A ESTÉTICA BARROCA
Expressão artística do homem
seiscentista
Contexto histórico da época:
1- Crise do Renascimento:
- Reforma Luterana ( denúncia sobre a venda de
indulgências ) – 1517
- Invasão de Roma ( por tropas francesas e
espanholas ) – 1527
- Milhões de europeus abandonam a religião
católica.
2- Contra Reforma:
- Concílio de Trento – 1545
- Volta da Inquisição
- Volta do Index
Como isso se reflete na arte?
•
•
•
•
•
•
•
Movimento marcado pela dúvida
Arte repleta de contrastes
Jogo de luz e sombra
Riqueza de detalhes
Temática religiosa
Irregularidade e falta de harmonia
Conflito entre os prazeres corpóreos e a as
exigências da alma
VEJA A
DIFERENÇA!
A Monalisa de
Leonardo da Vinci
e a Pietá de
Michelângelo.
Duas
representações
típicas do
Renascimento.
Êxtase de Santa Teresa
de Bernini
Expressão que
mistura dor e prazer,
representando o
conflito da estética
barroca.
E por falar em
escultura...
...dê só uma olhada:
Qual dos dois
é
barroco?
DAVID - Michelângelo
DAVID - Bernini
ALGUNS EXEMPLOS DE
PINTURAS BARROCAS:
The
Conversion
of St. Paul
By CARAVAGGIO
Testa di
Medusa
By
CARAVAGGIO
Las Meninas
By VELASQUEZ
Marcos iniciais do Barroco
literário:
Em Portugal:
- 1580 – Domínio Espanhol – D. Felipe II
Morte de Camões
principal autor: Pe. António Vieira
No Brasil:
- 1601 – Prosopopéia de Bento Teixeira
principal autor: Gregório de Matos Guerra
Como está a situação no Brasil?
•
•
•
•
•
Dominação total da Inquisição européia.
Clima intenso de repressão
Pouco espaço para o desenvolvimento da literatura
A Bahia é o local mais importante da colônia
O Barroco vai se destacar nas artes plásticas
brasileiras, muito mais tarde, durante o século
XVIII
• As igrejas barrocas brasileiras (inicialmente em
Salvador) são importantes locais de encontros dos
senhores de engenho, além de representarem a luta
dos jesuítas para o ensino da religião.
Umas das 365 igrejas de Salvador Interior de igreja em Ouro Preto
Interior da Catedral da Sé no Rio de Janeiro
Detalhe da Catedral onde D.PedroI foi coroado Imperador do Brasil
As duas tendências do barroco
literário:
CULTISMO
Jogo de Palavras
Figuras de Linguagem
Sensualidade
Culto da forma
CONCEPTISMO
Jogo de Idéias
Textos mais simples
Fundo religioso
Raciocínio lógico
EXEMPLOS DE
TEXTOS
BARROCOS:
CULTISTA OU CONCEPTISTA?
Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente:
Ser Angélica flor, e Anjo florente
Em quem, senão em vós, se uniformara?
Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente?
A quem um Anjo vira tão luzente
Que por seu Deus o não idolatrara?
Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.
Mas vejo que tão bela, e tão galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda
Poesia amorosa – Gregório de Matos
Trechos do Sermão da Sexagésima
(...)“Fazer pouco fruto a palavra de Deus
no Mundo, pode proceder de um de três
princípios: ou da parte do pregador, ou da
parte do ouvinte, ou da parte de Deus.
Para uma alma se converter por meio de
um sermão, há-de haver três concursos:
há-de concorrer o pregador com a
doutrina, persuadindo; há-de concorrer o
ouvinte com o entendimento, percebendo;
há-de concorrer Deus com a graça,
alumiando. Para um homem se ver a si
mesmo, são necessárias três coisas: olhos,
espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não
se pode ver por falta de olhos; se tem
espelho e olhos, e é de noite, não se pode
ver por falta de luz.
Logo, há mister luz, há mister espelho e há mister olhos. Que coisa
é a conversão de uma alma, senão entrar um homem dentro em si e
ver-se a si mesmo? Para esta vista são necessários olhos, é
necessária luz e é necessário espelho. O pregador concorre com o
espelho, que é a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça;
o homem concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora
suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende
destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual
deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte, ou por
parte do pregador, ou por parte de Deus?”(...)
(...) Já que falo contra os estilos modernos, quero alegar por mim o
estilo do mais antigo pregador que houve no Mundo. E qual foi
ele? -- O mais antigo pregador que houve no Mundo foi o céu.
Coeli enarrant gloriam Dei et opera manuum ejus annuntiat
Firmamentum -- diz David. Suposto que o céu é pregador, deve de
ter sermões e deve de ter palavras. Sim, tem, diz o mesmo David;
tem palavras e tem sermões; e mais, muito bem ouvidos. Non sunt
loquellae, nec sermones, quorum non audiantur voces eorum.
E quais são estes sermões e estas palavras do céu? -- As palavras
são as estrelas, os sermões são a composição, a ordem, a harmonia
e o curso delas. Vede como diz o estilo de pregar do céu, com o
estilo que Cristo ensinou na terra. Um e outro é semear; a terra
semeada de trigo, o céu semeado de estrelas. O pregar há-de ser
como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.
Ordenado, mas como as estrelas: Stellae manentes in ordine suo.
Todas as estrelas estão por sua ordem; mas é ordem que faz
influência, não é ordem que faça lavor. Não fez Deus o céu em
xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez
de palavras. Se de uma parte há-de estar branco, da outra há-de
estar negro; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer
sombra; se de uma parte dizem desceu, da outra hão-de dizer subiu.
Basta que não havemos de ver num sermão duas palavras em paz?
Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário?
Aprendamos do céu o estilo da disposição, e também o das
palavras. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim háde ser o estilo da pregação; muito distinto e muito claro.”(...)
VIEIRA CULTISTA OU
CONCEPTISTA?
Estrutura básica dos Sermões:
•
•
•
•
Intróito – apresentação do tema a ser debatido
Invocação – oração geralmente à Nossa Senhora
Argumentação – corpo do Sermão com exemplos
Peroração – conclusão final
•Defende e busca o conceptismo
•Utiliza muitas figuras de linguagem
•Estilo fortemente persuasivo
•Cita trechos da Bíblia em Latim
CULTISTA OU CONCEPTISTA?
Pequei, Senhor: mas não porque hei pecado,
de vossa alta clemência me despido:
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
a abrandar-vos sobeja um só gemido:
que a mesma culpa, que vos há ofendido,
vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
glória tal e prazer tão repentino
vos deu, como afirmais na Sacra história:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
perder na vossa ovelha a vossa glória.
Gregório de Matos – poesia religiosa
Boca do Inferno?
Se Pica-flor me chamais,
Pica-flor aceito ser,
mas resta agora saber,
se no nome, que me dais,
meteis a flor, que guardais
no passarinho melhor!
se me dais este favor,
sendo só de mim o Pica,
e o mais vosso, claro fica,
que fico então Pica-flor.
Poesia satírica – Gregório de Matos
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa.
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa:
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa,
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Poesia de crítica social – Gregório de Matos
Gregório de Matos Guerra
• Obra marcada pelo contraste.
• Escreveu poemas extremamente diferentes.
• Também conhecido como Boca do Inferno, pela
forte tendência satírica e pornográfica.
• Foi o primeiro poeta brasileiro importante.
• Contribuiu para a maturidade da língua
portuguesa do Brasil.
• Muito voltado para o seu tempo e crítico com
relação à colonização.
• Acabou sendo exilado e impedido para sempre de
pisar em solo baiano.
E para terminar...
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Poesia filosófica –
Gregório de Matos Guerra
Download

Material - Blog do Mauricio