Ano VI - No 30
02 de agosto de 2005
Editorial
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais apresenta a 30ª edição de seu periódico Âncoras e Fuzis e
ressalta a importância de sua ampla veiculação em
todos os círculos hierárquicos das OM de Fuzileiros
Navais. Este instrumento de divulgação de conhecimentos, além de conter uma variada gama de informações de interesse de todo o profissional da Guerra
Anfíbia, serve, também, para estimular o estudo de temas de interesse e fomentar o treinamento de habilidades
táticas e a prática de processos decisórios sumários.
Nesta edição, abordaremos os seguintes temas: o emprego do CLAnf
na atualidade, UNIMOG - uma lenda alemã, o Corpo de Fuzileiros
Navais da Tailândia. Além desses, publica-se, também, um novo artigo
sobre condicionamento físico, desta vez sobre a importância do TFM
no preparo operativo das Forças Armadas.
A coluna “Palavras do Comandante-Geral” aborda a prontificação
de um DstSegEmb para possível emprego na Bolívia, a recente aprovação para aquisições de material para o GptFN HAITI, definindo a nova
silhueta do Fuzileiro Naval, e a visita ao GptFNSa. A coluna Atlântico
Sul traz um artigo sobre Ilha de Santa Helena. Na coluna Guerra de
Manobra, dois importantes conceitos são abordados. Esta edição traz
também uma chamada para os assuntos que estão em voga nos principais periódicos especializados em temas militares.
As colaborações poderão ser enviadas da seguinte forma: respondendo às situações descritas na coluna DECIDA; remetendo sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos
artigos sobre temas técnicos ou táticos que sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua contribuição diretamente ao Departamento de
Pesquisa e Doutrina do Comando-Geral pelo MBMail (3002@comcfn),
Lotus Notes (cgcfn-3002/comcfn/mar), internet ([email protected]) ou pelo Serviço Postal da Marinha.
ADSUMUS!
Palavras do Comandante-Geral
ATIVAÇÃO DO DstSegEmbBOLÍVIA
Com o propósito de garantir a segurança do nosso Corpo Diplomático em La Paz, Bolívia, e proteger as instalações da Chancelaria
e da Embaixada (Residência do Embaixador do Brasil) e, ainda, garantir
a segurança e evacuar os brasileiros que desejassem abandonar aquele
país, a Marinha recebeu a tarefa de empregar, de maneira emergencial e
temporária, Fuzileiros Navais, com um efetivo de 19 militares armados
e equipados. Mais uma vez, a estrutura de comando possibilitou responder prontamente.
A partir do acionamento, houve uma seleção entre os
militares que haviam concluído o Curso Especial para Destacamento de Segurança em Embaixadas. Uma vez selecionados, foram rapidamente reunidos no Batalhão Naval.
As ações administrativas previstas como inspeção de
saúde para missão no exterior, avaliação social, vacinação, emissão de passaportes e recebimento de uniformes (com a Bandeira Nacional e a inscrição “Fuzileiros
Navais”) e equipagens especiais, entre as quais estão incluídas 38 unidades de roupas de frio, foram
desencadeadas e comprovou-se a eficácia na
prontificação do Destacamento. O material necessário (rações, armamento, munição, água e
equipamentos-rádio) foi rapidamente embarcado em três caminhões UNIMOG.
Desde o acionamento, em 081220P/
JUN, até o pronto, em 091520P/JUN, foram 27
horas, dentre as quais sete horas de repouso e
vinte horas de trabalho contínuo. Após o pronto, imediatamente, iniciou-se o Estágio Preparatório para
Destacamento de Segurança em Embaixadas do Brasil, envolvendo diversas instruções específicas como
tiro, familiarização com equipamentos e armamentos, com vistas às tarefas previstas para o Destacamento.
Assim, o Comandante-Geral, após receber
“Ordem Verbal”, pode, em 27 horas, reportar ao
Comandante da Marinha o cumprimento da
prontificação do Destacamento de Segurança de
Embaixada na Bolívia.
O Destacamento, presentemente, permanece pronto no Comando-Geral em adestramento e instruções finais.
UMA NOVA SILHUETA DO FUZILEIRO NAVAL
Com a renovação do acordo para a permanência de tropas
brasileiras no HAITI, o CFN vem realizando grandes investimentos na
área de material, para a preparação do quarto contingente.
As aquisições têm privilegiado a segurança e o conforto do
Fuzileiro Naval. Segurança, na medida em que está havendo uma ampliação da compra de capacetes e coletes à prova de balas, acompanhados
das respectivas placas balísticas. A segurança já pôde ser comprovada,
quando no dia 06JUL2005, nas ruas do Haiti, uma patrulha do
GptOpFuzNav, embarcada em URUTU, foi engajada por fogos. Um
projetil atingiu um FN e não o feriu, pois o mesmo encontrava-se
protegido pelo colete e placa balística. O conforto está caracterizado
pelo emprego de material mais leve e melhor adaptável ao corpo,
permitindo uma adequada distribuição do peso. Novos itens de equipagem estão sendo introduzidos,
como joelheira, cotoveleira, coldres e bornais modulares.
Trata-se de material moderno, utilizado pelos
Marines nos atuais campos de batalha. Esta compra só
foi possível, após uma intervenção junto aos fornecedores,
uma vez que a produção tem sido destinada às tropas empenhadas no IRAQUE e AFEGANISTÃO.
Assim, começa a surgir uma nova silhueta do Fuzileiro Naval, a partir de 2005.
VISITA AO GptFNSa
Dia 30 de junho de 2005, tive a oportunidade de visitar o
Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador. Foram momentos
prazerosos para o Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros
Navais passar em revista à Companhia de Honra formada, falar à
Tripulação e visitar as instalações muito bem conservadas do
nosso Grupamento. Durante a visita contei com a presença do
Comandante do 2º Distrito Naval, Vice-Almirante João Afonso
Prado Maia de Faria, que comigo partilhou os agradáveis eventos
transcorridos naquele dia, culminando em uma reunião na Delegação da Associação de Veteranos – sede Salvador, momento de
viva emoção, onde recordamos o passado e vivenciamos o verdadeiro espírito de corpo. Estava também presente a Ala Feminina
que sempre desfila no dia dos Veteranos. No dia 21 de maio de
2005, esta delegação partiu em três ônibus rumo ao Rio de
Janeiro para participar do XXXI Encontro de Veteranos no
Centro de Instrução Almirante Silvio de Camargo.
1-
Assuntos em Voga
Com o objetivo de incentivar a leitura de periódicos especializados em assuntos militares, o Âncoras e Fuzis faz uma
chamada para alguns artigos recentemente publicados, considerados interessantes para o aprimoramento profissional
dos Fuzileiros Navais. Nesta edição, mostraremos a “MARINE CORPS GAZETTE”, que é um periódico mensal do USMC.
JANEIRO DE 2005
“Unidade Central de Operações consegue bons resultados no Iraque” - Durante o verão de 2004, esta Unidade funcionou por mais de 12.000 horas sem nenhuma interrupção significativa. Trata-se de uma Unidade móvel para realizar atividades
de Comando e Controle, quando tropas de Fuzileiros Navais
estão desdobradas no teatro de operações.
FEVEREIRO DE 2005
“Adestramento: Reconstruindo os fundamentos de nosso Corpo de Oficiais: um escola básica para o futuro - O USMC
transforma seus recrutas em atletas combatentes com a ajuda
de preparadores físicos reconhecidos profissionalmente”. Dois
artigos que revolucionam o adestramento diário do USMC. A
famosa “Basic School” é posta em cheque e uma nova concepção surge para a formação dos novos oficiais.
MARÇO DE 2005
“Para onde foram todos os coronéis” - Artigo interessante que mostra as dificuldades encontradas pelo USMC devido à concentração de seus Coronéis em funções burocráticas e
longe do “rush” causado pelas funções operativas.
ABRIL DE 2005
“As Operações Distribuídas” - Diversas frações de tropa são lançadas na CP, causando dificuldades ao inimigo, pois
ele não consegue identificar frentes e objetivos para essas frações. Todavia, essas diversas operações possuem objetivos
individuais claros e o resultado do conjunto consiste em manobrar de forma avassaladora sobre um inimigo desorientado e
surpreendido.
Gestão Contemporânea
Conforme preconiza o EMA-131 MANUAL DE GESTÃO CONTEPORÂNEA da MB, apresentamos um relato do Batalhão
de Viaturas Anfíbias, no qual um problema que perdurava há um bom tempo foi resolvido com engenho e arte.
1T (FN) Marcus Vinícius Braga
Batalhão de Viaturas Anfíbias
Modernização dos Equipamentos de Comunicações para os CLAnf de Primeira Geração
No ano de 2002, o CMatFN adquiriu equipamentos rádios TADIRAN RT-7330S, AM-7350, C-7300, Antenas MK1-4242
e os equipamentos de intercomunicação, AM-7162, C-11133, C11135 para os CLAnf de 1ª geração, transferindo, após, este
material para o BtlVtrAnf. Ainda nessa ocasião, foram transferidos cabos de comunicação para que fosse efetivada a modernização relativa ao sistema de comunicação deste tipo de CLAnf.
Entretanto, estes cabos mostraram-se de tamanho inferior ao
necessário para atender ao especificado para a viatura, o que
impôs a necessidade de uma adaptação, aproveitando-se o que
havia de disponível no mercado nacional, com o propósito de
adequá-los aos novos equipamentos adquiridos.
Como solução de curto prazo, uma vez que os CLAnf de
1ª geração estavam com deficiência de seus equipamentos-rádio originais e o BtlVtrAnf só dispunha de apenas cinco conjuntos desse tipo de equipamento, os
quais encontravam-se obsoletos e
sem peças de reposição, o Comando
do BtlVtrAnf decidiu adquirir cabos
para substituir, em nível experimental, todos aqueles com tamanhos inadequados.
Feita a montagem dos cabos
que interligam o sistema de
intercomunicação e servindo-se dos
conectores dos cabos não aproveitados, surgiu, então, uma nova neces-2
sidade para a montagem dos demais cabos: os conectores
AMPHENOL, responsáveis pela conexão das estações do comandante da viatura e do comandante da tropa com o rádio RT7330S. Após várias tentativas de adaptação, finalmente foi obtido sucesso, entretanto algumas funções do equipamento rádio
ficariam inoperantes tais como salto de freqüência e o recurso
secreto, porém não comprometeriam a funcionalidade e necessidade do Comandante da Viatura.
Ao longo do desenvolvimento, foram sendo utilizados
os conectores AMPHENOL provenientes dos cabos de
remotagem não aproveitados, suprindo a necessidade anteriormente descrita, não sendo mais necessária a referida adaptação.
Foram confeccionados ainda os cabos que interligam a C-11135
ao RT-7330S do Comandante da Tropa, o que resultou em um
perfeito funcionamento do sistema.
Com o desenvolvimento dos
cabos, foram modernizadas, inicialmente, duas viaturas CLAnf de 1ª
geração, dando, assim, o rumo a ser
seguido para que nenhuma viatura
ficasse indisponível por falta de comunicações. Hoje, praticamente todas as viaturas de 1ª geração encontram-se modernizadas, no que diz
respeito às comunicações, acabando com um problema que perdurava
há quase dez anos.
Atlântico Sul
Santa Helena é uma colônia britânica do
Atlântico Sul, localizada praticamente a meio do oceano, mas geralmente englobada nos territórios africanos, por se encontrar mais perto de África do que
da América do Sul. A colónia é constituída pela Ilha
de Santa Helena e por duas dependências muito afastadas: Ascensão, a Noroeste, e Tristão da Cunha, ao
Sul. Relativamente à ilha de Santa Helena propriamente dita, o território mais próximo é a ilha de Ascensão, seguindo-se a costa africana do Sul de Angola e do Norte da Namíbia, a Leste. Capital:
Jamestown.
A ilha foi descoberta em 1501 pelo navegador Galego João da Nova, enquanto ao serviço de
Portugal. João da Nova dirigia-se à Índia, tendo nessa viagem também descoberto a Ilha de Ascensão.
Portugal nunca colonizou a ilha, que veio a
ser ocupada pela Marinha Inglesa, no século XIX.
Napoleão Bonaparte faleceu exilado em Santa Helena. A indústria do turismo local explora muito
este particular aspecto da História, bem como o calmo estilo de vida de sua população.
Curiosamente, Santa Helena não possui nenhuma praia,
sendo o seu litoral completamente rochoso. Também por este
motivo a ilha era utilizada como prisão. Não há uma saída fácil
do interior da ilha, que não seja através da capital Jamestown.
Ilha de Ascenção
Santa Helena não possui aeroporto, sendo todo o transporte de pessoas e cargas feito por meio de barcos. A ilha possui um navio, chamado RMS St Helena, que faz uma rota passando por Inglaterra, Irlanda, Ilhas Canárias, Ascensão, Santa
Helena, África do Sul e Namíbia. A passagem pela Namíbia é
ainda experimental.
Existe um projeto para construção de um aeroporto, como
forma de viabilização econômica da ilha, principalmente através
do turismo. Santa Helena é ainda muito dependente de recursos
vindos da Inglaterra.
Ilha de Santa Helena
Casa de Napoleão
Prêmio Âncoras e Fuzis
Jamestown
Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM.
INDIVIDUAL
1º - CC (FN) ROSSINI (CIASC) .......................... 12 PONTOS
2º - Asp FN 3059 Eduardo Rodrigues (EN) ...... 07 PONTOS
3º - Asp FN 3087 Sanctos (EN) ......................... 07 PONTOS
4º - CF (FN) Cupello (ComOpNav) .................... 06 PONTOS
5º - CF (T) Serrano (CMatFN) ............................ 06 PONTOS
OM
1º - EN. ......................................................... 599 PONTOS
2º - 2oBtlInfFuzNav ........................................ 401PONTOS
3º - BtlArtFuzNav ............................................ 39 PONTOS
4º - BtlOpRib .................................................. 27 PONTOS
5º - CIASC ...................................................... 18 PONTOS
3-
Corpo de Fuzileiros Navais da Tailândia
O Corpo de Fuzileiros
Navais da Tailândia (The
Royal Thai Marine Corps RTMC) possui duas Divisões, com um efetivo de planejamento total de 25.000
militares, sendo que atualmente alcança a marca de 20.500, e cada Divisão inclui:
dois Batalhões de Assalto Anfíbio;
um Regimento de Artilharia com:
três Batalhões de Artilharia de Campanha; e
um Batalhão de Artilharia Antiaérea; e
um Batalhão de Reconhecimento.
O Quartel-General do RTMC está situado no Campo de Samaesan, dentro da Base Naval de Sattahip, e tem
como objetivo principal desenvolver uma efetiva capacidade de assalto anfíbio. Existem também bases do RTMC
em Narathiwat e Trat.
Os recrutas recebem o mesmo treinamento básico dos militares da Marinha Real da
Tailândia, com duração de oito a onze semanas. Os selecionados para o RTMC são encaminhados para um treinamento avançado, com
instruções adicionais sobre contra-insurgência
e Guerra Anfíbia.
-4
A prioridade em desenvolver uma efetiva capacidade de
assalto anfíbio ficou evidenciada pela incorporação, em 1997,
de um porta-aviões de fabricação espanhola chamado Chakri
Naruebet. Um outro, nas mesmas condições, em seguida foi
encomendado. Com esta capacidade de projeção de poder, o
RTMC pode contar com apoio aéreo aproximado, após a compra
de aeronaves A-7 Corsair, de combate e de treinamento, e de
aeronaves AV-8S Matador (Harrier), adquiridas da Espanha para
o desenvolvimento da Guerra Anti-Submarino.
As tropas de reconhecimento são qualificadas para saltos com pára-quedas na RTMC Parachute School em Sattahip,
onde são exigidos, no mínimo, oito saltos incluindo um noturno e dois sobre a água. Estes militares são submetidos, também, a um
treinamento de três meses de reconhecimento anfíbio em Sattahip, incluindo táticas terrestres e anfíbias.
O Batalhão de Reconhecimento Anfíbio consiste de:
uma Companhia de Comando
com um Pelotão de Cães de Guerra;
uma Companhia Anfíbia; e
duas Companhias equipadas com
LAV-150 (veículos anfíbios).
O Emprego do CLAnf na Atualidade
1T (FN) Rogerio de Mello Francesconi
Batalhão de Viaturas Anfíbias
No cenário de guerra atual, o CLAnf vem se apresentando como um dos veículos mais empregados para transporte de
tropa, como visto na presente guerra do Iraque.
Rebatizado de Carro Lagarta Anfíbio, ao chegar no Brasil nos anos 80, o CLAnf é conhecido internacionalmente como
“Assault Amphibian Vehicle” ou, simplesmente, de AAV.
Ao lado de poderosos veículos, como o de transporte
de tropa, o BRADLEY, e carros de combate, como ABRAMS, o
CLAnf não deixa a desejar, operando em conjunto ou até mesmo
substituindo o BRADLEY em algumas missões.
De fato, o BRADLEY é o veículo mais capacitado para as
operações de transporte em terra. A sua blindagem, feita de
urânio, o torna bastante resistente, além de possuir diversos
armamentos, capacidade de atirar em movimento, seja durante o
dia ou à noite, sistema de visão noturna e térmica. Essas características tornam-no propício e capacitado para apoiar qualquer
tropa embarcada.
Apesar de toda superioridade do BRADLEY, o CLAnf
possui um papel importante nas missões. Além de sua capacidade de transpor diversos tipos de terreno, o CLAnf transporta
um número considerável de militares, total de 22, contra apenas
sete do BRADLEY, daí o largo emprego do CLAnf nas missões
que envolvem transporte tático. Em função disso, pode-se ver
nos jornais e noticiários o CLAnf operando no Iraque, junto
com os mais modernos carros de combate, mesmo enfrentando
BRADLEY
a ameaça dos RPG (rocket-propelled grenades), que são de fabricação Russa e conseguem perfurar com facilidade a superior
blindagem do BRADLEY.
Contudo, percebe-se que a missão do CLAnf não acaba
na praia, pelo contrário continua a se estender por quilômetros
e quilômetros.
CLAnf
5-
Intercâmbio com o Royal Marines
O CF (T) Luiz Carlos Pinheiro Serrano, do Comando do
Material de Fuzileiros Navais,
participou de um intercâmbio
com os Royal Marines, durante o Exercício “GREEN
DAGGER”, realizado pelo 29º Command Regiment Royal Artillery.
Esse Regimento é composto por três Baterias de Tiro de
Obuseiros 105mm Light Gun L118. O exercício cumpriu um ciclo
de adestramento que iniciou no nível peça e culminou com o
adestramento final de todo Regimento. Os Royal Marines realizaram seu último adestramento no nível Regimento em 2000,
apesar de posteriormente a essa data terem ocorrido Exercícios
de Tiro na Noruega, no Afeganistão e no Iraque. O Exercício
“GREEN DAGGER” foi dividido em duas fases:
1ª Fase (Geral): realizada no período de 13 a 15MAI2005,
na Área de Treinamento de Sennybridge (País de Gales). Esta
fase abordou as etapas elementares do adestramento de Artilharia de Campanha, com alguma restrição de emprego de munição. Foi conduzido separadamente o adestramento para a Guarnição da Peça, Central de Tiro, Topografia e Observadores Avançados (OA); e
2ª Fase (Específica): realizada no período de 16 a
21MAI2005, na Área de Adestramento de Salisbury Plain (Inglaterra). Esta fase foi completamente tática, sendo desenvolvidos os fundamentos e a organização de Artilharia de Campanha
e o planejamento e a coordenação do apoio de fogo. O exercício
final no nível Regimento teve os seguintes propósitos:
realizar uma incursão de artilharia (“artillery raid” - um
exercício no qual a artilharia é lançada em uma posição avançada, cumpre a sua missão e retira-se rapidamente), exigindo o
conhecimento preciso e seguro da posição das três Baterias de
Tiro e dos alvos a serem engajados e obtidos, por meio do
levantamento topográfico, utilizando o equipamento Global
Position System (GPS);
verificar a precisão dos tiros das três Baterias de Tiro; e
buscar a proficiência dos Observadores Avançados (OA).
Durante o intercâmbio foram observados os materiais
abaixo relacionados, utilizados pelo 29º Command Regiment
Royal Artillery e que são considerados no estado da arte, inclusive empregados em guerra:
a) Fire Control Application (FCA) - equipamento empregado pela Central de Tiro. Computador EDO MBM LT 465 que
-6
processa complexos algoritmos e cálculos em soluções balísticas com rapidez. A Artilharia de Campanha no Reino Unido substituiu o Computador de Tiro Gunzen Mk3, empregado pelo Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais, pelo FCA.
b) Laser Inertial Artillery Pointing System (LINAPS ou
simplesmente APS) – equipamento automático de pontaria do
Obuseiro 105mm Light Gun L118. O APS já foi empregado na
Guerra da Bósnia e está sendo atualmente utilizado na Guerra
do Iraque. É um sistema que fornece a orientação precisa e o
correto posicionamento dos obuseiros, sem a necessidade do
emprego dos diversos dispositivos de pontaria convencionais
(luneta panorâmica para o tiro indireto, luneta para o tiro direto,
paraleloscópio e balizas de pontaria). O APS é montado na arma e
provido de um método de auto-orientação, que fornece a localização exata do obuseiro em qualquer condição de tempo durante o
dia ou à noite. Também, fornece com precisão a direção e a elevação da arma, eliminando a margem de erro provocada pelo militar
apontador da peça, por ocasião da inserção de dados no obuseiro.
Sua vantagem é apontar eletronicamente a arma com precisão,
diminuindo o tempo do cumprimento da missão de tiro e da desocupação da posição, possibilitando conseqüentemente a redução da viabilidade de receber fogos de Contra Bateria. Este equipamento é fabricado pela BAE Systems.
c) Manportable Survielance and Target Acquisition Radar (MSTAR) - utilizado pelos Observadores Avançados e é um
radar para localização de alvos, com alcance de 30 Km.
Condicionamento Físico
CC (FN) Marcio Rossini Batista Barreira
Instrutor do CAOCFN
A Importância do Treinamento Físico Militar
no Preparo Operativo das Forças Armadas
O TFM entra como um componente indispensável
para a eficiência operativa das Forças Armadas, pois é
fundamental estar preparado fisicamente para comandar
e atuar à frente de uma tropa, de um departamento/divisão ou de uma aeronave. Além disso, observa-se que tal
treinamento é vital para se ter uma vida saudável, bem
como ter uma melhor qualidade de vida até às idades
mais avançadas.
O TFM também reforça a prática da liderança pelo
exemplo, já que o subordinado se motiva ao ver seu superior correndo, nadando ou realizando qualquer treinamento
físico.
Neste sentido, serão citados alguns princípios do
TFM, considerados ferramentas importantes, que orientarão o Cmt de Fração/SU a evitar acidentes com seus
subordinados e consigo mesmo:
A. INDIVIDUALIDADE BIOLÓGICA – define que cada indivíduo tem um determinado condicionamento físico. Assim, não se deve igualar uma pessoa com
outra. Um exemplo errôneo disso, é quando corremos com
o pelotão ou a companhia num ritmo forte e queremos
que todos cheguem juntos;
B. ADAPTAÇÃO – define que uma intensidade
insuficiente no exercício não produzirá efeitos no treinamento. Já uma intensidade forte provocará danos ao organismo, levando-o à exaustão e, em alguns casos, à morte. Desta forma, o ideal é uma intensidade média para
forte, que provocará uma adaptação do organismo ao exercício físico executado;
C. CONTINUIDADE – define que a regularidade do TFM é fundamental para que o mesmo promova a
manutenção preventiva de nossa saúde. Assim, o ideal é
executá-lo nos cinco dias úteis da semana ou no mínimo
em três dias, como prescreve coerentemente a DGPM601 (REV 3);
D. ESPECIFICIDADE – define que os exercícios previstos no TFM devem atender aos gestos específicos das atividades militares peculiares de cada Força, de
acordo com suas tarefas. Um exemplo deste princípio: na
região Norte, deve-se ter mais atenção à natação, já que
o ambiente operacional impõe este requisito de adestramento como vital para o sucesso e segurança das operações; e
E. VARIABILIDADE – define a importância na
diversificação das sessões de TFM para que a tropa tenha motivação, empenho e alternância dos variados grupos musculares.
Ainda com relação à segurança na prática do TFM,
salienta-se que é totalmente infundada a idéia de que o
aumento da sudorese (suor) diminui a gordura armazenada. A água proveniente desta sudorese não é oriunda do
tecido adiposo (gordura), mas basicamente do sangue,
podendo levar o indivíduo a se desidratar até entrar num
quadro de intermação, levando-o à morte. Assim, recomenda-se que o TFM seja realizado sem o uso da camiseta em grande parte do território nacional, aumentando,
desta forma, a área de evaporação do corpo.
É importante salientar, também, que a parada total,
imediatamente, após um exercício intenso, deve ser evitada. Deve ser executada uma corrida com
ritmo fraco ou uma caminhada, pois a brusca alteração de esforço poderá provocar
uma irrigação sangüínea insuficiente no
cérebro e no coração, causando tonteiras,
desmaios e enfarte no miocárdio (músculo do coração).
Os sucessos adquiridos na preparação operativa, na prática da liderança e na
segurança de nossa própria vida e de nossos subordinados serão asseguradas por
meio da prática regular do TFM, que deverá ser orientado por um especialista em
educação física ou pela DGPM-601 (REV
3). Além disso, deve-se relembrar que,
semestralmente, antes da prática do TFM,
o militar deverá passar por uma avaliação
médica.
7-
UNIMOG uma Lenda Alemã
CT (T) Tonery Pernambucano
Comando-Geral do CFN
Considerados os melhores caminhões leves já fabricados, o UNIMOG não encontra concorrentes no mercado mundial.
Eles são utilizados no meio civil e militar em todo o mundo e mais de 300.000 já foram fabricados desde 1948.
Em 1944, o Secretário de Tesouro Americano, Henry
Morgenthau, propôs transformar a Alemanha pós-guerra em um
estado agrário. Diante deste fato, Albert Friedrich (EngenheiroChefe da Daimler-Benz Aviação, Divisão de pesquisa) começou
em dezembro de 1945 a desenvolver um veículo altamente especializado para a agricultura. Seu conceito era um 4x4 com diferenciais auto-blocantes, grande altura livre do chão, excelentes ângulos de entrada e saída, plataforma pequena, cabine para duas
pessoas, velocidade extremamente baixa para o trabalho no campo e de aproximadamente cinqüenta km/h para estradas pavimentadas. O projeto começou numa fábrica em Schwäbisch Gmünd,
ao Sul da Alemanha, na Gold und Silberfabrik Erhand &Söhne. A
fábrica nunca havia feito veículos ou tratores.
Sete meses depois, o primeiro protótipo estava pronto,
equipado com um motor de quatro cilindros, 1.7 litros movido a
gasolina. Esse novo veículo, que não era nem um caminhão nem
um trator, ainda necessitava de um motor a diesel de qualidade
e um nome. O problema do nome foi resolvido pelo engenheiro
Hans Zabel. Ele criou um anacronismo: UNIversal-MOtorGerät
(algo como Unidade Universal Motorizada) ou UNIMOG.
O primeiro UNIMOG foi intensamente testado em 1947 e
os resultados confirmaram o conceito. Em 1948 um motor a diesel foi avaliado, o OM 636 de 25hp da Daimler-Benz. Neste mesmo ano, o UNIMOG foi mostrado em Frankfurt-au-Main pela
primeira vez e gerou um grande entusiasmo, resultando em planos para o início de fabricação. Os criadores do UNIMOG, agora, procuravam uma nova fábrica e, no outono de 1948, eles se
transferiram para Werkzeugmaschinenfabrik Boehringer. Nos
dois anos seguintes, foram produzidos seiscentos UNIMOG
modelo U25. Em 1951, a Daimler-Benz começou a mostrar interesse pelos UNIMOG e a fábrica mudou novamente, desta vez,
para Gaggenau, onde está até hoje. Em maio de 1953, o UNIMOG
recebeu a famosa estrela da Mercedes.
O primeiro UNIMOG U25 foi um grande sucesso, ele
operava em velocidades de 0.5km/h até 52km/h, possuia peso
vazio de 1780kg e capacidade de carga para 1370kg. Não eram
apenas os fazendeiros e trabalhadores rurais os fãs do UNIMOG,
O U 2150L, ano 1991, versão ambulância militar.
Protótipo em teste
U 25 - Primeiro modelo produzido em série, com
16.250 unidades produzidas.
o exército francês, que ocupou o Sudoeste alemão, encomendou os primeiros UNIMOG militares. Entre 1950-51, eles compraram quatrocentos modelos U25.
Em 1953, o U25 passou a se chamar U 401/402, dependendo da distância entre eixos. Em 1956, o último 25hp foi entregue num total de 16.250 veículos produzidos e, então, a DaimlerBenz apresentou o novo UNIMOG. Era o 1 ½ ton U404 ou
UNIMOG-S com motor de 82hp, 2.2 litros, seis cilindros, movido
a gasolina, velocidade que variava de 1.5km/h até 95km/h, sistema elétrico de 24 Volts e altura livre do solo de quarenta cm,
muito maior que o Dodge M37, seu principal concorrente. Seu
consumo de combustível também era lendário, embora as fontes oficiais afirmassem que era de 5,4 km/l alguns veículos faziam 1,7km/l!
A carreira militar do UNIMOG começou, efetivamente,
em 1955, quando a então Alemanha Ocidental tornou-se novamente um país soberano e membro da OTAN. Era o tempo de
uma nova Alemanha, um novo Bundeswehr (Exército Alemão)
foi criado e os primeiros mil voluntários engajaram, o
Bundeswehr também encomendou os UNIMOG para utilizar nas
suas Gebirgsjäger (tropas de montanha).
Um problema detectado nos UNIMOG era o acesso para
manutenção do motor e câmbio. Eles estavam acomodados sob
um pequeno capô e não existiam cabines escamoteáveis, como
(Continua)
-8
(Continuação)
hoje em dia. Diziam que para fazer a manutenção você tinha que
possuir mãos e braços de borracha.
Foram produzidas diversas versões do UNIMOG U404:
teto de lona, cabine de metal, cargo, furgão (que se transformavam em ambulância, oficinas e veículos de comunicações), caminhões de bombeiro entre outros. Eles eram vendidos tanto
para militares como para civis.
Em 1971, já tinham sido produzidos, aproximadamente,
171.000 UNIMOG de todos os tipos. Em meados dos anos 1970,
foram lançados os modelos 424, 425 e 435, maiores e mais possantes que os 404, com motor a diesel de seis cilindros e 130hp
e câmbio de oito marchas com reduzida.
Na década de 1990, foram lançadas as versões U 2150 e
U2400. Hoje em dia existem os modelos U 300/400/500, que são
chamados de Implement Carrier e os modelos Extreme Off-Road
U 3000/4000/5000, as versões diferem quanto à potência do motor
(de 150hp a 279hp) e à capacidade de carga (3000 kg a 7100 kg).
Atualmente, os UNIMOG estão em uso nas forças armadas de diversos países como: Argentina, Austrália, Brasil, Dinamarca, França, Holanda e Estados Unidos.
O modelo U3000/4000/5000, Extreme Off-Road,
ano 2005 (acima) e o modelo U300/400/500,
Implement Carrier (abaixo)
Guerra de Manobra
Nesta Edição, abordaremos dois conceitos importantes sobre Guerra de Manobra, extraídos do
CGCFN-1000 - Manual de Organização e Emprego
de Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais.
CENTRO DE GRAVIDADE
O Centro de Gravidade (CG) é a fonte de todo o
poder e confere ao contendor, em ultima análise, a liberdade de ação para utilizar integralmente seu poder de combate.
Poderá ser constituído por um aspecto material,
como uma unidade específica ou sistema de armas, ou
não-material, como uma liderança especialmente
estimuladora ou a vontade de lutar.
O comprometimento do CG implicará em uma redução significativa da capacidade do contendor de influir
nas ações.
Cada contendor possuirá um ou mais CG para cada
nível de condução da guerra ou escalão, sendo também
possível a sua variação no tempo. A sua identificação não
será tarefa fácil em função da variedade de aspectos que
podem ser considerados como CG. Entretanto, impõemse selecionar um deles como alvo do esforço, o que poderá ser feito por meio da análise do impacto de sua perda
para o inimigo e da sua acessibilidade via uma
vulnerabilidade crítica do CG.
VULNERABILIDADE CRÍTICA
As Vulnerabilidades Críticas (VC) são pontos fracos do CG que, ao serem exploradas, resultarão na
desestabilização ou destruição do CG oponente. É importante que a VC seja acessível pelo contendor oposto para
poder ser assim considerada.
As VC são dependentes da evolução da situação,
podendo, em um determinado momento ou período, serem
como tal enquadradas, deixando de sê-las, posteriormente.
Deve-se estar atento para perceber e explorar as
vulnerabilidades inimigas, por vezes passageiras e fluidas.
Caso as VC não se apresentem, estas devem ser criadas
mediante ações preparatórias.
9-
Resposta do Decida nº 29
Várias soluções atenderam ao solicitado no enunciado do último DECIDA, porém destacamos o BtlOpRib que, por meio da
coerência das respostas de seus Oficiais, evidenciou que o assunto foi amplamente debatido na OM. Destacaram-se também, o 1T
(FN) Galvão, da CiaPol da TrRef, o 2T (FN) Rocha Lima, do BtlArtFuzNav e 1T (Fn) Lopes, do GptFNBe. O CC (FN) ROSSINI, do
CIASC, houve-se muito bem na elaboração da sua decisão, porém optou pela defesa, diferentemente do pretendido pelo idealizador
do DECIDA, todavia sua solução foi impecável.
A maioria das soluções privilegiaram a defesa, porém o pensamento de CLAUSEVITZ nos diz que: “Prudência é o verdadeiro espírito da defesa, coragem e audácia o verdadeiro espírito do ataque”. Quem defende perde a iniciativa do combate e deixa para
o inimigo a escolha de onde, como e quando atacar.
A seguir, apresentamos o enunciado do DECIDA Nº 29, para que os leitores possam relembrar a situação a que se refere a
solução apresentada.
Decida nº 29 - Combate do Rio Garagiola
O Senhor é o Comandante da 3ªCiaFuzNav(Ref)/
3ºBtlInfFuzNav, consistindo dos 1º e 2ºPelFuzNav(Ref)
embarcados em CLAnf, localizados perto do rio GARAGIOLA;
e do 3ºPelFuzNav(Ref), em reserva, a Leste de ANDROIDA. A
sua CiaFuzNav está reforçada pelo 3ºPelCC e por um PelMAC
da CiaApF.
Pelas últimas duas semanas, o Senhor tem enfrentado
forças inimigas mecanizadas, tendo sido obrigado a retrair do
Oeste para o Leste. O Senhor vem desgastando o inimigo e ao
mesmo tempo, tem procurado preservar seu próprio poder de
combate. O Senhor levantou que o inimigo a vossa frente consiste
de um PelCC e um EsqdFuzBld. As táticas inimigas enfatizam o
ataque agressivo, visando a sobrepujar a resistência com o CC,
usando a infantaria a pé somente para o combate aproximado.
A visibilidade baixa, causada por uma forte neblina, tem
prejudicado o acompanhamento da situação do inimigo, desde
os últimos combates, quando o Senhor perdeu o contato.
Enquanto vossa unidade está posicionada ao longo do
rio, o 3ºPelCC está tentando restabelecer contato.
Alguns bancos de areia impedem os CLAnf de atravessar
o rio. Vossa tarefa é destruir qualquer força inimiga em sua zona
de ação. Caso não consiga, deverá retardar estas forças.
Quando o 3ºPelCC passa a Oeste de TRAGÉDIA, reporta
uma força inimiga blindada aproximando-se do PCt 68. O 3ºPelCC
não foi detectado pelo inimigo.
O 3ºBtlInfFuzNav possui uma Bia0105mm em ApDto e a
prioridade de fogos do BtlArtFuzNav, além de até duas sortidas
de aeronaves AF-1, estimando-se o tempo entre o pedido e a
apresentação das aeronaves em aproximadamente 10 minutos.
O inimigo estará em TRAGEDIA ou GARAGIOLA em
cerca de quarenta minutos. O tempo é crítico, mas desde que o
Senhor já tinha considerado a possibilidade de combater ao
longo do rio GARAGIOLA, o Senhor agora não se sente tão
pressionado. Desenvolva as ordens que o Senhor daria aos
seus subordinados e lembre-se que o “máximo emprego da ação
ofensiva” é um dos principais Fundamentos da Defensiva.
Agora são 0900P.
Dentro deste espírito, selecionamos a solução do 1T (FN) Helio Paiva da Silva Júnior, do BtlOpRib.
EXAME DE SITUAÇÃO:
A 3ªCiaFuzNav (Ref) possui a tarefa de destruir qualquer
força inimiga na sua zona de ação ou, caso não consiga, retardála. A 3ªCiaFuzNav tem sido obrigada a retrair no sentido OesteLeste devido aos ataques mecanizados. O 3ºPelCC no seu reconhecimento verificou que o inimigo encontra-se deslocando com
efetivo de um PelCC e tropa de infantaria a pé para o combate
aproximado, porém devido às duas semanas de combate com
esta Cia, ela encontra-se desgastada. A visibilidade está reduzida devido à neblina na região.
Devido ao rio GARAGIOLA possuir bancos de areia, o
PelCLAnf somente poderá atravessar o rio através das pontes
próximas as localidades de GARAGIOLA, TRAGÉDIA e CUJO.
No momento, a 3ªCiaFuzNav possui apoio de CLAnf, do
3ºPelCC e de um PelMAC da CiaApF, podendo ainda solicitar
fogos de artilharia (BiaO105mm) e fogo aéreo (de aeronaves AF1), com execução de dez minutos após o pedido, neste último.
São 0900P e daqui a quarenta minutos, as tropas inimigas estarão nas localidades de GARAGIOLA e TRAGÉDIA,
dificultando, assim,o combate na região se os mesmos conquistarem os dois acidentes capitais, que são as duas localidades.
DECISÃO:
Esta Cia atacará e ocupará até 0920P, as localidades de
GARAGIOLA e TRAGÉDIA, com um PelFuzNav em cada localidade, respectivamente, reconhecerá e manterá as pontes de
acesso às referidas localidades e após ocupar, assumirá posi(Continua)
- 10
Resposta do Decida nº 29
(Continuação)
ção defensiva nestas localidades. Manterá um Pelotão em reserva ao sul da localidade de CUJO.
A BiaO105mm planejará fogos de barragem na posição
do PCt 68 e bloqueará as estradas que levam para este PCt no
sentido Oeste-Leste desencadeando os fogos MO, no período
de 0920P até 0930P somente na área até o entroncamento das
estradas no PCt 68 para a retaguarda, no sentido Leste-Oeste.
As aeronaves AF-1 efetuarão fogos eixados no PCt 68 no sentido Leste-Oeste sobre tropas inimigas que aproximam-se do PCt
68 no sentido Oeste-Leste e reconhecerão possíveis tropas à
retaguarda da posição das tropas inimigas já detectadas até
0920P, a partir de então retrairá por outro eixo de deslocamento.
c. 3º PelCC
(1) Manter-se na posição próximo a localidade de
GARAGIOLA;
(2) Ficar ECD atacar PelCC inimigo;
(3) Servir de observador avançado.
TAREFAS AOS ELEMENTOS SUBORDINADOS:
2ªSeçMAG
(1) ApDto ao 2º PelFuzNav.
a. 1º PelFuzNav
(1) Reconhecer e manter a ponte de acesso a localidade de
TRAGÉDIA;
(2) Atacar a localidade de TRAGÉDIA;
(3) Ocupar a localidade de TRAGÉDIA;
(4) Após ocupar, defender a localidade;
(5) Ficar ECD avançar para oeste.
b. 2º PelFuzNav
(1) Reconhecer e manter a ponte de acesso a localidade de
GARAGIOLA;
(2) Atacar a localidade de GARAGIOLA;
(3) Ocupar a localidade de GARAGIOLA;
(4) Após ocupar, defender a localidade;
(5) Ficar ECD avançar para oeste.
d. PelMAC
(1) Bloquear as estradas de acesso pelo PCt 68;
(2) Ficar ECD de retrair para a localidade TRAGÉDIA.
e. PelPtr
1ªSeçMAG
(1) ApDto ao 1º PelFuzNav.
SeçMr t60mm
(1) ApCj ao elem de 1ºEsc.
f. Reserva:
3º PelFuzNav
(1) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1ºEsc.
3ªSeçMAG
(1) ApDto ao 3º PelFuzNav;
(2) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1ºEsc.
PelCLAnf
(1) Seguir eixada com o 3º PelFuzNav;
(2) Ficar ECD assumir as tarefas dos Elm de 1ºEsc.
LIÇÕES APRENDIDAS
Manter a iniciativa
Os comandantes, em todos os escalões, devem adotar uma
postura pró-ativa e não se contentarem em serem meros
cumpridores de ordens superiores. A fluidez do combate, a
fugacidade das oportunidades, o caos e a fricção dos campos de batalha, não permitirão que um comandante sempre
interrompa suas ações para perguntar ao seu superior se
pode ou não prosseguir na ação. O comandante, ciente dos
propósitos e intenções dos comandantes dos dois escalões
acima do seu, tem condições de decidir, acertadamente, sem
precisar questioná-los.
Tratar Aviação e Artilharia como elementos subordinados
Deve-se prever o emprego como apoio de fogo para a manobra, mas saber que estão subordinados a outro escalão e
portanto não podem aparecer como elementos subordinados na decisão.
Prever o Pelotão de Petrechos como elemento subordinado
alguns militares esquecem-se de listar o Pelotão de Petrechos como elemento subordinado, um erro elementar que
deve ser evitado.
Emprego da Reserva
A Reserva é uma ferramenta que confere flexibilidade ao Comando. O seu emprego deve ser revisto em todo planejamento, particularmente nas situações críticas de combate, como
são as apresentadas nessa coluna. A Reserva não deve ser poupada para um possível emprego futuro quando a situação atual
já se encontrar deteriorada. No entanto, ao se empregar em
primeiro escalão a peça de manobra inicialmente prevista como
Reserva, deve o Comandante prever a sua substituição. Para
tanto, ele dispõe de dois artifícios: a Reserva Temporária ou a
Reserva Hipotecada. A Reserva Temporária é constituída por
elementos de apoio ao combate e de apoio de serviços ao combate. A Reserva Hipotecada, por sua vez, é constituída por
elemento(s) da(s) peça(s) de manobra(s) em primeiro escalão,
a quem são impostas restrições ao seu emprego.
Não prever para o PelMAC a tarefa de permanecer em Reserva
A Reserva deve ser constituída essencialmente de elementos
de infantaria ou, em caso de necessidade, de elementos de
outras especialidades empregados como infantaria. Pode-se dar
mobilidade à reserva fornecendo-se meios como blindados e
viaturas. Eventualmente, os carros de combate podem ser empregados em Reserva. Todavia, elementos orgânicos de apoio
de fogo devem ser empregados em primeiro escalão.
11 -
Decida nº 30
Uma Conduta em Op ENC
As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 05 de agosto, devendo conter a
decisão e todas as providências e ordens necessárias.
O Sr. é o comandante do GpCob em uma
Operação de Evacuação de Não-Combatentes.
Suas ECob encontram-se apoiadas por CLAnf.
O inimigo é capaz de atuar com 20 guerrilheiros
na região. Todos os outros componentes da
ForDbq já se retiraram da AOp. Durante o retraimento do CCE, uma Anv foi alvejada por
um rojão, o que a obrigou a realizar um pouso
de emergência no NAe SÃO PAULO. A situação atual é a seguinte: A ECob 1, constituída
por 44 militares e apoiada por 2 CLAnf, encontra-se realizando a segurança aproximada da
região antes ocupada pelo CCE e do LocEmb 1
(PDbq AZUL); a ECob 2, constituída por 21
militares e apoiada por 2 CLAnf, encontra-se
posicionada na PBloq 2; e a ECob 3, constituída por 22 militares e apoiada por 1 CLAnf, encontra-se posicionada na PBloq 3. O Sr. encontra-se posicionado junto à ECob 1. Existem
duas lanchas do navio posicionadas ao largo
da PDbq AZUL. O ComForDbq já determinou
a retirada do GpCob. São 0600P e já está amanhecendo. Ao iniciar o retraimento, a ECob 2
teve uma de suas viaturas atingida por um
rojão. A viatura foi neutralizada, 1 militar faleceu, 1 militar sofreu ferimentos leves e outro
ferimentos graves, os quais já estão sendo atendidos por um enfermeiro. A ECob 3 iniciou seu
retraimento normalmente, mas a 1 km da PBloq
3, a viatura apagou devido à queima de um de
seus componentes elétricos. O comandante da
viatura reparou a avaria rapidamente, mas para
dar partida novamente será necessário energia
auxiliar (“chupeta”). A ECob 1 iniciou seu retraimento sem problemas e já encontra-se a 500
metros da PDbq AZUL. Trata-se de uma conduta. Analise a situação baseando-se nos fatores da decisão. Agora, decida.
- 12
Resposta do “Pense” anterior
(Âncoras e Fuzis nº 29)
“Os louros da vitória estão nas pontas das baionetas do inimigo. eles devem ser
arrancados de lá. Se alguém pretende realmente conquistá-los, deve capturá-los
lutando corpo a corpo”.
“The laurels of victory are at the point of enemy bayonets. They must be plucked
there. they must be carried by a hand-to-hand fight if one really means to conquer”.
Marshal of France Ferdinand Foch,
Precepts and Judgments, 1919.
Inúmeras respostas nos foram enviadas. Todas
alcançaram a importância de combate corpo a corpo
em uma guerra. Destacamos as respostas dos
militares abaixo:
Escola Naval: Asp (FN) 3033 Carlos Pimentel,
Asp 3059 Eduardo Rodrigues, Asp (FN) 3083Carlos
Alexandre, Asp 3093 (FN) Osman. Especialmente,
parabenizamos o Asp (FN) 4007 MORAES que
escreveu sua resposta em inglês.
BtlLogFuzNav: 3oSG-FN-CN RÔMULO, CBES-ALEXANDRE e SD-FN-BOTEGA.
Selecionamos para publicação as respostas do
CC (FN) XAVIER e do Asp (FN) 4007 MORAES
(em inglês).
Não devemos descartar a possibilidade do combate corpo a corpo, a despeito da precisão e do longo alcance dos
armamentos modernos. Por isso, a Divisão Anfíbia ainda mantém a Pista de Baionetas no Batalhão Riachuelo (1º BtlInfFuzNav),
além disso, como sabemos, a Marinha estimula diversas competições desportivas como o Judô, por exemplo.
O mais importante é manter o preparo físico, pois, seja qual for a forma de abordar o objetivo, o militar deve estar em
condições de realizar a tarefa de expulsar os remanescentes da sua zona de ação e isso incluiria inspeção dos mortos e,
eventualmente, o combate corpo a corpo.
Historicamente, podemos destacar a Guerra de Trincheiras, que foi a 2ª fase da 1ª Guerra Mundial, caracterizando
exatamente este tipo de combate. Na Guerra das Malvinas (1982), os ingleses, mesmo depois de intenso apoio de fogo, tiveram
dificuldades para conquistar o terreno, que estava bem defendido pelos argentinos. Somente com a chegada das tropas
terrestres nos acidentes capitais é que houve o controle inglês (relato de um Oficial Argentino).
CC (FN) XAVIER
Before any combat, it is essential that the military is prepared. Prepared to fight until the last consequences and to be
able to demonstrate courage to risk his proper life or to protect a friend. The continuous period of training is extremely
important, because, even in front of a situation that involves risk, it supplies conditions to the combatant to advance, instead
of backing down. Another important factor is the spirit of body and the spirit of sacrifice, that inflame the combatant with
another spirit, that is loyalty, as much with superiors, as with the pairs and the subordinates.
Currently, the maneuvers of escape and of resistance make with the urban combat be a reality, as can be seen in the
operation in Haiti and in the war in Iraq, where the urban scene is present. The land is recognized meter to meter and the battle
is won at the moment that each enemy combatant goes down to the ground. Even with the high technology, that makes
possible the use of more sophisticated and more efficient armaments and of detecting equipment very modern, the tendency
of the current war makes with it be necessary an approached combat, body to body.
It is because of this scene, that there is the necessity of being prepared technically and psychologically to go until the
enemy position, pull out the enemy of and kill him looking at his eyes.
Asp (FN) 4007 MORAES
Pense
No intuito de continuar incentivando o estudo de idiomas, o pense desta edição está novamente escrito em
português e em inglês. Sendo assim, as respostas poderão ser enviadas em qualquer dos idiomas.
“Se tiver que empreender uma guerra, façaa energicamente e com severidade. Esta é
a única maneira de torná-la menor, e
conseqüentemente menos desumana”.
“If you wage war, do it energetically and with
severity. This is the only way to make it shorter,
and consequently less inhuman”.
Napoleon, 1799, letter to General Hedouville, ed. Herold, The Mind of Napoleon, 1955.
13 -
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Edição - Marinha do Brasil