UNIVERSIDADE FEDERAL DE
JUIZ DE FORA
MESTRADO EM ECOLOGIA APLICADA AO MANEJO E
CONSERVAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS
PROPRIEDADES ÓPTICAS DA ÁGUA
Identificação de Contaminantes
Contidos por Espectroscopia de
Transmissão
Orientadora: Profa Dra Maria José Valenzuela Bell
Mestre: Rogê Assis Lima
UFJF – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
PGECOL - Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada ao Manejo e
Conservação de Recursos Naturais
PROPRIEDADES ÓPTICAS DA ÁGUA
Identificação de Contaminantes Contidos por Espectroscopia de Transmissão
Rogê Assis lima
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da
Universidade Federal de Juiz de Fora, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em Ecologia Aplicada a Conservação e Manejo de
Recursos Naturais.
________________________________________________
Profa. Dra. Maria José Valenzuela Bell.
________________________________________________
Profa. Dra. Maria Cristina Andreolli Lopes.
________________________________________________
Prof. Dr. Arcilan Assireu.
JUIZ DE FORA - BRASIL
JANEIRO DE 2008
LIMA, ROGÊ ASSIS
Propriedades Ópticas da Água - Identificação de
Contaminantes Contidos por Espectroscopia de
Transmissão, [Minas Gerais] 2008
XVI 118p. 29,7cm (Instituto de Ciências Biológicas /
UFJF, M.Sc., PGECOL, 2008)
Dissertação – Universidade Federal de Juiz de Fora,
PGECOL
1. Água
I. ICB/UFJF II. Título (série)
ii
Dedicatória
Há pouco mais de quinze anos, ainda no século passado, Jeová Deus permitiu
que minha vida fosse acometida de uma interferência tão especial e brilhante quanto a
própria vida que meus pais Cláudio e Antônia me proporcionaram.
Desde esta ocasião, este acometimento vem sendo algo mais sublime,
duradouro e certo que já tive a oportunidade de presenciar e vivenciar até hoje. E
durante todos estes anos sempre tive esta bússola ao meu lado, enfrentando todos os
desafios e projetos que surgiam.
Dedico todo este trabalho à minha esposa Ana, que foi o maior suporte que eu
poderia ter, e também aos meus queridos filhos Juan Pablo e Isabella que apesar de
crianças tiveram maturidade suficiente para suportar minha ausência.
Parabéns, vocês permitiram que eu alcançasse mais este objetivo. Nós
conseguimos!
Amo Vocês!
“Where there is a will, there will always be a way”.
“Onde há uma vontade, sempre haverá um caminho”.
Anonymous.
iii
Agradecimentos
Agradeço a Jeová Deus pela vida e pela inteligência que possibilitaram meu
crescimento interior.
Aos meus pais Cláudio (em memória) e Antônia que dispensaram tempo de
suas vidas para me dar carinho e a educação moral que tenho.
A minha esposa Ana que durante toda esta empreitada foi magnífica com seu
amor e conselhos revitalizantes.
Aos meus lindos filhos Juan Pablo e Isabella que aceitaram minha ausência
com maestria.
A minha orientadora Maria José que me aceitou incondicionalmente desde o
início e acreditou que eu pudesse alcançar o objetivo dando-me as diretrizes
necessárias. Obrigado pelo voto de confiança.
A minha sogra Vivina, meu cunhado Ramon, minha irmã Ray, ao Ronaldo e
sobrinhas pela torcida.
A Profa Dra Maria Cristina e Prof. Dr. Virgílio pelos apoios constantes e
conselhos consistentes e pertinentes que recarregaram minhas baterias.
Ao Prof. Dr. Barone e Prof. Dr. Arthur pelos conselhos no saguão do Aeroporto
e que muito me fortaleceram.
Aos colegas do laboratório de ótica e dos departamentos de física e biologia
pelos momentos de comunhão da vida acadêmica e em especial ao amigo Alex
(“Chapa quente”).
Aos colegas da primeira turma de mestrado em Ecologia, em especial ao Zé
Carlos e Theo e que comungam de pensamentos como este do Greenpeace:
“Quando a última árvore tiver caído,
Quando o último rio tiver secado,
Quando o último peixe for pescado,
Finalmente, vocês vão entender que:
Dinheiro não se come ““.
Greenpeace
iv
Resumo
A relevância da composição da água é um fato indiscutível e suas propriedades
são influenciadas pela presença ou não de substâncias.
A água pura é uma substância com características peculiares, mostrando
propriedades físicas e comportamento bastante diferenciado. Por ser uma molécula
dipolara, e das forças intermoleculares do tipo pontes de Hidrogênio, a água apresenta
várias propriedades anômalas. Seu ponto de ebulição deveria ser a -200 °C, caso se
comportasse como as
moléculas
com
peso molecular
semelhante.
Outras
propriedades também se destacam como viscosidade, tensão superficial e calor
específico em valores altos, além de solubilidade de substâncias polares, iônicas e
também não iônicas.
Estas características peculiares fazem com que ela seja usada como solvente
universal e desta forma acometida da descarga dos mais variados poluentes,
industriais ou antropogênicas. Resíduos como metais pesados (Mg, Pb, Hg, Fe, Al,
Mn, Cd, Zn, Ni, Cr), cianetos, fenóis, óleos e graxas, amônia, sulfetos, coliformes
fecais e cianotoxinas.
Neste estudo analisamos amostras de água destilada, potável e contaminadas
a fim de obter a identificação de substâncias nela contidos. Através das propriedades
ópticas e baseando-se em espectros da própria água e das substâncias, já realizados
por outras equipes científicas, buscou-se detectar picos de absorção e emissão
característicos de componentes adicionados à água.
Utilizando a técnica experimental da Espectroscopia de Transmissão na região
do infravermelho próximo (NIRb) e o conjunto ótico do SPECORD 61NIR com
adaptações periféricas necessárias, analisamos amostras de água potável, água
destilada pura e intencionalmente contaminada com: Cloro, Potássio Fosfato
Monobásico, Nitrato de Sódio, Etanol, Fluído para Freio, Gasolina, Óleo Lubrificante e
Óleo Diesel.
Justificado pelos entraves técnicos adjacentes a uma pesquisa, não foi possível
identificar picos característicos de todas as substâncias citadas, mas o estudo atingiu
objetivo geral de fornecer ferramenta científica para próximos estudos ecológicos
usando espectroscopia por absorção e emissão, e o específico de identificar algumas
substâncias adicionadas à água.
a
b
Os dois átomos de hidrogênio de um mesmo lado da molécula;
Near Infra Red;
v
Abstract
The relevance of the compound of water is an unquestionable fact and its
properties are influenced, or not, by the presence of certain substances.
Pure water is a substance with uncommon characteristics indicating physical
properties and a sufficiently differentiated behavior. For being a dipole molecule, of
hydrogen bonding intermolecular forces, water therefore presents several anomalous
properties. Its boiling point would have to be –200ºC, once its behavior as molecules of
similar molecular weight. Other properties should also be emphasized such as
viscosity, superficial tension and specific heat in elevated values, other than polar
substance solubility, ionic and also nonionic.
These peculiar characteristics define water as a universal solvent, and in this
matter attacked by the excretion of a great variety of industrial and anthropogenic
pollutants. Residues such as heavy metals (Mg, Pb, Hg, Fe, Al, Mn, Cd, Zn, Ni, Cr)
Cyanides, Phenols, oils and lubricants, ammonia, sulfides, fecal coliforms, Cyan
Toxins.
In this study we analyzed distilled, potable and contaminated water samples in
order to obtain the identification of enclosed substances. Through optical properties
based on proper spectra of water and of the substances, already accomplished by
other science staffs, we searched to detect the absorption peaks and characteristic
emission of the components added to the water.
Making use of the Spectroscopic Transmission experimental technique in the
near infrared region (NIR) and the optical entirety of the SPECORD 61NIR with
necessary peripherical adaptations, we analyzed samples of potable water, pure
distilled water and intentionally contaminated with: Chlorine, Monobasic Potassium
Phosphate, Sodium Nitrate, Ethanol, brake fluid, Gasoline, Oil Lubricant and diesel
fuel.
Justified by the adjacent technical obstacles within a research, it was not
possible to identify characteristical peaks of all the mentioned substances, but this
study achieved the general objective to provide a scientific instrument for the near
ecological studies employing absorption and emission spectroscopy and the specificity
of identifying some substances added to water.
vi
Sumário
Ficha catalográfica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
ii
Dedicatória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
iii
Agradecimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
iv
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
v
Abstract. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
vi
Índice de Figuras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
xi
Índice de Tabelas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . xvi
Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1
Capítulo I - Conceitos teóricos básicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2
1.1 Conceitos gerais sobre a água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2
1.1.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2
1.1.2 Estrutura da água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3
1.1.3 Propriedades da água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5
1.1.4 Água: Sua relação com o planeta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7
1.1.4.1 Parâmetros físicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10
1.1.4.2 Parâmetros químicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11
1.1.5 Água do Lago Batata (localização e importância do lago). . . . . . . . . .
19
1.2 Conceitos básicos sobre espectroscopia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
20
1.2.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
20
1.2.2 Intensidade de radiação e espectrofotômetro. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
1.2.3 Densidade de energia e resolução do aparelho. . . . . . . . . . . . . . . . . .
23
1.2.4 Radiação monocromática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
23
1.2.5 Classificação dos métodos óticos de absorção. . . . . . . . . . . . . . . . . .
24
1.2.6 Mecanismo de absorção e emissão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
25
1.3 Lei de Lambert-Beer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
28
1.4 Vibração e absorção da água. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
1.4.1 O espectro da água líquida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
37
1.5 Instrumentos utilizados em espectroscopia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
1.5.1 Espectrofotômetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
1.5.1.1 Fonte de energia radiante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
40
1.5.1.2 Monocromadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
41
a – prismas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
41
b – grades ou redes de difração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
43
vii
1.5.1.3 Detectores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
46
a – tubo fotomultiplicador. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
47
b – arranjo de diodos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48
1.5.2 Espectrofluorímetros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
50
1.5.2.1 Espectrofluorímetros estacionários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
51
a – fontes de radiação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
52
b - esquema óptico do espectrofluorímetro fotoestacionário. . .
53
1.6 Artigos utilizados como orientação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
54
1.6.1 Artigo I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
55
1.6.2 Artigo II. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
55
1.6.3 Artigo III. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
57
Capítulo II – Materiais e métodos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58
2.2 Transmitância. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58
2.3 Specord 61 NIR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
59
2.4 Motor de passo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
62
2.5 Chopper . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
62
2.6 Lock-in . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
63
2.7 Conversor analógico digital. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
65
2.8 Software para aquisição de dados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
2.9 Rotina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
68
2.9.1 Preparação das amostras e calibração. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
68
2.2.2 Procedimentos para medidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
69
Capítulo III Resultados e Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
70
3.1 Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
70
3.1.1 Sinopse de funções orgânicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
70
3.2 Resultados e Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
3.2.1 Água da torneira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
3.2.1.1 Resultado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
72
3.2.1.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
72
3.2.2 Água Destilada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
73
3.2.2.1 Resultado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
73
3.2.2.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
74
3.2.3 Hipoclorito de Cálcio (Cloro ativo), Nitrito de Sódio e Potássio Fosfato
Monobásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
75
viii
3.2.3.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
-1
3.2.3.1.1 Água destilada e Cloro ativo de 5500 a 8000 cm . . . .
75
75
-1
3.2.3.1.2 Água destilada e Nitrito de Sódio de 5500 a 8000 cm . 76
3.2.3.1.3 Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico de
5500 a 8000 cm-1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
76
3.2.3.1.4 Água destilada e Cloro ativo de 3000 a 5000 cm-1 . . . .
77
-1
3.2.3.1.5 Água destilada e Nitrito de Sódio de 3000 a 5000 cm . 78
3.2.3.1.6 Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico de
3000 a 5000 cm-1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
79
3.2.3.1.7 Água destilada de 3000 a 5000 cm-1 . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.2.3.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
80
3.2.4 Água Ultrapura e Água do Lago Batata. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
80
3.2.4.1 Resultado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
80
-1
3.2.4.1.1 Água Ultrapura de 3000 a 8000 cm . . . . . . . . . . . . . .
-1
81
3.2.4.1.2 Água do Lago Batata de 3000 a 8000 cm . . . . . . . . .
81
3.2.4.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
82
3.2.5 Álcool Etílico Hidratado Combustível e Álcool Etílico Hidratado de
uso doméstico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
83
3.2.5.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.2.5.1.1 Água destilada e AEHC de 3000 a 8000 cm-1 . . . . . . . . 83
3.2.5.1.2 Água destilada e AEHD de 3000 a 8000 cm-1. . . . . . . .
84
-1
85
-1
86
3.2.5.1.3 Água destilada e AEHC de 5400 a 7000 cm . . . . . . . .
3.2.5.1.4 Água destilada e AEHD de 5400 a 7000 cm . . . . . . . .
-1
3.2.5.1.5 Água destilada de 5400 a 7000 cm . . . . . . . . . . . . . .
87
3.2.5.1.6 Álcool Etílico Hidratado Combustível de 3000 a
8000 cm-1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
87
3.2.5.1.7 Álcool Etílico Hidratado de uso doméstico de 3000 a
8000 cm-1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
88
3.2.5.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
89
3.2.6 Propanona (Acetona pura) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
3.2.6.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
3.2.6.1.1 Água destilada e Acetona pura de 3000 a 8000 cm-1. .
91
-1
3.2.6.1.2 Água destilada e Acetona pura de 5400 a 7000 cm . .
92
3.2.6.1.3 Acetona pura de 3000 a 8000 cm-1 . . . . . . . . . . . . . . . .
92
3.2.6.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
93
3.2.7 Fluído para freio automotivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
95
3.2.7.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
ix
3.2.7.1.1 Água destilada e Fluído para freio de 5400 a 7000 cm-1 95
3.2.7.1.2 Fluído para freio de 3000 a 8000 cm-1 . . . . . . . . . . . . .
97
3.2.7.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
98
3.2.8 Gasolina comum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3.2.8.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
3.2.8.1.1 Água destilada e Gasolina Comum de 3000 a 5000 cm-1101
3.2.8.1.2 Gasolina Comum de 3000 a 5000 cm-1. . . . . . . . . . . . . 102
3.2.8.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
3.2.9 Óleo Lubrificante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
3.2.9.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
3.2.9.1.1 Água destilada e Óleo lubrificante para motor de 3000 a
5000 cm-1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.2.9.1.2 Óleo lubrificante de 3000 a 5000 cm-1. . . . . . . . . . . . . . 105
3.2.9.2 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
3.2.10 Óleo Diesel. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
107
3.2.10.1 Resultados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
3.2.10.1.1 Água destilada e Óleo Diesel de 3000 a 5000 cm-1. . . 107
3.2.10.1.2 Óleo Diesel de 3000 a 5000 cm-1 . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.2.10.1.3 Água destilada (100%) e Óleo Diesel (0%). . . . . . . . . 109
3.2.10.1.4 Água destilada (75%) e Óleo Diesel (25%). . . . . . . . . 109
3.2.10.1.5 Água destilada (50%) e Óleo Diesel (50%). . . . . . . . . 110
3.2.10.1.6 Água destilada (25%) e Óleo Diesel (75%). . . . . . . . . 110
3.2.10.1.7 Água destilada (0%) e Óleo Diesel (100%). . . . . . . . . 111
3.2.10.3 Discussão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
Capítulo IV – Conclusão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
Referências Bibliográficas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
x
Índice de figuras
Número
página
1.1.1 - Blocos de gelo polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2
1.1.2 - Estrutura da água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4
1.1.3 - Solubilização do NaCl em água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5
1.1.4 - Solubilização de substâncias polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6
1.1.5 - A polaridade da água muda completamente em altas temperaturas e
pressão. O mesmo não ocorre com o etanol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6
1.1.6 – Foto do Lago Batata junto à margem do Rio Trombetas. . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2.1 – Espectro eletromagnético (adaptado de Cooper, 1977) . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.2.2 – Mecanismo de absorção e emissão da luz para uma corpo qualquer, por
exemplo o vermelho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
1.2.3 – Absorção e emissão da radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.2.4 – Diagrama de níveis de energia para o átomo de hidrogênio . . . . . . . . . . . . 26
1.3.1 – Absorção de luz por uma amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3.2 - Gráfico representativo da lei de Lambert-Beer demonstrando os limites da
linearidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.3.3 – Escala da relação entre Transmitância % e Absorbância. . . . . . . . . . . . . . . 34
1.3.4 – Representação da lei de Beer com λ = 545nm e caminho ótico de 1cm . . . 34
1.4.1 – Principais vibrações da molécula de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.4.2 – Espectro da água líquida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.5.1 - Emissão espectral das lâmpadas de Deutério, com resposta melhor = UV
(<350nm) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.5.2 - Emissão espectral das lâmpadas de Tungstênio-Halogênio ou Tungstênio,
com resposta melhor = Vis/NIR (>350nm) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.5.3 - Emissão espectral das lâmpadas de Mercúrio, com faixas espectrais bem
definidas e ideal para calibração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
40
1.5.4 – Monocromador de prisma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
42
1.5.5 – Monocromador de rede . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.5.6 – Esquema e foto de um prisma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
45
1.5.7 – Esquema e foto de uma rede de difração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
45
1.5.8 - Esquema geral de um monocromador e foto do modelo DK480 . . . . . . . . .
45
1.5.9 - Esquema e fotografia do tubo fotomultiplicador HAMAMATSU - R928 . . . . 48
1.5.10 - Esquema de um arranjo de diodo e foto do componente . . . . . . . . . . . . . . 48
1.5.11 - Seção transversal de um fotodiodo comum de silício . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.5.12 - Espectrofotômetros com Arranjo de diodo e com Fotomultiplicador . . . . . . 50
1.5.13 - Espectros eletrônicos de absorção (vermelho), excitação (preto) e
xi
fluorescência (azul) com comprimento de onda de excitação 350nm e
comprimento de onda de emissão = 410nm . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
1.5.14 - a) Espectro de emissão de uma lâmpada de Xenônio; b) Espectro de
emissão de uma lâmpada de Mercúrio;c) Detalhe das regiões ultravioleta
e visível de uma lâmpada de Xenônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
1.5.15 - Lâmpada de mercúrio de arco curto e pressão alta, de 150 W de potência 53
1.5.16 - Esquema óptico de um espectrofluorímetro modelo SLM-500 Aminco . . . 54
2.1.1 - Emissão espectral das lâmpadas de Tungstênio-Halogênio ou Tungstênio,
com resposta melhor = Vis/NIR (>350nm) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
59
2.1.2 - Desenho esquemático do conjunto ótico original do SPECORD 61 NIR . . . 60
2.1.3 - Desenho esquemático do conjunto ótico do SPECORD 61 NIR e adaptado
para este trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
60
2.1.4 – Espectros de Transmitância dos filtros do SPECORD 61 NIR . . . . . . . . . .
61
2.1.5 – Foto do chopper utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
63
2.1.6 - Alguns exemplos de chopper com o número de paletas diferentes . . . . . .
63
2.1.7 - Diagrama simplificado do processo de preparação para amplificação
pelo Lock-in . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
64
2.1.8 - Diagrama da entrada do sinal do detector sincronizado com a referência
gerada pelo chopper . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
64
2.1.9 - Foto do Lock–in SR530 da Stanford Research Systems . . . . . . . . . . . . . .
65
2.1.10 - Imagens do programa de aquisição de espectros. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
2.1.11 - Diagrama mostrando a montagem experimental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
67
2.1.12 – Cubeta de amostras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.2.1 – Espectros da água da torneira na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. . . . . . . . 72
3.2.2 – Espectro adaptado da água líquida para comparação. . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.2.3 – Espectros da água destilada na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. . . . . . . .
74
3.2.4 – Comparação entre absorbâncias das águas de torneira e destilada na
faixa de 3.333 nm a 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
3.2.5 – Espectros da mistura de Água destilada e Hipoclorito de Cálcio na faixa de
1818 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.2.6 – Espectros da mistura de Água destilada e Nitrito de sódio na faixa de 1818
nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.2.7 – Espectros da mistura de Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico
na faixa de 1818 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.2.8 – Espectros de Transmitância na faixa de 10 µm até 1428 nm feitos no
INMETRO RJ das misturas de Água destilada e Hipoclorito de cálcio, Água
xii
destilada e Nitrito de Sódio, Água destilada e Potássio Fosfato
Monobásico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
77
3.2.9 – Espectros da mistura de Água destilada e Hipoclorito de Cálcio na faixa de
3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.2.10 – Espectros da mistura de Água destilada e Nitrito de Sódio na faixa de
3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
3.2.11 – Espectros da mistura de Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico
na faixa de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.2.12 – Espectros da Água Destilada na faixa de 3.333 nm até 2000 nm. . . . . . . 79
3.2.13 – Espectros da Água Ultrapura na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. . . . . . .
81
3.2.14 – Espectros da Água do Lago Batata na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. . . 82
3.2.15 - Comparação entre absorbâncias na faixa de 3.333 nm a 1250 nm entre
água destilada e água ultrapura, e água destilada e água do Lago Batata. . 83
3.2.16 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado
Combustível na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.2.17 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado de uso
doméstico na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.2.18 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado
Combustível na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
85
3.2.19 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado de uso
Doméstico na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.2.20 – Espectros da Água destilada na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . .
87
3.2.21 – Espectros do Álcool Etílico Hidratado Combustível puro do tipo comum
na faixa de 3333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.2.22 – Espectros do Álcool Etílico Hidratado de uso doméstico na faixa de 3333
nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
88
3.2.23 – Sobreposição dos espectros de transmitância e de Absorbância da Água
destilada e da mistura de Água destilada com AEH na faixa de 1851 nm
até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
89
3.2.24 – Sobreposição dos espectros de transmitância e Absorbância da Água
destilada e do AEH puro na faixa de 3333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . .
90
3.2.25 – Espectros da mistura de Água destilada e Propanona na faixa de 3.333
nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
91
3.2.26 – Espectros da mistura de Água destilada e Propanona na faixa de 1851
nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
92
3.2.27 – Espectros da Propanona na faixa de 3333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . .
92
xiii
3.2.28 – Sobreposição dos espectros de transmitância e absorbância da Água
destilada e da mistura de Água destilada com propanona na faixa de 1851
nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
93
3.2.29 – Sobreposição dos espectros de transmitância e absorbância da Água
destilada e da propanona na faixa de 3333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . .
94
3.2.30 – Espectros da mistura Heterogênea de Água destilada e Fluído para freio
na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
96
3.2.31 – Espectros da mistura Homogênea de Água destilada e Fluído para freio
na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
96
3.2.32 – Espectros Fluído para freio DOT3 na faixa de 3333 nm até 1250nm. . . . . 97
3.2.33a – Sobreposição dos espectros de transmitância da Água destilada e de
Fluído para freio na faixa de 3333 nm até 1250 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.2.33b - Sobreposição dos espectros de transmitância da misturas heterogênea
de Água destilada com Fluído e do Fluído para freio na faixa de 1851 nm
até 1428 nm.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.2.34 – Sobreposição dos espectros de transmitância da Água destilada e da
mistura heterogênea na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . 98
3.2.35 – Sobreposição dos espectros de transmitância das misturas da Água
destilada com AEH e homogênea com Fluído para freio na faixa de 1851
nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3.2.36 – Sobreposição dos espectros de transmitância do AEH e do fluído para
freio na faixa de 1851 nm até 1428 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
3.2.37 – Sobreposição dos espectros na faixa de 1851 nm até 1428 nm de
transmitância da misturas de fluído com água destilada (heterogênea e
homogênea) e absorbâncias das misturas com água destilada. . . . . . . . . . 100
3.2.38 - Espectros de Transmitância da mistura de água destilada e gasolina na
faixa de 10 µm até 1428 nm feitos no INMETRO RJ. . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
3.2.39 – Espectros da mistura de Água destilada (1,25 ml) e Gasolina (0,80 ml) na
faixa de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
3.2.40 – Espectros da mistura de Água destilada (0,80 ml) e Gasolina (0,30 ml) na
faixa de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.2.41 – Espectros da Gasolina comum na faixa de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . 102
3.2.42 – Sobreposição dos espectros de transmitância e absorbância na faixa de
3333 nm até 2000 nm: a) gasolina comum e mistura de água destilada
(menor quantidade) com gasolina; (b) mistura de água destilada (menor
quantidade) com gasolina, água e gasolina comum; (c) gasolina comum e
xiv
mistura de água destilada (maior quantidade) com gasolina; (d) mistura de
água destilada (maior quantidade) com gasolina, água e gasolina comum. 103
3.2.43 – Espectros da mistura de Água destilada e Óleo lubrificante na faixa de
3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
3.2.44 – Espectros do Óleo lubrificante na faixa de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . 105
3.2.45 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a, b) e absorbância (c) na
faixa de 3333 nm até 2000 nm: (a) óleo lubrificante e gasolina comum; (b)
água destilada e sua mistura com óleo lubrificante; (c) água destilada e
sua mistura com óleo lubrificante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
106
3.2.46 – Cubeta de amostra e adequações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
3.2.47 – Espectros da mistura de Água destilada e Óleo Diesel na faixa de 3333
nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
3.2.48 – Espectros do Óleo Diesel na faixa de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . 108
3.2.49 – Espectros da mistura de Água destilada 100% e Óleo Diesel 0% na faixa
de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
3.2.50 – Espectros da mistura de Água destilada 75% e Óleo Diesel 25% na faixa
de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
3.2.51 – Espectros da mistura de Água destilada 50% e Óleo Diesel 50% na faixa
de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.2.52 – Espectros da mistura de Água destilada 25% e Óleo Diesel 75% na faixa
de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
3.2.53 – Espectros da mistura de Água destilada 0% e Óleo Diesel 100% na faixa
de 3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
3.2.54 – Espectros de Transmitância na faixa de 10 µm até 1428 nm feitos no
INMETRO RJ das misturas de Água destilada e Gasolina Comum, Água
destilada e Óleo Lubrificante, Água destilada e Óleo Diesel. . . . . . . . . . .
112
3.2.55 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a) e absorbância (b) da
água destilada e mistura entre água destilada e óleo diesel na faixa de
3333 nm até 2000 nm. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
112
3.2.56 – Sobreposição dos espectros de absorbâncias da água destilada e da
mistura entre água destilada e óleo diesel na faixa de 3333 nm até 2000
nm desde 0% até 100% de óleo (a até e) e todas juntas (f). . . . . . . . . . .
113
xv
Índice de tabelas
Número
página
1.2.1 - Relação entre as cores e os comprimentos de onda da luz. . . . . . . . . . . .
22
1.2.2 - Espectro eletromagnético e sua interações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
24
2.1.1 - Relação dos filtros do SPECORD 61NIR e suas faixas de otimização. . .
61
3.2.1 – Valores de absorbância com aumento percentual de óleo adicionado. . .
114
xvi
Introdução
Não
temos
conhecimento
de
métodos
óticos
para
identificação
de
componentes associados à água em nossa região, portanto o objetivo básico deste
estudo é fornecer tal ferramenta e resultados para possíveis estudos ecológicos
utilizando Espectroscopia por absorção e emissão.
Diante desta proposta pioneira para região e também sabendo das restrições e
limites técnicos que temos, alcançamos o objetivo específico de Identificar os picos de
absorção e emissão característicos de alguns contaminantes adicionados à água,
possibilitando além da ferramenta científica e resultados, referências para próximos
estudos de cunho ecológico usando espectroscopia por absorção e emissão.
Existem milhares de estudos científicos pelo mundo afora que utilizam os mais
variados métodos óticos para identificação de substâncias associadas à água, como é
constatado nos Artigos estudados e utilizados como orientação deste trabalho.
Como principal absorvedor da radiação eletromagnética proveniente do Sol, os
13 milhões de toneladas de água presentes na atmosfera são responsáveis por
aproximadamente 70% de toda absorção atmosférica da radiação principalmente na
região do Infravermelho, o que faz que nosso interesse seja o de utilizar métodos
óticos de absorção e emissão para determinar picos característicos de componentes
associados disponibilizando subsídios para monitoramento da água.
Neste estudo analisamos amostras de água destilada, potável e contaminada a
fim de obter a identificação de substâncias nela contida. Através das propriedades
ópticas e baseando-se em espectros da própria água e dos resíduos, já realizados por
outras equipes científicas, buscou-se detectar picos de absorção e emissão
característicos.
Utilizando a técnica experimental da Espectroscopia de Transmitância na
região do infravermelho próximo (NIR) e o conjunto ótico do SPECORD 61NIR com
adaptações periféricas necessárias, analisamos amostras de água potável, água
destilada pura e intencionalmente contaminada com: Cloro, Potássio Fosfato
Monobásico, Nitrato de Sódio, Etanol, Fluído para Freio, Gasolina, Óleo Lubrificante e
Óleo Diesel.
1
Capítulo I
Conceitos teóricos básicos
1.1 Conceitos gerais sobre a água
1.1.1 Introdução1:
“Aristóteles achava que a água fosse um dos quatro elementos fundamentais”.
Somente um composto tão especial poderia despertar tanta admiração em um
ícone da ciência antiga a ponto de ter taxação tão significativa. A água é tão
importante, que os gregos antigos consideravam-na como sendo um dos elementos
fundamentais da matéria. Por mais de 2000 anos ainda pensou-se que a água era um
elemento.
No século XVIII (1781) é que foi descoberto pelo cientista inglês Henry
Cavendish (1731-1810) a composição da água por duas partes de hidrogênio para
uma de oxigênio. Ele relatou sua descoberta em termos de um flogístico (depois
provou ser o hidrogênio) e um não flogístico (provou depois ser o oxigênio).
Mesmo assim, reflita: a água está presente nas montanhas, na atmosfera, nas rochas,
nos pássaros, nas formigas, nos oceanos..., e
pensando bem, os gregos não poderiam pensar
de forma diferente!
A água é, sem dúvida, o mais comum e
mais importante de todos os compostos. Graças
às propriedades da água, a vida foi capaz de
surgir e se desenvolver em nosso planeta. Estas
Figura 1.1.1 – Blocos de gelo polar
propriedades são extremamente peculiares: a água sólida (gelo) é menos densa que o
líquido e então bóia sobre a água líquida (figura 1.1.1).
Embora nos pareça extremamente trivial, agora que a nossa estreita
convivência
e a ciência já desvendaram muitas das incógnitas sobre a água, é
exatamente o oposto do observado na grande maioria das substâncias. E, graças a
esta habilidade, os peixes e plantas de lagos e rios que congelam, no inverno, não
morrem, pois a capa de gelo que se forma sobre o lago funciona como uma barreira
de proteção contra o frio. Se o gelo fosse mais denso, os peixes teriam um piso
congelado embaixo, e acima uma atmosfera fria. E a vida subaquática seria acometida
de uma complexidade extraordinária e provavelmente não haveria!
Todos os compostos análogos à molécula H2O são gases. O simples fato de a
água ser líquida à temperatura ambiente já é completamente intrigante. Se não
2
conhecêssemos a água, certamente iríamos deduzir que ela seria um gás, e iria se
tornar líquido somente em temperaturas muito inferiores a 0°C. Isto é extremamente
importante para que ela possa ser usada por organismos vivos. Além de promover a
vida diretamente, ainda serve como meio de transporte, recreação, e como um habitat
para plantas e animais. Sua fácil transformação em gás proporciona uma transferência
muito eficiente no planeta pela atmosfera, dos oceanos até os continentes, onde pode
precipitar sobre a forma de chuva.
Cerca de 97% de toda a água encontrada na superfície do nosso planeta está
nos oceanos. Como a população dos continentes está aumentando, a demanda por
água fresca cresce a cada ano. Processos de purificação e reciclagem da água
tornam-se cada vez mais importantes. A água dos oceanos para ser consumida, deve
ser dessalinizada. Os processos mais comuns são o de destilação, troca iônica (onde
os íons são substituídos por H+ e OH-, que se combinam e formam H2O) e osmose
reversa. Todos são processos caros, que tornam a purificação da água do mar viável
somente em regiões onde existe absoluta escassez de água potável e grande
disponibilidade de petróleo e que proporcionam financiamentos desta natureza.
1.1.2 Estrutura da água2:
A água é uma substância com características pouco usuais, mostrando
propriedades físicas e comportamento bastante diferenciado da maioria dos outros
líquidos. Essas propriedades são devidas a estrutura da molécula da água e das
forças intermoleculares, ligações do tipo pontes de hidrogênio, que mantém as
moléculas reunidas. A localização de dois hidrogênios em um mesmo lado do átomo
de oxigênio, típica da estrutura da água, gera uma molécula dipolar com carga positiva
em um lado e negativa no outro. É a natureza dipolar desta molécula que é
responsável pelas propriedades pouco usuais da água. Por exemplo, líquidos com
peso atômico similar ao da água apresentam temperatura de ebulição bastante inferior
a 100oC. A temperatura de ebulição da água é mais elevada porque a força das
ligações de pontes de hidrogênio é maior que a das ligações de Van der Waals,
comuns nos demais líquidos.
Como as moléculas apresentam carga negativa e positiva, forças de atração e
de repulsão estão presentes na água líquida ligando as várias moléculas entre si e
formando uma estrutura parcial. Em média, a “estrutura” da água líquida é
caracterizada pela coordenação tetraédrica (figura 1.1.2) das moléculas de água
arranjadas espacialmente de forma mais ou menos livre.
3
Quando cristalizada na forma de gelo, as moléculas de água apresentam
empacotamento hexagonal que dá origem a estruturas tridimensionais bem definidas.
Essas diferenças de arranjo tridimensionais levam a uma diminuição da densidade do
gelo em relação à água líquida.
Por outro lado, o fato da água ser um meio dielétrico com constante dielétrica
alta, ou seja, capacidade limitada de transmitir um campo elétrico, confere a ela
propriedades geoquímicas particulares. Este fato associado ao da molécula da água
tender em se afixar a íons lhe torna um excelente solvente de substâncias iônicas.
Figura 1.1.2 - Estrutura da água2: em (a) localização de dois hidrogênios em um mesmo lado do átomo de
oxigênio gerando uma molécula dipolar com carga positiva em um lado e negativa no outro; (b) arranjo
das moléculas na água líquida caracterizada pela coordenação tetraédrica.
O estado líquido da água tem uma estrutura complexa e dinâmica, que envolve
associação entre as moléculas. A forte e extensa ligação de hidrogênio entre as
moléculas produz um valor muito alto de certas propriedades físicas, tais como
temperatura de ebulição, viscosidade, tensão superficial, calor específico, entre outros.
Se comparado com análogos, a temperatura de ebulição da água deveria ser 200°C
negativos!
A água, também, é um dos líquidos com a maior tensão superficial conhecida,
que faz com que as gotas sejam esféricas e que alguns insetos possam caminhar
sobre ela. Por capilaridade, a água consegue subir até a mais alta folha de uma
árvore, contrariando a atração gravitacional da Terra. A estrutura do vapor (gás) da
água é mais simples: as moléculas estão relativamente distantes e independentes
uma das outras.
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1.1.3 Propriedades da água1:
Conforme citamos anteriormente, uma das propriedades mais importantes da
água líquida é a sua capacidade de dissolver substâncias polares ou iônicas para
formar soluções aquosas. O oceano, o sangue ou uma xícara de chá são exemplos de
soluções aquosas. Todas as reações que ocorrem em nosso organismo se dão em
soluções aquosas. A interação entre as moléculas do solvente (água) e as do soluto é
que são responsáveis pelo processo de solubilização. Quando uma substância iônica
é dissolvida em água (figura 1.1.3), os cátions são atraídos pelo lado “negativo” da
molécula de água e os ânions pelos lados “positivos”. Este processo é chamado de
hidratação. A hidratação dos íons é que promove a “quebra” do retículo cristalino da
substância iônica, ou seja, a dissolução: as forças existentes entre os cátions e ânions
no sólido (ligação iônica) são substituídas por forças entre a água e os íons.
1
Figura 1.1.3 – Solubilização do NaCl em água
Muitos compostos não iônicos também são solúveis em água. É o caso, por
exemplo, do etanol. A cerveja, o vinho e a cachaça são exemplos de misturas
homogêneas entre água e etanol. Esta molécula contém uma ligação polar O-H tal
como a água. Isto permite à molécula fazer ligações intermoleculares com a água.
O açúcar não é uma substância iônica, mas molecular. Mesmo assim, dissolvese em água por que, tal como a água, a sacarose é uma molécula polar, com regiões
“carregadas” negativa e positivamente. Neste caso, a interação com a água é do tipo
dipolo-dipolo; como a sacarose contém grupos –OH, também ocorre ligação
hidrogênio entre as moléculas de sacarose e de água. Isto promove a sua
solubilização na fase aquosa (figura 1.1.4).
Existem muitas substâncias, entretanto, que não são solúveis em água. Um
exemplo é a gordura: a natureza não-polar de suas moléculas as torna incompatíveis
com as moléculas polares de água. Uma regra geral para a solubilidade é que "o
5
semelhante dissolve o semelhante", isto é, moléculas polares são miscíveis com
moléculas polares, e apolares com moléculas apolares.
(a)
(b)
1
Figura 1.1.4 - Solubilização de substâncias polares : em (a) molécula de sacarose com um grupo O – H ;
(b) ligação com a água através de ponte de hidrogênio.
As propriedades da água, entretanto, são completamente diferentes em
condições de alta temperatura e pressão. Acima de 300°C, em altas pressões, a água
líquida é capaz de dissolver muitos compostos apolares. Mais diferente ainda é a água
quando a pressão for igual ou maior que 218 atm e a temperatura maior do que 374°C
(temperatura crítica): a água se torna um fluído supercrítico. Na figura 1.1.5 podemos
acompanhar este efeito ao observar o decréscimo de sua constante dielétrica e
comportando-se como substância apolar. Nestas condições, a água reúne
propriedades de seu gás (tal como a densidade) e de seu líquido (capacidade de
dissolução). Além de dissolver substâncias polares e iônicas, a água supercrítica é
capaz de dissolver praticamente todos os compostos apolares. Uma das aplicações é
na destruição de lixos tóxicos: a água supercrítica é misturada com os resíduos
orgânicos e gás oxigênio; iniciado a chama, a combustão ocorre "embaixo" d'água!
Figura 1.1.5 - A polaridade da água muda completamente em altas temperaturas e pressão. O
1
mesmo não ocorre com o etanol .
Isto só é possível graças às propriedades tipo-gás da água supercrítica e de
sua capacidade de dissolver os resíduos.
A molécula de água também é especial por participar de muitas reações
orgânicas e inorgânicas. Várias delas resultam da habilidade que a água tem em se
comportar tanto como um ácido (doador de prótons) ou como uma base (receptora de
prótons). De fato, em 1 litro de água pura não existem apenas moléculas de água:
6
ocorrem também 1 x 10-7 mol de íons H3O+(aq) e 1 x 10-7 mol de íons OH-(aq). Estes íons
são o produto da reação abaixo, que é a equação para a auto-ionização da água:
H2O(l) + H2O(l)
H3O+(aq) + OH-(aq)
O íon H3O+ é chamado de íon hidrônio. É justamente na sua concentração que a
escala de pH de uma solução é baseada: quanto maior a concentração de íons
hidrônio, menor o valor de pH e, conseqüentemente, mais ácida é a solução. Quando
um ácido, tal como o HCl ou o ácido acético, é adicionado à solução, tanto a água
como os ácidos contribuem para a formação e elevação da concentração de íons
hidrônio. Uma base, por outro lado, neutraliza os íons H3O+, diminuindo a sua
concentração e aumentando o valor de pH.
Mas as águas naturais não são substâncias puras e suas propriedades como
solvente dependem também desta concentração de íons de H+ presentes na água
(pH) e do seu poder de oxidação (Eh). Essas características das águas naturais
definem campos de estabilidade de várias espécies dissolvidas e dos sólidos em
presença de água e podem variar entre os diversos ambientes em que ela se encontra
devido a: (i) atividade orgânica do tipo, fotossíntese, respiração e decaimento; (ii)
reações de oxidação-redução de ferro, enxofre e carbono; (iii) balanço entre o dióxido
de carbono e carbonato de cálcio dissolvido na água.
A água é capaz de promover a ionização de compostos moleculares. O ácido
acético, por exemplo, é um composto molecular. Mas, em água, algumas moléculas se
ionizam, gerando o íon acetato e H3O+. Nesta reação, a molécula de água participa
ligando-se covalentemente ao hidrogênio (o próton, H+) da hidroxila do ácido acético.
Em outras reações, a água pode fazer exatamente o oposto: ceder um próton! É o que
acontece na reação com a amônia. A molécula de amônia agora, é quem recebe o
próton, atuando como uma base. A água, neste caso, comporta-se como um ácido.
Como vemos, a água pode se comportar tanto como um ácido ou como uma
base: por isso, é chamada de anfótera.
1.1.4 Água: Sua relação com o planeta2
Devido as suas propriedades estruturais, o composto H2O pode ocorrer em três
estados físicos diferentes nas condições de pressão e temperatura da superfície da
Terra: o sólido (gelo), o líquido (água) e o gasoso (vapor d’água).
7
Em cada um de seus estados, o composto possui diferentes propriedades
físicas e químicas que determinam sua participação nos diferentes processos
geológicos da superfície do planeta. Essa condição, aliada a sua abundância na fase
líquida na superfície do planeta, torna a água um importante agente estabilizador do
clima terrestre. A presença de um grande reservatório de água (oceanos) protege das
flutuações do calor solar, já que as transformações entre as fases envolvem
transferência de energia, liberando calor gradualmente, e também permite o transporte
lateral de calor.
Podemos citar alguns desses valores de transferência de energia2:
1. Sublimação/deposição
2. Condensação/vaporização
3. Fusão/congelamento
≅ 2,84 x106 J/kg ou ≅
≅ 2,50 x106 J/kg ou ≅
≅ 3,34 x105 J/kg ou ≅
0,788 kWh/kg;
0,694 kWh/kg;
0,093 kWh/Kg.
Uma outra característica importante da água na dinâmica terrestre é sua
propriedade de absorver o espectro infravermelho e ser virtualmente transparente para
o espectro visível e próximo ao ultravioleta. Isso permite que a radiação solar chegue à
superfície da Terra durante o dia, mas restringe a perda de calor durante a noite,
limitando as oscilações de temperatura ambiente. Isto se deve à capacidade térmica
da água ser bem maior que a do ar.
As principais características que influenciam o modo de participação da água
nos processos da dinâmica externa são sua viscosidade e o tempo de permanência da
água no reservatório superficial.
O gelo é capaz de fluir no estado sólido (alta viscosidade), mostrando grande
competência de transporte de material em suspensão e baixa seletividade de tamanho
de fragmento transportado. Essas propriedades fazem do gelo um agente de
intemperismo químico insignificante, mas importante agente do intemperismo físico e
poderoso agente erosivo.
Por outro lado, em estado líquido tem baixa viscosidade, lhe conferindo média
competência para transportar partículas em suspensão e boa capacidade de seleção
de tamanho de fragmento transportado. Com essas características a água comportase como agente importante no intemperismo químico, de importância média no
intemperismo físico, e importante na erosão.
O vapor d’água apresenta fluxo com viscosidade muito baixa, e portanto, tem
baixa competência para transportar partículas em suspensão e seletividade de
tamanho de fragmento transportado muito boa. Com isso o vapor d’água é agente
insignificante no intemperismo físico e químico e um agente erosivo de baixa
importância.
8
Estes fatores citados do ciclo hidrológico possibilitam uma atividade muito
efetiva do transporte de fragmentos e substâncias, tanto em um ecossistema sem
influência humana, quanto em um ecossistema alterado pelo homem.
Considerando esta dinâmica de componentes na água, e que nosso objetivo é
detectá-los, algumas amostras de água serão analisadas. A relação destes
contaminantes da água pura deve ser considerada, pois pode alterar seus parâmetros
físicos, químicos e microbiológicos e suas conseqüências no ecossistema. Vejamos
como são estes contaminantes e os parâmetros alteráveis.
Esta contaminação pode ter como origem várias fontes como3:
efluentes domésticos;
efluentes industriais;
carga difusa urbana e rural;
mineração;
natural;
acidental.
Cada uma destas fontes possui características próprias quanto aos poluentes
que carreiam. Os esgotos domésticos, por exemplo, apresentam compostos orgânicos
biodegradáveis, nutrientes e microrganismos patogênicos. Já para os efluentes
industriais há uma maior diversificação nos contaminantes lançados nos corpos
d'águas, em função dos tipos de matérias-primas e processos industriais utilizados. O
deflúvio superficial urbano contém, geralmente, todos os poluentes que se depositam
na superfície do solo. Na ocorrência de chuvas, os materiais acumulados em valas,
bueiros, etc., são arrastados pelas águas pluviais para os cursos d'águas superficiais,
constituindo-se numa fonte de poluição tanto maior quanto menos eficiente for a coleta
de esgotos ou a limpeza pública. A poluição rural é decorrente das atividades ligadas a
agricultura, silvicultura e pecuária. Quanto à atividade agrícola, seus efeitos dependem
muito das práticas utilizadas em cada região e da época do ano em que se realizam as
preparações do terreno para o plantio, assim como, do uso intensivo dos defensivos
agrícolas. A contribuição representada pelo material proveniente da erosão de solos
intensifica-se quando da ocorrência de chuvas em áreas rurais. Os agrotóxicos com
alta solubilidade em água podem contaminar águas subterrâneas e superficiais
através do seu transporte com o fluxo de água. A poluição natural está associada às
chuvas e escoamento superficial, salinização, decomposição de vegetais e animais
mortos e a acidental é proveniente de derramamentos acidentais de materiais na linha
de produção ou transporte.
9
1.1.4.1 Parâmetros físicos3:
Temperatura: É um fator que influencia a grande maioria dos processos
físicos, químicos e biológicos na água, assim como, outros processos como a
solubilidade dos gases dissolvidos. Uma elevada temperatura faz diminuir a
solubilidade dos gases, por exemplo, o oxigênio dissolvido, além de aumentar a taxa
de transferência de gases, o que pode gerar mau cheiro, no caso da liberação de
gases com odores desagradáveis. Os organismos aquáticos possuem limites de
tolerância térmica superior e inferior, temperaturas ótimas para crescimento,
temperatura preferencial em gradientes térmicos e limitações de temperatura para
migração, desova e incubação do ovo. Variações de temperatura são partes do regime
climático normal e corpos d'água naturais apresentam variações sazonais e diurnas,
bem como estratificação vertical.
Cor: Originada de forma natural, da decomposição da matéria orgânica,
principalmente dos vegetais - ácidos húmicos e fúlvicos, além do ferro e manganês. A
origem antropogênica surge dos resíduos industriais e esgotos domésticos. Apesar de
ser pouco freqüente a relação entre cor acentuada e risco sanitário nas águas
coradas, a cloração da água contendo a matéria orgânica dissolvida responsável pela
cor pode gerar produtos potencialmente cancerígenos, dentre eles, os trihalometanos.
Turbidez: Representa o grau de interferência com a passagem da luz através
da água, conferindo uma aparência turva à mesma. A alta turbidez reduz a
fotossíntese de vegetação enraizada submersa e algas. Esse desenvolvimento
reduzido de plantas pode, por sua vez, suprimir a produtividade de peixes. Logo, a
turbidez pode influenciar nas comunidades biológicas aquáticas.
Condutividade Elétrica: É determinada pela presença de substâncias
dissolvidas que se dissociam em ânions e cátions e pela temperatura. As principais
fontes dos sais naturalmente contidos nas águas correntes e de origem antropogênica
são: descargas industriais de sais, consumo de sal em residências e no comércio,
excreções de sais pelo homem e por animais. A condutância específica fornece uma
boa indicação das modificações na composição de uma água, especialmente na sua
concentração mineral, mas não fornece nenhuma indicação das quantidades relativas
dos vários componentes. À medida que mais sólidos dissolvidos são adicionados, a
condutividade específica da água aumenta. Altos valores podem indicar características
corrosivas da água.
Alcalinidade: É a quantidade de íons na água que reagirão para neutralizar os
íons hidrogênio. Os principais constituintes da alcalinidade são os bicarbonatos,
carbonatos e os hidróxidos. As origens naturais da alcalinidade são a dissolução de
rochas e as reações do dióxido de carbono (CO2), resultantes da atmosfera ou da
10
decomposição da matéria orgânica, com a água. Além desses, os despejos industriais
são responsáveis pela alcalinidade nos cursos d’águas.
Dureza: É a concentração de cátions multi-metálicos em solução. Os cátions
mais freqüentemente associados à dureza são os cátions bivalentes Ca
2+
e Mg
2+
. As
principais fontes de dureza são a dissolução de minerais contendo cálcio e magnésio,
exemplificando as rochas calcárias e os despejos industriais. A ocorrência de
determinadas concentrações de dureza causa um sabor desagradável e pode ter
efeitos laxativos. Além disso, causa incrustação nas tubulações de água quente,
caldeiras e aquecedores, em função da maior precipitação nas temperaturas elevadas.
Sólidos: Todas as impurezas da água, com exceção dos gases dissolvidos
contribuem para a carga de sólidos presentes nos corpos d'água. Os sólidos podem
ser classificados de acordo com seu tamanho e características químicas. Os sólidos
em suspensão, contidos em uma amostra de água, apresentam, em função do método
analítico escolhido, características diferentes e, conseqüentemente, têm designações
distintas.
A unidade de medição normal para o teor em sólidos não dissolvidos é o peso
dos sólidos filtráveis, expresso em mg/L de matéria seca. Dos sólidos filtrados pode
ser determinado o resíduo calcinado (em % de matéria seca), que é considerado uma
medida da parcela da matéria mineral. O restante indica, como matéria volátil, a
parcela de sólidos orgânicos. Dentro dos sólidos filtráveis encontram-se, além de uma
parcela de sólidos turvos, também os seguintes tipos de sólidos/substâncias não
dissolvidos: sólidos flutuantes, que em determinadas condições estão boiando; sólidos
sedimentáveis, que em determinadas condições afundam; sólidos não sedimentáveis,
que não estão sujeitos nem a flotação, nem à sedimentação.
1.1.4.2 Parâmetros Químicos3:
Potencial Hidrogeniônico (pH): O pH define o caráter ácido, básico ou neutro
de uma solução. Os organismos aquáticos estão geralmente adaptados às condições
de neutralidade e, em conseqüência, alterações bruscas do pH de uma água podem
acarretar no desaparecimento dos seres presentes na mesma. Os valores fora das
faixas recomendadas podem alterar o sabor da água e contribuir para corrosão do
sistema de distribuição de água, ocorrendo assim, uma possível extração do ferro,
cobre, chumbo, zinco e cádmio, e dificultar a descontaminação das águas.
Oxigênio Dissolvido (OD): O oxigênio dissolvido é essencial para a
manutenção de processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e
11
estações de tratamento de esgotos. Durante a estabilização da matéria orgânica, as
bactérias fazem uso do oxigênio nos seus processos respiratórios, podendo vir a
causar uma redução de sua concentração no meio. Através da medição do teor de
oxigênio dissolvido, os efeitos de resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a
eficiência do tratamento dos esgotos, durante a oxidação bioquímica, podem ser
avaliados. Os níveis de oxigênio dissolvido também indicam a capacidade de um
corpo d'água natural manter a vida aquática.
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO): É definida como a quantidade de
oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica biodegradável sob condições
aeróbicas, isto é, avalia a quantidade de oxigênio dissolvido, em mg/L, que será
consumida pelos organismos aeróbios ao degradarem a matéria orgânica. Um período
de tempo de cinco dias numa temperatura de incubação de 20°C é freqüentemente
usado e referido como DBO5,20. Os maiores aumentos em termos de DBO, num
corpo d'água, são provocados por despejos de origem predominantemente orgânica. A
presença de um alto teor de matéria orgânica pode induzir à completa extinção do
oxigênio na água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida
aquática. Um elevado valor da DBO pode indicar um incremento da micro-flora
presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores
desagradáveis e ainda, pode obstruir os filtros de areia utilizadas nas estações de
tratamento de água.
Demanda Química de Oxigênio (DQO): É a quantidade de oxigênio
necessária para oxidar a matéria orgânica através de um agente químico. Os valores
da DQO normalmente são maiores que os da DBO, sendo o teste realizado num prazo
menor e em primeiro lugar, orientando o teste da DBO. A análise da DQO é útil para
detectar a presença de substâncias resistentes à degradação biológica. O aumento da
concentração da DQO num corpo d'água se deve principalmente a despejos de origem
industrial.
Nitrogênio Nitrato: É a principal forma de nitrogênio encontrada nas águas.
Concentrações de nitratos superiores a 5mg/L demonstram condições sanitárias
inadequadas, pois as principais fontes de nitrogênio nitrato são dejetos humanos e
animais. Os nitratos estimulam o desenvolvimento de plantas, sendo que organismos
aquáticos, como algas, florescem na presença destes e, quando em elevadas
concentrações em lagos e represas, pode conduzir a um crescimento exagerado,
processo denominado de eutroficação.
Nitrogênio Nitrito: É uma forma química do nitrogênio normalmente
encontrada em quantidades diminutas nas águas superficiais, pois o nitrito é instável
na presença do oxigênio, ocorrendo como uma forma intermediária. O íon nitrito pode
12
ser utilizado pelas plantas como uma fonte de nitrogênio. A presença de nitritos em
água indica processos biológicos ativos influenciados por poluição orgânica.
Nitrogênio Amoniacal (amônia): É uma substância tóxica não persistente e
não cumulativa e, sua concentração, que normalmente é baixa, não causa nenhum
dano fisiológico aos seres humanos e animais. Grandes quantidades de amônia
podem causar sufocamento de peixes. A concentração total de Nitrogênio é altamente
importante considerando-se os aspectos tópicos do corpo d'água. Em grandes
quantidades o Nitrogênio contribui como causa da metemoglobinemia (síndrome do
bebê azul).
Óleos e Graxas: Os óleos e graxas são substâncias orgânicas de origem
mineral, vegetal ou animal. Estas substâncias geralmente são hidrocarbonetos,
gorduras, ésteres, entre outros. São raramente encontrados em águas naturais,
normalmente oriundos de despejos e resíduos industriais, esgotos domésticos,
efluentes de oficinas mecânicas, postos de gasolina, estradas e vias públicas. Os
despejos de origem industrial são os que mais contribuem para o aumento de matérias
graxas nos corpos d'água, dentre eles, destacam-se os de refinarias, frigoríficos e
indústrias de sabão.
A pequena solubilidade dos óleos e graxas constitui um fator negativo no que
se refere a sua degradação em unidades de tratamento de despejos por processos
biológicos e, quando presentes em mananciais utilizados para abastecimento público,
causam problemas no tratamento de água. A presença de óleos e graxas diminui a
área de contato entre a superfície da água e o ar atmosférico, impedindo dessa forma,
a transferência do oxigênio da atmosfera para a água. Em processo de decomposição
a presença dessas substâncias reduz o oxigênio dissolvido elevando a DBO e a DQO,
causando alteração no ecossistema aquático.
Fósforo total: É originado naturalmente da dissolução de compostos do solo e
da decomposição da matéria orgânica. A origem antropogênica é oriunda dos
despejos domésticos e industriais, detergentes, excrementos de animais e fertilizantes.
A presença de fósforo nos corpos dágua desencadeia o desenvolvimento de algas ou
outras plantas aquáticas desagradáveis, principalmente em reservatórios ou águas
paradas, podendo conduzir ao processo de eutroficação.
Cádmio (Cd): Possui uma grande mobilidade em ambientes aquáticos, é bioacumulativo e persistente no ambiente, acumula em organismos aquáticos,
possibilitando sua entrada na cadeia alimentar. Está presente na água doce em
concentrações traço, geralmente inferior a 1 g/L. Pode ser liberado para o ambiente
através da queima de combustíveis fósseis e também é utilizado na produção de
pigmentos, baterias, soldas, equipamentos eletrônicos, lubrificantes, acessórios
13
fotográficos, praguicidas etc. É um subproduto da mineração do zinco. O elemento e
seus compostos são considerados potencialmente carcinogênicos e pode ser fator
para vários processos patológicos no homem, incluindo disfunção renal, hipertensão,
arteriosclerose, doenças crônicas em idosos além do câncer.
Bário (Ba): Em geral ocorre nas águas naturais em baixas concentrações,
variando de 0,7 a 900 g/L. É normalmente utilizado nos processos de produção de
pigmentos, fogo de artifício, vidros e praguicidas. A ingestão de bário, em doses
superiores às permitidas, pode causar desde um aumento transitório da pressão
sangüínea, por vaso-constrição, até sérios efeitos tóxicos sobre o coração.
Chumbo (Pb): Em sistemas aquáticos, o comportamento de compostos de
chumbo é determinado principalmente pela hidro-solubilidade. Concentrações de
chumbo acima de 0,1mg/L inibem a oxidação bioquímica de substâncias orgânicas, e
são prejudiciais para os organismos aquáticos inferiores. Concentrações de chumbo
entre 0,2 e 0,5mg/L empobrecem a fauna, e a partir de 0,5mg/L a nitrificação é inibida
na água. A queima de combustíveis fósseis é uma das principais fontes, além da sua
utilização como aditivo antiimpacto na gasolina. O chumbo é uma substância tóxica
cumulativa. Uma intoxicação crônica por este metal pode levar a uma doença
denominada saturnismo. Outros sintomas de uma exposição crônica ao chumbo,
quando o efeito ocorre no sistema nervoso central, são: tontura, irritabilidade, dor de
cabeça, perda de memória, entre outros. Quando o efeito ocorre no sistema periférico
o sintoma é a deficiência dos músculos extensores. A toxicidade do chumbo, quando
aguda, é caracterizado pela sede intensa, sabor metálico, inflamação gastro-intestinal,
vômitos e diarréias.
Cobre (Cu): As fontes de cobre para o meio ambiente incluem corrosão de
tubulações de latão por águas ácidas, efluentes de estações de tratamento de
esgotos, uso de compostos de cobre como algicidas aquáticos, escoamento superficial
e contaminação da água subterrânea a partir de usos agrícolas do cobre como
fungicida e pesticida no tratamento de solos e efluentes, além de precipitação
atmosférica de fontes industriais. As principais fontes industriais são as indústrias de
mineração, fundição, refinaria de petróleo e têxtil. No homem, a ingestão de doses
excessivamente altas pode acarretar em irritação e corrosão da mucosa, danos
capilares generalizados, problemas hepáticos e renais e irritação do sistema nervoso
central seguido de depressão.
Cromo (Cr): Está presente nas águas nas formas tri e hexavalente. Na forma
trivalente o cromo é essencial ao metabolismo humano e, sua carência, causa
doenças. Já na forma hexavalente é tóxico e cancerígeno, sendo assim, os limites
máximos estabelecidos basicamente em função do cromo hexavalente. Os
14
organismos aquáticos inferiores podem ser prejudicados por concentrações de cromo
acima de 0,1mg/L, enquanto o crescimento de algas já está sendo inibido no âmbito
de concentrações de cromo entre 0,03 e 0,032mg/L. O cromo, como outros metais,
acumula-se nos sedimentos. É comumente utilizado em aplicações industriais e
domésticas, como na produção de alumínio anodizado, aço inoxidável, tintas,
pigmentos, explosivos, papel e fotografia.
Níquel (Ni): A maior contribuição para o meio ambiente, através da atividade
humana, é a queima de combustíveis fósseis. Além disso, as principais fontes são as
atividades de mineração e fundição do metal, fusão e modelagem de ligas, indústrias
de eletrodeposição e, como fontes secundárias, a fabricação de alimentos, artigos de
panificadoras, refrigerantes e sorvetes aromatizados. Doses elevadas de níquel
podem causar dermatites nos indivíduos mais sensíveis e afetar nervos cardíacos e
respiratórios. O níquel acumula-se no sedimento, em musgos e plantas aquáticas
superiores.
Mercúrio (Hg): Entre as fontes antropogênicas de mercúrio no meio aquático
destacam-se as indústrias cloro-álcali de células de mercúrio, vários processos de
mineração e fundição, efluentes de estações de tratamento de esgotos, fabricação de
certos produtos odontológicos e farmacêuticos, indústrias de tintas, dentre outras. O
mercúrio prejudica o poder de autodepuração das águas a partir de uma concentração
de apenas 18g/L. Este pode ser adsorvido em sedimentos e em sólidos em
suspensão. O metabolismo microbiano é perturbado pelo mercúrio através de inibição
enzimática. Alguns microrganismos são capazes de metilar compostos inorgânicos de
mercúrio, aumentando assim sua toxicidade. A intoxicação aguda pelo mercúrio, no
homem, é caracterizada por náuseas, vômitos, dores abdominais, diarréia, danos nos
ossos e morte. A intoxicação crônica afeta glândulas salivares, rins e altera as funções
psicológicas e psicomotoras.
Zinco (Zn): É oriundo de processos naturais e antropogênicos, dentre os quais
se destaca a produção de zinco primário, combustão de madeira, incineração de
resíduos, siderurgias, cimento, concreto, cal e gesso, indústrias têxteis, termoelétricas
e produção de vapor, além dos efluentes domésticos. Alguns compostos orgânicos de
zinco são aplicados como pesticidas. O zinco, por ser um elemento essencial para o
ser humano, só se torna prejudicial à saúde quando ingerido em concentrações muito
altas, levando às perturbações do trato gastro-intestinal.
Fenóis: Os fenóis são compostos orgânicos, oriundos, nos corpos dágua,
principalmente dos despejos industriais. São compostos tóxicos aos organismos
aquáticos, em concentrações bastante baixas, e afetam o sabor dos peixes e a
aceitabilidade das águas. Para os organismos vivos, os compostos fenólicos são
15
tóxicos protoplasmáticos, apresentando a propriedade de combinar-se com as
proteínas teciduais. O contato com a pele provoca lesões irritativas e após ingestão
podem ocorrer lesões cáusticas na boca, faringe, esôfago e estômago manifestados
por dores intensas, náuseas, vômitos, diarréias e pode ser fatal. Após absorção, tem
ação lesiva sobre o sistema nervoso podendo ocasionar cefaléia, paralisias, tremores,
convulsões e coma.
Ferro (Fe): Aparece, normalmente, da dissolução de compostos do solo e dos
despejos industriais. O ferro, em quantidade adequada, é essencial ao sistema
bioquímico das águas, podendo, em grandes quantidades, se tornar nocivo, dando
sabor e cor desagradáveis à água, além de elevar a dureza, tornando-a inadequada
ao uso doméstico e industrial.
Manganês (Mn): É utilizado na fabricação de ligas metálicas e baterias e na
indústria química em tintas, vernizes, fogos de artifícios e fertilizantes, entre outros.
Sua presença, em quantidades excessivas, é indesejável devido ao seu efeito no
sabor, aparecimento de manchas nas roupas lavadas e acúmulo de depósitos. A água
potável contaminada com manganês desenvolve a doença denominada manganismo.
Cloretos: As águas naturais, em menor ou maior escala, contém íons
resultantes da dissolução de minerais. Os íons cloretos são advindos da dissolução de
sais. Um aumento no teor de cloretos na água é indicador de uma possível poluição
por esgotos (através de excreção de cloreto pela urina) ou por despejos industriais.
Surfactantes: As substâncias tensoativas reduzem a tensão superficial da
água, pois possuem em sua molécula uma parte solúvel e outra não solúvel na água.
A constituição dos detergentes sintéticos tem como princípio ativo o denominado
"surfactante" e algumas substâncias denominadas de coadjuvantes, como o fosfato. O
principal inconveniente dos detergentes na água se relaciona aos fatores estéticos,
devido à formação de espumas em ambientes aeróbios.
Sódio (Na): O sódio pode provir, principalmente, de esgotos, fertilizantes,
indústrias de papel e celulose.
Potássio (K): É encontrado em baixas concentrações nas águas naturais já
que rochas que contém potássio são relativamente resistentes às ações do tempo.
Entretanto, sais de potássio são largamente usados na indústria e em fertilizantes para
agricultura e entra nas águas com descargas industriais e lixiviação das terras
agrícolas. O potássio é usualmente encontrado na forma iônica e os sais são
altamente solúveis.
Cianetos (CN): São os sais do hidrácido cianídrico (ácido prússico, HCN)
podendo ocorrer na água em forma de ânion (CN-) ou de cianeto de hidrogênio (HCN).
Em valores neutros de pH prevalece o cianeto de hidrogênio. Cianetos têm um efeito
16
muito tóxico sobre microorganismos. Uma diferenciação analítica entre cianetos livres
e complexos é imprescindível, visto que a toxicidade do cianeto livre é muito maior. Os
cianetos são utilizados na indústria galvânica, no processamento de minérios
(lixiviação de cianeto) e na indústria química. São também aplicados em pigmentos e
praguicidas. Podem chegar às águas superficiais através dos efluentes das indústrias
galvânicas, de têmpera, de coque, de gás e de fundições.
Alumínio (Al): É o principal constituinte de um grande número de
componentes atmosféricos, particularmente de poeira derivada de solos e partículas
originadas da combustão de carvão. Na água, o alumínio é complexado e influenciado
pelo pH, temperatura e a presença de fluoretos, sulfatos, matéria orgânica e outros
ligantes. O alumínio é pouco solúvel em pH entre 5,5 e 6,0, devendo apresentar
maiores concentrações em profundidade, onde o pH é menor e pode ocorrer
anaerobiose. O aumento da concentração de alumínio está associado com o período
de chuvas e, portanto, com a alta turbidez. Outro aspecto chave da química do
alumínio é sua dissolução no solo para neutralizar a entrada de ácidos com as chuvas
ácidas. Nesta forma, ele é extremamente tóxico à vegetação e pode ser escoado para
os corpos d'água. A principal via de exposição humana não ocupacional é pela
ingestão de alimentos e água. O acúmulo de alumínio no homem tem sido associado
ao aumento de casos de demência senil do tipo Alzheimer. Não há indicação de
carcinogenicidade para o alumínio.
Sulfetos: São combinações de metais, não metais, complexos e radicais
orgânicos ou eles são os sais e ésteres do ácido sulfídrico (H2S), respectivamente. A
maioria dos sulfetos metálicos de uso comercial é de origem vulcânica. Sulfetos
metálicos têm importante papel na química analítica para a identificação de metais.
Sulfetos
inorgânicos
encontram
aplicações
como
pigmentos
e
substâncias
luminescentes. Sulfetos orgânicos e disulfetos são amplamente distribuídos na fauna e
flora. Sulfetos orgânicos são aplicados industrialmente como protetores de radiação e
queratolítica. Os íons de sulfeto presentes na água podem precipitar na forma de
sulfetos metálicos em condições anaeróbicas e na presença de determinados íons
metálicos.
Magnésio (Mg): É um elemento essencial para a vida animal e vegetal. A
atividade fotossintética da maior parte das plantas é baseada na absorção da energia
da luz solar, para transformar água e dióxido de carbono em hidratos de carbono e
oxigênio. Esta reação só é possível devido à presença de clorofila, cujos pigmentos
contêm um composto rico em magnésio. A falta de magnésio no corpo humano, pode
provocar diarréia ou vômitos bem como hiper-irritabilidade ou uma ligeira calcificação
nos tecidos. O excesso de magnésio é prontamente eliminado pelo corpo. Entre outras
17
aplicações dos seus compostos salientam-se as utilizações do óxido de magnésio na
fabricação de materiais refratários e nas indústrias de borracha, fertilizantes e
plásticas. O uso do hidróxido em medicina como antiácido e laxante, do carbonato
básico como material isolante em caldeiras e tubagens e ainda nas indústrias de
cosméticos e farmacêuticos. Por último, os sulfatos (sais de Epsom) são usados como
laxantes, fertilizantes para solos empobrecidos em magnésio e ainda nas indústrias
têxtil e papelaria. O cloreto é usado na obtenção do metal, na indústria têxtil e na
fabricação de colas e cimentos especiais. As aplicações do metal são múltiplas, como
a construção mecânica, sobretudo nas indústrias aeronáutica e automobilística, quer
como metal puro, quer sob a forma de ligas com alumínio e zinco, ou com metais
menos freqüentes, como o zircônio, o tório, os lantanídeos e outros.
Boro (B): O boro é muito reativo de forma que é dificultada a sua ocorrência no
estado livre. Contudo, pode-se encontrá-lo combinado em diversos minerais. O boro,
na sua forma combinada de bórax (Na2B4O7,10H2O) é utilizado desde tempos
imemoriais. O bórax é usado como matéria-prima na produção de vidro de borosilicato,
resistente ao calor, para usos domésticos e laboratoriais, familiarmente conhecido pela
marca registrada “Pirex”. O boro elementar é duro e quebradiço, como o vidro, e
portanto tem aplicações semelhantes a este. Pode ser adicionado a metais puros,
ligas ou outros sólidos, para aumentar a sua resistência plástica, aumentando, assim,
a rigidez do material. Não é significativamente tóxico, e não pode ser classificado
como veneno; no entanto, quando em pó muito fino, é duro e abrasivo, podendo
causar indiretamente problemas de pele, se esta for esfregada depois de estar em
contato com ele. São indispensáveis pequenas quantidades de boro para o
crescimento das plantas, mas em grandes quantidades é tóxico. O boro acumulado no
corpo através da absorção, ingestão ou inalação dos seus compostos, atua sobre o
sistema nervoso central, causando hipotensão, vômitos e diarréia e, em casos
extremos, coma.
Arsênio (As): Devido às suas propriedades semimetálicas, o arsênio é
utilizado em metalurgia como um metal aditivo. A adição de cerca de 2% de arsênio ao
chumbo permite melhorar a sua esfericidade, enquanto 3% de arsênio numa liga à
base de chumbo melhoram as propriedades mecânicas e otimiza o seu
comportamento a elevadas temperaturas. Pode também ser adicionado em pequenas
quantidades às grelhas de chumbo das baterias para aumentar a sua rigidez. O
arsênio, quando muito puro, é utilizado na tecnologia de semicondutores, para
preparar arsenieto de gálio. Este composto utiliza-se na fabricação de diodos, LEDs,
transistores e laser. O arsenieto de índio é usado em detectores de infravermelho e
em aplicações de efeito Hall. A toxicidade do arsênio depende do seu estado químico.
18
Enquanto o arsênio metálico e o sulfureto de arsênio são praticamente inertes,
o gás AsH3 é extremamente tóxico. De um modo geral, os compostos de arsênio são
perigosos, principalmente devido aos seus efeitos irritantes na pele e suas toxicidades
são principalmente devidas à ingestão e não à inalação embora deva haver cuidados
de ventilação em ambientes industriais que usem compostos de arsênio.
Selênio (Se): É um elemento raro que tem a particularidade de possuir um
odor pronunciado bastante desagradável e que ocorre no estado nativo juntamente
com o enxofre ou sob a forma de selenetos em certos minerais. As principais fontes de
selênio são, todavia, os minérios de cobre, dos quais o selênio é recuperado como
subproduto nos processos de refinação eletrolítica. O selênio e os seus compostos
encontram largo uso nos processos de reprodução xerográfica, na indústria vidreira
(seleneto de cádmio, para produzir cor vermelho-rubi), como desgaseificante na
indústria metalúrgica, como agente de vulcanização, como oxidante em certas reações
e como catalisador. O selênio elementar é relativamente pouco tóxico. No entanto,
alguns dos seus compostos são extremamente perigosos. A exposição a vapores que
contenham selênio pode provocar irritações dos olhos, nariz e garganta. A inalação
desses vapores pode ser muito perigosa devido à sua elevada toxicidade.
1.1.5
Água do Lago Batata (localização e importância do lago)4
A partir dos anos oitenta a produção de alumínio parou de crescer nos países
industriais como Europa, EUA e Japão e começou a crescer em países do hemisfério
sul, como Brasil, Índia e Ghana. Com esse aumento e com essa diferenciação do foco
de produção ocorreram mudanças e nesses países começaram a acontecer graves
destruições ambientais.
No Brasil o alumínio é obtido a partir de um minério chamado bauxita que é
extraído de uma mina em Porto Trombetas (terceira maior mina de bauxita do mundo)
na floresta amazônica e transportado através de barcos para dois complexos das
fábricas, uma em São Luís (Maranhão) e outro complexo em Barcarena (Pará) perto
de Belém, onde o alumínio é fabricado. Para fabricá-lo é necessário separar os
elementos que compõe a bauxita da alumina primeiramente, através de um processo
químico de refinação. No segundo processo de eletrólise é necessário um consumo
enorme de energia.
Em conseqüência da lavagem de bauxita, o lago Batata e o rio Sapone estão
muito poluídos de maneira que a população da região não consegue mais consumir
suas águas.
19
Figura 1.1.6 – Foto do Lago Batata junto à margem do Rio Trombetas.
O Lago Batata (figura 1.1.6) é um típico lago amazônico de águas claras que
sofreu impactos antropogênicos. Localiza-se à margem direita do Rio Trombetas,
próximo a Porto Trombetas, município de Oriximiná (PA) e vem sendo poluído a vinte
anos através do processo de lavagem da bauxita onde muita água utilizada nesse
processo é depositada no lago que teve 30% de sua área assoreada pelo lançamento
do rejeito de bauxita.
Desta forma, pode-se distinguir duas áreas nesse ecossistema: impactada e
natural. Neste trabalho utilizamos a amostra da água do lago não impactada.
1.2 Conceitos básicos sobre Espectroscopia
1.2.1 Introdução:
Para a boa compreensão da estrutura e propriedades da matéria, alguns
métodos de análise são usados. Como o objetivo central deste trabalho é a análise
das propriedades ópticas da água, é importante demonstrar um método de análise que
retrata qualquer tipo de interação da radiação eletromagnética com a matéria.
Perguntas rotineiras5 como: Porquê de dia identificamos um leque de cores tão
variado e à noite não percebemos estas cores? Ou por que, ainda sob o efeito da luz
solar, os corpos e até mesmo nossa pele sofrem aquecimento, enquanto à noite isto
não acontece? Em termos genéricos podemos responder a estas perguntas ao definir
a espectroscopia como a interação de qualquer tipo de radiação eletromagnética com
a matéria. Desta forma, toda manifestação que nossos olhos percebem, por exemplo,
é um tipo de espectroscopia que está acontecendo. Muitos outros fenômenos naturais
referem-se à interação entre luz e matéria, e o arranjo molecular dos átomos para
compor a forma geométrica da molécula é um componente importante nesse assunto,
20
tanto para averiguar os efeitos das transições dos elétrons, como também dos núcleos
dos átomos componentes da estrutura molecular. Através da análise minuciosa do
espectro observado podemos obter informações relevantes sobre a estrutura
molecular e modo de interação entre moléculas e/ou átomos.
A radiação eletromagnética6 é uma forma de energia que é transmitida através
do vácuo com uma velocidade de propagação de 3 x 1010 cm/s. Pode ser facilmente
detectada como a luz, ou com uma maior complexidade, como os raios-X, ultravioleta,
raios gama.
Para caracterizar muitas das propriedades da radiação eletromagnética é conveniente
propor um modelo ondulatório e caracterizar as ondas por parâmetros como a
velocidade de propagação, freqüência, comprimento de onda e amplitude. No entanto,
este modelo falha completamente para explicar fenômenos associados com a
absorção e emissão de energia radiante, sendo necessário considerar a teoria
corpuscular, em que se admite a presença de fótons com uma energia proporcional à
freqüência, de acordo com a teoria quântica de Planck (E=hν). Na figura 1.2.1,
apresentamos o espectro de radiação eletromagnético expresso em comprimento de
onda, necessário para compreensão da energia radiante como função da freqüência.
7
Figura 1.2.1 – Espectro eletromagnético (adaptado de Cooper, 1977) .
Portanto, para exemplificar o resultado desta interação, vamos considerar a
espectroscopia na região do VISÍVELa (de ~800nm a ~400nm) destacada na figura
acima. Para a faixa de As substâncias possuem cor devido à sua capacidade em
absorver e/ou emitir certos comprimentos de onda. Mesmo substâncias consideradas
transparentes têm geralmente um espectro de absorção nas zonas ultravioleta e
infravermelha. Por exemplo, um corpo parece-nos vermelho porque todos os
comprimentos de onda das gamas azuis e amarelas são absorvidos, permitindo
a
O termo VISÍVEL citado refere-se à identificação das cores do OLHO HUMANO (sua calibração), pois difere de outros
animais e equipamentos. (Por exemplo, uma câmera de visão noturna que capta radiação no Infravermelho, logo, o
Infravermelho é VISÍVEL para a câmera e para o olho humano não é).
21
apenas a passagem do componente vermelho que é detectado pelo nosso olho,
ilustrado na figura 1.2.2.
Figura 1.2.2 – Mecanismo de absorção e emissão da luz para uma corpo qualquer, por exemplo o
vermelho.
Ainda, segundo a teoria quântica, uma substância absorve luz de
comprimentos de onda específicos, e estes caracterizam o seu espectro de absorção,
portanto, a cor de uma substância é determinada pela luz que é emitida (nãoabsorvida), como podemos ver na tabela 1.2.1:
7
Tabela 1.2.1 – Relação entre as cores e os comprimentos de onda da luz .
1.2.2 Intensidade de radiação e Espectrofotômetro8
A Intensidade de radiação eletromagnética I é a energia radiante por unidade
de tempo, cujo fluxo é perpendicular a uma unidade de área na direção de propagação
da radiação. Ao incidir sobre um material e quando suas moléculas sofrem transição
entre níveis de energia a elas permitidos, a intensidade da radiação monocromática
com número de onda altera-se em relação ao seu valor incidente. A detecção e a
medição destas variações, para cada número de onda ν da radiação incidente, é
efetuada e registrada (espectros) por instrumentos denominados espectrofotômetros.
22
Os espectrofotômetros podem ser de absorção ou de emissão e cada aparelho
destina-se a uma determinada faixa de números de onda. Pode ser assim
representado:
Etotfinal − Etotinicial
= ν totfinal − ν totinicial = ∆ν
hc
Comentário: O número de ondas por unidade de distância (normalmente em cm), símbolo
ν
, está
relacionado com a freqüência pela equação:
ν
= 1/λ = ν/c
onde: λ = comprimento de onda; c = velocidade de propagação; ν = freqüência da radiação.
1.2.3 Densidade de Energia e Resolução do aparelho8
Seja ρ(ν ) dν a energia eletromagnética radiante com número de onda entre
ν e ν +dν , por unidade de volume, onde ρ(ν ) é denominada densidade espectral de
energia radiante. Temos, então,
+∞
ρttot = ∫ ρ (ν )dν e I = Cρtot ,
0
•
onde C é número de partículas por unidade de área e de tempo.
sendo ρtotal a energia radiante total por unidade de volume, chamada densidade de
energia radiante e I é a intensidade de radiação definida no parágrafo anterior. Tanto
os espectrofotômetros de absorção como de emissão comparam os valores incidente
e emergente, onde diminui ∆ν quanto maior for a resolução do aparelho.
ν + dν
∫ ρ (ν )dν
ν
Pois se cada numero de onda ν está relacionado a uma energia radiante,
quanto menor for a diferença entre duas energias discretas consecutivas menor será
∆ν e, portanto mais sensibilidade e resolução terá o aparelho.
1.2.4 Radiação monocromática6
A radiação com um único comprimento de onda (monocromática da Luz
Branca) é bastante utópica e um caso ideal nunca se pode atingir. Um exemplo de
fonte que se aproxima do ideal é a risca vermelha do cádmio (λ = 643,8 nm), que
produzida numa fonte específica, serviu como padrão internacional de 1907 a 1960 e
23
tem uma largura de banda de 0,00114 nm, o que depende da dispersão e largura da
fenda de saída.
1.2.5 Classificação dos métodos óticos de absorção6
Os métodos óticos incluem aqueles baseados em nos fenômenos da óptica, tal
como absorção, emissão, difração, refração, dispersão, reflexão e polarização, em
toda a gama do espectro eletromagnético. Todos os métodos óticos envolvem uma
interação da matéria com a radiação eletromagnética e de modo geral classificam-se
conforme a natureza desta interação. De acordo com o valor de energia da radiação
eletromagnética, as transições entre os estados ocorrem diferenciadamente, e
podemos dividi-las em vários tipos, dos quais as principais são as transições
eletrônicas, vibracionais e rotacionais. Além delas, temos também as transições
translacionais, todas ocorrendo em diferentes valores de energia do espectro
eletromagnético. Portanto, considere a incidência de uma radiação emitida de uma
fonte de qualquer comprimento de onda em uma amostra.
Radiação
Limites aproximados do
comprimento de onda
Raios γ
λ<1Å
Raios X
1 Å < λ< 10 Å (1nm)
Ultravioleta de vácuo
Ultravioleta próximo
Visível
Infravermelho próximo
Infravermelho fundamental
Infravermelho distante
Microondas – radar
Ondas de rádio
1 nm < λ < 200 nm
200 nm < λ < 400 nm
400 nm < λ < 800 nm
800 nm < λ < 2,5 µm
2,5 µm < λ < 25 µm
25 µm < λ < 400 µm
400 µm < λ < 25 cm
λ < 25 cm
Interações com a matéria
Transições nucleares
Transições eletrônicas da
camada interna
Transições eletrônicas da
camada externa
Vibrações moleculares
Rotações moleculares
Orientações do spin
Tabela 1.2.2 – Espectro eletromagnético e sua interações6
Parte da radiação pode ser absorvida e convertida em energia térmica, e outra parte
pode se dispersada ou emitida, com ou sem variação do comprimento de onda.
Também pode ocorrer um efeito de polarização. Na tabela 1.2.2 é mostrado o espectro
eletromagnético e suas interações com a matéria. Os limites entre as zonas
adjacentes são um pouco arbitrários.
A base da análise espectrofotométrica é a medição da radiação que é
absorvida. A classificação é muito ampla por que a medição pode ser feita numa gama
muito larga do espectro. Pode-se, então, usar uma banda de radiação estreita ou
24
larga, visualmente ou por meios objetivos, dando-nos informações qualitativas ou
quantitativas em propósitos variados.
Comentário: A fotometria de absorção na zona do visível feita por métodos visuais é conhecida há
bastante tempo, e os aspectos quantitativos de transmissão de luz foram discutidos por Bouguer (1729) e
Lambert (1760), datando a lei de Beer em 1852. Atualmente as medições fotoelétricas substituíram as
comparações visuais para fins quantitativos. Também as medições fora da zona do visível são geralmente
feitas fotograficamente, por célula fotoelétrica, fototubo, termopar e câmeras especiais.
1.2.6 Mecanismo de absorção e emissão
De um modo bem geral, quando ocorre a absorção de radiação em qualquer
zona do espectro, a substância passa para um nível energético mais elevado. No caso
de átomos ou íons monoatômicos, a única forma de excitação é a eletrônica, ou seja,
um ou mais elétrons transitam para um nível mais elevado. No caso da absorção
verifica-se a relação6:
Ef – Ei = hν com Ef > Ei
6
Figura 1.2.3 – Absorção e emissão da radiação .
No caso da emissão Ef < Ei, que ocorre, por exemplo, quando se submete
átomos ou moléculas a uma energia térmica ou elétrica provocando a transição
eletrônica para níveis excitados de energia, e o regresso ao estado fundamental
ocorre com emissão de energia. O tempo de vida de um estado eletrônico excitado é
geralmente muito pequeno, da ordem de 10-8 segundos.
Portanto5, a substância depois da absorção passa rapidamente ao estado
fundamental e esta energia absorvida é convertida em térmica, radiante, ou química,
entre outras. Este processo pode ser mais bem representado na figura 1.2.3 e também
nestas equações balanceadas:
X + hν
X*
X*
X + energia
25
•
*
onde X e X são a espécie absorvente antes e depois da absorção de energia
radiante hν;
•
-34
h = 6,626 x 10
J.s (constante de Planck).
A energia necessária para elevar um elétron do seu estado fundamental para
um
estado
excitado
denomina-se
energia
de
excitação.
Quando
radiação
eletromagnética com comprimento de onda na faixa do visível ou do ultravioleta incide
em uma substância qualquer, é muito provável que um elétron seja promovido para
um nível energético eletrônico superior, de acordo com a teoria de Bohr. De acordo
com esta teoria quântica, para que a molécula absorva um fóton para excitar um
elétron, esse fóton deverá ter energia exatamente igual à diferença entre os orbitais
desta transição (figura 1.2.4). Isto é chamado de processo de ressonância.
5
Figura 1.2.4 – Diagrama de níveis de energia para o átomo de hidrogênio .
Há também outras restrições, como no caso molecular, e que se refere ao fato
de que somente elétrons do orbital molecular mais alto ocupado HOMO (Highest
Occuppied Molecular Orbital) podem ser excitados, e este elétron excitado também só
pode ir para um orbital molecular de menor energia que não esteja ocupado com
outros elétrons, chamado LUMO (Lowest Unoccuppied Molecular Orbital).
Em síntese, se o elétron está em um orbital HOMO do tipo σ, ele somente
poderá ser excitado para um orbital LUMO também do tipo σ, e é necessário que o
fóton tenha energia exatamente igual entre dois estados eletrônicos HOMO e LUMO
da molécula. Quando a molécula retorna para o estado fundamental, orbital HOMO, há
a emissão de um fóton de luz com comprimento de onda igual à diferença entre os
estados energéticos.
No átomo de Sódio, por exemplo, a excitação do estado normal 3s para o 3p
corresponde a um λ de 589,3 nm (luz amarela), ou número de onda 16965 cm-1. Esta
radiação é absorvia pelo vapor de sódio a qualquer temperatura e emitida pelo Sódio a
temperaturas suficientemente elevadas.
26
Comentário - REGRAS DE SELEÇÃO
Medidas experimentais mostram na verdade que nem todas as possíveis transições ocorrem.
Observa-se a emissão de fótons unicamente com freqüências correspondentes a transições entre níveis
de energia cujos números quânticos satisfaçam às Regras de Seleção ( ∆ l
é, só existem transições entre níveis cujos números quânticos
quânticos
j diferem
= ±1
e
∆ j = 0, ± 1 ). Isto
l diferem de uma unidade e cujos números
de Zero ou uma unidade. Medidas dos espectros de outros átomos monoatômicos
mostram que essas regras de seleção se aplicam às transições de qualquer um deles.
Fisicamente, as regras de seleção aparecem por causa das propriedades de simetria da
distribuição de carga oscilante do átomo. O átomo só pode irradiar como um dipolo elétrico se o momento
de dipolo elétrico de sua distribuição de carga eletrônica estiver oscilando. Uma analogia clássica ocorre
com uma pequena antena bipolar alimentada por uma fonte de corrente alternada de alta freqüência. Se
os braços da antena são alimentados fora de fase, de forma que haja um fluxo de carga para uma
extremidade ao mesmo tempo em que a carga flui da outra, a antena irradiará eficientemente. Mas se os
braços forem alimentados em fase, de modo que a carga se dirija ou venha em uníssono de ambos os
fios, a antena dificilmente irradiará.
Citamos anteriormente que ocorrem interações entre a radiação com a matéria,
e ocorrência de algum fenômeno espectroscópico, que vão depender da grandeza da
energia da radiação, e assim poderemos obter, por exemplo, informações sobre as
transições eletrônicas das substâncias químicas (e observarmos as cores da natureza
que nos cerca), ou então percebermos, através do calor emanado pelas substâncias,
que as mesmas estão sofrendo vibrações moleculares, referentes a movimentos dos
núcleos dos átomos que compõem as moléculas.
Nas transições eletrônicas, ocorre a passagem de um elétron de um estado de menor
energia para um estado de maior energia, através da absorção da radiação, mas
praticamente não há mudança da posição dos núcleos da molécula, por que a
transição é muito mais rápida que a mudança de posição.
Comentário6: Os níveis de energia em átomos e íons monoatômicos a pressões baixas são muito bem
definidos, não havendo sobreposição de níveis vibracionais e rotacionais, suas transições produzem
bandas bem definidas, denominadas riscas.
Wollaston (1802) foi o primeiro a observar riscas de absorção muito nítidas no espectro solar
(depois denominadas de listas de Frauenhofer) e a partir daí Kirchoff (1859) concluiu que o sódio deve
estar presente na atmosfera Solar, sendo este o primeiro trabalho de análise qualitativa por absorção
atômica.
Entretanto, os espectros de absorção eletrônica nas moléculas são mais
complexos ocorrendo os demais tipos de transição devido a uma mudança da posição
relativa dos átomos na molécula com mudanças na energia vibracional e às vezes na
energia rotacional simultaneamente. Vamos, então, definir os chamados graus de
27
liberdade5 moleculares, que determinam a qualidade e a quantidade de movimentos
que podem ser efetuados pelos átomos que compõem a molécula em questão.
Vamos imaginar uma molécula formada por N átomos e disposta no espaço
tridimensional. Cada átomo tem suas coordenadas x, y e z e sob influência da
radiação eletromagnética, essa molécula pode sofrer uma transição e cada um dos N
átomos pode se movimentar nas três direções x, y e z; o que implica em 3N modos
distintos de movimentos associados aos três tipos possíveis de transições, que são:
Vibracionais - os núcleos dos átomos mudam de posição constantemente devido
a mudanças das distâncias de ligação ou nos ângulos de ligação;
Rotacionais - mudanças na posição dos átomos da molécula devido a rotações
sobre eixos definidos;
Translacionais - movimentos de translação da molécula como um todo.
Demos o exemplo de uma molécula linear qualquer disposta sobre o eixo X.
Em relação a este eixo temos três modos rotacionais (rotações em cada um dos eixos
x, y e z), e também outros dois movimentos translacionais (movimentos de translação
devido aos eixos nos quais a molécula não está definida, pois em relação ao eixo X
em que a molécula está, não há translação). Com isso define-se então, para uma
molécula linear, que os demais movimentos permitidos serão devidos aos movimentos
que chamamos de vibracionais, e que serão 3N - 5. Para uma molécula que não seja
linear, existirão 3N - 6 movimentos vibracionais, uma vez que todos os modos
translacionais são possíveis.
Com
o conhecimento da geometria molecular podemos inferir suas
propriedades, e reciprocamente, pelas propriedades espectroscópicas de uma
molécula podemos inferir qual é sua geometria. Estas espectroscopias são
importantes, por que na absorção ocorre transições vibracionais.
1.3 Lei de Lambert-Beer
Em estudos quantitativos envolvendo absorção de radiação, necessita-se de
uma medida experimental que caracterize a quantidade de radiação eletromagnética
absorvida por uma amostra, através de uma lei geral conhecida como Lei de LambertBeer9.
A esta quantidade chama-se potência radiante (quantidade de energia radiante
por unidade de tempo). Como sua magnitude pode variar com a direção, é
conveniente defini-la como função de um plano perpendicular à direção do fluxo da
radiação. Na prática, a radiação absorvida por uma amostra é determinada
28
comparando-se a potência radiante do feixe transmitido na ausência de espécies
absorventes com a potência radiante transmitida na presença destas espécies.
9
Comentário : Apesar da avaliação de propriedades de soluções serem em função da intensidade de
feixes luminosos, hoje em dia conseqüentes da utilização de luz elétrica em equipamentos sofisticados, é
surpreendente saber que a origem dos estudos da absorção de luz por soluções é anterior a descoberta
da luz elétrica, e utilizavam a luz solar ou a luz emitida por chamas.
Foi neste contexto que destacaram as primeiras investigações sobre a relação existente entre as
intensidades de radiação incidente e transmitida, experiências feitas por Pierre Bouguer (1729) e de
Johann Heindrich Lambert (1760).
Porém na literatura deparamos com a intensidade de radiação, I, ao invés de
potência radiante, que é usada experimentalmente. Estas duas quantidades não
correspondem à mesma coisa, mas estão relacionadas entre si. A Intensidade de
radiação, I, é definida como a razão entre a potência radiante e o ângulo sólido de
incidência, mas quando a área iluminada, o ângulo sólido e o volume do absorvedor
são pequenos, que é o caso das medidas para fins analíticos, a potência da radiação
pode ser tomada como a sua intensidade.
Quando um feixe (monocromático) de radiação com intensidade Io incide sobre
uma cubeta contendo uma solução, vários fenômenos podem ocorrer, como reflexão
(em decorrência do absorvedor ou das diferenças entre os índices de refração),
inclusive pelas paredes da cubeta, espalhamento (caso o meio não seja transparente
e homogêneo). Mas o efeito mais significativo ocorre quando parte da radiação é
absorvida pelo meio que está sendo analisado. Como conseqüência desta interação a
intensidade do feixe transmitido, It, após a passagem pela cubeta será menor que a
intensidade inicial, Io.
Todos estes efeitos associados à intensidade de radiação, estão relacionados
entre si por uma expressão linear descrita pela equação:
Io = Ir + Ie + Ia + I t
onde:
Io = Intensidade do feixe incidente;
Ir = Intensidade do feixe refletido, resultado das diferenças do índice de refração entre o
absorvedor e o ambiente;
Ie = Intensidade do feixe espalhado, resultado de um meio não homogêneo (suspensão) e/ou de
flutuações térmicas;
Ia = Intensidade do feixe absorvido pelo meio;
It = Intensidade do feixe transmitido.
29
9
Comentário :
1-
Efeito da reflexão: nas medidas analíticas convencionais, o efeito da reflexão, Ir, pode ser
minimizado com o uso de medidas relativas e de cubetas com paredes homogêneas de pequena
espessura e de faces paralelas. Em outras palavras, preparam-se duas cubetas, uma contendo a amostra
que se deseja analisar e outra contendo todos os componentes da cubeta anterior, menos a substância
de interesse. A medida da intensidade do feixe transmitido através da segunda cubeta servirá de
referência para calibrar o instrumento, antes da medida da intensidade transmitida através da cubeta com
a amostra. Este procedimento é empregado para se descontar os possíveis efeitos de reflexão
observados no experimento;
2-
Para corrigir o efeito do espalhamento, de modo que a intensidade de radiação espalhada, Ie,
possa ser considerada desprezível, os procedimentos experimentais são realizados com soluções
homogêneas e transparentes.
Desta forma a intensidade da radiação incidente pode ser considerada como
sendo utilizada em dois processos, descritos pela equação abaixo:
Io = Ia + It
As intensidades incidente (Io) e transmitida (It) podem ser medidas
diretamente. Logo, a parte absorvida (Ia) pode ser determinada como a diferença entre
Io e It.
Portanto, consideremos uma cubeta (figura 1.3.1) com uma substância
absorvente (sólida, líquida ou gasosa). Vamos admitir a incidência perpendicular de
um feixe de radiação monocromática de intensidade Io.
Ao passar através da
espessura b da substância a sua intensidade é reduzida para o valor I devido à
absorção. Consideremos então uma seção transversal deste volume absorvente
dentro da cubeta e de área S e espessura infinitesimal dx. Dentro desta seção há dn
partículas absorventes (moléculas ou íons), e a cada qual está associada uma
superfície de absorção fotônica, ou seja, se um fóton incidir numa destas áreas dar-seá a absorção imediatamente.
Ao somatório de todas estas áreas designamos de dS e a probabilidade de
captura de um só fóton, através desta seção, é a razão entre a área de captura sobre
a total, dS/S. Estatisticamente esta razão representa a probabilidade de captura dos
fótons na seção.
Se Ix é a intensidade do feixe incidente na seção á distância x da face exterior
do volume, sendo proporcional ao número de fótons por cm2 e por tempo (s), e dIx
representa a perda de intensidade nesta seção, a fração capturada será então - dIx/ Ix
(o sinal negativo indica perda de intensidade).
30
Figura 1.3.1 - Absorção de luz por uma amostra.
Então a média desta razão iguala-se á probabilidade de captura, portanto:
eq. 1.3.1
dIx = dS
Ix
S
Se definirmos a como a área de captura associada a uma partícula e dn o
número de partículas no elemento de volume, temos:
eq. 1.3.2
dS = adn
Fazendo as substituições, temos:
I
-
dIx
∫Io Ix =
n
∫
0
adn
S
Integrando:
- ln I/I0 = an/S
eq. 1.3.3
Pela conversão de logaritmos [2.303 x log(p) = ln(p)], temos:
log I0/I = an/2,303.S
eq. 1.3.4
Mas queremos relacionar a intensidade da radiação com a concentração (c) do
absorvente em moles por litro e a espessura b, então temos:
S = V cm2 ; c =
1000 n
moles/litro
6,023 x 1023 V
b
A equação (1.3.4) fica:
log I0 = 6,023 x 1023 a bc
I
2,303 x 1000
log I0 = A = ε bc
eq. 1.3.5
I
Observe que:
O termo ε chama-se absortividade molar, quando a concentração está
expressa em moles por litro, ou simplesmente absortividade a quando
expressa em outras unidades de concentração;
31
A absortividade é diretamente proporcional à área de captura associada a
uma dada partícula, que depende, do tipo de substância e da energia do
feixe incidente, isto é, do seu comprimento de onda;
Trata-se de uma lei fundamental para todos os tipos de radiação
eletromagnética, aplicável a soluções, gases e sólidos;
A Lei de Beer demonstra que para uma dada substância e um dado
comprimento de onda, a absorbância é diretamente proporcional à
concentração
deste
absorvente
para
uma
mesma
espessura
ou
diretamente proporcional à espessura para uma mesma concentração.
Comentário7: A lei de Bouguer - Bouguer foi o primeiro a realizar uma experiência em que relaciona o
quantidade de luz que atinge cada molécula numa amostra e a quantidade de luz que passa através da
amostra. Ele assumiu que a radiação que incide é 1; e observou que a luz transmitida foi de 50% para
uma célula. Da mesma forma só 25% da luz é transmitida no caso de 2 células. Para descrever estas
observações de transmitância (T) foram definidas por:
Ou transmitância percentual:
T = I / Io
eq. 1.3.6
%T = 100T
eq. 1.3.7
A lei de Lambert – Antecedente a Beer, Lambert demonstrou que se considerarmos apenas luz
monocromática, a quantidade de luz transmitida é proporcional à intensidade de luz incidente na solução,
a espessura (b) da solução absorvente, e portanto com uma constante
de proporcionalidade que
depende das características de absorção da solução, bem definida pela equação:
log I/Io = K x b
Na equação 1.3.5 o termo A é chamado de Absorbância, e podemos observar
claramente a relação com as leis de Bouguer e Lambert, e por isso encontramos na
literatura as denominações “Lei de Bouguer-Beer”, “Lei de Lambert-Beer” ou
simplesmente “Lei de Beer”. Portanto podemos deduzir outras relações das equações
(1.3.5), (1.3.6) e (1.3.7):
log Io = A = ε bc
I
;T=
I ; %T = 100T
Io
log Io/I = - log T
A = log 1/T;
eq. 1.3.8
log 1/T = log 100/ %T
A = log 100/ %T;
eq. 1.3.9
log 100/ %T = log 100 – log %T
A = 2 – log %T;
eq. 1.3.10
Uma característica particular da lei de Beer é ser aditiva. Em muitos casos, é
possível determinar simultaneamente duas ou mais espécies diferentes presentes
numa amostra, utilizando esta mesma lei. Teoricamente, isto pode ser realizado desde
que não ocorra nenhuma interação entre as espécies e que o espectro de absorção
observado pela mistura seja a soma dos espectros individuais que seriam obtidos caso
32
cada uma das espécies estivesse presente sozinha na solução e sob as mesmas
condições experimentais. Na prática, estas condições ideais não ocorrem, mas mesmo
assim, ainda é possível a determinação de espécies químicas em uma mistura. Neste
caso, para cada comprimento de onda, a absorbância total devido às espécies
presentes na solução pode ser expressa como a soma das absorbâncias de cada uma
delas:
A = A1 + A2 + ... + An
Aλi = ΣAλn = bΣεεncn
eq. 1.3.11
A Lei de Beer tem algumas limitações reais, visto que só se aplica a soluções
muito diluídas, geralmente inferiores a 10-2 ou 10-3 M, devido basicamente a dois
motivos6:
1. A distância média entre as espécies responsáveis pela absorção diminui
com o aumento da concentração, podendo chegar a um ponto que afeta
a distribuição de carga das espécies vizinhas. Esta interação faz variar
a absorção em um dado comprimento de onda da radiação, provocando
desvio na linearidade da lei;
2. Para concentrações bastante elevadas, há variação do índice de
refração da solução, afetando a absortividade ε e provocando desvio na
linearidade da lei. Portanto temos uma relação linear A = f(c) até certo
valor da concentração, depois ocorre uma curvatura com concavidade
virada para o eixo das abscissas (figura 1.3.2).
7
Figura 1.3.2 - Gráfico representativo da lei de Lambert-Beer demonstrando os limites da linearidade .
Comentário6: Pode-se fazer uma correção deste efeito substituindo a absortividade ε por εn/(n2 + 2)2.
Em geral, esta correção não é significativa para concentrações inferiores a 0,001M.
Por que é melhor expressar a lei de Beer usando absorbância como medida de
absorção em vez de %T?
Vejamos das equações (1.3.5), (1.3.7), (1.3.8) e (1.3.9):
A = εbc ; %T = 100T ; A = log 1/T ; A = log 100/%T;
33
Com a devida transformação logarítmica:
%T = e- εbc
eq. 1.3.12
E também sem utilizar o fator de conversão da equação 1.3.4 temos:
ln I0 = A = ε bc
eq. 1.3.13
I
E a relação da absorbância com a transmitância:
ln I0 = A = ln (1/T)
eq. 1.3.14
I
Graficamente esta relação é assim:
Figura 1.3.3 – Escala da relação entre Transmitância % e Absorbância.
Então, se a luz passa através de uma solução sem absorção nenhuma, a
absorbância é zero, e a transmitância percentual é100%. No caso em que toda a luz é
absorvida, a transmitância percentual é zero e a absorbância é infinita.
Figura 1.3.4 – Representação da lei de Beer com λ = 545nm e caminho ótico de 1cm.
Em (a) %T versus c (eq. 1.3.12) e em (b) A versus c (eq. 1.3.5).
A relação da Absorbância com a concentração é linear, enquanto que a
transmitância percentual tem relação logarítmica. Vejamos o exemplo da figura 1.3.3
para uma solução de KMnO4.
Qual o significado da absortividade molar, ε ? Da equação (1.3.5) temos:
ε = A/ bc
34
Portanto, uma definição bem rápida para absortividade ε é: “uma medida da
quantidade de luz absorvida por unidade de concentração”.
A absortividade molar é uma constante para uma substância específica, de
modo que se a concentração da solução é reduzida para a metade, a absorbância se
reduzirá pela metade e a absortividade será o dobro. ε depende ainda do comprimento
de onda utilizado, da temperatura e do solvente. Quanto maior o valor de ε, maior será
a taxa de absorção observada e mais sensível o método espectrofotométrico. Esta é a
razão pela qual, idealmente, procura-se trabalhar com uma radiação monocromática,
sempre que possível, e correspondente ao máximo de absorção da espécie a ser
determinada. Então, o espectro de absorção é obtido variando-se o comprimento de
onda da radiação que incide sobre a amostra e medindo-se a quantidade de radiação
absorvida em um espectrofotômetro.
1.4 Vibração e absorção da água10:
A água é o principal absorvedor da luz solar. Os 13 milhões de toneladas de
água presentes na atmosfera (~0,33% de seu peso) são responsáveis por cerca de
70% de toda absorção atmosférica da radiação, principalmente na região do
infravermelho onde a água mostra forte absorção, e contribui significativamente para o
efeito estufa na flora, assegurando um planeta habitável.
A espectroscopia da água em estado gasoso está sendo revista recentemente.
Sua molécula de água pode vibrar de várias maneiras. No estado gasoso, a vibração
envolve combinações entre distensões simétricas e assimétricas e inclinações das
ligações covalentes de acordo com as intensidades de absorção.
A distensão da vibração do HD16O, por exemplo, refere-se a simples vibração
da ligação e não a movimentos combinados das duas ligações. Para o H216O temos as
intensidades de absorção ν1, ν2, ν3 = 0,007; 1,47; 1,00; onde ν1, ν3, ν2 são distensão
simétrica, distensão assimétrica e inclinação na ligação covalente, respectivamente.
Na figura 1.4.1 podemos ver as principais vibrações da água. Os momentos de
dipolo mudam na direção do movimento dos átomos de oxigênio mostrados pelas
setas.
35
11
Figura 1.4.1 - Principais vibrações da molécula de água
Variações no ambiente ao redor de cada molécula de água provocam aumento
considerável das distensões na direção linear com as pontes de hidrogênio desta,
acumulando-se proporcionalmente com o número de pontes de hidrogênio. A
freqüência de distensão aumenta de 360 (3.1 Å) a 1000 (2.6 Å) cm-1 Å-1 com o
aumento da distância O...O em cerca de 9 graus-1 cm-1, e aumento da ligação O-H...O.
A intensidade de absorção destas bandas é ν1, ν2, ν3 = 0,87; 0.33; 1.00.
No gelo, estas bandas são alteradas para mais (ν1: 3085 cm-1; ν2: 1650 cm-1;
ν3: 3220cm-1). Na água líquida as vibrações de distensão molecular mudam para altas
freqüências, aumentando com a temperatura (como as pontes de hidrogênio ficam
fracas e as ligações covalentes O-H ficam fortes, as vibrações ocorrem em
freqüências maiores) enquanto que as vibrações intermoleculares mudam para
freqüências menores e o máximo da inclinação de vibração molecular de ambos muda
para baixas freqüências tornando-se mais tênue.
Esta inclinação de vibração quase desaparece no congelamento, ao passo que
aumentando a temperatura, diminui a intensidade das bandas de distensão. Este
comportamento divergente de inclinações e distensões vibracionais contribui para
descrever combinações entre estas bandas. Logo, combinações das vibrações de
distensão mudam para freqüências e temperaturas mais altas, sendo esta tendência
reduzida quando as inclinações de vibrações também são combinadas.
Como exemplo, uma primeira implicação da combinação das distensões
simétrica e assimétrica mostra uma mudança das estruturas fortemente ligadas de
hidrogênio (6707 cm-1) para estruturas fracamente ligadas de hidrogênio (7082 cm -1)
com aumento de temperatura, e uma faixa de combinação em torno de 5200 cm-1,
mudando para comprimentos de onda levemente superiores e com redução do poder
da ponte de hidrogênio. A segunda implicação da banda de distensão promove
aumento para um máximo significativo na região espectral do infravermelho (λ= 970
nm).
Trabalhos recentes mostram que a intensidade de todas as bandas implicadas
tende a aumentar linearmente com aumento de temperatura entre 2ºC – 85°C. Por
36
outro lado, aumentando a pressão na água, a distância O...O decresce e então há o
aumento das distâncias covalentes O-H, diminuindo as freqüências de distensão. O
aumento de pressão também causa uma redução no comprimento, enfraquecendo ou
quebrando ligações e um aumento na inclinação da ponte de hidrogênio.
Recentemente, o uso de uma fonte de radiação distante do infravermelho tem
mostrado temperatura dependente de um número de comprimento de onda na banda
40-90 cm-1.
Os espectros para variáveis isotópicas da água (HDO, D2O e H216O) são todos
diferentes; em particular distensões vibracionais do H-O e D-O não são relacionadas
em HDO, mas as vibrações relatadas em H2O a D2O envolvem em ambos, átomos de
hidrogênio.
A banda próxima ao infravermelho (NIR), de ~970 a 1940 nm, está sujeita a
ligeira determinação de água não destrutiva, todas mudando poucos nm para maiores
comprimentos de onda (baixas freqüências) com poderosas pontes de hidrogênio
devido à mudança de alta densidade da água para baixa densidade da água. Uma
projeção de cerca de 3250 cm-1 no lado do único pico fortemente ativo Raman, e
recentemente descrito no espectro IR (infravermelho) a 3220 cm -1 da água líquida, tem
sido indicada para o grupo de vibrações simétricas em fase O-H de partes da água
fortemente ligadas tetraedricamente.
A razão restante para o máximo em torno de 3400 cm -1 tem sido usado para
determinar a fração de tal água, mas tal comparação, embora comumente usada, deve
ser tratada com cautela, assim como suas absorções são desiguais por serem
idênticas e outras vibrações possíveis, tal como as primeiras inclinações (ν2) que,
contudo, poderão interferir. Há claramente muita informação estrutural obscura no
espectro vibracional da água. Um pouco de sucesso tem recentemente ocorrido
usando espectroscopia “femtpsecond mid-infrares nonlienar” e o espectro teórico
Raman da água.
1.4.1 O espectro da água líquida10
A cor azul da água deve-se a uma combinação das bandas de absorção
vibracional (embora de intensidade não muito extensa). Considerando somente o
espectro visível, esta absorção vai do vermelho, com um pequeno máximo de
absorção entre 739 nm e 836nm (ambos podem variar com a temperatura), até a
região do azul/violeta, onde há um mínimo de absorção da região visível.
37
Este espectro de absorção da água, que absorve a luz vermelha em 100 vezes
a mais que a azul, e com cinco vezes maior espalhamento da luz azul sobre a
vermelha, contribui para a cor azul das águas de lagos, rios e oceanos.
O gelo também é azul por razões similares, porém o líquido D2O não absorve
na região vermelha (assim como a banda de absorção é mudada para dentro do
infravermelho) e é azul exclusivamente por causa do efeito de espalhamento da luz.
10
Figura 1.4.2 – Espectro da água líquida
Comentário: Na figura 1.4.2 podemos observar algumas relações:
1 - A faixa de estudo deste trabalho vai de 8000 cm-1 (1250nm) a 3000 cm-1 (3333nm) em que á água tem
uma absorção que vai de 100 vezes até 1 milhão de vezes maior que a primeira faixa do visível;
2 – A região do visível vai do Violeta ao Vermelho.
3 – A cor azul da água deve-se a combinação das bandas de absorção vibracional onde o Vermelho
absorve cerca de 100 vezes mais que o azul;
4 – A água absorve radiação Infravermelha em aproximadamente 600 vezes mais que Ultra Violeta.
O espectro do infravermelho interage com a radiação de microondas em
comprimentos de onda maiores. Esta reação com o dipolo da água, movendo as
moléculas para frente e para trás e também distendendo e inclinando as pontes de
hidrogênio, gera calor. Se a radiação está em uma freqüência muito alta (>1000Ghz
ou λ<0.03 cm), a molécula não tem tempo de reagir à mudança do campo magnético e
nenhum calor é gerado. Mas, se a radiação é de freqüências menores (<1GHz ou
λ>30cm), as moléculas reagem à mudança do campo magnético, porém de forma tão
lenta que efetivamente nenhum calor é gerado, também.
A água pura é quase totalmente transparente a tais radiações de baixa
freqüência, e o máximo de absorção varia para freqüências superiores em
temperaturas superiores quando as ligações mais fracas de hidrogênio permitem uma
resposta a mudanças no campo. O forno de microondas usa normalmente radiação
em 2,45 GHz (λ~12,24cm).
38
Estudos dielétricos mostraram um efeito oposto com absorção em torno de
-1
200 cm (λ = 50 µm) e incrementado com aumento em torno de 30°C na temperatura,
antes reduzida com aumento de temperatura devido à quebra das pontes de
hidrogênio. Esta disparidade deve-se ao processo de relaxação adicional detectado
por estes estudos em adição às distensões das pontes de hidrogênio e detectado por
espectroscopia infravermelha.
1.5 Instrumentos utilizados em espectroscopia
Apresentaremos a teoria de funcionamento de forma geral dos instrumentos
utilizados em espectroscopia, com a intenção de proporcionar uma visualização básica
dos Espectrofotômetros e Espectrofluorímetros.
1.5.1 Espectrofotômetros
Em geral são instrumentos compostos por um conjunto de componentes do
seguinte tipo11:
1. Uma fonte de energia radiante contínua;
2. Uma fenda de entrada que transmite um feixe mais estreito da radiação para o
prisma ou rede;
3. Um prisma ou rede que dispersa esta radiação, de modo a produzir um
espectro contínuo;
4. Um dispositivo que faz girar o prisma ou rede, de modo a variar o comprimento
de onda, em relação ao feixe emergente;
5. Uma fenda de saída, que transmite uma banda estreita de radiação, incluindo o
comprimento de onda desejado e os adjacentes;
6. Uma cubeta para amostra;
7. Um detector, que produz uma corrente elétrica proporcional à intensidade do
feixe transmitido pela amostra;
8. Um amplificador eletrônico;
9. Um dispositivo para medir a foto-corrente amplificada.
Destes itens, os de números 2,3,4 e 5 formam o Monocromador, e nosso
interesse reside nos espectrofotômetros de absorção operando nas regiões espectrais
ultravioleta (UV) (200< λ< 380-400 nm), visível (Vis) (380-400 nm <λ< 700-800 nm) e
infravermelho próximo (do inglês, near infrared - NIR) (800 nm <λ< 3300 nm).
39
1.5.1.1 Fonte de energia radiante11, 12
Para esta radiação eletromagnética, o feixe é proveniente de uma fonte
emissora (lâmpada). Nos espectrofotômetros de absorção estas fontes são lâmpadas
que emitem feixes na região do espectro denominada óptica. Por isto dão lugar à
chamada espectroscopia óptica. Se a fonte emitir na região do visível, a radiação é
conhecida como luz.
A fonte de radiação (comumente chamada de lâmpada) ideal para um
espectrofotômetro é aquela que apresenta uma intensidade aproximadamente
constante em toda faixa de comprimento de onda de operação, com pouco ruído e
longo período de estabilidade. Em função do fato que um único tipo de lâmpada não
satisfaz todas estas condições, os espectrofotômetros para absorção têm,
normalmente, dois tipos de fontes. As fontes que são comumente usadas nos
espectrofotômetros que operam na região espectral do UV-Vis são: as lâmpadas de
deutério (tempo de vida: 1.000 h), para excitação na região do ultravioleta (λ< 350 nm)
e de tungstênio ou tungstênio-halogênio (λ>350 nm; tempo de vida 10.000 h) para
excitação na região do visível e infravermelho próximo.
13
13
Figura 1.5.2
Figura 1.5.1
1.
Figura 1.5.1 - emissão espectral das
lâmpadas de Deutério, com resposta
melhor = UV (<350nm);
1.
Figura 1.5.2 - emissão espectral das
lâmpadas de Tungstênio-Halogênio ou
Tungstênio, com resposta melhor
=
Vis/NIR (>350nm);
2.
Figura 1.5.3 - emissão espectral das
lâmpadas de Mercúrio, com faixas
espectrais bem definidas e ideal para
12
Figura 1.5.3
calibração.
Normalmente a região espectral em que se pode medir os espectros é a região
chamada UV-Vis (200 nm <λ< 800 nm), mas alguns instrumentos operam na região
40
que atinge o infravermelho próximo, e neste caso é utilizada a denominação UV-VisNir (175 nm <λ< 3300 nm). As emissões espectrais características das lâmpadas de
deutério e de tungstênio-halogênio são mostradas nas figuras 1.5.1 e 1.5.2,
respectivamente, e apresentam uma emissão intensa e contínua na região do UV
(deutério) e Vis, continuando no NIR (tungstênio-halogênio), com intensidades
dependendo da faixa espectral. Normalmente pode-se efetuar a troca de uma lâmpada
por outra durante a varredura do espectro de modo completamente automático,
através de um programa específico, de modo que o operador muitas vezes não
percebe o fato.
Outra lâmpada, menos comum, mas também utilizada como acessório em
espectrofotômetros, é a lâmpada de mercúrio (figura 1.5.3). Sua principal utilidade é a
de permitir a calibração da escala dos comprimentos de onda do instrumento, devido à
sua emissão em raias espectrais, em comprimentos de onda bem definidos e
conhecidos.
Existem, portanto, instrumentos que operam na região do UV-Vis (180-800 nm)
e outros que operam na região do UV-Vis-Nir (180-3000 nm) e, dependendo do tipo de
espectro que se deseja obter, deve-se selecionar o instrumento mais adequado. É
lógico supor-se que instrumentos que operem em uma faixa mais ampla de
comprimentos de onda devem apresentar um custo de aquisição e de manutenção
também maior.
1.5.1.2 Monocromadores11
Um monocromador é composto por um conjunto de fendas e lentes, juntamente
com o elemento que dispersa a radiação, que pode ser um prisma ou uma rede de
difração. Consegue-se assim separar a radiação nos seus comprimentos de onda
componentes e isolar a gama desejada.
O monocromador será tanto melhor quanto menor for a banda de passagem (A
largura de banda típica para uma abertura de fenda de 1mm na região de 500nm é de
12nm). Uma fonte de luz branca (UV + VIS + IRP + IR) e um monocromador formam
uma fonte de luz cujo comprimento de onda é ajustável para estudos de excitação ou
absorção.
a - Prismas11:
Na figura 1.5.4, representa-se um monocromador de prisma em que a luz entra
por uma fenda, é colimada por uma lente, incidindo depois no prisma. Dá-se a refração
41
em ambas as faces do prisma e a radiação dispersada é focada para uma superfície
que contém a fenda de saída.
Figura 1.5.4 – Monocromador de prisma11
Ao girar o prisma, pode-se fazer incidir na fenda de saída a radiação de
comprimento de onda desejado. O índice de refração depende do comprimento de
onda, portanto, quando um feixe de radiação entra no interior dum prisma, os vários
raios monocromáticos refratam-se segundo ângulos diferentes, formando-se um
espectro, em que os raios de comprimento de onda mais baixo são mais desviados da
direção inicial. Para a radiação de uma dada freqüência temos, conforme se trate de
um dado meio material, ou do vácuo:
1
=
ν
λ
v
=
λvac
c
Nestas condições,
∆v =
c
∆λ
λvac
e para um dado valor de λvac e ∆λ , ∆v será maior para um λvac menor. Assim,
quando uma radiação com certo valor de comprimento de onda λvac (ou λar ) passa do
vácuo (ou ar) para o vidro, ocorre um valor maior ∆v para menores λvac . Deste
modo, como n =
sen i c
= , o índice de refração é maior e, portanto, para certo ângulo
sen θ v
de incidência temos o ângulo de refração menor e então o raio se aproxima mais da
normal sendo mais desviado para a base do prisma.
Também, o ângulo entre quaisquer dois raios de comprimento de onda
diferentes, determinado no feixe emergente, depende da dispersão da substância de
que é feito o prisma. O quartzo tem menor dispersão que o vidro na zona do Visível,
42
mas os prismas de quartzo são necessários para a zona do UV, pois o vidro é menos
transparente para esta zona do espectro.
b - Grades ou redes de difração11, 12:
No caso dos espectrofotômetros de absorção na região do UV-Vis-Nir,
diferentemente dos instrumentos que operam na região do infravermelho, os
instrumentos são sempre dispersivos, sendo que normalmente o elemento de
dispersão é uma grade de difração. A finalidade deste componente é a de difratar a luz
de modo que diferentes comprimentos de onda irão incidir sobre a amostra permitindo
que se determine sua absorbância em cada um destes comprimentos. Este conjunto
de dados resulta no que se chama espectro de absorção.
Uma grade de difração é um componente óptico que contém uma série de
ranhuras, que são justamente os elementos responsáveis pela difração. Dependendo
do número de ranhuras por milímetro, haverá uma maior ou menor resolução dos
espectros. Instrumentos com melhor resolução espectral terão grades de difração com
maior número de ranhuras por milímetro, e, conseqüentemente, este é um (mas não o
único) parâmetro a ser avaliado na seleção de um instrumento.
Em épocas passadas as ranhuras eram feitas mecanicamente e atualmente
estas são feitas através de processos denominados holográficos. Neste caso é feito
um depósito de uma camada muito fina de um material sobre um substrato de vidro ou
de quartzo, que é, posteriormente, corroído em certas regiões definidas por uma figura
de interferência gerando sobre este material um conjunto de vales e topos
denominados ranhuras. A qualidade de uma grade de difração é controlada pelo
número de ranhuras por unidade de área e pela precisão com que estas foram feitas.
Nos catálogos dos espectrofotômetros deverá estar indicado o tipo (holográfica ou
não) e o número de ranhuras da grade de difração do instrumento.
A forma com que a radiação eletromagnética sofre difração através de uma
grade está baseada na lei de difração de Bragg. Os vários entalhes, que são
iluminados coerentemente, podem ser considerados como pequenas fontes de
radiação, que difratam a luz incidente com uma largura de perto de um comprimento
de onda λ, em uma mudança de ângulo r sobre a direção da reflexão geométrica
(figura 1.5.5).
A luz total refletida consiste de uma superposição coerente dessas muitas
contribuições parciais. Somente na direção onde todas as ondas parciais, emitidas por
diferentes entalhes, estão em fase é que teremos uma interferência construtiva, e em
todas as outras direções as diferentes contribuições cancelam-se por interferência
destrutiva.
43
Figura 1.5.5 - Monocromador de rede
Portanto,
esta
interferência
só
é
construtiva,
14
ou
seja,
as
ondas
eletromagnéticas de dado comprimento de onda (λ) só conduzem a uma onda
resultante de amplitude máxima, quando a diferença de percurso ótico é igual a um
número inteiro de λ . Como a intensidade da radiação é proporcional ao quadrado da
amplitude, numa dada direção só se detecta radiação para valores de λ que
satisfaçam à condição:
d ( sen α ± sen β ) = mλ
e só há interferência construtiva quando,
d (sen α - sen β)=mλ
Deste modo, se a radiação dispersada é focada num plano, obtém-se um
espectro com uma série de imagens da fenda de saída. A equação anterior mostra
que, para uma dada direção β, nota-se a risca de interferência de primeira ordem (para
o λ de, por exemplo, 800nm), a risca de segunda ordem do comprimento de onda
(400nm), aparecendo também a de terceira ordem para o comprimento de onda
(267nm, para o exemplo em estudo). Geralmente as riscas de primeira ordem são as
mais intensas, sendo possível eliminar as outras por intermédio de filtros. O vidro, por
exemplo, que absorve radiação abaixo dos 350nm, elimina as riscas de interferência
de ordem superior a um, para a maior parte do visível.
A dispersão angular de uma rede pode ser obtido diferenciando a equação
anterior para dado valor de ângulo de incidência:
Assim a dispersão aumenta com a diminuição da distância d entre os sulcos da
rede. Numa gama pequena de λ, o cosβ não varia amplamente com λ, de modo que a
44
dispersão duma rede é aproximadamente linear, ao contrário do que acontece com os
prismas.
Na figura 1.5.6 temos o espectro de difração da radiação eletromagnética
produzido por um prisma e na figura 1.5.7, o mesmo espectro de difração produzido
por uma grade.
12
Figura 1.5.6 – Esquema e foto de um prisma
A natureza, caprichosamente, também pode produzir difração de luz. Um dos
exemplos disto é a existência do arco-íris.
Figura 1.5.7 – Esquema e foto de uma rede de difração12
Finalmente, na figura 4.4.8, temos o esquema de um monocromador utilizando
rede e a foto do Monocromador modelo DK 480, utilizado no Laboratório de Óptica.
figura 1.5.8 – Esquema geral de um monocromador e foto do modelo DK480.
45
1.5.1.3 Detectores15
O outro conjunto importante de elementos que compõe um espectrofotômetro é
o tipo de detector que emprega. Assumindo-se que se está tratando de sistemas que
empregam como elemento de difração da radiação uma grade, o tipo de detector irá
definir todo o conjunto de elementos ópticos adicionais.
Enquanto na eletrônica geral, o tubo de vácuo foi substituído pelos
semicondutores, nas aplicações especializadas tais como fotomultiplicadoras, ou
fotodiodos de vácuo, os tubos à vácuo ainda estão amplamente em uso e são
significativamente melhores do que os detectores à semicondutor em muitas
circunstâncias, mais notadamente a detecção de radiação fraca ou de duração
temporal muito curta, com comprimentos de onda abaixo de cerca de 1µm (1000nm).
Assim o projetista de um sistema óptico é defrontado com uma faixa muito
ampla de tipos de detectores: tubos de vácuo, semicondutores e térmicos. A escolha
de um detector será em função dos seguintes fatores:
•
Região espectral a ser detectada;
•
Intensidade da radiação a ser medida;
•
Resposta temporal para eventos de velocidade muito alta;
•
Condições ambientais de operação;
•
Custo.
A escolha do detector entretanto não deve ser feita isoladamente, os outros
componentes
do
sistema
óptico
podem
influenciá-lo
e
vice-versa.
Isto
é
particularmente importante se radiação a ser detectada for muito fraca. Em tal
situação, deve se atuar no sentido de maximizar o sinal luminoso que realmente irá
atingir o detector. Isto envolverá um cuidadoso critério de escolha dos componentes
ópticos a serem colocados entre a fonte e o detector. Se a luz da fonte deve passar
através de um elemento dispersor, como um monocromador, antes de atingir o
detector, então, a escolha do monocromador e o detector estão relacionadas. Em uma
dada situação experimental as várias exigências de resolução, saída de luz, varredura
e sensibilidade do detector devem ser confrontadas umas com as outras, de modo a
se chegar a uma relação de compromisso.
Os detectores podem ser classificados como detectores de fótons ou detectores
térmicos.
Nos detectores de fótons, os fótons individuais incidentes interagem com os
elétrons dentro do material do detector. Isto leva a detectores baseados na fotoemissão, onde a absorção de um fóton liberta um elétron do material; Foto-
46
condutividade, onde a absorção de fótons aumenta o número de portadores de carga
do material ou muda a sua mobilidade; O efeito fotovoltaico, onde a absorção de um
fóton leva à geração de uma diferença de potencial através da junção dos materiais, o
efeito "photon-drag" onde os fótons absorvidos transferem o seu momento para os
portadores livres em um semicondutor altamente dopado, e placa fotográfica.
Nos detectores térmicos, a absorção de fótons leva a uma mudança em
temperatura do material do detector, que pode ser manifestada como uma mudança
na resistência do material; O desenvolvimento de uma diferença de potencial através
da junção entre dois diferentes condutores, como no termopar, ou uma mudança do
momento de dipolo interno em um cristal ferroelétrico depende da temperatura, como
no detector piroelétrico. Com exceção do último, os detectores térmicos apresentam
tempos de resposta lentos quando comparados com os detectores de fótons.
Entretanto eles respondem uniformemente a todos os comprimentos de onda.
Duas grandes classes de espectrofotômetros estão disponíveis: os que utilizam
como sistema de detecção um tubo fotomultiplicador e os que utilizam arranjo de
diodos.
a - Tubo fotomultiplicador12:
Um tubo fotomultiplicador é formado por um tubo de vidro ou de quartzo sob
vácuo, no qual existe um conjunto de placas metálicas interligadas. Na figura 1.5.9,
mostra-se um esquema e uma fotografia do tubo fotomultiplicador HAMAMATSU R928, que é utilizado no espectrofotômetro Cary 2300 - Varian. Existem diversos
outros tipos e o mais adequado está normalmente especificado no catálogo do
fabricante do instrumento.
Quando a radiação incide sobre estas placas metálicas elas induzem uma
corrente elétrica, de acordo com o que é descrito pelo Efeito Fotoelétrico proposto por
Einstein. Os fotoelétrons são acelerados no vácuo do foto-catodo e lhes é dado atingir
uma série de superfícies emissoras de elétrons secundários, chamados dinodos,
mantidas
as
voltagens
progressivamente
mais
positivas,
uma
considerável
multiplicação de elétrons pode ser conseguida e uma corrente substancial pode ser
colhida no anodo. Esta foto-corrente é amplificada por um circuito eletrônico
adequado, de modo que um sinal muito baixo de corrente elétrica pode ser detectado
e registrado. .
Ganhos práticos de 109 (elétrons no anodo por fotoelétrons) podem ser
conseguidos destes dispositivos para pulsos de luz de curta duração temporal. Devido
ao seu alto ganho, uma Fotomultiplicadora pode gerar por exemplo com um pulso de
2ns, 109 fotoelétrons produzidos de um único fotoelétron, um pulso com tensão de 4v.
47
Este fato, acoplado com o seu baixo ruído, torna as Fotomultiplicadoras os únicos
detectores de um fóton eficientes disponíveis.
(a)
(b)
12
Figura 1.5.9 - Esquema (a) e fotografia (b) do tubo fotomultiplicador HAMAMATSU - R928
Um instrumento que se utiliza deste detector deve fazer com que comprimentos
de onda individuais o atinja, de modo que para cada um deles seja detectado um sinal
de corrente, que será transformado, segundo certa escala, em um sinal de
absorbância.
b - Arranjo de Diodos12:
O segundo tipo de detector comum muito usado em espectrofotômetros é o
denominado arranjo de diodos (ou detectores do tipo fotodiodo). Na figura 1.5.10
mostra-se um esquema e fotografia deste arranjo com 1024 elementos de detectores
de diodo.
12
Figura 1.5.10 – Esquema de um arranjo de diodo e foto do componente .
De modo simplificado, um arranjo de diodos consiste em uma série de
detectores fotodiodos posicionados lado a lado em um cristal de silício, de modo que
cada comprimento de onda difratado pela grade atinge um ponto deste arranjo, e
conseqüentemente um detector. Ele é basicamente uma junção p-n que pode emitir
luz sob ação de uma corrente elétrica, porém, o processo inverso também é possível,
48
ou seja, a luz pode gerar uma corrente elétrica em uma junção p-n. Os fotodiodos são
úteis como sensores de radiação visível e infravermelha. A resposta espectral
(sensibilidade a diferentes comprimentos de onda) de um fotodiodo de silício atinge o
máximo em torno 900 nm, no infravermelho. Alguns fotodiodos têm coberturas que
filtram a luz visível ou a radiação infravermelha. A figura 1.5.11 dá idéia da seção
transversal de um fotodiodo comum de silício, que é um diodo de junção com
características construtivas para direcionar a incidência de luz na camada p. Esta, por
sua vez, é bastante delgada e sua espessura tem relação com o comprimento de onda
da luz a detectar.
16
Figura 1.5.11 - Seção transversal de um fotodiodo comum de silício
Supondo16 que um fluxo de fótons (cm -2.s-1) com energia hν> Eg, que é a
energia de gap do material, incida sobre o dispositivo e propicie a excitação de pares
elétron–buraco em ambos os lados da junção. Os portadores minoritários fotoestimulados a certa distância da junção podem, por difusão, atingir a zona de depleção
antes de se re-combinarem, sendo acelerados pelo campo elétrico para o outro lado
onde se tornam majoritários e geram uma corrente, chamada de foto-corrente. Pode
operar no modo fotovoltaico, isto é, sem qualquer polarização. Deste modo temos uma
tensão gerada muito baixa, porém um tempo de resposta alto. Ou no modo
fotocondutivo, onde é polarizado por um potencial de uma fonte externa. Assim
conseguimos uma tensão de saída maior, porém perdemos velocidade no tempo de
resposta.
Este tipo de instrumento é bastante simplificado na sua óptica, se comparado
aos instrumentos com fotomultiplicadoras como detectores, e os espectros são obtidos
mais rapidamente, mas é um instrumento com menor sensibilidade. Um outro fator
importante é que os detectores de arranjo de diodos também têm sensibilidades
diferentes aos diversos comprimentos de onda, de modo que é necessário que se
especifique em que região do espectro se vai trabalhar ao se propor a aquisição de um
instrumento.
Em síntese, um monocromador e um detector podem ser usados para o
estudo de fontes de luz, luminescência, espalhamento, absorção, transmitância etc.
49
Na figura 1.5.12 temos um esquema de montagem para o espectrofotômetro com os
dois tipos de detectores.
Figura 1.5.12 - Espectrofotômetros com Arranjo de diodo e com Fotomultiplicador
1.5.2 Espectrofluorímetros11,17
Muitos sistemas podem ser excitados pela radiação eletromagnética e reemitir
ao mesmo tempo, ou a outro comprimento de onda. Estes sistemas denominam-se
fotoluminescentes, dentro dos quais poderão distinguir o fluorescentes e os
fosforescentes. Estes
dois tipos de mecanismos são produzidos por processos
diferentes. Na fluorescência a emissão cessa logo após a interrupção da incidência de
radiação, e ao contrário da fosforescência em que ela perdura durante um curto
intervalo de tempo, depois da interrupção da incidência de radiação.
Os espectrofluorímetros são tipos diferentes de espectrofotômetros que têm a
finalidade de determinar os chamados espectros eletrônicos de emissão, neste caso,
na região espectral do ultravioleta ao infravermelho próximo. Existem duas categorias
de espectrofluorímetros: os que operam em condições fotoestacionárias, nas quais as
espécies são excitadas de modo contínuo e os espectrofluorímetros pulsados, nos
quais as espécies são excitadas por pulsos de radiação.
Nos espectrofluorímetros fotoestacionárias se obtêm os espectros eletrônicos de
emissão e de excitação e nos pulsados, os tempos de decaimento do estado
eletrônico excitado e os espectros resolvidos no tempo.
Para se obter o espectro de emissão, escolhe-se como comprimento de onda
para a excitação aquele coincidente com o máximo de absorção na banda de emissão
de menor energia. Esta energia irá excitar a espécie a certo estado eletrônico
50
excitado, e após a espécie vai dissipar parte desta energia até atingir o primeiro
estado eletrônico excitado e a seguir a amostra poderá emitir em uma faixa de
comprimentos de onda. O espectro de emissão é em um registro das intensidades de
emissão nos diversos comprimentos de onda da banda de emissão, em um
comprimento de onda fixo de excitação.
Figura 1.5.13 - Espectros eletrônicos de absorção (vermelho), excitação (preto) e fluorescência (azul) com
comprimento de onda de excitação 350 nm e comprimento de onda de emissão = 410 nm17.
Para o espectro de excitação utiliza-se a variação da intensidade de emissão
em um comprimento de onda fixo, quando se varia o comprimento de onda de
excitação, em toda a faixa do espectro de absorção da espécie. Variar o comprimento
de onda de excitação implica em excitar a espécie em comprimentos de onda em que
sua absorbância tenha valores diferentes. Porém, a molécula somente irá emitir, se
puder absorver a radiação incidente, o que permitirá que a mesma seja excitada a
algum de seus estados eletrônicos excitados. Além disto, irá emitir sinais mais
intensos se o comprimento de onda de excitação corresponder a uma transição com
alta probabilidade de ocorrência e, portanto, correspondentes a uma banda de
absorção intensa.
Sendo assim, um espectro de excitação deve ser muito similar a um espectro
de absorção, isto é, um espectro em que a intensidade de emissão seja proporcional à
intensidade de absorção, atingindo o valor zero quando o comprimento de onda de
excitação corresponder à absorbância zero e um valor máximo correspondente ao
comprimento de onda de absorbância máxima (figura 1.5.13).
1.5.2.1 Espectrofluorímetros estacionários18
Um espectrofluorímetro é composto geralmente por:
51
•
2 monocromadores, um de excitação e um de emissão;
•
1 sistema de excitação (que normalmente é uma lâmpada de mercúrio ou de
xenônio);
•
1 sistema de detecção (que normalmente é um tubo fotomultiplicador).
Os funcionamentos do monocromador e do tubo fotomultiplicadores são os
mesmos para os espectrofotômetros. Neste caso os comprimentos de onda para a
excitação da amostra são selecionados pelo monocromador de excitação, e a radiação
emitida é analisada pelo monocromador de emissão, sendo a intensidade da radiação
emitida determinada pelo tubo fotomultiplicador.
a - Fontes de radiação11
Como os princípios de funcionamento também são semelhantes aos citados
anteriormente, vamos citar somente as diferenças das especificações.
Os espectrofluorímetros podem ter fontes de radiação diferentes, mais
sofisticadas como do tipo laser, ou, mais comuns quando a fonte é uma lâmpada de
emissão contínua como de xenônio ou mercúrio, pois se necessita geralmente de uma
fonte mais intensa que as lâmpadas de tungstênio ou Deutério, usadas em absorção.
A lâmpada de xenônio emite praticamente em toda a região do espectro visível
e ultravioleta (250 nm< λ < 800 nm) tendo um máximo em cerca de 470nm e a
lâmpada de mercúrio emite espectro de riscas intenso (bandas com largura a meia
altura bastante fina), bem definidas em cerca de 365, 398, 436, 546, 579 690 e 734nm
(figura 1.5.14). Portanto a lâmpada de xenônio oferece um maior número de
comprimentos de onda possíveis para a excitação da amostra, enquanto que a
lâmpada de mercúrio oferece maior intensidade nos comprimentos de onda em que
emite, e a seleção é feita de acordo com a necessidade.
(a)
(b)
18
Figura 1.5.14
(c)
a) Espectro de emissão de uma lâmpada de Xenônio;
b) Espectro de emissão de uma lâmpada de Mercúrio;
c) Detalhe das regiões ultravioleta e visível de uma lâmpada de Xenônio.
52
Uma das vantagens de se trabalhar com a lâmpada de mercúrio é que a
intensidade de emissão na região do ultravioleta é maior e, portanto, se a emissão da
amostra se concentra nesta região do espectro, sua utilização é muitas vezes
necessária.
Figura 1.5.15 - Lâmpada de mercúrio de arco curto e pressão alta, de 150 W de potência.
Normalmente estas lâmpadas são denominadas lâmpadas de alta pressão e
arco curto, dispondo de dois eletrodos aos quais são aplicadas tensões produzindo
uma descarga elétrica entre os mesmos. Esta descarga ioniza o gás, que passa a
emitir radiação eletromagnética. A tensão aplicada entre estes eletrodos depende do
tipo de gás (xenônio, mercúrio, etc) e da potência da lâmpada. A figura 1.5.15 mostra
uma fotografia de uma lâmpada de mercúrio utilizada em alguns espectrofluorímetros.
b - Esquema óptico do espectrofluorímetro fotoestacionário18
Um esquema típico está mostrado na figura 1.5.16. Podemos observar a
presença dos dois monocromadores, o de excitação e o de emissão. A emissão da
lâmpada é focalizada na entrada do monocromador de excitação que possui uma
grade de difração que é posicionada de modo a incidir o comprimento de onda
selecionado sobre a fenda do monocromador de emissão. Este monocromador de
excitação tem, portanto, a finalidade de permitir a seleção do comprimento de onda
que será utilizado para a excitação da amostra, isto é, aquele que corresponda ao
máximo de absorção da transição de menor energia da espécie em estudo, excitandoa em um estado eletrônico de alta energia. A amostra irá emitir de acordo com os seus
processos fotofísicos característicos.
Um detalhe importante dos espectrofluorímetros, quando comparados aos
espectrofotômetros de absorção, é esta fotomultiplicadora adicional denominada de
referência. Nos espectrofotômetros de absorção de duplo feixe, o sinal da amostra e o
da referência são medidos na mesma fotomultiplicadora e analisados por um circuito
eletrônico, de modo que qualquer oscilação de intensidade da lâmpada seja
automaticamente compensada.
No caso do espectrofluorímetro, uma flutuação de sinal da fonte de excitação
também deve levar a uma flutuação no sinal da emissão, mas como o que se está
53
medindo são sinais de origens diferentes, os mesmos são medidos por
fotomultiplicadoras diferentes. Então, se houver qualquer oscilação de sinal, a
fotomultiplicadora de referência envia ao circuito eletrônico de detecção esta
informação e este circuito compensa eletronicamente esta diferença de sinal. A
fotomultiplicadora que mede o sinal de emissão está colocada na saída do
correspondente monocromador. Da mesma forma que o monocromador de excitação,
o de emissão também dispõe de uma grade para selecionar cada comprimento de
onda do espectro de emissão, que terá sua intensidade determinada pela
fotomultiplicadora de emissão.
18
Figura 1.5.16 - Esquema óptico de um espectrofluorímetro modelo SLM-500 Aminco
A radiação emitida é focalizada na entrada do monocromador de emissão, em
um ângulo de 90° em relação à radiação incidente e diferente da geometria daquela de
um espectrofotômetro de absorção, no qual a luz emergente da amostra é levada ao
detector em um ângulo de 180°. Deve-se ao fato de que a intensidade de emissão é
muito menor do que a intensidade da radiação de excitação, e conseqüentemente o
sinal de emissão, se analisado na mesma direção da excitação, ficaria mascarado. E
esta necessidade de se medir a emissão no ângulo de 90° em relação ao feixe de
excitação exige que as cubetas para espectroscopia de fluorescência tenham todas as
suas quatro faces polidas, e não apenas duas faces paralelas, como aquelas
comumente utilizadas em espectroscopia eletrônica de absorção.
1.6 Artigos utilizados como orientação
Para atingir os objetivos propostos é necessário ter acesso a espectros de
poluentes estudados e que contribuíram como fonte norteadora. Quarenta e dois
54
artigos das mais diferentes revistas científicas foram lidos com o objetivo de encontrar
os espectros característicos de poluentes. São diversas as técnicas espectroscópicas
e aparelhos utilizados, porém selecionamos aqueles que melhor se adequam a nossa
realidade e limitações laboratoriais. Por questões convenientes, os artigos não estão
na íntegra, mas somente com os aspectos de maior interesse e suas figuras e tabelas
mostradas não estão catalogadas no índice deste trabalho.
1.6.1 Artigo I19 (comentário)
Sonda laser no local para detecção de produtos petrolíferos na água e solo
WOLFGANG SCHADE * AND JENS BUBLITZ
Institut fur Experimental physik, Universitãt Kiel,
Olshausenstrasse 40-60, 24098 Kiel, Germany
Utiliza a espectroscopia de Fluorescência Induzida a Laser (LIF)
com
excitação entre 240 e 360nm. O estudo é feito em PAHs (Hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos) e (Hidrocarbonetos monocíclicos aromáticos) (BTXE) e busca um método
para detecção de contaminações de óleo ou combustível em água coletada em, por
exemplo, um posto de combustível.
Figuras para análise do traço de contaminação de óleo com espectroscopia LIF
de tempo integrado
1.6.2 Artigo II20 (comentário)
Extração a laser excitado em espectrometria resolvida no tempo Shpol’skii:
Um método fácil para detecção direta de 15 poluentes prioritários em amostras
de água.
55
A D A M J. B Y S T O L, J E N N I F E R L . W H I T C O M B, A N D A N D R E S D. C
AMPIGLIA*
Department of Chemistry, North Dakota State University, Fargo, North Dakota 58105
Proposto
para
monitorar
PAH
(hidrocarbonetos
policíclicos
aromáticos).
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (PAHs) que compreendem uma classe de
componentes benzênicos multi-anéis condensados, originados de uma variedade de
fontes naturais e antropogênicas. São “Pyrolysis” ( = ruptura de estrutura através do
calor ) de substâncias orgânicas associadas ao carvão cozido, quebra catalítica de
petróleo, cozimento de alimentos, fumo de cigarro, vazamento de combustível, queima
do diesel, e outros processos que contribuem para a sobrecarga de PAH no
sedimento, solo, água e ar.
São altamente tóxicos e as Agências de Proteção Ambiental (EPA) recomendam o
monitoramento de 16 nos abastecimentos de água pública, desde que uma das fontes
potenciais de contaminação é a ingestão e contato com água potável.
Após eluição dos PAHs em solventes orgânicos, é feita a espectrofluorometria.
Tabela e figura dos Espectros de fluorescência e de excitação 77 K.
Excitação e fluorescência de 16 EPA-PAHs em n-hexano.
56
1.6.3 Artigo III21 (comentário)
Cu(I) hexanuclear luminescente - grupo para determinação seletiva do cobre
MARIO ŠANDOR, FLORIAN GEISTMANN, MICHAEL SCHUSTER*
Anorganisch-chemisches Institut der Technischen Universität München, Lichtenbergstr.
4, D-85747 Garching, Germany
Mostra os espectros de absorção de metais pesados presentes em soluções
aquosas, através da formação de um grupo hexanuclear luminescente. Utilizou-se a
ligação do EMT (N-ethyl-N’-methylsulfonylthiourea) inicialmente com o Cu(II), mas
também com outros metais pesados.
Espectros de luminescência do grupo hexanuclear [Cu(EMT)]6 na água
Tabela dos exames no UV-visível
57
Capítulo II
Materiais e métodos
2.1 Introdução
Boa parte dos conceitos teóricos a respeito já foi descrita no capítulo 1,
portanto, ficaremos mais concentrados em evidenciar a montagem e metodologia
utilizada no Espectrofotômetro.
A Espectroscopia de Transmissão óptica foi a técnica utilizada neste estudo
para identificar os picos de absorção e ou emissão característicos de substâncias
depositadas na água. A teoria de interação destas moléculas com a luz já foi citada
anteriormente, e o que pretendemos aqui é detalhar o aparato e a rotina
experimentais.
2.2 Transmitância
Para a medida da Transmitância, é feita a aquisição dos valores das
intensidades de luz transmitidas varrendo-se toda faixa de comprimentos de onda de
interesse. Inicialmente com a cubeta sem a amostra e depois com a amostra, de tal
forma que todos os procedimentos de montagem e ajuste obedecem as mesmas
condições em ambos.
As medidas visam obter a resposta do detector à quantidade de luz transmitida
após a cubeta e que o atingem. Para minimizar os efeitos indesejáveis como
intensidade de reflexão e espalhamento, as medidas são feitas utilizando a cubeta
vazia (referência), cuja resposta do detector é tomada como I0 , enquanto que as
respostas às medidas utilizando a cubeta com amostra são tomadas como I. A razão
entre I e I0 é a transmitância (eq.1.3.6 ):
T=
I
,
I0
Os valores do detector são transformados em uma tabela pelo programa de
aquisição de dados Lambda Specord, com os valores da abscissa correspondendo
aos números de onda da varredura e os valores da ordenada correspondendo aos
valores das intensidades de transmissão respectivas. De posse da tabelas podemos
plotar
os
gráficos
utilizando
o
software
Origin.,
que
permitem
analisar
comparativamente a outros da literatura ou mesmo entre eles.
58
Para as medidas de transmitância das amostras de água na região do
infravermelho próximo (NIR = Near infrared) compreendida entre 800 nm a 2,5 µm ou
em numero de onda correspondendo de 12500 cm-1 a 4000 cm-1 utilizamos o conjunto
ótico do espectrofotômetro SPECORD 61 NIR, além de outros equipamentos
auxiliares: motor de passo, modulador de sinal (Chopper), amplificador síncrono de
sinal (Lock-in), conversor analógico digital e um software para aquisição dos dados e
que detalharemos a seguir.
2.3 Specord 61 NIR
Este equipamento não tem todo o funcionamento original em condições de
produzir resultados, pois algumas partes, principalmente eletrônicas estão danificadas
ou obsoletas. Porém toda sua parte óptica está em perfeito estado de conservação e
foi utilizada. Opera na região NIR entre 13500 a 3000 cm-1 ( ≅740 nm a ≅3,33 µm ),
mas utilizamos somente na faixa entre 3000 e 8000 cm-1 ( ≅3,33 µm a ≅1250 nm ). Sua
fonte de radiação é uma lâmpada de filamento de Tungstênio que possui um espectro
de emissão largo variando da região visível (VIS) até o NIR (240 nm a 2700 nm), cujo
espetro de emissão podemos ver na figura 2.1.1.
Figura 2.1.1 - emissão espectral das lâmpadas de Tungstênio-Halogênio ou Tungstênio, com resposta
melhor = Vis/NIR (>350nm);
Possui duas fendas para colimação do feixe, uma de entrada e outra de saída,
um conjunto de espelhos planos e côncavos de modo a direcionar o feixe, uma grade
de difração com 350 ranhuras por milímetro, conjunto giratório composto de cinco
filtros passa faixa (band pass) e um detector foto-diodo.
59
Figura 2.1.2 - Desenho esquemático do conjunto ótico original do SPECORD 61 NIR.
Na figura 2.1.2 temos o desenho esquemático do conjunto ótico do SPECORD
61 NIR utilizado. O feixe de luz emitido pela fonte é direcionado pelo primeiro espelho
e passa pela fenda de entrada, que foi totalmente aberta para que o sinal recebido
pelo detector seja mais forte, pois a água tem grande absorção de energia nesta faixa
de estudo como veremos posteriormente. Depois de passar pela fenda, o feixe é
direcionado por outro espelho e atinge a grade de difração que o decompõe em vários
comprimentos de onda (ou freqüências), de tal forma que um feixe monocromado é
direcionado pelo terceiro espelho, passa pela fenda de saída com abertura fixamente
ajustada e que colima o feixe a fim de diminuir os ruídos produzidos pelas freqüências
adjacentes.
Figura 2.1.3 – Desenho esquemático do conjunto ótico do SPECORD 61 NIR e adaptado para
este trabalho.
60
Ele atinge o conjunto giratório de filtros infravermelhos “band pass” que
possibilita a seleção do filtro adequado para a faixa de freqüência utilizada. O objetivo
do filtro é impedir a sobreposição e interferência de feixes com freqüências próximas.
Cada filtro permite uma melhor transmissão do feixe em uma faixa específica
de comprimento de onda (tabela 2.1.1) e são selecionados automaticamente pelo
SPECORD para a faixa de estudo. As faixas para utilização são:
FILTRO
NÚMERO DE ONDA (cm-1)
COMPRIMENTO DE ONDA (nm)
305
304
306
302
301
3000 a 4000
4000 a 6000
6000 a 8000
8600 a 10800
10800 a 13500
≅ 3333 a 2500
≅ 2500 a 1666
≅ 1666 a 1250
≅ 1163 a 926
≅ 926 a 740
Tabela 2.1.1 – Relação dos filtros do SPECORD 61NIR e suas faixas de otimização.
Os filtros 304, 305 e 306 são denominados de primeira ordem e os 301 e 302
de segunda ordem, sendo que nosso trabalho concentrou-se na faixa de primeira
ordem.
As faixas de melhor transmitância por filtro podem ser compreendidas através
do espectro realizado pela equipe do laboratório no INMETRO-RJ e visualizado no
gráfico da figura 2.1.4.
Figura 2.1.4 - Espectros de Transmitância dos filtros do SPECORD 61 NIR.
61
Depois de passar pelo filtro específico, o feixe é direcionado para atingir o
obturador que o divide em dois feixes, um passa pela amostra e outro pela referência
e então atingem o detector.
Como o obturador do equipamento não pôde ser utilizado (figura 2.1.3), o feixe
não sofre divisão e percorre somente um caminho até o detector. Foi instalado um
“chopper” após a cubeta que modula o sinal e as medidas são feitas trocando-se as
cubetas, ora com amostra e ora com a referência. É importante ressaltar que mesmo
adaptando-se o equipamento com um chopper adicional, não podemos alterar a
posição da cubeta, pois as lentes convergem o feixe para um ponto em que há um
máximo de concentração da luz.
2.4 Motor de passo
Um dos dispositivos mecânicos do SPECORD 61 NIR com problema de
funcionamento foi o motor de passo que controlava a variação angular da rede de
difração, a qual tem acoplado um disco graduado de indicação do número de onda a
ser monocromado pela rede no momento. Então, as equipes de trabalho do laboratório
substituíram o motor de passo original por outro externo utilizando o mesmo sistema
de engrenagens original. O motor utilizado é do mesmo tipo de impressoras, plotters,
scanners, etc. Este motor possui uma precisão importante e necessária para que a
grade varie de forma confiável, tem alimentação de uma fonte externa estabilizada e o
controle de quanto e quando deve girar a grade de difração é feito por um software
específico (Lambda Specord), através da porta paralela de seu Drive (dispositivo
eletrônico que faz a interface entre o programa e o motor), também desenvolvidos
pelas equipes do laboratório.
2.5 Chopper
O objetivo principal no uso do “chopper” (ou hélice) é de proporcionar a
modulação do sinal para o detector. Isto é necessário por que ao ser iluminado
continuamente pela radiação eletromagnética, o detector emite uma corrente contínua
(CC) e proporcional à intensidade da luz incidente. Na verdade a emissão da radiação
não é contínua, mas em pacotes de energia com intervalos de tempo menores 10-14
segundos e bem menores que os tempos característicos das transições eletrônicas em
um semicondutor (10-9 a 10-8 s) para a emissão em resposta ao estímulo.
62
O detector pode gerar um sinal CC bastante baixo, que necessita de
amplificação de alto ganho para processá-lo, portanto, qualquer outra radiação que
não seja de interesse (chamada de ruído externo) poderá também ser amplificada e
vai alterar o resultado. Além disso, os amplificadores CC têm instabilidade devido a
variações de temperatura, principalmente em ganhos alto.
Desta forma, se a radiação de interesse atingir o detector alternadamente em
intervalos de tempo superiores a 10-9 s, o sinal elétrico emitido pelo detector será CA e
sua amplificação também. Os amplificadores de CA são estáveis e não respondem a
sinais CC, evitando-se a amplificação de sinais emitidos das fontes indesejadas.
Para que a radiação de interesse seja modulada, a incidência do feixe no
detector é alternadamente interrompida/permitida por uma hélice giratória. Estas
hélices giratórias são chamadas de Choppers e ficam dispostas na trajetória do feixe,
antes de atingir o detector, e permitem modulação na faixa de freqüência de áudio (de
alguns Hz até vários kHz).
O Chopper utilizado neste trabalho é o de 10 paletas mostrado na figura 2.1.5,
mas também são encontrados no mercado com outros números de paletas, por
exemplo, 2, 5, 10 ou 30 (figura 2.1.6).
Figura 2.1.5 - Foto do chopper utilizado
Figura 2.1.6 - Alguns exemplos de chopper
com o número de paletas diferentes
2.6 Lock-in
O sinal elétrico que sai do detector está modulado pelo Chopper, mas é de
valor bastante pequeno para os casos estudados de transmitância da água e precisa
ser amplificado de forma adequada a fim de produzir tabelas de valores e gráficos que
tenham a transparência mínima para que possamos fazer análises e conclusões.
63
Portanto, fizemos uso de um amplificador síncrono de corrente alternada
conhecido como Lock-in modelo SR530 da Stanford Research Systems.
Seu funcionamento detalhado foge do foco principal deste estudo, porém não é
complicado e vamos dar uma explicação de forma superficial:
•
Após atingir a amostra a luz chega ao detector de forma modulada pelo
chopper que está posicionado dentro do compartimento de amostras,
conforme a figura 2.1.7 abaixo;
Figura 2.1.7 – Diagrama simplificado do processo de preparação para amplificação pelo Lock-in.
•
O chopper também gera um sinal referencial para o amplificador Lockin, de tal forma que os dois devem estar sincronizados. Esta sincronia é
feita por um ajuste eletrônico no Lock-in (figura 2.1.8);
Figura 2.1.8 – Diagrama da entrada do sinal do detector sincronizado com a referência gerada pelo
chopper.
•
O sinal de estudo somado aos diversos ruídos que entram no
amplificador passa por pré-amplificadores e filtros seletores que fazem
a separação entre o sinal da amostra e os ruídos.
•
Um sinal contínuo (CC) puro e proporcional ao de entrada é fornecido
na saída, de tal forma que, um sinal livre de ruídos e previamente
amplificado é fornecido de forma analógica na saída para um conversor
analógico/digital;
64
Esta forma de processamento do sinal, aliada à extensa faixa dinâmica do
equipamento e recursos refinados, permite a detecção de sinais fracos, mesmo
quando imersos em ruído com intensidade de centenas ou até milhares de vezes
maior.
Na figura 2.1.9, temos a foto do Lock–in SR530 da Stanford Research
Systems, utilizado no laboratório.
Figura 2.1.9 – Foto do Lock–in SR530 da Stanford Research Systems.
2.7 Conversor Analógico Digital (CAD)
Também desenvolvido por equipes do laboratório tem como componente
principal um CI (circuito integrado) encontrado facilmente no mercado. Como foi dito
anteriormente, o sinal que sai do detector é pulsado e analógico sendo então
amplificado pelo Lock-in. Obviamente que o sinal amplificado é também analógico e
não pode ser reconhecido pelo computador. A função do CAD é transformar os pulsos
analógicos do Lock-in em digitais, de tal forma que o programa Lambda Specord
gerencia a aquisição dos dados com precisão.
De forma bem simples, a conversão funciona assim:
•
O detector apresenta uma tensão máxima de trabalho quando iluminado
com a radiação máxima, que é considerada a tensão de referência;
•
O programa Lambda Specord envia um sinal na forma serial 12 bits, de
tal forma que é gerada uma resposta por parte do CI baseada na
diferença de tensão entre a tensão emitida no momento e a de
referência e lida pelo software;
•
O software faz a conversão do numero digital (12 bits) enviado pelo CI
para o valor real da voltagem baseando-se na voltagem de referência,
como se estivéssemos medindo diretamente no detector com um
multímetro.
65
Este conversor utiliza uma voltagem de alimentação de 5,0V, que deve ser
precisamente mantida por uma fonte estabilizada e só converte voltagens DC
positivas.
2.8 Software para aquisição de dados
O Lambda Specord é um programa desenvolvido no laboratório sendo capaz
de se comunicar com o motor de passo e também com o Conversor Analógico Digital
através de uma porta paralela, a mesma utilizada para impressora (figura 2.1.10).
(a)
(c)
(b)
(d)
Figura 2.1.10 – Imagens do programa de aquisição de espectros: em (a) comando para mover o motor na
quantidade de passos e sentido desejados; (b) configuração do número de medidas e em qual banda; (c)
tela para início das medidas; (d) tela das medidas em curso e valores na tabela.
Ele gerencia toda a aquisição de dados do Espectrofotômetro possibilitando ao
usuário configurar como a aquisição será realizada e da seguinte forma:
•
No comando apresentado na figura 2.1.10 b o programa envia ao motor
de passo, através do “drive”, os passos configurados pelo usuário e recebe
o retorno do comando. Selecionamos a posição de início e a posição final
em que desejamos tirar o espectro, juntamente com a velocidade e a
66
precisão desejada. O valor de passo determina os múltiplos de número de
onda que deve girar o disco graduado. Por exemplo: set passo = 67 implica
termos medição de 25 em 25 cm-1, e se vamos medir do 3800 cm-1 ao 4800
cm-1 com múltiplos de 25, teremos 40 medidas. O número de médias é a
quantidade de médias que são feitas em cada parada do motor para
receber as medidas antes de colocá-la na tabela.
•
Recebe as informações digitais do conversor analógico digital,
colocando-as numa tabela correspondente ao Nr de onda, e possibilita
também criar gráficos dos arquivos;
Figura 2.1.11 – Diagrama mostrando a montagem experimental.
Na figura 2.1.11 podemos visualizar através de um diagrama de blocos toda a
montagem experimental para medidas de transmitância na faixa de números de onda
entre 3000 e 8000 cm-1.
Comentário: A atitude experimental da substituição do obturador original do equipamento por um
Chopper periférico, foi tomada porque o circuito eletrônico do SPECORD 61NIR está comprometido e não
tem condições confiáveis de gerenciar a divisão do feixe, modulação, amplificação de sinal e aquisição de
valores, que são feitos agora pelo Chopper, Lock-in, Conversor Analógico Digital e Software Lambda
Specord. Apesar de haver alguma perda de qualidade de sinal detectado decorrente desta inutilisação,
estas adaptações foram necessárias para que houvesse continuidade e confiabilidade neste e em outros
trabalhos.
67
2.9 Rotina
Para a obtenção dos dados é necessário manter uma rotina de preparo do
equipamento para que todas as medidas realizadas estejam à sombra das mesmas
calibrações. Por isso vamos descrever de forma geral estes processos, lembrando que
valores e ajustes de calibração mais detalhados serão descritos, sempre que
necessário, na apresentação dos resultados alcançados.
2.9.1
Preparação das amostras e calibração
Utilizamos cubeta com volume de 2ml (figura 2.1.12), e conforme foi descrito
em 2.1.2 e figura 2.1.3 o feixe de radiação percorre somente um caminho, portanto a
mesma cubeta está ora com amostra e ora como a referência, nestes casos, vazia.
Figura 2.1.12 – Cubeta de amostras
Apesar de termos o volume de 2ml da cubeta, o importante é possibilitar que as
amostras, de somente uma substância ou uma mistura (homogênea ou heterogênea),
estejam presentes na pequena área de secção reta por onde o feixe atravessa. Na
figura 2.1.12 descrevemos as dimensões aproximadas desta área de incidência do
feixe.
A calibração é feita sempre com a cubeta vazia, e consiste em sincronizar o
Chopper com o Lock-in a fim de colocá-los em fase, o que possibilitará a melhor
entrada de sinal e também certificar que a intensidade do sinal não seja negativa ou
nula, pois caso contrário, não será identificado pelo conversor analógico digital.
Vejamos os cuidados preliminares ao início das medidas:
68
Limpeza da cubeta com água e detergente;
Calibração do Lock-in com Chopper nos três valores mais extremos, 2 picos e
1 vale;
Ajustar a banda de interesse dentro da faixa do estudo, de 3000 a 8000 cm -1;
As medidas, depois de iniciadas, deverão manter o mesmo fundo de escala do
Lock-in (0,5;1; 2; 5; 10; 20; 50; 100; 200 ou 500 mV). Caso haja necessidade
de mudança no fundo de escala, as medidas deverão ser divididas em bandas
e unidas posteriormente na apresentação dos resultados;
2.9.2
Procedimentos para medidas
Após os passos preliminares, as medições são efetuadas via software (2.1.7) e
obedecendo à seguinte rotina:
Retorno do disco graduado (grade de difração) para o número de onda inicial,
através do comando ”mover motor" ;
A seqüência dos filtros feita automaticamente pelo SPECORD 61 NIR é: 305
(3000 - 4000 cm-1), 304 (4000 - 6000 cm-1) e 306 (6000 - 8000 cm-1);
Configuração da banda de medição, número de médias (sempre usamos 1000
médias) e passo que determinará quantas medidas serão realizadas. O ajuste
de passo padrão nas medidas é de múltiplos de 25 cm-1;
O software gerencia tudo e emite uma tabela de valores que são gravados;
Esta tabela de valores é inserida em um programa específico (denominado
ORIGIN) de confecção de gráficos, dando visibilidade aos resultados;
Apesar de usarmos diferentes fundos de escala, na apresentação dos
resultados, as medidas estão todas unificadas para 50mV;
Os valores e informações relevantes ou diferentes destas anteriores estão
relatados oportunamente nos resultados.
69
Capítulo III
Resultados e Discussão
3.1 Introdução
Todos os espectros apresentados nos resultados foram feitos no Laboratório de
Óptica do Departamento de Física da Universidade Federal de Juiz de Fora e alguns
dos espectros utilizados como referências nas discussões foram feitos das mesmas
amostras no Laboratório do Instituto de Metrologia do Rio de janeiro (INMETRO-RJ).
O fato de termos adaptado periféricos ao SPECORD 61 NIR, pois somente seu
conjunto ótico foi utilizado, transformou a obtenção do objetivo deste trabalho em um
enduro.
Na evolução dos trabalhos para atingirmos os resultados esperados, partimos
do princípio básico de obtermos, após os ajustes técnicos necessários, um primeiro
espectro da água de torneira com o propósito de compará-lo com o obtido pela equipe
do LSBU10 (2000) (figura 1.4.2) para a banda de estudo e então concluir que toda a
montagem instrumental estava apta a produzir espectros de interesse.
A partir daí, a evolução dos trabalhos prosseguiu com comparação dos
espectros de água de torneira e destilada, e da água destilada com a mistura desta
com alguns contaminantes.
Para os contaminantes de nosso interesse, baseados nos artigos em referência
ou relacionados a fatores antropogênicos, havia a necessidade de um equipamento
que atingisse a banda do Infravermelho Fundamental e Distante (tabela 1.2.2), mas
como nosso equipamento tem limitações de sensibilidade e banda de utilização, de
8000 cm-1 (1250 nm) a 3000 cm-1 (~3,33 µm), a apresentação dos resultados mostra
estas comparações de todos os contaminantes, desde os que não apresentaram
diferença com o espectro da água destilada bem como os que apresentaram.
Como os resultados foram obtidos pela transmitância das amostras temos a
maioria dos resultados apresentados desta forma, mas em alguns deles teremos a
transformação também para absorbância através da equação 1.3.14.
3.1.1
Sinopse de funções orgânicas22
Diante deste contexto, é necessário comentar brevemente sobre substâncias
estudadas e que apresentaram resultados.
70
Hidrocarbonetos:
Também chamados hidretos de carbono, são compostos formados apenas por
átomos de carbono e hidrogênio e sua principal fonte é o petróleo. Destacam-se os
hidrocarbonetos
policíclicos
aromáticos
(PAH)
e
monocíclicos
aromáticos
(hidrocarbonetos cíclicos com pelo menos um núcleo benzênico), presentes nas
amostras de gasolina, óleo mineral lubrificante e óleo diesel estudadas.
Álcoois: Denominação genérica dos compostos orgânicos resultantes da substituição
de um ou mais átomos de hidrogênio dos hidrocarbonetos por um ou mais oxidrilas.
Seu grupo funcional para um monoálcool (uma oxidrila) como o Álcool Etílico ou Etanol
apresenta-se da seguinte forma:
Glicóis: São álcoois diidroxilados (têm duas oxidrilas por molécula), também
conhecidos como diálcool ou diol, presentes neste trabalho na composição do fluído
para freio automotivo. Outra propriedade importante do fluído de freio é ser
higroscópico, ou seja, tem grande afinidade pelo vapor de água, sendo capaz de
retirá-lo de uma atmosfera ou eliminá-lo de uma mistura gasosa. Isto é evidenciado
quando misturamos o fluído com água e agitamos para produzir homogeneidade
havendo uma combinação rápida entre os dois e quando voltam à heterogeneidade o
nível de fluído é menor.
Cetonas: Compostos que se obtém pela oxidação parcial de álcoois secundários (OH
ligado ao carbono secundário), por exemplo, o álcool isopropílico, dando origem neste
caso a propanona ou acetona. São carbonílicos, ou seja, apresentam o grupo
.
Transformação do álcool isopropílico em acetona:
3.2 Resultados e Discussão
3.2.1 Água da torneira
71
3.2.1.1 Resultado
As figuras 3.2.1a e 3.2.1b mostram os espectros de intensidade de transmissão
em milivolts e Transmitância, respectivamente, na faixa NIR entre 3000 a 8000 cm-1
(λ ≈ 3333nm a 1250nm) de amostras de água da torneira, com os seguintes dados de
rotina e calibração:
Água da torneira filtrada em bebedouro;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a 5375
cm-1, em 20mV de 5400 cm -1 a 7275 cm-1 e 50 mV de 7300 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
H2O Torneira
2,5
H2O Torneira
0,8
3
0,6
Transmitância
Intensidade (mV)
2,0
1,5
1,0
0,4
2
0,2
0,5
1
0,0
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
( b)
Figura 3.2.1 – Espectros da água da torneira na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. Em: (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.1.2 Discussão
Estes espectros concordam com os dados alcançados pela equipe do LSBU9
mostrado na figura 1.4.2 para a faixa de comprimentos de onda e graficamente
adaptado (qualitativo) para um espectro de transmitância, conforme figura 3.2.2.
Na figura 3.2.1b os pontos de pico de transmitância para seus números de
onda são os seguintes:
1. 4550 cm-1, T = 0.00842,
2. 6000 cm-1; T = 0.24621,
3. 8000 cm-1; T = 0.78793.
Na figura 3.2.2 os pontos de pico de transmissão de radiação nesta faixa de
3000 cm-1 a 8000 cm-1 são os seguintes:
Em aproximadamente: 3300 cm-1, 4600 cm-1, 5500 cm-1 e 7900 cm-1;
72
Figura 3.2.2 – Espectro adaptado da água líquida para comparação.
Observa-se que as abscissas dos picos de transmitância da figura 3.2.1b
condizem com os da figura 3.2.2., porém a comparação entre os gráficos limita-se a
ser qualitativa visto que suas escalas são diferentes, o gráfico da figura 1.4.2 refere-se
ao coeficiente de absorção da água e o gráfico da figura 3.2.1b ao da transmitância, e
também pelas variáveis decorrentes da metodologia experimental.
Portanto, a importância deste primeiro resultado foi confirmar o espectro de
transmitância da água e disponibilizar uma base de referência para as próximas
comparações dos espectros com contaminantes.
3.2.2 Água Destilada
3.2.2.1 Resultado
Os espectros de água destilada apresentados nas figuras 3.2.3a e 3.2.3b
referentes à intensidade de transmissão e de transmitância, na faixa NIR entre 3000 a
8000 cm-1 (λ ≈ 3333nm a 1250nm) e tinham como objetivo principal confrontar com os
espectros da água de torneira a fim de encontrar picos diferentes característicos que
pudessem apresentar contaminantes presentes na água de torneira.
Os dados relevantes da rotina experimental são:
Água destilada não estéril do Laboratório Musa;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5375 cm -1, 20mV de 5400 cm -1 a 7275 cm-1, 50 mV 7300 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
Observação: Em todos os espectros com água destilada, usamos sempre a mesma
especificação citada neste item - Água destilada não estéril do Laboratório Musa.
73
3,0
H2O Destilada
4
H2O Destilada
0,8
0,6
2,0
Transmitância
Intensidade (mV)
2,5
1,5
1,0
0,4
3
0,2
0,5
1
2
0,0
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
3000
8000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.3 – Espectros da água destilada na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. Em: (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.2.2 Discussão
Analisando os dados destes espectros com aqueles para água da torneira,
observamos que seus valores de abscissa para os picos de Transmitância não se
alteraram, mas nos picos 3050 cm -1, 4550 cm -1, 6000 cm -1, 8000 cm -1 com valores de
transmitância 0.05803, 0.00872, 0.25278 e 0.81553 apresentaram valores maiores, ou
seja, apesar de estarem unificados para fundo de escala em 50mV, a intensidade de
transmissão para a água da torneira foi menor.
H20 destilada
H20 torneira
14
(5100; 12,33)
12
(6950; 10,83)
Absorbância
10
(5100; 8,66)
(6925; 9,22)
8
6
4
2
0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
Figura 3.2.4 – Comparação entre absorbâncias das águas de torneira e destilada na faixa de 3.333 nm a
1250 nm.
A princípio poderia ser atribuída a uma maior Turbidez (interferência à
passagem de luz) da água da torneira em relação à destilada, porém, transformando
74
os dois gráficos para absorbância (figura 3.2.4) observamos que há dois pontos mais
contundentes em 5100 cm -1 com valor igual a 12,33 contra 8,66 da água destilada e
6950 cm-1 com valor igual a 10,83 contra 9,22 da água destilada. Estes picos são
pontos isolados que têm diferença maior decorrente da própria rotina experimental,
pois no geral os dois gráficos são coincidentes e não podem corroborar como turbidez.
3.2.3 Hipoclorito de Cálcio (Cloro ativo), Nitrito de Sódio e Potássio Fosfato
Monobásico.
3.2.3.1 Resultados
No início deste trabalho, partimos com objetivo de detectar picos de
transmitância característicos de substâncias antropogênicas como o cloro adicionado
na água, nitrogênio e potássio que têm seus índices associados à descarga do esgoto
domestico.
Através da adição destas substâncias à água destilada, buscou-se a detecção
em espectros compreendidos na faixa de 5500 cm-1 a 8000 cm-1, e apresentados nas
figuras 3.2.5, 3.2.6 e 3.2.7, com os dados da rotina experimental.
3.2.3.1.1 Água destilada e Cloro ativo de 5500 a 8000 cm-1
1,6
H2O Destilada + Ca(OCl)2
0,8
H2O Destilada + Ca(OCl)2
1,4
1,2
0,6
1,0
Transmitância
Intensidade (mV)
0,7
0,8
0,6
0,4
0,5
0,4
0,3
0,2
0,2
0,1
0,0
0,0
-0,2
5500
6000
6500
7000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
7500
8000
-0,1
5500
6000
6500
7000
-1
Nr de onda cm
7500
8000
(b)
Figura 3.2.5 – Espectros da mistura de Água destilada e Hipoclorito de Cálcio na faixa de 1818 nm até
1250 nm. Em: (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
75
Mistura saturada de Água Destilada e Hipoclorito de Cálcio (cloro ativo)
Ca(OCl)2;
Ajuste dos passos de calibração em 16 e que resulta no motor girar o disco em
múltiplos de 1,119 cm-1;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 50mV de 5500 cm-1 a
7600 cm -1, 200mV de 7600 cm-1a 8000 cm-1, e para cubeta de referência em
200mV de 5500 a 8000 cm-1;
Os gráficos estão unificados para 200mV.
3.2.3.1.2 Água destilada e Nitrito de Sódio de 5500 a 8000 cm-1
Mistura na proporção de 1ml de Água Destilada e 1ml de Nitrito de Sódio
(NaNO2) fornecido pelo laboratório de Biologia da UFJF;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 100mV de 5500 cm-1 a
8000 cm-1, e para cubeta de referência em 200mV de 5500 a 8000 cm-1;
Os gráficos estão unificados para 200mV.
1,4
H 2 O D e s tila d a + N a N O 2
H 2 O D e stila d a + N a N O 2
0,8
1,2
Transmitância
Intensidade (mV)
0,7
1,0
0,8
0,6
0,6
0,5
0,4
0,3
0,4
0,2
0,2
0,1
0,0
0,0
55 00
6 000
6 50 0
7 00 0
75 00
8 000
-1
N r d e o n d a (c m )
(a)
5500
6000
6500
-1
N r d e o n da (cm )
7000
7500
8000
(b)
Figura 3.2.6 – Espectros da mistura de Água destilada e Nitrito de sódio na faixa de 1818 nm até 1250
nm. Em: (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.3.1.3 Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico de 5500 a 8000 cm-1
Mistura na proporção de 1ml de Água Destilada e 1ml de Potássio Fosfato
Monobásico (KH2PO4) fornecido pelo laboratório de Biologia da UFJF;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 100mV de 5500 cm-1 a
8000 cm-1, e para cubeta de referência em 200mV de 5500 a 8000 cm-1;
Os gráficos estão unificados para 200mV.
76
H 2 O D estilada + KH 2 PO 4
H 2 O Destilada + KH 2 PO 4
0,7
Transmitância
Intensidade (mV)
1,2
1,0
0,8
0,6
0,5
0,4
0,6
0,3
0,4
0,2
0,2
0,1
0,0
0,0
5500
6000
6500
-1
7000
7500
5500
8000
6000
6500
7000
7500
8000
-1
N r de onda (cm )
N r de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.7 – Espectros da mistura de Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico na faixa de 1818
nm até 1250 nm. Em: (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Posteriormente, buscou-se subsídio científico no INMETRO-RJ, através da
realização dos espectros de algumas substâncias estudadas neste trabalho, e os
gráficos para estas substâncias na faixa de 1000 cm-1 (10 µm) a 7000 cm-1 (1428 nm)
estão apresentados na figura 3.2.8.
(a)
(b)
(c)
Figura 3.2.8 – Espectros de Transmitância na faixa de 10 µm até 1428 nm feitos no INMETRO-RJ, das
misturas de:
(a) Água destilada e Hipoclorito de cálcio;
(b) Água destilada e Nitrito de Sódio;
(c) Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico.
A partir de então, realizamos os espectros para outra faixa de alcance do
SPECORD 61NIR que vai de 3000 cm -1 (~3333nm) até 5000 cm-1 (2000nm), e que
resultaram nos espectros das figuras 3.2.9, 3.2.10 e 3.2.11 com suas respectivas
rotinas experimentais. Na figura 3.2.12 apresentamos o espectro da água destilada
para esta faixa.
3.2.3.1.4 Água destilada e Cloro ativo de 3000 a 5000 cm-1
77
Mistura saturada de Água Destilada e Hipoclorito de Cálcio (Cloro ativo);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H2O Destilada + Ca(OCl)2
0,06
H2O Destilada + Ca(OCl)2
0,025
0,05
Transmitância
Intensidade (mV)
0,020
0,015
0,010
0,005
0,04
0,03
0,02
0,01
0,000
0,00
3000
3500
4000
4500
5000
3000
-1
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.9 – Espectros da mistura de Água destilada e Hipoclorito de Cálcio na faixa de 3333 nm até
2000 nm. Em: (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.3.1.5 Água destilada e Nitrito de Sódio de 3000 a 5000 cm-1
Mistura na proporção de 1ml de Água Destilada e 1ml de Nitrito de Sódio
(NaNO2) fornecido pelo laboratório de Biologia da UFJF;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
H2O + Nitrito de sódio
H2O + Nitrito de sódio
0,030
0,035
0,025
Transmitância
Intensidade (mV)
0,030
0,020
0,015
0,010
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,005
0,000
0,000
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
( b)
Figura 3.2.10 – Espectros da mistura de Água destilada e Nitrito de Sódio na faixa de 3333 nm até 2000
nm. Em: (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
78
3.2.3.1.6 Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico de 3000 a 5000 cm-1
Mistura na proporção de 1ml de Água Destilada e 1ml de Potássio Fosfato
Monobásico (KH2PO4) fornecido pelo laboratório de Biologia da UFJF;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
H2O Destilada + KH2PO4
H2O destilda + KH2PO4
0,040
0,020
0,030
Transmitância
Intensidade (mV)
0,035
0,015
0,010
0,005
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
0,000
3000
3500
4000
4500
-0,005
5000
3000
3500
-1
4000
4500
5000
-1
Nr de Onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.11 – Espectros da mistura de Água destilada e Potássio Fosfato Monobásico na faixa de 3333
nm até 2000 nm. Em: (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.3.1.7 Água destilada de 3000 a 5000 cm-1
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
H20 Destilada
0,05
H2O Destilada
0,025
0,04
Transmitância
Intensidade (mV)
0,020
0,015
0,010
0,03
0,02
0,01
0,005
0,00
0,000
3000
3500
4000
4500
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.12 – Espectros da Água Destilada na faixa de 3.333 nm até 2000 nm. Em: (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
79
3.2.3.2 Discussão
Inicialmente
devemos
ressaltar
que
as
intensidades
de
transmissão
apresentadas nos espectros das figuras 3.2.5, 3.2.6 e 3.2.7 são maiores por que os
procedimentos experimentais para estes casos foram com a fenda de entrada mais
aberta. Contudo, este procedimento adotado nos primeiros trabalhos produzia
aumento de ruído sem melhoria satisfatória de sinal. A adequação do procedimento
produziu os mesmos espectros, mas com resultados melhores.
Apresentamos os resultados para as três substâncias, Hipoclorito de cálcio,
Nitrito de Sódio e Potássio Fosfato Monobásico juntas pelo fato de não identificarmos
picos característicos nos espectros, conforme a análise comparativa entre os gráficos
das figuras 3.2.5b, 3.2.6b e 3.2.7b com o espectro de transmitância para água
destilada na faixa entre 5500 cm-1 e 8000 cm-1, e também das figuras 3.2.9b, 3.2.10b e
3.2.11b com o espectro de transmitância da água destilada (figura 3.2.12b).
Após os espectros feitos no INMETRO-RJ constatamos que os picos destas
substancias misturadas à água destilada encontram-se em faixa de freqüência mais
baixa, abaixo de 3500 cm-1.
Os espectros de transmitância da água com Hipoclorito de Cálcio (figura
3.2.8a), água com Nitrito de Sódio (figura 3.2.8b) e água com Potássio Fosfato
Monobásico (figura 3.2.8c) demonstram a presença de dois picos característicos de
transmitância, em aproximadamente 2700 cm-1 e 1750 cm-1, que é a faixa não
alcançada pelo SPECORD 61NIR.
Portanto os espectros feitos na faixa de 3000 a 5000 cm-1 ou 5500 a 8000 cm-1
não produziram os identificação de picos esperados e partimos para outras
substâncias, tendo como referência a partir de então, também os espectros feitos no
INMETRO-RJ e que demonstram a viabilidade na identificação de contaminantes
adicionados na água.
3.2.4
Água Ultrapura e Água do Lago Batata.
3.2.4.1 Resultados
Neste grupo, da Água Ultrapura e do Lago Batata localizado na cidade de
Carajás no Pará fornecidos pelo laboratório de Biologia da UFJF, nosso objetivo foi
buscar a identificação de diferenças entre estes e o espectro de transmitância da Água
Destilada.
80
Os procedimentos experimentais para estes espectros, bem como seus
gráficos estão apresentados a seguir:
3.2.4.1.1 Água Ultrapura de 3000 a 8000 cm-1
Água Ultrapura fornecida pelo laboratório de Biologia da UFJF;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5300 cm-1, 20mV de 5325 cm -1a 7275 cm-1, 50 mV de 7300 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
3,0
H2O Ultra pura
H2O Ultra pura
3
0,8
0,6
2,0
Transmitância
Intensidade (mV)
2,5
1,5
1,0
0,4
2
0,2
0,5
1
0,0
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.13 – Espectros da Água Ultrapura na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
Na figura 3.2.13b os pontos de pico de transmitância para seus números de
onda são os seguintes:
1. 4550 cm-1, T = 0.00867,
2. 6000 cm-1; T = 0.25101,
3. 8000 cm-1; T = 0.80717.
3.2.4.1.2 Água do Lago Batata de 3000 a 8000 cm-1
Água do Lago Batata, recolhido em Carajás/PA pelo PGECOL;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5300 cm-1, 20mV de 5325 cm -1a 7275 cm-1, 50 mV de 7300 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
81
Água do Lago Batata
Água do lago Batata
2,5
2,0
0,6
Transmitância
Intensidade (mV)
3
0,8
1,5
1,0
0,4
2
0,2
0,5
1
0,0
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.14 – Espectros da Água do Lago Batata na faixa de 3.333 nm até 1250 nm. (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
Os pontos de pico de transmitância para seus números de onda são os
seguintes:
1. Ponto 1 = 4550 cm-1, T = 0.00796,
2. Ponto 2 = 6000 cm-1; T = 0.24300,
3. Ponto 3 = 8000 cm-1; T = 0.79888.
3.2.4.2 Discussão
A análise comparativa dos espectros de transmitância produzidos pela água
Ultrapura (figura 3.2.13) e água do Lago Batata (figura 3.2.14) com o espectro da água
destilada (figura 3.2.3) permite concluir que não observamos picos significativos que
pudessem identificar substâncias agregadas à água destilada ou presentes na água
do Lago Batata, em relação á ultrapura.
As restrições de sensibilidade do equipamento e também a faixa de estudo são
as explicações para tal resultado, e novamente podemos reafirmar que os efeitos da
turbidez não podem ser considerados nestes espectros, conforme comparação entre
as absorbâncias (figura 3.2.15) da água destilada com a água do Lago Batata e com a
ultrapura.
O conceito de turbidez, como grau de interferência para a passagem da luz
através da água (item 1.1.4.1), não deve ser confundido com transmitância ou
absorbância. A presença de outras substâncias na água contribui para o valor final em
cada comprimento de onda sendo este valor decorrente da combinação de valores de
transmitância para água e substância, mas os valores apresentados não conduzem a
82
uma conclusão segura da presença da turbidez, principalmente devido a uma menor
absorbância da água do Lago Batata em comparação com a destilada (figura 3.2.15b).
H20 destilada
H20 destilada
H20 ultra pura
12
12
10
10
8
6
8
6
4
4
2
2
0
0
3000
4000
5000
6000
H20 Lago Batata
14
Absorbância
Absorbância
14
7000
8000
3000
-1
Nr de onda (cm )
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.15 – Comparação entre absorbâncias na faixa de 3.333 nm a 1250 nm entre:
(a) água destilada e água ultrapura (b) água destilada e água do Lago Batata.
3.2.5
Álcool Etílico Hidratado Combustível e Álcool Etílico Hidratado de uso
doméstico
3.2.5.1 Resultados
O primeiro grupo de contaminantes a apresentar os resultados esperados foi o
de álcoois e também de funções químicas próximas como glicóis e cetonas. Tanto
Álcool Etílico Hidratado Combustível (AEHC) quanto Álcool Etílico Hidratado de uso
Doméstico (AEHD) apresentaram picos característicos mais significativos na faixa
entre 5500 cm -1 (1818 nm) e 6100 cm-1 (1639 nm). Os resultados estão apresentados
com espectros de 3000 cm-1 a 8000 cm-1 (figuras 3.2.16 e 3.2.17), na faixa específica
para comparação com a água destilada de 5400 a 7000 cm-1 (figuras 3.2.18, 3.2.19 e
3.2.20) e também os espectros para AEHC e AEHD puros (figuras 3.2.21 e 3.2.22). Os
valores relevantes do procedimento experimental são os seguintes:
3.2.5.1.1 Água destilada e AEHC de 3000 a 8000 cm-1
Água destilada (1.25 ml) com AEH Combustível (0.5 ml);
83
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5375 cm-1, 20mV de 5400 cm -1a 7200 cm-1, 50 mV de 7225 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 100mV de 3000 a 8000 cm-1;
Os gráficos estão unificados para 100mV.
1,4
0,7
0,6
Transmitância
1,2
1,0
Intensidade (mV)
6
H2O Destilada + AEHC
0,8
H2O Destilada + AEHC
0,8
0,6
0,5
0,4
0,3
0,4
0,2
0,2
0,1
23
4
5
1
0,0
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.16 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado Combustível na faixa de
3.333 nm até 1250 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Os valores de transmitância mais significativos para identificação do AEHC na
água são os pontos 2, 3, 4 e 5 no gráfico:
1. Ponto 2 = 5525 cm-1, T = 0.15814,
2. Ponto 3 = 5675 cm-1; T = 0.13708,
3. Ponto 4 = 5900 cm-1; T = 0.19714,
4. Ponto 5 = 6075 cm-1; T = 0.23937.
3.2.5.1.2 Água destilada e AEHD de 3000 a 8000 cm-1
Água destilada (1.25 ml) com AEH de uso Doméstico (0.5 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5375 cm-1, 20mV de 5400 cm -1a 7175 cm-1, 50 mV de 7200 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 100mV de 3000 a 8000 cm-1;
Os gráficos estão unificados para 100mV.
84
6
0,8
1,2
0,7
1,0
0,6
Transmitância
Intensidade (mV)
1,4
H2O Destilada+AEHD
0,9
H2O Destilada+AEHD
0,8
0,6
0,4
0,5
0,4
0,3
4
2
0,2
0,2
5
3
0,1
1
0,0
0,0
-0,2
3000
4000
5000
6000
7000
3000
8000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.17 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado de uso doméstico na
faixa de 3.333 nm até 1250 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Os pontos significativos de transmitância são:
1. Ponto 2 = 5525 cm-1, T = 0.17056,
2. Ponto 3 = 5675 cm-1; T = 0.14774,
3. Ponto 4 = 5900 cm-1; T = 0.21351,
4. Ponto 5 = 6075 cm-1; T = 0.25754.
3.2.5.1.3 Água destilada e AEHC de 5400 a 7000 cm-1
H2O Destilada + AEHC
H2O Destilada + AEHC
1,2
3
1,0
0,20
Transmitância
Intensidade (mV)
5
0,25
0,8
0,6
1
4
0,15
2
0,10
0,4
0,05
0,2
0,00
0,0
5250
5500
5750
6000
6250
6500
-1
Nr de onda (cm )
6750
7000
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.18 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado Combustível na faixa de
1851 nm até 1428 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Água destilada (1.25 ml) com AEH Combustível (0.5 ml);
85
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 20mV de 5400 cm-1 a
7000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 5400 a 7000 cm-1;
Ressaltamos cinco pontos significativos de transmitância para discussão dos
resultados entre água destilada e AEHC:
1. Ponto 1 = 5525 cm-1, T = 0.16188,
2. Ponto 2 = 5675 cm-1, T = 0.14115,
3. Ponto 3 = 5900 cm-1; T = 0.20318,
4. Ponto 4 = 5950 cm-1; T = 0.19315,
5. Ponto 5 = 6075 cm-1; T = 0.24567.
3.2.5.1.4 Água destilada e AEHD de 5400 a 7000 cm-1
Água destilada (1.25 ml) com AEH de uso doméstico (0.5 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 20mV de 5400 cm-1 a
7000 cm-1e para cubeta de referência em 50mV de 5400 a 7000 cm-1;
H2O Destilada + AEHD
H2O Destilada + AEHD
0,25
5
1,0
3
0,20
Transmitância
Intensidade (mV)
0,8
0,6
0,4
1
4
0,15
2
0,10
0,05
0,2
0,00
0,0
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
5250
5500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
( b)
Figura 3.2.19 – Espectros da mistura de Água destilada e Álcool Etílico Hidratado de uso Doméstico na
faixa de 1851 nm até 1428 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Os cinco pontos significativos de transmitância são:
1. Ponto 1 = 5525 cm-1, T = 0.15007,
2. Ponto 2 = 5675 cm-1, T = 0.13113,
3. Ponto 3 = 5900 cm-1; T = 0.19067,
4. Ponto 4 = 5950 cm-1; T = 0.18130,
5. Ponto 5 = 6075 cm-1; T = 0.22976.
86
3.2.5.1.5 Água destilada de 5400 a 7000 cm-1
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 20mV de 5400 cm-1 a
7000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 5400 a 7000 cm-1;
H2O Destilada
H2O Destilada
1,2
1,0
0,20
Transmitância
Intensidade (mV)
2
0,25
0,8
0,6
0,15
1
0,10
0,4
0,05
0,2
0,00
0,0
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
5250
5500
5750
-1
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
( b)
Figura 3.2.20 – Espectros da Água destilada na faixa de 1851 nm até 1428 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Temos dois pontos significativos para discussão:
1. Ponto 1 = 5575 cm-1, T = 0.11028,
2. Ponto 2 = 5975 cm-1; T = 0.24915.
3.2.5.1.6 Álcool Etílico Hidratado Combustível de 3000 a 8000 cm-1
AEHC
AEHC
3,5
1,0
2,5
0,8
Transmitância
Intensidade (mV)
3,0
2,0
1,5
1,0
0,6
1
3
0,4
5
0,5
0,2
4
6
2
0,0
0,0
-0,5
3000
4000
5000
6000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
7000
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.21 – Espectros do Álcool Etílico Hidratado Combustível puro do tipo comum na faixa de 3333
nm até 1250 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
87
Álcool Etílico Hidratado Combustível puro do tipo comum;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4475 cm-1, 50mV de 4500 cm-1a 8000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 8000 cm-1;
Pontos característicos entre 5400 e 7000 cm-1:
1. Ponto 1 = 5425 cm-1, T = 0.49142,
2. Ponto 2 = 5950 cm-1, T = 0.13265,
3. Ponto 3 = 6100 cm-1; T = 0.39695,
4. Ponto 4 = 6400 cm-1; T = 0.20677,
5. Ponto 5 = 6575 cm-1; T = 0.22953,
6. Ponto 6 = 6800 cm-1; T = 0.21077.
3.2.5.1.7 Álcool Etílico Hidratado de uso doméstico de 3000 a 8000 cm-1
Álcool Etílico Hidratado de uso Doméstico 92,8 INPM (95,0° GL) NBR 5991/97;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4475 cm-1, 50mV de 4500 cm-1a 7275 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 8000 cm-1;
AEHD
AEHD
3,5
1,0
3,0
Transmitância
Intensidade (mV)
0,8
2,5
2,0
1,5
0,6
1
3
0,4
1,0
5
0,2
0,5
4
6
2
0,0
0,0
-0,5
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.22 – Espectros do Álcool Etílico Hidratado de uso doméstico na faixa de 3333 nm até 1250 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Pontos característicos entre 5400 e 7000 cm-1:
1. Ponto 1 = 5425 cm-1, T = 0.48681,
2. Ponto 2 = 5950 cm-1, T = 0.13222,
3. Ponto 3 = 6100 cm-1; T = 0.39490,
88
4. Ponto 4 = 6425 cm-1; T = 0.20628, difere em número de onda do AEHC;
5. Ponto 5 = 6575 cm-1; T = 0.22493,
6. Ponto 6 = 6800 cm-1; T = 0.19971.
3.2.5.2 Discussão
A comparação entre os dados dos espectros de transmitância das misturas de
água destilada com AEHC e água destilada com AEHD mostra que não há diferenças
entre os mesmos, apesar de suas diferenças comerciais. A constatação deste
argumento está no gráfico apresentado para os espectros de transmitância do Álcool
Etílico Hidratado Combustível puro e Álcool Etílico Hidratado de uso doméstico (figuras
3.2.21b e 3.2.22b). Seus valores de abscissa são idênticos, com exceção do ponto
quatro deslocado de 6400 cm-1 para 6625 cm-1. Portanto vamos discutir os resultados
dos dois tipos de álcoois de forma única, como AEH, e usando os resultados
alcançados para Álcool Etílico Hidratado Combustível, pois seu impacto ambiental é
mais evidente pelo fato de ser manuseado com mais freqüência e em maior
quantidade.
H2O destilada e AEH
H2O destilada
12
(6950;10,83)
11
H2O + AEHC
0,25
10
H2O Destilada
9
Absorbância
Transmitância
0,20
0,15
0,10
8
7
(6950;6,44)
6
5
4
0,05
(5525; 2,23)
3
(5950; 1,64)
2
0,00
1
5250
5500
5750
6000
6250
6500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
6750
7000
5200
(5525; 1.82)
5400
5600
5800
(5950; 1,39)
6000
6200
6400
6600
6800
7000
7200
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.23 – Sobreposição dos espectros da Água destilada e da mistura de Água destilada com AEH
na faixa de 1851 nm até 1428 nm. Em: a) Transmitância b) Absorbância
Segundo OLIVEIRA et al23 (2004) em seu gráfico apresentado na figura 1 para
mistura de água com etanol, são observados picos característicos também no
espectro apresentado nas figuras 3.2.18b ou 3.2.19b para mistura de água destilada
com AEH na faixa de números de onda compreendida entre aproximadamente 5300
cm-1 a 6000 cm-1. Enquanto o gráfico de transmitância da água destilada apresenta um
89
pico a 5575 cm-1 (ponto 1) e o pico máximo em 5975 cm-1 (ponto 2), a sua mistura com
AEH mostra o deslocamento destes dois para 5525 e 6075 cm-1 (pontos 1 e 6), com
aparecimento de outros picos característicos a 5675 cm-1, 5900 cm-1 e 5950 cm-1.
Na figura 3.2.23 temos a sobreposição dos espectros de transmitância e
absorbância para água destilada e a mistura com AEH. Enquanto na comparação das
transmitâncias visualizam-se os valores acima mencionados, na comparação entre
absorbâncias observam-se picos 5525 cm-1 e 5950 cm-1 em um pico bem
característico a 6950 cm-1 com uma diferença de 4,29 nas absorbâncias e que na
realidade é o ponto de maior evidência da presença do AEH na água.
No espectro de transmitância para o álcool puro (figura 3.2.21b ou 3.2.22b),
podemos identificar a presença de três valores significativos de transmitância para a
faixa em questão: pontos 1, 2 e 3 a 5425 cm-1, 5950 cm-1 e 6100 cm-1,
respectivamente. Os deslocamentos dos picos da água destilada e o aparecimento
dos picos do AEH são decorrentes da influência destes picos no espectro de
transmitância da mistura com água destilada, sendo mais bem compreendida na
visualização (figura 3.2.24a) da sobreposição dos dois espectros. E também o pico de
absorbância constatado a 6950 cm -1 é decorrente dos valores que são observados na
comparação feita na figura 2.2.24b entre as absorbâncias das duas substâncias
separadamente.
AEHC
H2O destilada
AEHC
H2O destilada
1,0
12
10
(6950;9,22)
0,6
Absorbância
Transmitância
0,8
1
3
0,4
8
6
4
0,2
2
(6950;1,39)
2
0,0
0
3000
4000
5000
6000
7000
-1
Nr de onda (cm )
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.24 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a) e Absorbância (b) da Água destilada e
do AEH puro na faixa de 3333 nm até 1250 nm.
3.2.6
Propanona (Acetona pura)
3.2.6.1 Resultados
90
A proximidade funcional da cetona com o álcool (3.1.1) e por se tratar de um
produto tóxico quando adicionado à água, podendo causar prejuízos ambientais, nos
motivou a estudar seu espectro de transmitância. As figuras 3.2.25 e 3.2.26 mostram
espectros de intensidade de transmissão e Transmitância da mistura água destilada
com propanona nas faixas entre 3000 a 8000 cm-1 e 5400 a 7000 cm-1
respectivamente, e a figura 3.2.27 mostra os referidos espectros para acetona pura na
faixa de 3000 a 8000 cm-1.
3.2.6.1.1 Água destilada e Acetona pura de 3000 a 8000 cm-1
Água destilada (1.25 ml) com Propanona (0,50 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
5300 cm-1, 20mV de 5325 cm -1a 7275 cm-1, 50 mV de 7300 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
H2O Destilada + Propanona
3,0
H2O destilada + Propanona
1,0
6
0,8
2,0
Transmitância
Intensidade (mV)
2,5
1,5
1,0
0,6
0,4
4
5
2
0,2
0,5
3
1
0,0
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
( b)
Figura 3.2.25 – Espectros da mistura de Água destilada e Propanona na faixa de 3.333 nm até 1250 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Pontos característicos de transmitância e absorbância para discussão:
1. Ponto 1 = 4575 cm-1, T = 0.01522,
2. Ponto 2 = 5525 cm-1, T = 0.19174,
3. Ponto 3 = 5675 cm-1; T = 0.16070,
4. Ponto 4 = 5925 cm-1; T = 0.24147,
5. Ponto 5 = 6125 cm-1; T = 0.32756,
6. Ponto 6 = 7975 cm-1; T = 0.85486.
91
3.2.6.1.2 Água destilada e Acetona pura de 5400 a 7000 cm-1
Água destilada (1.25 ml) com Propanona (0,50 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 20mV de 5400 cm-1 a
7000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 5400 a 7000 cm-1;
H2O Destilada + Propanona
H2ODestilada + Propanona
0,35
1,6
1,2
4
0,25
Transmitância
Intensidade (mV)
5
3
0,30
1,4
1,0
0,8
0,6
2
0,15
0,4
0,10
0,2
0,05
0,0
1
0,20
0,00
-0,2
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.26 – Espectros da mistura de Água destilada e Propanona na faixa de 1851 nm até 1428 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Os pontos mais significativos estão entre 5400 e 7000 cm-1:
1. Ponto 1 = 5525 cm-1, T = 0.18727,
2. Ponto 2 = 5675 cm-1, T = 0.15798,
3. Ponto 3 = 5925 cm-1; T = 0.28967,
4. Ponto 4 = 6000 cm-1; T = 0.26805,
5. Ponto 5 = 6125 cm-1; T = 0.32210.
3.2.6.1.3 Acetona pura de 3000 a 8000 cm-1
Propanona;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
3700 cm-1, 5mV de 3700 cm-1 a 4475 cm -1, 50 mV de 4500 cm-1 a 8000 cm-1, e
para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 8000 cm-1;
Merecem destaque os pontos:
1. Ponto 2 = 5825 cm-1, T = 0.22560,
2. Ponto 3 = 5900 cm-1; T = 0.40167,
3. Ponto 4 = 5975 cm-1; T = 0.26762,
92
4. Ponto 5 = 6350 cm-1; T = 0.96899.
Propanona
Propanona
5
5
1,0
4
1
Transmitância
Intensidade (mV)
0,8
3
2
6
0,6
3
0,4
1
0,2
0
2
4
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
4000
-1
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.27 – Espectros da Propanona na faixa de 3333 nm até 1250 nm: Em (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.6.2 Discussão
De forma prevista, a análise do espectro de transmitância da mistura de água
destilada com propanona (figura 3.2.25b) mostra que temos alteração de transmitância
para água destilada também na faixa compreendida entre aproximadamente 5400 e
6000 cm-1.
H2O Destilada + Propanona
H2O Destilada
5
0,35
Absorbância
0,15
2
0,10
8
7
(6950;6,05)
6
5
3
0,05
(5525; 2,23)
2
0,00
(5525; 1,67)
1
5250
5500
5750
6000
6250
6500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
6750
7000
5200
1,
40
)
4
(5
92
5;
Transmitância
9
1
0,20
(6950;10,83)
10
4
0,25
H2O Destilada
11
3
0,30
H2O Destilada + Propanona
12
5400
5600
5800
(5925; 1,23)
6000
6200
6400
6600
6800
7000
7200
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.28 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a) e absorbância (b) da Água
destilada e da mistura de Água destilada com propanona na faixa de 1851 nm até 1428 nm.
A proximidade entre as funções químicas cetona e álcool é confirmada
comparando os valores para os picos de transmitância e absorbância mais
93
característicos da presença da propanona na mistura com a água destilada, mas a
diferenciação de transmitâncias entre as duas está nos pontos 1, 2, 3 e 5 da figura
3.2.28a de forma mais visual que numérica.
Desta comparação podemos concluir que:
1. A transmitância da acetona é maior que a do AEH, visto que todos os pontos
analisados obtiveram valores maiores para a acetona. Na própria
transformação de álcool secundário em propanona ocorre a perda de água,
o que possibilita aumento de transmitância;
2. Observa-se
a
mesma
influência
nos
deslocamentos
dos
picos
característicos da mistura água destilada com propanona, que foi observado
para a mistura com AEH (pontos 1 e 5).
3. Os pontos 3, 4 e 5 são em comprimento de onda diferentes dos observados
para a mistura com AEH com valores deslocados para direita.
A figura 3.2.28 mostra a sobreposição dos espectros de transmitância e
absorbância para água destilada (figura 3.2.20b) e da mistura água destilada com
propanona (figura 3.2.26b). Observa-se que as absorbâncias para propanona têm
forma visual bem próxima do álcool, mas com valores menores em toda a faixa e uma
não sobreposição de valores entre 6050 cm-1 e 6500 cm-1 observados na figura 3.2.23b
do álcool, além dos pontos 5525 cm-1, 5925 cm-1 e um pico maior também em 6950
cm-1.
Propanona
H2O Destilada
Propanona
H2O destilada
5
1,0
12
10
Absorbância
Transmitância
0,8
0,6
3
0,4
8
6
4
2 4
0,2
2
0,0
0
3000
4000
5000
6000
-1
Nr de onda (cm )
7000
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.29 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a) e absorbância (b) da Água destilada e
da propanona na faixa de 3333 nm até 1250 nm.
Na figura 3.2.29 temos a sobreposição das transmitâncias e absorbâncias para
água destilada e propanona (figuras 3.2.3b e 3.2.27b) e destacamos em 3.2.29a quais
os pontos de transmitância e absorbância característicos da propanona que provocam
94
alteração no espectro da água destilada para a faixa de 5400 a 7000 quando em
mistura. Estes pontos 2, 3, 4 e 5 a 5825 cm-1, 5900 cm-1, 5975 cm-1 e 6350 cm-1
respectivamente, comparados aos pontos 5425 cm-1, 5950 cm-1 e 6100 cm-1 da figura
3.2.24 para o AEH possibilitam a diferenciação dos espectros para as duas misturas,
apesar dos mesmos serem semelhantes. Na figura 3.2.29b podemos visualizar que a
absorbância da propanona e menor que a do álcool em toda faixa de 3000 a 8000 cm-1
não há sobreposição entre os espectros da água com a propanona, o que explica as
observações feitas no parágrafo anterior.
3.2.7
Fluído para freio automotivo
3.2.7.1 Resultados
O fluído para freio hidráulico utilizado foi o comercialmente conhecido como
DOT3 e com as especificações técnicas NBR 9292-tipo3 e SAEJ 1703 FMVSS Nr 116,
e sua composição é de mistura de glicóis.
É insolúvel em água apresentando viscosidade característica de óleo, mas
também é higroscópico misturando-se com a água por algum tempo quando agitado.
Portanto seus espectros foram feitos em duas misturas, uma heterogênea, em que se
adicionou o fluído à água destilada sem agitação, e outra homogênea em que o fluído
é acrescentado e agitado para torná-la homogênea.
Pela presença de glicóis em sua composição, previa-se a semelhança com os
espectros de álcool e cetona, por isso somente espectros na faixa de 5400 cm-1 a
7000 cm-1 foram feitos, inclusive pelo fato de pouco tempo de duração disponível para
evitar que a mistura homogênea voltasse a ser heterogênea durante as medidas.
A seguir apresentamos os dados relevantes dos procedimentos experimentais
e os espectros de intensidade e transmitância para mistura heterogênea de água
destilada e fluído de freio (figura 3.2.30), homogênea (figura 3.2.31) e somente fluído
de freio (figura 3.2.32).
3.2.7.1.1 Água destilada e Fluído para freio de 5400 a 7000 cm-1
Água destilada com Fluído de freio automotivo DOT3;
95
Para mistura heterogênea a quantidade foi (1.00 ml) + (1.00 ml), para que a
interface da mistura ficasse no ponto médio da área de leitura da cubeta,
ilustrada na figura 2.1.12;
H2O destilada + Fluído de Freio (mistura Heterogênea)
0,40
4
H2O destilada + Fluído de Freio (mistura Heterogênea)
0,35
1,6
0,30
Transmitância
1,8
Intensidade (mV)
1,4
1,2
1,0
3
0,25
5
0,20
1
6
2
0,15
0,8
0,6
0,10
0,4
0,05
0,2
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
5250
7000
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
-1
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.30 – Espectros da mistura Heterogênea de Água destilada e Fluído para freio na faixa de 1851
nm até 1428 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Para mistura homogênea a quantidade foi (1.25 ml) + (0.50 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 20mV de 5400 cm-1 a
7000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 5400 a 7000 cm-1;
Seus pontos de transmitância relevantes foram:
1. Ponto 1 = 5500 cm-1, T = 0.17253,
2. Ponto 2 = 5725 cm-1, T = 0.15582,
3. Ponto 3 = 6025 cm-1; T = 0.31516,
4. Ponto 4 = 6150 cm-1; T = 0.36399,
5. Ponto 5 = 6525 cm-1; T = 0.21728,
6. Ponto 6 = 6625 cm-1; T = 0.20401.
H2O destilada + Fluído de Freio (mistura Homogênea)
H2O destilada + Fluído de Freio (mistura Homogênea)
0,16
0,7
4
0,14
0,6
0,12
Transmitância
Intensidade (mV)
0,5
0,4
0,3
0,10
0,08
1
0,06
3
2
0,04
0,2
0,02
0,1
0,00
0,0
-0,02
5250
5500
5750
6000
6250
6500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
6750
7000
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
96
Figura 3.2.31 – Espectros da mistura Homogênea de Água destilada e Fluído para freio na faixa de 1851
nm até 1428 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Seus pontos de transmitância foram quatro:
1. Ponto 1 = 5525 cm-1, T = 0.06544,
2. Ponto 2 = 5625 cm-1, T = 0.05818,
3. Ponto 3 = 5775 cm-1; T = 0.07985,
4. Ponto 4 = 6050 cm-1; T = 0.14290,
3.2.7.1.2 Fluído para freio de 3000 a 8000 cm-1
Fluído de freio automotivo DOT3;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 50mV de 4450 cm-1a 8000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 8000 cm-1;
Fluído de Freio
Fluído de Freio
4,0
1,0
3,5
5
0,8
2,5
Transmitância
Intensidade (mV)
3,0
2,0
1,5
7
3
0,6
6
1
0,4
2
1,0
0,2
0,5
4
0,0
0,0
-0,5
3000
4000
5000
6000
7000
8000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.32 – Espectros Fluído para freio DOT3 na faixa de 3333 nm até 1250nm: Em (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
Os pontos mais característicos:
1. Ponto 1 = 5075 cm-1, T = 0.45863,
2. Ponto 2 = 5200 cm-1, T = 0.38606,
3. Ponto 3 = 5350 cm-1; T = 0.55576,
4. Ponto 4 = 5825 cm-1; T = 0.15527,
5. Ponto 5 = 6125 cm-1; T = 0.76069,
6. Ponto 6 = 6425 cm-1; T = 0.58004,
97
7. Ponto 7 = 6575 cm-1; T = 0.61254.
3.2.7.2 Discussão
A análise do espectro de transmitância para mistura de água destilada com
fluído para freio deve ser feita separadamente, considerando a mistura heterogênea e
a homogênea.
H2O Destilada + Fluído de freio (Heterog.)
Fluído de freio
H2O Destilada
Fluído de freio
0,9
1,0
0,8
5
0,7
Transmitância
Transmitância
0,8
7
0,6
6
0,4
0,6
0,5
2
0,4
0,3
0,2
3
0,2
4
0,1
0,0
1
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
5250
5500
5750
-1
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.33a – Sobreposição dos espectros de transmitância da Água destilada e de Fluído para freio
na faixa de 3333 nm até 1250 nm.
Figura 3.2.33b - Sobreposição dos espectros de transmitância da misturas heterogênea de Água destilada
com Fluído e do Fluído para freio na faixa de 1851 nm até 1428 nm.
Na mistura heterogênea observa-se um desvio de comportamento da curva de
transmitância em relação ao esperado. Pela maior quantidade de fluído na mistura,
devido à interface estar na metade da seção por onde passa o feixe, temos uma
composição de valores e conseqüentemente uma presença mais significativa da
transmitância e absorbância do fluído sobre a água.
H2O Destilada + Fluído de freio (Heterog.)
H2O Destilada
0,35
Transmitância
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
Figura 3.2.34 – Sobreposição dos espectros de transmitância da Água destilada e da mistura heterogênea
na faixa de 1851 nm até 1428 nm.
98
Observe na figura 3.2.33a que os pontos 4, 6 e 7 do fluído de freio estão
presentes no espectro da mistura alterando o perfil do espectro da água, e podem ser
visualizadas na figura 3.2.33b nos pontos 1, 2 e 3 com maior transmitâncias em 6525
cm-1 (ponto 2) menores em 5800 cm-1 e 6425 cm-1 (pontos 1 e 3).
Na figura 3.2.34 podemos visualizar a análise acima citada mostrando que o
gráfico mantém o perfil característico da curva da água entre 5400 e 7000 cm-1, mas
com os pontos característicos da curva do fluído.
Fluído de freio
AEHC
1,0
Transmitância
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
3000
4000
5000
6000
7000
8000
-1
Nr de onda (cm )
Figura 3.2.35 – Sobreposição dos espectros de transmitância do AEH e do fluído para freio na faixa de
3333 nm até 1250 nm.
No caso da mistura homogênea observa-se o comportamento semelhante ao
encontrado com AEH, como previsto, e observamos na figura 3.2.36 que mostra a
sobreposição dos espectros de transmitância para mistura água/AEH e água com
Fluído, em que ressaltamos as considerações importantes:
1. Os
espectros
de
transmitância
dos
contaminantes
são
bastante
semelhantes conforme podemos observar na figura 3.2.35 e seus pontos de
transmitância característicos para a faixa em estudo destacados nas figuras
3.2.21 e 3.2.32 mostram comprimento de onda bem próximos;
H2O Destilada + Fluído de freio (Homog.)
H2O Destilada + AEHC
0,35
Transmitância
0,30
6
0,25
0,20
3
1
0,10
1
4
2
0,15
4 5
3
2
0,05
0,00
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
Figura 3.2.36 – Sobreposição dos espectros de transmitância das misturas da Água destilada com AEH e
homogênea com Fluído para freio na faixa de 1851 nm até 1428 nm.
99
2. A diferença significativa entre os espectros das misturas (figura 3.2.36) está
entre 5600 e 6000 cm-1, quando se observam os três pontos mais
característicos desta diferença, em 5675 cm-1 e 5950 cm-1 (pontos 2 e 5), e
5900 cm-1 (ponto 4) para mistura água/AEH.
3. Há uma predominância do espectro de transmitância do fluído sobre o
espectro da água quando a mistura é heterogênea, e que produz a
diferença significativa entre os espectros homogêneo e heterogêneo. Isto
ocorre por que na mistura heterogênea o feixe de luz passa efetivamente
por uma maior quantidade de fluído que é evidenciado pelo aumento dos
valores de transmitância, e também pela propriedade higroscópica do fluído
(figura 3.2.37) possibilitando uma associação maior com as moléculas
d’água. Também é evidente esta consideração nas sobreposições das
figuras 3.2.37b e 3.2.37c, onde a mistura homogênea tem absorbâncias
bem próximas da curva da água, enquanto na heterogênea ocorrem
diferenças maiores inclusive com um pico bem maior a 6950 cm-1 em
relação á homogênea.
H2O Destilada
12
(6950;10,83)
(6950;10,83)
10
Absorbância
0,25
0,20
(6950;8,00)
8
6
Absorbância
10
0,30
Transmitância
H2O Destilada
12
H2O Destilada + Fluído de freio (Homog.)
0,35
H2O Destilada + Fluído de freio (Heterog.)
H2O Destilada + Fluído de freio (Homog.)
H2O Destilada + Fluído de freio (Heterog.)
8
6
0,15
0,10
4
4
2
2
(6950;2,57)
0,05
0,00
5250
5500
5750
6000
6250
6500
6750
7000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
0
5200
5400
5600
5800
6000
6200
6400
6600
6800
7000
7200
-1
Nr de onda (cm )
(b)
0
5200
5400
5600
5800
6000
6200
6400
6600
6800
7000
7200
-1
Nr de onda (cm )
(c)
Figura 3.2.37- Sobreposição dos espectros na faixa de 1851 nm até 1428 nm:
a) Transmitância das misturas heterogênea e homogênea de Água destilada com Fluído;
b) Absorbância da mistura heterogênea e Água destilada;
c) Absorbância da mistura heterogênea e Água destilada.
3.2.8
Gasolina comum
3.2.8.1 Resultados
Os hidrocarbonetos são objeto de vastos estudos na área de proteção
ambiental devido à contaminação que provocam. De acordo com OLIVEIRA et al23
(2004), a transmitância das amostras de gasolina com etanol apresentaram-se
100
maiores de 4000 cm-1 a 5000 cm-1, e com o espectro da mistura de gasolina e água
realizado no INMETRO-RJ (figura 3.2.38), nossos estudos foram feitos na faixa de
3000 cm-1 a 5000 cm-1, mas com valores de transmitância bem menores que aqueles
do INMETRO feitos sob condições diferentes das apresentadas neste trabalho e
principalmente utilizando uma espessura muito fina de amostra.
Figura 3.2.38 – Espectros de Transmitância da mistura de água destilada e gasolina na faixa de 10 µm
até 1428 nm feitos no INMETRO-RJ.
As figuras 3.2.39 e 3.2.40 apresentam os espectros das misturas de água
destilada com gasolina em quantidades diferentes e a figura 3.2.41 apresenta o
espectro de transmitância para gasolina comum. A primeira mistura ocupou toda área
de seção reta por onde o feixe passa na cubeta de amostra e na segunda temos uma
faixa acima da gasolina sem amostra. A proposta deste procedimento foi mostrar a
variação da transmitância decorrente da menor quantidade de água atravessada pelo
feixe.
3.2.8.1.1 Água destilada e Gasolina Comum de 3000 a 5000 cm-1
H2O Destilada + Gasolina
H2O Destilada + Gasolina
0,15
0,5
0,14
0,13
Transmitância
Intensidade (mV)
0,4
0,3
0,2
0,12
0,11
0,10
0,1
0,09
0,0
0,08
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.39 – Espectros da mistura de Água destilada (1,25 ml) e Gasolina (0,80 ml) na faixa de 3333
nm até 2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
101
Água destilada (1,25 ml) com Gasolina comum (0,30 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 5mV de 3000 cm-1 a
5000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H2O Destilada + Gasolina
0,50
1,6
0,45
1,4
0,40
1,2
0,35
Transmitância
Intensidade (mV)
H2O Destilada + Gasolina
1,0
0,8
0,6
0,4
0,30
0,25
0,20
0,15
0,2
0,10
0,0
0,05
-0,2
3000
3500
4000
4500
3000
5000
3500
4000
4500
5000
-1
-1
Nr de Onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.40 – Espectros da mistura de Água destilada (0,80 ml) e Gasolina (0,30 ml) na faixa de 3333
nm até 2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
Água destilada (0,80 ml) com Gasolina comum (0,30 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 5mV de 3000 cm-1 a
3975 cm-1, 20mV de 4000 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
3.2.8.1.2 Gasolina Comum de 3000 a 5000 cm-1
Gasolina comum
2,0
Gasolina comum
0,5
1,8
1,6
0,4
Transmitância
Intensidade (mV)
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
3
2
0,3
0,2
0,1
1
0,2
0,0
0,0
-0,2
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.41 – Espectros da Gasolina comum na faixa de 3333 nm até 2000 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
102
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 50mV de 4450 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
3.2.8.2 Discussão
A apresentação de dois espectros para diferentes quantidades de gasolina tem
o propósito de mostrar não só os picos característicos de transmitância para este
contaminante, mas também e segundo OLIVEIRA et al23 (2004) a complexidade
decorrente da mudança de concentração das substâncias na amostra, e que interfere
na relação sinal-ruído, para atingir um objetivo qualitativo ou quantitativo.
Gasolina
H2O Destilada (0.80ml) + Gasolina
H2O Destilada (0.80ml) + Gasolina
H2O Destilada
12
0,5
Absorbância
0,4
Transmitância
Gasolina
11
0,3
10
9
8
7
6
2
0,2
5
4
0,1
3
1
2
2
1
1
0,0
0
3000
3500
4000
4500
5000
3000
-1
Nr de onda (cm )
3500
4000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
4500
5000
(b)
H2O Destilada (1.25ml) + Gasolina
H2O Destilada (1.25ml) + Gasolina
Gasolina
0,5
12
H2O Destilada
11
Gasolina
10
Absorbância
Transmitância
0,4
0,3
9
8
7
6
5
0,2
4
3
0,1
2
1
0,0
0
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(c)
5000
3000
3500
4000
-1
Nr de onda (cm )
4500
5000
(d)
Figura 3.2.42 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a, c) e absorbância (b, d) na faixa de 3333
nm até 2000 nm: (a) gasolina comum e mistura de água destilada (menor quantidade) com gasolina;
(b) mistura de água destilada (menor quantidade) com gasolina, água e gasolina comum;
(c) gasolina comum e mistura de água destilada (maior quantidade) com gasolina;
(d) mistura de água destilada (maior quantidade) com gasolina, água e gasolina comum.
103
A figura 3.2.42a e 3.2.42c mostram a sobreposição entre os espectros de
transmitância da mistura água destilada com gasolina (figuras 3.2.40b) e gasolina
comum (figuras 3.2.41b) onde observamos uma predominância da curva da gasolina
na figura 3.2.42a com a identificação, por exemplo, de um pico característico a 3825
cm-1 (ponto1), e outro a 4625 cm-1 (ponto2).
Na figura 3.2.42c a sobreposição entre os espectros da mistura com mais água
(figuras 3.2.39b) e gasolina comum (figuras 3.2.41b) mostra a queda de transmitância
para mistura devido a maior quantidade de água, mas não é possível inferir picos
característicos da gasolina.
Nas figuras comparativas das absorbâncias (figuras 3.2.42b e 3.2.42d), podese comprovar as considerações feitas para as transmitâncias, observando alguns
pontos característicos da gasolina (1 e 2 na figura 3.2.42b) de forma bem fraca,
demonstrando mais uma conjugação dos valores de absorbância da água e gasolina
isoladamente do que um espectro da água com picos característicos bem definidos.
Com isso tem-se mostrado que nesta faixa de números de onda que vai de
3000 a 4250 uma baixa transmitância da água, e que a quantidade de amostra
atravessada pelo feixe influencia na análise dos resultados, inclusive podendo
dificultar o alcance do objetivo em estudo.
3.2.9
Óleo Lubrificante
3.2.9.1 Resultados
O óleo lubrificante utilizado foi mineral para motores a álcool, gasolina e GNV
do tipo SJ API53 20W50.
Os espectros foram feitos na faixa de 3000 a 5000 cm -1 e deixando uma faixa
vazia acima do óleo, adotando-se o mesmo procedimento das medidas com a
gasolina. Isto é necessário para permitir uma intensidade de sinal melhor, pois nesta
faixa de comprimentos de onda há baixa transmitância da água.
Os espectros de intensidade de transmissão e transmitância e seus dados
relevantes da rotina experimental para a mistura de água destilada com óleo e
somente do óleo estão nas figuras 3.2.43 e 3.2.44.
104
3.2.9.1.1 Água destilada e Óleo lubrificante para motor de 3000 a 5000 cm-1
Água destilada (0,90 ml) com Óleo lubrificante API53 20W50 (0,30 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 2mV de 3000 cm-1 a
3975 cm-1, 20mV de 4000 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H 2O destilada + Óleo Lubrificante
H2O destilada + Óleo Lubrificante
0,5
1,6
0,4
1,4
Transmitância
Intensidade (mV)
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,3
0,2
0,1
0,2
0,0
0,0
-0,2
3000
3500
4000
4500
3000
5000
3500
4000
4500
5000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.43 – Espectros da mistura de Água destilada e Óleo lubrificante na faixa de 3333 nm até 2000
nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.9.1.2 Óleo lubrificante de 3000 a 5000 cm-1
Óleo lubrificante para motor API53 20W50;
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 50mV de 4450 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
Óleo Lubrificante 20W50
Óleo Librificante 20W50
2,5
0,7
2
0,6
0,5
1,5
Transmitância
Intensidade (mV)
2,0
1,0
0,4
0,3
0,2
0,5
0,1
0,0
1
0,0
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.44 – Espectros do Óleo lubrificante na faixa de 3333 nm até 2000 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
105
3.2.9.2 Discussão
O óleo lubrificante é um hidrocarboneto, e também apresentou espectro
semelhante ao encontrado para a gasolina. A figura 3.2.45 traz a sobreposição das
transmitâncias para gasolina comum (figura 3.2.41b) e óleo lubrificante (figura
3.2.44b), onde observamos semelhança no comportamento das curvas e os picos
característicos bastante próximos entre si. Os pontos característicos de transmitância
para a gasolina estão em 3825 cm -1, 4650 cm-1 e 4750 cm-1 (pontos 1, 2 e 3), e para o
óleo lubrificante a 3725 cm-1 (ponto 1), e uma ascensão na transmitância após 4000
cm-1 com pico a 4800 cm-1.
0,6
0,5
0,5
0,4
3
0,3
2
0,2
H2O Destilada
9
8
(4800; 0,44)
0,4
0,3
7
Absorbância
0,6
H2O Destilada + Óleo Lubrificante
H2O Destilada + Óleo Lubrificante
0,7
2
Transmitância
Transmitância
H2O Destilada
Óleo Lubrificante 20W50
Gasolina
0,7
6
5
4
0,2
3
0,1
(3725; 0,07)
0,1
1 1
3000
3500
4000
4500
5000
(3725; 2,56)
2
0,0
0,0
1
3000
-1
Nr de onda (cm )
(a)
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
(4800; 0,81)
0
3000
3500
4000
-1
Nr de onda (cm )
4500
5000
(c)
Figura 3.2.45 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a, b) e absorbância (c) na faixa de 3333 nm
até 2000 nm.
Em: (a) óleo lubrificante e gasolina comum;
(b) água destilada e sua mistura com óleo lubrificante;
(c) água destilada e sua mistura com óleo lubrificante.
A análise comparativa entre os espectros de transmitância para água e mistura
desta com óleo (figura 3.2.45b) permite concluir que:
1. A mistura apresenta transmitância maior em toda faixa de 3000 cm-1 até
5000 cm-1, com os picos do óleo lubrificante identificados na figura 3.2.45a
em 3725 cm-1 e 4800 cm-1;
2. Semelhante ao ocorrido com a gasolina, o espectro de transmitância da
mistura tem predominância de forma para curva do óleo, portanto a
proposta neste caso é mostrar que mesmo divergindo da idéia inicial de
mostrar os contaminantes presentes na água, as taxas de transmitância
alteram proporcionalmente com a quantidade de óleo adicionada à água e o
pico mais aparente para o óleo na mistura a 3725 cm-1 e 4800 cm-1.
A mesma análise pode ser confirmada na observação dos espectros de
absorbância da figura 3.2.45c, com valores mais definidos para os picos do óleo a
3725 cm-1 e 4800 cm-1, mas com a forma de espectro mais próxima para o óleo.
106
3.2.10 Óleo Diesel
Apresentaremos os resultados obtidos com o terceiro contaminante da classe
de hidrocarbonetos e último deste trabalho seguindo a tendência de estudo dos dois
anteriores. Além de mostrar os espectros da mistura óleo e água (figuras 3.2.46 e
3.2.47), vamos mostrar a complexidade para identificar picos de transmitância de um
contaminante em uma mistura heterogênea com água. Segundo OLIVEIRA et al23
(2004), a escolha do método para análise pode influenciar no resultado ou até mesmo
impossibilitar seu alcance.
Portanto, apresentamos os resultados obtidos com a adição gradativa de óleo
diesel em água nas figuras 3.2.49 a 3.2.53, mas sem alcançar uma curva de
diminuição de transmitância proporcional à quantidade de óleo adicionada e utilizando
o seguinte procedimento experimental: o feixe passa pela cubeta de amostra em área
de secção reta com altura de 11 mm, mas de formato irregular com as pontas mais
finas que a parte central (figura 3.2.48a). Como o objetivo aqui é graduar a quantidade
de óleo na água a fim de garantir confiabilidade nestas medidas, reduzimos a região
por onde o feixe passa na cubeta de amostra delimitando com fita isolante de tal forma
que a área de seção ficou retangular, central e com altura de ¼ de polegada (6,35
mm). Montamos uma escala na lateral da cubeta (figura 3.2.48b) em divisões de 116 de
polegada que correspondem a 0%, 25%, 50%, 75% e 100% de óleo diesel sobre a
água destilada.
(a)
(b)
Figura 3.2.46 – Cubeta de amostra e adequações: Em (a) região por onde passa o feixe; (b) alteração
para delimitar a passagem do feixe.
3.2.10.1
Resultados
3.2.10.1.1 Água destilada e Óleo Diesel de 3000 a 5000 cm-1
107
Os espectros foram feitos na faixa de 3000 a 5000 cm-1 e também com uma
faixa vazia acima do óleo na cubeta.
Água destilada (0,90 ml) com Óleo Diesel (0,30 ml);
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 5mV de 3000 cm-1 a
3975 cm-1, 20mV de 4000 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H2O destilada + Óleo Diesel
H2O destilada + Óleo Diesel
1,8
0,6
2
1,6
0,5
1,2
Transmitância
Intensidade (mV)
1,4
1,0
0,8
0,6
0,4
0,3
1
0,2
0,4
0,2
0,1
0,0
-0,2
0,0
3000
3500
4000
4500
5000
3000
3500
-1
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.47 – Espectros da mistura de Água destilada e Óleo Diesel na faixa de 3333 nm até 2000 nm:
Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.10.1.2 Óleo Diesel de 3000 a 5000 cm-1
Óleo Diesel
Óleo Diesel
0,8
2
2,5
0,7
0,6
Transmitância
Intensidade (mV)
2,0
1,5
1,0
0,5
0,4
1
0,3
0,2
0,5
0,1
0,0
0,0
-0,1
3000
3500
4000
4500
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.48 – Espectros do Óleo Diesel na faixa de 3333 nm até 2000 nm: Em (a) Intensidade de
Transmissão; (b) Transmitância.
Óleo Diesel;
108
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 50mV de 4450 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
3.2.10.1.3 Água destilada (100%) e Óleo Diesel (0%)
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 500 µV de 3000 cm-1 a
5000 cm-1, e para cubeta de referência em 50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H20 Destilada 100% e Óleo Diesel 0%
H20 Destilada 100% e Óleo Diesel 0%
0,150
0,020
0,015
Transmitância
Intensidade (mV)
0,125
0,010
0,100
0,075
0,050
0,005
0,025
0,000
.
0,000
3000
3500
4000
4500
3000
5000
3550
3500
-1
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.49 – Espectros da mistura de Água destilada 100% e Óleo Diesel 0% na faixa de 3333 nm até
2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.10.1.4 Água destilada (75%) e Óleo Diesel (25%)
H2O Destilada 75% e Óleo Diesel 25%
0,5
1,0
0,4
0,8
Transmitância
Intensidade (mV)
H2O Destilada 75% e Óleo Diesel 25%
0,3
0,2
0,6
0,4
0,1
0,2
0,0
0,0
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
.
3000
3500
3550
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.50 – Espectros da mistura de Água destilada 75% e Óleo Diesel 25% na faixa de 3333 nm até
2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
109
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 500 µV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 5mV de 4450 cm-1a 5000 cm-1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
3.2.10.1.5 Água destilada (50%) e Óleo Diesel (50%)
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 500 µV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 10mV de 4450 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H2O Destilada 50% e Óleo Diesel 50%
H2O Destilada 50% e Óleo Diesel 50%
0,8
1,0
0,7
0,6
Transmitância
Intensidade (mV)
0,8
0,6
0,4
0,5
0,4
0,3
0,2
0,2
.
0,1
3550
0,0
0,0
-0,1
3000
3500
4000
4500
3000
5000
3500
4000
4500
5000
-1
-1
Nr de onda (cm )
Nr de onda (cm )
(a)
(b)
Figura 3.2.51 – Espectros da mistura de Água destilada 50% e Óleo Diesel 50% na faixa de 3333 nm até
2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.10.1.6 Água destilada (25%) e Óleo Diesel (75%)
H2O Destilada 25% e Óleo Diesel 75%
H2O Destilada 25% e Óleo Diesel 75%
1,4
0,8
1,0
0,6
Transmitância
Intensidade (mV)
1,2
0,8
0,6
0,4
0,4
.
0,2
3550
0,2
0,0
0,0
-0,2
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.52 – Espectros da mistura de Água destilada 25% e Óleo Diesel 75% na faixa de 3333 nm
até 2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
110
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 500 µV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 20mV de 4450 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
3.2.10.1.7 Água destilada (0%) e Óleo Diesel (100%)
As medidas utilizaram fundo de escala do Lock-in em 1mV de 3000 cm-1 a
4425 cm-1, 20mV de 4450 cm-1a 5000 cm -1, e para cubeta de referência em
50mV de 3000 a 5000 cm-1;
H2O Destilada 0% e Óleo Diesel 100%
H2O Destilada 0% e Óleo Diesel 100%
1,8
0,7
1,6
0,6
0,5
1,2
Transmitância
Intensidade (mV)
1,4
1,0
0,8
0,6
0,4
.
0,3
0,2
3550
0,4
0,1
0,2
0,0
0,0
-0,2
-0,1
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(a)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.53 – Espectros da mistura de Água destilada 0% e Óleo Diesel 100% na faixa de 3333 nm
até 2000 nm: Em (a) Intensidade de Transmissão; (b) Transmitância.
3.2.10.2
Discussão
Primeiramente vamos ressaltar através dos gráficos da figura 3.2.55 realizados
no INMETRO-RJ a semelhança dos picos característicos para os três hidrocarbonetos,
gasolina, óleo lubrificante e óleo diesel, principalmente entre 2000 nm e 10 µm quando
realizado sob outras condições experimentais como espessura e sensibilidade.
Os espectros apresentados nas figuras 3.2.41b, 3.2.44b e 3.2.48b da gasolina,
óleo lubrificante e óleo diesel respectivamente também constatam uma semelhança de
transmitâncias entre eles em que podemos observar seus picos a 3825 cm-1, 3725
cm-1 e 3550 cm-1.
111
(a)
(b)
(c)
Figura 3.2.54 – Espectros de Transmitância na faixa de 10 µm até 1428 nm feitos no INMETRO-RJ, das
misturas de: (a) Água destilada e Gasolina Comum; (b) Água destilada e Óleo Lubrificante;(c) Água
destilada e Óleo Diesel.
Portanto a análise da mistura de água destilada e óleo diesel na comparação
das transmitâncias (figura 3.2.55a) e absorbâncias (figura 3.2.55b) apresentam um
pico característico do óleo a 3550 cm-1 e outro em 4850 cm-1 com queda de
transmitância em toda extensão como decorrência da presença da água, confirmando
a tendência prevista pelos hidrocarbonetos antecedentes da forma do espectro
aproximando para o óleo diesel.
H2O Destilada + Óleo Diesel
H20 Destilada
H20 Destilada + Óleo Diesel
0,8
8
0,7
7
(4850; 0,51)
0,5
0,4
0,3
(3550; 0,27)
0,2
Absorbância
0,6
Transmitância
H2O Destilada
9
6
5
4
3
0,1
2
0,0
(3550; 1,61)
1
-0,1
3000
3500
4000
4500
-1
5000
(4850; 0,66)
0
3000
Nr de onda (cm )
(a)
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(b)
Figura 3.2.55 – Sobreposição dos espectros de transmitância (a) e absorbância (b) água destilada e
mistura entre água destilada e óleo diesel na faixa de 3333 nm até 2000 nm.
A comparação das absorbâncias obtidas pelas misturas gradativas, com adição
de óleo à água de 0% a 100% (figuras 3.2.56), nos mostra que os valores de
absorbâncias decrescem de forma não linear com a adição de óleo em água na
amostra contrariando a linearidade da Lei de Lambert-Beer.
112
H20 Destilada 75% e Óleo Diesel 25%
H20 Destilada 100% e Óleo Diesel 0%
H20 Destilada
12
H20 Destilada
12
Absorbância
10
Absorbância
10
8
8
6
6
4
(3550; 4,8618)
4
(3550; 2,6443)
2
2
0
0
3000
3000
3500
4000
-1
Nr de onda (cm )
4500
4500
5000
-1
(b)
H20 Destilada 25% e Óleo Diesel 75%
H20 Destilada 50% e Óleo Diesel 50%
H20 Destilada
H20 Destilada
12
10
Absorbância
10
Absorbância
4000
Nr de onda (cm )
(a)
12
3500
5000
8
6
8
6
4
4
2
2
(3550; 2,0702)
(3550; 1,6126)
0
0
3000
3500
4000
4500
3000
5000
3500
4500
5000
Nr de onda (cm )
(c)
(d)
H20 Destilada 100% + Óleo Diesel 0%
H20 Destilada 0% e Óleo Diesel 100%
H20 Destilada
12
4000
-1
-1
Nr de onda (cm )
H20 Destilada 75% + Óleo Diesel 25%
12
H20 Destilada 50% + Óleo Diesel 50%
H20 Destilada 25% + Óleo Diesel 75%
H20 Destilada 0% + Óleo Diesel 100%
10
Absorbância
Absorbância
10
8
6
4
H20 Destilada
8
6
4
2
2
(3550;1,3959)
0
0
3000
3500
4000
4500
-1
Nr de onda (cm )
(e)
5000
3000
3500
4000
4500
5000
-1
Nr de onda (cm )
(f)
Figura 3.2.56 – Sobreposição dos espectros de absorbâncias da água destilada e da mistura entre água
destilada e óleo diesel na faixa de 3333 nm até 2000 nm desde 0% até 100% de óleo (a até e) e todas
juntas (f).
113
Os limites operacionais nos impediram de buscar resultados que pudessem
manter a linearidade da Lei de Beer, dentre elas a de diminuir a concentração de óleo
em água, mas os resultados mostraram três considerações importantes:
1. Em todas as amostras de misturas heterogêneas (com gasolina, óleo
lubrificante e diesel), houve menos identificação de picos característicos de
contaminantes na água e mais predominância da curva do contaminante, mas
com diminuição da transmitância quando na mistura com água;
2. A quantidade de óleo adicionado ainda é muito grande aumentando a
concentração e afetando a absortividade;
AUMENTO DE ABSORBÂNCIA A 3550 cm-1
Quantidade percentual
zero
25
50
75
de óleo acrescido
Absorbância
4,8618
2,6443
2,0702
1,6126
100
1,3959
Tabela 3.2.1 – Valores de absorbância com aumento percentual de óleo adicionado.
3. Estes resultados mostram que é possível verificar somente aumento nos
valores de transmitância com a diminuição da quantidade de água, mas esta
metodologia não permitiu um monitoramento que vinculasse aumento de
transmitância com aumento deste contaminante, provando que a faixa
escolhida
para
estudo
não
é
adequada
para
contaminantes
como
hidrocarbonetos que têm alta transmitância nesta região.
4. Concluindo, não observamos que os picos característicos tivessem aumento
considerável de transmitância com adição de contaminante e sim um aumento
geral na transmitância somente pelo fato da diminuição na quantidade de água.
Caso contrário, observaríamos que os valores dos picos de transmitância
característicos dos contaminantes cresceriam em escala logarítmica com a
adição deste, e em sua transformação para absorbância cresceriam
linearmente.
A tabela 3.2.1 mostra os valores progressivos de absorbância em função da
quantidade percentual de óleo atravessada pelo feixe em 3550 cm -1 (2817 nm), e onde
observamos que não há uma linearidade no aumento da absorbância.
114
Capítulo IV
Conclusão
Inicialmente idealizamos apresentar resultados de contaminantes presentes na
água que têm seus nomes incluídos nas listas de monitoramento das estações de
proteção ambiental (EPA) como cianotoxinas e metais pesados, mas os limites
impostos pelo aparato científico disponível conduziram esta pesquisa para outras
substâncias convergentes com a realidade experimental.
Antes desta proposta de identificar picos de absorção ou emissão
característicos, houve a necessidade de adequar, calibrar e afinar o aparato para que
suas respostas corroborassem com resultados conhecidos e então atingir o objetivo de
pesquisa científica.
Os resultados apresentados neste trabalho têm uma seqüência que se inicia
com a confirmação do espectro de transmitância da água, buscando a identificação de
picos característicos de cloro, potássio fosfato monobásico, nitrato de sódio, álcool
etílico hidratado, cetona, fluído para freio, gasolina, óleo lubrificante e óleo diesel ou
diferenças significativas com água ultrapura e do Lago Batata.
Os picos de transmitância apresentados para o espectro de água da torneira
em 4550 cm-1, 6000 cm-1 e 8000 cm -1 convergiram para os valores que esperávamos
alcançar baseados na referência, apesar de divergências experimentais, mostrando
que a tarefa inicial de afinar o equipamento para realizar espectros confiáveis foi
alcançada.
O próximo objetivo foi comparar os espectros de transmitância das águas de
torneira e destilada visando identificar picos diferenciais entre eles. A composição da
água potável é bastante diversificada e sabemos que são adicionadas algumas
substâncias desinfetantes, como o cloro.
Desta comparação entre os espectros de água destilada e torneira não
identificamos picos diferenciais entre as duas águas, mas confirmamos os mesmos
picos atingidos para a água de torneira (3050 cm-1, 4550 cm-1, 6000 cm-1 e 8000 cm-1)
e a confiabilidade do equipamento. Porém, não observamos diferenças significativas
de absorbância que comprovassem alguma turbidez.
Os espetros da água ultrapura e do lago Batata também não apresentaram
picos diferenciais, mas somente valores diferentes de transmitância.
Prosseguindo pela coerência de raciocínio, a seguir foram feitos espectros de
transmitância de substâncias cuja presença nas águas potável e de esgoto doméstico
são conhecidas como antropogênicas: cloro ativo, nitrito de sódio e potássio fosfato
monobásico.
Mesmo em
misturas
saturadas
não foram
identificados
picos
115
característicos das substâncias na água destilada, inclusive para as faixas que
apresentaram resultados no INMETRO-RJ.
Os estudos feitos com álcool etílico hidratado combustível e de uso domestico
atingiram o objetivo proposto de identificar seus picos de transmitância característicos.
Adotou-se um só álcool para discussão dos resultados em virtude de ambos os álcoois
terem seus picos com valores idênticos em comprimento de onda.
Identificamos seus picos característicos dentro da faixa de 5400 cm-1 a 7000
cm-1 após varrer por toda faixa de estudo. O deslocamento dos picos da água de 5575
cm-1 (“shoulder”) para 5525 cm-1 e 6000 cm -1 para 6075 cm-1, com aparecimento de
outros picos característicos a 5675 cm-1, 5775 cm-1, 5900 cm-1 e 5950 cm-1, e também
um de absorbância característico em 6950 cm-1, comprovaram a presença do álcool
etílico na água.
Por analogia das funções químicas, os espectros realizados com a propanona e
o fluído de freio (mistura de glicóis) apresentaram resultados satisfatórios e bem
próximos ao do álcool.
Para a propanona e na mesma faixa de estudo, de 5400 cm-1 a 7000 cm-1,
obtivemos um pico de transmitância em 5925 cm-1 e de absorbância em 6950 cm-1,
assim como alcançado para o álcool.
O fluído de freio apresentou picos característicos em dois tipos de
espectroscopia, uma feita em mistura heterogênea e outra homogênea. Na
heterogênea foram identificados pontos a 5800 cm-1, 6425 cm-1 e 6525 cm-1, além de
um perfil de curva de transmitância mais próximo do fluído. A mistura homogênea
apresentou pico de transmitância em 6050 cm-1, e uma ascensão mais linear que o
etanol entre 5650 cm -1 e 5950 cm-1.
No estudo dos contaminantes, gasolina, óleo lubrificante e diesel, observamos
que nesta faixa de espectro (3000 cm-1 a 5000 cm-1) há muita absorbância da água
produzindo a presença de vários valores de transmitância decorrentes dos
contaminantes. Apesar das curvas terem perfis mais semelhantes ao do contaminante,
foi possível identificar alguns picos característicos mais aparentes.
Na gasolina identificamos dois pontos característicos a 3825 cm-1 e 4625 cm-1;
no óleo lubrificante este pico de transmitância está a 3725 cm-1, mas uma
característica interessante que ocorre antes de 4500 cm-1 em que a transmitância da
mistura é maior que do óleo puro.
No óleo diesel, identificamos o principal pico de transmitância do óleo diesel na
mistura com a água em 3550 cm-1, e também fizemos a leitura dos valores de
transmitância para uma mistura com três valores diferentes da quantidade de óleo
diesel sobre a água e mostramos a complexidade de estudo com espectroscopia
116
quando da escolha da metodologia e dos aparatos experimentais. A área atravessada
pelo feixe foi dividida de tal forma a termos ¼, ½ e ¾ de óleo, além de espectro da
água
(0% de óleo) e espectro do próprio óleo (0% de água). Desta forma não
obtivemos uma proporcionalidade linear de absorbância ou uma curva exponencial
para a transmitância em função da quantidade de óleo adicionada.
Estes valores alcançados, bem como os comportamentos vistos para
contaminantes com baixo nível de diluição em água, como fluído de freio, gasolina,
óleo lubrificante e óleo diesel mostraram a complexidade quando as amostras não são
homogêneas, principalmente porque comprovam o cuidado que devemos tomar em
relação a dois aspectos da montagem experimental, ou seja, segundo OLIVEIRA et
al23 (2004) e também a teoria da lei de Beer, estes fatores podem dificultar ou até
mesmo impedir o alcance de objetivos. Soluções mais concentradas podem afetar a
distribuição de cargas das espécies vizinhas, variando a absorção em determinado
comprimento de onda e provocando o desvio da lei. E também amostras com
concentração elevada alteram o índice de refração da solução, afetando a
absortividade e, portanto interferindo na linearidade. A faixa para estudo é o fator mais
importante, pois substâncias com alta transmitância não vão apresentar picos
característicos, como ocorreu nas amostras com acréscimo gradativo de óleo diesel.
Na verdade o que observamos foi aumento de transmitância geral em decorrência da
diminuição da quantidade de água ao adicionarmos óleo.
Finalmente, podemos inferir que procedimentos experimentais inadequados ou
restritos contribuem para o desvio de um objetivo (por exemplo – quantitativo), mas
corroboram com a literatura quanto à escolha de faixa espectral adequada, efeitos
indesejáveis decorrentes de misturas heterogêneas e concentrações mais altas que
afetam a linearidade da Lei de Lambert-Beer.
Contudo, alcançamos mais do que o objetivo inicial de identificar alguns
contaminantes ou poluentes presentes na água e confirmar espectros conhecidos,
mas mostramos que os processos de monitoramento ambiental dos contaminantes
despejados nos afluentes do Rio Paraibuna, nos lençóis freáticos ou reservatórios de
água potável da região através da descarga indevida em postos de gasolina, e
indústrias da nossa região são possíveis e que a escolha adequada na metodologia é
importante para os próximos trabalhos ecológicos utilizando espectroscopia de
absorção e emissão.
117
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2
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Identificação de Contaminantes Contidos por Espectroscopia