EFICÁCIA DO ÁCIDO ACÉTICO NO CONTROLE DE ALGUMAS ESPÉCIES DE
PLANTAS DANINHAS
Pedro Silvino Pereira1, Ana Josicleide Maia2, Renata Valéria Regis de Sousa
Gomes3, Escarião da Nóbrega Gomes4
1. Professor do Curso de Especialização em Ensino de Biologia e Química – URCA
([email protected])
2. Professora do Departamento de Matemática – URCA
3. Professora do Depto.de Zootecnia – UFRPE
4. Graduado em Ciências Biológicas – UFCG. Brasil.
Recebido em: 06/05/2013 – Aprovado em: 17/06/2013 – Publicado em: 01/07/2013
RESUMO
Nos cultivos orgânicos o uso do ácido acético pode ser uma boa alternativa para
substituir os herbicidas sintéticos no controle de plantas daninhas por ser um
material facilmente disponível e pouco agressivo ao ambiente. O objetivo deste
trabalho foi avaliar o efeito do ácido acético no controle de plantas daninhas. A
pesquisa foi conduzida em casa de vegetação no campus do Pici da Universidade
Federal do Ceará – UFC. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado
com três repetições. O ácido acético glacial a 99,3%, nas concentrações de 0, 10,
15, 20 e 30%, e o vinagre contendo 4% de ácido acético foi avaliado no controle das
espécies daninhas Chamaesyce hyssopifolia, Bidens pilosa, Panicum maximum e
Cleome affinis cultivadas em vasos, em casa de vegetação. Os tratamentos com
ácido acético foram aplicados 30 dias após a emergência das plantas daninhas.
Utilizou-se a percentagem de controle das plantas daninhas como indicativo de
controle proporcionado pelo ácido acético. O vinagre controlou satisfatoriamente
50% de todas as espécies de plantas daninhas com exceção da Chamaesyce
hyssopifolia. A curva dose-resposta do peso a percentagem de controle em função
da concentração do ácido acético indica um controle de 85%, aceitável na prática,
com concentrações inferiores a 10%, exceção para a Chamaesyce hyssopifolia que
foi controlada com concentrações maiores.
PALAVRAS-CHAVE: Vinagre, plantas invasoras, herbicida.
EFFICIENCY OF ACETIC ACID IN CONTROL OF SOME WEEDS SPECIES
ABSTRACT
In organic farming the use of acetic acid may be a good alternative to replace the
synthetic herbicides in weed control because it is a material readily available and less
aggressive to the environment. The aim of this study was to evaluate the effect of
acetic acid on weed control. The research was conducted in a greenhouse on the
campus of Pici of the University Federal do Ceara – UFC. The experimental design
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2512
2013
was completely randomized with three replications. The glacial acetic acid to 99.3%
at concentrations of 0, 10, 15, 20 and 30%, and vinegar containing 4% acetic acid
was evaluated in weed control Chamaesyce hyssopifolia, Bidens pilosa, Panicum
maximum and Cleome affinis, grown in pots in a greenhouse. Acetic acid treatments
were applied 30 days after weed emergence. We used the percentage of weed
control as being indicative of control provided by acetic acid. Vinegar satisfactory
controlled 50% of all weed species, except Chamaesyce hyssopifolia. The doseresponse curve weight percentage of control versus concentration of acetic acid
indicates a control of 85% which is acceptable in practice, with concentrations less
than 10%, except for Chamaesyce hyssopifolia which was controlled with higher
concentrations.
KEYWORDS: Vinegar, weeds, herbicide
INTRODUÇÃO
Definir planta daninha nunca foi fácil; todos os conceitos se baseiam na sua
não desejável presença em relação a uma atividade humana. Uma planta pode ser
daninha em determinado momento se estiver interferindo negativamente nos
objetivos do homem, porém esta mesma planta pode ser útil em outra situação.
Espécies altamente competidoras com culturas podem ser extremamente úteis no
controle da erosão, promover a reciclagem de nutrientes, servir como planta
medicinal, fornecendo néctar para abelhas, etc. Uma planta cultivada também pode
ser daninha se ela ocorrer numa área de outra cultura. Numa cultura, por exemplo,
em determinado período do ciclo, qualquer espécie que vier a afetar a produtividade
e/ou a qualidade do produto produzido ou interferir negativamente no processo da
colheita é chamada daninha (SILVA & SILVA, 2007; OSIPE et al., 2008).
As plantas daninhas interferem nas culturas devido às suas características
de reprodução precoce, alta taxa de crescimento, plasticidade ambiental, sementes
com vários tipos de dormências, completar mais de um ciclo por ano, produzir
grande quantidade de sementes por geração. Além disso, possuem mecanismos
que facilitam a dispersão, como pêlos e estruturas pegajosas capazes de aderir às
roupas e pêlos dos animais, e estruturas que facilitam a flutuação em água ou o
transporte pelo vento, como paraquedas e fibras (ZIMDAHL, 1993).
O prejuízo mais evidente causado pelas plantas daninhas às culturas é a
redução no rendimento devido à competição por água, luz e nutrientes. As plantas
daninhas podem, ainda, hospedar insetos, moléstias e nematóides que atacam as
culturas, atrapalhar a colheita manual ou mecânica dificultando a secagem dos
grãos e fibras, aumentar o custo de produção e depreciar o valor das propriedades
agrícolas (NOLLET & RATHORE, 2010).
Dos fatores que influenciam a interferência das plantas daninhas, destaca-se
o período em que estas plantas competem com as culturas pelos recursos do
ambiente, tornando-se necessário intervir com medidas de controle para minimizar
os efeitos negativos dessa interferência (SILVA et al., 2002).
As plantas daninhas interferem com as atividades agrícolas desde que o
homem começou a praticá-las, exigindo assim o seu controle. Inicialmente eram
controladas manualmente requerendo um grande esforço do homem. A evolução
dos métodos de controle de plantas daninhas, com o uso de animais, de máquinas,
de motores agrícolas e, mais recentemente, de substâncias químicas, permitiu uma
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2513
2013
redução substancial da participação direta do homem nesse processo e um aumento
na eficiência dos métodos de produção de alimentos (OLIVEIRA et al., 2012).
Existem vários métodos de controle, porém o controle químico consiste na
utilização de herbicidas, produtos que interferem nos processos bioquímicos e
fisiológicos, podendo matar ou retardar significativamente o crescimento das plantas
daninhas (FELEDYN-SZEWCZYK, 2012). Podem ser utilizados herbicidas seletivos
ou não à cultura e que podem ser aplicados no manejo antes do plantio, em préplantio incorporado (PPI), em pré-emergência (Pré) da cultura e das plantas
daninhas e em pós-emergência (Pós) da cultura e das plantas daninhas (ERASMO
et al., 2009; RONCHI et al., 2010).
A preocupação com o meio ambiente por parte da população ocasiona uma
tendência de reduzir ou até mesmo eliminar o uso de herbicidas na agricultura, e a
busca por métodos alternativos tem sido intensificado em práticas agrícolas que
permitem atingir produtividades competitivas e com menor risco ao meio ambiente.
Essas medidas incluem medidas preventivas, culturais, rotação de culturas,
adubação verde, solarização, cobertura do solo com palha dentre outras (TOZANI et
al., 2006; TAVELLA, et al., 2011).
O conhecimento das propriedades do ácido acético como herbicida levou
cientistas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e do Serviço
de Pesquisa Agrícola dos Estados Unidos (ARS) a desenvolverem pesquisas
visando conhecer as suas potencialidades como substituto dos herbicidas orgânicos
(JARDIM et al., 2009).
Segundo SOUSA & BORTOLON (2002) e SCHMIDT et al. (2010) o ácido
acético é um dos ácidos orgânicos alifáticos de cadeia curta e de baixo peso
molecular resultante da decomposição anaeróbica, é geralmente o principal ácido
orgânico formado no processo, sendo normalmente responsável por mais de 60% da
composição dos ácidos orgânicos produzidos em ambientes anaeróbios. O ácido
quando liberado no ar pode se degradar por reação química produzindo radicais
hidróxi, quando liberado na água ou no solo, se torna biodegradável. A forma
química do ácido acético é CH3COOH e a concentração do vinagre doméstico é de 4
a 11%, sendo que a legislação brasileira estabelece em 4% o teor mínimo de ácido
acético.
RIZZON et al. (2006) ressalta que o acido acético em concentrações
superiores a 11% pode ser perigoso causando queimadura na pele e danos severos
aos olhos, inclusive cegueira. O vinagre foi identificado como um herbicida orgânico,
porém ainda são necessárias mais informações para determinar a influência da
concentração de ácido acético, volume de aplicação e uso de aditivos (adjuvantes)
no controle de plantas daninhas (WEBBER & SHREFLER, 2006).
De acordo com WEBBER et al., (2005) utilizou-se em seus experimentos
três concentrações de ácido acético (0, 5 e 20%), dois volumes de aplicação do
pulverizador (20 e 100 gpa), três adjuvantes (nenhum, óleo de laranja e óleo de
canola). Verificou-se que o controle de plantas daninhas total variou de 0% sem
ácido e 74% quando 20% de ácido acético foi aplicado a 100 gpa acrescentado com
óleo de canola. O ácido acético foi mais eficaz no controle de plantas de folhas
largas. As concentrações de ácido acético e adjuvantes aumentaram o controle à
medida que os volumes de aplicação aumentaram de 2 para 10 gpa (galão por
hectares). Comparações individuais entre os adjuvantes dentro de concentrações de
ácido acético e volumes de aplicação mostraram pouca ou nenhuma vantagem para
a adição ou óleo de laranja ou óleo de canola para soluções de ácido acético.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2514
2013
MORAN & GREENBERG (2006) simularam o controle químico orgânico de
plantas daninhas e de algodão, através do cultivo em vasos e de aplicações foliares.
Onde foram 100% controlada com 9,0% e 4,5% de ácido acético, respectivamente.
Doses contendo 0,9% de ácido causaram mortalidade de 48% ou superior em 1,5
semanas de idade das ervas daninhas, enquanto que não provocou mortalidade em
algodão. A maioria (92%) dessas plantas de algodão tiveram danos nas folhas, mas
as plantas danificadas atingiu alturas e contagens de folhas semelhantes aos
controles intactas dentro de 2 semanas de aplicação do vinagre. Plantas mais velhas
de ervas daninhas e algodão (3,5 e 5,5 semanas de idade) não apresentaram
mortalidade significativa com ácido à 0,9%. Em campo (1m2) a dose de 9% de ácido
controlou 27% das plantas jovens, 8% das adultas, e 27% das plantas com duas a
quatro folhas de algodão.
WEBBER & SHREFLER (2006) verificaram que o ácido acético foi menos
eficaz no controle de gramíneas do que no controle de folhas largas. Um controle
para capim-colchão ocorreu com 20% de ácido acético aplicada em 100 gpa,
resultando em controle de plantas daninhas que variou de 28 a 45%. Para as folhas
largas o controle foi de 100% nas parcelas que receberam ácido acético a 5%
aplicada em 100 gpa ou 20% de ácido acético aplicada em 20 ou 100 gpa (galão por
hectares).
O ácido acético (20%) foi aplicado com 50 ou 100 gpa, o controle de plantas
daninhas atingiu um máximo com 7 DAT (Dias Após Tratamentos), com média de
95% e 99% total de controle de plantas daninhas de folha larga para os 50 e 100
volumes de aplicação gpa (WEBBER & SHREFLER, 2008).
JOHNSON et al., (2008) estudando efeitos fitotóxicos de herbicidas com
potencial para ser usado na produção de amendoim orgânico em vários estágios
vegetativo do amendoim observou que o óleo de cravo foi mais prejudicial ao
amendoim do que o ácido cítrico e acético, com lesão significativa ocorrendo com
óleo de cravo aplicada em 4 semanas ou seqüencialmente. O ácido cítrico e acético
causaram prejuízos a cultura do amendoim e não houve efeitos consistentes de óleo
de cravo sobre a produção de amendoim, apesar de aplicações seqüenciais de óleo
de cravo tenderam a reduzir a produção de amendoim e o seu rendimento não foi
afetado.
Em um experimento que incluiu duas variedades de cebola, o ácido acético
a 20% a uma aplicação de 50 ou 100 gpa com quatro bicos dentro de cada volume
de aplicação (50 e 100 gpa). A lesão maior em cebola foi observado em três dias
após o tratamento (DAT), resultando em ferimentos em cebola de 38% para a taxa
de 50 gpa e 56% para taxa de 100 gpa. Não houve diferenças significativas entre as
variedades de cebola por lesão. Os resultados indicaram que a lesão no início da
estação das culturas não afetaram significativamente os rendimentos de cebola
(WEBBER & SHREFLER, 2009).
Diversos autores têm utilizado e recomendado a curva dose-resposta para
determinar a suscetibilidade ou resistência de plantas daninhas aos herbicidas
aplicados em diversas culturas (LACERDA & VICTORIA FILHO, 2004; NICOLAI et
al., 2010; NICOLAI et al., 2013). A curva de dose-resposta consiste em descrever a
resposta biológica de uma planta daninha às doses crescentes de um herbicida
isolado e em associação, seguindo um fator constante de diluição, de forma que se
obtenham doses equidistantes em escala logarítmica. Normalmente, obtém-se uma
curva simétrica em formato sigmoidal, que pode ser ajustada pelo modelo logístico.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2515
2013
Desse ajuste obtém-se a estimativa da dose que provoca 50% do efeito total
possível na variável resposta analisada (KRUSE et al., 2006).
Objetivou com este trabalho obter a curva dose resposta da eficiência do
ácido acético, em diferentes concentrações, no controle de espécies de plantas
daninhas de ocorrência frequente na área experimental da UFC, Campus do Pici.
METODOLOGIA
A pesquisa foi conduzida em casa de vegetação no Centro de Ciências
Agrárias da Universidade Federal do Ceará, no Campus do Pici, Fortaleza. As
espécies de plantas daninhas avaliadas foram: erva de santa Luzia (Chamaesyce
hyssopifolia), capim-mombaça (Panicum maximum), mussambê (Cleome affinis) e
picão preto (Bidens pilosa), as mesmas são de ocorrência frequente na área onde
são instalados e conduzidos experimentos. As concentrações de ácido acético
avaliadas foram 0, 4, 10, 15 e 20%, sendo que a concentração de 4% de ácido
acético foi representada pelo vinagre comercial de maçã da marca Minhoto®. As
demais concentrações foram obtidas usando o ácido acético tipo glacial com
concentração de 99,3%, da marca Reagente Analítico Dinâmica®.
As plantas daninhas foram cultivadas em vasos tendo como substrato uma
mistura de areia lavada, barro vermelho utilizado na construção civil, húmus de
minhoca e substrato orgânico da marca Terra Fértil®, em proporções variadas. Após
a semeadura os vasos foram irrigados diariamente.
O ácido acético nas concentrações de 0, 4, 10, 15 e 20% de ácido acético foi
aplicado 30 dias após a emergência, das plantas com pulverizador manual da marca
Guarany com capacidade de 1L e pressão de 300 kPa com ponta de pulverização
tipo leque, trabalhando a 20 cm do alvo. A aplicação das concentrações de ácido
acético em todas as espécies de plantas daninhas obedeceu ao delineamento
experimental inteiramente casualizado, com três repetições.
O ácido acético é um produto encontrado facilmente e é adquirido na
concentração de 99,3% que foi diluído em água para chegar às concentrações
desejadas do experimento. Devido o seu poder de destruição da membrana celular,
baixas concentrações são capazes de destruir os tecidos e por se tornarem
biodegradáveis podem-se utilizar diferentes concentrações de ácido acético no
controle de plantas daninhas pós-emergente. Apesar de ser um produto químico é
menos agressivo ao meio ambiente quando comparado aos herbicidas.
As avaliações do efeito das concentrações do ácido acético no controle das
espécies de plantas daninhas em estudo foram realizadas 1, 4 e 8 dias após a
aplicação, utilizando-se a escala visual de notas da European Weed Research
Council (EWRC, 1964), conforme consta na Tabela 1, sendo a média dessas
avaliações utilizada na análise.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2516
2013
TABELA 1. Escala visual de notas do European Weed Research Council (EWRC)
usada na avaliação do controle das plantas daninhas, tendo como
referencial a % de controle.
Controle das ervas (em relação à testemunha)
Excelente
Muito bom
Bom
Satisfatório
Aceitável na prática
Adequado
Fraco
Muito fraco
Nulo
Percentagem de controle (%)
100
98
95
90
85
75
65
30
0
Nota
1
2
3
4
5
6
7
8
9
A aplicação das concentrações de ácido acético em todas as espécies de
plantas daninhas obedeceu ao delineamento experimental inteiramente casualizado,
com três repetições.
Os dados das notas referentes ao efeito das diferentes concentrações de
ácido acético, obtidas através da escala do EWRC, foram submetidos à análise de
regressão não linear do tipo log-logístico, utilizou-se o programa SAS (Statistical
Analysis System, 2008), para a curva de dose resposta proposta por SEEFELDT et
al. (1995), CARVALHO et al. (2005) e DIAS (2013) nas situações onde foi detectada
significância pelo teste F na análise da variância. Essa curva é caracterizada pela
expressão matemática que relaciona o controle de plantas daninhas (y) e a
concentração de ácido acético (ī), conforme a Equação 1.
Segundo SEEFELDT et al. (1995), o método log-logístico deve ser adotado
como padrão dos estudos de curva dose-resposta de herbicida para possibilitar a
comparação de resultados obtidos entre diferentes pesquisadores. O modelo loglogístico utilizado por CARVALHO et al. (2005), para estimar as concentrações de
herbicidas, neste caso ácido acético, que proporcionariam 50, 80 e 85% de controle
das plantas daninhas, ou seja, GR50, GR80 e GR85, respectivamente, obtido pela
inversão da Equação 1, conforme a Equação 2 a seguir:
Y =a+
b
  x d 
1 +   
  c  
RESULTADOS
Eq.1
x = c*d
b
−1
(y − a)
Eq.2
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de regressão no controle das espécies de plantas daninhas
demonstrou diferença significativa (p<0,01) para as concentrações de ácido acético
(Tabela 2).
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2517
2013
TABELA 2. Análise de regressão do controle de algumas espécies de plantas
daninhas submetidas a diferentes concentrações de ácido acético onde:
CV= Causas de Variações; GL= Grau de Liberdade; SM= Soma dos
Quadrados e QM= Quadrado Médio.
Espécies
Panicum maximum
Cleome affinis
Chamaesyce hyssopifolia
Bidens pilosa
Obs:
CV
Regressão
Resíduos
Regressão
Resíduos
Regressão
Resíduos
Regressão
Resíduos
GL
3
11
3
11
3
11
3
11
SQ
22494,9742
13,9258
23921,0667
2,6667
25877,2164
746,1169
23788,0667
6,1667
QM
7498,3247
1,2660
7973,6889
0,2424
8625,7388
67,8288
7929,3556
0,5606
F
5922,94**
32891,5**
127,169**
14144,2**
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p<0,01)
A partir dos parâmetros definidos pelo modelo log-logístico foram calculadas
as concentrações de ácido acético necessárias para proporcionar os controles de 50
(GR50), 80 (GR80) e 85% (GR85), proposto por CARVALHO et al. (2005), para todas
as espécies de plantas daninhas estudadas (Tabela 3).
TABELA 3. Concentrações do ácido acético necessário para proporcionar o controle
de 50 (GR50), 80 (GR80) e 85% (GR85) de diferentes espécies de plantas
daninhas, conforme o modelo log-logístico.
Espécies
Panicum maximum
Cleome affinis
Chamaesyce hyssopifolia
Bidens pilosa
GR50 (%)
GR80 (%)
2,66
2,27
7,56
3,28
3,83
2,65
11,26
3,51
GR85 (%)
4,20
2,76
12,38
3,57
Através do modelo log-logístico, constatou-se que seria possível obter-se um
controle de 85% das espécies daninhas Cleome affinis e Bidens pilosa com
concentrações de ácido acético inferiores às do vinagre (Tabela 3). Ainda utilizandose o modelo log-logístico, a Chamaesyce hyssopifolia necessitaria de uma
concentração de 12,38% de ácido acético para um controle de 85%, enquanto que a
espécie Panicum maximum o controle de 85% seria obtido com concentrações de
ácido acético de 4,20 %.
Os parâmetros a, b, c e d da equação log-logistica foram definidos conforme a
regressão não linear, proposta por SEEFELDT et al. (1995), obtido com os dados do
experimento apresentados nas Figuras 1 e 2. O efeito de diferentes concentrações
de ácido acético no controle de algumas espécies de plantas daninhas, através das
curvas de dose-resposta com o coeficiente de determinação ajustado R² variando de
96,43 (Figura 2A) a 99,99 (Figura 1B) mostrando um bom ajustamento dos dados ao
modelo proposto.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2518
2013
120
100
100
80
Y = −0,0000 +
60
40
% Controle visual
% Controle visual
120
99,9374
 X 
1+ 

 2,6635 
−3,8219
20
0
80
Y = −0,0000+
60
40
100,0001
−8,8032
 X 
1+ 

 2,2657
20
0
-20
0
5
10
15
20
25
Concentração Ácido Acético (%)
Concentrações de ácido acético (%)
A
-20
0
5
10
15
20
25
Ácido
Concentrações Concentração
de ácido acético
(%) Acético (%)
B
FIGURA 1. Curva de dose-resposta da percentagem de controle da espécie
Panicum maximum (A) e Cleome affinis (B) após a aplicação do ácido
acético, de acordo com o modelo log-logístico
As curvas de dose-resposta da percentagem do controle visual das plantas
daninhas possuem o mesmo padrão de comportamento, ou seja, com o aumento da
concentração de ácido acético houve um aumento do controle para todas as
espécies de plantas estudadas. A concentração de 20% obteve um nível de controle
próximo de 100% para todas as espécies estudadas. Este resultado esta de acordo
com WEBBER & SHREFLER (2008; 2009) quando descreveram que o ácido acético
é usado na produção de culturas orgânicas e é um herbicida de contato, sua ação
sobre as plantas semelhante ao “paraquat”, ferindo, provocando a dissolução rápida
da membrana, causando dessecação dos tecidos foliares e mortes da planta. Em
estudos com ácido acético a 20% em 50 e 100 gpa no controle de plantas daninhas
de folhas largas obteveram um controle excelente >95%. Aplicações de ácido
acético pode causar prejuízo as culturas de folhas largas reduzindo
significativamente seu crescimento e desenvolvimento indicando que o mesmo deve
ser aplicado com cautela.
Na Figura 1A a curva de dose resposta mostra que um controle de 82% da
espécie Panicum maximum pode ser obtido com a aplicação do vinagre e controle
acima de 98% com concentrações de ácido acético a partir de 10%. Este resultado
esta em desacordo com WEBBER & SHREFLER (2006; 2009), pois os mesmos
verificaram que o ácido acético são menos eficazes para gramíneas, mas para
MORAN & GREENBERG (2006) e JOHNSON et al. (2008) a idade e o estágio da
planta influencia na ação do ácido, talvez por isso este resultado tenha sido
diferente.
A Figura 1B mostra um comportamento de curva dose-resposta característica
da sensibilidade da Cleome affinis onde a dose do vinagre (4%) já foi possível obter
um controle muito bom (>98%). Este resultado concorda com WEBBER et al. (2005)
que verificou maior eficácia do ácido acético no controle de espécies de folhas
largas.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2519
2013
120
100
100
80
% Controle visual
% Controle visual
120
60
40
20
0
80
Y = 0,0000 +
60
40
100,0000
 X 
1+ 

 3,2763 
−19 , 9444
20
0
-20
0
5
10
15
20
25
Concentração
Concentrações de ácido
acético Ácido
(%) Acético (%)
A
0
5
10
15
20
25
Concentração
Concentrações de ácido
acéticoÁcido
(%) Acético (%)
B
FIGURA 2. Curva de dose-resposta da percentagem de controle da Chamaesyce
hyssopifolia (A) e Bidens pilosa (B) após a aplicação do ácido acético,
de acordo com o modelo log-logístico.
A espécie Chamaesyce hyssopifolia (Figura 2A) mostrou-se a mais
resistente ao ácido acético, pois o vinagre controlou somente 10% das plantas e a
dose de 10% o controle foi de apenas 72%. Para controlar esta espécie é necessário
concentrações acima de 15% de ácido acético. A mesma análise que foi feita para a
espécie Panicum maximum, podemos fazer para o resultado encontrado
Chamaesyce hyssopifolia, pois é de folha larga e segundo WEBBER et al., (2005) é
mais eficaz e no entanto não surtiu efeito neste experimento.
A figura 2B mostra o comportamento de uma curva dose-resposta
característica da sensibilidade da Bidens pilosa, onde a dose do vinagre já foi
possível obter um controle muito bom (>98%). Esta concordando com WEBBER et
al., (2005) que verificou que o ácido acético foi mais eficaz no controle de plantas de
folhas largas. As concentrações de ácido acético e adjuvantes aumentaram o
controle à medida que os volumes de aplicação aumentaram de 2 para 10 gpa
(galão por hectares). Comparações individuais entre os adjuvantes dentro de
concentrações de ácido acético e volumes de aplicação mostraram pouca ou
nenhuma vantagem para a adição ou óleo de laranja ou óleo de canola para
soluções de ácido acético.
CONCLUSÕES
As espécies Cleome affinis e Bidens. pilosa foram controladas com
concentrações de ácido acético inferiores às do vinagre. A Chamaesyce hyssopifolia
foi a mais resistente sendo necessária uma dose de 12,38% para obter 85% de
controle. A percentagem de controle em função da concentração do ácido acético
evidencia controle de 85%, aceitável na prática, com concentrações inferiores a
10%.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2520
2013
REFERÊNCIAS
CARVALHO, S. J. P.; LOMBARDI, B. P.; NICOLAI, M.; LOPES-OVEJERO, R. F.;
CHRISTOFFOLETI, P. J.; MEDEIROS, D. Curvas de dose-resposta para avaliação
do controle de fluxos de emergência de plantas daninhas pelo herbicida imazapic.
Planta Daninha, Viçosa, v.23, n.3, p.535-542, 2005.
DIAS, A. C. R.; CARVALHO, S. J. P.; CHRISTOFFOLETI, P. J. Fenologia da
trapoeraba como indicador para tolerância ao herbicida glyphosate. Planta Daninha,
Viçosa, v.31, n.1, p. 185-191, 2013.
ERASMO, E. A. L.; COSTA, N. V.; TERRA, M. A.; FIDELIS, R. R. Tolerância inicial
de plantas de pinhão-manso a herbicidas aplicados em pré e pós-emergência.
Planta Daninha, Viçosa, v.27, n.3, p. 571-580, 2009.
EWRC - European Weed Research Council. Report of the 3rd and 4th meetings of
EWRC. Cittee of Methods in Weed Research. Weed Research, Oxford, v.4, p.88,
1964.
FELEDYN-SZEWCZYK, B. The effectiveness of weed regulation methods in spring
wheat cultivated in integrated, conventional and organic crop production systems.
Plant Protection, v.42, n.4, p.486–493, 2012.
JARDIM, I. C. S. F.; ANDRADE, J. A.; QUEIROZ, S. C. N. Resíduos de agrotóxicos
em alimentos: uma preocupação ambiental global - Um enfoque às maçãs. Quím.
Nova, São Paulo, v. 32, n. 4, 2009.
JOHNSON, W. C.; MULLINIX, JR. B. G.; BOUDREAU, M. A. Injury potential of
herbicides for weed management in organic peanut production. Peanut Science,
v.35, n.1, p.73-75, 2008.
KRUSE, N. D.; VIDAL, R. A.; TREZZI, M. M. Curvas de resposta e isobolograma
como forma de descrever a associação de herbicidas inibidores do fotossistema II e
da síntese de carotenóides. Planta Daninha, Viçosa, v. 24, n. 3, p. 579-587, 2006.
LACERDA, A. L. S.; VICTORIA FILHO, R. Curvas dose-resposta em espécies de
plantas daninhas com o uso do herbicida glyphosate. Bragantia, Campinas, v.63,
n.1, p.73-79, 2004.
MORAN, P. J.; GREENBERG, S.M. Winter cover crops and vinegar as weed control
techniques in sustainable cotton production. In: Proceedings of the Beltwide
Cotton Conferences, January 3-6, 2006, San Antonio, Texas. 2006. CDROM. p.
2188-2195. 2006.
NICOLAI, M.; OBARA, F. E. B.; MELO, M. S. C.; SOUZA JÚNIOR, J. A.;
CANTALICE-SOUZA, R.; CHRISTOFFOLETI, P.J. Suscetibilidade diferencial de
espécies convolvuláceas ao flumioxazin determinada através de curvas de doseresposta. Planta Daninha, Viçosa, v.31, n.1, p. 157-163, 2013.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2521
2013
NICOLAI, M.; MELO, M. S. C.; LÓPEZ-OVEJERO, R. F.; CHRISTOFFOLETI, P. J.
Monitoramento de infestações de populações de capim-amargoso (Digitaria
insularis) suspeitas de resistência ao glifosato. Anais do XXVII Congresso Brasileiro
da Ciência das Plantas Daninhas, 2010.
NOLLET L. M. L & RATHORE H.S. 2010. Handbook of Pesticides: Methods of
Pesticide Residues Analysis. CRC Press.
OLIVEIRA, T. B. A.; SELIG, P. M.; BARBOSA, V. M.; CAMPOS, L. M. S.;
BORNIA, A. C.; OLIVEIRA, M. W. Tecnologia e custos de produção de cana-deaçúcar: um estudo de caso em uma propriedade agrícola. AJBM, Taubaté, v.3,
n.1, p. 150-172, 2012.
OSIPE, J. B.; TEIXEIRA, E. S.; OSIPE, R.; SORACE, M. A. F.; COSSA, C. A.;
NETO, A. M. O. Associação de sulfentrazone e glyphosate para o controle de
plantas daninhas na cultura da soja RR®. Rev. Bras. Herb., v.7, n.1, p.15-25, 2008.
RIZZON, L. A.; MENEGUZZO, J.; MANFROI, L. Sistema de Produção de Vinagre.
Brasília: Embrapa Informação Tecnológica. 2006.
RONCHI, C. P.; SERRANO, L. A. L.; SILVA. A. A.; GUIMARÃES, O. R. Manejo de
plantas daninhas na cultura do tomateiro. Planta Daninha, Viçosa, v.28, n.1, p.215228, 2010.
SAS - Statistical analysis system: Realease 9.1.3, (software). Cary: Sas Institute,
2008. 620p.
SEEFELDT, S. S.; JENSEN, S. E.; FUERST, E. P. Log-logistic analysis of herbicide
dose-response relationship. Weed Technology, Lawrence, v.9, p.218-227, 1995.
SCHMIDT, F.; FORTES, M. A.; BOTOLON, L.; BOTOLON, E. S. O.; SOUSA, R. O.
Nível crítico de toxidez do ácido acético em culturas alternativas para solos de
várzea. Cienc. Rural, Santa Maria, v.40, n.5, p.1068-1074, 2010.
SILVA, A. A.; FERREIRA, F. A.; FERREIRA, L. R. Biologia e o controle de plantas
daninha. Viçosa: DFT/ UFV, 2002. CD-ROM.
SILVA, A. A. & SILVA, J. F. Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa:
Editora UFV, 2007.
SOUSA, R. O.; BORTOLON, L. Crescimento radicular e da parte aérea do arroz
(Oryza sativa L.) e absorção de nutrientes, em solução nutritiva. R. bras.
Agrociência, Pelotas, v. 8, n. 3, p. 231-235, 2002.
TAVELLA, L. B.; SILVA, I. N.; FONTES, L. O.; DIAS, J. R. M.; SILVA, M. I. L. O uso
de agrotóxicos na agricultura e suas consequências toxicológicas e ambientais.
ACSA, Patos, v.7. n.2, p.6-12, 2011.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2522
2013
TOZANI, R.; LOPES, H. M.; SOUSA, C. M.; RODRIGUES DA SILVA, E. Manejo
alternativo de plantas daninhas na cultura de beterraba. Rev. Univ. Rural, Rio de
Janeiro, v. 26 n. 1, p.70-78, 2006.
WEBBER III, C. L.; SHREFLER, J. W. Vinegar (20% acetic acid) broadcast
application for broadleaf weed control in spring-transplanted onions. In:
Brandenberger, L., Wells, L., editors. 2008 Vegetable Trials Report, Oklahoma
State University, Division of Agricultural Sciences and Natural Resources,
Department of Horticulture & Landscape Architecture. Stillwater, OK. MP-164, p. 6264. 2009.
WEBBER III, C. L. & SHREFLER, J. W. Broadcast applications of Acetic Acid: Weed
control in spring-transplanted onions. In: Proceedings of the 27th Horticultural
Industries Show. January 4-5, 2008, Tulsa, Oklahoma. p. 215-219. 2008.
WEBBER III, C. L.; SHREFLER, J. W. Vinegar as a burn-down herbicide: Acetic acid
concentrations, application volumes, and adjuvants. Vegetable Weed Control
Studies, Oklahoma State University, Division of Agricultural Sciences and Natural
Resources, Department of Horticulture and Landscape Architecture. Stillwater, OK.
MP-162, p. 29-30. 2006.
WEBBER III, C. L.; HARRIS, M. A., SHREFLER, J. W., DURNOVO, M.,
CHRISTOPHER, C. A. Organic weed control with vinegar. In: Brandenberger, L.,
Wells, L. editors. 2004. Vegetable Trial Report. Oklahoma State University, Division
of Agricultural Sciences and Natural Resources, Department of Horticulture and
Landscape Architecture, Stillwater, Oklahoma. MP-162, p. 34-36. 2005.
ZIMDAHL, R. L. Fundamentals of weed science. New York: Academia Press,
1993.
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.9, N.16; p.2523
2013
Download

eficácia do ácido - Centro Científico Conhecer