PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS PORTUGUESAS PUXAM PELA NOSSA ECONOMIA
Nº 152 › Mensal › Maio 2015 › 2.20# (IVA incluído)
Tawfiq Bin Fawzan
Al-Rabiah
Ministro do Comércio e Indústria
da Arábia Saudita
João Franco
Presidente dos Portos de Sines
e Algarve
Ricardo Lobo
Administrador do Grupo RLobo
Avaliação
imobiliária é
uma mais-valia
para o País
Jorge Ferreira Mendes e Jorge Pedro Ferreira
Mendes, administradores da Mencovaz,
empresa com sede no Taguspark, em Porto
Salvo, sublinham a enorme importância para
a sustentabilidade da economia e do sector
imobiliário da avaliação imobiliária, onde a
sua empresa distingue-se no concorrencial
mercado português
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 1
› HEAD
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2 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
Portugal precisa
de uma afirmação Global
O mês de Abril ficou marcado pela vinda a Lisboa de importantes personalidades internacionais, e cuja agenda esteve marcada pelo tom económico
e empresarial, sem prejuízo da afirmação e reforço das relações políticas
com os países de cada um desses signatários. Do Brasil veio o Vice-Presidente (Michel Temer) e o Governador de Goiás (Marconi Perillo), de
Marrocos veio o Primeiro-Ministro (Abdelilah Benkiran), de França veio o
Primeiro-Ministro (Manuel Valls) e da Arábia Saudita veio o Ministro do
Comércio e Indústria (Tawfiq Bin Saad Al Rabiah).
Com todas as personalidades foram celebrados acordos para desenvolver
as relações económicas e empresariais e, em vários casos, também foram
assinados memorandos nos domínios educacional, científico e tecnológico, além do turismo e saúde.
Curiosamente, ou talvez não, apenas uma dessas personalidades internacionais (o primeiro-ministro francês) não veio de fora do continente europeu. Provavelmente aconteceu por mera circunstância, mas reflecte a
necessidade de Portugal diversificar e ampliar o seu espaço internacional à
escala global, pois se é certo que a Europa continua, e continuará, é preciso
sublinhá-lo, a constituir o principal espaço de relacionamento económico
do nosso país, também é certo que, cada vez mais, Portugal tem de se afirmar em cada vez mais geografias internacionais, muitas delas bastante
distantes entre si.
No fundo, se há cerca de quinhentos anos fomos percursores da moderna
internacionalização à escala global, a economia portuguesa precisa hoje de
assumir esse legado de forma completa e partir em busca do seu espaço
em cada uma das geografias do mundo, com a certeza de que se não lutarmos pelo nosso espaço, se não formos capazes de competir e de vencer no
mercado global, outros ocupação a posição que poderia ou deveria caber
ao nosso país.
Portugal está numa posição muito qualificada para ocupar um espaço incomensuravelmente superior ao que presente ocupa na economia brasileira, mas precisa que as nossas empresas e os nossos decisores económicos
e políticos sejam muito mais activos do que têm sido. E é preciso encontrar
de forma mais acentuada interlocutores que no mercado brasileiro possam ajudar as nossas empresas a desempenharem um papel que deve ser
positivo para o desenvolvimento da economia brasileira.
No mundo árabe, são as nossas empresas que deverão ter uma atitude
de maior proactividade, darem a conhecer as suas valências, produtos e
serviços, no fundo, a mostrarem o melhor que possuem, e que em grande
parte ainda é bastante desconhecido na região. Porque potencialidades,
oportunidades e necessidades, existem muitas por lá.
JORGE GONÇALVES ALEGRIA
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 3
Índice
Grande Entrevista
Jorge Ferreira Mendes, Administrador da
Mencovaz, não têm dúvidas em sublinhar
que a empresa que dirige desde o principal edifício do Taguspark é uma das principais empresas de avaliação imobiliária
que existe em Portugal. Profundo conhecedor do mercado desde 1972, fundou a
Mencovaz em 2008, e fruto do know how
e da experiência acumulada ao longo
de mais de quatro décadas de empenho
numa profissão altamente exigente, tem
merecido o reconhecimento do mercado nacional e de alguns dos principais
players portugueses, incluindo das principais instituições financeiras do país.
pág. 26 a 31
Ainda nesta edição…
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Grande Plano
Aicep Global Parques tem nova administração
Reinaldo Teixeira e Luís Lima compraram a Preditur
Inaugurado o Ericeira Business
Vice-Presidente do Brasil esteve em Lisboa
Governador quer empresas portuguesas em Goiás
Cafés Negrita uma história de sucesso no café
Inovazul dá acesso à Internet a populações remotas
Vinhos do Dão com mais promoção
Vila Galé inaugurou hotel em Évora
Vivafit investe no Bahrain e na Polónia
Armando Cunha ganha obra em Cabo Verde
Vista Alegre cresce no Brasil e melhora resultados
4 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
A vinda a Portugal do Ministro do Comércio e Indústria da Arábia Saudita, Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah,
constituiu um momento importante numa etapa de desenvolvimento e crescimento das relações económicas e
empresariais entre os dois países, apostados em passar
para um patamar diferente de relacionamento, visto
que as potencialidades das duas economias configuram
todas as possibilidades de se aprofundarem as trocas
comerciais e de investimento entre Portugal e a Arábia
Saudita. Nesta edição, além do resumo das principais
conclusões da reunião da 2ª Comissão Mista, destaque
também para a entrevista de Osama Amin, CEO da empresa do Príncipe Turki Bin Saad Al-Saud, bem como de
Rodrigo Ryder, Presidente da CCILS.
pág. 06 a 23
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 5
› GRANDE PLANO
Vice Primeiro-Ministro português e Ministro do Comércio e Indústria saudita querem ligações
aéreas directas entre os dois países e selaram acordo para evitar a dupla tributação
Portugal e Arábia
Saudita querem
ficar mais próximos
No final da reunião da 2ª Comissão Mista entre responsáveis governamentais e sectoriais
de Portugal e da Arábia Saudita, que se realizou em Lisboa, foram assinados um
conjunto de acordos entre os dois países, sendo de realçar o acordo que estabelece o
fim da dupla tributação no comércio entre os dois países, bem como o protocolo para o
estabelecimento no futuro de uma linha aérea directa entre Lisboa e Riade, condição
considerada fundamental para incrementar o relacionamento económico e turístico
entre Portugal e a Arábia Saudita. Paulo Portas, Vice Primeiro-Ministro português, e
Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, Ministro do Comércio e Indústria saudita, chefiaram as
delegações dos respectivos países, tendo mostrado nas declarações finais um forte
optimismo quanto à existência de condições para incrementar de forma substancial o
relacionamento luso-saudita, não apenas na área económica e empresarial, mas também
nos sectores do turismo, cooperação científica e no ensino superior, bem como na saúde
mo período do ano passado. No entanto, é
preciso sublinhar a evolução muito positiva das exportações portuguesas de serviços, que passaram de apenas 14,6 milhões
de euros em 2013 para um valor de 62,7
milhões de euros em 2014, um acréscimo
de 330,2%. O total exportado no ano pas-
sado pelas empresas portuguesas para o
mercado saudita foi de 175,5 milhões de
euros, um aumento de 5,6% face a 2013.
De referir que o principal sector exportador português foram os minérios e minerais, com uma quota de 31% do total
das exportações portuguesas. De referir,
ainda, que em 2013 eram 365 o número
de empresas portuguesas que exportaram
para a Arábia Saudita.
No que respeita às importações portuguesas de bens da Arábia Saudita, registaram
um crescimento em 2014 (785,4 milhões
de euros) face a 2013 (695,3 milhões de
e nas áreas culturais.
| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELO GABINETE DO VPM, DA EMBAIXADA DA ARÁBIA SAUDITA EM PORTUGAL,
TEXTO › JORGE ALEGRIA
U
BEM COMO PELA CORTESIA DA COMUNIDADE ISLÂMICA DE LISBOA
ma delegação interministerial
saudita composta por cerca de
trinta membros e chefiada pelo
Ministro do Comércio e Indústria Tawfiq
Bin Fawzan Al Rabiah, esteve no início da
Abril em Portugal para participar na reunião da 2ª Comissão Mista entre os dois
países, e cuja delegação portuguesa foi liderada pelo Vice Primeiro-Ministro Paulo
Portas. Esta reunião surgiu na sequência
do primeiro encontro formal que decorreu a 2 de Abril do ano passado em Riade,
e que foi então considerado um passo fundamental para o incremento das relações
económicas e empresariais entre Portugal
e a Arábia Saudita.
Depois do encontro que reuniu as duas
delegações no Palácio Foz em Lisboa,
registou-se a assinatura de diversos acordos, o mais importante sem dúvida o que
6 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
acaba com a dupla tributação nas relações
comerciais entre empresas dos dois países, acordo que foi assinado por Tawfiq
Bin Fawzan Al Rabiah pelo lado saudita,
e por Paulo Núncio, Secretário de Estado
dos Assuntos Fiscais, pela parte portuguesa. Este acordo protege também os investimentos que os empresários de cada país
estabeleçam no outro, elemento de confiança e considerado de importância fulcral para o desenvolvimento de negócios
e investimentos entre Portugal e a Arábia
Saudita.
Aliás, nesta matéria, Paulo Portas na ocasião do seu discurso lembrou que a Arábia
Saudita é uma das vinte maiores economias mundiais, sendo mesmo o maior
produtor mundial de petróleo, «pelo que
constitui uma economia com forte capacidade de investimento no exterior, assim
como possui um mercado interno em
forte crescimento, situação propícia para
o aumento das exportações portuguesas
para aquele mercado», lembrou o Vice
Primeiro-Ministro.
Exportações portuguesas
diminuíram em 2014
No entanto, se verificarmos a evolução
recente das exportações portuguesas de
bens para a Arábia Saudita, elas atingiram um pico máximo em 2013, quando
atingiram os 151,6 milhões de euros, mas
diminuíram para apenas 112,7 milhões de
euros em 2014.
Já nos dois primeiros meses do corrente
ano, as exportações nacionais para o mercado saudita, atingiram os 17,1 milhões
de euros, uma queda de 17,1% face aos
24,2 milhões de euros exportados no mes-
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 7
› GRANDE PLANO
euros), liderados pela importação de petróleo. Já a importação de serviços do
mercado saudita por empresas portuguesas atingiram no ano passado o valor de
121,6 milhões de euros. Ou seja, em 2014,
a Arábia Saudita exportou para Portugal
um total de bens e serviços na ordem dos
907 milhões de euros.
É ainda de mencionar que a Arábia
Saudita constitui o 13º fornecedor da
economia portuguesa, enquanto Portugal
é apenas o 44º fornecedor do Reino
liderado pelo Rei Salman Al-Saud.
8 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
É preciso ligação aérea directa
Reconhecendo esse défice da participação
portuguesa no comércio internacional da
economia interna saudita, que nesta 2ª Comissão Mista Luso-Saudita que decorreu
em Lisboa, foi assinado um memorando
tendente a iniciar um processo que leve
à implementação de uma ligação aérea
directa entre Lisboa e Riade, considerada por Paulo Portas e Tawfiq Bin Fawzan
Al Rabiah, como elemento fundamental
para o incremento dos negócios, das trocas comerciais, bem como do intercâmbio
turístico, cultural, educacional, científico e
tecnológico entre os dois países.
Por outro lado, a questão não tenha sido
referida nas declarações finais da reunião
luso-saudita, a PAÍS €CONÓMICO sabe
que está também a ser debatida a possibilidade de ser futuramente implementada uma linha marítima directa entre um
porto português (provavelmente Setúbal
ou Sines) e um porto saudita (Jeddah ou
Damman), permitindo um reforço substancial da capacidade das trocas comerciais entre os dois produtos, nomeadamente na área dos minérios e minerais,
materiais de construção, produtos industriais e também a breve prazo pelo forte
incremento da exportação de produtos
agrícolas e agro-alimentares portugueses
para o mercado saudita.
Ainda no sentido do reforço das relações
empresariais entre os dois países, foi
igualmente assinado no Palácio Foz um
acordo de cooperação entre a CIP – Confederação da Indústria Portuguesa, e a sua
congénere saudita da CSC, que permitirá
o aprofundamento do diálogo entre as
confederações empresariais portuguesas
e sauditas visando o incremento das relações comerciais e empresariais. Aliás,
depois da assinatura do acordo, os signa-
tários bem como alguns membros da delegação saudita reuniram-se na sede da CIP,
onde estabeleceram um diálogo frutuoso
entre os agentes empresariais presentes.
Aicep vai fazer roadshow
em Riade
Por outro lado, Paulo Portas anunciou
igualmente que a Aicep Portugal Global
(esteve representada na reunião pelo seu
presidente, Miguel Frasquilho) vai estar
representada junto da embaixada portuguesa em Riade, e que promoverá ainda
no presente ano um roadshow empresarial português na Arábia Saudita.
O Vice Primeiro-Ministro anunciou ainda
que o governo da Arábia Saudita estará
representado na Semana da Economia
Azul, que Portugal promoverá durante o
próximo mês de Junho.
Aliás, a PAÍS €CONÓMICO já tinha
anunciado que a ministra portuguesa
da Agricultura, Assunção Cristas, tinha
convidado o seu homólogo saudita para
estar presente nesse evento, por ocasião
da sua visita a Riade a 20 e 21 de Outubro
do ano passado. O número dois do governo português discursando ao lado do ministro saudita, sublinhou que o processo
de consultas políticas entre os dois países
continuará ao nível dos ministérios dos
negócios estrangeirismo de ambos os países, adiantando ainda que em Setembro
deste ano uma delegação cultural saudita deverá visitar Portugal. Paulo Portas
mostrou-se também convicto de que Portugal possui todas as condições ao nível
das suas instituições de ensino superior
para acolher num futuro a breve prazo
um grande número de estudantes sauditas, pois a Arábia Saudita envia todos os
anos para o exterior um assinalável número de estudantes com bolsas atribuídas
pela Fundação Abdulaziz (o anterior rei
saudita), e «Portugal é um candidato óbvio a receber muitos desses estudantes»,
enfatizou Paulo Portas.
Tawfiq Bin Fawzan Al Rabiah, Ministro
do Comércio e Indústria da Arábia Saudita sublinhou a reunião da 2ª Comissão
Mista permitiu reforçar claramente a vontade de desenvolver as relações entre os
O então Príncipe Salman Al-Saud (hoje Rei) a inaugurar a Rua da Mesquita, em Lisboa, no ano de 2001
dois países, sobretudo com uma vontade
inequívoca de aumentar as trocas comerciais entre a Arábia Saudita e Portugal.
O responsável governamental saudita sublinhou também o seu desejo de ver mais
empresas portuguesas a apostar no mercado saudita, um mercado em forte crescimento e desenvolvimento, bem como
referiu a esperança que mais empresas
sauditas também apostem em Portugal. O
ministro referiu ainda que o acordo que
estabelece o fim da dupla tributação entre os dois países, é uma excelente notícia
para o incremento do relacionamento comercial e empresarial entre a Arábia Saudita e Portugal. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 9
› GRANDE PLANO
Empresários sauditas dialogaram com empresários portugueses na sede da CGD
Empresas portuguesas querem
ir para a Arábia Saudita
Numa realização conjunta da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do Business Council
da Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita (CCILS), cerca de trinta empresas
portuguesas tiveram a oportunidade de se apresentarem e manifestarem perante altos
representantes de dois dos maiores conglomerados empresariais da Arábia Saudita,
o propósito de ganharem futuramente uma posição no mercado saudita, o maior e
mais rico país do Médio Oriente. Sectores da construção e obras públicas, engenharia,
agro-industrial, mobiliário, entre outros, querem aproveitar o potencial de um país em
grande crescimento e que possui reservas financeiras quase ilimitadas para suportar
financeiramente o seu crescimento.
A
TEXTO › JORGE ALEGRIA
| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA CGD
bdulaziz M. Al-Babtain, Director-Geral do Grupo Nadec,
e Osama Amin, CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad
Al-Saud Trade Co., foram os empresários sauditas que se
reuniram com cerca de trinta empresários portugueses na sede da
CGD, na sequência da vinda a Portugal do Ministro do Comércio
e Indústria da Arábia Saudita.
Provindos de sectores empresariais ligados às obras públicas e
construção civil, engenharia e arquitectura, mobiliário, agricultura e agro-indústria, entre algumas outras, os empresários portugueses intervieram para manifestarem o seu forte interesse
em abordarem o mercado da
Arábia Saudita, sublinhando
a sua abertura e interesse para
formar parcerias com empresas
sauditas, nomeadamente as representadas pelos dois conglomerados empresariais sauditas
presentes na CGD.
Luís Rego, responsável do Departamento Internacional da
CGD, sublinhou o esforço e a
abertura da sua instituição para
apoiar a internacionalização
das empresas portuguesas para
o mercado saudita, sublinhando a parceria que a instituição
realizou com a CCILS para identificar potencialidades e oportunidades no mercado da Arábia
Saudita, e que possam interessar às empresas portuguesas.
Abdulaziz M. Al-Babtain, Director-Geral do Grupo Nadec, um
10 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
dos maiores conglomerados sauditas no sector agro-industrial, salientou o forte interesse da Nadec em fomentar relacionamentos
mutuamente vantajosos com empresas portuguesas que actuem
no sector agro-industrial, sublinhando que «entrar sozinho no
mercado saudita poderá não ser muito fácil, apesar das muitas
oportunidades que lá existem, sendo bastante pertinente encontrar bons parceiros para ter sucesso no nosso país. A Nadec estará
naturalmente disponível para dialogar e formar boas parcerias
com empresas portuguesas no mercado da Arábia Saudita».
No mesmo sentido se referiu Osama Amin, CEO da H.R.H. Prince
Turki Bin Saad Al-Saud Trade
Co.,, referindo-se à pertinência
das empresas portugueses se
deslocarem directamente à Arábia Saudita para conhecerem o
mercado e os potenciais interlocutores locais, sublinhando
que a empresa que estava ali a
representar já tinha no passado estabelecido relações com
empresas portuguesas para
lhes possibilitar a sua entrada
no mercado saudita, e que no
presente e no futuro continuava com essa mesma disponibilidade para apoiar a presença
de empresas portuguesas «num
mercado com imensas potencialidades e oportunidades, mas
onde é preciso ter as melhores
vias de encaminhamento para
concretizar negócios com sucesso». ‹
MARIA JOÃO TOMÁS, PHD ISCTE-IUL
Portugal
e a Arábia Saudita
Tem-se visto uma clara aposta de Portugal nos mercados
do Médio Oriente e Norte de África, uma tendência que
começou ainda no tempo de Luís Amado à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros do XVII e XVIII Governo Constitucional, com a abertura de missões diplomáticas bilaterais, e agora com Paulo Portas e Rui Manchete
que têm investido na realização de protocolos e medidas
concretas de aproximação.
A Arábia Saudita é um dos mercados árabes mais atrativos. O maior exportador de petróleo do mundo, é uma
economia emergente e está a construir diversas infraestruturas para modernizar o reino, como uma rede de caminho-de-ferro, metro e aeroportos nas principais cidades de
província, aos quais se junta a edificação de cidades universitárias, industriais, desportivas e de saúde. Apostando
no investimento estrangeiro e no sector privado, em 2000,
foi criada a Lei do Investimento Estrangeiro que oferece
vantagens financeiras, como a facilidade de transações
monetárias, baixos impostos e taxas governamentais. Apesar das companhias americanas, britânicas, espanholas,
francesas, e até espanholas já estarem a laborar no reino,
algumas companhias portuguesas já estão instaladas, sendo de esperar que o número aumente nos próximos anos.
O sector dos serviços e dos recursos humanos também
está em franco crescimento, já que a Arábia Saudita está a
precisar de importar quadros altamente qualificados para
fazer face aos desafios a que se propôs. Embora o nível
de escolaridade no reino tenha aumentado de 10% para
80% desde a sua fundação, em 1932, e se terem construído
mais de vinte e oito universidades, criado um programa
nacional de escolaridade pública e uma rede nacional de
escolas e infantários, o reino ainda não tem profissionais
para satisfazer todas as suas necessidades. De Portugal,
têm emigrado engenheiros, arquitetos, médicos, enfermeiros e até treinadores desportivos, já que há uma grande
preocupação com o bem-estar da população, patente no
aumento da esperança média de vida que já ultrapassa os
75 anos e já acompanha a tendência europeia.
Para fazer face a esta escassez de recursos humanos qualificados, o reino continua a apostar na formação qualificada dos seus jovens, celebrando protocolos académicos
com as melhores universidades do mundo, estando previsto que, até ao fim do ano, estejam contempladas também universidades portuguesas. O programa de bolsas de
estudo que o rei Abdullah bin Abdulaziz implementou,
SACM, é suportado diretamente pelo governo e, para além
das propinas pagas na totalidade, e antecipadamente, subsidia ainda a estadia para o aluno e sua família, seguro de
saúde, viagens a casa com regularidade, e garante ainda
estágio e emprego numa das muitas empresas estatais.
Das grandes apostas de Portugal para o mercado saudita,
para além das rochas ornamentais, móveis, cortiça e até
calçado e vestuário, destaca-se o mercado agroalimentar,
com a exportação de hortícolas e frutas, já que o reino é
altamente deficitário na sua produção devido à sua grande extensão de deserto, falta de água e clima compatível.
Acresce-se ainda a exportação de carne de frango e borrego com abate halal, certificado pelo Instituto Halal de
Portugal, tutelado pela FIP, Fundação Islâmica de Palmela,
mostrando como este organismo é reconhecido por um
dos mercados mais exigentes do mundo neste sector.
Esta tardia descoberta dos nossos vizinhos do Sul e Este
do Mediterrâneo, atrasou-nos face a Espanha ou a França
que há muito beneficiam de laços económicos, políticos
com estes países, o que não se justifica face à longa tradição e património comum que temos com o mundo árabe
e islâmico. Falta-nos uma fundação como a Casa Árabe
de Madrid, ou o Institut du Monde Árabe em Paris para,
através da diplomacia cultural, incrementar os contactos
institucionais bilaterais. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 11
› GRANDE PLANO
Osama Amin, CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad Al-Saud Trade Co.
Mercado da Arábia
Saudita é muito grande
Osama Amin é o CEO da H.R.H. Prince Turki Bin Saad Al-Saud Trade Co., um dos
maiores conglomerados empresariais da Arábia Saudita, presente em vários sectores
de actividade económica e empresarial. Há alguns anos que serve de ponte para a
entrada de empresas portuguesas no mercado saudita, mas aproveitando agora a vinda
a Portugal no início de Abril do Ministro do Comércio e Indústria do reino liderado pelo
Rei Salman Bin Al-Saud, o responsável da empresa do Príncipe Turki Bin Saad Al-Saud,
esteve em Portugal a convite do Business Council, onde teve a oportunidade de reunir
com várias empresas portuguesas e participar num seminário empresarial na Caixa
Geral de Depósitos, onde testemunhou o forte interesse de grandes, médias e pequenas
empresas portuguesas, de diferentes sectores de actividade, pelo mercado saudita.
Osama Amin, em entrevista exclusiva à PAÍS €CONÓMICO, sublinha que «existem
bastantes oportunidades em Portugal e muitas necessidades na Arábia Saudita»,
e sublinha a grande importância para o reforço das relações entre os dois países o
estabelecimento de uma rota marítima directa assim como uma ligação aérea directa
entre Lisboa e Riade.
TEXTO › JORGE ALEGRIA
| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA H.R.H. PRINCE TURKI BIN SAAD AL-SAUD TRADE CO.
Esteve recentemente em Portugal ao mesmo tempo da visita
ao nosso país do Ministro do Comércio e Indústria da Arábia
Saudita. Perante o que viu como avalia a importância da visita
ministerial saudita para o reforço das relações económicas e
empresariais entre os dois países?
Tem uma grande importância tendo em conta a necessidade das
entidades e empresários de ambos os países se encontrarem. Existem bastantes oportunidades em Portugal e muitas necessidades
na Arábia Saudita. Por exemplo, o acordo de não dupla tributação
foi assinado, conhecemos algumas empresas portuguesas num
encontro que seguramente vai permitir iniciar a rota marítima de
transporte directo para Dammam ou Jeddah e a abertura de um
voo directo Lisboa-Riade. Estes dois factores são cruciais para o
desenrolar e estreitar as relações entre empresários.
Em Portugal contactou diversos empresários portugueses provenientes de sectores e diferentes actividades económicas.
Que impressão ficou a respeito do interesse e das expectativas
desse conjunto de empresas portuguesas a respeito do potencial e das oportunidades existentes no mercado da Arábia Saudita?
Foi um encontro que correu muito bem, o Business Council e a
Caixa Geral de Depósitos souberam reunir um grupo de empresas portuguesas que corresponde às necessidades que temos na
Arábia Saudita.
12 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
Mas precisamos que seja feito um “follow up” e sei que em breve virá uma missão do Business Council à Arábia Saudita onde
espero que possamos fechar alguns negócios e que entendam as
potencialidades que existem. E é muito importante termos este
tipo de empresas, pois as empresas portuguesas são normalmente
de pequena e média dimensão, mas o mercado é muito grande,
por isso é preciso compreender bem todos os factores antes de
arriscar. Por isso existe o Business Council e nós somos seus parceiros.
Arábia Saudita tem necessidades
em vários sectores
Quais são os sectores mais interessantes e promissores na Arábia Saudita para as empresas portuguesas?
São vários, mas as maiores necessidades estão no sector da construção civil e obras públicas, agro-alimentar, novas tecnologias e
serviços técnicos especializados, mas neste momento de grande
crescimento que assistimos na Arábia Saudita todos são bem-vindos e todos podemos trabalhar em conjunto para o bem das
nossas empresas.
Estamos já a preparar esse dossier em conjunto com o Business
Council e o seu parceiro financeiro a Caixa Geral de Depósitos.
A empresa que lidera pode arranjar um conjunto de outros par-
Como define o papel e apoio do Business Council da Câmara de
ceiros sauditas, incluindo na área financeira, que possam cons-
Comércio e Indústria Luso Saudita enquanto entidade parceira
tituir importantes elementos de apoio para as empresas portu-
da sua empresa para ajudar as empresas portuguesas e saudi-
guesas no mercado do seu país?
tas a realizarem negócios mutuamente vantajosos?
É fundamental para todos, é a corda que qualquer empresa
necessita. As pessoas do Business Council são os únicos que
conhecem ambos os países, são bastante activos e fizeram a
aposta da forma mais correcta. Estamos muito envolvidos com
eles em todos os passos pois sabemos que todos sairão a ganhar
desta forma. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 13
› GRANDE PLANO
Rodrigo Ryder, Presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita
e do Business Council, deixa o alerta
Empresas portugueses
devem ser bem
acompanhados
no mercado saudita
A Câmara de Comércio e Indústria Luso Saudita (CCILS) é a mais nova das câmaras de
comércio fundadas em Portugal e pretende apoiar o desenvolvimento das relações
empresariais, comerciais, industriais e turísticas entre Portugal e o Reino da Arábia
Saudita. Rodrigo Ryder é o Presidente da CCILS e do Business Council, o organismo
criado pela Câmara para operacionalizar a relação empresarial privada entre os dois
países. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, o responsável da nova câmara de comércio
destacou os resultados positivos da recente visita do ministro saudita do comércio e
indústria a Portugal, acreditando que uma nova etapa se abriu no relacionamento entre
Portugal e a Arábia saudita. O empresário sublinha que existem muitas oportunidades
no mercado saudita, bem como estão a ser desenvolvidos intensos contactos para
aumentar o investimento saudita no nosso país. Sublinha que as empresas portuguesas
precisam de um acompanhamento muito forte na sua entrada no imenso e competitivo
mercado saudita, e «é esse o papel desempenhado pela CCILS e o Business Council, em
parceria com o nossos parceiros sauditas, pois erros de avaliação e passos mal dados na
Arábia saudita poderão ser muito difíceis para o sucesso naquele mercado, um mercado
onde se a entrada for feita de forma correcta, tem tudo para as empresas terem sucesso
e grandes vantagens empresariais e económicas», enfatizou Rodrigo Ryder.
TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › ARQUIVO
Como avalia os resultados da recente visita do Ministro do Comércio e Indústria
da Arábia Saudita a Portugal?
Com grande optimismo e sentido de dever cumprido. Portugal e o Reino da Arábia Saudita estão a passar por uma fase
de grande aproximação, resultado de um
trabalho que tem sido desenvolvido pelas
autoridades de ambos os países com um
grande sentido prático e uma vontade de
efectivamente reequilibrar a balança comercial entre ambos. Por isso temos um
grande caminho pela frente mas muito foi
14 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
feito, tanto pelo estado saudita, como pelo
lado português. As portas estão abertas,
agora compete aos empresários fazerem o
seu caminho em ambos os mercados.
As relações comerciais entre os dois países continuam bastante desequilibradas, em desfavor de Portugal. O que será
preciso fazer para que haja um caminho
de maior equilíbrio no relacionamento
comercial entre os dois países?
Pode-se resumir a uma pequena chalaça:
Ir, vir, ir, ou seja, os empresários portugueses tem de ir visitar o Reino e descobrir
que muitas das barreiras são psicológicas
e fruto de desconhecimento, e os empresários sauditas tem de vir a Portugal e perceber as nossas capacidades e conhecimentos técnicos que lhes são tão necessários.
Claro que só isso não é suficiente para
conhecerem a verdade os empresários
portugueses tem de abrir as mentalidades,
quebrar clichés e serem muito bem acompanhados, pois sendo um mercado tão
diferente a Arábia Saudita pode ser mal
abordada e isso levar a erros estratégicos
que conduzam ao fracasso quando existe
res mais promissores para as empresas
sector da construção civil e obras públicas,
o sector agrícola com o sector alimentar,
empresas de TI’s, empresas de serviços
com grande know how e onde os portugueses são muito bons e reconhecidos internacionalmente nos mais variados sectores e eu coloco sempre um vector muito
importante como um dos pilares, que é o
investimento em Portugal, aqui também
existe uma grande transversalidade.
nacionais no mercado saudita?
É possível que Portugal possa vir a cons-
Sim esse é o pilar da CCILS. Nós nascemos com projectos e clientes e não o contrário. Quando abordamos empresas portuguesas estamos a fazer “procurement”
para o que temos em carteira.
Temos um entendimento mais por pilares
e não por sectores pois existe uma grande transversalidade nas oportunidades e
esses pilares são essencialmente cinco: o
tituir a breve prazo um destino com im-
tudo para o sucesso. O mesmo em reverso
está a ser dito aos empresários sauditas.
Arábia Saudita é um país de
grandes oportunidades
A CCILS tem tomado iniciativas para
identificar oportunidades empresariais
no mercado da Arábia Saudita para as
empresas portuguesas? Quais os secto-
portância nos investimentos de empresas sauditas no exterior?
Sim estamos a trabalhar arduamente para
isso e temos diversas iniciativas a decorrer
neste momento no Reino da Arábia Saudita
para fomentar isso mesmo. Já temos alguns
investimentos em fase final, mas muitos
mais se perspectivam. Neste sentido temos
de ser bastante cautelosos pois temos de
respeitar as escalas de ambos os países.
Qual é o papel primordial da CCILS no que
respeita ao apoio às empresas portuguesas no acesso e crescimento do mercado da Arábia Saudita?
A CCILS tem como missão primordial fomentar, orientar e acompanhar as empresas nossas associadas no Reino da Arábia
Saudita e isso implica “procurement” local,
“lobbying” e aconselhamento pessoal a
cada um dos nossos associados com uma
abordagem muito directa e pragmática.
Temos sempre em paralelo os canais próprios formais que uma entidade como o
Business Council tem, mas também trabalhamos em igual medida com canais
privados que complementam a oferta do
mercado. O mercado é imenso e as ofertas
também! ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 15
› GRANDE PLANO
Luís Câncio Martins, Administrador da JL Câncio Martins
Queremos continuar
a participar na
construção do país
A JL Câncio Martins foi fundada em 1963 pelo Professor José Luís Câncio Martins, pai do
nosso entrevistado, Luís Câncio Martins. Sucessor do fundador e actual administrador
da empresa com sede em Algés, Luís Câncio Martins mostra algum pessimismo com a
evolução da situação da construção de infraestruturas em Portugal. «Por isso, desde há
muitos anos, tivemos de nos internacionalizarmos e começarmos a elaborar projectos lá
fora. Hoje, essa situação é ainda mais premente», reconhece o administrador da empresa,
referindo que as principais apostas externas da JL Câncio Martins se centram na América
Latina e no Médio Oriente, sendo de sublinhar a participação da empresa na concepção
de várias pontes para a Arábia Saudita, país que o gestor considera muito importante e
que deseja por lá continuar e crescer. Mas não descurar voltar a dar maior atenção ao
A
país e alguns mercados europeus.
TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS E CEDIDAS PELA JL CÂNCIO MARTINS
história da JL Câncio Martins é
polvilhada pela concepção e a
realização de muitos projectos
de obras, com particular realce para obras
em pontes e em obras marítimas. Algumas pontes no litoral alentejano, como em
Odelouca e em Odemira tiveram em 1970
o cunho desta empresa então liderada por
José Luís Câncio Martins. Mas também
noutras partes do país, como Évora, Lisboa ou Aveiro, receberam o cunho desta
empresa com obras de pontes que ajudaram a uma melhor circulação do trânsito
nas suas zonas de implantação. Já neste
século, realce em Portugal para concepção
da Ponte Salgueiro Maia, em Santarém,
vários viadutos e pontes da A2 entre Lisboa e o Algarve, ou da A8 entre Lisboa e
Leiria, foram marcadas pela pena do desenho dos técnicos da empresa com sede
em Algés.
Luís Câncio Martins adianta ainda como
ponte emblemática a Ponte Internacional
do Guadiana, entre a cidade espanhola
de Aiamonte e a portuguesa Vila Real
de Santo António, bem como sublinha a
16 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
enorme importância da participação da
sua empresa na designada Ponte da Amizade, que liga Macau à ilha de Taipa.
Mas, se é verdade que durante muitos
anos a JL Câncio Martins marcou uma
posição muito forte na concepção de algumas das mais importantes pontes que
se construíram em Portugal, e mesmo em
alguns projectos que nunca viram a luz
do dia, como o projecto da terceira ponte sobre o Tejo, ou a concepção de uma
outra terceira travessia do Tejo em túnel
entre a Trafaria na margem sul e Algés
na margem norte do estuário, também é
certo que no presente, fruto da grande travagem decorrida na construção de obras
públicas em Portugal, a empresa tem tido
pouco trabalho. Luís Câncio Martins até
refere o caso da paragem da obra do Túnel do Marão, «uma obra que não fomos
nós que a concebemos, mas que parou
quando já estava construído em 80% da
sua dimensão. Isso foi incompreensível
e certamente apresentou custos mais elevados com o retomar da obra, o que já
ocorreu e ainda bem», sublinha o admi-
nistrador da empresa, que refere que a JL
Câncio Martins esteve sim envolvida em
algumas obras de arte da designada auto-estrada Transmontana, que liga Vila Real
a Bragança e cujo tráfego foi afectado pela
não concretização do Túnel do Marão na
sua ligação ao Porto.
Mas, com o decréscimo acentuado de novos projectos de infraestruturas em Portugal nos últimos anos, começaram consequentemente a minguar os projectos de
concepção de pontes rodoviárias ou de
pontes ferroviárias, bem como de projectos em áreas marítimas, áreas onde a JL
Câncio Martins esteve bastante activa nas
zonas portuárias de Aveiro e de Sines, neste caso com um projecto variante para a
primeira fase do Terminal de Contentores
(Terminal XXI).
Perante este cenário de escassez de projectos em Portugal, «quês e mantém», sublinha Luís Câncio Martins, a empresa teve
de se virar já desde há vários anos para o
exterior.
A internacionalização é fundamental para
a sustentabilidade da engenharia portu-
guesa. A concepção da ponte que liga Macau à Ilha de Taipa constituiu um projecto
marcante e uma amostra internacional
da maior valia para realçar a capacidade
da JL Câncio Martins em participar em
projectos de elevada exigência e que era
capaz de corresponder com elevada qualidade e consistência.
Então, há cerca de dez anos, surgiu a
oportunidade da empresa participar num
primeiro projecto na Arábia Saudita, «um
mercado que há 10 anos era bastante mais
difícil do que é hoje, mas que constituiu
um grande desafio para a empresa e toda
a nossa estrutura técnica e comercial. Felizmente, nesse primeiro projecto respondemos de forma exemplar, e não foi surpreendente que depois, principalmente
no período entre 2008 e 2011 tenham sido
erigidas diversas obras, particularmente
na área das pontes rodoviárias, que foram
concebidas pela JL Câncio Martins e em
muitos casos acompanhadas pelos nossos
técnicos». Actualmente, o mercado saudita detém muitas oportunidades construtivas e «a JL Câncio Martins espera continuar muito activa naquele mercado, tanto
pelas nossas iniciativas bem como pelo
apoio da Câmara de Comércio e Indústria
Luso Saudita, que certamente nos apoiará
a abrir portas e possibilidades para estarmos no mercado das infraestruturas na
Arábia Saudita», sublinha o empresário.
Aliás, toda a região do Médio Oriente interessa à empresa, sendo que a empresa
já participou na concepção de uma ponte
na auto-estrada que liga Aman a Zarqa, na
Jordânia. «Toda essa região nos interessa
pois assiste-se a um forte interesse construtivo em muitos países da região, sendo
que muitos deles, principalmente na zona
do Golfo, possuem dos recursos necessários para sustentar os seus ambiciosos planos de desenvolvimento infraestrutural
em diversas áreas das suas economias e
sociedades», aponta Luís Câncio Martins.
Outra área do globo com particular interesse para a empresa portuguesa é a América Latina. O gestor refere que a empresa já participou em obras no Brasil e no
Peru, existindo para breve a participação
de uma obra no Panamá. «A América Latina é uma mercado com bom potencial
e bastantes oportunidades, pelo que a
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 17
› GRANDE PLANO
› EMPRESARIADO
Raul Maia, Administrador da Sport Design
Especialistas na construção
de equipamentos desportivos
Localizada em Vila Verde, junto a Terrugem, no concelho de Sintra, a Sport Design
surgiu em 2005, mas foi mais recentemente pela mão de Raul Maia, um antigo oficial
do exército português, que a empresa especializada na produção de equipamentos
desportivos atingiu patamares mais significativos de organização e desenvolvimento. O
administrador da empresa realça a capacidade de inovação e desenvolvimento da equipa,
bem como «a excepcional qualidade dos nossos equipamentos que cada vez mais estão
empresa está sempre atenta às possibilidades de poder participar em projectos
para os quais temos capacidades e know
how internacionalmente comprovados. A
engenharia portuguesa é bastante apre-
18 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
ciada por aquelas paragens, mas a concorrência também é grande, aliás como
em qualquer outra parte do mundo, mas
acreditamos e estamos confiantes de que
a JL Câncio Martins possui possibilidades
de marcar uma presença interessante naquele continente», sublinha Luís Câncio
Martins.
Quanto ao continente africano, e apesar
da empresa já ter perscrutado diversos
mercados, nomeadamente os mercados
angolano, moçambicano e argelino, «mas
a verdade é que não temos conseguido
obter alguma coisa nesse continente. Mas
continuaremos interessados em verificar
eventuais oportunidades que possam surgir e em que possamos estar presentes
com participação de relevo», prometeu o
gestor.
Voltando a Portugal, Luís Câncio Martins
mostra alguma esperança que se venham
a concretizar alguns dos projectos ferroviários e portuários que se anunciam,
«pois são áreas em que o país manifestamente ainda denota algumas carências,
pelo que julgo ser necessário completar
com obras novas algumas deficiências
que existem nas nossas malhas ferroviária e portuária. Caso assim aconteça, é óbvio que a JL Câncio Martins espera estar
presente em alguns desses projectos, pois
não temos a mais pequena dúvida de que
detemos as competências ao melhor que
existe neste país nas áreas onde intervimos. Continuamos a ser uma pequena
empresa, mas somos muito especializados e flexíveis, capazes de responder aos
desafios e complexidades dos projectos
que se nos apresentem. O País pode continuar a contar connosco, tal como contou
nestes últimos 52 anos da existência da JL
Câncio Martins», finaliza o seu principal
responsável. ‹
presentes nos pavilhões e nos recintos desportivos portugueses». A aposta futura
passará também pela exportação.
T
TEXTO › JORGE ALEGRIA
| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA SPORT DESIGN
oda a espécie de equipamentos desportivos utilizados em
pavilhão ou em recintos desportivos ao ar livre são produzidos pela
Sport Design. Ainda recentemente, seis
pavilhões do concelho de Paredes (distrito
do Porto) receberam um vasto conjunto
de equipamentos produzidos na unidade
industrial da empresa em Vila Verde
(Sintra).
Raul Maia recebeu a PAÍS €CONÓMICO e depois de uma visita guiada pela
unidade industrial, apresentou-nos a técnica Manuela Barbosa, especialista na
concepção e design dos equipamentos
produzidos pela Sport Design. Segundo
o administrador desta empresa, o facto
da Sport Design estar dotada de recursos
humanos altamente qualificados no sec-
tor da concepção e design «diz muito da
importância que prestamos à inovação,
desenvolvimento e segurança dos equipamentos que aqui produzimos».
Os equipamentos produzidos na Sport
Design abrangem balizas (tanto de futebol como de futsal e andebol, de râguebi,
tendo sido fornecidas as que o Belenenses
utiliza), carros e tabelas de basquetebol,
cabines para os suplentes das equipas,
além de variados equipamentos necessários à prática desportiva. Por exemplo,
para a prática do fitness, actividade cada
vez mais desenvolvida nas sociedades modernas. Por outro lado, conforme adiantou
Raul Maia, «temos know how para produzir mobiliário urbano de diversa ordem,
embora ainda não tenhamos essa componente desenvolvida pela empresa. Poderemos vir a entrar também nessa vertente
produtiva, embora a nossa prioridade
actual continue centrada na produção de
equipamentos desportivos. Para nós a segurança das pessoas é uma grande prioridade e estamos a trabalhar intensamente
para desenvolver os nossos equipamentos
com altos padrões de qualidade e segurança assinalável».
No que respeita ao futuro, além da possibilidade da entrada na produção generalizada de equipamentos urbanos, a Sport
Design pretende também apostar na exportação dos seus produtos «pois temos
a perfeita convicção de que poderemos
concorrer em qualquer parte do mundo,
pois a nossa qualidade está à altura do que
melhor se faz a nível internacional», finalizou Raul Maia. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 19
› GRANDE PLANO
Ricardo Lobo, Administrador do Grupo RLobo, empresa líder em Portugal
na área da tramitação de vistos consulares
Vamos ampliar os serviços
que prestamos aos clientes
O Grupo RLobo foi fundado em 2009, fruto da visão e empenho de Ricardo Lobo,
fundador e presidente do grupo. Com uma assinalável experiência de 15 anos na área
da obtenção de vistos consulares, o empresário decidiu há seis anos dar um passo em
frente com a constituição da Vistos Lobo, empresa especializada em fornecer serviços de
excelência aos seus clientes, permitindo-lhes de forma mais segura, célere e económica,
obterem um indispensável visto para viajarem. Entretanto, a empresa cresceu, abriu
uma filial na cidade do Porto, e depois ultrapassou as fronteiras do país, abrindo uma
delegação em Luanda, ao mesmo tempo que assegurava parcerias em Madrid e Paris,
de modo a prestar um serviço qualificado a todos os que necessitavam de obter um
visto para vários mercados que a Vistos Lobo assegura, nomeadamente Angola e
Moçambique. Mais tarde, o Grupo RLobo criou também a empresa LoboExpress e a Lobo
Seguros, com as quais complementa os serviços da Vistos Lobo e confere um serviço
global e qualificado a cada cliente. No futuro a curto e médio prazo, nesta entrevista à
PAÍS €CONÓMICO Ricardo Lobo sublinha que o grupo pretende desenvolver novos
negócios, nomeadamente através de uma empresa que possa prestar serviços de
consultoria «como por exemplo mudar de operador de electricidade ou de gás, entre
outros serviços em que possamos ajudar as pessoas a fazerem durante o dia o que tem
de fazer libertando-as de tarefas necessárias mas que lhes poderiam absorver muito
tempo e retirar-lhes do desempenho das suas funções profissionais ou empresariais»,
refere Ricardo Lobo, que adianta que a Vistos Lobo pretende igualmente reforçar a sua
E
lógica internacional, tanto em África como na Europa.
TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA VISTOS LOBO
m 2009, depois de praticamente
uma dezena de anos a trabalhar
na área a obtenção de vistos consulares, Ricardo Lobo considerou que estava na altura de constituir a sua própria
empresa de modo a conferir um estatuto
empresarial mais sólido à sua actividade
e conseguir dessa forma uma organização
capaz de prestar ainda melhores serviços
aos seus clientes e abarcar um conjunto
de actividades complementares e indispensáveis a quem pretende obter um visto para viajar para outro país.
Constituiu na altura a Vistos Lobo, empresa especializada na obtenção de vistos consulares, e que, reconhece Ricardo
20 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
Lobo, «fruto do extraordinário desenvolvimento das relações económicas e empresariais entre Portugal e Angola, nos permitiu trabalhar afincadamente e de forma
muito profissional para conseguirmos
marcar uma posição ímpar no quadro das
empresas que em Portugal actuam nesta
área empresarial da obtenção de vistos de
viajem para os nossos clientes».
Quem são geralmente esses clientes, questionámos? Ricardo Lobo sublinha que embora a Vistos Lobo trabalhe naturalmente
com clientes individuais, «o grosso dos
nossos clientes são as agências e alguns
clientes empresariais. No que respeita às
agências de viagem, os nossos principais
clientes são, respectivamente, a GeoStar,
Bestravel, Go4Travel, Travelstore, Viagens El Corte Inglés e o Grupo Airmet»,
sublinhou o empresário.
Fruto da estratégia assumida e do caminho empreendido, nestes seis anos de actividade crescente no nosso país, a Vistos
Lobo é presentemente e de forma indiscutível, a empresa líder em Portugal no
trabalho da obtenção de vistos consulares.
Ricardo Lobo sublinha a importância de
«termos formado uma equipa altamente
qualificada e competente, capacitada para
prestar o melhor serviço na nossa área
que existe em Portugal. Neste ponto, devo
sublinhar que não só mudámos as nossas
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 21
› GRANDE PLANO
instalações em Lisboa, com a mudança
para a rua Alfredo da Silva, bem como
abrimos uma delegação na cidade do Porto, pois cada vez mais nos faziam pedidos
de obtenção de vistos junto do consulado
de Angola na Invicta, e por isso decidimos
avançar com esse investimento. Aliás,
desde o recente dia 29 de Abril que temos
novas instalações no Porto, agora na rua
Oliveira Monteiro, uma localização no
centro da cidade e que dispõe de todas
as condições de acolhimento dos clientes
e para a prestar de um serviço altamente
qualificado, como é, aliás, apanágio da Vistos Lobo», enfatiza o empresário.
Crescer em África
Mas, se a empresa cresceu e se modernizou em Portugal para atingir o já referido
estatuto de liderança do sector, entendeu
também dar passos na direcção da internacionalização, tendo criado também
uma delegação em Luanda, capital de Angola, bem como «criámos parcerias para
também estarmos representados e com
uma posição nas cidades de Madrid e de
Paris, pois cada vez mais existem cidadãos
e empresários desses países que pretendem se relacionar economicamente com
22 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
países como Angola e Moçambique, e será
mais fácil trabalharem com a Vistos Lobo
para obterem vistos para viajarem para
estes países de língua portuguesa», explica Ricardo Lobo.
Mas, como foi referido, a abertura de uma
delegação em Luanda constituiu um passo considerado da maior importância na
consolidação e crescimento da actividade
da Vistos Lobo.
«Como é reconhecido, nesta última década as relações económicas e empresariais entre Portugal e Angola registaram
um crescimento muito forte, não sendo
por acaso que no presente estão praticamente 200 mil portugueses naquele país
africano, além de que mais de nove mil
empresas portuguesas exportam para
Angola, e muitas pessoas ligadas a essas
empresas têm de se deslocar ao país para
concretizar esses negócios. Então, devido
ao forte crescimento anual do relacionamento bilateral, a decisão da abertura de
uma delegação em Luanda constituiu um
passo normal e racional para podermos
estar mais próximos dos nossos clientes
angolanos e portugueses, e assim podermos prestar-lhes um melhor e mais eficaz
serviço», acentuou Ricardo Lobo.
Apesar das recentes dificuldades financeiras existentes em Angola, fruto da baixa
do preço do petróleo, Ricardo Lobo continua optimista não apenas quanto ao relacionamento entre os dois países, como ao
próprio desenvolvimento interno da economia e da sociedade angolana. Salienta
que a empresa tem trabalhado muito com
clientes angolanos e portugueses, mas nos
últimos anos também tem sido procurada
pela comunidade chinesa em Angola, pois
a presença de empresas e trabalhadores
chineses em Angola é bastante forte, e
«como o nosso know how é conhecido e
reconhecido, fomos procurados por empresas chinesas para prestarmos serviços
a elas próprias e aos seus trabalhadores.
Pretendemos naturalmente reforçar os
serviços prestados em Angola à comunidade chinesa que ali trabalha, o que permitirá à Vistos Lobo atingir também uma
posição de forte liderança no nosso sector
em Angola», refere Ricardo Lobo.
e as próprias empresas precisam de obter
um visto de forma muito rápida. Por isso
o Grupo RLobo criou a LoboExpress, que
entrega o visto a quem dele precisa de
forma célere em qualquer lugar da região
da Grande Lisboa, «um serviço que tem
sido muito importante e útil em diversas
ocasiões para muitos dos nossos clientes.
Estamos preparados para corresponder a
qualquer solicitação nesta região, de modo
a que qualquer pessoa que requisite um
visto por intermédio da Vistos Lobo possa ter esse documento entregue de forma
urgente e possa em consequência obter
o documento para poder seguir viagem
para o seu destino», adiante Ricardo Lobo.
De forma a complementar os serviços
prestados a quem necessita de obter um
visto para viajar, o Grupo RLobo criou
também a Seguros Lobo, onde através de
uma parceria firmada com a conhecida
corretora PAS, o grupo assegura por essa
via um serviço qualificado na mediação
de todo o tipo de seguros, assegurando as
melhores soluções e em condições econó-
micas vantajosas
que permita a
quem viaja que o
faça com a maior
tranquilidade e
segurança possíveis.
A par do aprofundamento do
processo de internacionalização
que deverá acontecer até ao final
do corrente ano,
nomeadamente
em Espanha, França, Moçambique e São
Tomé e Príncipe, o Grupo RLobo também
vai apostar brevemente num novo leque
de serviços aos clientes, sobretudo na resolução de situações do dia-a-dia, «como
seja, por exemplo, e até está neste momento muito em voga, de que muitas pessoas
precisam de mudar de operador fornecedor de electricidade e de gás, ou, a outro
nível, pessoas que precisam de requisitar
serviços de limpeza, de notariado ou de
qualquer outro tipo de serviços, que muitas vezes obrigam a quem deles precisa a
perder horas, ou mesmo dias, da sua actividade profissional ou empresarial, para
resolvê-los, e que a partir de agora poderão obtê-los com todo o rigor e profissionalismo por parte do Grupo RLobo, e de
forma muito qualificada e competitiva»,
finaliza Ricardo Lobo. ‹
Chegar mais rápido aos clientes
Mas, obter um visto é muitas vezes muito
mais de um simples trabalho burocrático. A vida moderna decorre a um ritmo
muito elevado, e muitas vezes as pessoas
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 23
› NOTÍCIAS
› A ABRIR
Subindo
na Pirâmide
A nova Comissão Executiva da aicep Global Parques. Ao centro o Presidente, Francisco Mendes Palma, à
esquerda o Administrador Paulo Mateus Calado e à direita o Administrador, Silvino Malho Rodrigues.
Aicep Global Parques tem nova administração e já participou
em Badajoz no “Fórum Extremadura em clave logística”
Daniel Traça
É o novo Diretor da Nova School Business
and Economics (Nova SBE), sendo assim
o primeiro aluno da escola a tornar-se
seu diretor. O novo responsável prometeu
«trabalhar com a qualidade e determinação
que nos são reconhecidas para transformar
o projeto do novo Campus num elemento de
transformação da economia e da sociedade
portuguesas». ‹
António Calçada de Sá
O CEO da Repsol Portuguesa participou
num seminário da AESE Business School,
e defendeu que «a estratégia da empresa
está no coração das pessoas que a
compõem». O responsável da petrolífera
espanhola em Portugal salientou a
estratégia assente na formulação de
Portos portuguesas são
importantes para a Plataforma
Logística de Badajoz
Em Março deste ano foi eleita a nova administração da Aicep Global Parques, cuja administração executiva é liderada por Francisco Mendes Palma, sendo ainda composta pelos administradores Paulo Calado e Silvino Rodrigues. O novo presidente do organismo
português que gere a ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines e o BlueBiz – Parque
Empresarial da Península de Setúbal, assim como um pólo empresarial em Albarraque
(Sintra), representou a Aicep Global Parques em Badajoz no âmbito do “Fórum Extremadura em clave logística».
A realização deste fórum precedeu a assinatura de um acordo celebrado pela Plataforma
Logística de Badajoz e os portos portugueses de Sines, Setúbal e Lisboa, tendo como
objectivo darem um forte impulso ao transporte intermodal e ao comércio no sudoeste
da União Europeia.
Francisco Mendes Palma, presidente executivo da Aicep Global Parques, aproveitou a sua
intervenção no fórum em Badajoz para sublinhar o papel que as zonas de acolhimento
empresarial e logístico têm para o alargamento do hinterland dos portos, nomeadamente
a ZILS em Sines e o BlueBiz em Setúbal, zonas que incentivam e promovem actividades
complementares aos portos de Sines e de Setúbal. «E essencial uma articulação conjunta
e contínua para que estejamos aptos a disponibilizar condições competitivas de acesso
aos mercados, com serviços de qualidade, adiantando os planos de negócio dos investidores que nos escolhem», referiu o presidente do organismo português. ‹
missões internas na empresa e do sentido
de cumprimento das mesmas. ‹
Caetano Costa Macedo
É o novo Business Manager da Mind Source,
empresa especializada em consultoria de
Projetos de base tecnológica, considerada
uma das 10 melhores empresas para
trabalhar em Portugal. O novo responsável
fará a gestão de talentos e a relação
com clientes nas áreas da Distribuição e
Logística, Indústria, Retalho e Utilities. ‹
24 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
Ferreira do Alentejo
é o concelho com maior
investimento
No âmbito do PRODER, eixo 3, até ao final de 2013, foi no concelho de Ferreira do Alentejo, que se registou a maior taxa de investimento. A informação foi obtida com base
numa parceria estabelecida com a ESDIME – Agência para o Desenvolvimento Local no
Alentejo Sudoeste, que apurou que o investimento registado no concelho de Ferreira do
Alentejo atingiu os 24,4% do total registado no âmbito do PRODER, seguindo-se o concelho de Aljustrel com uma quota de 23,8%.
Em Ferreira do Alentejo destacou-se a criação e desenvolvimento de microempresas, mas
também se fixaram seis projectos de turismo rural, respectivamente, na Herdade das Sesmarias em Alfundão; Monte da Azinheira Grande e o Agroturismo Hortopalmeiras em Figueira dos Cavaleiros; Herdade da Chaminé, Casa de Campo Retrato da Memória e Monte
Chalaça em Ferreira do Alentejo, representando a criação de 114 camas no concelho. ‹
PAULO PORTAS
Garvetur e a Formal compraram uma das mais antigas
marcas do setor imobiliário português
Preditur adquirida
para voltar a crescer
A Preditur, uma das mais reconhecidas marcas do setor imobiliário a operar no mercado
de Lisboa foi adquirida pelo consórcio formado pelas mediadoras Garvetur e Formal,
propriedades respectivamente de Reinaldo Teixeira e Luís Lima.
A nova imagem da marca e o reforço da equipa de consultores imobiliários vai ser apresentada em breve, e o objectivo dos atuais proprietários com a aquisição da Preditur, é o
de criar uma boutique de propriedades na área da consultoria em investimento, compra,
venda e arrendamento e conferir ao mercado maior dimensão ao trabalhar o país de
Norte a Sul, já que a Garvetur está sedeada no Algarve, enquanto a Formal tem a sede no
Porto.
Por sua vez, com sede em Lisboa, a Preditur permitirá uma abordagem mais extensiva a
praticamente todo o território nacional, fazendo uma forte aposta na promoção do mercado imobiliário português além-fronteiras.
Para Reinaldo Teixeira, administrador da Garvetur, «através das respetivas marcas, este
consórcio passa a abranger todo o país, e vai dedicar-se estrategicamente à captação dos
nichos de investidores estrangeiros da gama média alta e luxo, oriundos dos vários mercados tradicionais e emergentes, interessados no setor imobiliário de Portugal e nos vários
produtos da carteira das três empresas, do investimento ao arrendamento habitacional,
passando pelo mercado de espaços comerciais e escritórios». ‹
Ericeira Business Factory
inaugurado
No passado dia 28 de Abril foi inaugurado o Ericeira Business Factory, uma nova incubadora como espaço para a localização de negócios relacionados com o mar. Situada na
antiga Escola Primária da Ericeira, a incubadora disponibilizará a todos os empreendedores um conjunto de serviços de apoio bem como formação e mentoria. Prevê-se que nos
últimos meses do corrente ano seja também inaugurado uma nova incubadora empresarial em Mafra. ‹
O Vice Primeiro-Ministro continua num
ritmo frenético para ajudar o País a
aumentar as suas exportações e conseguir
captar mais investimento. Em Lisboa,
recebeu todos os líderes internacionais que
vieram a Portugal, com eles estabelecendo
acordos e protocolos que visam aumentar
a presença das empresas portuguesas. Em
Nova Iorque, não só mostrou alguns dos
produtos e serviços que o país dispõe como
apresentou Portugal com um país que é
novamente bom para investir. ‹
NUNO AMADO
O Presidente do Millennium bcp começa
a mostrar resultados consistentes na
sua liderança do maior banco privado
português, tanto numa clara melhoria de
resultados referentes a 2014, bem como
na performance alcançada no primeiro
trimestre do corrente ano. E os resultados
do Millennium Bank na Polónia são também
muito positivos. Agora falta a fusão com o
BPI. Vai acontecer? ‹
ANTONIO VIÑAL
O advogado galego que comanda o
escritório Antonio Viñal & Co. Abogados
em Lisboa e em Kuala Lumpur na Malásia,
está a desempenhar um papel muito
importante na promoção do nosso país (e
da sua Espanha, naturalmente) naquele
que é um dos mais importantes países do
sudeste asiático, mostrando que Portugal
possui condições para o desenvolvimento
de negócios e realização de investimentos
de excelente nível. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 25
› GRANDE ENTREVISTA
Jorge Ferreira Mendes, Administrador da MENCOVAZ
«Somos um símbolo
de excelência na
área da Avaliação
Imobiliária»
Jorge Ferreira Mendes é considerado um dos mais experientes e qualificados peritos
avaliadores imobiliários portugueses, e é ele quem gere hoje os destinos da MENCOVAZ,
no mercado desde 2008, uma empresa especialista em avaliações imobiliárias de todo o
tipo, estudos do mercado imobiliário e viabilidade económico-financeira de investimentos
imobiliários. Em entrevista à PAÍS €CONÓMICO, Jorge Ferreira Mendes assegura que
a MENCOVAZ quer manter uma posição relevante nas áreas que domina e que todos
os dias trabalha para conseguir manter o grau de excelência necessário ao sucesso
da sua atividade. «Temos uma rede de peritos–avaliadores certificados, e qualificados
(PQ´S 1 e 2) que se estende de Valença à Ilha do Corvo (R. A. Açores). Contamos na
nossa estrutura empresarial com mais de 200 colaboradores, entre peritos avaliadores
imobiliários, peritos qualificados e técnicos especializados, e o nosso percurso pessoal de
mais de duas décadas tem-se pautado por elevados padrões de qualidade, experiência,
profissionalismo, rigor, ética, independência, competência, imparcialidade, compromisso,
isenção e objetividade. É em obediência rigorosa a estas regras comportamentais
que a MENCOVAZ tem traçado o seu percurso», sublinhou Jorge Ferreira Mendes,
Administrador de uma empresa certificada pela CMVM e pelo Sistema de Gestão de
Qualidade, pela norma ISO 9001:2008 no âmbito da avaliação e consultoria imobiliária, e
J
da Certificação Energética de Edifícios, com Certificação emitida pela APCER.
TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
orge Ferreira Mendes é perito avaliador imobiliário desde 1972 e é ele
quem hoje gere os destinos da Mencovaz, empresa criada em 2008 e que já
se assume como uma das empresas de
referência nas áreas da avaliação imobiliária de todo o tipo, estudos do mercado
imobiliário e da viabilidade económico-financeira de projetos de investimento
imobiliário e da Certificação Energética
de Edifícios, alguns de elevada complexidade. «A criação da Mencovaz resultou do
26 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
agrupamento de três empresas com mais
de duas décadas de experiência no mercado da avaliação imobiliária. Assumiu-se
de imediato no mercado, dada a série de
bons contactos que tínhamos com clientes potenciais nestes ramos, que nos conheciam profissionalmente de longa data,
como eram os casos dos Bancos Fonsecas
& Burnay, Milleniumbcp, o BII e o BES.
Desde 2012 que a empresa é detida pela
Família Ferreira Mendes, e aqui quero
destacar a ajuda que me é dada pelo meu
filho Jorge Pedro Ferreira Mendes (que,
com outros que connosco colaboram na
Back Office da Empresa, constituem os
meu braço direito e esquerdo) e que, entre
outras tarefas, tem à sua responsabilidade
exclusiva a área da Certificação Energética
e toda a área de apoio técnico á obtenção
de documentação necessária obter junto
das entidades licenciadoras para legalização dos imóveis (como são os casos dos
Alvarás de Licenças de Utilização e de
Habitação, das FTH-Ficha Técnica de Ha-
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 27
› GRANDE ENTREVISTA
bitação) e o sector de fiscalização de obras
que é outra área forte e de grande futuro
previsível para a Mencovaz», destacou Jorge Ferreira Mendes, que querendo fixar-se
nas razões que levaram ao aparecimento
da Mencovaz na ribalta da avaliação imobiliária, adiantar-nos-ia alguns elementos
muito interessantes.
«A determinada altura da minha vida
(1978), apareceu a empresa que era a representante para Portugal das marcas
Audi/Volskwagen – a Sociedade Comercial Guerin – que me pediu que avaliasse
todo o seu património imobiliário desde
Valença até Faro, e sobretudo em Lisboa
onde possuía edifícios e terrenos grandiosos e valiosíssimos no Rossio, nos Restauradores no Chiado, em Pedrouços e em
Cascais.
Parte da zona da Baixa (Restauradores
e Rossio) e Pedrouços era praticamente pertença da Guerin, que tinha nessa
altura dos melhores imóveis da zona da
grande Lisboa, nomeadamente a Gandarinha em Cascais e a Quinta do Barril na
Ericeira. Perante este pedido da Guerin
e vendo que sozinho não conseguia levar por diante esta incumbência, decidi
chamar três colegas para constituirmos
uma poule de avaliadores e levarmos esta
tarefa por diante. Com a conclusão dessa
tarefa essa poule extinguiu-se, mas desse
trabalho conjunto e intenso ficou o gosto pelo acto de avaliar- (“…esta Alquimia
em que se transformam Construções e
terrenos de todo o tipo urbano ou rústico
em Euros…”), que me levou muito mais
tarde a entrar na criação de 2 Empresas
de avaliação – A Consulaval (em 2006) e a
Mencovaz (em 2008), sendo agora eu que,
como gerente único desta, conduzo os
destinos da empresa», recorda Jorge Ferreira Mendes, que assegura que a avaliação imobiliária que se fazia há vinte/trinta
anos atrás, nada tem a ver com a que se
faz hoje. «É como passar de um Citroen
de dois cavalos para um Rolls Royce»,
exemplifica.
Jorge Ferreira Mendes lembra que, outrora, as avaliações eram feitas basicamente
com recurso, apenas, ao método comparativo de mercado, um dos 3 métodos clás-
28 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
sicos de avaliação «Mediam-se as plantas
de todos os pisos a régua e esquadro, com
contas feitas à mão, porque na altura não
existia no desenho técnico o formato dwg
- AutoCAD, e essa tarefa consumia-nos
dias e noites. Também não havia cálculo
informático nem bases de dados, nem os
estudos de mercado como há hoje, que
tanto ajudam e simplificam a nossa vida»,
sublinha o administrador da Mencovaz,
para incidir depois o seu diálogo numa
viagem que realizou a Londres, viagem
que viria de certo modo a alterar o modo
como até então desenvolvia as suas avaliações.
“Avaliação Imobiliária –
Os 5 métodos”
«Em Londres conheci uma pessoa que
guardava consigo uma verdadeira relíquia. Tratava-se de um livro “ Property
Valuation- The 5 Methods”-“Avaliação
Imobiliária – Os Cinco Métodos”. Na altura (1988) só conhecia, praticamente o
método comparativo do mercado. Foi um
encontro que me marcou pela positiva,
porque esse livro falava de cinco métodos
de avaliação imobiliária e eu só conhecia
o método comparativo de mercado, que
a vida depois me ensinou que para o desempenho cabal da minha atividade era
muito insuficiente», reconheceu Jorge
Ferreira Mendes, que lembraria em seguida um novo marco importante no sector
da avaliação imobiliária. «Em 1991 foi
fundada a APAE – Associação Portuguesa
de Peritos Avaliadores de Engenharia, a
que pertenço desde a sua fundação, como
membro efectivo.”
Há cerca de um ano, a Mencovaz foi convidada a integrar a Direcção da ASAVAL
- “Associação Profissional das Sociedades de Avaliação“, afiliada para Portugal
da TEGOVA – The European Group of
Valuer’s Associations, associação que reúne todas as empresas de avaliação e suas
associações, com sede em Londres, e que
edita o “Blue Book”, com as “European Valuation Standards”, que contém todas as
normas e procedimentos europeus associados ao acto de avaliar imóveis de todo
o tipo, natureza ou dimensão e que vigora
em 26 países e congrega 46 associações do
tipo da Asaval nesses países, onde têm lugar encontros anuais, para troca de novas
experiências e de conhecimento.
“As avaliações de todo o tipo referidas,
vão desde um simples apartamento, a
condomínios de fracções autónomas de
moradias, lares, residências assistidas, clínicas, complexos turísticos de lazer, com
golfes, hotéis e apartamentos turísticos,
pedreiras, postos de abastecimento de
combustíveis, hospitais e edifícios pú-
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 29
› GRANDE ENTREVISTA
blicos, armazéns e fábricas, herdades e
quintas de produção de vinho, montado,
de sobro, produção de azeite ou terrenos
rústicos com plantações agroflorestais,
terrenos com potencialidade construtiva,
etc, e isto para todo País Continental e R.
Autónomas.”
Jorge Ferreira Mendes não tem dificuldades em assumir que a decisão que tomou
em chamar a si o futuro da Mencovaz, «foi
uma decisão pensada e amadurecida para
um homem que já está neste ramo desde
1972 – há 43 anos», referiu, sem esconder
que «continuo a gostar muito do que faço,
embora já esteja a preparar o meu filho
Jorge Pedro para um dia me substituir e
dar continuidade ao projeto Mencovaz».
A importância da formação
no seio da Mencovaz
As pessoas que, diariamente, colaboram
com a Mencovaz, são peritos avaliadores
e consultores de avaliação de reconhecido mérito, que actuam de acordo com as
normas internacionais de avaliação em
vigor, nomeadamente, as normas TEGOVA (“Blue Book”), IVS e Basileia III, os
avisos nº5/2006 e 2007 e a carta circular
nº11/2013/DSP do Banco de Portugal.
Para o efeito, a Mencovaz ministra aos
seus colaboradores cursos de formação
contínua, incluindo matemática financeira “discounted cash-flow”, análises dinâmicas de fluxos de rendimentos futuros e
análises de sensibilidade, recorrendo também à estatística matemática e à inferência estatística. «Assiste-nos a preocupação
da formação e da actualização permanente dos nossos membros e colaboradores,
com vista a uma elevada qualidade e rigor do acto de avaliar. Este é um aspeto
que nunca descurámos, porque sabemos
como é importante o grau de evolução
na formação de um perito de mediação.
Só deste modo saberemos desempenhar
cabalmente e dentro dos padrões mais
atuais uma atividade que obedece a muito
rigor, muita isenção, padrões elevados de
ética, compromisso e objetividade, e que é
rigidamente fiscalizada pela CMVM, pelo
Banco de Portugal e pelo ISP. E será também com esta postura que a Mencovaz alcançará o grau de Excelência porque luta
todos os dias», salientou Jorge Ferreira
Mendes.
Ter clientes de grande prestígio
O Administrador da Mencovaz diz-se
muito honrado com o crescimento sustentável que a sua empresa tem tido ao longo da sua existência, e lembrou que esse
crescimento só tem sido possível pela confiança pública que os clientes nela depositam. «Temos como clientes algumas das
principais instituições financeiras nacionais, Fundos de Investimento Imobiliário,
promotores imobiliários e proprietários
de imóveis institucionais ou privados, e
30 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
esta presença honra-nos bastante e dá-nos
ânimo para prosseguir e evoluir cada vez
mais», enfatizou o fundador da Mencovaz, que não tem dúvida de que, hoje em
dia, a avaliação imobiliária influencia uma
grande parte das decisões financeiras nas
chamadas economias modernas. «Dentro
de um contexto global, as crises financeiras passadas e recentes provam que os
perigos de colapso financeiro são reais,
não se descurando o seu contágio a outros
mercados e a outras economias», alertou
Jorge Ferreira Mendes.
Nesta entrevista com a PAÍS €CONÓMICO o administrador da Mencovaz
mostrou-se otimista quanto às oportunidades que poderão advir da Reabilitação
Urbana, em termos da avaliação dos imóveis e consultoria de apoio técnico e administrativo ao dono da obra e investidores.
A Mencovaz presta já este tipo de assessoria e consultoria imobiliária em regime de
parceria técnica com investidores estrangeiros.
«A Reabilitação Urbana parece estar a
florescer, com exemplos vivos em cidades
como o Porto e Lisboa. O que se passa actualmente a este nível, na Baixa do Porto –
principalmente nesta cidade – é a meu ver
um bom exemplo daquilo que este sector
pode proporcionar.
Na verdade, o que se passou e está passar a este nível na Baixa do Porto prova
que a zona deixou de ser apenas para uso
de escritórios de empresas, verdadeiros
desertos nocturnos para dar lugar também ao comércio e a zonas de habitação
preferenciais, sobretudo dirigida para a
habitação jovem. E o exemplo do Porto
pode estender-se a Lisboa (veja-se o caso
da “Parque Expo”, onde nasceu uma cidade nova habitada, maioritariamente, por
jovens e outras grandes cidades, e isso é
positivo até para o nosso sector.
Mas há que esperar para ver como as coisas vão evoluir», disse a finalizar Jorge
Ferreira Mendes, que um dia teve Gondarém (Vila Nova de Cerveira) como berço
e que nos arredores de Lisboa, ergueu a
Mencovaz e está a fazer dela das grandes
referências nacionais no ramo da avaliação imobiliária. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 31
› LUSOFONIA › Brasil
Marconi Perillo veio a Lisboa para captar mais investidores portugueses para o Centro Oeste brasileiro
Goiás é o celeiro do Brasil
Realmente, o estado de Goiás, localizado no Centro Oeste brasileiro, cuja capital, Goiânia,
dista menos de 200 quilómetros de Brasília, a capital federal brasileira, é um dos mais
importantes na produção alimentar e agro-alimentar no Brasil, mas já é muito mais
do que isso, apresentando-se como uma economia diversificada, onde os sectores
da indústria e dos serviços cresceram imenso nesta última década. Marconi Perillo,
Governador de Goiás, esteve em Lisboa a convite do Vice Primeiro-Ministro Paulo Portas,
O
Vice-Presidente do Brasil visitou Portugal
Cimeira Luso-Brasileira
ainda no primeiro semestre
O
Vice-Presidente do Brasil, Michel Temer, esteve em Abril
em visita oficial a Portugal, tendo realizado reuniões com
o português Cavaco Silva, o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, e o Vice Primeiro-Ministro Paulo Portas, além da presença num seminário empresarial que juntou várias dezenas de
empresários dos dois países de língua portuguesa.
Na reunião que manteve com Paulo Portas foram discutidas diversas questões das relações bilaterais, assim como temas do relacionamento entre a União Europeia e o Mercosul.
Michel Temer aproveitou a sua vinda a Lisboa para entregar
uma carta da presidente brasileira Dilma Rousseff convidado o
Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho para se deslocar ainda no
primeiro semestre do corrente ano a Brasília, de modo a realizar a
XII Cimeira Luso-brasileira.
Estando em Lisboa numa ocasião em que ocorria os 15 anos do
Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre Portugal e o
Brasil, ambos os responsáveis governamentais português e brasileiro manifestaram o interesse e disponibilidade para aprofundarem o relacionamento sobretudo nos setores da ciência, ensino
32 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
superior, tecnologia e inovação, energia, ambiente, saúde, agro-alimentar e indústrias culturais.
No decorrer das reuniões realizadas em Lisboa, Michel Temer
e Paulo Portas assistiram à assinatura de acordos entre os dois
países, nomeadamente o memorando de entendimento entre o
Ministério da Economia português e a Secretaria dos Portos brasileiro sobre Cooperação nas Áreas de Portos Marítimos e Logística,
ao memorando de Entendimento entre a Aicep Portugal Global e
a Apex Brasil, assim como no domínio da saúde com um protocolo entre o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein.
Portugal apresentou também uma proposta de memorando de
entendimento entre o Ministério do Ambiente, ordenamento do
Território e Energia e o Ministério de Minas e Energia no domínio
das Energia e dos Recursos Geológicos.
No ano passado, as relações comerciais entre os dois países voltaram a crescer, com Portugal a exportar para o Brasil cerca de 1,1
biliões de dólares, e importando deste país cerca de um bilião de
dólares. ‹
e depois falou a empresários portugueses num seminário organizado pela Fundação AIP.
TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › ARQUIVO
estado brasileiro de Goiás é considerado geralmente o “celeiro do
Brasil”, onde a produção agrícola
e mineral são das mais elevadas em toda a
federação brasileira. Marconi Perillo veio
recentemente a Lisboa a convite de Paulo Portas, e destacou que o seu estado é
dos que mais crescem em todo o território
brasileiro, mas apresenta hoje uma economia mais diversificada e não apenas centrada nos setores primários da economia.
O governador recordou que em 15 anos o
PIB de Goiás passou de 17 biliões de reais
para 140 biliões de reais (2014), onde as
exportações assumem um papel preponderante, tendo atingido no ano passado
cerca de 7 biliões de dólares. No entanto,
Marconi Perillo reconheceu que as trocas
comerciais entre Goiás e Portugal ainda
são muito baixas, mas salientou que exis-
tem potencial para crescerem exponencialmente. Em declarações exclusivas à
PAÍS €CONÓMICO, Marconi Perillo recordou que a introdução de um voo direto
e diário entre Brasília e Lisboa permitiu
que muitos mais brasileiros em geral e
cidadãos de Goiás em particular visitassem Portugal, com repercussões diretas
num maior conhecimento da realidade
portuguesa bem como do seu potencial
económico, cultural, turístico e científico.
O governador salientou que a economia
do seu estado é muito forte no sector agro-alimentar, mas nesta última década tem
progredido bastante nas áreas da indústria e dos serviços, além de registar igualmente um assinalável desenvolvimento
nas áreas das infraestruturas de transporte e de energia. Em todos estes sectores,
salientou Marconi Perillo, «existem fortes
potencialidades e grandes oportunidades
que podem e devem ser aproveitas pelas
empresas portuguesas. Temos a firme
convicção de que o Centro Oeste brasileiro em geral, e Goiás em particular, podem constituir excelentes oportunidades
para a internacionalização das empresas
portuguesas, particularmente nas áreas
das infraestruturas e da energia. Temos
muitos projectos de investimento nessas áreas, e sabemos que existem muitas
empresas portuguesas com capacidade e
experiência para poderem ter sucesso no
nosso estado», salientou o governador de
Goiás. Particularmente na zona de Anápolis, a cerca de 170 quilómetros de Brasília, onde se cruzam as linhas ferroviárias
Norte-Sul e Este-Oeste, o potencial para
a cooperação empresarial possui imenso
potencial. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 33
› PORTOS
João Franco, Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS)
Porto de Sines é um
dos mais competitivos
a nível internacional
Até ao final do presente ano, o Terminal de Contentores do Porto de Sines crescerá
para uma capacidade de 2.5 milhões de TEUS. Mesmo assim, com o aumento do tráfego
mundial de contentores, dentro de dois ou três anos já estará esgotado. João Franco,
Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APS),
refere em entrevista à País€conómico que será preciso continuar a crescer na carga
contentorizada em Sines, e há que construir novas infraestruturas nessa área. Falta
saber em que moldes jurídicos. O líder da administração portuária sineense assegura
também que em 2019 estará finalmente construída a nova linha ferroviária que
ligará o porto de Sines ao interior da Península Ibérica, «aumentando fortemente a
competitividade do nosso porto no contexto económico ibérico». João Franco anuncia
também nesta entrevista que existem duas empresas interessadas para se instalarem na
zona logística dentro da zona portuária.
TEXTO › JORGE ALEGRIA
O Terminal de Contentores (mais conhecido por Terminal XXI) ganhou no ano
passado mais um espaço e já este ano a
PSA decidiu um novo investimento, cuja
obra deverá estar pronta até ao final
deste ano. Como avalia a evolução deste
terminal tanto do ponto de vista infraestrutural como ao nível dos resultados
alcançados?
Espero que me deixe falar também dos
outros terminais (risos), mas realmente o
Terminal XXI é o mais mediático do nosso
porto.
O Porto de Sines possui cinco terminais,
embora seja verdade que o designado
Terminal XXI é o que mais é referenciado publicamente, e de facto é também o
que mais tem crescido percentualmente
nos últimos anos. Em 2014, este terminal
registou um sucesso assinalável porque
ultrapassou pela primeira vez a fasquia
do milhão de TEUS, mais concretamente, atingiu a marca de 1.227 milhões de
34 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
TEUS. De referir que no ano anterior ultrapassámos os 900 mil TEUS, mas ficou-se bastante distante da marca atingida no
ano passado. O Terminal de Contentores
movimenta cerca de 38% do total das
mercadorias movimentadas em Sines,
pelo que constitui um terminal que absorveu importantes investimentos por parte
da PSA e que se concluíram já em Janeiro do corrente ano, que vão permitir aumentar a capacidade do terminal para 1.7
milhões de TEUS. Como o investimento
adicional de 40 milhões de euros já decidido pela PSA e que estará concluído até ao
final do presente ano, o Terminal XXI passará a dispor de uma capacidade global
para movimentar 2.5 milhões de TEUS.
Este aumento em curso representará, sem
dúvida, um ganho muito significativo,
não apenas para o próprio terminal, mas
também para o porto de Sines e para o
país, visto que existe mercado para corresponder a este investimento e consequente
aumento da capacidade portuária instalada. Mas, dentro de dois ou três anos,
mesmo este aumento do terminal estará
já esgotado, pelo que teremos de avaliar
soluções para o crescimento dos contentores no porto de Sines.
Existem já conversas entre a APS, a PSA
e o Governo português, para poder existir novos investimentos futuros nesse
segmento portuário em Sines?
Obviamente que estamos muito atentos a
essa situação. É de salientar que o actual
investimento na área dos contentores é da
responsabilidade da PSA. Este último que
se construirá este ano será de 40 milhões
de euros e criará 150 postos de trabalho.
Realmente temos de perspectivar o futuro. Certamente que dentro de um ano, ano
e meio, terá de se tomar uma decisão a respeito do futuro desenvolvimento dos contentores no porto de Sines. Nessa altura
terá de ser tomada uma decisão se esse desenvolvimento acontecerá pela expansão
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 35
› PORTOS
feita pela própria PSA para sul do actual
cais, e para isso poderá ser necessário uma
solução de prorrogação do prazo da concessão actualmente em vigor, ou se prevalecerá a lógica das decisões tomadas em
matérias de prorrogação de concessões
pelo Tribunal de Contas, e que têm sido
contrárias a esse mesmo prolongamento.
Se a situação não se alterar, talvez haja a
necessidade de se abrir um novo concurso público para a construção de um novo
cais de contentores no porto de Sines.
Poderá ser o tal Terminal Vasco da Gama
de que já se fala há alguns anos?
Em Sines muitas coisas se chamam Vasco
da Gama, portanto, esse futuro terminal
também poderá ter esse nome, ou não.
Não existe nenhuma decisão tomada nessa matéria.
Contentores precisam
de continuar a crescer
Se houver necessidade de se abrir um
novo concurso público para a construção
de um novo terminal poderá concorrer
(e ganhar) um outro operador que não
a PSA?
Em teoria, obviamente que sim. Na prática, tenho algumas dúvidas que isso venha
a acontecer, pois dificilmente um grande
operador mundial de terminais portuários
pode concorrer com a PSA, que é o maior
operador mundial de terminais portuários. Repito, na teoria isso pode acontecer,
mas na prática tenho as maiores dúvidas
que venha a acontecer, pois considero que
num porto com a dimensão internacional
como o de Sines, só um grande operador
mundial poderá estabelecer-se aqui, com
uma forte ligação aos armadores. E como
já cá está a PSA, não será fácil vir um segundo. Vamos ver o que o futuro nos reservará.
Para que continue a existir crescimento
dos contentores em Sines, é necessário
implementar novas rotas, além de mais
empresas a fazerem transportar mercadorias por Sines. Esse é um trabalho que
tem dado resultados?
Naturalmente que a existência de novas
rotas e, consequentemente, a chegada de
mais carga é positivo para o porto. Mas,
36 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
é justo dizê-lo que não é à administração
portuária a quem compete encontrar essas
novas rotas, mas é evidente que tentamos
criar as melhores condições e ajudamos
para que isso aconteça. São os agentes
económicos, aqueles que arriscam, que
investem, que criam postos de trabalho
e pagam impostos, que trabalham para
abrir novas rotas e fazer crescer a carga
no nosso porto.
Qual é a importância dos restantes terminais existentes no porto de Sines?
O terminal que movimenta mais mercadorias em Sines é o Terminal de Granéis
Líquidos, representando quase 50% do total da tonelagem movimentada no porto.
Basicamente, o terminal serve para importar o crude que chega de navio, seguindo
depois por pipeline para a refinaria de
Sines onde é refinado, e volta depois também por pipeline ao terminal entrando
de seguida no navio para ir para outras
partes do território nacional ou para a
exportação. Como sabe, no ano passado,
devido a uma paragem mais prolongada
do que a inicialmente previsto da refinaria de Sines, registou-se uma diminuição
da produção da própria refinaria e consequentemente da carga global movimentada no respectivo terminal.
Outro importante terminal que temos é o
que se designa por Multipurpouse e que
recebe basicamente carvão com destino
à central termoeléctrica do Pego (vai por
comboio) e da própria central da EDP em
Sines, sendo esta abastecida a partir do
terminal por uma passadeira rolante fechada para não causar qualquer impacto
ambiental na atmosfera. O Terminal Multipurpouse representa cerca de 14% do
movimento do porto de Sines.
Um quarto terminal de grande importância é o Terminal Petroquímico, que apesar
de representar apenas 1,4% do movimento portuário, é deveras importante devido à sua ligação à unidade industrial da
Repsol.
Finalmente, ainda em Sines, é de destacar
o Terminal de Gás Natural Liquefeito, que
apesar de também não representar uma
quota muito elevada do movimento portuário, é uma infraestrutura estratégica
para Portugal, visto que nos permite abastecer cerca de 50% do consumo de gás
natural no país.
Essa questão é muito pertinente, porque
está neste momento em debate a possibilidade dos terminais de gás natural
liquefeito na Península Ibérica poderem
constituir um elemento fundamental
para aumentar a autonomia estratégica em termos energéticos da Europa
Ocidental face à actua dependência do
gás natural vindo do leste europeu. Qual
poderá ser nessa matéria o papel do terminal de Sines?
A esse propósito, é de referir que há alguns anos a REN construiu um terceiro
depósito receptor de gás aqui em Sines,
pelo que existe uma forte capacidade de
armazenamento de gás natural. É evidente que os terminais da Península Ibérica,
caso também sejam construídas novas
ligações através dos Pirenéus, poderão
constituir um activo estratégico muito importante no futuro em termos de autonomia energética da Europa Ocidental.
Quanto ao porto de Faro está a receber
alguns investimentos para tornar o porto
mais competitivo e melhorar as condições
logísticas e de funcionamento. Gostaria de
referir a extrema importância deste porto
para assegurar as exportações de cimento
da cimenteira de Loulé, uma unidade de
grande importância económica para o Algarve e que assegura cerca de 200 postos
de trabalho. No que respeita ao Terminal
de Cruzeiros de Portimão, também constitui uma unidade de grande importância
económica para a região, estando a ser
estudadas as soluções para melhorar a
sua capacidade de poder receber navios
de cruzeiros de maior dimensão do que
aqueles que pode ser na actualidade.
Nova linha ferroviária será
uma realidade em 2019
Para as mercadorias que chegam a Sines
poderem seguir mais rapidamente e em
condições mais competitivas para o hinterland natural do porto, que no fundo
vai até à região da capital espanhola,
são precisas melhores ligações ferro-
Terminais do Algarve
são acarinhados pela APS
viárias do que as que existem presen-
Antes de falarmos das ligações ferroviá-
fala na construção de uma nova ligação
rias a partir do porto de Sines, gostaria
ferroviária a partir de Sines, mas os anos
ainda que abordasse a importância es-
passam e nada acontece. Até quando?
tratégica dos portos do Algarve – Faro e
Pode parecer para quem está de fora de
que está tudo na mesma desde há vários
Portimão – para a APS?
temente. Desde há vários anos que se
anos, mas realmente não está. A APS tem
desenvolvido um grande esforço de convencimento do governo português, o que
felizmente foi conseguido, e depois este
a própria Comissão Europeia, no sentido
de garantir a importância da prossecução
do investimento na ferrovia e consequentemente da obtenção dos financiamentos
da União Europeia para suportar os custos da construção de uma nova e moderna
via ferroviária a partir de Sines.
Essa decisão a nível europeia está tomada,
e vamos com certeza ter uma nova ligação
ferroviária a Espanha, e daqui certamente
para o restante espaço europeu.
A futura linha deverá estar construída até
2019 e permitirá reduzir em cerca de 200
quilómetros o actual percurso até ao nosso hinterland em Espanha, além de possibilitar, e esta é uma questão competitiva
fundamental, de passar dos actuais comboios com 450 metros de comprimento
para comboios com 700 metros e comprimento. É uma diferença que fará toda a
diferença em termos de custo e competitividade.
Neste ponto, se me permite, gostaria ainda
de sublinhar que cerca de 20% das mercadorias que chegam a Sines seguem para
o resto do país e para Espanha, e dessas
mercadorias que saem daqui apenas 3%
seguem por via rodoviária, ou seja, 97%
seguem através da ferrovia. Desejamos
que esta proporção continue no futuro e
com certeza de que a nova linha ferroviária ajudar nessa matéria.
Concerteza de que ajudará como ajudará a atrair novas empresas para Sines.
Perspectiva-se alguma novidade a breve
prazo?
A APS possui uma zona logística no interior da área portuária, zona para onde
estamos em conversações com dois potenciais investidores interessados em lá se
instalarem.
De que sectores de actividade são essas
empresas?
São da área do frio, que constitui um segmento que está a crescer bastante na área
dos contentores refrigerados em Sines.
Existem também perspectivas de receber novas empresas para as áreas de aptidão industrial em redor de Sines e que
são geridas pela Aicep?
Sem dúvida que sim. São zonas com capacidade de recepção industrial e comercial quase ilimitada e aliás posso adiantar-lhe que temos mantido conversações
com a administração da Aicep Global
Parques no sentido de avaliarmos a possibilidade de reduzirmos os preços de instalação e uso dessas zonas, justamente de
forma a adequar os valores ao mercado
da actualidade e assim termos condições
mais competitivas para receber novas
empresas. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 37
› EMPRESARIADO
Carlos Pina, Administrador de Cafés Negrita, SA
<
«Um compromisso
com a qualidade
que já tem mais
de noventa anos»
Carlos Pina, administrador de Café Negrita, SA já trabalha nesta empresa há quase
67 anos, e é a pessoa que mais de perto acompanhou o crescimento desta que é
considerada uma das torrefacções mais antigas do país. De facto, com os seus 91 anos
de vida, a Cafés Negrita, SA é uma das grandes referências nesta área de atividade,
que para além de trabalhar com as marcas próprias “Negrita” e “Carioca”, está sobretudo
vocacionada para o fabrico e empacotamento de blends para outras marcas. Em
entrevista à PAÍS €CONÓMICO, Carlos Pina não escondeu a preocupação pelo facto
da sua empresa ter tido em 2014 uma quebra no seu crescimento de cerca de 20%,
mas nem por isso deixa de acreditar no futuro. «Estou habituado a crises como esta
que constituem ciclos na vida das empresas mas, aqui na Negrita estamos preparados
as enfrentar», referiu Carlos Pina, que instantes antes de ter concedido esta entrevista
M
recebera mais uma distinção: o galardão “PME Líder 2014”.
TEXTO › VALDEMAR BONACHO | FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
omentos antes de ser entrevistado para a P€, Carlos Pina
não escondia a sua satisfação
por os Cafés Negrita acabar de receber
o galardão de “PME Líder 2014”. «Não
foi a primeira vez que nos distinguiram
com este prémio, começa até a ser para
nós um hábito, mas sabe bem porque é
o reconhecimento do bom trabalho que
continuamos a realizar em prol do setor»,
comentou Carlos Pina, administrador desta empresa familiar, nascida em 1924 no
centro de Lisboa na forma de sociedade
limitada, que durante anos foi armazém
de mercearias, torrefação de cafés, cevada,
chicória, amendoim e armazém de especiarias.
«Tornámo-nos sociedade anónima em
1995», lembra o nosso entrevistado, que
embora em breve complete 89 primave-
38 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
ras, não deixa, contudo, de patentear uma
lucidez e uma vitalidade invejáveis.
Referindo-se concretamente aos 67 anos
que conhece do percurso dos Cafés Negrita, Carlos Pina não esconde que não tem
sido nada fácil. «Houve de facto um período de crescimento, mas no momento
atual eu diria que estamos a passar por
momento de alguma estagnação, para não
dizer que estamos um bocadinho abaixo
daquilo que seriam os nossos desejos.
Porque estamos localizados no centro da
cidade de Lisboa e muito limitados em espaço, não nos podemos expandir, e irmos
para outro lado com a minha idade é quase impensável. O melhor neste momento
é deixar as coisas como estão», referiu
Carlos Pina, que tem a trabalhar consigo,
preparando-se para ser sua continuadora, sua filha Helena Pina, engenheira do
Ambiente e de quem teceria comentários
muito elogiosos.
«É o meu braço direito, a pessoa a quem
deposito fundadas esperanças na continuação dos negócios dos Cafés Negrita.
Já está muito por dentro de todos estes
meandros, é muito dedicada e muito trabalhadora e, não tenho dúvidas, é a gestora ideal para dar continuidade a um negócio que não é fácil de administrar», não
hesitou a responder Carlos Pina.
Como qualquer empresa que quer ser
competitiva e ter uma forte presença no
mercado, a Cafés Negrita passou ao longo
da sua história por alguns ciclos evolutivos, e um deles foi a substituição da lenha
pelo gás natural nas torras, isto nos anos
90.
De facto, inicialmente as torras faziam-se
a lenha, em torradores de bola e em má-
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 39
› EMPRESARIADO
quinas de ar quente Probat, prática
que mais tarde foi substituída pelo
gás natural. «Este foi um período
em que nos tivemos de adaptar às
novas realidades. Não fazia sentido
continuarmos a trabalhar a lenha,
porque era um trabalha mais sujo e
menos ecológico. Na altura a Companhia do Gás teve de construir
um ramal próprio para nós, já que
o ramal que aqui existia não tinha
capacidade para nos fornecer o gás
natural que necessitávamos para
as nossas operações de torrefação.
Este foi na altura um investimento
digno de registo», recorda Carlos
Pina.
Das maiores torrefações
do país
A Cafés Negrita é considerada
uma das mais antigas torrefações
do país, e manter durante mais de
nove décadas uma empresa com estas características mereceu da parte de Carlos
Pina o seguinte comentário. «Manter a
empresa viva através dos tempos não foi
nada fácil. Implicou muito esforço, muita
dedicação, termos de relegar para plano
secundário muitas coisas da nossa vida
privada e significou também muita coragem», sublinhou o nosso entrevistado,
que adiantaria um exemplo curioso para
ajudar melhor a definir o que acabara de
dizer. «Sabe, isto é como a carroça: atrela-se o burro e ele tem de andar…», revelou
Carlos Pina, administrador desta empresa,
cujo capital é detido na sua totalidade por
familiares e que emprega cerca de vinte
pessoas.
Para além de passar a utilizar o gás natural nas operações de torra, a Cafés Negrita
tem feito ao longo dos seus mais de noventa anos de vida, outros investimentos
decisivos para o futuro da empresa. Para
além de um queimador de fumos que foi
instalado para a limpeza dos efluentes
gasosos, a Cafés Negrita implementou
também o sistema de armazenamento
de cafés torrados em silos, com gestão e
execução de blends computorizados, e,
em 2008 deu entrada em funcionamento
40 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
um novo software na área da produção e
ligação ao sistema de gestão comercial/
faturação, e foram garantidos todos os
requisitos para o cumprimento da rastreabilização.
Carlos Pina é pai de duas filhas, e uma delas, Helena Pina, é desde há alguns anos o
seu braço direito e o garante da continuidade de uma boa gestão no seio da Cafés
Negrita. «A minha filha Helena Pina é engenheira de formação na área do Ambiente, trabalhou na Caixa Geral de Depósitos
e adaptou-se rapidamente e na perfeição
a toda a orgânica da empresa. O seu espírito inovador e a sua veia empreendedora
dão-me a certeza de que a continuidade
da empresa está garantida», vislumbrou
Carlos Pina.
Marcas “Negrita“ e “Carioca”
Referir que a Cafés Negrita trabalha com
marcas próprias – “Negrita” (esta durante
toda a existência da empresa) e “Carioca”
(desde 1993) – e está sobretudo vocacionada para o fabrico e empacotamento de
blends para outras marcas, dando-lhes a
garantia de qualidade que o seu passado
e o moderno equipamento que dispõe lhe
conferem.
Carlos Pina considerou um «salto
qualificativo muito grande» o que
foi dado pela sua empresa aquando da introdução do sistema de
armazenamento de cafés torrados
em silos, com gestão e execução de
blends computorizados. «Com este
sistema computorizámos os blends,
temos os silos independentes para
cada realidade e o empacotamento
também é automático. Já no seu
tempo, e estamos a falar de uma
dezena ou duas de anos, este já foi
um investimento considerável para
a época. Mas a minha política é viver, dar o suficiente aos meus trabalhadores para viverem e o resto
é investido no desenvolvimento da
empresa, Tem sido sempre assim ao
longo da minha vida…», sublinhou
o proprietário de Cafés Negrita.
Carlos Pina reconhece que o crescimento da sua empresa tem sido
sustentável ao longo de todos estes anos.
E comenta. «A Cafés Negrita não necessita de crédito bancário, fazemos tudo
ao ritmo daquilo que vamos ganhando e
sempre debaixo de uma boa gestão, uma
gestão equilibrada. Somos uma empresa
com grande idoneidade. Não fazia sentido
que ao fim de noventa anos ainda estivéssemos a precisar de dinheiro, significaria
que não tinha valido a pena tanto tempo
e tanto esforço», reforçou o administrador
de Cafés Negrita.
Como dissemos, a Cafés Negrita é detentora de duas marcas muito prestigiadas:
“Negrita” e “Carioca“ e, segundo nos confiou Carlos Pina «não precisamos de mais
marcas».
«O que estamos a fazer são blends para
clientes. Aproveitando o facto de termos
a linha toda montada, o cliente fornece a
embalagem e nós fazemos os blends que
eles querem, obedecendo aos lotes que
nós dispomos. Temos cinco lotes com
marca pobre e para além disto temos
mais meia ou uma dúzia de clientes que
fazem aqui as suas blends», esclareceu
Carlos Pina, que apesar dos seus 89 anos,
continua a ser o grande cérebro e o grande
impulsionador de Cafés Negrita. ‹
Teixeira
Duarte
melhorou
resultados
em 2014
A Teixeira Duarte registou em 2014 um
lucro de 70,28 milhões de euros, uma
melhoria de 9,9% face aos 63,9 milhões
obtidos no ano anterior. De referir que o
volume de negócios da empresa aumentou 6,2% para 1,67 mil milhões de euros.
O grupo português sublinhou em comunicado enviado à CMVM que “a quebra
de 26,1% registada em Portugal foi compensada pelo incremento de 13,8% nos
outros mercados, os quais passaram a
representar 86,9% do total do volume de
negócios do grupo Teixeira Duarte”.
Olhando para o desempenho do grupo
nas diversas geografias onde está presente, o grupo Teixeira Duarte informou
que “o volume de negócios da construção
subiu no Brasil, em Moçambique e na Venezuela e desceu em Portugal e Angola,
sendo que globalmente registou uma diminuição de 2,7% face a 2013”.
Já na área das concessões e serviços, o volume de negócios cresceu 24,1% face ao
período homólogo, e no imobiliário subiu
44% face a 2013. O EBITDA da construtora subiu 12,1% para 239,7 milhões de
euros, enquanto a margem de EBITDA
passou de 13,5% em 2013 para 14,3% no
ano passado. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 41
› EMPRESARIADO
Paulo Fonseca, Administrador da Inovazul
Tecnologia ajuda a interligar
populações distantes
A Inovazul – Consultadoria e suporte em TIC, é uma das maiores especialistas nacionais
em integradores de rede. Paulo Fonseca, Administrador da Inovazul, salienta as
soluções desenvolvidas pela empresa com sede em Alfragide (Amadora) para fazer
aceder populações do interior do país, distantes das sedes dos seus concelhos à rede
de Internet. Isso aconteceu primeiro no concelho do Alandroal, e mais recentemente
no concelho de Palmela. A Inovazul é também um dos mais importantes parceiros da
EDP.ON para a manutenção de software no canal corporativo da distribuidora eléctrica
portuguesa.
A
TEXTO › JORGE ALEGRIA
| FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELA INOVAZUL
integração de sistemas dos seus
clientes, constitui a actividade
principal desenvolvida pela
Inovazul, empresa localizada em Alfragide e que é liderada pelo empresário
Paulo Fonseca. Abrangendo sobretudo o
universo de PME’s e micro empresas, a
Inovazul destaca-se essencialmente pela
sua estrutura ágil e flexível, «mas sempre
disponíveis em qualquer momento e em
qualquer lugar para servir e responder a
quaisquer dificuldades e necessidades dos
nossos clientes», sublinha Paulo Fonseca.
Uma área em que a empresa se tem especializado prende-se com o desenvolvimento de soluções que permitem levar o
acesso à Internet por parte de populações
distantes das sedes dos seus respectivos
concelhos, introduzindo soluções via wireless a partir da sede concelhia e que
permite receber o sinal da web em boas
condições por populações situadas a distâncias até 35 quilómetros. Foi assim em
2005 no concelho alentejano do Alandroal,
que abrangeu onze freguesias, bem como
mais recentemente foi implementado na
freguesia de Águas de Moura, concelho
de Palmela, e que constituiu a freguesia
mais distantes deste concelho. «Desse
modo, conseguimos que essas populações
tenham acesso aos meios modernos de
comunicação, com valores perfeitamen-
42 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
te acessíveis e de qualidade».
Decorrente da implementação
deste sistema, a Inovazul foi
requisitada pela Tecnilab para
proceder à gestão da monotorização e automatismos em
diversos sistemas de gestão
de abastecimento de água em
Portugal. «É um projecto muito
interessante e que nos permite
desenvolver o nosso know how
e aplicá-lo em áreas de grande
relevância social e económica»,
sublinha Paulo Fonseca.
No futuro a breve prazo, a Inovazul espera poder vir a estar
envolvida num processo de
análise do tráfego em “zonas
quentes” (mais percorridas por
pessoas) dentro de seis centros
comerciais que uma empresa
de origem francesa poderá adquirir em
Portugal, adianta o responsável da tecnológica nacional.
Olhando para além-fronteiras, a Inovazul
espera igualmente poder vir no futuro a
trabalhar no projecto em São Tomé e Príncipe, uma iniciativa da empresa nacional
de comunicações daquele país africano
de língua portuguesa referente a equipar
22 escolas do país com soluções wireless,
mas cujo financiamento está dependente
do apoio financeiro da União Europeia. ‹
DR. HÉLDER FLOR
Como uma medicina milenar
pode aumentar a produtividade
da sua empresa
Saiba o que a Acupuntura, Moxibustão,
Massagem TuiNa, Ventosaterapia e a
Fitoterapia podem fazer pela sua empresa.
Aumentar o nível de produtividade das empresas é uma
meta almejada por praticamente todos os empresários.
Através do aumento da produtividade consegue-se reduzir
o tempo gasto para executar um serviço, aumentar a qualidade dos produtos elaborados, mantendo os níveis de qualidade associados à empresa. Isto tudo sem o acréscimo de
mão-de-obra e sem o aumento dos recursos necessários.
No entanto, para aumentar a produtividade da empresa é
necessário descobrir onde o trabalho está a ser mal feito,
é necessário investir em formação, é necessário criar um
bom ambiente de trabalho, interagir com clientes, manter
os canais de comunicação internos abertos, repensar estratégias e, acima de tudo, estimular os colaboradores. Estes,
além de seres humanos, são o veículo que lhe vai permitir aumentar os seus ganhos. Se for um líder ameaçador
e odiado estará a convidar o seu colaborador a produzir
menos, a dar menos de si, a faltar com frequência. Isto é
meio caminho andado para ele se demitir ou fazer com
que você o despeça porque acha que não é o trabalhador
ideal para a sua empresa. Se demonstrar preocupação e
procurar estimulá-lo, ele vestirá a “camisola da empresa” e
produzirá mais e melhor para si.
Será a Medicina Tradicional Chinesa uma ferramenta útil
para a sua empresa? Conseguirá a Medicina Tradicional
Chinesa ajudá-lo a aumentar os níveis de produtividade
da sua empresa?
Para além da criação de ambientes de trabalho confortáveis e agradáveis, é necessário manter o trabalhador livre
de descontentamento, de stress e de doenças ocupacionais.
De acordo com o inquérito europeu sobre condições de trabalho (realizado periodicamente pela Fundação Europeia
para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho),
admite-se que o stress esteja na origem de grande parte
do absentismo por doença em Portugal. As perturbações
músculo-esqueléticas e o stress são as duas maiores queixas dos trabalhadores portugueses.
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que engloba
várias técnicas, entre elas a Acupuntura, tem vindo a
impor-se como uma poderosa aliada na manutenção das
condições de trabalho, de saúde e na satisfação dos trabalhadores. É eficaz no tratamento e na prevenção das lesões
por esforço repetitivo e no combate ao stress e suas diversas manifestações (e.g. fadiga, dores de cabeça, problemas
cardiovasculares, depressão, perturbações de ansiedade,
entre outros).
Através das suas técnicas, a MTC promove a analgesia da
dor, a libertação de serotonina e de endorfinas, a eliminação de contraturas musculares, a promoção da circulação
sanguínea local, o aumento da mobilidade e lubrificação
articular, entre outros.
Ao aumentar a qualidade de vida do trabalhador, este
sentir-se-á mais seguro, mais confiante, mais empenhado,
menos stressado.
Tal facto, reflectir-se-á na sua empresa: aumento da motivação pessoal está directamente correlacionado ao aumento dos níveis de criatividade, eficácia, eficiência, rentabilidade e, consequentemente, da produtividade com maiores
lucros associados para a empresa.
Um trabalhador livre de dor e de stress, é a melhor ferramenta para uma empresa crescer. A Medicina Chinesa
pode ajudar a sua empresa a crescer.
Para mais informações contacte-nos:
Clínicas Helder Flor - Medicina Chinesa e Osteopatia
www.clinicashelderflor.pt
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 43
› AGRO-INDÚSTRIA
Arlindo Cunha, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão
«Produtores dos
vinhos do Dão estão
a desenvolver um
trabalho de excelência»
Depois de se ter formado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do
Porto e obter uma pós-graduação em Economia Agrária pela Universidade de Reading,
Reino Unido, Arlindo Cunha teve uma passagem muito marcante na vida política: foi
secretário de Estado da Agricultura entre 1986 e 1990 e ministro da Agricultura entre
1990 e 1994, ambas as vezes em governos chefiados por Cavaco Silva. Foi também
colaborador da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e agora é professor
associado convidado da Universidade Católica Portuguesa. Mas Arlindo Cunha, natural
de Tábua, é ainda viticultor na Região Demarcada do Dão e já vai no seu segundo
mandato como presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão. Em entrevista que
concedeu à PAÍS €CONÓMICO, Arlindo Cunha diz que aceitou este cargo com espírito
de missão e que a CVR do Dão tudo tem feito para dignificar os Vinhos da Região do
Dão em Portugal e nos mercados internacionais. «E não devemos esquecer o trabalho de
excelência que está a ser desenvolvido pelos produtores de vinhos da Região do Dão»,
sublinhou Arlindo Cunha.
«O
TEXTO › VALDEMAR BONACHO
meu aparecimento como
presidente da CVR do
Dão tem as suas razões
de ser. Eu sempre estive ligado à terra e
até andei na política por ser reconhecido
como um especialista em questões de Política Agrícola e desde 1997 (há quase vinte
anos) que sou produtor de vinho do Dão
na terra onde sou natural: Tábua. Com a
legislação que foi aprovada em 2004 as
Comissões Vitivinícolas tiveram um período para se adaptar a essa nova legislação e, nesse contexto, passaram a ser eleitas por produtores e não nomeadas pelo
governo. Eu e a minha Direção fomos dos
primeiros a ser eleitos pelos produtores, e
isso foi visto por mim como uma prova
de confiança que aceitei como mais um
desafio, que encaro com muito gosto»,
44 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
| FOTOGRAFIA › RUI ROCHA REIS
esclareceu Arlindo Cunha, presidente da
CVR do Dão.
Como é que a CVR do Dão encara os novos desafios? Arlindo Cunha predispôs-se
a explicar-nos. «A CVR do Dão, tal com
as outras Comissões Vitivinícolas, é uma
entidade certificadora e a sua principal
função é certificar os vinhos e também
promover os vinhos do Dão e organizar o
setor e os produtores que podem vender
vinho com o rótulo do Dão. Houve um
período de alguma dificuldade no final
dos anos 80, princípio dos anos 90, quando surgiram no mercado novas regiões
que antes não produziam vinho. Estou a
falar especialmente do Alentejo, que teve
um período de adaptação e que hoje está
a responder muito bem, tem vinhos de
facto muito bons, diferentes dos que são
produzidos noutras regiões. Nós, enquanto Comissão Vitivinícola representamos
os produtores e sentimos da parte deles
muita confiança em relação ao presente e
futuro».
CVR do Dão forte aliada
dos produtores
Arlindo Cunha não hesitou em afirma
que para si esta tem sido uma experiência muito saudável. «Tem sido uma experiência muito interessante, mas acho que
ainda temos muito trabalho a desenvolver
aqui no Dão. E estamos conscientes desse
trabalho. Temos procurado simplificar os
procedimentos da certificação para que
os nossos agentes económicos tenham
menores custos para poderem certificar
os seus vinhos e tenham respostas mais
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 45
› AGRO-INDÚSTRIA
› RESTAURAÇÃO
excelência. E houve também uma aposta
muito grande em novas adegas com a implementação de novas tecnologias. Hoje
em dia temos vinhos do Dão que deslumbram sobretudo pela sua complexidade e
elegância, e isto a crítica reconhece», enfatizou Arlindo Cunha.
O presidente da CVR do Dão aproveitou
para lembrar que o Enoturismo é um
produto importante nas grandes regiões
vinhateiras.
«O vinho é sempre um forte atrativo turístico e sobretudo nas regiões históricas
como é o caso da região do Dão, que foi
demarcada em 1908, o Enoturismo tem
enorme importância. Nós queremos tirar partido dessa história e é por isso que
temos agora em fase final de implementação a Rota dos Vinhos do Dão que será
inaugurada a 27 de Abril», vincou Arlindo
Cunha.
céleres e mais rápidas. Queremos também melhorar as respostas em termos
administrativos, procuramos facilitar-lhes
a vida para eles tratarem de tudo ou quase
tudo através do seu computador, e para
isso criámos uma plataforma informática através da qual os produtores podem
tratar de todos os assuntos que tenham a
ver com a CVR do Dão, pedir selos, pedir
a certificação, pedir análises, etc. Portanto,
procurámos por um lado racionalizar os
nossos meios aqui, simplificar os procedimentos, reduzir custos e também investir
bastante na promoção dos vinhos do Dão,
quer em Portugal quer no estrangeiro»,
sublinhou o presidente da CVR do Dão,
que aproveitaria o ensejo para salientar
que «cerca de um terço do vinho do Dão
é exportado, e é um bocadinho nesse contexto que nós temos de fazer promoção
dos nossos vinhos».
Arlindo Cunha reconhece que os vinhos
do Dão estão em ascendência, embora não
esconda que eles viveram alguns períodos
difíceis por volta dos anos 80. «Eu penso
que em determinada altura o Dão não tinha concorrência na produção de vinhos
maduros tintos e, como tal, não trabalhou como devia a vertente da qualidade.
46 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
Quando começou a surgir concorrência
de novas regiões (como os casos do Alentejo e do Douro) o Dão ressentiu-se dessa
concorrência, acordou, e voltou a produzir
em excelente qualidade», recordou Arlindo Cunha.
Crítica reconhece qualidade
dos vinhos do Dão.
A propósito, o presidente da CVR do Dão
lembrou também que houve um determinado tempo em que vinhos do Dão eram
vistos como um certo cepticismo, situação
que hoje já não acontece. «Reconhecemos
que existe hoje uma boa aceitação por
parte da crítica especializada em relação
aos vinhos do Dão, e que não foi sempre
assim. Hoje em dia há um consenso total e
isso foi conseguido porque os produtores
investiram muito na viticultura (como se
sabe sem voas vinhas não há bons vinhos)
e hoje em dia os vinhos do Dão são o resultado de novas vinhas que foram plantadas a partir de finais dos anos 80 e início
dos anos 90, também alguma vinha velhas
ainda, houve um investimento forte nas
vinhas e o cenário melhorou consideravelmente. O trabalho desenvolvido pelos
produtores da região do Dão tem sido de
Boa presença no mercado
externo
O presidente da CVR do Dão diz que cada
vez mais os vinhos provenientes do Dão
têm mercados externos interessados na
sua aquisição. «Os nossos principais mercados coincidem bastante com os mercados dos vinhos portugueses em geral. O
nosso principal mercado nesta altura é o
da diáspora portuguesa espalhada pelo
mundo, mas estamos também a surgir
com força em mercados emergentes onde
não há diáspora. Por exemplo, estamos a
crescer com muita força no mercado da
China e da Polónia, mas os nossos principais mercados continuam a ser os EUA, o
Canadá, o Brasil, a África do Sul, Angola.
E depois a União Europeia, com a Alemanha, França, Bélgica e Holanda».
Nesta entrevista Arlindo Cunha voltaria a
focar a sua atenção na Rota doa Vinhos do
Dão como fator de atracão turística para
a Região do Dão. «Hoje em dia a Região
Centro em termos de turismo é uma região muito grande, vai desde Fátima até à
Serra da Estrela e, portanto, nós queremos
que esses turistas que cada vez em maior
quantidade anda a circular pela Região
Centro vão às adegas, possam provar os
vinhos e comprá-los. ‹
Marisa Cerqueira, Gerente do Restaurante Teng
A verdadeira gastronomia
chinesa em Lisboa
Marisa Cerqueira licenciou-se em línguas, mas pouco depois quis experimentar a
aprendizagem de mandarim e partiu para a China. Aí conheceu o homem com quem
casou e depois tomaram a decisão de virem para Portugal. O que fazer constituiu a
questão que ambos colocaram. Decidiram então concretizar um projecto ambicioso de
criar um restaurante de gastronomia chinesa em Lisboa, que consagrasse o verdadeiro
ambiente de um restaurante chinês bem como a assunção de uma gastronomia autêntica
do país asiático. E, se assim o pensaram, melhor o executaram. O Restaurante Teng,
localizado na Rua do Açúcar, ali para os lados de Xabregas, na zona oriental de Lisboa, é
O
um verdadeiro ícone da cultura arquitectónica e gastronómica da China em Portugal.
TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELO RESTAURANTE TENG
Restaurante Teng comemora amanhã (9 de Maio) um
ano de actividade. Localizado na Rua do Açúcar, na zona
de Xabregas, em Lisboa, o restaurante é propriedade da
portuguesa Marisa Cerqueira e do chinês Binlu, o casal que depois
de vir para Portugal decidiu realizar este ambicioso investimento
na criação de “verdadeiro templo” da genuína gastronomia chinesa na capital portuguesa.
Em primeiro lugar, informa-nos Marisa Cerqueira, «na cozinha
todos são chineses, exceptuando o copeiro, pois desde o início
deste projecto pretendemos apresentar
aos nossos clientes
um leque gastronómico genuinamente
chinês, onde vários
dos produtos utilizados são importados
da própria China. A
gastronomia que servimos, para além da
sua autenticidade, é
também de elevada
qualidade, não somente pela forma
forma como é confeccionada, assim
como pelo elevado
valor das matérias-
-primas e condimentos empregues nos pratos que criarmos e servimos aos nossos clientes», sublinha a empresária.
Num investimento global de cerca de meio milhão de euros, o
Restaurante Teng permite ao cliente respirar numa verdadeira
atmosfera da restauração chinesa típica. Não falta inclusivamente
uma sala privada, que tem sido utilizada por famílias chinesas
que reservam essa parte do restaurante, mas também por entidades portuguesas em ocasiões em que recebem os seus parceiros chineses em Portugal. Nas áreas comuns, o requinte e o bom
gosto da decoração é
assinalável, não faltando numa área do
Teng a possibilidade
do cliente ter uma visibilidade para o Tejo
enquanto degusta a
refeição.
De referir que várias
empresas portuguesas que nos últimos
anos têm recebido
capitais chineses no
âmbito de processos de privatização,
como são a REN, EDP
e Fidelidade (adquirida pela Fosun), tem escolhido o Restaurante Teng para almoços e
jantares de carácter empresarial. Aliás, no rés-de-chão do edifício
(o restaurante funciona no primeiro andar) os empresários dispõe
de um salão capacitado para a realização de eventos, tanto de carácter empresarial como social, o que qual tem sido regularmente
utilizado por famílias, sobretudo de origem chinesa. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 47
› TURISMO
Antes de abrir o seu primeiro hotel no Douro em finais de Maio
Vila Galé chegou a Évora
O dia 25 de Abril é conhecido como o Dia da Liberdade. Mas, é também o dia de
aniversário de Jorge Rebelo de Almeida, presidente do Grupo Vila Galé, data que foi
aproveitada pela terceira vez para o aniversariante inaugurar uma nova unidade
hoteleira do segundo maior grupo do setor em Portugal. No passado dia 25 de Abril,
abriu portas o Vila Galé Évora, a décima nona unidade em Portugal, antecedendo já a
abertura do vigésimo hotel Vila Galé no nosso país, o que acontecerá no próximo dia
30 de Maio, em plena região do Douro, num investimento de 2,5 milhões de euros. Na
capital do Alentejo, o grupo investiu 15 milhões de euros e criou 45 postos de trabalho,
um contributo inestimável para a consolidação e desenvolvimento do turismo em Évora
e no próprio Alentejo, «um destino fantástico, de grande potencial, mas que precisa
A
naturalmente de ser desenvolvido», sublinhou Jorge Rebelo de Almeida.
TEXTO › JORGE ALEGRIA | FOTOGRAFIA › CEDIDAS PELO GRUPO VILA GALÉ
o chegar à principal entrada de
Évora, encontra-se logo imponente o Hotel Vila Galé Évora,
um quatro estrelas superior e que é a
mais recente unidade do segundo maior
grupo hoteleiro português. É a décima
nona unidade do grupo liderado por Jorge
Rebelo de Almeida, que já no dia 30 de
Maio, inaugurará a sua vigésima unidade
48 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
em Portugal, o Vila Galé Douro, a que se
juntam naturalmente as sete unidades
que o grupo mantém no Brasil, a última
das quais foi inaugurada em Dezembro
último na cidade do Rio de Janeiro.
O Vila Galé Évora constituiu um investimento de 15 milhões de euros e criou 45
postos de trabalho, na sua maioria oriundos da própria região. A unidade possui
185 quartos além dos restaurantes Inevitável, com serviço à la carte ao jantar,
e Versátil, onde encontrará um serviço
de buffet no pequeno-almoço e nas duas
principais refeições do dia. É de salientar
também a excelência do SPA Satsanga,
que detém uma piscina interior aquecida,
ginásio, sauna, jacuzzi e 6 salas para tratamentos e massagens. No exterior, o hotel
possui uma esplêndida piscina com um
bar de apoio, sendo envolvida por amplos
e agradáveis espaços ajardinado.
Com o objectivo de absorver uma importante fatia do segmento de negócios que
caracteriza o turismo empresarial da cidade de Évora, a nova unidade do grupo
Vila Galé possui igualmente um Centro
de Convenções constituído por 4 salas,
todas com luz natural, totalmente equipadas e com condições para a realização de
reuniões, conferências e outros tipos de
eventos.
No evento da inauguração, Jorge Rebelo
de Almeida sublinhou o seu «grande prazer em fazer coisas, em investir e depois
inaugurar unidades hoteleiras como esta
que estamos a abrir hoje em Évora, e que é
a nossa segunda unidade no Alentejo, depois de termos inaugurado há vários anos
o Vila Galé Clube de Campo, em Beja».
O líder do segundo maior grupo hoteleiro nacional, que tinha a escutá-lo o líder
do maior grupo nacional (Dionísio Pestana), bem como o secretário de Estado do
Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, o presidente da Região de Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, e o presidente
da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá,
sublinhou também que «o Alentejo é
um destino fabuloso, e deve procurar o
seu próprio caminho», lembrando que a
cidade de Évora, considerada Património
Cultural da Humanidade, e com uma forte
actividade cultural, deve apostar cada vez
mais na animação e desenvolvimento de
uma simbiose entre a cultura e o turismo.
Antes, já o presidente da Região de Turismo do Alentejo tinha referido que o
«Alentejo é a região que mais cresce a nível nacional, e com a inauguração do Vila
Galé Évora, a região ganha mais força e
mais capacidade de se promover no país e
a nível internacional». Aliás, o presidente
da Câmara de Évora, sublinhou a importância, já sublinhada pelo presidente do
grupo Vila Galé, de se promover a simbiose entre a cultura e o turismo, «devido ao
centro histórico único que Évora possui»,
adiantando ainda que a cidade precisa de
incrementar ainda mais a organização de
eventos e de «reganhar o prestígio que
tinha em épocas anteriores». Adolfo Mesquita Nunes, agradeceu ao grupo Vila Galé
por ter acreditado em Portugal e aqui continuasse a fazer investimentos no sector
turístico, como são casos paradigmáticos
este «novo hotel em Évora, e a próxima
abertura do Vila Galé Douro», enfatizou o
responsável pelo turismo português. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 49
› A FECHAR
Cimeira Luso-Marroquina em Lisboa amplia relações económicas bilaterais
Criação de Observatório do Investimento
A principal medida decidida
na 12ª Cimeira Luso-Marroquina, que decorreu em Abril
na capital portuguesa, cujas
delegações foram lideradas
pelos respectivos primeiros-ministros, decidiu a criação
de um Observatório do Investimento, onde serão estudadas
formas de aprofundar as relações económicas e comerciais
entre os dois países.
De realçar que entre os países africanos, Marrocos já é o 2º destino das exportações portuguesas e o 4º destino considerando os
países fora da União Europeia. O próprio primeiro-ministro marroquino expressou no final da cimeira que «existe margem para
aprofundar as relações entre
os dois países», sublinhando
que «é tempo de recuperar o
tempo perdido. As portas estão abertas».
O primeiro-Ministro português, Pedro Passos Coelho,
além de realçar a criação do
Observatório do Investimento, adiantou que estão a ser
estudadas ligações na área da
energia. Esperando também o
reforço no relacionamento turístico entre os dois países, o chefe
do governo português sublinhou esperar que as exportações portuguesas para Marrocos possam passar dos actuais 600 milhões
de euros para atingir no futuro os mil milhões de euros. ‹
Vivafit chega
ao Bahrain e à Polónia
O CEO da Vivafit, Pedro Ruiz, assinou em meados de Abril dois contratos referentes à abertura de três ginásios no Bahrain. Num investimento somado de meio
milhão de euros, o acordo foi estabelecido com o empresário local Salah Mustafa,
líder da sociedade Bahraini, detida em parte por um dos sócios do Vivafit Dubai.
A chegada ao Bahrain reforça a presença da marca portuguesa no Golfo Arábico,
depois de já ter chegado aos Emirados Árabes Unidos e Omã, estando também
prevista para breve a abertura do primeiro ginásio da Vivafit na Arábia Saudita.
Já no final de Abril, a Vivafit assinou o acordo com o primeiro Master Franchising
Europeu, o que aconteceu na Polónia. O acordo contempla um investimento de
cerca de dois milhões de euros para a construção de 22 ginásios até 2018. ‹
Armando Cunha
ganha obra em
Cabo Verde
A construtora portuguesa Armando Cunha vai executar nos próximos 24 meses, as obras de ampliação da placa de estacionamento
do aeroporto da Cidade da Praia, orçadas em 2,26 milhões de euros.
Segundo Fernandes Pimenta, responsável pela Área Internacional
da Armando Cunha, referiu que «esta obra é importantíssima para
nós, porque vem na sequência dos vários aeroportos em que já intervimos em Cabo Verde. A Armando Cunha fez, de raiz, o aeroporto
internacional de São Vicente – concepção, financiamento e construção, entre 2005 e 2008 – e a ampliação do aeródromo do Maio». Com
a nova placa de estacionamento, a capacidade de estacionamento de
aviões no aeroporto passará dos actuais cinco para nove. ‹
50 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
Vista Alegre Atlantis
cresce no Brasil
A Vista Alegre Atlantis fechou as contas no ano passado com
um volume de vendas no Brasil em linha com o ano anterior,
registando mesmo um crescimento de 3% face a 2013. A marca
portuguesa registou uma faturação no Brasil de 3,14 milhões de
euros. Estas vendas resultaram sobretudo de peças de porcelana, que gerou uma faturação de 2,7 milhões de euros. A empresa também vende no mercado brasileiro peças de forno, faiança
e objetos de cristal. O Brasil constituiu o sexto principal mercado internacional da Vista Alegre Atlantis, depois dos mercados
espanhol, alemão, holandês, francês e inglês.
No Brasil a empresa abriu em Dezembro último uma loja em
São Paulo, e pretende durante este ano uma plataforma de comércio electrónico para o mercado brasileiro. ‹
Maio 2015 | PAÍS €CONÓMICO › 51
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52 › PAÍS €CONÓMICO | Maio 2015
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