constituem protagonistas do
próprio desempenho no ambiente virtual.
Figura 4 – Tela inicial da sala de aula virtual.
Fonte: print screen da tela do software Moodle
Desta perspectiva é possível afirmar que o ensino autêntico não ocorre sem
a participação natural do aluno, nem transmitindo conteúdos, mas na interação dos
estudantes entre si e com o professor. De um modo geral, passamos rapidamente
do livro para a televisão e vídeo e destes para outras tecnologias como o
computador e a internet. Agrupar textos, som, animações, vídeos, etc. num único
14
suporte é corriqueiro e natural. Precisamente, estamos nos referido à inserção do
ser humano no universo multimídia.
Multimídia é o uso combinado de diferentes tipos de mídias na comunicação
- texto, áudio, imagem estática (fotografia, ilustração) ou em movimento (vídeo,
animação). O termo Multimídia também se refere a tecnologias computacionais para
criar, armazenar, manipular, utilizar e experimentar conteúdos multimídia disponíveis
em um computador. (BRASIL, 2009). Na figura 5 temos um esquema mental
apresentando os atributos de multimídia:
Figura 5
Fonte: autoria própria
O trabalho com a mídia impressos associado à mídia informática favoreceu o
desenvolvimento de atividades multimídia através do uso da internet. Os alunos da
turma piloto trocaram impressões sobre o livro lido “Carta Errante, Avó Atrapalhada,
Menina Aniversariante” com a autora, escritora Mirna Pinsky, via correio eletrônico.
Atividade esta, que motivou para a leitura de novos livros paradidáticos,
como podemos constatar ao reunir e analisar as informações registradas no
instrumento de coleta de dados utilizado para escrita deste trabalho – questionário.
Os trinta entrevistados, que formam a turma piloto, responderam a pergunta
15
específica sobre a leitura de livros; noventa e sete por cento dos estudantes
consideram a leitura legal ou muito legal, conforme demonstra o gráfico abaixo:
Figura 6 – Hábito da leitura na compreensão dos alunos da turma piloto
No sentido de avançar na exploração das mídias como motivação
pedagógica para o ensino da Língua Portuguesa, foi realizado contato com a autora
do livro lido pelos alunos. Para concretizar a atividade, o correio eletrônico
(electronic mail ou e-mail)4 se tornou a ferramenta de comunicação mais adequada,
uma vez que seu uso é bastante generalizado na Internet, conhecido dos alunos,
favorece a inclusão digital, pode ser acessado como documentação e biblioteca de
atividades e tarefas bem como se tornar instrumento de produção textual. Os
estudantes da turma piloto escreveram pequenas cartas para a escritora de “Carta
Errante, Avó Atrapalhada, Menina Aniversariante” discorrendo sobre a compreensão
que tiveram da história lida.
Receberam, individualmente, algumas respostas e
outras agrupadas, conforme demonstramos a seguir.
4 O e-mail, ou correio eletrônico (“eletronic mail”), originou-se no início da década de 60 e visava permitir uma troca rápida de
informações em sistemas de computadores interligados. Grande parte do potencial que se percebeu logo de início com a
interligação de computadores em rede mundial (Internet) estava ligado justamente a essa incrível possibilidade de substituir as
“cartas em papel” por “cartas eletrônicas”. Disponível em http://professordigital.wordpress.com/2009/08/26/uso-pedagogico-doe-mail/ Acesso em 18 abr 2010.
16
Figura 7 – Um dos e-mails recebidos da autora de “Carta Errante, Avó Atrapalhada, Menina
Aniversariante” escritora Mirna Pinsky.
Fonte: print screen da tela do correio eletrônico
Certamente, para a turma piloto, a leitura do impresso paradidático se
transformou em experiência marcante que extrapolou a simples combinação de
letras. Evoluiu para a apropriação de ideias sobre o mundo, sobre a própria vida,
partilhadas entre emissor e receptor, estabelecendo um diálogo interessante que
evoluiu do individual para o coletivo.
Na prática, com a evolução das mídias e a penetração de veículos de
comunicação multimídias aos recantos mais distantes dos centros urbanos, a
tecnologia torna-se aos poucos, o elo para todas as formas de produção de
informação e entretenimento. No contexto escolar, pode motivar para a ampliação e
construção do conhecimento. Porém, os estímulos externos provenientes do
bombardeio de sons e imagens que chegam até nós pelas vias multimídias carecem
de atenção para não embotarem a reflexão e entendimento da realidade. É
interessante que habilidades de análise e síntese estejam presentes, em situações
de ensino, para tornar o conhecimento significativo para as partes envolvidas.
Em resumo, mídias e as potencialidades educacionais apontam caminhos
para a formação integral5 do estudante uma vez que, favorecem o levantamento de
5[...]
aprender a pensar com rigor, raciocinar de modo persuasivo e fundamentado, conviver de forma agradável e fecunda,
tomar decisões lúcidas, comportar-se de modo adequado às exigências do próprio ser pessoal Disponível em
http://www.hottopos.com/seminario/sem2/quintaspt.htm Acesso em 24 abril 2010.
17
questionamentos, conectando, confrontando e ampliando idéias conduzindo para o
estabelecimento de relações e elaborações pessoais sobre a realidade que cerca
cada aluno, com vistas a torná-la melhor.
Na perspectiva ‘Mídias e a motivação pedagógica no ensino da Língua
Portuguesa’ e, em consonância com as idéias do filósofo francês Pierre Lévy (1999),
o educador assume uma nova função, de ‘animador da inteligência’. Deste ponto de
vista, com o objetivo de incentivar o aluno a trabalhar coletivamente de forma
continuada, conduzindo-o a filtrar, confrontar e ampliar informações, outras
atividades foram realizadas. Destacamos o exercício da escrita cooperativa, na sala
de aula virtual, utilizando a ferramenta wiki. Esta ferramenta permite ao usuário criar
textos, editá-los, apagá-los ou comentá-los. Cada participante se torna autor nesse
processo, não havendo hierarquização durante o mesmo. Todos podem apresentar
seus pontos de vista e posturas diferentes ao interagir. Normalmente, a wiki é um
exemplo de ferramenta cooperativa, pois todos podem cooperar da mesma forma,
sem hierarquia pré-definida. O blog é um exemplo de ferramenta colaborativa em
que há um autor e todos colaboram com as idéias e ou proposições do criador. No
blog há um criador... Na wiki há cooperadores! Podemos observar figura 8, como
esta ferramenta se apresenta, servindo como uma alternativa ao trabalho em sala de
aula:
Figura 8 – Texto coletivo escrito pela turma piloto.
Fonte: print screen da tela do software Moodle
18
Neste contexto, permeado por novas maneiras de interação entre professor
e aluno, percebemos motivos que justificam a motivação do professor para o fazer
pedagógico utilizando as novas tecnologias da comunicação e da informação.
O homem do fim do milênio se forma e se informa através da interação com
o audiovisual. Cinema, televisão, vídeo, Internet, cd-rom, simuladores
visuais, telas interativas, out-doors; é o mundo das imagens penetrando no
universo mental das pessoas vinte e quatro horas por dia, até mesmo em
seus tempos/espaços mais ocultos. Nem mesmo o ambiente dos sonhos
escapa à influência das imagens e dos sons eletrônicos que nos rodeiam e
nos perseguem! São os dispositivos audiovisuais modelando o consciente e
o inconsciente dos indivíduos. As imagens mentais passam a ser
constituídas não apenas em função dos sentimentos e daquilo que se vê, ao
vivo, mas pelo que se assiste nas telas da vida. (NOVA, 1999, p. 32).
É incontestável que vivemos hoje, como afirma Nova (1999), num mundo
saturado de imagens e sons. Para Melo (2007 p. 17) “pelas vias da imagem e do
som entramos numa nova etapa da história deixando para trás uma sociedade
verbal para nos inserir numa sociedade visual e auditiva.” Acrescenta Lévy
“... Enquanto o tempo destinado à leitura da mídia impressa tende a diminuir
entre as novas gerações, verifica-se que o tempo destinado a assistir
televisão e ouvir música gravada não pára de crescer. O livro cada vez mais
deixa de ser o vetor de emoção, de sonho e de diversão que era em tempos
atrás. O papel impresso encontra-se progressivamente relegado à função
utilitária de transmissão de informação e divulgação de conhecimentos
técnicos ou científicos”. (LÉVY,1999, p. 15)
Para reduzir o impacto causado pela afirmação acima sobre o uso do
impresso ‘livro’ como âncora emotiva, buscamos na mídia informática, essencial na
concepção, construção e emprego dos ambientes virtuais de aprendizagem uma
alternativa para ‘modernizar’ o material impresso com o qual trabalhamos
cotidianamente. Através deste “casamento” foi possível acompanhar e avaliar a
realização de atividades pedagógicas utilizando-se vários indicadores. Segundo
Hauguenaur (2006, p. 01)
Uma vez familiarizados com o ambiente, os professores e alunos passam a
explorar as ferramentas disponíveis (tais como Fórum, Biblioteca, Tiradúvidas, Chat, FAQ, Bibliografia, Arquivos para download, Mural de Avisos),
adquirindo uma visão geral do funcionamento da plataforma.
19
Diversificando as atividades, encantando os alunos que, engajados
emocionalmente, passam a agir em favor da própria aprendizagem preparando-se
para a vida. O gráfico abaixo revela o pensamento dos alunos sobre a realização de
trabalhos com a utilização da mídia informática. Noventa por cento deles acreditam
ser essencial o domínio da informática, no seu desempenho profissional futuro.
Figura 9 - A importância da mídia informática na visão dos estudantes
Assim,
após
descrevermos
algumas
potencialidades
educacionais
proporcionadas pelas mídias como motivadoras da ação pedagógica, salientando que
outras atividades diferentes das citadas foram realizadas e estão registradas no
ambiente virtual, como por exemplo, a utilização de mapas mentais6 para organizar
idéias, extrair o essencial dos conteúdos, aprender, revisar, planejar, organização, etc.,
passamos para a seqüência do trabalho com destaque para ambientes virtuais de
aprendizagem.
.
6 Disponível em http://www.mindmapshop.com.br/info/ Acesso em 23 abr 2010.
20
Figura 10 - Mapa mental desenvolvido por uma aluna da turma piloto
Fonte: registro fotográfico da autora, 2010.
3.2 Ambiente Virtual de Aprendizagem
Por ambiente podemos entender tudo aquilo que envolve pessoas, natureza
ou coisas, objetos técnicos. Já o virtual vem do latim medieval virtualis, derivado por
sua vez de virtus, força, potência. No senso-comum as pessoas utilizam a expressão
virtual para designar algo que não existe e que está fora da realidade, o que se
opõem ao real, quer dizer, virtual equivaleria a um mundo simulado bastante
conhecido das novas gerações através dos jogos eletrônicos. Além do mais,
convivemos em espaços públicos ou privados, com predominância eletrônica. Quer
dizer, celulares, geladeiras, TV, microondas, máquinas de lavar, computadores,
caixas eletrônicos, etc., facilitam nossa vida e aceleram nossa rotina. Nossas ações
e relações são, portanto, permeadas pela tecnologia.
A escola, inserida neste contexto, não pode estar alheia a esta conjuntura,
uma vez que o conhecimento com o qual trabalha, segundo Levy (s/d), está se
desterritorializando, ou seja, desprendendo-se dos livros e das bibliotecas passando
a encontrar-se suspenso no virtual.
21
Este enfoque remete ao ambiente virtual onde está instalada nossa sala de
aula virtual, isto é, num site (a palavra site deriva do latim “situs” e significa lugar
demarcado, local, posição) que pode ser localizado na internet.
Figura 11 – Tela de abertura do site http://www.tuzzintuzzin.comoj.com/
Fonte: print screen da tela do sítio eletrônico
Definições precisas para ‘ambiente virtual’ estão registradas no trabalho
realizado em 2003, pelo professor/pesquisador Alexandre Jesus da Silva Machado,
denominado ANÁLISE DO AMBIENTE DE EaD DA FEEVALE: UM ENFOQUE
CONSTRUTIVISTA nas páginas 04 e 05 onde o examinador faz uma análise do
ambiente virtual utilizado na FEEVALE (Federação dos Estabelecimentos de Ensino
Superior, em Novo Hamburgo, RS) com destaque para a, também pesquisadora,
professora
Liane Tarouco (2001) e sua definição para ambiente virtual de
aprendizagem:
Um ambiente virtual é um ambiente que propicia a interação, a cooperação,
possibilitando que o aluno tome decisões, “faça funcionar”, analise,
interprete, observe, teste hipóteses, elabore, (...) ou seja, construa relações
que constituem aprendizagens consideradas de valor. (TAROUCO, 2001,
Slide 10)
22
Para desenvolver um ambiente virtual que motivasse pedagogicamente
os estudantes da turma piloto para o ensino da Língua Portuguesa optamos pela
instalação da plataforma Moodle7 (ambiente modular de aprendizagem dinâmica
orientada a objetos). Sob a filosofia GNU de software livre. É um aplicativo
desenvolvido para ajudar os educadores, apresenta alta qualidade bem como muitos
tipos de recursos. Instalado o programa, inserimos nele atividades relacionadas aos
conteúdos específicos da série trabalhados na educação básica fundamental.
Figura 12 – Tela de abertura da sala de aula virtual.
Fonte: print screen da tela do software Moodle
Ainda nos referindo à ambiente virtual, encontramos em Machado (2005, p.
198)
Um ambiente virtual pode oportunizar a troca de idéias, informações técnicas e
culturais independente das fronteiras espaciais e temporais. Eles representam
possibilidades de experiências cooperativas e envolvem aspectos importantes
no processo de crescimento dos estudantes no presente momento histórico,
onde o aparecimento de novas tecnologias passa a representar a possibilidade
de dinamização das práticas pedagógicas através de ambientes de ensino7 Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle) é um software livre, de apoio à aprendizagem, executado
num ambiente virtual. A expressão designa ainda o Learning Management System (Sistema de gestão da aprendizagem) em
trabalho colaborativo baseado nesse programa. Em linguagem coloquial, o verbo to moodle descreve o processo de navegar
despretensiosamente por algo, enquanto fazem-se outras coisas ao mesmo tempo.
Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Moodle - Acesso em 08 mai 2010.
23
aprendizagem, em que a cooperação virtual vem apoiar o processo de
desenvolvimento cognitivo e social dos sujeitos-aprendizes com vistas à
construção coletiva de conhecimentos, pelo tratamento de informações que são
compartilhadas, processadas e distribuídas em tempo real.
Assim podemos inferir que, ao oferecer outras possibilidades pedagógicas
aos estudantes, como participar na realização de atividades ora na sala de aula real,
ora na sala de aula virtual, estamos favorecendo a rotina deles e estimulando-os
ampliarem o conhecimento, sinalizando positivamente para a possibilidade que a
integração das mídias informática e impressos podem motivar para o ensino da
Língua Portuguesa.
Por isso, coleguismo, cooperação e amizade, citadas por Machado (2005)
são atitudes que podem ser desenvolvidas em ambientes reais e estendidas para
mundo virtual através do uso da ferramenta de interação Chat (bate papo). Através
de seu uso, colegas se encontram sincronamente para discussões de temas,
exposições de idéias ou início de uma amizade.
Figura 13 – Exemplo de diálogo desenvolvido no AVA
Fonte: print screen da tela do software Moodle
Para Machado (2003) que cita Tarouco (2001), um ambiente virtual8
8
Ambientes Virtuais de Aprendizagem são softwares que auxiliam na montagem de cursos acessíveis pela Internet.
Elaborados para ajudar os professores no gerenciamento de conteúdos para seus alunos e na administração do curso, permite
24
[...] está relacionado à programação de condições de aprendizagem,
enriquecidas com recursos da Informática para estimular a aprendizagem por
meio da construção dos conceitos e da interação do aluno com o professor,
com os colegas, com os recursos utilizados e com o objeto de conhecimento.
(TAROUCO, 2001, Slide 13)
Pela utilização do ambiente virtual é possível, ao professor, orientar os
estudantes da mesma forma como acontece na sala de aula real, como podemos
observar na figura 14.
Figura 14 - Interação professor e aluno no AVA
Fonte: print screen da tela do software Moodle
Conforme Flemming (2002), Apud Machado (2003), algumas características
definem um bom ambiente virtual de aprendizagem: “Comunicação multi direcional,
fácil registro de conteúdos, acesso aberto, capacidade de gerar ou manter relações
entre usuários e facilidade para a construção de atividades compartilhadas”.
(FLEMMING, 2002, p. 2).
Contextualizando as colocações de Flemming (id.) podemos observar na
figura 15, a atmosfera que envolve os estudantes da turma piloto enquanto
acompanhar constantemente o progresso dos estudantes. Como ferramenta para EAD, são usados para complementar aulas
presenciais. Ex: Moodle, SOLAR, TelEduc etc.Disponível em: http://pt.wikipedia.org/ Acesso em 08 mai 2010.
25
trabalham na sala de aula virtual. Nitidamente, constatamos que demonstram
alegria, tranqüilidade, interesse. Identificamos, portanto a existência de motivação
para o trabalho com o componente curricular Língua Portuguesa, pois o aprender
para eles pode ser sinônimo de prazer, de descoberta, de ação.
Figura 15 - Estudantes da turma piloto acessando sala virtual.
Fonte: registro fotográfico da autora, 2010.
Indo ao encontro do que foi destacado pelos autores Flemming (2002), Apud
Machado (2003), ressaltamos que, além das características já citadas, é possível
elencar também como pontos importantes de um Ambiente Virtual de Aprendizagem
o fato de o mesmo:
•
estar centrado no aluno e mediado pelos recursos de comunicação e
informação disponíveis gratuitamente na Internet;
•
motivar para o desenvolvimento de um trabalho orientado para a
criatividade, inserido em um contexto dinâmico, participativo e
colaborativo.
O desenvolvimento de atividades experimentais no ambiente virtual
estimulou a confiança e a auto-estima dos alunos da turma piloto, como está
registrado na figura dezesseis.
26
Figura 16 - Criatividade para aprender Gramática.
Fonte: print screen da tela do software Moodle
Outro dado bastante relevante é o encontrado em TRENTIN e TAROUCO
(2002) sobre ambientes virtuais:
Um ambiente virtual de aprendizagem é quase sempre, em primeiro lugar, um
desafio lúdico que gera, naturalmente, motivação. A motivação para a
aprendizagem é fundamental para que esta se efetue. A interatividade, a
manipulação e o controle sobre o ambiente por parte do aluno reforçam ainda
mais a motivação referida e permite-lhe sentir-se mais à vontade, dominando
um universo que compreende e aprende mais facilmente. (TRENTIN;
TAROUCO, 2002, p. 57)
Podemos, em parte, contextualizar a citação dos autores, ao analisar a
imagem seguinte, que apresenta a alegria e satisfação dos alunos trabalhando no
ambiente virtual de aprendizagem.
27
Figura 17 - Alunos da turma piloto trabalhando no ambiente da sala de aula virtual.
Fonte: registro fotográfico da autora, 2010.
Segundo o pesquisador Machado (2003) cabe salientar que embora deva
existir a participação ativa do aluno no processo de construção do conhecimento,
acreditamos que a mediação do professor também é importante, principalmente para
superar possíveis barreiras que venham a se manifestar naturalmente, como a
sensação de estar “perdido” ou “solitário” ao entrar na sala virtual a partir de local
fisicamente distante da sala de aula real.
Ainda com relação a possíveis dificuldades que venham a ser enfrentadas,
nestes tipos de ambientes educacionais, novamente destacamos o que encontramos
em TRENTIN e TAROUCO (2002):
Também, é possível afirmar que as dificuldades de aprendizagem são, nestes
ambientes, mais fáceis de ultrapassar, já que a interatividade, a manipulação
e o controle sobre o ambiente permitem uma adaptação ao tipo e ritmo de
aprendizagem que, associada à visualização de informação complexa sob
uma forma simples, facilitam a superação de algumas atividades.
Os estudantes da turma piloto foram questionados sobre a realização de
tarefas realizadas na sala de aula virtual. Dentre os componentes, cinquenta e cinco
por cento deles considerou muito animado o trabalho no ambiente virtual. Trinta e
28
cinco por cento dos estudantes percebem a Sala Virtual como um ambiente
moderadamente animado e, para dez por cento dos discentes, não existe nenhuma
animação nas atividades virtuais.
Figura 18 – Opinião dos estudantes da turma piloto
Ainda, é relevante considerar que inúmeras escolas privadas estão
investindo em sistemas virtuais para auxiliar no ensino, o que nos faz pensar que a
educação pode estar caminhando para um sistema de ensino híbrido com o uso de
ambientes virtuais em conjunto com as aulas presenciais. A utilização de
ferramentas síncronas ou ferramentas assíncronas existentes em ambientes virtuais
podem oportunizar interação e motivação para a aprendizagem.
Porém, esta não é a realidade da educação pública. O que temos são
salas de aula super lotadas, laboratórios de informática sucateados ou fechados,
professores sobrecarregados de trabalho à beira do esgotamento físico e mental,
enquanto a formação continuada é um dos últimos itens na lista das prioridades dos
educadores por força das circunstâncias ligadas às condições de trabalho e
remuneração financeira da categoria.
Na figura 19 vemos a frente e o portão de entrada principal do
educandário público onde esta pesquisa aconteceu. Fundado em 1965, abriga
aproximadamente mil e duzentos alunos, desde educação infantil ao ensino médio,
29
nos turnos manhã, tarde e noite. Oitenta professores e funcionários de escola
exercem atividades profissionais no local. O estado do Rio Grande do Sul é o órgão
público mantenedor da instituição de ensino.
Figura 19 - Escola Estadual de Educação Básica Poncho Verde - Panambi – RS
Fonte: registro fotográfico da autora, 2010.
3.3
Motivação e o emprego das mídias
Na maioria das escolas públicas, a seqüência de aulas de Língua Portuguesa
se resume na leitura de trechos de textos retirados de livros didáticos seguida de
recolocação das informações contidas nos trechos lidos, com uma interpretação
construída considerando a bagagem de informações e posições ideológicas do
professor. Há momentos esporádicos em que algumas questões são modificadas,
suprimidas ou ampliadas. Nos exercícios sobre conhecimentos lingüísticos
prevalecem aqueles de ordem gramatical realizados com automatismo, respostas
prontas e ausência de questionamentos. Assim, a regra é manter o aluno ocupado,
quieto, capaz de reter as informações reforçando a concepção de aprendizagem
instrucionista/transmissiva9.
9 Na concepção instrucionista/ transmissiva, o ato de aprender está vinculado à memorização e à reprodução de informações.
Para essa abordagem, a aprendizagem do conteúdo se dá como assimilação, pelo estudante,de informações, noções e
conceitos,
organizados
pelo
professor
e/ou
materiais
didáticos
adotados.
Disponível
em:
30
Conseqüentemente, esta prática que prioriza conteúdos descontextualizados
e ignora uma possível relação entre estes e os métodos e processos de ensino,
ocorre de forma desarticulada culminando com uma avaliação quantitativa e
classificatória contribuindo para a exclusão dos que não se moldam ao processo de
escolarização vigente.
Entretanto, fora da escola, diariamente, participamos de variadas práticas
sociais, mediadas pelo uso da linguagem, entre elas podemos citar a leitura de
jornais, e-mails, placas, manuais de instrução, bulas de remédio, etc., também
ouvimos e vemos programas e rádio e televisão; conversamos com familiares,
amigos, em fim, nas diferentes situações comunicativas vamos além da transmissão
ou troca de informações de um emissor a um receptor, segundo Geraldi (2001) 10 a
linguagem é lugar de interação humana, por meio dela o sujeito que fala, pratica
ações que não conseguiria levar a cabo, a não ser falando, com ela o falante age
sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não preexistiam à fala
levando-nos a concluir que a prática da sala de aula diverge da vida real.
Por sua vez, o Programa de Formação Continuada Mídias na Educação que
visa proporcionar o uso pedagógico das diferentes tecnologias da informação e da
comunicação, oferece alternativas de trabalho para a sala de aula. A ampliação da
formação de professores a fim de que se tornem capazes de estimular a produção
dos estudantes pelo conhecimento e emprego das diferentes mídias de forma
articulada a uma proposta pedagógica de cunho interacionista está na essência do
Mídias. Assim os alunos poderiam se apropriar de instrumentos cognoscitivos que
permitissem agir, ética e conscientemente, no mundo.
Entretanto, estes alunos que, freqüentadores da escola, respondendo
satisfatoriamente ao que lhes é solicitado em avaliações quantitativas e, exibindo notas
altas, estariam ‘preparados para a vida’? Para o mercado de trabalho? O desempenho
escolar medido numericamente projeta a atuação de um bom profissional no futuro? O
artigo Testing for Competence Rather Than for "Intelligence" de David C. McClelland
(1973), publicado no American Psychologist11 discute o tema colocando em “cheque”
uma possível resposta positiva. Sugere McClelland, citado por Machado (2005 p. 78),
que competências desenvolvidas, em vez das notas registradas nos boletins dos
alunos, poderiam “[...] predizer certo grau de êxito, ou ao menos induzir a cometer
http://200.130.6.210/webfolio/Mod83285/concepcoes_aprendizagem.html Acesso em 16 mai 2010.
10 GERALDI, J.W. O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2001, p. 41-44
11 Disponível em http://www.apa.org/journals/amp.html Acesso em 16 mai 2010.
31
menos desvios”. Para o
psicólogo norte-americano “alunos e professores podem
colaborar para reforçar o pensamento de preparar-se para ações competentes em
muitas esferas da vida12” desde que a escola, que privilegia aqueles estudantes com
melhores notas auferidas em testes avaliativos, passe a educar para a vida real porque,
a priori13, a expectativa pode não se confirmar. “Parece evidente, para os educadores,
que aqueles que vão bem nas aulas devam se dar bem na vida”14, afirma McClelland.
No entanto, o cenário atual tem confirmado que a escola pode estar duplamente
equivocada: ora porque inabilita aqueles que não ‘devolvem’, no mínimo, cinqüenta por
das informações que deveriam ter sido memorizadas e lhes é solicitado em forma de
testes, ora porque acredita que reprovando, estará contribuindo para o sucesso futuro
dos estudantes que pior respondem às avaliações feitas em sala de aula. Estas
constatações nos levam a refletir sobre a distância que ainda separa a escola, da
necessidade de preparo que o jovem precisa ter para o satisfatório exercício da
cidadania15.
Ao lado das reflexões de McClelland é possível lembrar Machado (2005 p.28)
que afirma,
A escola muitas vezes emprega um modelo em que se ignoram os
referenciais reais da vida do aprendiz, e dessa forma, o que se
aprende na escola não serve para resolver seus problemas diários. É
um tipo de ensino descontextualizado geralmente desinteressante,
fazendo com que o sujeito não desenvolva competências necessárias
à sua formação profissional.
Neste tempo que corre, na primeira década do século XXI, inúmeros
problemas16 educacionais somam-se à estrutura escolar que ainda funciona em
séries, currículos fechados, avaliações quantitativas e professores sobrecarregados
de aulas, trabalhando sozinhos. Convivemos, também, com elevado número de
alunos reunidos numa única turma, agitados ou apáticos, se destacando
12 “Pupils and teachers can collaborate in increasing this kind of thinking which ought to prepare students for competent action
in many spheres of life”. (McClelland, 1973, p.11. Tradução livre da autora).
13 A expressão "a priori" designa um qualificativo do conhecimento: conhecemos algo a priori quando o conhecemos sem
necessidade de recorrer à experiência. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/ Acesso em 06 jun 2010.
14 “(…) It seems so self-evident to educators that those who do well in their classes must go on to do better in life (...).”
(McClelland, 1973, p.2. Tradução livre da autora).
15 Cidadania pressupõe todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/
Acesso em 06 jun 2010.
16
[...] manter a disciplina em sala de aula, motivar os alunos, avaliar os alunos, atualizar-se, escolher a metodologia
adequada a cada unidade ou aula (...) indisciplina em sala de aula (...) 1) os alunos não têm limite / são rebeldes / agressivos /
faltam com o respeito; 2) falta de educação familiar / liberdade familiar / falta de educação; 3) falta de compromisso / interesse /
apoio da família; 4) excesso de alunos em salas de aula / salas superlotadas; 5) falta de interesse / desmotivação dos alunos /
alunos dispersos. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/ Acesso em 06 jun 2010.
32
positivamente, aqueles capazes de conservar na memória, informações transmitidas
pelo professor, através de um trabalho pedagógico repetitivo. A escola que temos
não ensina, e os alunos não aprendem.
Exposta a moldura do contexto atual, cabe perguntar quais as soluções
que Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, propõe à escola que queremos.
A LDB aponta para uma prática
educacional adequada à realidade do mundo contemporâneo, ao mercado de
trabalho e à integração do conhecimento. A utilização efetiva das tecnologias da
informação e comunicação na escola é uma condição importante para inserção mais
completa do aluno nesta sociedade de base tecnológica. É necessário diminuir a
distância que existe entre o aquilo que o mercado de trabalho pede e as habilidades
e competências do egresso dos bancos escolares. Os alunos carecem de preparo
para pesquisar, resolver problemas, tomar iniciativas de forma autônoma. Neste
sentido, emprego das mídias emerge apoiando a ação pedagógica, desde que seu
uso seja criterioso bem como, observe-se as especificidades de linguagem midiática
individualmente, pois
[...] há diversas iniciativas em sala de aula com a utilização das
mídias, mas para utilizá-las adequadamente, o professor precisa
conhecer bem cada uma e ter clareza porque e como tais recursos o
auxiliarão na prática pedagógica. As características técnicas e de
linguagem das mídias devem condicionar quais delas serão
selecionadas para integrar e potencializar o trabalho em sala de aula.
Dependendo das finalidades didáticas e da natureza do tema
enfocado no projeto, o uso de determinadas mídias pode ser mais ou
menos apropriado. No caso de se trabalhar com mais de uma mídia,
deve-se ainda perseguir a idéia de ‘complementaridade’ em que cada
veículo cumpra um papel diferenciado17.
Avançando um pouco mais na reflexão e entendimento acerca da
motivação para o emprego das mídias no ensino da Língua Portuguesa, na
realidade descrita, podemos nos reportar a sua raiz etimológica. Proveniente do
verbo latino movere, motivação corresponde ao processo psicológico que determina
a intenção, a direção e a persistência do comportamento. Em outras palavras, a
motivação é responsável pelo ‘porquê’ das pessoas decidirem fazer ‘alguma coisa’.
17 Disponível em: http://200.130.6.210/webfolio/Mod83285/integracao_midias.html Acesso 06 jun2010.
33
Para Mc Clelland (2006 p.213)18 “o motivo é uma forte associação efetiva
caracterizada por uma reação antecipatória da meta em vista(...).” Igualmente,
segundo o mesmo autor, citado por Machado (2005 pg. 130), as pessoas
desenvolvem necessidades através da sua experiência ao longo da vida, adquiridas
pela socialização à medida que interagem com o seu ambiente e a “[...] mistura de
necessidades motivacionais caracterizará um estilo próprio de cada ser humano”. A
‘necessidade de realização’ traduz o desejo de atingir objetivos que signifiquem um
desafio, ‘necessidade de poder’ é o desejo de controlar, influenciar ser responsável
pelo desempenho dos outros e por fim, a ‘necessidade de afiliação’ significa o
desejo de manter relações amigáveis com as pessoas.
A motivação pode ser, portanto, a força que nos impulsiona em direção a
determinado objetivo, uma vez que consigamos vislumbrar benefícios, mesmo que
sejam a médio ou longo prazo. Quando estamos motivados, não desistimos diante
dos obstáculos. Assim, a necessidade de realização (do inglês NAch – Need of
Achivement)19 estimulou o estabelecimento da meta pessoal da professora com
vistas ao desenvolvimento de seu trabalho cotidiano. O que resultou na quebra
rotina do ensino da Língua Portuguesa. A implementação e uso de um ambiente
virtual de aprendizagem20 é o fundamento que mantém o desafio assumido pelo
desejo de melhorar a prática pedagógica.
18
Disponível em: http://books.google.com.br/ Acesso em 08 jun 2010.
19 N-Ach (Necessidade para a realização) é um termo introduzido por David McClelland no campo de psicologia, ligado ao
desejo de um indivíduo para a realização significativa, dominar das habilidades, o controle, ou padrões elevados. N-Ach é
relacionado à dificuldade das tarefas que as pessoas escolhem empreender. Aqueles com N-Ach baixo podem escolher tarefas
muito fáceis, a fim minimizar o risco de falha, (...) Aqueles com N-Ach elevado tendem a escolher as tarefas moderadas difíceis
(...) As pessoas elevadas em N-Ach são caracterizados por uma tendência a procurar desafios e um grau elevado de
independência. As fontes de N-Ach elevado incluem:
1. pais que incentivaram a independência na infância.
2. Elogio e recompensas para o sucesso.
3. Associação da realização com sentimentos positivos.
4. Associação da realização com as próprias competências e esforço.
5. Um desejo de ser eficaz ou desafiado.
6. Força de Intrapessoal.
Disponível em: http://www.worldlingo.com/ma/enwiki/pt/N-Ach Acesso em 08 jun 2010.
20 [...] sistemas de gestão de ensino e aprendizagem na web. Softwares projetados para atuarem como salas de aula virtuais,
gerando várias possibilidades de interações entre os seus participantes. Com o desenvolvimento da tecnologia na web, os
processos de interação em tempo real passaram a ser uma realidade, permitindo com que o aluno tenha contato com o
conhecimento, com o professor e com outros alunos, por meio de uma sala de aula virtual. A interatividade disponibilizada
pelas redes de Internet, intranet, e pelos ambientes de gestão, onde se situa o e-learning, segundo a corrente sóciointeracionista, passa a ser encarada como um meio de comunicação entre aprendizes, orientadores e estes com o meio.
Disponível em: http://200.130.6.210/webfolio/Mod82378/educacaoadistancia5.htm Acesso em 08 jun 2010.
34
METODOLOGIA
Concordou-se com Ludke e Andre (1986, p. 1) que para “realizar uma
pesquisa é preciso promover o confronto entre os dados, as evidências, as
informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico
acumulado a respeito dele”. A opção desenvolvida neste trabalho foi pela
abordagem da pesquisa qualitativa por se entender que a mesma possa apresentar
elementos significativos para atingir o objetivo proposto que é investigar se as
mídias - informática e impressos – trabalhadas com o apoio de um ambiente virtual
de aprendizagem podem motivar para o ensino de Língua Portuguesa. Durante a
execução do trabalho faz-se uso de vários métodos de pesquisa conforme relatamos
a seguir.
A opção pela metodologia de pesquisa é a abordagem qualitativa. Pois
conforme Hart (2005, p. 49) “[...] a pesquisa qualitativa está repleta de dificuldades,
que parecem aumentar à medida que os pesquisadores lutam para encontrar seu
caminho dentro de um novo território. O campo é complexo, multiparadigmático e
exige pensamento e escrita de alta qualidade”. Então, foi nosso objetivo promover
uma boa abordagem e apresentação dos dados da pesquisa para satisfazer a
qualidade da mesma. Pagano (apud HART, 1991, 27) afirma que “a educação
pretende transformar pessoas, assim como a pesquisa: não por meio da colonização
de suas consciências, mas por trazê-las a um lugar onde possam continuar a criar
suas próprias histórias”, ou seja, acreditamos no potencial dessa pesquisa como
forma de motivação pedagógica no sentido de que urge um processo de mudança
educacional e a construção de um novo ensinar e aprender. Para tanto, iniciamos
apresentando a técnica de pesquisa utilizada, bem como os argumentos teóricos
favoráveis pela escolha da mesma.
Primeiramente, propusemos aplicar um questionário a uma turma de
trinta alunos, de quinta série do ensino fundamental, de uma escola pública, sendo
14 meninos e dezesseis meninas, com idade entre dez e doze anos versando sobre
as atividades realizadas na disciplina de Língua Portuguesa. A opção por essa
abordagem metodológica deu-se porque segundo Gil (2008), o questionário
apresenta uma série ordenada de perguntas claras e diretas, que devem ser
respondidas por escrito pelo informante e foi o que ocorreu. Para obter exatidão no
questionário, ainda citando Gil (2008), observamos a estética e consideramos o
35
conhecimento sobre o assunto Língua Portuguesa, organizando-o com perguntas de
forma lógica e progressiva, partindo-se do mais amplo para o mais restrito. O
objetivo do questionário, desenvolvido neste trabalho, foi de contextualizar as aulas
de Língua Portuguesa realizadas numa escola pública de Educação Básica. Bem
como identificar a presença de motivação, ou não, para efetivação das tarefas
cotidianas. Também, verificar se a mídia informática, trabalhada com auxílio de um
ambiente virtual de aprendizagem, aumenta o interesse dos envolvidos durante a
ação pedagógica.
Além da aplicação do questionário, realizamos pesquisa bibliográfica,
utilizando o ciberespaço, ou seja, páginas web, para revisitar os módulos I, II e II do
curso Mídias na Educação a fim de fundamentar teoricamente as informações
coletadas sobre o tema. Entendemos que a pesquisa bibliográfica tem a finalidade
de “colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou
filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que
tenham sido transcritos por alguma forma, quer publicada, quer gravada”
(MARCONI; LAKATOS, 1996, p. 66). Nesta linha de raciocínio contribuíram,
também, as idéias presentes na tese de doutoramento do pesquisador Alexandre
Jesus da Silva Machado da Universidade Federal do Rio Grande denominada
‘Competências Inter profissionais: Modalidade Presencial e à Distância da Educação
Profissional’, e o artigo do professor e psicólogo de Harvard University David
Clarence McClelland. Sem dúvida, este conjunto de princípios fundamentais foi
utilizado como base para nossa análise e reflexões, fazendo ver importante relação
que possuem com o tema pesquisado.
A seqüência da pesquisa deu-se pela observação direta do
desempenho dos estudantes quando envolvidos em atividades na disciplina de
Língua Portuguesa na sala de aula tradicional e na sala de aula virtual, a segunda,
disponível em: www.tuzzintuzzin.comoj.com.
Finalmente, este trabalho apresenta uma diversidade de dados
relacionados à investigação em torno da motivação pedagógica para o ensino da
Língua Portuguesa com auxílio das mídias informática e impressos, trabalhados num
ambiente virtual de aprendizagem. Para concluir é relevante destacar que o
processo informal da observação direta evidenciou presença ou a ausência de
motivação pedagógica nos estudantes da turma piloto.
36
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
No capítulo anterior foi verificado que o emprego das mídias como
motivação para o ensino da Língua Portuguesa, originou-se a partir da reflexão
sobre a problemática atual que envolve a disciplina. Os conhecimentos vistos
durante o curso Mídias na Educação, as opiniões de Machado (2005) e McClelland
(1973) expuseram à vista outra maneira de ver a questão. Segundo os autores,
aqueles alunos com melhores notas nas avaliações escolares, nem sempre se
tornam profissionais bem sucedidos. E, a necessidade de realização NAch da
professora estimulou a realização da experiência que é objeto deste estudo.
Neste
capítulo
são
apresentadas
as
constatações
observadas
diretamente e a análise das respostas contidas no instrumento de coleta de dados
utilizado nesta pesquisa, cujo objetivo geral é motivar para o estudo da Língua
Portuguesa.
Primeiramente, analisamos as questões que descrevem o comportamento
dos estudantes nas aulas tradicionais. Verificamos que uma atmosfera atribulada
marca o encontro destes com a professora, sempre num mesmo horário e espaço
físico, com protagonismo docente e exposição de conteúdos pré-determinados. O
aluno senta na cadeira e recebe informações, que devem ser memorizadas e
reproduzidas em posteriores avaliações. Os principais recursos e materiais utilizados
são a fala da professora, o que é escrito no quadro ou prescrito para leitura.
Constata-se uma alternância discente entre momentos de agitação e silêncio. Há a
utilização de caneta/lápis para registrar as informações recebidas, no caderno. Este
universo escolar é descrito por 72% dos estudantes como enfadonho.
Em segundo lugar, registramos que 83% dos alunos motivam-se ao
realizar atividades de Língua Portuguesa na sala de aula virtual. Neste
tempo/espaço flexíveis a comunicação flui síncrona ou assincronamente. Ocorre ao
mesmo tempo por meio do chat da sala de aula virtual ou, em locais e momentos
diferentes através do uso do correio eletrônico. Cada participante, inclusive a
professora, interage no próprio ritmo e grau de conhecimento tecnológico. Há
acesso a uma grande quantidade de informações que são buscadas, ou não, pelo
aluno que conduz o próprio trabalho. A maioria percebe a importância da própria
participação nas atividades e, se não participarem, não aprendem por isso se
37
mostram, por vezes, eufóricos. A autonomia ou auto-instrução é estimulada,
acentuadamente, se comparamos com a rotina da sala de aula tradicional.
Ao confrontar o desempenho da turma piloto na sala de aula real com
aquela da sala de aula virtual, verificamos que o envolvimento deles com o trabalho
relativo à disciplina de Língua Portuguesa é maior na sala virtual. Entretanto é na
sala de aula real que as atividades são levadas à finalização.
Figura 20 - Comparação de desempenho dos estudantes
Fonte: autoria própria
Esta constatação remete para os problemas decorrentes do uso das
tecnologias no meio educacional. Entre as principais dificuldades enfrentadas
durante o tempo desta pesquisa, citamos a falta de manutenção nos computadores,
o sucateamento das máquinas, a lentidão da internet, pane no equipamento, uma
única professora para atender trinta alunos ao mesmo tempo no laboratório de
informática, entre outros. Frustrações são percebidas naqueles alunos iniciantes nas
tarefas virtuais impedindo a completa realização da proposta de trabalho.
Desta forma, acreditamos que as mídias informática e impressos podem
motivar para o ensino da Língua Portuguesa se for realizado um trabalho ponderado,
preliminarmente. Para isso, a escola, como um todo, deve estar envolvida neste
‘querer’. Deve ser reservado tempo, na carga horária docente, a fim de que as
atividades propostas aos alunos sejam pertinentes e significativas. Entretanto, hoje
se convive com um regime de trabalho de 40 horas, sendo 32 delas em sala de aula,
quatro destinadas a reuniões e, 4 horas, somente, para planejamento de aulas. Não
38
podemos esquecer que o incentivo para que os educadores invistam na própria
formação a fim de saber usar as ferramentas computacionais e tenham o
entendimento que a tecnologia faz parte do cotidiano das pessoas, é um fato,
atualmente, inexistente.
Outro aspecto investigado foi o componente motivacional. Para 72% dos
alunos, saber trabalhar na sala de aula virtual os qualifica para o futuro mercado de
trabalho. Este dado comprova a demonstração de interesse pelas atividades virtuais.
Desta forma, as mídias informática e impressos podem motivar para o
trabalho com a Língua Portuguesa porque, com base no viés teórico eleito, a
motivação é um processo que ora se intensifica, ora se desvanece depende das
carências dos envolvidos. Existem certas necessidades que são aprendidas através
da convivência, o que significa dizer que sempre poderemos ter à nossa frente algo
a nos motivar.
6. ESTUDOS FUTUROS
Ao nos distanciarmos da experiência vivida ao longo da realização deste
trabalho de conclusão de curso voltamos nosso olhar ao ponto de partida e inferimos
que nosso entendimento sobre “ensinar e aprender” se ampliou. Entretanto, novas
maneiras de pensar sobre as mídias integradas à prática pedagógica podem estar
na experiência interdisciplinar, o que remete ao aprofundamento dos estudos em um
nível mais complexo.
7. CONCLUSÃO
Finalmente, através da pesquisa ficou evidente a necessidade de
professores e de escolas observarem o grau interesse demonstrado pelos
estudantes com relação ao fazer pedagógico diário. E, a partir das constatações
pensarem em novas metodologias para motivar e qualificar o ensino e a
aprendizagem dos alunos. Sabemos que mudanças são necessárias e as
competências e estratégias de ensino em favor da aprendizagem devem valorizar a
formação de sujeitos motivados, capazes de intervir e alterar a própria trajetória e
por extensão favorecer o desenvolvimento de uma sociedade equilibrada.
39
8. REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Programa de
Formação continuada Mídias na Educação. Metodologia da pesquisa científica.
Disponível em <http://www.eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod83266/index.html>.
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<http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1343475>. Acesso em 10 ago. 2009.
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informação / Wilson Dizard Jr.; tradução [da 2ªed.], Edmond Jorge; revisão técnica,
Tony Queiroga - Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1998. Em <
http://www.eproinfo.mec.gov.br/webfolio/Mod83230/etapa_1/p1_09.html> Acesso
em: 09 ago. 2009.
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Atlas, 2008. Disponível em:
http://200.130.6.210//webfolio/Mod83266/referencias.html. Acesso: 23 jul. 2010.
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Singularidades Disponível em < http://www.latec.ufrj.br/portfolio/at/1%20ambiente
%20colaborativo%20na%20Internet.pdf> Acesso: 10 ago. 2009.
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UNIJUI, 2005.
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Schilling; Fátima Murad. São Paulo : Editorada Universidade Estadual Paulista,
1990.
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LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. Disponível em
<http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/wq1_LE/local/pierrelevy_conectados.htm>
Acesso em: 26 fev. 2010.
LUDKE, M.; ANDRE, M. E. D. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas.
São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986.
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e a distância da educação profissional. Porto Alegre: UFRGS, 2005. Tese de
Doutoramento. Orientadora Maria Suzana Marc Amoretti. 371p.
40
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Construtivista. 2003
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Atlas, 1996.
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American Psychologist, n. 28, p. 1-14, 1973.
MELO, Maria Tais. Processos de objetivação e subjetivação em Ambientes de
EaD. Revista Acadêmica - Jan/Jun 2007 - V.1 Nº3
NOVA, C. Novas lentes para a história: uma viagem pela construção da história e
pelos discursos áudio-imagéticos. Dissertação de Mestrado. UFBA. Bahia.1999.
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http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp.
Acesso em: 13 abr 2010.
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como ambiente virtual de apoio ao ensino presencial. XI CONGRESSO
BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM SAÚDE – CBIS 2008. Em
<http://www.sbis.org.br/> Acesso em: 03 mar. 2010.
APÊNDICE 1
41
Questionário para coleta de dados para uma pesquisa do curso de
Especialização em Mídias Aplicadas à Educação/FURG
Opcional
Nome
Idade
Endereço
Telefone
Série
Turno
Dados da escola
Nome
Endereço
Telefone
Cidade
Escreva as três ‘coisas’ que você adora de fazer
Em primeiro lugar
Em segundo lugar
Em terceiro lugar
1. Na escola, você prefere...
(
)
A chegada, o recreio e a saída;
(
)
As aulas antes do recreio;
(
)
As aulas depois do recreio.
2. Você costuma faltar à aula?
(
)
Sim;
(
)
Não;
(
)
Às vezes.
3. As aulas de Língua Portuguesa na sala de aula são:
(
) “Muito chatas”;
(
) “Chatas”;
(
) “Não são chatas”.
4. Na sala de aula, quando tem aula de Língua Portuguesa você:
42
(
) Conversa e termina as atividades em casa;
(
) Conversa e termina as atividades na aula;
(
) Não conversa e termina as atividades rápido.
5. Escrever e ler textos, copiar, estudar adjetivos, substantivos, artigos...
Deixam você ‘enjoado’
(
)
Sempre;
(
)
Às vezes;
(
)
Nunca.
6. Responder no caderno questões sobre livros lidos é
(
)
Cansativo;
(
)
Legal;
(
)
Muito legal.
7. Quando tem aula de Português no laboratório de informática você
(
)
Não gosta;
(
)
Gosta;
(
)
Gosta muito.
8. Fazer atividades na sala de aula virtual é
(
)
Pouco animado;
(
)
Animado;
(
)
Muito animado.
9. Se as aulas de Português fossem feitas todas na sala de aula virtual
você
(
) Não trabalharia e conversaria bastante;
(
) Trabalharia, afinal “fazer o quê?”;
(
) Trabalharia o tempo todo porque ‘desse jeito é melhor’.
10.Até hoje, você conseguiu fazer todas as atividades da sala virtual
(
) Sim;
(
) Não .
43
11.Até hoje, você conseguiu fazer todas as atividades do caderno de
Português
(
) Sim;
(
) Não.
12. Quem trabalha na sala de aula e na sala virtual sabe mais do quem só
trabalha na sala de aula?
(
)
Sim - sabe mais;
(
)
Não - sabe a mesma coisa.
13. Saber usar a sala virtual é importante por que
(
) Quando você for trabalhar vai saber algo mais que os outros ;
(
) Não é importante;
(
) Você nunca vai precisar daquilo que aprendeu com a sala de aula virtual.
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Maria Iraci Cardoso - NEAD