Três perdas, três lições de vida
Pr. Harry Tenório
“Davi implorou a Deus em favor da criança. Ele jejuou, e entrando em casa passou
a noite no chão. Os oficiais tentaram levantá-lo do chão, mais ele não quis, e
recusou comer.” 2 Sm 12.16-17
Introdução
Hoje estaremos dando uma olhada na vida de Davi. Era o filho mais novo de Jessé, um
pastor de ovelhas. Deus orientou Samuel e o enviou a casa de seu pai para comunicarlhe que ele seria o Rei de Israel. Fico pensando o que fez Deus escolher Davi. Penso que
no processo seletivo de escolha do futuro rei, foi decisivo o dia em que um urso atacou o
rebanho de ovelhas de seu pai e ele teve coragem de enfrentar o urso. Também houve
um dia que um leão quis comer uma ovelha e ele também matou o leão. Deus deve ter
pensado, que se tinha coragem de arriscar a vida em defesa de um pequeno rebanho,
poderia fazer muito mais pela nação de Israel.
Os feitos de Davi são conhecidos. Deus construiu parte da sua história no velho
testamento em parceria com este rei.
Um dia, vivendo um tempo de prosperidade (Cuidado com tempos de prosperidade!)
Satanás envia uma tentação violenta. Satanás quis roubar a comunhão de Davi com
Deus. Planejou roubar sua unção. Ele quis tirar Davi de cena. Afinal as vitórias de Davi
conferiam fama ao seu Deus. Caiu, pecou. Estava gravemente ferido na alma.
Deus trabalhou para reabilitar o rei Davi. Confrontou o Rei com a perda dos seus três
amores. Suas reações diante das três tragédias nos ensinam um muito.
Vejamos então três perdas, três lições de vida.
1) Perda do filho de Bate-Seba
Este é o primeiro amor perdido por Davi. O filho de Bate-Seba. Não tinha nome, não
houve tempo de registrá-lo. Foi concebido durante um ato de adultério. O marido de BateSeba foi morto para encobrir o pecado do rei Davi. O primeiro pecado se desdobrou em
um segundo ainda pior.
A Bíblia diz que o Senhor fez adoecer o filho da mulher de Urias. Ele já nasce muito
doente e viveu apenas sete dias. Davi implorou ao Senhor em favor da Criança. Jejuou,
passou noites no chão. Seus ministros de estado estão ao seu lado tentando consolá-lo.
Funcionários do palácio oferecem-lhe comida, mais o rei rejeita qualquer tipo de conforto.
Está inconsolável. Foram sete dias clamando e chorando diante de Deus.
Este material é parte integrante da Igreja Batista da Comunidade Gênesis
A reação diante da notícia de morte daquela criança é curiosa. Todos os seus oficiais
temeram contar a Davi da morte da criança, pois pensavam: “Se apenas doente ficou
assim inconsolável, imaginem agora quando souber que morreu?”
Ao saber da morte da criança(20):
“Davi levantou do chão, lavou-se, perfumou-se e trocou de roupa. Depois entrou no
Santuário do Senhor e o adorou.”
Ninguém entende o comportamento estranho do Rei. O próprio Davi explica sua
atitude(22):
“Enquanto a criança estava viva eu jejuei e chorei. Eu pensava: Quem Sabe? Talvez o
Senhor tenha misericórdia de mim e deixe a criança viver. Mais agora que está morta, por
que eu deveria jejuar. Por ventura eu poderia trazê-la de volta à vida? Um dia eu irei até
ela, mais ela não voltará mais para mim”.
Enquanto a criança estava doente Davi conservou da cura pelo perdão. De alguma forma
esperou o milagre divino, muito embora reconhecesse que todo aquele sofrimento era
pertinente com o seu erro. Agora ela já estava morta. Não havia mais solução.
A doença desta criança lembrava a Davi o seu pecado. A morte desta criança tem
profunda relação com o seu adultério. Por isto Davi ora e jejua. Ele já havia feito
confissão, mais de alguma forma a conseqüência do seu pecado o alcançara. Ele tem
plena consciência disto. É uma luta solitária. Foram 7 dias de profunda imersão da sua
alma. Ele agora sente que seu pecado produz tragédias e perdas não só a ele mais
também a uma criança inocente.
Durante os nove meses de gravidez de Bate-Seba o coração de Davi esteve apreensivo e
aflito. A mulher estava grávida, mais o filho gerado fora fruto de um pecado. Havia um
sentimento de que algo poderia dar errado. Depois que nasceu o receio de Davi se
confirmou. A criança nascera anormal. Trazia em sua existência anomalias que
produziriam rapidamente sua morte.
A morte desta criança fez Davi sentir-se aliviado. O que estava ao seu alcance fez.
Confessara o seu pecado, chorara amargamente a conseqüência do seu erro. Conhecera
agora o efeito transmissor da conseqüência do seu pecado. Enfim, perdera o seu primeiro
amor. Seu filho havia morrido. O sentimento que visita o coração de Davi é o de: “Agora
Deus já me perdoou. Fiz confissão. Fui castigado. Sou digno do perdão divino”.
É então que se levanta vai ao templo adorar ao Senhor. Toma um banho se perfuma e
come. De alguma forma estava consolado com a dor da perda do primeiro filho de BateSeba. É como se pensasse: Já fui castigado, penso que sou digno do perdão.
Na seqüência a Bíblia diz que Bate-Seba deu-lhe um segundo filho chamado Salomão.
Seu nome significa PAZ. É como se Davi tivesse reencontrado o caminho da Paz com
Deus. Encontrou também paz com Bate-Seba, paz consigo mesmo e paz com Israel.
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De alguma forma Davi termina bem esta fase da sua vida. Termina adorando ao Senhor e
sentindo sua comunhão restaurada com Deus.
2) Perda de Amnom, seu segundo amor.
Agora Amnom repete o pecado de seu pai. A bíblia diz que ele nutriu em seu coração um
amor monstruoso por sua meia irmã Tamar:
2 Samuel 13:2 “Angustiou-se Amnom por Tamar, sua irmã, a ponto de adoecer,
pois, sendo ela virgem, parecia-lhe impossível fazer-lhe coisa alguma.”
Amnom finge está adoecido e pede para Tamar cuidar da sua doença. Inocente Tamar vai
ao seu quarto levando alimento, remédio e atenção. Mais ali foi violentada. A bíblia diz
que logo após ter estuprado sua irmã, a repudia com maior ódio que com o amor que a
desejou. Sua paixão se transforma em aversão.
O Rei Davi, o pai fica sabendo disto.
Fica furioso, mais não diz uma palavra para Amnon.
Absalão, irmão de Tamar e filho de Davi também fica sabendo e não diz nada:
2 Samuel 13:22 “Porém Absalão não falou com Amnom nem mal nem bem; porque
odiava a Amnom, por ter este forçado a Tamar, sua irmã.”
Absalão esperou para fazer vingança do estupro de sua irmã. Dizem que vingança é um
prato que se come frio. Dois anos haviam se passado e Absalão faz um banquete e
convida todos seus irmãos para participar. Amnom vem junto, porém Absalão dá ordem a
seus guardas para embebedar Amnom e depois matá-lo.
2 Samuel 13:28 “Absalão deu ordem aos seus moços, dizendo: Tomai sentido;
quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu vos disser: Feri a
Amnom, então, o matareis. Não temais, pois não sou eu quem vo-lo ordena? Sede
fortes e valentes”.
Todos os filhos de Davi fogem daquele banquete após a morte de Amnom, inclusive
Absalão.
A primeira notícia que chega aos ouvidos de Davi é desesperadora. Absalão, seu filho,
matou todos seus irmãos.
“A bíblia diz que o rei levantou-se, rasgou suas vestes e colocou seu rosto em terra,
e seus ministros que estavam com ele também rasgaram suas roupas”. (2 Sm 13.31)
Estava Davi de luto. Ficou prostrado no chão.
Davi deve ter instantaneamente lembrado do seu pecado com Urias. O primeiro filho
morreu porque adulterei, o segundo morreu porque matei Urias. Era como se estivesse
recebendo a paga dos seus erros.
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A segunda notícia chega e logo em seguida. Seus filhos estão vivos, Absalão matou
apenas Amnom.
Esta tragédia na vida de Davi me faz refletir sobre o sentimento de falta de autoridade que
deve ter visitado o coração do Rei quando ele soube que Amnom havia violentado Tamar.
É este o sentimento mais relevante que tenho do incidente produzido por Amnom.
Davi se enxerga na atitude do filho e pensa:
“Com que autoridade vou confrontar este menino? Ele sabe que me relacionei com
Bate-Seba e matei seu marido para esconder meu pecado.”
Olha que efeito terrível um pecado pode produzir na vida de um homem?
Um dia uma mãe desesperada me procurou contando. “Pastor me ajude. Minha primeira
filha foi concebida em pecado. Ela soube que foi gerada antes do casamento. Agora ela é
apenas uma adolescente e está se prostituindo. Não consigo repreendê-la. Perdi a
autoridade quando a gerei em pecado. Faça alguma coisa por mim! Só você pode
resolver esta questão, respondi. Busque autoridade de Deus, implore para que possa
devolvê-la. Conte a sua filha os sofrimentos produzidos pelos seus pecados. Inclusive
este de ver sua filha repetindo seus erros.”
Davi deve ter sentido isto quando silenciou diante do pecado de Amnom.
Não penso que a morte de Amnom não poderia ser evitada. O primeiro filho sim, a Bíblia
diz que o Senhor fez adoecer o filho da mulher de Urias. Era uma repreensão dolorosa de
Deus. Agora Amnom deveria ser confrontado, disciplinado, corrigido. Era certo que se
Absalão houvesse visto seu pai se manifestar em repreensão ao que fez com sua irmã,
teria sido consolado com a atitude do pai. Mais sem autoridade ele não faz nada.
Agora Absalão manda matar Amnom, de alguma forma e Davi curiosamente se sentiu
consolado do pecado de ter mandado matar Urias. Era como se as tragédias ocorressem
por disciplina divina, e tendo sido vingado sua consciência aliviava a pressão do pecado.
O PESO DA CULPA O ACOMPANHAVA. Então de um certo sentido ele entendeu que a
morte de Amnom foi merecida. Este pensamento o consolava.
A bílbia diz que com o passar dos anos Davi se conformou com a morte de Amnom.
Termino esta fase da vida de Davi considerando que a morte de Amnom poderia ser
evitada. O pai deveria ter confrontado o filho no seu pecado, deveria ter disciplinado
Amnom. O pecado rouba o exemplo de vida, trucida a autoridade.
De certa forma Davi encerra muito mal esta fase da sua vida.
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3) A perda de Absalão
Absalão após matar Amnom, foge e passa três anos fugitivo. Ele era o filho mais velho e
portanto sucessor natural do trono.
A Bíblia diz Davi chorava todos os dias a ausência de Absalão.
Acho este sentimento difícil de ser compreendido. Davi sentia saudades mais reprimia
seus sentimentos.
Joabe o comandante do exército de Davi notou esta situação e preocupado com a
sucessão convenceu ao Rei trazer de volta Absalão. Davi concorda com uma condição:
“ele volta, mais fica na sua casa e não pode entrar no palácio”.
Davi permite que seu filho volte à cidade, mais não libera o perdão a Absalão.
Davi revela um amor condicional. Porque eu lhe amo, trago você de volta.
Mais saiba, não desejo me relacionar com você.
Todos os dias encontro pessoas tendo problemas em seus relacionamentos nesta área. A
esposa diz: Meu amor eu lhe amo, mais não me faça nenhuma crítica porque então
mesmo lhe amando me torno indiferente a você! Meu amor eu lhe amo, mais jamais
perdoarei o que você fez comigo.
É amor que condiciona. O relacionamento é alimentado repleto de reservas. É amor que
não se reconstrói quando foi quebrado. É amor fadado a morrer de inanição.
Davi não conseguia perdoar Absalão por ter matado Amnom. De alguma forma o pecado
de Absalão lembrava a Davi do seu próprio pecado.
Durante cinco anos recusou receber Absalão. Amava ao filho mais não queria vê-lo.
A dor de Absalão é profunda. Era o filho mais velho e sucessor natural do trono, mais
nunca podia chegar perto do Rei. Você tem um pai que o aceita de volta, que
aparentemente esquece do seu pecado, mais nunca confere o perdão genuíno.
Em Israel o povo questiona: Será que Absalão vai ser mesmo o sucessor do trono? O Rei
nem fala com ele. Depois esperar 5 anos Absalão perde a paciência e resolve partir para
a solução do problema pelas vias de fato. Se junta a um grupo de pessoas e começa uma
campanha de desestabilização do Reino do Pai. Se auto-proclama Rei.
Davi sentindo o perigo da morte abandona o palácio e foge de Absalão. Agora Pai e
Filho estão guerreado pelo Reino.
Quando Davi manda seu exército combater o exército de Absalão dá uma ordem:
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“Por amor de mim, Tratem bem o jovem Absalão”(2 Sm 18.5). Que tipo de ordem é
esta para se dar em uma guerra? Trate bem ao meu inimigo?!
Quando alguém combate o inimigo o desejo e de trazê-lo vivo ou morto.
Aconteceu que durante a batalha Absalão foi morto. A morte do terceiro amor de Davi.
(2 Sm 18.33) “Abalado o Rei sobe ao quarto que fica no andar superior e chorando
proclamava: “AH, meu filho Absalão. Quem dera ter morrido em seu lugar. Ah,
Absalão meu filho!”
Davi estava sem esperanças. Simplesmente desabou emocionalmente com a morte de
Absalão.
Como podemos entender este sentimento de Davi? Ele tinha um filho que era um
assassino, tentara usurpar o seu trono, que era arredio, temperamental e fugitivo. Mais
aqui está seu pai agonizando por ele.
Não considero que a morte de Absalão não pudesse ser evitada. O problema da falta de
autoridade espiritual reaparece. Ele não repreende o filho na sua volta. Prefere o silêncio.
E mais, ama condicionalmente seu filho. Quando foi tentar expressar seu amor, já era
tarde. Absalão havia morrido. Não havia mais solução.
Novamente encerra muito mal este capítulo da sua vida.
Conclusão
Gostaria de concluir pensando na morte dos três filhos e na reação de Davi diante de
cada uma destas mortes.
No primeiro filho de Bate-Seba, reage bem. Ora e não recebendo resposta levanta e vai
adorar ao Senhor. Ele encontra paz com Deus. Faz o que pode e não recebendo o
milagre desejado vai viver o perdão divino. Ele confia em Deus. Ele trata da culpa relativa
ao seu passado com o elixir do perdão divino.
A morte do segundo filho ele age mal. Se sente incapaz de confrontar Amnom porque
falhara como pai. Fora um mau exemplo para seu filho. Permitiu que sua culpa tirasse a
autoridade para o confronto. Seu filho morre pela sua falta de autoridade.
Na morte do terceiro filho o problema é que não perdoa Absalão. Ansiava a presença do
filho todo dia, mais amava CONDICIONALMENTE ABSALÃO.
Davi parece não ter aprendido com Deus. Adulterou com Bate-Seba, matou seu marido
para esconder seu pecado e Deus o perdoou INCONDICIONALMENTE.
Existem muitas pessoas que se envolvem com a obra de Deus como se envolveu Davi, e
nas batalhas e guerras espirituais vão sofrendo feridas.
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Acumulam perdas por se acharem incapaz de confrontar Satanás novamente. Busque em
Deus a volta da autoridade. A bíblia diz que quando perdoa, ele lança nossos pecados no
mar do esquecimento. Eles simplesmente não existem mais.
Existe uma multidão de pessoas feridas, consentido na morte de pessoas por amarem
incondicionalmente. Conheci um empresário que não falava com o filho. Após entregar
uma empresa sólida em suas mãos, o filho por falta de experiência ou conhecimento
enfrentou dificuldades financeiras na empresa. Ele tomou a direção da empresa das mãos
do filho e cortou todo tipo de relação que havia com ele. Continuava amando o filho, mais
era com uma amor condicional que amava.
Assim as mortes se sucedem. As perdas se alastram. Os prejuízos se firmam.
Se por algum motivo você está sendo açoitado pelo destino por causa de pecados
cometidos no passado, veio ao lugar certo. Aqui é a casa do perdão.
Se você sente que perdeu a autoridade diante de seus filhos, dos irmãos da igreja ou de
pessoas com quem trabalha por ter caído em pecado, hoje é o dia da sua restauração.
Se você foi ferido por alguém que ama e não consegue amá-lo como antes, ama cheio de
reservas, repleto de desconfiança, amargurado pelas lembranças do que fez, hoje é o dia
certo para você liberar sobre ele seu amor INCONDICIONAL.
Jesus nos amou em um tempo que nós não tínhamos lembrança alguma dele.
Que hoje seu amor possa alcançá-lo.
Que as perdas cessem em sua vida em nome de Jesus.
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