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Alternativo - [email protected]
O Estado do Maranhão - São Luís, 14 de junho de 2015 - domingo
Fotos/Divulgação
“É surpreendente
para o público,
porque há 15
anos ele nos viu
fazendo tia e
sobrinho. Então,
esta relação de
casal é mais
um ingrediente”
Marieta Severo, atriz,
sobre a aceitação do
público do casal com
Reynaldo Gianecchini
Flip
Posse
As historiadoras Lilia Moritz Schwarcz e
Heloisa Starling participarão de uma mesa
extra na 13ª Flip (Festa Literária
Internacional de Paraty). A organização
anunciou quarta-feira (10) o adendo à
programação do evento, que acontece de
1º a 5 de julho. Autoras do livro Brasil: Uma
Biografia, Schwarcz e Starling vão uma
síntese de 500 anos da história do país a
partir de um roteiro de imagens no dia 3 de
julho, às 13h30. No dia seguinte, a partir das
14h30, Lilia e Heloisa participarão da mesa
"O Brasil na Sala de Aula".
O músico Turíbio Santos tomará
posse na próxima quarta-feira,
dia 17, na Academia
Maranhense de Letras (AML). A
cerimônia de posse ocorre às
19h e a recepção será pelo
acadêmico Sebastião Moreira
Duarte. Turíbio Santos foi eleito
ano passado para a cadeira 28.
Radicado no Rio de Janeiro
desde criança, Turíbio Santos mantém estreita relação com São Luís,
cidade que visita sempre. Com mais de 40 discos gravados, editou
partituras de João Pernambuco, Garoto e Dilermano Reis. Criou a
Orquestra de Violões do Rio de Janeiro.
Hoje é dia de...
Os beija-flores e a notícia na televisão
Ivan Sarney
J
á faz algum tempo, a televisão Mirante nos
brindou a todos, com um momento de rara
beleza telúrica, de pura e comovente poesia
natural, em pleno noticiário do seu jornal de meio
dia. Foi como um banho de água fria e límpida, no
meio de uma manhã quente, tensa por tantas notícias de crimes e pretensos criminosos, por tantas
coisas graves que degradam o ser humano e nos
enchem de inquietação com o dia de amanhã.
A cena mostrava, com um senso de oportunidade poucas vezes revelado em nossas emissoras
de televisão, um ninho de beija-flores, com dois filhotes recém-nascidos e seus orgulhosos pais, pousando de sentinelas. O ninho estava onde esteve,
por muito tempo, sobre o tronco de uma mangueira, na densa área verde do extinto restaurante Ronco do Mar, às portas da praia de São Marcos.
Como foi belo, como foi bom, termos sido contemplados com aquela cena tão especial, de tão
grande sentido poético e telúrico, no meio de tanta notícia desabonadora para o ser humano. Estava em casa, preparando-me para o almoço, quando vi aquelas cenas comovedoras, por seu significado natural, serem estampadas num jornal da televisão, onde sempre estão presentes as notícias
mais dramáticas, mais duras e mais degradantes
para o ser humano; mais sensacionalistas, para os
interesses e equívocos das reportagens nacionais
da televisão.
O texto falava de algo raro e belo, em meio aos
cotidianos acontecimentos que o noticiário exibe,
aos olhos perplexos de uma sociedade cada vez
mais intimidada e impotente, ante as ações de sombra sobre as hostes da luz. Chamava a atenção para os dois filhotes, dentro do ninho, mostrando-os
com suave ternura; realçando o paciente orgulho
de seus pais, sentinelas cuidadosos e complacentes, com a presenças de estranhos olhos de curiosidades, do objeto câmera e da equipe de reporta-
gem que ali estava.
Para completar o banho de água fria, mas com
imensa graça e delicadeza, a reportagem foi feita
por uma repórter, com toda a extremada sensibilidade de sua alma feminina.
Tal fato, para mim, está cheio de relevância, por
inserir algo novo e edificante, dentro de algo que
tem sua fórmula já definida, integrando sua personalidade construtiva, que é o jornalismo de televisão. A mesma fórmula que já nos embotou a tolerância e nos elevou a graus extremos de reprova-
imagens do noticiário da televisão. Quase sempre
para mostrar a miséria, a desgraça, o infortúnio, a
destruição.
Esta crônica tem, portanto, o sentido de congratular-me com os que fizeram e fazem o jornalismo da Mirante, estimulando-os a prosseguirem
com matérias como essa, que parecem amenidades, mas não o são. São verdadeiros oásis de humanismo, de poesia, de filosofia, de reflexão branda e singela para todos os que as vêm, ajudando a
construir um novo otimismo, uma nova esperan-
Como foi belo, como foi bom, termos
sido contemplados com aquela cena tão
especial, de tão grande sentido poético e
telúrico, no meio de tanta notícia
desabonadora para o ser humano
ção, por tudo o que exibe de degradante, de desabonador, de chocante, de pura exortação à descrença do homem, como espécie animal.
A cenas que o jornal exibiu estavam cheias de
uma profunda ruptura com esse tipo de noticiário,
com essa fórmula de fazer jornalismo, com esse hino de negativismo que é o noticiário da televisão
brasileira, até onde podemos perceber.
Essa me parece uma grande contribuição que o
jornalismo televisionado do Maranhão oferece ao
país, mostrando que tem olhos para ver outras realidades que nos circundam e que são construtivas
para o ser humano, por elevar-nos a todos e nos fazer enternecer, no aconchego de nossos lares, nos
ambientes de nossos trabalhos, onde entram as
ça no coração do homem, para com os nossos destinos e nosso futuro.
Por que os noticiários da televisão, das rádios,
dos jornais, têm que ser sensacionalistas? Por que
têm que ser degradantes, para com a condição humana? Por que têm que estar a serviço do pessimismo, da descrença no homem, como a mais bela de
todas as criações divinas? Por quê? Será que só a degradada condição humana consegue vender noticiário, motivar audiências elevadas?
A resposta de hoje pode até ser sim, porque esses são os padrões gerais de agora. Mas a resposta do amanhã pode ser não, se outros forem os
padrões adotados, semelhantes a essa postura, a
essa forma de ver a realidade, que nos brindou
com aquela notícia singela, como algo de muita
importância para todos nós. E de fato, era e é uma
notícia muito importante para todos nós, sim. O
nascimento de dois novos beija-flores, que são
tão especiais no reino da fauna brasileira; que vão
fecundar as flores; que vão adornar a beleza das
manhãs e das tardes de estio, como o fizeram em
minha infância; que vão estender a poesia aos olhos de justos e injustos.
Guardei a emoção que aquela reportagem me
causou na alma, sabendo o quanto de bom e belo
ela produziu na alma de todos os que a viram, e que
estão querendo um jornalismo menos violento, mais
respeitoso e comedido com a condição humana,
mais estimulante para com as coisas que são construtivas para a nova sociedade, mais atento para as
mudanças que o mundo está sofrendo, em torno de
nós, diante de nossos olhos, a todo momento, nos
alertando para o fato de que toda a vida na Terra é
movimento, como todo o sistema solar é movimento; como a energia que faz as forças centrífugas e
centrípetas dos corpos celestes é movimento; como
Deus, que é energia difusa, é movimento.
Que boa nova o jornalismo nos trouxe, pelos olhos e pela sensibilidade aguçada de uma de suas
repórteres! Que boa nova a televisão nos deu, mostrando que nem tudo é destruição e desesperança
em torno de nós! Que boas novas a natureza e os
homens nos dão, a cada momento, e que infelizmente, não aparecem na televisão.
Depois daquele momento especial, estamos esperando que a cada novo dia, o jornalismo da televisão possa nos brindar com outras notícias como
essa, e ajude a reacender, na alma de cada cidadão,
uma esperança a mais, um sentimento de otimismo, de beleza, de pureza e valorização do singelo,
do sutil, do necessário, criando condições para uma
vida melhor, aqui na Terra. Amar a cidade é se enternecer com a natureza. É preciso amar a cidade.
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