Universidade do Sul de Santa Catarina
Gestão do Fluxo de Caixa
Disciplina na modalidade a distância
Palhoça
UnisulVirtual
2009
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 1
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Créditos
Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina
UnisulVirtual - Educação Superior a Distância
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Reitor Unisul
Gerson Luiz Joner da Silveira
Vice-Reitor e Pró-Reitor
Acadêmico
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Chefe de Gabinete da Reitoria
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Pró-Reitor Administrativo
Marcus Vinícius Anátoles da Silva
Ferreira
Campus Sul
Diretor: Valter Alves Schmitz Neto
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Campus UnisulVirtual
Diretor: João Vianney
Diretora adjunta: Jucimara Roesler
Equipe UnisulVirtual
Avaliação Institucional
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Biblioteca
Soraya Arruda Waltrick
Capacitação e Assessoria ao
Docente
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(Coordenadora)
Adriana Silveira
Caroline Batista
Cláudia Behr Valente
Elaine Surian
Patrícia Meneghel
Simone Perroni da Silva Zigunovas
Coordenação dos Cursos
Adriano Sérgio da Cunha
Aloísio José Rodrigues
Ana Luisa Mülbert
Ana Paula Reusing Pacheco
Bernardino José da Silva
Charles Cesconetto
Daiane Teixeira (auxiliar)
Diva Marília Flemming
Eduardo Aquino Hübler
Fabiana Lange Patrício (auxiliar)
Fabiano Ceretta
Itamar Pedro Bevilaqua
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Jairo Afonso Henkes
Janete Elza Felisbino
João Kiyoshi Otuki
Jorge Alexandre Nogared Cardoso
José Carlos de Oliveira Noronha
Jucimara Roesler
Lauro José Ballock
Luiz Guilherme Buchmann
Figueiredo
Luiz Otávio Botelho Lento
Marciel Evangelista Catâneo
Maria da Graça Poyer
Maria de Fátima Martins (auxiliar)
Mauro Faccioni Filho
Michelle Denise D. L. Destri
Moacir Fogaça
Moacir Heerdt
Nazareno Marcineiro
Nélio Herzmann
Onei Tadeu Dutra
Patrícia Alberton
Raulino Jacó Brüning
Rose Clér Estivalete Beche
Rodrigo Nunes Lunardelli
Criação e Reconhecimento de
Cursos
Diane Dal Mago
Vanderlei Brasil
Desenho Educacional
Carolina Hoeller da Silva Boeing
(Coordenadora)
Design Instrucional
Ana Cláudia Taú
Carmen Maria Cipriani Pandini
Cristina Klipp de Oliveira
Daniela Erani Monteiro Will
Flávia Lumi Matuzawa
Karla Leonora Dahse Nunes
Lucésia Pereira
Luiz Henrique Milani Queriquelli
Márcia Loch
Marcelo Mendes de Souza
Marina Cabeda Egger Moellwald
Michele Correa
Nagila Cristina Hinckel
Silvana Souza da Cruz
Soraya Medeiros Falqueiro
Viviane Bastos
Acessibilidade
Vanessa de Andrade Manoel
Avaliação da Aprendizagem
Márcia Loch (Coordenadora)
Débora Inácio do Nascimento
Eloísa Machado Seemann
Gabriella Araújo Souza Esteves
Lis Airê Fogolari
Simone Soares Haas Carminatti
Design Visual
Vilson Martins Filho (Coordenador)
Adriana Ferreira dos Santos
Alex Sandro Xavier
Alice Demaria Silva
Anne Cristyne Pereira
Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro
Diogo Rafael da Silva
Edison Rodrigo Valim
Elusa Cristina Sousa
Fernando Roberto Dias Zimmermann
Higor Ghisi Luciano
Pedro Paulo Alves Teixeira
Rafael Pessi
Disciplinas a Distância
Enzo de Oliveira Moreira
(Coordenador)
Franciele Arruda Rampelotti
(auxiliar)
Gerência Acadêmica
Márcia Luz de Oliveira
Gerência Administrativa
Renato André Luz (Gerente)
Marcelo Fraiberg Machado
Naiara Jeremias da Rocha
Valmir Venício Inácio
Gerência de Ensino, Pesquisa
e Extensão
Moacir Heerdt
Clarissa Carneiro Mussi
Gerência de Produção e
Logística
Arthur Emmanuel F. Silveira
(Gerente)
Ana Paula Pereira
Francisco Asp
Gestão Documental
Janaina Stuart da Costa
Josiane Leal
Juliana Dias Ângelo
Lamuniê Souza
Roberta Melo Platt
Rubens Amorim
Logística de Encontros
Presenciais
Graciele Marinês Lindenmayr
(Coordenadora)
Aracelli Araldi Hackbarth
Daiana Cristina Bortolotti
Douglas Fabiani da Cruz
Edésio Medeiros Martins Filho
Fabiana Pereira
Fernando Steimbach
Letícia Cristina Barbosa
Marcelo Faria
Marcelo Jair Ramos
Rodrigo Lino da Silva
Formatura e Eventos
Jackson Schuelter Wiggers
Carlos Eduardo Damiani da Silva
Geanluca Uliana
Luiz Felipe Buchmann Figueiredo
José Carlos Teixeira
Monitoria e Suporte
Anderson da Silveira
Andréia Drewes
Bruno Augusto Estácio Zunino
Claudia Noemi Nascimento
Cristiano Dalazen
Ednéia Araujo Alberto
Fernanda Farias
Jonatas Collaço de Souza
Karla Fernanda Wisniewski
Desengrini
Maria Eugênia Ferreira Celeghin
Maria Isabel Aragon
Maria Lina Moratelli Prado
Poliana Morgana Simão
Priscilla Geovana Pagani
Rafael Cunha Lara
Relacionamento com o
Mercado
Walter Félix Cardoso Júnior
Secretaria de Ensino a
Distância
Karine Augusta Zanoni Albuquerque
(Secretária de ensino)
Andréa Luci Mandira
Andrei Rodrigues
Djeime Sammer Bortolotti
Franciele da Silva Bruchado
Fylippy Margino dos Santos
James Marcel Silva Ribeiro
Jenniffer Camargo
Liana Pamplona
Luana Tarsila Hellmann
Marcelo José Soares
Micheli Maria Lino de Medeiros
Rafael Back
Rosângela Mara Siegel
Silvana Henrique Silva
Vanilda Liordina Heerdt
Vilmar Isaurino Vidal
Secretária Executiva
Viviane Schalata Martins
Tenille Nunes Catarina (Recepção)
Tecnologia
Osmar de Oliveira Braz Júnior
(Coordenador)
André Luis Leal Cardoso Júnior
Jefferson Amorin Oliveira
José Olímpio Schmidt
Marcelo Neri da Silva
Phelipe Luiz Winter da Silva
Rodrigo Battistotti Pimpão
Logística de Materiais
Jeferson Cassiano Almeida da Costa
(Coordenador)
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Apresentação
Este livro didático corresponde à disciplina Gestão do Fluxo
de Caixa.
O material foi elaborado, visando a uma aprendizagem
autônoma. Com este objetivo, aborda conteúdos especialmente
selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar
uma linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar-lhe
o estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às
múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz.
Lembre-se de que sua caminhada nesta disciplina será
acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema
Tutorial da UnisulVirtual. A indicação ‘a distância’ caracteriza
tão-somente a modalidade de ensino por que você optou para a
sua formação.
E, nesta relação de aprendizagem, professores e instituição
estarão continuamente em conexão com você.
Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato. Você tem
à sua disposição diversas ferramentas e canais de acesso, tais como
telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem, este
que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e
recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade.
Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe
atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo.
Bom estudo e sucesso!
Equipe UnisulVirtual
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Carlos Rogerio Montenegro de Lima
Marcus Vinicius Andrade de Lima
Gestão do Fluxo de Caixa
Livro didático
Design instrucional
Cristina Klipp de Oliveira
Palhoça
UnisulVirtual
2009
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Copyright © UnisulVirtual 2009
Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Edição – Livro Didático
Professores Conteudistas
Carlos Rogerio Montenegro de Lima
Marcus Vinicius Andrade de Lima
Design Instrucional
Cristina Klipp de Oliveira
Projeto Gráfico e Capa
Equipe UnisulVirtual
Diagramação
Alice Demaria Silva
Anne Cristyne Pereira
Elusa Cristina Sousa
Revisão Ortográfica
Amaline Boulus Issa Mussi
657.72
L71
Lima, Carlos Rogerio Montenegro de
Gestão do fluxo de caixa : livro didático / Carlos Rogerio Montenegro
de Lima, Marcus Vinicius Andrade de Lima ; design instrucional Cristina
Klipp de Oliveira – Palhoça : UnisulVirtual, 2009.
126 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN
1. Fluxo de caixa - Administração. I. Lima, Marcus Vinicius Andrade de .
II. Oliveira, Cristina Klipp de. III. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
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Sumário
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Palavras dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
UNIDADE
1
2
3
4
–
–
–
–
Administração do fluxo de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Planejamento e elaboração do fluxo de caixa. . . . . . . . . . . . 45
Análise do fluxo de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Indicadores econômicos e financeiros relevantes,
para análise da qualidade da informação
na administração do fluxo de caixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
UNIDADE 5 – O orçamento de caixa como estratégia de
gestão nas empresas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
Sobre os professores conteudistas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
Respostas e comentários das atividades de autoavaliação . . . . . . . . . . . . . 125
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Palavras dos professores
O interesse pelo estudo do fluxo de caixa é muito recente, o que
talvez explique a relativa pobreza da literatura a respeito e o uso
limitado que o meio empresarial faz dele.
Muitos são os trabalhos que abordam o fluxo de caixa como
instrumento de avaliação de investimentos e projetos. Porém o
que se observa é um aparente desinteresse do meio acadêmico pelo
fluxo de caixa como instrumento de gestão da liquidez.
A abundante literatura existente sobre análise e interpretação das
demonstrações contábeis contrasta com a escassez do material
disponível sobre o fluxo de caixa. No entanto a liquidez é um
importantíssimo campo de pesquisa em finanças.
Estudar o fluxo de caixa é, em última análise, procurar
compreender o processo de formação de liquidez na empresa. É
identificar que atividades estão liberando ou retirando recursos do
fluxo de caixa. Neste sentido, poderíamos afirmar que a geração
de caixa é mais importante do que a geração de lucro, pois o que
quebra uma empresa não é a falta de lucro; é a falta de caixa.
São inúmeros os exemplos de empresas que se inviabilizaram
financeiramente, mesmo apresentando lucros contábeis.
Curiosamente, o inverso também é verdadeiro. Incontáveis
empresas sobreviveram e sobrevivem a longos períodos de
prejuízos, viabilizando a liquidez.
A análise do fluxo de caixa permite que os sintomas de fragilização
da estrutura de capital de giro sejam detectados a tempo, para que
se possam tomar as medidas necessárias à correção desta distorção.
Portanto tudo indica que esta tendência veio para ficar no Brasil,
e, neste caso, temos que estar preparados para usar esta tecnologia.
Prof. Carlos Rogerio Montenegro de Lima
Prof. Marcus Vinicius Andrade de Lima
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Plano de estudo
O plano de estudo visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da
disciplina. Possui elementos que o(a) ajudarão a conhecer o
contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos.
O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva
em conta instrumentos que se articulam e se complementam,
portanto a construção de competências se dá sobre a
articulação de metodologias e por meio das diversas formas de
ação/mediação.
São elementos desse processo:
„„
o livro didático;
„„
o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA);
„„
„„
as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de
autoavaliação);
o Sistema Tutorial.
Ementa
Administração do fluxo de caixa. Conceitos. Gestão de
tesouraria. Falta de recursos na empresa. Planejamento e
elaboração do fluxo de caixa. Análise do fluxo de caixa.
Indicadores econômicos e financeiros relevantes, não
convencionais, para análise da qualidade da informação na
administração do fluxo de caixa. Dicas e sugestões para um
eficiente gerenciamento do caixa em época de crise.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Carga Horária
A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula.
Objetivos
A disciplina tem por objetivo apresentar aos estudantes as bases
conceituais da moderna gestão de fluxo de caixa, de modo a
auxiliar a entendê-la e a implementá-la em suas empresas, como
um instrumento de apoio às decisões de caixa. Atendendo a
exigência de um mercado cada vez mais competitivo, mutável e
globalizado, a gestão de fluxo de caixa capacita o estudante para
a manutenção da liquidez e do capital de giro da empresa. Desta
forma, a empresa pode honrar as obrigações assumidas perante
terceiros na data do vencimento, assim como maximizar os lucros
sobre os investimentos realizados pelos proprietários da empresa.
Conteúdo programático/objetivos
Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta
disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos
resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de
estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de
conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento
de habilidades e competências necessárias à sua formação.
Unidade 1 - Administração do fluxo de caixa (14 h/a)
Conceitos. Gestão de tesouraria: funções e suas atividades; gestão
de caixa, contas a receber, contas a pagar, estoques, capital de
giro, relacionamento bancário, fontes de capital, gestão de riscos
e análise de investimentos. Falta de recursos na empresa.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Unidade 2 - Planejamento e elaboração do fluxo de caixa (12 h/a)
Projeção do fluxo de caixa. Implantação setorial e consolidada.
Mapas e planilhas auxiliares. Modelos de fluxo de caixa.
Unidade 3 - Análise do fluxo de caixa (12 h/a)
Análise dos resultados. Interpretação. Acompanhamento e
avaliação. Revisão e controle.
Unidade 4 - Indicadores econômicos e financeiros relevantes, para análise
da qualidade da informação na administração do fluxo de caixa (14 h/a)
Lucro antes de juros, imposto, depreciação e amortização.
Valor econômico agregado. Gestão baseado na criação de valor.
Endividamento. Análise do ponto de equilíbrio.
Unidade 5 - O orçamento de caixa como estratégia de gestão nas
empresas (4 h/a)
Dicas de gerenciamento de caixa. Sugestão de saneamento
financeiro.
Agenda de atividades/ Cronograma
„„
„„
„„
Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar
periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos
seus estudos depende da priorização do tempo para a
leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e
da interação com os seus colegas e professor.
Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço
a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina
disponibilizado no EVA.
Use o quadro para agendar e programar as atividades
relativas ao desenvolvimento da Disciplina.
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Atividades
Avaliação a Distância
Avaliação Presencial
Avaliação Final
Demais atividades (registro pessoal)
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unidade 1
Administração do fluxo de caixa
Objetivos de aprendizagem
„„ Planejar as entradas e saídas de recursos financeiros na
data prevista.
„„ Identificar a necessidade de captar empréstimos.
1
„„ Aplicar os excedentes de caixa, levando em conta o
tempo e a segurança.
Seções de estudo
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Seção 1
Conceitos
Seção 2
Gestão de tesouraria
Seção 3
Falta de recursos na empresa
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
O fluxo de caixa é um instrumento de gestão que fornece ao
empresário importantes respostas para questões essenciais à vida
da empresa. Reflita, a cada questão citada a seguir, sobre o quanto
esse instrumento pode ser útil ao gestor na condução do seu
negócio, isto é, avaliação de desempenho que atenda aos interesses
dos proprietários; definição clara de objetivos quantificáveis; visão
precisa das perspectivas de curto, médio e longo prazos da empresa
à luz de diferentes cenários projetados; auxílio na elaboração
do Plano Estratégico, identificando quanto e quais recursos
financiarão os investimentos pretendidos, definição da estrutura
de capitais próprios e de terceiros mais adequada ao negócio e à
viabilidade econômico-financeira do projeto.
SEÇÃO 1 - Conceitos
Cash-flow é uma expressão inglesa, conhecida no mundo dos
negócios como fluxo de caixa. E gestão financeira podemos dizer
que é uma ferramenta eficaz no planejamento, controle e análise
das receitas, despesas e investimentos, dentro de um período
determinado.
Graficamente, nós podemos visualizá-lo como uma planilha que
demonstra, dentro de um período de tempo, as entradas e saídas
de recursos monetários, o que permite ao usuário (pessoa física ou
jurídica) executar suas programações financeiras e operacionais.
É importante ressaltar que o caixa representa a
“disponibilidade imediata” de recursos monetários; e o
lucro, um “resultado potencial” de recursos monetários.
O que se quer dizer é que lucro não é caixa ou viceversa.
O lucro é apurado no momento da venda e as despesas quando
incorridas. Já, no caixa, as receitas são reconhecidas no momento
do efetivo recebimento; e as despesas, no momento do efetivo
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Gestão do Fluxo de Caixa
pagamento. Por isso que, quando tratamos de lucro, dizemos
que ele está inserido em um “regime de competência” e, ao
tratarmos com dinheiro, estamos usando o “regime de caixa”.
Nós percebemos que é muito comum confundir o dinheiro que
está em caixa com o lucro.
Todavia os dois regimes, de competência e de caixa, não são
conflitantes. Eles são interdependentes e se completam. Vejamos
um exemplo:
A empresa Ponto Com Ltda. vendeu no mês de junho
R$100.000 e os recebimentos ocorreram da seguinte
forma: 30% no ato e o restante em duas parcelas iguais
e sucessivas. As despesas do mês de junho foram de
R$ 60.000, e os pagamentos cumpriram o seguinte
programa: três parcelas iguais e sucessivas, sendo que a
primeira parcela deveria ser no ato.
A tabela 1.1 apresenta os regimes de competência e de
caixa da empresa Ponto Com Ltda.:
Tabela 1.1 - Regime de Competência e de Caixa
Contas
Receitas
Despesas
Lucro
Regime de
competência
Junho
Regime de caixa
Junho
Julho
Agosto
100.000
60.000
40.000
30.000
20.000
10.000
35.000
20.000
15.000
35.000
20.000
15.000
Fonte: O autor.
Observe que, no regime de competência, os recebimentos e
pagamentos foram considerados no mês de junho, enquanto no
regime de caixa os recebimentos e pagamentos ocorreram no
momento efetivo do pagamento e do recebimento.
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SEÇÃO 2 - Gestão de tesouraria
Uma das áreas mais importantes que administra os recursos
financeiros de uma empresa é a tesouraria. Ela dá apoio às
diversas unidades de negócios da empresa e não tem como
objetivo principal a obtenção de lucro. Mas, em contrapartida,
contribui de modo a gerar lucro, priorizando, de um lado, a
minimização do custo de captação de recursos financeiros e,
de outro lado, a maximização da rentabilidade das aplicações
financeiras.
Funções e atividades de tesouraria
A atividade de pagar os compromissos financeiros de curto
prazo é uma das mais importantes funções de tesouraria. Esta
gestão constitui o foco principal da tesouraria para assegurar o
equilíbrio financeiro da empresa.
A administração do caixa, planejamento financeiro,
câmbio, crédito, contas a receber e a pagar são as
principais funções da tesouraria.
Sempre que possível, é importante que se separem as funções
daqueles que “executam” e que “controlam”. A manutenção
da liquidez da empresa é uma das atividades executivas do
tesoureiro; já manter a dinâmica dos negócios, emitindo relatórios
gerenciais que alimentam a alta direção para tomadas de decisões
estratégicas. Estas são algumas das atividades daqueles que
controlam e que normalmente são chamados de Controllers.
Para visualizarmos de forma integrada essas funções, a Figura 1.1
apresenta o organograma da área financeira, que contém a função
do tesoureiro e do controle. Lembramos que a nomenclatura e
a divisão das áreas dependem muito do tamanho e do tipo das
empresas.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Finanças
Tesouraria
Controladoria
Planejamento
financeiro
Contabilidade
financeira
Gestão de caixa
e bancos
Contabilidade
gerencial
Gestão de
créditos
Orçamento e
custos
Contas a pagar
e a receber
Sistema de
informação
Câmbio
Tributos
Figura 1.1 - Organograma da área de finanças.
Fonte: Adaptação de HOJI, M, 2004, p.137.
Gestão de caixa
Uma das mais importantes responsabilidades do tesoureiro é
garantir o pagamento, em dia, dos compromissos financeiros
da empresa. Um saldo de caixa pertinente às necessidades da
empresa, em virtude das incertezas ocorridas no dia-a-dia, se
faz necessário para a manutenção e equilíbrio das atividades
operacionais da organização.
As principais rubricas (contas) patrimoniais que têm forte
impacto no caixa são as seguintes:
„„
contas a receber (ativo operacional);
„„
os estoques (ativo operacional); e
„„
contas a pagar (passivo operacional).
As contas a receber são geradas em função das venda a prazo.
Os estoques têm fortes impactos quando são comprados a vista,
considerando-se a saída imediata de recursos monetários. As
Unidade 1
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Universidade do Sul de Santa Catarina
contas a pagar são geradas em função das compras a prazo e das
obrigações fiscais e trabalhistas. De caráter fundamental, são elas
que financiam as atividades operacionais da empresa.
Cabe lembrar que o saldo de caixa deve existir apenas para
saldar seus compromissos de curto prazo. Os excessos devem
ser aplicados na atividade-fim da empresa, uma vez que as taxas
de aplicação no mercado financeiro geralmente são menores
do que as taxas de retorno da empresa. Em contrapartida, a
falta de recursos financeiros no caixa pode comprometer a
sustentabilidade das atividades empresariais. Por isso o bom
relacionamento com os bancos é importante: por garantir que
eles conheçam a empresa, aumentando, em decorrência, a
credibilidade a respeito da sua saúde financeira, o que viabilizará
tornarem-se parceiros no decorrer do tempo. Isso facilita a
obtenção de taxas adequadas tanto para a captação como para
aplicação de recursos financeiros.
Gestão de contas a receber
As contas a receber são geradas em função de vendas a prazo
aos seus clientes. De um lado, aumentam o grau de satisfação
do cliente; e, de outro, acarretam uma série de custos para a
empresa, principalmente financeiros, com o aumento de contas
a receber e o risco de inadimplência. Esses problemas podem ser
minimizados, quando se tem uma política de crédito adequada,
ou seja, planejando e analisando com rigor os créditos concedidos
aos seus clientes. Quando bem sucedida, ocasiona lucro nas
vendas e redução no custo de financiamento, cobranças e das
perdas com inadimplências.
Algumas técnicas são utilizadas para facilitar o planejamento
na concessão de créditos. O prazo médio de contas a receber
(PMCR) pode ser calculado, dividindo o saldo médio das contas
a receber pelo volume de vendas, multiplicando pelo número de
dias de vendas considerados.
20
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Gestão do Fluxo de Caixa
A empresa Ponto Com Ltda. vendeu no trimestre R$
300.000 e apresentou a média de contas a receber de
R$ 60.000, portanto:
PMR = (R$ 60.000 / R$ 300.000) x 90 dias = 18 dias
O resultado significa que a empresa, a cada 18 dias,
tem uma entrada média de caixa de R$60.000.
Esta informação contribui para a composição do
planejamento financeiro dentro do período em estudo.
É uma constância perseguir a diminuição do prazo de
recebimento dos créditos concedidos. Porém uma das estratégias
utilizadas é o “casamento” do prazo de contas a pagar com o
prazo de contas a receber.
Esta sincronização é salutar para a gestão de
tesouraria, porque, de um lado, beneficia a empresa
com o aumento do volume das vendas e, de outro,
o cliente, pela diluição do valor das suas prestações
no prazo pactuado. Finalmente, ganha o fornecedor
pelo aumento do volume de compras efetuado pela
empresa. Esta tríade tem como resultado a distribuição
de ganho, prometendo uma perenidade nos negócios.
Administração de contas a pagar
Os compromissos a serem liquidados pela empresa não devem
ser nem antes e nem depois do prazo de vencimento, devem ser
exatamente no dia. Este é o princípio básico de contas a pagar.
Todavia é fundamental que haja um bom relacionamento com os
seus fornecedores. A dificuldade de relacionamento pode causar
sérios impactos no caixa da empresa.
Os pagamentos em dia ao fornecedor e um canal
aberto de comunicação são ações que contribuem
para o bom relacionamento entre a empresa e o seu
fornecedor.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Uma boa gestão de tesouraria compreende uma atenção ao prazo
médio de pagamento. Este prazo pode ser medido, levando em
conta os dias de compras.
Dias estes que são o tempo médio
que a empresa tem para pagar aos
seus fornecedores.
Para calcular o prazo médio de pagamento (PMPF), divide-se
o saldo médio de contas a pagar pelo volume de compras,
multiplicado pelo período em dias de compras considerado. Um
exemplo pode facilitar o entendimento deste cálculo:
A empresa Ponto Com Ltda. comprou R$ 200.000 de
mercadorias no trimestre e apresentou as suas contas
médias a pagar de R$ 50.000. Qual deverá ser o período
de pagamento?
PMPF = (R$ 50.000 / R$ 200.000) x 90 dias = 22,5 dias
Conclui-se que a empresa, a cada 22,5 dias em média,
liquida seus compromissos com fornecedores.
O importante é que cada empresa elabore sua estratégia de
pagamento. Portanto o beneficio das contas a pagar está na
economia de despesas com juros. Entretanto a opção de aproveitar
o desconto à vista e pagar imediatamente, caso a empresa tenha
liquidez, parece uma alternativa vantajosa. Cabe observar se a
taxa de desconto obtido é maior que a taxa de remuneração das
disponibilidades de caixas aplicadas no mercado financeiro.
Gestão de estoques
Os investimentos em estoques são a base para a geração de lucros:
eles podem trazer retorno sobre o valor investido muito maior
que qualquer outro ativo. São exemplos que representam uma boa
parte dos ativos das empresas:
„„
as matérias-primas;
„„
produtos intermediários;
„„
produtos acabados;
„„
estoques em trânsito;
„„
estoques nos distribuidores.
22
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Gestão do Fluxo de Caixa
Os custos com estoques podem ser recuperáveis, entretanto é
preciso levar em conta algumas despesas que podem prejudicar os
lucros. São alguns exemplos dessas despesas:
„„
armazenagem;
„„
seguros;
„„
equipamentos;
„„
pessoal;
„„
operações de recepção;
„„
movimentação; e
„„
processamento.
A maioria das empresas trabalha com mais de um produto, e, em
cada produto, apresenta retornos diferentes, portanto a análise
deve ser feita item a item. Nesses casos, a atenção deve ser dada
àqueles itens que representam o maior volume de vendas.
O foco da gestão financeira de estoques é o giro dos produtos.
Quanto maior este giro, maior é o retorno que o investimento em
estoques proporciona. Consequentemente, aumenta a liquidez da
empresa.
As vendas dos produtos da empresa podem causar alguns
problemas em razão dessa movimentação.
Volume de vendas não previsto, atraso na reposição de
estoques, falta de liquidez na atividade operacional e
os efeitos sazonais são alguns exemplos que exigem
um nível de estoque, o qual pode ser chamado de
“estoque de segurança”.
No entanto o custo de se ter o estoque de segurança não pode
exercer a previsão do volume de vendas e tampouco a capacidade
de caixa da empresa.
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 23
23
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para minimizar esses problemas, a empresa pode lançar mão
de um modelo muito usado na gestão financeira de estoques,
chamado de Lote Econômico de Compra (LEC). O modelo
busca o melhor caminho para encontrar a quantidade que deve
ser mantida em estoque e em quanto tempo deverá ser efetuado
um novo pedido. A fórmula abaixo poderá auxiliar a encontrar
a quantidade ótima de cada pedido, de forma que os custos dos
pedidos e o custo de estocagem sejam minimizados. A fórmula
do lote econômico de compra é a seguinte:
LEC = √(2V.CP)
Onde:
LEC = Lote econômico de compra
V = Volume de vendas do período
CP = Custo de cada período
CE = Custo de estocagem de cada unidade
Um exemplo pode ilustrar a aplicação prática da fórmula, ou seja:
A empresa Ponto Com Ltda. vende a quantidade
de 5.000 unidades por mês de um determinado
produto. O custo de cada pedido é de R$ 5 e o custo
de estocagem de cada unidade é de R$ 1 por produto.
Qual deverá ser a quantidade desse produto?
LEC = √(2x5000x5) = 224 unidades
Além de conhecermos a quantidade de produtos
comprados, em torno de 224 unidades, algumas
informações relevantes podem ser extraídas dessa
fórmula. Vejamos:
Entre a quantidade adquirida e o consumo total dessa
compra temos um estoque médio de 112 unidades:
(224 + 0) / 2 = 112;
No mês serão feitos em torno de 22 pedidos: 5.000 /
224 = 22;
O tempo entre cada pedido será de aproximadamente
1 dia: 30 dias / 22 = 1,3.
24
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 24
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Gestão do Fluxo de Caixa
Cabe observar que possíveis imprevistos podem acontecer. No
caso, por exemplo, de compras antecipadas, elas podem gerar
custos maiores de estocagem e saídas de caixa não previstas.
Da mesma forma, se compramos produtos atrasados, as vendas
poderão ser prejudicadas.
O cálculo do ponto de recompra (Pr) pode ser uma alternativa
para solucionar esse problema. Basta multiplicar o tempo entre
a solicitação do produto até seu efetivo recebimento pelo volume
de vendas no mês. Em seguida, divida o resultado pelo período
em que a vendas foram efetuadas. O exemplo abaixo clarifica a
determinação do ponto de recompra:
 Tempo estimado de recebimento do produto: 10 dias;
 Volume de venda no mês: 5.000 unidades;
 Período apurado das vendas: 30 dias.
Pr = (12 x 5.000) / 30 = 2.000 unidades
O resultado aponta que, quando o estoque chegar em
2.000 unidades, será necessário providenciar um novo
pedido.
Cabe ressaltar que o ponto de recompra é mais um indicador na
determinação da política de compra. Outras variáveis podem ser
observadas, como:
„„
custo de armazenagem;
„„
desconto por volume;
„„
perspectivas de inflação no preço do produto;
„„
deterioração e obsolescência dos produtos estocados;
„„
outras.
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 25
25
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Gestão do Capital de giro
O capital de giro ou capital circulante representa os recursos
necessários a uma empresa para financiar suas necessidades
operacionais, desde a aquisição de matéria-prima até o
recebimento pela venda do produto acabado.
O valor inicial do capital de giro vai tendo acréscimo a cada
transformação, de maneira que, quando o capital voltar ao “estado
de dinheiro”, ao findar o ciclo operacional, deverá estar maior que
o valor inicial.
O capital de giro refere-se aos recursos de curto prazo da
empresa, em geral, aqueles que podem ser convertidos em caixa
no prazo máximo de um ano.
Contabilmente é representado pelo ativo circulante, composto
pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. O Quadro
1.1 apresenta um Balanço Patrimonial Simplificado (BPS) da
empresa Ponto Com Ltda. com as principais rubricas:
Ativo Circulante (AC)
Disponibilidades
Valores a receber
Estoques
Passivo Circulante (PC)
Fornecedores
Salários e Encargos Sociais
Empréstimos e Financiamentos
Ativo realizável a longo prazo
(ARLP)
Créditos e valores
Empréstimos compulsórios
Passivo Exigível a Longo Prazo
(ELP)
Empréstimos e Financiamentos
Debêntures
Ativo Permanente (AP)
Investimento
Imobilizado
Diferido
Patrimônio Líquido (PL)
Capital
Reservas
Lucros acumulados
Quadro 1.1 - Balanço Patrimonial Simplificado.
Fonte: Silva, E. C, 2006.
O processo do capital de giro é primordial para a administração
financeira, pois a empresa precisa recuperar todos os custos e
despesas, inclusive os financeiros, acontecidos no decorrer do
ciclo operacional, e conseguir o lucro esperado, através da venda
do produto ou da prestação de serviços.
26
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 26
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Gestão do Fluxo de Caixa
O capital de giro líquido (CGL) ou capital circulante
líquido (CCL) é a diferença entre o ativo circulante e o
passivo circulante.
Existem duas vertentes para se analisarem. A primeira é
considerar que a empresa esteja insolvente, próxima para fechar
ou ir à falência. Dentro desta visão estática, dissemos que se o
CGL for positivo é porque existe uma folga financeira, ou seja, se
transformássemos o capital circulante em dinheiro e pagássemos
toda a nossa dívida de curto prazo, sobraria ainda certa quantia
de recursos financeiros. Dentro da mesma ótica, se o CGL for
negativo, isto significa que a empresa transformaria todo o seu
circulante em dinheiro e não teria a capacidade de pagar seus
compromissos (passivo) de curto prazo.
A segunda vertente é analisada dentro de uma visão dinâmica,
isto é, a empresa em marcha, andando e crescendo. Os
financiadores (bancos, por exemplo) não têm a intenção que a
empresa vá mal e a encerre, muito pelo contrário, os financiadores
querem que as empresas cresçam e tenham sucesso. Só assim
todos saem beneficiados. Ganha a empresa, porque apura o lucro
e remunera seus proprietários. Os financiadores, porque recebem
os recursos investidos e os juros pactuados. Os fornecedores,
o valor da sua venda, e assim por diante, gerando um circulo
virtuoso para a empresa, para o setor e, consequentemente, para a
economia brasileira.
Portanto, se o CGL for positivo, diz-se que a empresa está
financiando os ativos de curto prazo (duplicatas e estoques) com
recursos financeiros de longo prazo. Como consequência, ocorre
uma perda de rentabilidade na empresa, por estar utilizando taxas
de financiamento mais altas (taxas de longo prazo) ao invés de
utilizar taxas de financiamento mais baixas (taxa de curto prazo).
No caso do CGL negativo, isto significa que a empresa está
financiando os ativos de longo prazo com recursos de curto prazo
(passivo circulante). Como consequência, tem-se o descasamento
de prazo influenciando diretamente o caixa da empresa. Vencem
os compromissos de curto prazo, e ainda não recebemos os
recursos de longo prazo (realizáveis de longo prazo). No caso do
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 27
27
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Universidade do Sul de Santa Catarina
ativo permanente, o prazo é indefinido (investimentos e diferido,
contas do ativo permanente). A título de ilustração, o Quadro 1.2
destaca o CGL positivo:
Ativo Circulante
Realizável a LP
Ativo Permanente
Passivo Circulante
Exigível a LP
Patrimônio Líquido
Quadro 1.2 - CGL Positivo.
Fonte: O autor.
O destaque do Quadro 1.2 demonstra a parcela de recursos de
longo prazo (ELP) que está financiando o ativo circulante de
curto prazo. Da mesma forma o Quadro 1.3 a seguir ilustra o
CGL negativo, isto é:
Ativo Circulante
Realizável a LP
Ativo Permanente
Passivo Circulante
Exigível a LP
Patrimônio Líquido
Quadro 1.3 - CGL Negativo.
Fonte: O autor.
O destaque do Quadro 1.3 demonstra a parcela de recursos de
curto prazo (PC) que está financiando o realizável a longo prazo.
Outro conceito de suma importância para o gestor de tesouraria
é a necessidade de capital de giro (NCG), também conhecido
na literatura como investimento operacional em giro (IOG).
A análise é bastante abrangente, o que permite ao gestor
visualizar a empresa como um todo em termos de suas decisões
operacionais. Tecnicamente a NCG pode ser definida como a
diferença entre o ativo circulante operacional (ACO) e o passivo
circulante operacional (PCO). Em termos práticos, costuma-se
reclassificar o balanço patrimonial para facilitar a identificação da
NCG. O Quadro 1.4 nos auxilia a visualizar o desmembramento
da atividade operacional vista na ótica contábil-financeira:
28
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Gestão do Fluxo de Caixa
Ativo
Passivo
Ativo Circulante Financeiro (ACF)
Caixa e bancos
Aplicação de liquidez imediata
Aplicação de liquidez não-imediata
Passivo Circulante Financeiro (PCF)
Instituições de crédito
Duplicatas e títulos descontados
Dividendos a pagar
Imposto de renda a recolher
Ativo Circulante Operacional (ACO)
Contas a receber de clientes
Estoques
Adiantamentos a fornecedores
Outros valores a receber
Despesas do exercício seguinte
Passivo Circulante Operacional (PCO)
Fornecedores
Salários e encargos sociais
Impostos e taxas
Realizável a longo prazo (RLP)
Direitos realizáveis após o término do exercício
Valores a receber do coligadas e controladas
Exigível a longo Prazo (ELP)
Financiamentos
Debêntures
Impostos parcelados
Resultados de Exercícios Futuros (REF)
Ativo permanente (AP)
Investimentos
Imobilizado
Diferido
Patrimônio líquido (PL)
Capital social
Reservas
Lucros ou prejuízos acumulados
ATIVO TOTAL
PASSIVO TOTAL
Quadro 1.4 - Reclassificação do Balanço Patrimonial Simplificado.
Fonte: Adaptação de Silva, 2004.
Uma vez reclassificado o Balanço (Quadro 1.4), fica fácil
identificar e quantificar a NCG.
Quanto ao ACO > PCO, podemos dizer que há uma NCG,
porque a empresa precisa encontrar fontes adequadas de
financiamento. Em outras palavras, significa que recursos de
longo prazo estão financiando o ACO.
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 29
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Não confundir NCG com necessidade de caixa. A necessidade
de caixa significa que faltam recursos monetários no caixa da
empresa. A NCG não significa falta de dinheiro, mas ações
administrativas para que o ACO seja financiado pelo PCO (fonte
adequada).
Se o ACO = PCO, a empresa não necessita de investimentos
(ações) ou financiamento para o giro. Apenas para chamar a
atenção do leitor: neste caso a empresa pode momentaneamente
ter um déficit de caixa. Parece até um paradoxo: a empresa não
necessita de capital de giro, mas precisa de recursos financeiros.
É para deixar clara a diferença entre os dois conceitos. A NCG
é uma ação corretiva para que possamos equiparar em termos de
volume e prazo o ACO e o PCO.
Agora, no caso do ACO < PCO, a empresa tem mais
financiamentos do que investimentos operacionais. Os excessos de
financiamentos operacionais poderão ser usados para aplicação no
mercado financeiro (período curto de tempo), expansão da planta
fixa ou em estoques voltados para a atividade fim da empresa.
Relacionamento Bancário
As empresas devem procurar o equilíbrio entre a concentração
e a diluição das operações bancárias, pois ambas podem trazer
prejuízos à empresa. De um lado, as empresas podem sofrer
“pressões”, se elas concentrarem suas operações em poucos
bancos. De outro lado, as empresas podem perder sua capacidade
de “barganha”, se elas diluírem suas operações em muitos bancos.
As reciprocidades bancárias devem ser dadas em volume de
operações, e não em favorecimentos. Mesmo que as instituições
bancárias preguem parcerias, raramente elas se dispõem a fazer
algum tipo de operação que incorra em perdas para o banco.
Um tipo de operação muito discutida hoje em dia é a
terceirização. Muitas atividades exercidas pela empresa hoje são
elaboradas pelos bancos.
30
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Gestão do Fluxo de Caixa
Cobrança de duplicatas, envio de títulos para cobrança
judicial, cobrança de cheques devolvidos, controles de
guias de importação e exportação, entre outros.
Todavia a empresa deve agir com bastante parcimônia, quando
se trata de terceirização. Principalmente quanto às atividades
estratégicas da tesouraria, pois podem trazer sérios problemas às
empresas.
Fontes de Capital
Há dois tipos de fontes de capital: capital de terceiros e próprios.
O capital de terceiros pode ser conseguido no mercado
financeiro e de capitais. Os empréstimos e financiamentos são
exemplos de capital de terceiros, os quais podem ser nacionais e
estrangeiros. As modalidades de empréstimos e financiamentos
nacionais são:
„„
empréstimo para capital de giro;
„„
descontos de títulos;
„„
hot Money;
„„
factoring ;
„„
debênture;
„„
commercial papers;
„„
recursos do BNDES;
„„
outras.
No caso dos estrangeiros, são:
„„
Adiantamento de contrato de câmbio (ACC);
„„
Export Note;
„„
Euronotes e Eurobonds;
„„
outras.
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 31
31
26/2/2009 11:30:52
Universidade do Sul de Santa Catarina
Composto por ações preferenciais e
ordinárias, no caso de empresas de
capital aberto (sociedades anônimas
– S.A), ou por cotas, no caso de
empresas limitadas (LTDA.).
O capital próprio pode ser obtido através do aporte de capitais
dos proprietários da empresas, através de cotas, da emissão de
ações preferenciais e ordinárias e da retenção do lucro. O capital
próprio equivale ao Patrimônio Líquido do balanço patrimonial.
Uma das contas principais do capital próprio é o capital social,
a outra é lucros retidos, que corresponde aos lucros acumulados
que deixam de ser distribuídos aos proprietários na forma de
dividendos.
Gestão de Riscos
Em sentido amplo, risco significa alguma coisa dar errado.
Tecnicamente, risco representa a probabilidade de não atingirmos
os objetivos planejados. Eles podem ser classificados em risco
sistemático e risco não-sistemático. No primeiro caso, afeta
largamente a economia e as empresas. A instabilidade na
economia, por exemplo, é um risco sistemático. No segundo caso,
afeta algumas empresas ou grupos de empresas, mas não outros
setores da economia. Podemos citar como exemplo a expansão ou
retração do setor onde atua, declínio nas vendas, concorrência,
inadimplência, escassez de matéria-prima, aumento ou baixa nos
preços, alterações nas alíquotas de impostos, entre outras.
Os riscos podem ser administrados pelas empresas. Dependendo
do nível da empresa, poderá utilizar modernas técnicas de
gerenciamento de riscos. Uma técnica muito usada é o Hedge
(seguro), mecanismo de salvaguardar os seus ativos e os dos seus
clientes. A gestão de riscos é um processo em que são analisadas
as decisões de aceitar, ou não, os riscos, ou de reduzir os efeitos
negativos, através de instrumentos financeiros.
32
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Gestão do Fluxo de Caixa
Análise de Investimentos
Os métodos mais comuns empregados na análise de
investimentos são o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna
de retorno (TIR). Esses métodos são mais precisos do que os
métodos práticos, em decorrência de sua metodologia de cálculo.
Essa precisão, entretanto, não consegue eliminar os riscos e
incertezas sobre os dados de entrada e de saída de caixa. Os
métodos práticos mais usados na análise de investimentos são o
payback simples e o índice de lucratividade.
A variável-chave para os métodos analíticos é a taxa mínima de
atratividade (TMA). Esta taxa é específica para cada empresa
e significa a taxa de juros mínima aceitável quando ela faz
um investimento, ou a taxa de juros máxima a pagar por um
financiamento. Nos países que possuem um mercado de capitais
desenvolvido, a fixação da TMA é feita em função do custo de
capital das empresas, principalmente aquelas que têm ações na
bolsa de valores. No Brasil, a maioria das empresas fixa essa taxa
com base em uma decisão de sua administração.
Outro conceito muito usado, também, é o Custo de
Oportunidade, cujo significado remete a quanto o
gestor ou investidor deixou de ganhar em função de
optar por outra alternativa que não fosse a melhor de
mercado.
Em contrapartida, o custo de oportunidade pode representar o
custo indireto de um déficit de caixa, ou seja, representar o ganho
potencial que poderia haver, se os recursos monetários estivessem
disponíveis no caixa.
Quando se trata de um projeto de investimento, geralmente se
utiliza a engenharia econômica, a qual usa métodos de análise
que facilitam a escolha da melhor alternativa de investimento.
Unidade 1
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33
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 3 - Falta de recursos na empresa
Várias são as causas da falta de recursos na empresa, todavia,
mediante um planejamento de tesouraria, podemos reduzi-la a
casos esporádicos, permanecendo somente aqueles que fogem
das nossas estimativas e controle. A estes casos chamamos de
incertezas, e os fatores mais comuns são:
„„
concorrência;
„„
alterações nas alíquotas de impostos;
„„
aumento de preços;
„„
declínio das vendas;
„„
expansão ou retração de mercado.
A manutenção e a disciplina no uso do saldo mínimo de caixa
planejado podem suportar as oscilações nas disponibilidades
líquidas de caixa; em caso contrário, ultrapassar esses limites
pode transformar um problema em uma crise. As principais
causas da falta de recursos na empresa podem ser relacionadas
da seguinte maneira:
„„
dilatação dos prazos de vendas para conquistar clientes;
„„
uso excessivo de capital de terceiros;
„„
„„
baixa velocidade no giro de estoques e nos processos de
produção;
descasamentos de prazo entre recebimentos e
pagamentos;
„„
antecipação da distribuição de lucros;
„„
outras.
34
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26/2/2009 11:30:53
Gestão do Fluxo de Caixa
Toda empresa tem um limite de caixa para financiar seu volume
de negócio. Diz-se overtrading quando este volume de recursos
previsto no caixa for ultrapassado para sustentar os seus negócios.
Em outras palavras, significa a falta de recursos monetários para
financiar as necessidades operacionais da empresa. Na tentativa
de “consertar” este déficit de caixa, buscam-se financiamentos
para dar continuidade às atividades operacionais da empresa.
Caso os custos e prazos destes empréstimos não sejam adequados
à política de gestão de tesouraria, o CGL vai diminuindo e a
NCG vai aumentando, abrindo um déficit de caixa cada vez
maior. A este evento chama-se de Efeito Tesoura.
Síntese
Elaborar e administrar os recursos disponíveis de caixa é um
dos principais objetivos do gestor de tesouraria. O planejamento
do fluxo de caixa permite ao gestor se antecipar às deficiências
futuras de caixa e criar ações corretivas, evitando o desvio das
políticas de caixa adotadas pela tesouraria.
São os recursos aplicados na atividade operacional da empresa
que dão a dinâmica aos ativos permanentes. Por serem de curto
prazo, são recursos e fontes que necessitam de grande agilidade
em sua gestão.
Cada empresa possui um conjunto de ações que acabam por
gerir o seu caixa. Aumentar o giro de estoques; protelar ao
máximo a saída de recursos de caixa sem o prejuízo da reputação
da empresa; vigília constante no volume, prazo e custo de
financiamentos e empréstimos e o rigor na diminuição de custos
e despesas são exemplos dessas ações que contribuem para uma
gestão eficaz de caixa.
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 35
35
26/2/2009 11:30:53
Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
1) Leia o artigo de Augusto B. Campos, publicado na seção Saiba mais,
e elabore 3 perguntas sobre o artigo, buscando atrelar o texto ao
conteúdo estudado na unidade 1.
Saiba mais
Consulte os seguintes livros, para aprofundar seu estudo sobre o
tema desta unidade:
„„
„„
„„
„„
„„
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São
Paulo: Atlas, 2003.
GITMAN, L. J. Princípios de administração
financeira. 7 ed. São Paulo: Harbra, 1997.
HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem
prática. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2004.
LEMES JR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIM,
A. P. M. S. Administração financeira: princípios,
fundamentos e práticas brasileiras. Rio de Janeiro:
Campus, 2002.
MARQUES, J. A. V. C. Análise financeira das
empresas: liquidez, retorno e criação de valor. Rio de
Janeiro: UFRJ, 2004.
36
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 36
26/2/2009 11:30:53
Gestão do Fluxo de Caixa
Recomendamos, também, a leitura do artigo a seguir.
Fluxo de caixa: instrumento essencial para profissionais independentes
Augusto Campos
Fluxo de caixa é um instrumento gerencial que controla e
informa todas as movimentações financeiras (entradas e saídas de
valores monetários) de um dado período – pode ser diário,
semanal, mensal, etc. O fluxo de caixa é composto dos dados
obtidos dos controles de contas a pagar, contas a receber, de
vendas, de despesas, de saldos de aplicações, e todos os demais
que representem as movimentações de recursos financeiros
disponíveis da organização.
De probloggers a músicos, todo profissional que atua de
forma autônoma ou independente precisa saber controlar as
entradas e saídas financeiras para poder maximizar o retorno
e evitar problemas por não poder prever as sobras e faltas de
disponibilidades.
O demonstrativo de fluxo de caixa também pode ser um
instrumento contábil legal, contexto em que toma um
aspecto mais formal e rígido. Se a sua intenção é realizar o
controle contábil de uma empresa, para propósitos fiscais,
societários ou outros, provavelmente a melhor alternativa é
procurar orientação com um contabilista de sua confiança.
Nossa missão hoje, detalhada abaixo, é conhecer
melhor o Fluxo de Caixa pessoal como instrumento de
acompanhamento para apoio à tomada de decisão. E o foco será
a situação específica dos profissionais autônomos, sejam eles
desenvolvedores web, probloggers, artistas, ou qualquer outro
profissional que encare os desafios de administrar seu negócio
individual, com várias fontes de renda variáveis, prestando
serviços para múltiplos clientes.
Fluxo de caixa como instrumento gerencial
Antes de prosseguir, um alerta: o mecanismo do fluxo de caixa
é bastante simples, mas nenhum sistema de informações pode
funcionar sem que os dados relevantes sejam constantemente
Unidade 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 37
37
26/2/2009 11:30:53
Universidade do Sul de Santa Catarina
atualizados nele. Da mesma forma, o sistema não tem qualquer
utilidade se os dados não forem analisados periodicamente, e se
a organização não tiver confiança neles. Em outras palavras: se
não for haver compromisso em manter o fluxo de caixa sempre
atualizado, pode ser melhor nem mesmo se dar ao trabalho de
tentar implementá-lo.
Outro aspecto a ser levado em conta é o das dependências: o
Fluxo de Caixa precisa de dados que nascem em um bom método
de controle de contas a pagar, contas a receber, acompanhamento
de saldos de aplicações bancárias, faturamento, despesas, etc.
Antes de se preocupar com sistemas agregadores, como o Fluxo
de Caixa, você precisa dar atenção a estes outros métodos de
coleta de dados específicos. E isto tem vantagens adicionais,
como levar a um melhor acompanhamento das suas posições em
relação a clientes, fornecedores, taxas públicas, etc. Não há como
ter um relatório de fluxo de caixa atualizado se você não registra
regularmente as faturas e nem acompanha se os seus clientes
estão pagando-as em dia, por exemplo.
E aqui, quando falo em sistemas, tomo a palavra em sentido
amplo. Embora seja desejável informatizar estes processos, é
perfeitamente possível realizar o acompanhamento de fluxo de
caixa da maioria dos autônomos usando papel, lápis e régua. Mas
acredito que a maior parte da audiência deste texto do Efetividade
não tenha dificuldade em ter acesso a um computador, e vá achar
vantajoso usar esta ferramenta tecnológica para o controle de suas
atividades. Neste caso, além de poder escolher entre diversos
sistemas contábeis voltados ao uso individual (alguns até mesmo
adaptados a necessidades específicas, como as dos profissionais
liberais), você pode optar por uma boa planilha eletrônica,
inclusive porque as fórmulas usadas em fluxos de caixa pessoais são
extremamente simples. Recomendo a planilha do BrOffice ou a do
Google Docs para começar.
Para que serve o Fluxo de Caixa
O Fluxo de Caixa é um instrumento de controle que auxilia na
previsão, visualização e controle das movimentações financeiras
de cada período. A sua grande utilidade, no contexto que estamos
apresentando hoje, é permitir a identificação (especialmente
38
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 38
26/2/2009 11:30:53
Gestão do Fluxo de Caixa
prévia, mas também posterior) das sobras e faltas no caixa,
possibilitando ao profissional planejar melhor suas ações futuras
ou acompanhar o seu desempenho.
Em uma empresa, o ideal é que o período de acompanhamento
seja diário, mas autônomos que usem o sistema exclusivamente
como instrumento gerencial podem se virar com períodos
maiores – semanal ou até mensal – dependendo da sua liquidez.
Períodos menores permitem maior eficiência nos investimentos
e aplicação financeira dos saldos positivos, mas em compensação
geram maior esforço ou custo de acompanhamento, no fenômeno
conhecido como overhead. É importante que você encontre o seu
ponto de equilíbrio.
De uma forma ou de outra, um controle de fluxo de caixa bem
feito é uma grande ferramenta para lidar com situações de alto
custo de crédito, taxas de juros elevadas, redução do faturamento e
outros fantasmas que rondam os empreendimentos. Ele permite:
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
Avaliar se as vendas presentes serão suficientes para
cobrir os desembolsos futuros já identificados.
Calcular os momentos ideais para reposição de estoque
ou materiais de consumo, considerando os prazos de
pagamento e as disponibilidades.
Verificar a necessidade de realizar promoções e
liquidações, reduzir ou aumentar preços.
Saber se é, ou não, possível conceder prazos de
pagamentos aos clientes.
Saber se é, ou não, possível comprar à vista dos
fornecedores, para aproveitar alguma promoção.
Ter certeza da necessidade, ou não, de obter um
empréstimo de capital de giro.
Antecipar as decisões sobre como lidar com sobras ou
faltas de caixa.
Mas não pense que um empreendimento individual em que
haja grande folga entre as receitas e as despesas (ou seja: em que
ocorra saldo positivo com facilidade todos os meses) não pode se
Unidade 1
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39
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Universidade do Sul de Santa Catarina
beneficiar deste controle adicional: saber antecipadamente *quanto*
vai sobrar, e *quando* este dinheiro estará disponível, permite
escolher as melhores aplicações financeiras e selecionar o momento
ideal para usar este dinheiro, oferecer condições mais vantajosas
(por exemplo: prazo) para clientes selecionados, e muito mais.
Modelo de Fluxo de Caixa
Como já mencionado acima, para propósitos contábeis, fiscais
e societários existem modelos e métodos bem mais formais e
restritivos para a construção do fluxo de caixa. Para uso como
instrumento gerencial, você pode adaptar da forma como melhor
servir aos seus propósitos.
Saídas
Entradas
A planilha abaixo é um exemplo, com valores completamente
“chutados”, de um fluxo de caixa com periodicidade semanal, e
itens bastante simplificados.
Dezembro de 2007
Semana 1
Previsto
Realizado
Semana 2
Previsto
Realizado
Saldo inicial
1000
11000
12420
11580
Vendas à vista
Cheque pré
A receber
Outros
Total entradas
Fornecedores
Água e luz
Telefone e net
Combustíveis
Taxas bancárias
8000
2500
4500
900
15900
1200
280
450
450
80
7000
2000
5000
8000
8000
6500
7580
9000
5000
14900
900
320
550
300
120
2312
950
300
450
400
80
22150
1050
260
350
320
110
Material consumo
Compra equip.
Pró-labore
Impostos e taxas
Aluguel e cond.
Outras despesas
Total Saídas
Saldo Operacional
200
1200
4000
4500
1000
120
13480
2420
280
1800
4000
4500
1000
550
14320
580
200
250
0
200
0
120
2950
20170
120
900
1200
200
0
400
4910
17240
Saldo Final
12420
11580
32590
28820
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Gestão do Fluxo de Caixa
Note que para cada um dos períodos há duas colunas: uma dos
valores previstos, e outra dos realizados. A segunda coluna,
naturalmente, só pode ser preenchida quando o período acabar.
As linhas são muito importantes, e estão divididas em blocos.
Vamos analisar uma a uma.
„„
„„
„„
„„
„„
„„
Saldo inicial: é o valor disponível no início do período,
correspondendo ao dinheiro que está “na gaveta”, ou no
bolso, somado aos saldos das contas correntes disponíveis
para saque. No fluxo de caixa, não são considerados nos
saldos os valores que estejam imobilizados, ou os que
estejam em aplicações consideradas indisponíveis para
saque no período.
Bloco “Entrada”: nele constam as diversas categorias de
entrada de dinheiro em caixa ao longo do período. Vendas
à vista, cheques pré-datados que se tornem disponíveis ao
longo do período, créditos de contas a receber (exemplo:
depósitos de clientes referentes a transações realizadas
anteriormente), ou o que for.
Total entradas: é a soma simples do bloco Entrada,
corresponde basicamente ao dinheiro novo que entrou em
caixa ao longo do período.
Bloco “Saídas”: aqui vão as diversas categorias nas quais
você realiza pagamentos. Energia, telefone, manutenção
de veículo, equipamentos, material de escritório, aluguel,
condomínio, impostos, etc. Um aspecto essencial deste
bloco é a inclusão do pró-labore, que, no caso de um
fluxo de caixa individual, corresponde ao dinheiro do
empreendimento que é retirado para uso pessoal do
empreendedor, como se fosse o seu salário – idealmente
em parcelas fixas e periódicas, e sempre registradas.
Total Saídas: é a soma simples do bloco Saídas,
corresponde basicamente ao dinheiro que saiu do caixa ao
longo do período.
Saldo operacional: Corresponde ao Total Entradas menos
o Total Saídas. É, portanto, o saldo de caixa referente
exclusivamente ao período, sem considerar o saldo anterior
que estava disponível. Pode eventualmente ser negativo
Unidade 1
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Universidade do Sul de Santa Catarina
– por exemplo, na data do pagamento do IPTU – , mas
uma sequência de saldos operacionais negativos sucessivos é
sempre um grande sinal de alerta.
„„
Saldo final: É a soma do Saldo Inicial com o Saldo
Operacional, considerando os respectivos sinais, caso algum
seja negativo. Basicamente, é o dinheiro que restou em caixa
ao final do período, e é imediatamente transcrito como o
saldo inicial do período seguinte.
Certamente você deve ter percebido que não há nada de complicado na
construção desta planilha – embora a obtenção dos dados em si possa
ser trabalhosa, e exija vários controles e acompanhamentos adicionais.
Construir a mesma planilha de cálculo não exige nenhuma função
matemática avançada – para criar a do exemplo, a única função que usei
foi a SOMA(); é possível que você queira acrescentar funções estatísticas
para identificar desvios em relação à média, pontos de máxima e de
mínima, ou mesmo colunas adicionais para comparar o previsto com o
realizado, ou até gráficos da evolução – tudo isso é simples aplicação dos
recursos da planilha eletrônica, mas não amplia os conceitos de fluxo de
caixa aqui demonstrados, embora enriqueça a análise.
E estas análises são exatamente o objetivo de se realizar o fluxo
de caixa como descrito acima. Se você tiver um bom método de
controle, é possível começar a preencher as colunas de “Previsto”
com grande antecedência, e detectar a necessidade de realizar
liquidações, ou a possibilidade de oferecer maiores prazos aos
clientes, por exemplo, de forma antecipada.
Olhando para os números que chutei no modelo de fluxo de caixa
da planilha acima, rapidamente identifico algumas situações que
demandariam correção: na segunda semana aconteceu uma retirada
de pró-labore completamente imprevista, por exemplo. E os saldos
iniciais de caixa são verdadeiramente astronômicos em um país de
taxas de juros tão elevadas como as nossas: este dinheiro deveria
ser aplicado, de forma a render juros, deixando disponível em caixa
apenas o suficiente para realizar o giro das atividades, com uma
pequena folga. Mas isso já é assunto pro Navarro, do Dinheirama.
Claro que a diferença entre previsto e realizado vai acabar
demonstrando quanto você conhece o seu negócio, e quanto o seu
mercado é estável ou previsível. Ao longo do tempo, você certamente vai
conseguir aproximar cada vez mais o previsto e o realizado.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Recomendações adicionais
Organizar e manter o fluxo de caixa dá trabalho, mas é
recompensador. Você precisa ser sistemático, e lembrar-se
de alimentar as planilhas no início de cada novo período.
Especialmente, você precisa estar disposto a manter atualizadas,
com a antecedência que for possível, as colunas de valores
previstos, e analisá-las sempre que necessário, para de fato poder
colher o principal fruto desta ferramenta: a possibilidade de
prever com maior precisão quando haverá sobra e quando haverá
falta de dinheiro em caixa.
A análise antecipada também permite tomar as providências
necessárias para que haja disponibilidade de caixa nas datas de
vencimento de impostos, taxas, prestações, financiamentos e
outros desembolsos com data certa, que incorrem em multas e
juros caso atrasem.
Se o seu mercado for sazonal, leve isto em conta nas suas
previsões, pois frequentemente os custos fixos (que ocorrem
mesmo na baixa temporada) acabam sendo um grande vilão, e o
faturamento da alta temporada precisa conseguir sobrepujá-los.
Quem poupa tem, e jamais se deve contar com o ovo antes de o
mesmo ser adequadamente expelido pelo galináceo. Excessos de
caixa devem ser aplicados, como vimos acima, mas é necessário
haver uma margem de segurança que permita garantir o giro
da empresa e também algum imprevisto. Não tenha excesso de
caixa, mas também não imobilize demais, ficando à mercê de
qualquer cliente que deixe de pagar uma fatura.
Agora é com você! Adapte o que aprendemos hoje sobre Fluxo de
Caixa à sua realidade e tenha um controle muito mais apurado
sobre as suas finanças pessoais. Se desejar saber mais, consulte
este excelente guia do SEBRAE SP.
E que seus saldos finais sejam sempre positivos!
Fonte: CAMPOS, Augusto. Fluxo de caixa: instrumento essencial para profissionais independentes.
In: Efetividade.net. Blogging, Carreira, Ferramentas, GP, Home office. Disponível em: <http://
www.efetividade.net/2008/01/09/fluxo-de-caixa-instrumento-essencial-para-profissionaisindependentes/>. Acesso em: 20 out. 2008.
Unidade 1
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unidade 2
Planejamento e elaboração do
fluxo de caixa
Objetivos de aprendizagem
„„ Projetar o fluxo de caixa.
2
„„ Elaborar o fluxo de caixa.
„„ Elaborar mapas e planilhas auxiliares na gestão de caixa.
Seções de estudo
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Seção 1
Projeção do fluxo de caixa
Seção 2
Implantação setorial e consolidado
Seção 3
Mapas e planilhas auxiliares
Seção 4
Modelos de fluxo de caixa
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos
de análise e avaliação de uma empresa, proporcionando ao
administrador uma visão futura dos recursos financeiros da
empresa, integrando o caixa central, as contas correntes em
bancos, contas de aplicações, receitas, despesas e as previsões. As
decisões relacionadas a compra, venda, investimentos, aportes de
capital pelos sócios, captação ou pagamento de empréstimos e
desinvestimentos constituem um fluxo contínuo entre as fontes
geradoras e as utilizadoras de recursos. Deve e pode ser utilizado
por empresas de qualquer porte, dada a sua importância e
simplicidade.
A projeção do fluxo de caixa permite avaliar a capacidade de uma
empresa:
„„
„„
„„
„„
„„
gerar recursos para suprir o aumento das necessidades de
capital de giro (geradas pelo nível de atividades),
remunerar os proprietários da empresa,
efetuar pagamento de impostos e reembolsar fundos
oriundos de terceiros,
analisar a forma como uma empresa desenvolve
sua política de captação e aplicação de recursos,
o acompanhamento entre o fluxo projetado e o
efetivamente realizado,
identificar as variações ocorridas e as causas dessas
variações.
SEÇÃO 1 - Projeção do fluxo de caixa
O planejamento do fluxo de caixa é uma atividade que consiste
em estimar a evolução dos saldos de caixa da empresa. Essas
informações são fundamentais para a tomada de decisão.
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Gestão do Fluxo de Caixa
A necessidade de planejamento de caixa está presente tanto
em empresas com dificuldades financeiras como naquelas bem
capitalizadas.
Para as empresas com problemas financeiros, o planejamento
de caixa é o primeiro passo no sentido de buscar seu
equacionamento. Nas empresas em boa situação financeira, o
planejamento de caixa permite-lhes aumentar a eficiência no uso
de suas disponibilidades financeiras.
O planejamento de caixa não é uma atividade fácil, pois lida com
grande dose de incerteza. Entretanto seus benefícios compensam
largamente os esforços despendidos em sua implementação.
A projeção do fluxo de caixa, na prática, geralmente compreende
períodos curtos de seis meses a um ano.
As empresas costumam projetar o fluxo de caixa dia a
dia para os primeiros 30 dias; para o segundo e terceiro
mês, pode ser semanal ou quinzenal; e, do quarto ao
sexto mês, pode ser apresentado mensalmente.
Para que as projeções do fluxo de caixa fiquem mais perto da
realidade, é necessário que as correções sejam feitas com base nos
valores efetivos. Em seguida, ajustam-se as premissas e condições
de mercado, a fim de que as próximas projeções tenham o
mínimo de erro possível.
O fluxo de caixa é um receptor dos dados financeiros gerados por
todas as áreas da empresa. Projeções de recebimentos de vendas
e pagamentos de compras, pessoal, serviço de terceiros, juros,
impostos, receitas e gastos diversos são informações importadas
de diversas áreas da empresa pelo fluxo de caixa.
Para a elaboração do fluxo de caixa, faz-se necessário considerar
possíveis oscilações, que irão implicar ajustes dos valores
projetados. Veja exemplos na sequência.
„„
Projeções de receita de vendas: dependendo do prazo
de cobertura do fluxo de caixa, será necessário incluir
estimativas de vendas ainda não realizadas. As receitas de
vendas a realizar são projetadas com base na previsão de
vendas físicas e dos respectivos preços. As projeções do
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47
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Universidade do Sul de Santa Catarina
quantitativo de vendas são efetuadas pela área comercial
da empresa e podem fazer parte de seu orçamento anual.
As projeções de preços de venda são efetuadas pela área
financeira ou comercial, de acordo com a prática da
empresa.
„„
„„
„„
„„
Projeções de recebimentos da cobrança: As estimativas
de recebimento dos clientes representam as projeções
de entradas de caixa de curto prazo, e sua principal
fonte é o sistema de contas a receber. Como o índice de
pontualidade de pagamento dos clientes não é 100%, é
preciso fazer ajustes nos números fornecidos nas contas
a receber. Por isso é necessário dispor dos percentuais
históricos de recebimento pontual da cobrança. Em
algumas empresas, a inadimplência dos clientes tem
proporções significativas e afeta consideravelmente os
números dos fluxos de caixa. O recebimento antecipado
da cobrança pode ocorrer quando a empresa adota uma
política de desconto para os clientes que antecipam
pagamentos. Nesse caso, uma análise estatística pode
ajudar a fazer as estimativas de recebimento antecipado.
Projeções de desembolsos com compras e serviços:
os pagamentos a fornecedores e prestadores de serviços
formam o principal item de saída de dinheiro em um
fluxo de caixa. Os desembolsos relativos a compras e
serviços, com pagamento já programado, são informados
pela área de contas a pagar. Os desembolsos apenas
contratados ou previstos são informados pelas áreas de
compras e contratos. Se a empresa tem planejamento
orçamentário, ele poderá auxiliar na previsão desses
desembolsos.
Projeções de despesas com pessoal: essas despesas são
as menos sujeitas a incertezas, porque o quantitativo de
pessoal é relativamente estável e o valor dos salários pode
ser previsto com razoável precisão.
Despesas financeiras: as fontes de dados referentes a
despesas financeiras são os contratos de empréstimos
e financiamento firmados pela empresa. Tanto
financiamentos de curto como os de longo prazo têm
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Gestão do Fluxo de Caixa
seus cronogramas e condições de pagamento definidos,
permitindo a obtenção dos dados de pagamento de
principal e juros.
É bom lembrar: as informações de que a empresa
dispõe para elaborar o fluxo de caixa projetado a curto
prazo diferem daquelas que estão disponíveis quando
se projeta a longo prazo.
Normalmente, quando se projeta a curto prazo, as principais
operações que vão provocar entradas e saídas de dinheiro já foram
realizadas e a empresa trabalha com relativo grau de certeza dos
recebimentos e/ou pagamentos dentro do período. No entanto,
quando se projeta a longo prazo, o que se conhece é apenas
projeção das operações de ingressos e/ou desembolsos de recursos
financeiros, ficando o fluxo de caixa projetado a longo prazo
exposto a eventos estranhos ao conhecimento primário por parte
da empresa, podendo comprometer as previsões consideradas.
Existem dois métodos para a elaboração do fluxo de
caixa: método direto e método indireto.
O método direto é o mais usado. Ele é construído a partir
das informações de despesas, investimentos e receitas de caixa
projetados e já conhecidos. Frequentemente são utilizados mapas
auxiliares para resumir e detalhar as informações recebidas das
diversas áreas da empresa.
O método indireto baseia-se em dados da contabilidade. Os
elementos de análise utilizados são as variações das contas
contábeis no início (está certo) e no fim do período considerado.
Fica evidente que, sendo o balanço e o fluxo de caixa retratos de
uma mesma realidade, apenas vistos através de prisma diferente,
os dois métodos não se contradizem. Daí que o fluxo de caixa
obtido dos demonstrativos contábeis deve apresentar os mesmos
resultados que os fluxos de caixa elaborado pela tesouraria,
apenas visto por outro ângulo.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para a empresa obter resultados positivos por meio do fluxo de
caixa, é preciso que o administrador financeiro atente para alguns
aspectos, tais como:
„„
„„
„„
assegurar ao caixa, dentro do possível, um nível razoável,
para formação de reservas da empresa;
alcançar maior liquidez nas aplicações financeiras do
disponível de caixa, a título de segurança, necessário para
atender às atividades operacionais;
procurar a maximização do lucro, considerando certos
padrões de segurança já previamente estabelecidos.
Finalmente, a empresa não deve medir esforços na implantação
e implementação deste importante instrumento de gestão
financeira, que, sem dúvida, ajudará a alcançar os objetivos e as
metas propostos.
SEÇÃO 2 - Implantação setorial e consolidado
A implantação do fluxo de caixa constitui em trabalhar os valores
enviados pelos diversos departamentos da empresa, segundo o
regime de caixa, ou melhor, os períodos em que efetivamente
devem ocorrer as entradas e saídas de caixa.
Para que haja a efetiva implantação, é preciso atender a alguns
requisitos, como:
„„
Qualidade dos dados, planilhas
e mapas a serem utilizados,
calendário de entrega de dados
„„
„„
„„
apoio da direção da empresa;
integração dos diversos departamentos da empresa ao
sistema de fluxo de caixa;
definição do fluxo de informações responsáveis pela
elaboração de várias projeções;
escolha da planilha de fluxo de caixa que atenda às
necessidades da empresa;
50
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Gestão do Fluxo de Caixa
„„
„„
„„
treinamento da pessoa ou do pessoal que vai implantar o
sistema de fluxo de caixa na empresa;
conscientização dos responsáveis pelos departamentos
para alcançar os objetivos e as metas estabelecidos no
fluxo de caixa; e
criar controles financeiros adequados, principalmente de
movimentação bancária.
Portanto, após o envio das informações para o administrador
financeiro, ele trabalhará para a consolidação do fluxo de caixa da
empresa.
SEÇÃO 3 - Mapas e planilhas auxiliares
Os mapas e planilhas auxiliares têm como propósito planejar e
organizar as informações que serão inseridas na planilha de fluxo
de caixa. O número de mapas e planilhas a serem usados vai
depender do tamanho e do tipo de atividade econômica de cada
empresa.
Esses mapas auxiliares podem ser de:
„„
despesas administrativas;
„„
despesas com vendas;
„„
despesas financeiras;
„„
impostos;
„„
vendas a prazo;
„„
recebimento com atraso;
„„
outros.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
A seguir, o Quadro 2.1 apresenta um exemplo do mapa auxiliar
de recebimentos das vendas a prazo.
Mês da venda/ano
Mês de recebimento/ano - R$
jan
fev
mar
...
dez
Total
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun ... Nov Dez Total Quadro 2.1 - Mapa auxiliar de recebimentos das vendas a prazo.
Fonte: Silva, 2006.
O Quadro 2.1 apresenta um mapa de recebimentos de vendas a
prazo mensal, mas nada impede que o mapa seja elaborado dia a
dia, semanal, ou quinzenalmente: vai depender da necessidade do
usuário. Esse mapa serve também para o mapa de recebimentos
das vendas com atraso.
O Quadro 2.2 apresenta um exemplo de uma planilha de
recebimentos, acompanhe.
Mês:___ /___
Clientes
Recebimentos
Realizado no
a realizar - R$
mês - R$
Vencido até 15 dias
Vencido até 30 dias
Vencido até 45 dias
...
Total de vencidos
A vencer até
Total a receber
Quadro 2.2 - Planilha de recebimentos.
Fonte: Silva, 2006.
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Gestão do Fluxo de Caixa
O Quadro 2.2 espelha principalmente as datas de vencimentos
das contas a receber. Outro ponto importante são as colunas do
planejado e do realizado. Informação para o acompanhamento e
controle dos recebíveis da empresa.
O Quadro 2.3 apresenta a planilha de despesas administrativas.
Despesas
Salários
Férias
FGTS a recolher
Aluguéis
Luz
Fone
...
Xerox
Outras despesas
Total
Mês: ___ /___
Planejado
Realizado
Quadro 2.3 - Planilha de despesas administrativas.
Fonte: Silva, 2006.
O Quadro 2.3 que representa a planilha de despesas
administrativas pode discriminar outros tipos dessas despesas
conforme características e atividade da empresa. O Quadro 2.4,
na sequência, apresenta uma planilha de pagamentos.
Fornecedores
A
B
C
...
D
E
F
...
Total
Mês: ___ /___
Pagamentos
A realizar
Realizado
Quadro 2.4 - Planilha de pagamentos.
Fonte: Adaptado de Silva, 2006.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
O Quadro 2.4 aponta o acompanhamento de diversos
fornecedores, além de destacar as colunas dos valores a realizar
e o realizado. Todas as informações são importantes para definir
parâmetros futuros de projeções com maior precisão para a
administração financeira. O Quadro 2.5 ilustra a planilha
de planejamento de compras com todas as especificações dos
insumos adquiridos. Veja a seguir.
Código
material
Quantidade
Fornecedor
Data
Entrada
Pagto
IPI
Ordem de
Material Total compra
Quadro 2.5 - Planilha de planejamento de compras.
Fonte: Silva, 2006.
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Gestão do Fluxo de Caixa
O Quadro 2.6, em sequência, exemplifica o mapa auxiliar de
despesas do fluxo de caixa.
Natureza das despesas
Pessoal
salários
encargos sociais
...
Financeira
juros de mora
descontos duplicatas
...
Administrativas
material de expedientes
fone
água
...
Tributárias
IPI
ICMS
...
Indiretas de fabricação
fretes sobre compras
manutenção
...
Vendas
comissões
fretes
...
Total
Meses/ano – R$
jan
fev
...
Quadro 2.6 - Mapa auxiliar de despesas do fluxo de caixa.
Fonte: Silva, 2006.
Todos os exemplos apresentados têm o objetivo de ajudar você
a escolher o que melhor lhe convém. Preferindo, pode também
fazer adaptação nesses modelos, de acordo com o perfil da
empresa.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 4 - Modelos de fluxo de caixa
Você encontrará, no site da Editora
Atlas, <www.editoraatlas.com.br>,
disponível para download, planilhas
já prontas de fluxo de caixa diário e
mensal, bastando apenas incluir os
dados de sua empresa.
As planilhas de fluxo de caixa podem ser elaboradas a partir de
programas de informática, os quais dão flexibilidade e praticidade
sobre a posição diária de caixa, além de viabilizar simulações de
diversas situações financeiras para a empresa.
O Quadro 2.7 apresenta um modelo de fluxo de caixa diário,
usando o método direto. Esse método está baseado no regime de
caixa, e registra todos os recebimentos e todos os pagamentos.
Trata-se de um método muito comum.
Atividades
Saldo Inicial Entradas vendas aumento do capital
... Total das Entradas Saídas salário aluguel ... Total das Saídas
Superávit/Déficit
captação/aplicação
Saldo Final
Período de ___/___ a ___/___
dia 1
dia 2
dia 3
...
dia 30
Quadro 2.7 - Fluxo de caixa diário (método direto).
Fonte: Silva, 2006.
O Quadro 2.7 aponta as transações de entradas e saídas que
irão variar de acordo com as peculiaridades das atividades de
cada empresa. O superávit ou déficit apresentado equivale ao
somatório do saldo inicial mais o total das entradas menos o total
das saídas. O item captação/aplicação acontece sempre que o
déficit ou superávit for diferente de zero. Toda vez que houver
déficit de caixa, a empresa deverá tomar empréstimo bancário.
Então, esse item apresentará um valor positivo, pois terá uma
entrada de recursos de caixas. Quando ocorrer captação de
recursos, o pagamento de juros e do principal do empréstimo
será uma saída de caixa no respectivo vencimento da operação.
Quando ocorrer superávit ou sobra de caixa, a empresa deverá
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Gestão do Fluxo de Caixa
aplicar os recursos no mercado financeiro. Assim, esse item
apresentará um valor negativo no fluxo, pois será uma saída de
recursos do caixa. Quando houver o resgate da aplicação, esse
valor será representado como uma entrada no caixa.
A seguir, é apresentado um modelo de fluxo de caixa pelo
método indireto. Para fins de avaliação, o uso do fluxo de
caixa pelo método indireto parece interessante. Ele é gerado
pela empresa após a dedução dos impostos, investimentos
permanentes e variações esperadas no capital circulante líquido.
Em outras palavras, seria o montante disponível para todos os
fornecedores de recursos. Por isso, devemos apurá-lo antes dos
pagamentos de dívidas. A figura 2.1 procura apresentar, de forma
didática, a diferença entre o método do fluxo direto e indireto:
Lucro Líquido
Mais / Menos
Menos
Ajustes
Saídas
Operacionais
Igual
Geração Interna
de Caixa
Mais / Menos
Método Indireto
Método Direto
Entradas
Operacionais
Geração Operacional
de Caixa
Igual
Fluxo Operacional
Mais / Menos
Geração Não Operacional de Caixa
Igual
Variação do Disponível
Figura 2.1 - Diferenças entre o método direto e indireto do fluxo de caixa.
Fonte: Sá, 1998.
Portanto o fluxo de caixa pelo método indireto não deve ser
confundido com o fluxo de caixa tradicional (método direto). Isso
porque o primeiro método é gerado pelas operações correntes e
está disponível para a distribuição, sem que ele afete o nível de
Unidade 2
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crescimento do investimento. Em termos práticos, o Quadro 2.8
pode auxiliar na compreensão da diferença entre os dois métodos.
Observe.
Vendas
Valor
(-) Impostos sobre vendas
(-) Custos (40 % das vendas)
(-) Despesas operacionais (20% das vendas)
(=) Ebitda (Lajida) 1
(-) Depreciação (variação no balanço)
Ebit (Laji) 2
(-) IR/CS (34%)
Nopat (Lodir) 3
(+) Depreciação
(-) Investimentos (var. bal.)
(-) Necessidade capital giro (var. bal.)
(=) Fluxo de caixa livre da empresa
(-) Amortização (definir sistema de amortização)
(-) Despesas financeiras
(-) Benefício financeiras
(-) Benefício fiscal (34% das desp. fin.)
(=) Fluxo de caixa livre do acionista
Legenda:
1 Ebitda (Earnings before interest, taxes, depreciation, amortization) ou Lajida: Lucro antes
de despesas financeiras, imposto de renda, depreciação e amortização.
2 Ebit (Earnings before interest, taxes) ou Laji: Lucro antes de juros e imposto de renda.
3 Nopat (Net operating after taxes) ou Lodir: Lucro operacional após o imposto de renda.
Quadro 2.8 - Fluxo de caixa pelo método indireto.
Fonte: O autor.
Um aspecto no método indireto do fluxo de caixa é a exclusão
das despesas de depreciação, amortização e exaustão. No que
se refere à apuração dos resultados dos investimentos, eles são
indispensáveis, porque representam o caixa a ser retido e tratado
como a recuperação dos investimentos realizados pela empresa.
Para o processo de avaliação, todavia, o que importa são os efeitos
que ocorrerão no fluxo futuro de caixa. Esses investimentos já
feitos não interessam mais, assumindo relevância somente aqueles
que impactarão o fluxo de caixa no futuro.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Síntese
Foram apresentados alguns exemplos de planilhas auxiliares
que facilitam na elaboração do fluxo de caixa, organizando
as informações que muitas vezes estão soltas. Portanto
os departamentos devem passar essas informações para o
administrador financeiro, que as analisará e consolidará no fluxo
de caixa da empresa.
Esses tipos de informações são primordiais para a tomada
de decisão. A qualidade de informação no planejamento e
consequentemente na elaboração do fluxo de caixa é iminente,
tanto em empresas que apresentam dificuldades financeiras,
como aquelas bem capitalizadas.
Os exemplos aqui apresentados servem como guia para empresas em
desenvolvimentos de suas planilhas, adaptando as nomenclaturas
utilizadas nos modelos as necessidades de cada empresa.
Atividades de autoavaliação
Leia o artigo Fluxo de caixa, essencial na gestão financeira e apresente uma
resenha deste, atrelando o artigo ao conteúdo estudado nesta unidade.
Fluxo de caixa, essencial na gestão financeira
Leonardo Costa Barbosa
A gestão dos recursos financeiros representa uma das principais
atividades da empresa. Dessa forma, faz-se necessário um efetivo
planejamento dos montantes captados e o acompanhamento
dos resultados obtidos, com o objetivo de administrar tais
recursos, possibilitando uma melhor operacionalização.
Para obter-se uma boa gestão financeira, é necessária a utilização
de ferramentas gerenciais, como o Fluxo de Caixa, entre
outros, que visam orientar e planejar os recursos disponíveis na
organização a partir da criação de cenários. Com isso, torna-se
possível a identificação de necessidades ou oportunidades,
para a aplicação dos excedentes de caixa em áreas rentáveis da
empresa ou em investimentos estruturais.
Unidade 2
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Tal instrumento tem a finalidade de direcionar as ações dos
Coordenadores e Gerentes Financeiros na busca pelo equilíbrio
das contas, a partir da visualização de períodos determinados e
de um planejamento. Dessa forma, o controle de desembolsos
de caixa, investimentos, análise dos melhores períodos para
pagamento e da programação de prazos para venda são algumas
facilidades propiciadas por esta ferramenta gerencial.
A utilização do Fluxo de Caixa pode ser feita por qualquer
empresa, sendo este diferenciado apenas pelas características
peculiares existentes (prazos de recebimento e pagamento,
sazonalidade de vendas, operações, etc.). Com isso, torna-se
possível a verificação das disponibilidades e a ordenação da
movimentação financeira, independente do porte ou da área de
atuação da empresa, propiciando, dessa forma, a reordenação
em tempo hábil de deficiências na geração de caixa, bem como
a análise posterior de possíveis distorções ocorridas entre o que
fora previsto e o que foi efetivamente realizado, evitando que
esses problemas voltem a ocorrer.
A partir da implementação do Fluxo de Caixa, como uma das
ferramentas gerenciais para operacionalização da gestão
financeira, será possível obter informações imprescindíveis à
tomada de decisão e resultados satisfatórios em um curto espaço
de tempo. entretanto a simples formalização desse instrumento
não será suficiente para a resolução dos problemas normalmente
enfrentados, devendo ser de responsabilidade do administrador
financeiro a elaboração e implementação de medidas para que a
organização alcance as metas estabelecidas.
Fonte: BARBOSA, Leonardo Costa. Fluxo de caixa, essencial na gestão financeira.
Disponível em: <http://www.ivansantos.com.br/fluxessencial.pdf>. Acesso em: 10 out.
2008.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Saiba mais
Recomendamos as seguintes leituras, para aprofundamento de
seu estudo sobre Gestão do Fluxo de Caixa:
SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa.
Apostila, São Paulo: Top Eventos, 1998.
TERCO AUDITORIA E CONSULTORIA S/C.
Demonstrações de origens e aplicações de recursos e fluxo de
caixa. Apostila, São Paulo: Ibracon, 1998.
SILVA, José Pereira. Análise financeira das empresas. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
Unidade 2
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unidade 3
Análise do fluxo de caixa
Objetivos de aprendizagem
„„ Analisar, interpretar, acompanhar, revisar e
controlar o fluxo de caixa.
3
Seções de estudo
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Seção 1
Análise dos Resultados
Seção 2
Interpretação
Seção 3
Acompanhamento e Avaliação
Seção 4
Revisão e controle
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Nesta unidade, será preciso haver por parte de você um
envolvimento contínuo no processo de análise, interpretação,
acompanhamento, avaliação, revisão e controle do fluxo de caixa.
Então, vamos explorar esses métodos, a fim de buscar a melhoria
constante nos resultados.
SEÇÃO 1 - Análise dos Resultados
É importante que o administrador financeiro foque em
alguns pontos importantes, para que a análise dos resultados
do fluxo de caixa seja eficaz, e, de tal modo que permita ao
administrador financeiro uma consistência em suas análises e um
aperfeiçoamento contínuo dos resultados.
O acompanhamento entre o que foi projetado e o que
efetivamente ocorreu, permite que o administrador financeiro
identifique e corrija as razões pelas quais estas possíveis distorções
ocorreram. Da mesma forma, elaborar um fluxo de caixa
para que seus participantes vislumbrem o processo de forma
transparente e de fácil entendimento é considerado atitude que
colabora para uma análise eficaz.
Um aspecto que não se pode deixar de comentar é a otimização
do giro de caixa. Isso pode ser alcançado por um rigoroso
gerenciamento de contas a receber, aliado a uma boa gestão
dos estoques no dia-a-dia. Dessa forma, podemos alcançar um
maior giro de caixa, evitando financiamentos desnecessários para
suportar a demanda operacional.
Não menos importante é, sempre que possível, conquistar
prazos mais elásticos junto aos seus fornecedores. Como
resultado, tem-se a redução do prazo médio de estoques através
de aumento do giro das matérias-primas, redução do ciclo de
produção e o aumento do giro de produtos acabados.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Enfim, para que o fluxo de caixa possa atender a suas devidas
finalidades, é preciso haver, além da análise, a interpretação,
acompanhamento, avaliação, revisão e controle por parte
daqueles envolvidos nesse processo.
SEÇÃO 2 - Interpretação
Explicar, explanar ou aclarar o sentido de números e resultados são
ações que permitem interpretar o desempenho do fluxo de caixa.
Nesta fase de interpretação de números, diferenças entre o projetado
e o efetivado e resultados, o gestor de tesouraria buscará analisar com
maior profundidade os dados que apurou na fase anterior.
A interpretação do fluxo de caixa tem por objetivo
a procura do sentido mais amplo das respostas, o
que poderá ser feito mediante ligação com outros
conhecimentos já assimilados. Portanto conhecer bem
o mercado de atuação da empresa, e, ainda, todas
as suas áreas e ter bom relacionamento com elas
contribuirá muito para a interpretação do conteúdo
financeiro expresso no fluxo de caixa.
Conhecer as origens e aplicações de recursos, visando adequar
prazos de recebimentos e de pagamentos, assim como conhecer
a rentabilidade das aplicações e, em contrapartida, o custo
de captação, assegura ampliar a visão sistêmica do gestor de
tesouraria, o que vai contribuir para a interpretação eficaz dos
resultados do fluxo de caixa.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 3 - Acompanhamento e Avaliação
O controle do fluxo de caixa exige uma análise do desempenho
do período, para levantar as diferenças e causas do que foi
projetado versus o realizado. É importante colocar por escrito
as justificativas das variações relevantes. Essa análise ajuda nas
comparações futuras dos períodos projetados.
Toda vez que a diferença seja relevante percentualmente e/ou em
valor absoluto entre o previsto e o realizado, é aconselhável que
seja justificada, tanto para as entradas quanto para as saídas. No
acompanhamento, as entradas e saídas podem ser comprovadas
por documentos como as notas fiscais de compra e venda; títulos
a receber e a pagar; notas promissórias; e duplicatas, isto para que
não haja enganos. Dessa forma, podem ser verificadas as causas,
como por exemplo, atrasos de pagamentos a fornecedores; atrasos
de recebimentos e dificuldades na captação de empréstimos.
Uma das maneiras para que não ocorram novamente os mesmos
erros nos períodos vindouros é compartilhar com os diversos
setores cópias de relatórios e análises econômico-financeiras.
Deste modo se conhecerão os motivos que contribuíram para um
bom ou mau desempenho do fluxo de caixa.
SEÇÃO 4 - Revisão e controle
Fazer projeções não garante que os objetivos e as metas propostas
serão alcançados. Isso depende do comprometimento dos
responsáveis pelos departamentos da empresa de se empenharem
para obter os objetivos estabelecidos.
O fluxo de caixa planejado pode sofrer oscilações de mercado e
imprevistos relacionados à atividade da empresa. Por isso o controle
do fluxo de caixa é tão importante quanto o seu planejamento
e elaboração, pois são dependentes, de maneira que possam ser
práticos e utilizados nos processos de tomada de decisão.
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Gestão do Fluxo de Caixa
O administrador financeiro deverá acompanhar o desempenho
do planejado, informando aos responsáveis das áreas,
periodicamente, o realizado e o que falta a realizar. O período
planejado deve ser revisto e atualizado de acordo com a
necessidade da empresa.
São exemplos de revisão do fluxo de caixa o controle
diário da movimentação bancária; o boletim diário
de caixa e bancos; o controle de recebimentos e
pagamentos diários e o controle de investimentos e
financiamentos.
É recomendável que se faça o controle do realizado versus o
planejado diariamente, não deixando tudo para o final do mês,
pois se torna muito exaustivo e acaba por atrasar a elaboração do
fluxo de caixa do mês seguinte. O controle diário também ajuda
na diminuição da margem de erros e assegura flexibilidade para
acompanhar o desempenho e verificar que medidas podem ser
aplicadas para melhorar o resultado, caso haja necessidade.
A contabilidade é uma fonte fidedigna para se fazer o controle
dos dados. Caso haja necessidade, um controle paralelo pode
auxiliar na apuração imediata das informações e dá flexibilidade
ao sistema. O movimento das contas bancárias e os movimentos
internos de caixa e extracaixa são exemplos dessas fontes de
informações.
Síntese
Para utilizar o fluxo de caixa como instrumento de gestão
financeira, é necessário que ele esteja sempre revisado
e atualizado. Assim, auxiliará nas futuras projeções,
principalmente se a empresa precisar captar recursos que poderão
ser planejados com antecedência, efetuando-se um levantamento
dos custos financeiros.
É recomendável que haja freqüência nas revisões das projeções do
fluxo de caixa, de modo a mantê-las atualizadas. Devem-se também
realizar revisões todas as vezes que acontecerem eventos internos ou
externos que possam refletir significativamente no caixa.
Unidade 3
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Atividades de autoavaliação
Para um melhor aproveitamento do seu estudo, efetue as atividades
abaixo:
Leia o artigo “FLUXOS DE CAIXA E CAPITAL DE GIRO - Uma Adaptação
do Modelo de Fleuriet, publicado na seção Saiba mais, para
responder à questão proposta.
a) De acordo com a leitura do artigo, este trabalho consiste em propor um
modelo de análise dos Fluxos de Caixa a partir do Modelo Dinâmico
de Capital de Giro. Explique o modelo proposto, apresentando uma
síntese dos principais tópicos trabalhados no artigo.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Saiba mais
Consulte os seguintes livros, para aprofundar seu estudo sobre o
tema desta unidade:
„
„
„
FREZATTI, F. Gestão do fluxo de caixa diário. São
Paulo: Atlas, 1997.
ZDANOWICZ, J. E. Fluxo de caixa: uma decisão
de planejamento e controle financeiros. 10. ed. Porto
Alegre: Sagra Luzzato, 2004.
SANTOS, E. O. Administração financeira da pequena
e média empresa. São Paulo: Atlas, 2001.
Recomendamos, também, a leitura do seguinte artigo:
Fluxos de caixa e capital de giro – uma adaptação do
modelo de Fleuriet
Andréa Alves Silveira Monteiro,
Roberto Moreno
1 – Introdução
O objetivo principal de qualquer administrador de empresa deve
ser o de maximizar a riqueza dos proprietários, que é medida
pelo preço da ação. este, por sua vez, baseia-se na ocorrência
dos fluxos de caixa (retorno), em sua magnitude e seu risco.
esta consideração permite-nos afirmar que as informações
mais relevantes que uma empresa pode gerar são aquelas
relacionadas ao seu caixa. Para qualquer natureza de decisão,
seja operacional, de investimento ou de financiamento, conhecer
os reflexos de curto e de longo prazo no caixa para cada atitude
tomada é o que realmente importa.
Stancill (1987, p.38) considera a capacidade de geração de caixa
uma informação essencial. Afinal, em sua opinião, uma empresa
não pode pagar contas com lucros, apenas com o caixa. O próprio
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Universidade do Sul de Santa Catarina
pagamento dos lucros é diretamente dependente dos saldos de
caixa da empresa. No seu entendimento, por trás do interesse dos
usuários sobre a potencialidade de lucros de uma organização,
está o desejo de saber quanto em caixa ela está gerando.
Contudo casos recentes de fracasso empresarial têm fortalecido
a convicção de que os enfoques previsivo e preventivo da
análise dos fluxos de caixa não são explorados em toda sua
potencialidade. A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)
resguarda, na sua simplicidade, capacidades essenciais para o
sucesso na condução de qualquer porte ou atividade empresarial,
que permite, como por exemplo: (a) apoiar o estudo para a
previsão de falência; (b) analisar a relação lucro versus caixa; (c)
avaliar os efeitos no caixa das transações de investimentos e
financiamentos e (d) indicar as possibilidades futuras de liquidação
de obrigações. estas, entre outras, corroboram com a idéia de que,
quando a questão é o estudo da liquidez, a DFC é o relatório mais
eficaz na condução da gestão empresarial.
Além disso, “dez entre dez analistas utilizam o Fluxo de Caixa para
saber o verdadeiro valor de uma empresa” (Alperowitch, 1999,
p.24). O Modelo do Fluxo de Caixa Descontado foi considerado
por Miller e Modigliani como a metodologia mais abrangente
para avaliação de ativos e de empresas. eles afirmaram que a
abordagem do fluxo de caixa descontado pode “ser aplicada a
toda empresa, a qual pode ser vista como um grande e complexo
equipamento”. (in Paxson & Wood, 2001, p.181).
Desde 1988 os estados Unidos reconhecem a relevância da
DFC e formalizaram esta posição ao substituir, naquele ano, a
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pela
DFC. Os critérios de elaboração e divulgação foram normatizados
pelo Financial Accounting Statement Board (FASB), através do
Statement Financial Accounting Standard (SFAS) 95. No Brasil,
estamos na iminência de passarmos pela mesma substituição,
conforme proposta de modificações para a Nova Lei das S/A.
Se aprovada, a Demonstração dos Fluxos de Caixa passará ser
relatório obrigatório para as Sociedades Anônimas, sendo acatado
o modelo americano, como sucintamente determinou a Normas e
Pronunciamento de Contabilidade (NPC)20, do IBRACON.
À luz do que pesquisamos, o Brasil tende a seguir o êxodo
americano em direção ao uso da DFC como fonte de
informações. No entanto importantes questionamentos
ainda aguardam o posicionamento da comunidade contábil.
Parte relevante das indagações está relacionada à taxonomia,
ao método de elaboração do Fluxo de Caixa Operacional
e à qualidade das informações sobre o caixa gerado ou
consumido pelos três fluxos. A comparabilidade, como uma
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Gestão do Fluxo de Caixa
característica informacional essencial, pode ficar comprometida
por incongruências que se acentuam de acordo com as
peculiaridades e transações mais específicas.
A DFC, adotada como peça importante do conjunto das
Demonstrações Financeiras, será exaustivamente dissecada
por usuários interessados por respostas para as variações de
performance apresentada pelas organizações. Devido à sua
natureza dinâmica, demanda critérios próprios para sua análise,
distintos dos utilizados para o Balanço Patrimonial.
Os parâmetros de análise de Balanço foram criticados, pelo
professor francês Michel Fleuriet, principalmente quanto
às limitações dos índices de liquidez. Na sua opinião, a
interpretação da situação financeira de uma empresa, quando
baseada no Balanço Patrimonial, tende a ser uma visão estática
incompatível com o dinamismo do cotidiano empresarial.
Seu interesse por este assunto veio atender as dificuldades
existentes no Brasil, já existentes na década de 70. Junto com
a Fundação Dom Cabral, Fleuriet desenvolveu pesquisas no
sentido de identificar um modelo de análise para as estruturas
financeiras brasileiras. Seu principal norteador foi a construção
de um método que se adaptasse a um cenário sob constante
mutação e imprevisibilidade, e não uma simples importação de
modelos exógenos à nossa realidade.
O enfoque estático do Balanço foi revisto a partir da
reclassificação dos elementos patrimoniais em três naturezas:
(a) operacionais, (b) financeiros e (c) não-circulantes. Desta
segregação, foram extraídas três variáveis interdependentes, as
quais representam o fio condutor das pesquisas de Fleuriet: (a)
Necessidade de Capital de Giro (NCG), (b) Saldo de Tesouraria
(ST) e (c) Capital de Giro (CDG). estas, a partir de um modelo de
combinação, resultaram em seis tipos de estruturas financeiras,
servindo como diagnóstico e parâmetro para decisões
operacionais, táticas e estratégicas.
Nosso trabalho teve como objetivo principal verificar a
possibilidade de aplicação dos diagnósticos do Fleuriet sobre
a DFC, mantido o formato estabelecido pelo SFAS 95. Para
tanto, estudamos e organizamos as combinações das variáveis,
propondo uma tabela-resumo dos seis tipos de estruturas
financeiras. A seguir, desenvolvendo uma demonstração
lógica da compatibilidade entre o Balanço Patrimonial e a DFC,
provamos que é possível isolar, a partir dos Fluxos de Caixa, as
mesmas variáveis do Modelo Dinâmico de Capital de Giro.
Unidade 3
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Com base nos dados publicados por empresas selecionadas do
setor de comércio varejista, aplicamos o modelo proposto sobre
as Demonstrações Financeiras da controladora para o período
de 01 de janeiro de 1997 a 31 de dezembro de 2000. Foram
escolhidas para base de teste quatro organizações importantes
deste setor, que, para efeito desta publicação, chamaremos de
empresas A, B, C e D.
2 – A Demonstração dos Fluxos de Caixa, segundo o FASB
A DFC é um relatório que evidencia, historicamente, as entradas
e saídas caixa de uma entidade, em um determinado período.
O termo caixa deve ser tratado no seu sentido amplo, como o
somatório de Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras. Para este
último caso, o SFAS 95 orienta sobre o que considerar como
equivalente de caixa. entre as considerações mais relevantes, está
o prazo de resgate em até 90 dias. O FASB determina que a DFC
seja segregada em três atividades: operacional, de investimento
e de financiamento.
As atividades operacionais referem-se às entradas e saídas
de caixa necessárias à manutenção dos negócios da entidade.
O parágrafo 21 do SFAS 95 determina que neste fluxo estejam
representadas todas as transações que envolvam a produção
e entrega de bens, mercadorias e serviços, e que não estejam
enquadradas em nenhuma das características de operações de
investimentos ou financiamentos preconizadas pelos parágrafos
15 ao 20. O FASB não faz menção a respeito da segregação
entre curto e longo prazo. O Fluxo Operacional pode ser
evidenciado por dois métodos: direto ou indireto. O Método
Direto consiste na composição dos valores de entradas e saídas
que efetivamente geraram ou consumiram caixa das operações.
O Método Indireto consiste na conciliação do Resultado Líquido
do exercício com a efetiva variação do caixa. Para compor esta
relação, são aplicados os seguintes ajustes: (a) expurgo dos
efeitos das transações incluídas na Demonstração do Resultado
do exercício (DRe) que não afetaram o Capital Circulante Líquido,
como por exemplo: Depreciação, Resultados de equivalência
Patrimonial e Imposto de Renda Diferido, e (b) expurgo das
variações dos ativos e passivos por representarem valores
relativos às transações de caixa decorridas antes ou após o
período de apuração do resultado.
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Gestão do Fluxo de Caixa
As atividades de financiamento são tratadas no parágrafo
18 do pronunciamento e incluem: (a) a obtenção de recursos
de acionistas e o pagamento de um retorno (dividendos)
sobre seus investimentos e (b) a obtenção de empréstimos
e financiamentos de curto e longo prazo, incluindo os seus
respectivos pagamentos. estas atividades estão diretamente
relacionadas com a estrutura de capital da empresa e envolvem
as modificações que afetaram o caixa nos exigíveis onerosos de
curto e longo prazo e no Patrimônio Líquido.
As atividades de investimentos são vinculadas às mudanças da
estrutura de investimento de curto ou longo prazo que afetaram
o caixa, porém não de natureza operacional. O parágrafo 15
inclui as operações de execução e arrecadação de empréstimos,
aquisição e disposição de aplicações financeiras e compra e
venda de ativos permanentes.
A seguir, apresentamos um exemplo hipotético de movimentação
de caixa de uma entidade e como deveriam ser evidenciados os
itens, segundo a estrutura determinada pelo FASB.
Consideremos os seguintes dados para X1: (a) saldo inicial em
1º de janeiro de X1: $10.000,00; (b) Fluxo Líquido das Atividades
Operacionais: $80.000,00; (c) Fluxo Líquido das Atividades de
Investimento: ($100.000,00) e (d) Fluxo Líquido das Atividades
de Financiamento: $60.000,00. Neste caso, a Demonstração dos
Fluxos de Caixa fica assim representada:
Fluxo de Caixa Líquido das Atividades Operacionais
$ 80.000
(+/-) Fluxo de Caixa Líquido das Atividades de Investimento
($ 100.000)
(+/-) Fluxo de Caixa Líquido das Atividades de Financiamento
$ 60.000
(=) Acréscimo /Decréscimo de caixa no período
$ 40.000
(+) Saldo inicial de caixa em 1º de janeiro
$ 10.000
(=) Saldo final de caixa em 31 de dezembro
$ 50.000
O acréscimo ou decréscimo de caixa no período é determinado
pelo somatório dos três fluxos líquidos. Chamamos esta variação
de caixa gerado, se positiva, ou consumido, se negativa. O saldo
final é determinado, acrescentando o saldo inicial àquela variação.
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Universidade do Sul de Santa Catarina
este formato permite uma visualização da movimentação dos
recursos existentes entre os três fluxos. No exemplo dado,
as atividades operacionais e as atividades de financiamento
produziram em caixa, respectivamente, $80.000 e $60.000. Desse
total de $140.000, foram utilizados $100.000 nas atividades de
investimentos da empresa, restando $40.000, os quais foram
adicionados ao caixa inicial de $10.000, o que derivou seu
montante final para $50.000. Apesar da simplicidade, o critério
de classificação quanto às suas atividades é o ponto de maior
discussão e questionamento sobre o modelo norte-americano.
Problemas de taxonomia podem resultar em distorções nos
valores demonstrados por cada fluxo de caixa.
3 – O Modelo Dinâmico de Capital de Giro
A partir da reclassificação do Balanço Patrimonial em
operacional, financeiro e não-circulante, Fleuriet isolou e
combinou três variáveis, permitindo interpretar as decisões dos
gestores, identificar suas conseqüências e nortear os rumos para
o futuro. São estas:
1. O Capital de Giro (CDG) é a diferença entre os Passivos NãoCirculantes (PNC) e os Ativos Não-Circulantes (ANC). Como PNC,
estão inclusos os Passivos exigíveis a Longo Prazo e o Patrimônio
Líquido, já o ANC considera os Ativos Realizáveis a Longo Prazo
e o Ativo Permanente. O CDG possui o mesmo valor absoluto
que o Capital Circulante Líquido (CCL), apenas seu cálculo
é realizado de maneira diferente (Fleuriet et al., 1978, p.20).
Metaforicamente, o CCL é o reflexo no espelho do CPL: imagens
iguais para composições diferentes. este termo é entendido por
alguns autores como sinônimo de Capital de Giro Líquido e de
Capital Circulante Líquido, o que é ratificado por Stickney e Weil
(2001, p.806), que consideram uma redundância a terminologia
“líquido”. Neste trabalho, adotaremos a definição Capital
Permanente Líquido (CPL), aceita por alguns autores, como Silva
(2001, p.371), para melhor diferenciar do termo Capital Circulante
Líquido utilizado em explanações que seguem. Quando o CPL
é positivo, significa que as origens de recursos de longo prazo
e o capital próprio superam o valor investido em longo prazo,
destinando esta sobra para o CCL.
Ao contrário, se o CPL é negativo, as aplicações de longo prazo
utilizam recursos de curto prazo.
2. A Necessidade de Capital de Giro (NCG) é a diferença
entre Ativos e Passivos Operacionais. É positiva quando o ciclo
operacional for maior que o prazo médio de pagamento e
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Gestão do Fluxo de Caixa
negativa quando o contrário ocorrer. A NCG tende a ser positiva
e diretamente crescente em relação à evolução das vendas, se o
volume de negócios cresce a demanda de investimento em giro
também aumenta. Neste sentido, o CPL precisa acompanhar esta
evolução, fazendo face ao lastro necessário para o crescimento
das operações. Quando isto não ocorre, a empresa tende a
utilizar capital financeiro de curto prazo e a apresentar Saldo
de Tesouraria negativo, apesar do crescimento das vendas. este
fenômeno, conhecido como “efeito Tesoura”, foi tratado por
Fleuriet como evidência da interdependência das variáveis por
ele isoladas.
3. O Saldo de tesouraria (t) é a diferença entre os Ativos
Financeiros (AF) e Passivos Financeiros (PF) de Curto Prazo, e
será positiva quando os AF forem superiores aos PF e negativa
quando o contrário ocorrer. As decisões operacionais e as
políticas de autofinanciamento são determinantes de T.
4 – Modelo Proposto: Integração Fluxos de Caixa versus
Capital de Giro
A partir da combinação das variáveis CPL, NCG e T, Fleuriet
diagnosticou seis tipos de situações financeiras. Originalmente,
sua obra demonstrou quatro tipos, fazendo apenas menção a
mais dois que, posteriormente, foram estudados por Braga (1999,
p. 17). Nossas pesquisas permitiram construir a tabela abaixo,
facilitando visualizar os diagnósticos:
Tipo
CPL
=
T
+
NCG
Interpretação
1
+
=
+
+
-
Situação de Excelente Liquidez
2
+
=
+
+
+
Situação Financeira Sólida
3
+
=
-
+
+
Situação Financeira Insatisfatória
4
-
=
+
+
-
Alto Risco de Insolvência
5
-
=
-
+
-
Situação Financeira Muito Ruim
6
-=
-
+
+
Péssimo
Unidade 3
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 75
75
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Universidade do Sul de Santa Catarina
estes são os fatores que contribuem para a modificação das variáveis:
Variável
Característica
Aumenta com
Diminui com
NCG = Ativos
Cíclicos –
Passivos Cíclicos
De natureza operacional
Quando positiva: o ciclo
operacional é mais longo que
o prazo médio de pagamento,
necessitando de investimento em
giro operacional. Neste caso, uma
situação desfavorável
Quando negativa: o ciclo
operacional é menor que o
prazo médio de pagamento,
representando recursos
financiados por terceiros (não
onerosos). Neste caso uma
situação favorável • Redução
 Crescimento no
volume de vendas
 Esticamento da
estocagem
 Esticamento do
processo de produção
 Políticas de crédito
agressivas, com
aumento do prazo de
recebimento do prazo
de pagamento
 Redução das
Vendas
 Velocidade no giro
dos estoques
 Velocidade no
processo produtivo
 Política de crédito
mais conservadora
 Esticamento
do prazo com
fornecedores
CPL =
Passivos NãoCirculantes
–Ativos NãoCirculantes =
CCL = NCG + T
De natureza estratégica e
operacional
Função espelho com o CCL. Se
aumentar o CPL, aumenta o CCL.
Se diminuir o CPL, diminui o CCL
 Geração de Lucros
 Aporte de Capital
 Captação de recursos
onerosos de longo
prazo
 Diminuição de
investimentos
em Ativos NãoCirculantes •
 Geração de
Prejuízo
 Retirada de Capital
 Distribuição de
Lucros
 Amortização de
financiamentos
 Aumento de
Investimentos
em Ativos NãoCirculantes
 Aumento do CCL
 Redução do NCG
 Redução do CCL
 Aumento da NCG
Quando Positivo: fonte líquida
de recursos de permanentes,
dando fôlego ao CCL. Neste caso,
situação favorável
Quando Negativo: aplicação em
itens permanentes. Incapacidade
da empresa de ter giro com
capital próprio ou de longo prazo.
Neste caso, situação desfavorável
T = Ativos
Financeiros
– Passivos
Financeiros =
CPL - NCG
De Natureza errática
Dependente do NCG e do CPL
Quando positiva: empresa com
sobra de recursos financeiros de
curto prazo. Neste caso, situação
favorável
Quando negativa: empresa
dependente de recursos
financeiros de curto prazo. Neste
caso, situação desfavorável
Fonte: Adaptado de Sales Cia (1988, p. 62).
O acompanhamento do comportamento destas variáveis e a relação entre elas
podem representar a diferença entre o fracasso e o sucesso da gestão financeira
de uma empresa. Para tanto, há necessidade de que esta ação seja preventiva
76
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 76
26/2/2009 11:31:03
Gestão do Fluxo de Caixa
e dinâmica como o próprio modelo propõe. A tempestividade da DFC,
utilizada por muitas empresas até diariamente na condução de seus
negócios, veio ao encontro desta necessidade, superando a estaticidade
peculiar do Balanço Patrimonial. este fato foi o principal norte para a
proposta de verificarmos a adaptabilidade do Modelo Dinâmico de
Capital de Giro para a DFC.
Contudo o modelo adotado para evidenciação dos Fluxos de Caixa tem
critérios de evidenciação que dificultam a extração das variáveis para
análise dinâmica do Capital de Giro. O principal obstáculo é a junção
de operações de curto com longo prazo em um mesmo fluxo de caixa,
o que impede a segregação das operações para composição de CPL,
NCG e T. em decorrência, propomos a reclassificação das transações que
compõem os fluxos em curto e longo prazo, da seguinte forma:
Operação
(=)
(+)
(=)
(-)
(+)
(=)
(-)
(+)
(=)
(=)
(+)
(-)
(=)
(+)
(-)
(=)
(=)
(+)
(-)
(=)
(+)
(-)
(=)
(=)
(+)
(=)
(=)
(=)
Eventos
Fluxo de Caixa das Atividades Operacionais
Resultado Líquido
Ajustes
Resultado Líquido Ajustado = (1)
Variações de Ativos Circulantes Operacionais = (2)
Variações de Passivos Circulantes Operacionais = (3)
Variação da Necessidade de Capital de Giro = (2) – (3) = (4)
Variações de Ativos Não-Circulantes Operacionais = (5)
Variações de Passivos Não-Circulantes Operacionais = (6)
Geração de Caixa Operacional = (1) - (4) – (5) + (6) = (7)
Fluxo de Caixa das Atividades de Investimento
Investimentos Estratégicos = (8) – (9) = (10)
Entradas de Investimento de Longo Prazo = (8)
Saídas de Investimento de Longo Prazo = (9)
Investimentos Táticos = (11) – (12) = (13)
Entradas de Investimento de Curto Prazo = (11)
Saídas de Investimento de Curto Prazo = (12)
Geração de Caixa de Investimento = (10) + (13) = (14)
Fluxo de Caixa das Atividades de Financiamento
Financiamentos Estratégicos = (15) - (16) = (17)
Entradas de Financiamento de Longo Prazo (15)
Saídas de Financiamento de Longo Prazo (16)
Financiamentos Táticos = (18) - (19) = (20)
Entradas de Financiamento de Curto Prazo (18)
Saídas de Financiamento de Curto Prazo (19)
Geração de Caixa de Financiamento = (17) + (20) = (21)
Total do Caixa Gerado = (7) + (14) + (21)
Saldo inicial de caixa = (23)
Saldo final de caixa = (21) + (23) = (24)
Variação do Saldo de Tesouraria = (21) + (13) – (20) = (25)
Variação do Capital Permanente Líquido = (4) + (25) = (26)
Unidade 3
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 77
77
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Universidade do Sul de Santa Catarina
este modelo não contraria as exigências da NPC 20, que
segue as orientações do FASB. Mas, tão somente, consiste em
segmentar os fluxos de atividades em curto e longo prazo,
viabilizando a extração dos variáveis: (a) a NCG, como a diferença
entre a variação dos Ativos Circulantes e Passivos Circulantes
Operacionais (item 4); (b) o ST, como somatório do Total do Caixa
Gerado acrescido dos Investimentos Táticos e subtraídos os
Financiamentos Táticos (item 25) e (c) o CPL, como o somatório
das variações da NCG e ST (item 26).
A restrição deste modelo é a falta dos saldos iniciais de NCG e ST,
já que a DFC permite apenas isolar as variações das mesmas. No
entanto este fato pode ser contornado a partir do conhecimento
dos saldos iniciais destas variáveis, os quais são obtidos do
Balanço Patrimonial imediatamente anterior ao período da DFC.
estas informações podem ser inseridas em notas de rodapé
dos Fluxos de Caixa, quando apresentados isolados do Balanço
Patrimonial. estas providências tornariam viável a aplicação dos
diagnósticos de Fleuriet sobre a DFC, conferindo a este relatório
a transparência e a consistência informacional suficientes para
sustentar a interpretação por parte dos usuários, sejam eles
internos ou externos.
Considerando que, para o isolamento das variáveis, é
necessário acrescentar à variação os saldos iniciais de Balanço, é
possível aplicarmos as seguintes fórmulas na determinação das
variáveis, onde:
NCG = NCGi + .Aocp - .Pocp
t = ti + tCG - EIt + SIt - EFt + SFt
CCL = NCG + t
CPL = CCL
A aplicação do modelo baseou-se nos seguintes procedimentos:
(a) seleção das Demonstrações Financeiras e transcrição das
mesmas para uma planilha eletrônica (excel); (b) reorganização
do Balanço Patrimonial em: cíclico, financeiro e não- circulante;
(c) isolamento das variáveis: NCG, ST e CPL; (d) aplicação da
tabela resumo dos diagnósticos sobre o Balanço Patrimonial;
(e) elaboração da DFC conforme o modelo adaptado; (f)
isolamento das variáveis: NCG, ST e CCL, a partir dos Fluxos de
Caixa; (g) aplicação da tabela resumo dos diagnósticos sobre a
DFC; (h) comparação entre os resultados (d) e (g); (i) verificação
da consistência do diagnóstico obtido pelo confronto com as
informações divulgações sobre a situação da empresa; e (j)
conclusões sobre os testes.
O teste possibilitou o isolamento das variáveis NCG, ST e CCL,
assim como revelou seus valores iguais aos existentes no Balanço
Patrimonial. em decorrência, verificamos que os diagnósticos de
78
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 78
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Gestão do Fluxo de Caixa
Fleuriet podem ser aplicáveis para análise da DFC. Para tanto, o analista
deve conhecer apenas os saldos iniciais de NCG e T. O modelo também
permitiu ratificarmos a situação divulgada pelas empresas e ainda
conhecermos mais detidamente o comportamento de suas políticas
estratégica, operacional e financeira. Como segue:
1. Desempenho Geral: visualizamos o bom desempenho das empresas A,
B e D, esta última já apresentando um efeito Tesoura em 2000. A situação
da empresa C também transpareceu, ratificando uma estrutura financeira
que inspira muitos cuidados e revisão das estratégias atuais. O gráfico
demonstra a performance geral, através da aplicação do Diagnóstico,
combinando as decisões estratégicas (CPL), operacionais (NCG) e
financeiras (ST). Neste caso, a empresa D foi a mais eficiente, apesar do
ano de 2000 ter sido desfavorável. O desempenho veio seguido das
empresas A, B e C, nesta ordem.
Diagnóstico da Situação Financeira-Geral
1997
1998
1999
2000
Diagnósticos
0
D
A
B
C
2
4
6
2. Decisões estratégicas: a empresa B foi a mais conservadora, seguida
de D e A. estas mantiveram seu CPL positivo durante todo o período, no
entanto diminuíram seu CCL, à medida que realizaram investimentos
não-circulantes. O gráfico abaixo mostra o resumo destas decisões
através da medida ANC/PNC (índice de Imobilização do PNC):
Diagnósticos
Decisões Estratégicas
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
(0,10)
(0,20)
(0,30)
(0,40)
(0,50)
1997
1998
1999
2000
Unidade 3
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D
A
B
C
79
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Universidade do Sul de Santa Catarina
3. Decisões Operacionais: podem ser sintetizadas pelo índice Pop/Aop
(financiamento dos Ativos Operacionais por Passivos Operacionais). O índice
indicou que a empresa A foi a mais eficiente. No entanto, a empresa D também
teve um ótimo comportamento em 1998, com 1,18 de financiamento de seus
Ativos Operacionais por Passivos Operacionais, o que não conseguiu manter
nos anos seguintes. em terceiro ficou B, seguida de C.
O comportamento destas decisões foi assim demonstrado pelo gráfico:
Diagnósticos
Decisões Operacionais
1,30
1,20
1,10
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
1997
1998
1999
D
A
B
C
2000
4. Decisões Financeiras: foram medidas pela capacidade de liquidação de
Passivos erráticos com Ativos erráticos e foi definido pelo índice Ae/Pe. Cabe
ressaltar que o termo errático é equivalente ao termo financeiro utilizado por
Fleuriet. A empresa B apresentou a melhor gestão de Tesouraria no período.
esta medida deve ficar perto de um. Valores expressivamente acima disto
indicam excesso de dinheiro em tesouraria e abaixo, sinaliza insuficiência
para pagamentos financeiros de curto prazo. O índice médio da empresa B no
período foi de 1,73, seguido de 3,88 da empresa D e 7,97 de A. A empresa C
apresentou Saldo de Tesouraria negativo no período e sua média de cobertura
de passivos erráticos foi de 0,26. O desempenho neste item é demonstrado
graficamente:
Diagnósticos
Decisões Financeiras
20,00
19,00
18,00
17,00
16,00
15,00
14,00
13,00
12,00
11,00
10,00
9,00
8,00
7,00
6,00
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0,00
1997
1998
1999
D
A
B
C
2000
80
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 80
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Gestão do Fluxo de Caixa
5 – Conclusão
A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) tem como finalidade
evidenciar a geração ou consumo do caixa relativo a três atividades:
(a) operação, (b) financiamento e (c) investimento. É considerada
essencial no estudo da liquidez e da capacidade de continuidade
organizacional. em decorrência de sua riqueza informacional, a DFC
faz parte do elenco de mudanças propostas para a Nova Lei das S.A.,
onde está sendo cogitada a inclusão deste relatório em substituição
à Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. À luz do que
pesquisamos, o Brasil tende a seguir o êxodo americano em direção
ao uso da DFC, adotando os critérios preconizados pelo FASB através
do SFAS 95.
Devido a sua natureza dinâmica, a análise da DFC demandará critérios
próprios, distintos dos tradicionalmente adotados para o Balanço
Patrimonial. O enfoque dinâmico da empresa foi estudado por
Michel Fleuriet, que criticou a estaticidade dos modelos tradicionais
de análise. Sua pesquisa foi norteada pela reclassificação dos
elementos patrimoniais, de onde foram extraídas três variáveis
interdependentes: (a) Necessidade de Capital de Giro(NCG); (b) Saldo
de Tesouraria(T) e (c) Capital Permanente Líquido(CPL). A combinação
destas resultou no Modelo Dinâmico de Capital Giro, compondo seis
tipos de diagnósticos sobre a situação financeira de uma empresa.
Nossa pesquisa teve como objetivo verificar a possibilidade de
aplicação dos diagnósticos do Fleuriet sobre a DFC. Para tanto, foi
apresentada uma revisão teórica sobre a DFC e o Capital de Giro,
seguida de uma demonstração lógica da compatibilidade entre os
dois temas. Conseguimos desenvolver um modelo adaptado, que
permitiu isolar, a partir dos Fluxos de Caixa, as mesmas variáveis
utilizadas por Fleuriet.
O modelo foi testado sobre as Demonstrações Financeiras de quatro
empresas importantes no setor de varejo, o que permitiu concluir que
é possível aplicar os diagnósticos do Modelo Dinâmico de Capital de
Giro também sobre o modelo norte-americano de Demonstração dos
Fluxos de Caixa. Para tanto, é necessário conhecer os saldos iniciais
de Balanço da NCG e ST e segregar nos Fluxos de Caixa as transações
de curto prazo das de longo prazo. Também podemos concluir que
os diagnósticos sobre a situação financeira das empresas, concebidos
a partir da aplicação do modelo adaptado, sinalizaram informações
equivalentes àquelas divulgadas pelas empresas ao mercado.
Fonte: MORENO, Andréa Alves Silveira; MORENO, Roberta. Fluxos de caixa e capital de
giro – uma adaptação do modelo de Fleuriet. Disponível em: <http://anpad.org.br/
enanpad/2003/dwn/enanpad2003-ccg-1983.pdf>. Acesso em: 10 out. 2008.
Unidade 3
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 81
81
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gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 82
26/2/2009 11:31:07
unidade 4
Indicadores econômicos e
financeiros relevantes, para
análise da qualidade da
informação na administração
do fluxo de caixa
4
Objetivos de aprendizagem
„„ Calcular a versão moderna do lucro.
„„ Criar valor para a empresa.
„„ Medir o impacto das dívidas no resultado líquido
da empresa.
„„ Calcular a necessidade de vendas para cobrir os
custos e despesas totais.
Seções de estudo
Seção 1
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 83
Seção 2
Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation
and Amortization (EBITDA)
Valor Econômico Agregado (EVA)
Seção 3
Gestão baseada na criação do valor
Seção 4
Endividamento
Seção 5
Análise do Ponto de Equilíbrio
26/2/2009 11:31:07
Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
Atualmente, vêm ocorrendo muitas parcerias em todas as
atividades de negócios, com grandes, médias e pequenas
empresas, e você não pode ficar alheio a estes acontecimentos.
Mesmo que você não tenha a intenção de vender a sua empresa, é
importante saber qual é o valor do seu negócio.
Trataremos nesta unidade de alguns importantes indicadores
econômicos e financeiros, que não são tidos como convencionais,
mas de importante valia para analisar a qualidade da informação
na administração do fluxo de caixa, e que vêm despertando
interesse por parte de profissionais, executivos e empresários de
conhecer melhor o significado desses indicadores.
SEÇÃO 1 - Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation
and Amortization (EBITDA)
EBITDA é a abreviação da expressão de origem inglesa Earnings
Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, que significa
lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações, em
português, a sigla é LAJIDA. Em outras palavras, EBITDA ou o
LAJIDA é o caixa gerado pelos ativos tipicamente operacionais.
De acordo com Silva (2006, p.88), o lucro, antes dos juros, tanto
de receitas como de despesas financeiras, do imposto de renda
e da contribuição social sobre o lucro e antes das depreciações
e amortizações, equivale ao potencial de caixa que o ativo
operacional de uma empresa é capaz de gerar, antes de considerar
até mesmo o custo de qualquer recurso captado.
Continua Silva (2006, p. 89), o EBITDA não representa o fluxo
de caixa físico já acontecido no período, pois é provável que parte
das vendas não tenha sido recebida e parte das despesas não
tenha sido paga. Entretanto corresponde ao potencial de geração
tipicamente operacional de caixa, isto é, tão logo recebidas todas
84
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 84
26/2/2009 11:31:07
Gestão do Fluxo de Caixa
as receitas e pagas todas as despesas, esse é o caixa gerado pelos
ativos, antes de computadas as receitas e despesas financeiras e os
itens não-operacionais e extraordinários.
Vejamos um exemplo:
Rubricas
Vendas líquidas
Custo das mercadorias vendidas (CMV)
Lucro bruto
Despesas operacionais líquidas
Receitas financeiras
EBITDA
Depreciação e amortização
Despesas financeiras
Lucro operacional (contábil)
Resultados não-operacionais
Lucro operacional antes dos tributos
Imposto de Renda
Contribuição social
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
2008
(R$ 1.000)
1.500
(500)
1.000
(200)
1
801
(40)
(30)
731
(3)
728
(182)
(65,5)
480,5
Quardro 4.1 - Demonstração de resultado.
Fonte: Os autores.
O que se pretende com o EBITDA é o valor de caixa, ou
seja, o potencial de produção de caixa, proveniente dos ativos
meramente operacionais, que são os valores antes de considerar as
depreciações e amortizações, as receitas e despesas financeiras, o
imposto de renda e a contribuição social sobre o resultado.
Um conceito de suma importância é o LUCRO
OPERACIONAL GENUÍNO o qual não deve ser confundido
com o LUCRO OPERACIONAL CONTÁBIL e o EBITDA.
O lucro operacional genuíno é formado antes da dedução dos
encargos financeiros (lucro antes dos juros) e reflete o efetivo
valor gerado pelos ativos da empresa. Para administração
financeira, o genuíno lucro operacional é formado pelas operações
da empresa, independentemente da maneira como essas empresas
encontram-se financiadas. Em outras palavras, é o resultado da
empresa oriundo dos esforços desenvolvidos para o cumprimento
de seu objeto social.
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 85
85
26/2/2009 11:31:07
Universidade do Sul de Santa Catarina
A título de ilustração será calculado o LUCRO
OPERACIONAL GENUÍNO (utilizado na avaliação
de desempenho empresarial), com base no Quadro 4.1 Demonstração de Resultado, apresentado anteriormente:
Lucro operacional genuíno = 801 – 40 = R$ 761
O Lucro Operacional Genuíno e o EBITDA são utilizados com
finalidades gerenciais (não segue os padrões da Contabilidade) na
avaliação de desempenho da empresa e não forma contábil.
O objetivo desses ajustes é tornar a medida mais
depurada de influências que não retratem, de forma
mais efetiva, as operações da empresa, ou seja, de
resultados de atividades classificadas como nãooperacionais.
Observa Silva (2006, p. 90) que existem alguns poucos casos
que podem sofrer exceções, como por exemplo, as instituições
financeiras, em que, em princípio, não faz sentido calcular
o EBITDA, já que as despesas financeiras líquidas não são
evitáveis por decisão de reestruturação financeira da empresa; elas
são, nesse caso, operacionais.
86
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 86
26/2/2009 11:31:08
Gestão do Fluxo de Caixa
SEÇÃO 2 - Valor Econômico Agregado (EVA)
O Valor Econômico Agregado, expressão de origem inglesa,
Economic Value Added – EVA, é considerado um novo indicador que
verifica se o capital investido está sendo corretamente remunerado, e,
por isso, grande número de empresas, não apenas no Brasil, mas no
mundo, vem medindo o seu resultado através do EVA.
O EVA começou a ser implantado no Brasil pelos bancos, os
quais obtiveram excelentes resultados, juntamente com outros
métodos de avaliação, por exemplo, o Fluxo de caixa descontado.
Esses mecanismos ajudam a identificar as maiores empresas
geradoras de valor, não somente pelo lucro mas pelo crescimento
do valor do negócio.
Valendo-se do exemplo anterior, pelo Quadro 4.1 Demonstração de Resultados, pode-se calcular o EVA da
seguinte maneira, de acordo com o Quadro 4.2 a seguir.
Rubricas
Vendas líquidas
Custo das mercadorias vendidas (CMV)
Lucro bruto
Despesas operacionais líquidas
Receitas financeiras
EBITDA
Depreciação e amortização
Despesas financeiras
Lucro operacional (contábil)
Resultados não-operacionais
Lucro operacional antes dos tributos
Imposto de Renda
Contribuição social
LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Custo do Capital Próprio (CCP)
EVA
2008
(R$ 1.000)
1.500
(500)
1.000
(200)
1
801
(40)
(30)
731
(3)
728
(182)
(65,5)
480,5
(270)
210,5
Quardro 4.2 - Cálculo do EVA.
Fonte: Os autores.
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 87
87
26/2/2009 11:31:08
Universidade do Sul de Santa Catarina
O Custo do Capital Próprio (CCP) é o valor do Patrimônio
Líquido, encontrado no Balanço Patrimonial da Empresa,
multiplicado pela taxa mínima de remuneração aceita pelos
proprietários da empresa, conhecida como Taxa Mínima de
Atratividade (TMA), ou seja:
CCP = R$ 1.500 x 0,18 = R$ 270
Esta é uma nova concepção de análise de empresas, pois os
indicadores convencionais não medem se os proprietários da
empresa estão sendo remunerados como deveriam, embora a
empresa esteja apresentando lucro líquido no período em estudo.
No caso, quando a empresa apresenta lucro líquido e um EVA
negativo, diz-se que a empresa está destruindo valor. Isto é, o
lucro líquido oferecido não foi capaz de cobrir a remuneração dos
proprietários da empresa.
Embora o EVA seja relevante, ele, sozinho, não é o suficiente
para avaliar uma empresa ou um projeto. Ele é um indicador do
passado, ou atual. Para se olhar para o futuro é aconselhável que
se faça o planejamento do fluxo de caixa e encontre o resultado
estimado a valor presente. Este tipo de informação é muito
utilizada nos processos de privatização, fusão e aquisição e
compra de participações de empresas.
De acordo com Blatt (2000, p.9), um caso prático foi
o caso das ações da Perdigão: em menos de dois
anos, dobraram de valor, em decorrência de lucro,
marca, investimentos de longo prazo e uma eficiente
distribuição dos seus produtos. A empresa decidiu-se
por uma gestão voltada para criar seu valor. Parte de
seus investimentos é para a modernização das fábricas,
criação de novas unidades e outra, para logística,
tudo isso com o propósito de provar aos acionistas
que o seu dinheiro está sendo valorizado. A meta do
administrador financeiro está voltada para maximizar o
valor do negócio, e não somente o lucro.
88
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 88
26/2/2009 11:31:09
Gestão do Fluxo de Caixa
SEÇÃO 3 - Gestão baseada na criação do valor
A gestão das empresas vem revelando importantes avanços em
sua forma de atuação, saindo de uma postura convencional de
busca do lucro e rentabilidade para um enfoque preferencialmente
voltado à riqueza dos acionistas.
O objetivo de criar valor aos proprietários de empresas
demanda outras estratégias financeiras e novas medidas do
sucesso empresarial, todas elas voltadas a agregar riqueza a
seus proprietários.
Criar valor para uma empresa ultrapassa o objetivo
de cobrir os custos explícitos identificados nas
vendas. Incorpora o entendimento e o cálculo
da remuneração dos custos implícitos (custo de
oportunidade do capital investido) não cotejado
pela contabilidade tradicional na apuração dos
demonstrativos de resultados, e, consequentemente,
na quantificação da riqueza aos acionistas.
Um custo de oportunidade retrata quanto uma empresa ou pessoa
sacrificou de remuneração (deixou de ganhar) por ter tomado a
decisão de aplicar seus recursos em determinado investimento
alternativo, de risco semelhante.
Quanto que um pai de família deixa de ganhar, por
optar em ser professor em uma cidade do interior ao
invés de ser um professor em uma universidade de
grande porte, porque a sua família não se adapta a
grandes metrópoles?
Assim como o EVA, existe outro mecanismo para a medição de
eficiência de desempenho, que é o Market Value Added (MVA),
ou melhor, valor agregado pelo mercado.
O MVA reflete a expressão monetária da riqueza
gerada aos proprietários de capital, determinada pela
capacidade operacional da empresa em produzir
resultados superiores a seu custo de oportunidade.
Unidade 4
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89
26/2/2009 11:31:09
Universidade do Sul de Santa Catarina
Reflete, dentro de outra visão, quanto a empresa vale
adicionalmente ao que se gastaria para repor todos os seus ativos
a preços de mercado, ou valores históricos corrigidos, conforme é
geralmente usado. Trata-se de uma avaliação de futuro, calculada
com base nas expectativas do mercado com relação ao potencial
demonstrado pela empresa em criar valor. Neste caso, o MVA
pode ser apurado pela diferença entre o valor total de mercado
da empresa e o montante de capital investido pelos proprietários
das empresas e os seus credores de curto e longo prazo, conforme
ilustração abaixo:
Capital total investido = empréstimo e financiamento de longo e
curto prazo + patrimônio líquido
Valor de mercado da empresa : R$ 50.000
(-) Capital total investido
: R$ 30.000
(=) MVA
: R$ 20.000
Um MVA positivo significa que a empresa está gerando valor.
Em caso contrário, diz-se que a empresa está destruindo valor.
Tanto o EVA e o MVA apresentam uma visão sobre geração
de riqueza através de conceitos básicos, que, com o tempo, as
empresas acabaram esquecendo.
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Gestão do Fluxo de Caixa
SEÇÃO 4 - Endividamento
A finalidade básica dos indicadores de endividamento é
transformar em percentuais a participação dos valores dos
principais grupos representativos do balanço patrimonial,
bem como mensurar percentualmente sua relação com
o capital próprio, representado pelo patrimônio líquido.
Consegue-se, com isso, uma avaliação relativa, que simplifica
o entendimento geral desses elementos patrimoniais.
De modo geral, esses indicadores mostram a porcentagem dos
ativos financiada com capitais de terceiros e próprios, ou se a
empresa tem dependência de recursos de terceiros. No Quadro
4.3, a seguir, se apresenta uma estrutura de capital simplificada,
que facilita o seu entendimento.
PASSIVO
Passivo Circulante
Exigível a Longo Prazo
Patrimônio Líquido
Capital de terceiros
Capital de terceiros
Capital Próprio
Capital de Curto Prazo
Capital Permanente e de Longo Prazo
Capital Permanente e de Longo Prazo
Quadro 4.3 - Estrutura de capital.
Fonte: Os autores.
Para análise e tomada de decisões sobre estruturas de capital,
devem ser considerados apenas os fundos permanentes e de
longo prazo, porque as estruturas de capital possuem natureza
estratégica, cujas alterações não são frequentes.
Agora, com base nos conceitos até aqui demonstrados, você
pode dimensionar, através de um cálculo inicial, o valor do seu
negócio, utilizando a seguinte fórmula:
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 91
91
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Universidade do Sul de Santa Catarina
De maneira efetiva, o valor de uma empresa depende
de seu desempenho esperado no futuro, do que ela
seja capaz de produzir de valor, e não do custo de seus
ativos.
As decisões de endividamento também precisam levar em conta,
além do custo, as modificações a serem acarretadas sobre a
estrutura de capital da empresa, ou seja, a participação de capitais
próprios e de terceiros no financiamento dos ativos.
Para uso interno da empresa, os índices de endividamento
fornecem indicadores do grau de risco acarretado pelos
financiamentos. A administração financeira também se preocupa
com os índices de endividamento, porque bancos, fornecedores
e clientes também avaliam a solidez financeira da empresa com
base em índices. Não existem padrões universais para os índices
de endividamento. A melhor forma de interpretá-los é comparálos com a média setorial.
O endividamento de curto prazo indica o percentual de
compromissos de curto prazo em relação ao total das fontes de
recursos. Então, a fórmula é a seguinte:
O endividamento de longo prazo indica o percentual de
compromissos de longo prazo em relação ao total das fontes de
recursos. Então, a fórmula é a seguinte:
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Gestão do Fluxo de Caixa
Se a composição do endividamento mostrar razoável
concentração no passivo circulante, então é possível que a
empresa venha a ter problemas por ocasião de desaquecimento
do mercado, porque deverá ter recursos para cumprir os
compromissos que vencerão em curto prazo. Se houver melhor
equilíbrio entre o curto e longo prazo, mesmo em um momento
de poucas vendas, a empresa terá mais tempo de gerar os recursos
de que necessita.
O endividamento total indica a parcela de capital de terceiros
em relação ao total das fontes de recursos da empresa. Então, a
fórmula é a seguinte:
O nível de imobilização do patrimônio líquido determina
quanto a empresa aplicou no ativo permanente com relação ao
patrimônio líquido. Quando a empresa tem uma Necessidade de
Capital de Giro (NCG) positiva e existe grau imobilização maior
que 1 por longo período, isso pode representar futuros problemas
de liquidez, pois a empresa terá de captar recursos de terceiros
para financiar esse complemento. Então, a fórmula é a seguinte:
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 93
93
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Desta forma, a empresa deve dispor de recursos de patrimônio
líquido suficientes para financiar o ativo permanente, sem causar,
no entanto, problemas de suprir uma eventual necessidade de
capital de giro.
Ao se utilizar capital de terceiros, não podemos nos esquecer
de falar em um conceito importante chamado ALAVANCAGEM
FINANCEIRA. Alavancar financeiramente consiste em usar recursos
de terceiros para aumentar o retorno sobre os recursos próprios.
O exemplo a seguir ilustra o conceito de alavancagem financeira:
A empresa Ponto Com Ltda. vai fazer um investimento
de R$ 300.000,00. ela tem duas opções para financiar
esse investimento:
a) 100% com recursos próprios;
b) 50% com recursos próprios e 50% com
financiamento que custa 15% ao ano.
Qual das opções é a mais vantajosa para a empresa,
levando em conta que o imposto de renda tem uma
alíquota de 34%?
O Quadro 4.4 mostra o efeito da alavancagem financeira quando
a empresa contrai uma dívida equivalente a 50% do total do
investimento.
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26/2/2009 11:31:13
Gestão do Fluxo de Caixa
ITENS
SEM
FINANCIAMENTO (R$)
COM
FINANCIAMENTO (R$)
300.000
0
300.000
60.000
0
0
60.000
20%
150.000
150.000
300.000
60.000
(22.500)
7.650
45.150
30%
Capital próprio (CP)
Capital de terceiros (CT)
Investimento total
Resultado operacional líquido (genuíno)
Despesas financeiras (15% x CT)
Beneficio fiscal (34% x desp. financ.)
Lucro Líquido (LL)
Retorno sobre capital próprio (LL / CP)
Quadro 4.4 - Alavancagem financeira positiva.
Fonte: Os autores.
Neste caso, a alavancagem é dita positiva porque, ao contrair
a dívida de 50%, produziu um retorno sobre o capital próprio
superior à situação anterior, ou seja, de 20% para 30%.
Agora, vamos considerar o Quadro 4.5, que mostra o efeito da
alavancagem negativa quando o custo do empréstimo é de 31%
ao ano e a empresa contraiu um financiamento equivalente a 80%
do investimento total. As demais hipóteses anteriores mantêm-se
as mesmas.
ITENS
SEM
FINANCIAMENTO (R$)
COM
FINANCIAMENTO (R$)
300.000
0
300.000
60.000
0
0
60.000
20%
60.000
240.000
300.000
60.000
(74.400)
25.296
10.896
18,2%
Capital próprio (CP)
Capital de terceiros (CT)
Investimento total
Resultado operacional líquido (genuíno)
Despesas financeiras (31% x CT)
Beneficio fiscal (34% x desp. financ.)
Lucro Líquido (LL)
Retorno sobre capital próprio (LL / CP)
Quadro 4.5 - Alavancagem financeira negativa.
Fonte: Os autores.
Neste caso, a alavancagem é dita negativa porque, ao contrair
a dívida de 80%, produziu um retorno sobre o capital próprio,
inferior à situação anterior, ou seja, de 20% para 18,2%. Se,
por ventura, não houver variação, dizemos que a alavancagem
financeira é nula.
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 95
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 5 - Análise do Ponto de Equilíbrio
Toda empresa precisa de certo volume de vendas para poder
cobrir seus custos fi xos, já que estes representam um encargo
desvinculado do volume de produção. Desse modo, somente a
partir de um determinado volume de vendas é que a empresa
começará a ter lucro.
A análise do ponto de equilíbrio, também chamado break even
point ou ponto de ruptura, permite determinar o volume de
vendas capaz de proporcionar lucro zero, ou seja, aquele ponto
em que a receita da empresa iguala o seu custo total. Quando as
vendas da empresa se situarem acima do ponto de equilíbrio, ela
começará a ter lucro.
A fórmula para achar o ponto de equilíbrio, considerando que a
empresa tem apenas um produto ou serviço, é:
Onde:
Q - quantidade vendida
F - custo fixo total
P - preço de venda (líquido de impostos)
V - custo variável unitário
Um exemplo pode esclarecer o conceito abordado,
no caso de uma empresa fabricar um produto cujo
preço de venda é R$ 30,00, já líquido de impostos
de qualquer natureza. O custo fixo da empresa é R$
120.000,00 por mês e o custo variável unitário do
produto é R$ 10,00. Portanto o ponto de equilíbrio será
de 6.000 unidades, conforme cálculos abaixo:
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gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 96
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Gestão do Fluxo de Caixa
Q = F / (P – V)
Q = 120.000 / (30 -10)
Q = 6.000 unidades
O resultado da fórmula indica que a empresa precisa produzir
6.000 produtos, para que ela não tenha lucro nem prejuízo.
Outra maneira de se calcular o ponto de equilíbrio é através do
método analítico, conforme ilustra o Quadro 4.6 a seguir.
Q
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
10.000
Variável
Custo Fixo Custo
Unitário
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
120.000
10
Custo Variável
Total
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
70.000
80.000
90.000
100.000
Custo
Total
120.000
130.000
140.000
150.000
160.000
170.000
180.000
190.000
200.000
210.000
220.000
Receita
Total
0
30.000
60.000
90.000
120.000
150.000
180.000
210.000
240.000
270.000
300.000
Lucro
-120.000
-100.000
-80.000
-60.000
-40.000
-20.000
0
20.000
40.000
60.000
80.000
Quadro 4.6 - Ponto de Equilíbrio.
Fonte: Os autores.
O custo variável total foi calculado, multiplicando-se a
quantidade pelo custo variável unitário. No caso do custo total,
foi a soma do custo fixo mais o custo variável total (porque
existe custo variável unitário e total). A receita total foi calculada
através da multiplicação do preço de venda e a quantidade.
Finalmente, o lucro da empresa foi calculado, diminuindo a
receita total do custo total, conforme apresenta a última coluna
do Quadro 4.6.
Podemos observar que o ponto de equilíbrio foi encontrado
quando a empresa produziu a quantidade de 6.000 produtos, de
tal forma que ela não produziu lucro nem prejuízo, conforme
podemos verificar na última coluna do Quadro 4.6.
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 97
97
26/2/2009 11:31:14
Universidade do Sul de Santa Catarina
Se utilizarmos a coordenada cartesiana, onde a ordenada utiliza
valores financeiros e a abscissa a quantidade produzida pela
empresa, podemos identificar o ponto de equilíbrio através do
Gráfico 4.1, conforme demonstramos abaixo.
Receita total
Valores
350.000
Ponto de
equilíbrio
300.000
Custo total
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000 Quantidades
Gráfico 4.1: Gráfico representativo.
Fonte: Os autores.
Se traçarmos, através de uma linha perpendicular, do ponto
de cruzamento da receita total com o custo total até a linha da
abscissa, identificaremos a quantidade de 6.000 unidades, que
corresponde à produção necessária dos produtos da empresa, em
que ela não tem lucro e nem prejuízo. Qualquer uma das formas
ilustradas, ou seja, através da fórmula matemática, do método
analítico ou do gráfico, todas elas identificam a quantidade
necessária, para que a empresa pague o seu custo total e, a partir
desse ponto, a produção de lucro.
No caso da empresa ter mais de um produto ou serviço, que é o
caso da grande maioria, o ponto de equilíbrio precisa ser calculado,
considerando o volume de vendas. A fórmula é a seguinte:
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gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 98
26/2/2009 11:31:14
Gestão do Fluxo de Caixa
Onde:
V - volume de vendas
F - custo fixo
MC - margem de contribuição média da empresa em percentual. É a
receita total menos o custo variável total dividido pela receita total e
multiplicado por 100 [(RT – VT) / RT] x 100
Um exemplo pode facilitar o entendimento, no caso
de uma empresa apresentar um custo fixo total de R$
120.000,00 por mês e uma margem de contribuição
média de 66,66%. Pergunta-se qual é o ponto de
equilíbrio em termos de vendas?
V = F / MC
V = 120.000 / 0,6666
V = 180.000
Para avaliarmos se o ponto de equilíbrio expresso em valor
monetário está adequado, ele precisa ser comparado com o potencial
de vendas da empresa. Cada setor empresarial tem um ponto de
equilíbrio ideal. Este apresenta um percentual do potencial de
vendas da empresa, considerando os recursos existentes.
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 99
99
26/2/2009 11:31:14
Universidade do Sul de Santa Catarina
Síntese
O conjunto de indicadores econômico-financeiros é o
instrumental que representa o conceito de análise de balanço.
Basicamente, consiste em números e percentuais resultantes das
diversas inter-relações possíveis entre os elementos patrimoniais
constantes do balanço e da demonstração de resultados. O
objetivo é buscar elementos que dêem maior clareza à análise
ou mesmo indiquem constatações do desempenho econômicofinanceiro da entidade.
Não há limite para a criação de indicadores. Recomenda-se uma
quantidade não muito grande, pois o excesso de indicadores
pode prejudicar a análise. Algo entre 10 a 20 indicadores tende
a ser o mais utilizado. Alguns deles se impõem pela sua natural
importância e são aceitos universalmente como bons, assim
devem necessariamente constar do rol dos indicadores.
É bastante comum a necessidade de se criarem alguns
indicadores específicos para cada empresa, principalmente
quando a análise financeira é feita internamente, com os dados
gerenciais. Situações patrimoniais ou operacionais específicas
da empresa podem requerer indicadores para esclarecimento da
análise. Contudo a criação de qualquer indicador deve sempre
respeitar o fundamento da consistência conceitual da interrelação utilizada.
100
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 100
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Gestão do Fluxo de Caixa
Atividades de autoavaliação
1) Baseando em seu estudo sobre indicadores econômicos e financeiros,
responda: os indicadores econômicos e financeiros são suficientes para
avaliar a empresa? Justifique sua resposta.
2) De acordo com sua resposta da questão anterior, responda quais seriam
outras variáveis que influenciariam na avaliação da empresa?
Unidade 4
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 101
101
26/2/2009 11:31:15
Universidade do Sul de Santa Catarina
Saiba mais
Caso você tenha interesse em estudar mais sobre os assuntos
abordados nesta unidade, pesquise nos livros abaixo:
BLATT, A. Criação de valor para o acionista. Rio de
Janeiro: Suma Econômica, 2000. p.8 e p. 9.
PADOVEZE, C. L; BENEDICTO, G. C. Análise das
demonstrações financeiras. 2. ed. Revista e ampliada. São
Paulo: Thomson Learning, 2007.
SANTOS, E. O. Administração financeira da pequena e
média empresa. São Paulo: Atlas, 2001.
SILVA, Edson Cordeiro. Como administrar o fluxo de
caixa das empresas. São Paulo: Atlas, 2005.
ZDANOWICZ, J. E. Fluxo de caixa: uma decisão de
planejamento e controle financeiros 10. ed. Porto Alegre:
Sagra Luzzato, 2004.
102
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 102
26/2/2009 11:31:15
unidade 5
O orçamento de caixa como
estratégia de gestão nas
empresas
Objetivos de aprendizagem
5
„„ Conhecer o processo de orçamento de caixa como um
todo.
„„ Aprimorar a noção ampla e geral das interações dos
diversos recursos empregados nas operações de cada
área da empresa.
„„ Entender como o lucro, o risco financeiro e a eficiência
operacional são afetados pelas diversas transações da
empresa.
Seções de estudo
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 103
Seção 1
Planejamento e controle financeiro
Seção 2
Orçamento de caixa
Seção 3
Estágios orçamentários
Seção 4
Características
Seção 5
Vantagem do orçamento de caixa
Seção 6
Limitações do orçamento de caixa
Seção 7
Dicas de gerenciamento de caixa
Seção 8
Sugestão de saneamento financeiro
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Para início de estudo
O conhecimento do processo de planejamento e controle
financeiro possibilita desenvolver percepção consistente da
empresa como um sistema uno, integral e complexo, bem como
aprimorar a noção ampla e geral das interações dos diversos
recursos que foram empregados e das operações de cada uma das
áreas da organização.
Este conhecimento permite ainda a percepção detalhada sobre
como a rentabilidade, o risco financeiro e a eficiência operacional
são afetados pelas alterações nos níveis das atividades e das
transações da empresa, ou o volume dos recursos empregados.
Assim, nesta unidade final, você terá uma ideia clara sobre como as
diversas áreas da empresa e o desempenho desta, como um todo,
podem ser influenciados pelas decisões gerenciais. Bons estudos!
SEÇÃO 1 - Planejamento e controle financeiro
Ross et al. (1995, p. 522) afirmam que o planejamento financeiro
determina as diretrizes de mudança em uma empresa. É
necessário, porque:
1. faz com que sejam estabelecidas as metas da empresa
para motivar a organização e gerar marcos de referência
para avaliação de desempenho;
2. as decisões de investimento e financiamento da empresa
não são independentes, sendo necessário identificar sua
interação; e
3. em um mundo incerto, a empresa deve esperar mudanças
de condições, bem como surpresas.
É possível observar que o planejamento financeiro, além de
indicar caminhos que levam a alcançar os objetivos da empresa,
tanto a curto como longo prazo, cria mecanismos de controle
104
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 104
26/2/2009 11:31:15
Gestão do Fluxo de Caixa
que envolvem todas as suas atividades operacionais e nãooperacionais. O planejamento e o controle financeiro possibilitam
mudanças táticas rápidas para tratar de eventos estranhos ao
processo administrativo, os quais colocam em risco o alcance das
metas estabelecidas.
Para Braga (1995, p. 230), o planejamento e o controle financeiro
estão inter-relacionados de tal forma que o primeiro é importante
para o estabelecimento de objetivos, metas, meios e prazos
de realização, enquanto que o segundo permite obter um
retorno sobre a realização do andamento desse plano e fornecer
informações para os responsáveis pela elaboração e execução do
planejamento em questão.
Neste caso, é possível concluir que o controle é uma estratégia de
que os executivos dispõem para obter um retorno do planejamento
elaborado, ou seja, descobrir se o plano está dando certo, ou não, se
ele precisará ser ajustado ou reformulado, entre outros. No entanto,
para que a empresa possa realizar os objetivos desejados, é preciso
que os gestores tenham esse controle em mãos.
Estratégia, segundo Oliveira (2003, p. 77), é um conjunto de
objetivos e de políticas principais, capazes de guiar e orientar
o comportamento da empresa a longo prazo. De outra forma,
pode-se dizer que a principal finalidade da administração
estratégica é orientar a empresa para alcançar seus objetivos,
baseando-se em análises realísticas de sua própria condição
e possibilidades em relação ao meio onde está inserida. A
administração estratégica é responsabilidade do pessoal do
nível institucional da empresa que analisa, integra e modifica os
processos internos e externos da organização, a fim de torná-la
eficiente e eficaz.
Ainda no entendimento do autor, o nível operacional da
empresa está direcionado para a busca da eficiência nos processos;
no nível institucional predomina a busca da eficácia para
alcançar os objetivos e, o nível intermediário empenha-se em
equilibrar as necessidades em relação à eficácia do institucional
com a eficiência do nível operacional. Portanto a administração
da estratégia envolve compatibilizar os esforços em todos os
níveis da organização para obter êxito e preparar-se para as
incertezas do meio.
Unidade 5
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 105
105
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Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 2 - Orçamento de caixa
As funções de planejamento e controle financeiros podem
ser exercidas, de forma diferenciada das que foram até aqui
apresentadas, ao se utilizar o instrumento denominado
orçamento de caixa. Afirma Zdanowincz (2004) que a elaboração
do orçamento de caixa estará vinculada à visão de médio e longo
prazo que a direção da empresa está buscando para as suas
atividades operacionais.
O orçamento é um documento escrito, expresso em termos de
unidades monetárias e/ou físicas. A complexidade do processo
orçamentário e os seus detalhes de elaboração poderão variar de
acordo com as empresas, todavia a sua “espinha dorsal” é comum
a todas elas. Nas grandes e médias empresas, há preocupação
com todo o sistema orçamentário, enquanto as empresas de
pequeno porte concentram-se apenas no orçamento de caixa,
em virtude das suas necessidades prementes de disponibilidades
(caixa, estoques, títulos a receber).
A seguir, apresenta-se um diagrama do orçamento empresarial
com suas principais peças orçamentárias, conforme Figura 5.1:
Orçamento de vendas
Orçamento das despesas
comerciais
Orçamento de quantidades
a produzir
Orçamento
materiais de
produção
Orçamento da
mão-de-obra
direta
Orçamento
dos CIF
Orçamento
das despesas
administrativas
ORÇAMENTO DE CAIXA
Figura 5.1- Grupo de peças orçamentárias.
Fonte: Adaptado de Zdanowincz (2004).
106
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 106
26/2/2009 11:31:15
Gestão do Fluxo de Caixa
Pelo exposto, podem-se relacionar as seguintes informações
necessárias ao planejamento de políticas básicas na elaboração do
orçamento de caixa:
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
orçamento de vendas e apropriação de ingressos
projetados;
orçamento de produção e apropriação de desembolsos
projetados;
mapas de valores a receber, por vencimento e modalidade
de cobrança projetada;
mapas de descontos e cauções de duplicatas projetadas;
mapas de valores a pagar, por vencimento e tipos de
matérias-primas, despesas indiretas de fabricação e itens
do ativo imobilizado projetado;
orçamento de mão-de-obra direta com encargos sociais
pertinentes;
orçamento de despesas operacionais: administrativas,
vendas, tributárias e financeiras;
„„
projeções de ingressos e desembolsos extraoperacionais;
„„
mapas de direitos e obrigações vencidas da empresa.
Definidas as políticas básicas na elaboração do orçamento
de caixa, conheça na próxima seção quais serão os estágios
orçamentários para dar continuidade ao processo do
planejamento e controle do lucro.
Unidade 5
gestao_do_fluxo_de_caixa.indb 107
107
26/2/2009 11:31:15
Universidade do Sul de Santa Catarina
SEÇÃO 3 - Estágios orçamentários
O orçamento pode ser estudado em vários estágios, dependendo
da ótica que se queira desenvolver, mas, principalmente, do
tipo de atividade econômica e do porte da empresa que será
implantado e implementado. Entre os principais estágios temos:
estratégico, tático e operacional.
O estágio estratégico refere-se à parte do orçamento que deve
ser incorporada ao planejamento a curto prazo. O planejamento
estratégico consiste no processo de decidir sobre os objetivos e as
metas da empresa e suas consequentes alterações sobre os recursos
a serem utilizados, para que os mesmos sejam alcançados, e
sobre as políticas a serem adotadas na aquisição, utilização e
distribuição dos recursos. O estágio estratégico envolve decisões
que afetam o capital de giro da empresa, tais como:
„„
investimentos em itens do ativo imobilizado;
„„
dividendos a distribuir;
„„
captações de recursos em fontes de longo prazo, etc.
O objetivo do estágio estratégico é manter um nível desejado de
caixa, como margem de segurança, para fazer frente aos riscos do
empreendimento.
No estágio tático da consecução dos estágios estratégicos e
operacionais da empresa, resultam as variações e necessidades
de capital de giro e, em decorrência, o nível desejado de caixa.
No estágio tático, o nível desejado de caixa apresenta-se como
um dado, e a única preocupação é que o mesmo se mantenha
positivo. Conclui-se que o estágio tático, na realidade, é o
orçamento de caixa da empresa. Em vista disso, o departamento
financeiro fixará a tática de empréstimo e aplicações de curto
prazo, de modo a manter o nível desejado de caixa em termos
satisfatórios. Basicamente, a necessidade de caixa das empresas
resulta da falta de sincronização existente entre os fluxos
de ingressos e desembolsos de caixa, e da dificuldade de se
estimarem tais fluxos com exatidão. Por essas razões, as empresas
procuram manter um nível desejado de caixa, adequado para
suas transações regulares e, como precaução, para fazer frente às
necessidades imprevistas.
108
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Gestão do Fluxo de Caixa
Por último, o estágio operacional engloba a elaboração dos
orçamentos que compõem o Plano Geral de Operações e as
respectivas variações de capital de giro necessário à empresa. É
importante notar que o administrador financeiro possui parte
do poder de decisão sobre os dados que compõem o sistema
orçamentário global da empresa. Apesar de o administrador
financeiro não decidir sobre os níveis de estoque, volumes de
produção, métodos de produção, políticas de vendas, etc., poderá,
tendo em vista as suas implicações financeiras, influenciar as
decisões operacionais relativas a esses itens.
Vendas, produção,
despesas operacionais,
caixa, demonstração de
resultado do exercício e
balanço patrimonial.
SEÇÃO 4 - Características
O orçamento de caixa poderá apresentar várias características
durante sua elaboração, mas três merecem destaque, de acordo
com Zdanowincz (2004). Veja na sequência.
„„
„„
„„
Flexibilidade na aplicação: ao se considerarem as
frequentes flutuações da economia, o orçamento de caixa
não poderá ser tido como uma peça estática dentro do
orçamento global da empresa. O orçamento de caixa
deverá ser adaptado às novas situações econômicofinanceiras da empresa para o período seguinte, em
função do controle orçamentário.
Projeção para o futuro: a partir do diagnóstico da
situação de liquidez e capital de giro da empresa, o
orçamento de caixa consistirá na projeção do nível
desejado de caixa, em função do atual para o futuro.
Participação direta dos responsáveis: ao se elaborar o
orçamento de caixa, muitas são as informações e os dados
necessários para sua elaboração e que serão fornecidos
pelos vários departamentos e setores da empresa. As
pessoas envolvidas no processo orçamentário deverão
estar conscientes de sua responsabilidade na participação
do orçamento. Assim, podem-se relacionar as vendas,
recursos humanos, aquisições de materiais e itens do
ativo imobilizado, etc.
Unidade 5
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Universidade do Sul de Santa Catarina
Uma vez já vistas as características do orçamento de caixa, você
vai conhecer na próxima seção quais serão as suas vantagens para
a gestão dos recursos financeiros da empresa.
SEÇÃO 5 - Vantagem do orçamento de caixa
O orçamento de caixa poderá ser elaborado com relativa exatidão
e ter em vista várias finalidades. A principal será indicar as
necessidades de numerário para atendimento dos compromissos
que a empresa costuma ter com prazos certos para serem
saldados. Com isso, o administrador financeiro estará apto
a estimar, com a devida antecedência, os problemas de caixa
que poderão surgir devido às reduções cíclicas das receitas ou
aos aumentos do volume de desembolsos e, em decorrência, a
necessidade de obter empréstimos de instituições financeiras.
O conhecimento dessa contingência antes de ela ocorrer, dará
ao responsável pela obtenção de recursos financeiros, de forma
adequada, tempo para negociar empréstimos ou a abertura de
linhas de crédito em condições mais favoráveis para a empresa.
Outra vantagem do orçamento de caixa será a verificação da
conveniência de serem aumentados os valores a receber ou
os estoques, levando em consideração o custo do respectivo
financiamento pela empresa, de modo a permitir que o
administrador financeiro providencie, em tempo, a obtenção
dos recursos necessários. Quando os valores a receber e os
estoques aumentarem sem prévio planejamento, a falha se tornará
facilmente perceptível devido ao fato de o saldo de caixa não
atingir o nível desejado. Quando a restrição de crédito aumentar
a taxa de juros, a falta de planejamento de caixa em toda a
empresa será muito dispendiosa e desagradável.
No caso de haver grande incremento estacional das vendas, as
estimativas corretas de caixa serão muito úteis para o cálculo das
linhas de crédito a serem obtidas das instituições financeiras, assim
como os títulos a serem emitidos para facilitar os financiamentos
a terceiros. Além disso, as projeções de caixa permitirão ao
administrador financeiro verificar se poderão fazer aplicações a
curto prazo, formando uma carteira de títulos escolhidos com base
na liquidez, na rentabilidade e nos prazos de resgate.
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Gestão do Fluxo de Caixa
SEÇÃO 6 - Limitações do orçamento de caixa
Apesar das vantagens apresentadas do orçamento de caixa, ele
apresenta algumas limitações, detalhadas a seguir.
„„
„„
„„
„„
„„
Quanto ao planejamento, os erros cometidos pelo
administrador financeiro vinculam-se às estimativas do
orçamento de caixa, as quais, por sua vez, dependem da
precisão das projeções de vendas que lhe servirão de base
para todo o sistema orçamento global.
Apresentará restrições por parte de alguns grupos
da empresa, quanto às mudanças de planejamento e
controle orçamentários, portanto o orçamento deverá ser
implantado com inteligência e compreensão do pessoal
envolvido, pois, caso contrário, este sistema poderá
acarretar situações embaraçosas para a empresa.
Poderá haver um imediatismo por parte do empresário ou
de algumas pessoas, na obtenção dos resultados através
da utilização do orçamento de caixa, que, dependendo da
situação, não será tão fácil como poderá parecer.
Haverá sempre a necessidade de se compararem os
resultados auferidos com os projetados pela empresa,
visando o melhor planejamento de ingressos e de
desembolsos de caixa futuros.
As constantes flutuações de mercado poderão prejudicar
o desempenho do orçamento de caixa da empresa,
em função das variações nas atividades econômicofinanceiras para o período projetado.
Embora o orçamento de caixa seja uma peça imprescindível para
determinar quais os montantes disponíveis de valores e quais as
saídas de recursos que ocorrerão em um determinado momento,
tivemos a oportunidade de conhecer as diversas limitações que
esta ferramenta pode gerar, todavia ela continua sendo eficaz no
auxílio do gestor financeiro.
Na próxima seção, apresentaremos um “cheque list” que resume
as principais ações do orçamento de caixa, as quais auxiliam no
planejamento e controle do lucro.
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SEÇÃO 7 - Dicas de gerenciamento de caixa
Tanto o excesso como a falta de recursos financeiros significam
má administração do caixa. Ambas as situações acarretam
custos de oportunidades sobre o capital; perdas de rentabilidade;
acomodação e grande risco da empresa apresentar um
desequilíbrio financeiro.
O planejamento financeiro parece uma das soluções plausíveis
para a manutenção do equilíbrio financeiro. Nas empresas com
dificuldades financeiras, o planejamento de caixa é a primeira
atividade que se deve buscar para a solução do problema. Já nas
empresas com disponibilidades financeiras, o planejamento de
caixa dá oportunidade à empresa de otimizar esses recursos,
optando entre as diversas alternativas de negócios oferecidas no
mercado financeiro.
A gestão de caixa não é uma tarefa fácil, muito pelo
contrário, todos nós sabemos que lidamos com
uma tarefa bastante árdua. O bombardeamento das
variáveis existentes no contexto interno e externo da
empresa são as causas encontradas nessa tarefa para
atender os compromissos financeiros de curto e de
longo prazo.
Silva (2006, p. 120) sugere que a empresa, para ter equilíbrio
financeiro, necessita apresentar o seguinte perfil de
gerenciamento de caixa:
„„
constante equilíbrio entre os ingressos e desembolsos de
caixa;
„„
adequada rentabilidade do capital utilizado;
„„
tendência de aumento do índice de rotação de estoque;
„„
„„
aumento da participação de capital próprio, em relação
ao capital de terceiros;
disponibilidade de produtos acabados ou mercadorias no
atendimento ao cliente;
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Gestão do Fluxo de Caixa
„„
„„
„„
menor necessidade de capital de giro;
prazos médios das contas a receber e das contas a pagar
tendem a equilibrar-se;
incorrência de grandes imobilizações de capital; nem elas
são insuficientes para o volume adequado de produção e
comercialização.
Da mesma forma, Silva (2006, p. 121) contribui com algumas
ações quando existe um deficit de recursos monetários no caixa
da empresa e que há necessidade de um saneamento financeiro.
Está na próxima seção.
SEÇÃO 8 - Sugestão de saneamento financeiro
Dentro do mesmo raciocínio de Silva (2006, p. 121), quando
o problema é focado em desequilíbrio de caixa, então pode-se
apontar diversas medidas saneadoras, como segue:
„„
„„
„„
aportar capital próprio, de novos recursos dos sócios
atuais ou de novos sócios;
equilibriar os níveis de produção e vendas à capacidade
de caixa atual;
melhorar a produtividade com utilização de indicadores
de gestão;
„„
rever periodicamente a tabela de preços;
„„
promover a venda de ativos desnecessários;
„„
„„
efetuar planejamento e controle financeiros mais eficazes
das principais atividades, destacando: compras, produção
e vendas;
manter controle rígido de custos e despesas operacionais,
principalmente dos fixos;
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„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
„„
diminuir o ritmo das atividades operacionais;
evitar desperdícios em todas as áreas, de forma a rever os
processos de trabalho, materiais, formulários, pessoal, etc.;
efetuar cobrança mais efetiva dos atrasados, para evidenciar a
inadimplência;
fazer acompanhamento diário do fluxo de caixa, avaliando o
projetado versus o realizado e fazendo os ajustes necessários;
atentar para o giro de estoques às disponibilidades e
necessidades do caixa;
ajustar os pagamentos às estimativas das contas a receber, e
fazer alterações, se necessário;
ter os canais de comunicação abertos com clientes e
fornecedores;
concentrar os números de bancos (dois ou três, dependendo do
tamanho da empresa);
avaliar os valores dos serviços e taxas cobrados pelos bancos;
não concentrar os pagamentos em uma mesma data e também
não diluir demais os pagamentos no decorrer do mês;
utilizar créditos bancários somente quando não houver outra
maneira de captação de recurso;
fazer revisão periódica do controle de tributos em geral na
empresa;
controlar o float e a reciprocidade bancária;
aproveitar os descontos, bonificações sobre volume de compras/
vendas, estoque em consignação (custo zero), reembolso de
publicidade cooperada, venda de sucatas, etc.;
adotar adequado controle sobre vendas com cheques prédatados e cartas de créditos (taxa de administração, comissão e
float) de consórcios;
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Gestão do Fluxo de Caixa
„„
„„
„„
negociar com seus principais fornecedores prazos maiores
para financiamento de suas compras relevantes, de forma
não onerosa (ideal) ou com taxas bastante atrativas;
renegociar suas dívidas com os bancos, objetivando um
realinhamento de taxas de juros e prazos dos empréstimos,
com utilização de consultores financeiros, ou não;
rever a gestão de caixa das empresas controladas e/ou
coligadas, objetivando a sua centralização na holding,
visando buscar maior eficiência na administração dos
recursos financeiros.
Após a contribuição de Silva (2006, p. 121) com as medidas
saneadoras acima, vamos fazer uma síntese para que você não se
esqueça daqueles pontos considerados fundamentais para o gestor
financeiro na elaboração do orçamento de caixa.
Síntese
O orçamento de caixa é um dos mais eficientes instrumentos de
planejamento e controle empresariais, que poderá ser projetado de
várias maneiras, de acordo com as necessidades ou conveniências
de cada empresa.
Pelo que foi exposto, a elaboração do orçamento de caixa irá
depender do tipo de atividade econômica e porte da empresa.
Este será um requisito básico para que a empresa tenha sucesso
em suas atividades operacionais.
O orçamento de caixa é um instrumento essencial para que o
administrador financeiro possa alcançar os objetivos e as metas,
em termos de liquidez e rentabilidade da empresa.
Considerando as expectativas das empresas, o orçamento de caixa
é o instrumento mais eficaz a serviço da organização, sob o ponto
de vista gerencial. As decisões terão de ser tomadas, mediante as
informações que darão suporte financeiro à empresa e que estarão
contidas, necessariamente, no orçamento de caixa.
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Atividades de autoavaliação
1) Procure uma empresa de pequeno porte, que esteja em dificuldade
financeira, e descreva como o lucro, o risco financeiro e a eficiência
operacional são afetados pelas diversas transações da empresa.
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Gestão do Fluxo de Caixa
Saiba mais
Você pode ampliar seus conhecimentos teóricos, lendo os
seguintes livros:
HOJI, M. Administração financeira, uma abordagem prática.
São Paulo: Atlas, 2003.
RAMALHO, R. Curso teórico e prático de falências e
concordatas. São Paulo: Saraiva, 1993.
SANTOS, V. P. Manual de diagnóstico e reestruturação
financeira de empresas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SCUBERT, P. Manual de orçamento empresarial integrado:
sua metodologia, elaboração, controle e acompanhamento. Rio de
Janeiro: Jolan, 1987.
SOBANSKI, J. J. Prática de orçamento empresarial: um
exercício programado. São Paulo: Atlas, 1996.
TUNG, N. Orçamento empresarial e custo-padrão. São Paulo:
Universidade-Empresa, 1994.
WALKER, I. Comprando uma empresa com dificuldades
financeiras. São Paulo: Makron Books, 1994.
WELSCH, G. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas,
1996.
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Para concluir o estudo
Neste livro, você traçou um caminho de estudos que partiu
de definições preliminares sobre gestão do fluxo de caixa, até
chegar a exemplos recentes sobre como administrar um fluxo
de caixa, instrumento imprescindível na gestão de tesouraria.
Neste caminho, estudou também os conceitos básicos e até
mesmo práticos, como planejamento e elaboração de fluxo de
caixa, e aprofundou-se em estudos sobre gestão baseada na
criação de valor. Este novo foco vem revelando importantes
avanços em sua forma de atuação, saindo de uma postura
convencional de busca do lucro e rentabilidade para um
enfoque preferencialmente voltado à riqueza dos acionistas.
Além das unidades previstas na ementa da disciplina, você
ainda ampliou seus conhecimentos com artigos da área
voltados a contextos reais. Esses artigos proporcionaram
noções sobre atividades operacionais aplicadas no dia-a-dia
em empresas com dificuldades financeiras.
Mesmo assim, esses estudos ainda são incipientes no mundo
científico, porém já têm gerado aplicações no mundo dos
negócios, como é o caso do planejamento e controle do lucro,
o qual é chamado, na prática, de orçamento empresarial.
Acreditamos ser possível abrir uma série de perspectivas
nesse campo, seja na avaliação de negócios em que já
estamos envolvidos no dia-a-dia, seja para gerar novos
negócios ou criar planos de ação. Com o sincero desejo de
sucesso e bons estudos, nos despedimos aqui.
Grande Abraço.
Prof. Marcus Vinicius Andrade de Lima
Prof. Carlos Rogerio Montenegro de Lima
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Referências
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2003.
BLATT, A. Criação de valor para o acionista. Rio de Janeiro: Suma
Econômica 2000, p.8 e p. 9.
FREZATTI, F. Gestão do fluxo de caixa diário. São Paulo: Atlas 1997.
GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 7 ed. São
Paulo: Harbra, 1997.
HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. 5 ed.
São Paulo: Atlas, 2004.
LEMES JR, A. B; RIGO, C. M; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração
financeira: princípios, fundamentos e práticas brasileiras. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
MARQUES, J. A. V. C. Análise financeira das empresas: liquidez,
retorno e criação de valor. Rio de Janeiro: UFRJ, 2004.
PADOVEZE, C. L; BENEDICTO, G. C. Análise das demonstrações
financeiras. 2. ed. revista e ampliada. São Paulo: Thomson Learning, 2007.
RAMALHO, R. Curso teórico e prático de falências e concordatas.
São Paulo: Saraiva, 1993.
SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa.
Apostila, São Paulo: Top Eventos, 1998.
SANTOS, E. O. Administração financeira da pequena e média
empresa. São Paulo: Atlas, 2001.
SANTOS, V. P. Manual de diagnóstico e reestruturação financeira
de empresas. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SILVA, Edson Cordeiro. Como administrar o fluxo de caixa das
empresas. São Paulo: Atlas, 2005.
SILVA, José Pereira. Análise financeira das empresas. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2004.
TERCO AUDITORIA E CONSULTORIA S/C. Demonstrações de origens
e aplicações de recursos e fluxo de caixa. Apostila, São Paulo:
Ibracon, 1998.
WALKER, I. Comprando uma empresa com dificuldades
financeiras. São Paulo: Makron Books, 1994.
ZDANOWICZ, J. E. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e
controle financeiros 10. ed. Porto Alegre: Sagra Luzzato, 2004.
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Sobre os professores conteudistas
Marcus Vinicius Andrade de Lima possui graduação
em Administração pela Universidade do Estado de Santa
Catarina UDESC/ESAG; Especialização em Finanças
Empresariais pelo Instituto Brasileiro de Mercado de
capitais – IBMEC/SP; Mestrado e Doutorado em
Engenharia de Produção pela Universidade Federal de
Santa Catarina. Exerceu, durante 10 anos, a gerência geral
em Finanças na Portobello S.A. Foi empresário, durante
10 anos, de empresas de pequeno porte. Atualmente
desenvolve suas atividades na graduação da Unisul
Business School e no Programa de Pós-Graduação
em Administração da Unisul, com foco em finanças
corporativas e avaliação multicritério de apoio à decisão.
Carlos Rogério Montenegro de Lima é doutor em
Engenharia de Produção pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC), mestre em Administração pela
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da
Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV), graduado em
Administração pela Escola Superior de Administração
e Gerência (ESAG/UDESC) e também graduado
em Engenharia Civil pela Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). Atualmente é professor da
Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
onde leciona na graduação as disciplinas de Análise de
Custos, Gestão Financeira I e Business Game e na pósgraduação lato sensu as disciplinas Finanças Empresariais,
Avaliação da Performance Empresarial e Jogos de
Simulação de Negócios. É coordenador do curso de
Graduação em Administração do Campus Norte da Ilha
e do Curso de Especialização em Finanças Empresariais
da Unisul. Foi coordenador do Curso de Administração
e Negócios da Unisul Business School. Foi professor do
Mestrado em Administração na mesma Universidade
onde lecionou a disciplina Finanças Empresariais. Atuou
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Universidade do Sul de Santa Catarina
como consultor e coordenador da área financeira na GV-Consult
- consultoria da Escola de Administração de Empresas de
São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP/FGV). Foi
empresário de empresa de pequeno porte.
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Respostas e comentários das
atividades de auto-avaliação
Unidade 1
Algumas questões que podem ser realizadas sobre o texto de
Augusto de Campos são as seguintes:
O Fluxo de Caixa é um instrumento de controle que auxilia na
previsão, visualização e controle das movimentações financeiras
de cada período. De que forma os números do fluxo de caixa
identificam situações que demandam correções?
Explique a razão de o autor desejar, no fluxo de caixa
exemplificado, aproximar cada vez mais o previsto e o realizado.
Explique a importância de se manterem, no fluxo de caixa, os
valores previstos atualizados e devidamente analisados. De que
forma ocorre esta análise?
Unidade 2
Pontos a serem mencionados, em sua resenha:
„„ demonstrar o tempo de uso do fluxo de caixa no Brasil em
relação a outros países;
„„ relação entre o fluxo de caixa e a liquidez;
„„ diferença entre o lucro e o caixa;
„„ finalizar destacando a importância do fluxo de caixa.
Unidade 3
No item 4 do artigo Fluxos de Caixa e Capital De Giro – Uma
Adaptação do Modelo de Fleuriet, de autoria de Andréa Alves
Silveira Monteiro e Roberto Moreno, o modelo está explicado. É
imprescindível ressaltar em sua resposta:
„„ Capital Permanente Líquido (CPL);
„„ Necessidade de Capital de Giro (NCG);
„„ Saldo em Tesouraria (T).
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Unidade 4
1) Os indicadores econômicos e financeiros não são suficientes para avaliar
a empresa.
2) Além da dimensão econômico-financeira, a avaliação da empresa
pode ser influenciada, por exemplo: pelos interesses pessoais; variáveis
macroeconômicas (ameaças e/ou oportunidades); pontos fortes e
fracos da empresa.
Unidade 5
O lucro, o risco financeiro e a eficiência operacional são variáveis que
estão inter-relacionadas. O risco financeiro é inerente ao endividamento
da empresa, portanto o nível necessário de endividamento deve ser
precisamente calculado para não exceder a capacidade de pagamento
da empresa. A eficiência operacional só se efetivará se o nível de
endividamento for capaz de gerar liquidez para a empresa. Se essas duas
variáveis estiverem em equilíbrio por consequência a empresa atingirá o seu
objetivo principal que é o lucro. Neste caso, um instrumento eficaz para a
manutenção do equilíbrio financeiro é o orçamento de caixa. Através dele,
o gestor será capaz de visualizar a necessidade de calibrar cada uma dessas
variáveis a fim de manter o equilíbrio financeiro na empresa.
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