A Europa nas estórias
Título: A EUROPA NAS ESTÓRIAS
Autor: EDITOR LITERÁRIO
Editor: CCDR Algarve / Europe Direct Algarve
Rua Lethes, 32
8000-387 Faro
Tel: +351 289 895 272 / Fax: +351 289 895 279
e-mail [email protected]
http://europedirect.ccdr-alg.pt/site/
Edição: Dezembro de 2012
Tiragem: 500 exemplares
Nº. DL: 359576/13
Prefixo de Editor: 972-643
ISBN: 978-972-643-146-6
Foto capa: “Unidos na Diversidade”, 9 Maio 2011, EB1 de Alto Rodes - Faro
Índice
Prefácio
Introdução
União Europeia
Alemanha
Áustria
Bélgica
Bulgária
Chipre
Dinamarca
Eslováquia
Eslovénia
Espanha
Estónia
Finlândia
França
Grécia
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5
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
Holanda
Hungria
Irlanda
Itália
Letónia
Lituânia
Luxemburgo
Malta
Polónia
Portugal
Reino Unido
República Checa
Roménia
Suécia
Croácia
34
36
38
40
42
44
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48
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Prefácio
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A União Europeia (UE) existe desde 1957 para promover a paz, a estabilidade e a prosperidade na Europa. Portugal
e Espanha aderiram em 1986. Em 2013 serão já 28 os países que pertencem à UE.
Como símbolos deste grande ideal com mais de 50 anos a UE adotou a Bandeira com 12 estrelas douradas sobre o
fundo azul - a perfeição e a harmonia; o Hino da Europa - a Ode à Alegria, andamento da 9ª sinfonia de
Beethoven; o lema: “Unidos na Diversidade” - porque existem diferentes idiomas e culturas no seu seio e o
Dia da Europa, celebrado a 9 de Maio.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve tem já uma experiência assinalável no
domínio da informação e comunicação relacionadas com temáticas europeias. A CCDR Algarve acolheu o
primeiro Centro de Informação Europeia (Info Point Europe) em 1996, posteriormente designado
Centro Europe Direct (ED) do Algarve.
O projeto “A Europa nas estórias” desenvolveu-se em 2011 e 2012, dirigindo-se ao público mais jovem do Algarve,
a partir da ideia da “hora do conto” habitual em muitas escolas e bibliotecas. Escolhemos estórias baseadas na
mitologia ou contos tradicionais para dar a conhecer um pouco da História e cultura de cada um dos países,
conscientes contudo de que em muitas se encontram subjacentes alguns preconceitos sociais que importa
ultrapassar e que contrariam a visão e políticas europeias. Esta contingência não nos impediu de tratar com
seriedade os diversos temas, nomeadamente a valorização do papel da mulher e a igualdade entre os géneros.
O projeto envolveu cerca de 880 crianças e 50 educadores/as em 16 escolas de ensino regular e 1 de ensino
especial, localizadas em 5 concelhos do Algarve, tendo também sido apresentado na Feira do Livro de Faro.
Todas as atividades traduziram um empenho particular na economia de meios. Além da presente publicação,
que resulta da adaptação livre de contos tradicionais e dos trabalhos efectuados realizados pelas turmas,
gostaríamos de organizar uma exposição itinerante para divulgação do projecto e, se possível, uma segunda
edição, bilingue, para difusão por todos os Estados-membros através da rede ED.
A CCDR Algarve agradece às/aos colegas da Rede ED em toda a Europa, aos parceiros regionais que colaboram nas
atividades do Centro ED Algarve e também ao público em geral pelo bom acolhimento às diversas iniciativas.
David Santos
Presidente CCDR Algarve
Introdução
O Projecto “A Europa nas estórias” nasceu em 2011 e foi dirigido aos alunos do pré-escolar
e do 1º ciclo do ensino básico do Algarve.
Optou-se por um formato do tipo “hora do conto”, introduzindo-se a temática da Europa
a partir de uma estória associada a cada país, narrada na perspectiva de um personagem
famoso ou imaginado. Todas as sessões incluíram ainda um atelier “mãos à obra”, com o
objectivo de dar a conhecer melhor o país e a cultura, algumas palavras do idioma oficial
e certas curiosidades.
Cada sessão teve a duração de duas horas, sendo a sua preparação e apresentação da
responsabilidade do Centro ED, que contou com o apoio das escolas ou instituições na
concretização de algumas actividades. Foram apresentadas 28 pequenas estórias que
agora se publicam e que são ilustradas pelos inspirados trabalhos dos “pequenos artistas”.
Um agradecimento especial a toda a equipa da Biblioteca Municipal de Faro, que
colaborou na maior parte das sessões e que tão bem acolheu o projecto desde o seu início,
à equipa do Museu Municipal de Faro, à Associação DOINA e a todas as escolas, turmas e
professores que se envolveram na iniciativa com entusiasmo. Um louvor também aos
colegas da CCDR Algarve que em diversas ocasiões prestaram o seu apoio das mais
variadas formas… porque “Todos somos Europa”.
Equipa Europe Direct Algarve
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União Europeia - European Union
A LENDA DA EUROPA
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Europa era uma princesa fenícia. Vivia com os pais num palácio e passeava com as amigas pelos bosques
e prados.
Um dia o deus supremo Zeus avistou-a do Olimpo e, encantado com a sua beleza, decidiu raptá-la. Como
tinha poderes sobrenaturais, transformou-se num Touro castanho com um círculo prateado a enfeitar a testa.
Assim, desceu o prado e deitou-se aos pés da princesinha Europa. Ela ficou fascinada ao ver um animal tão
manso. Primeiro acarinhou-o, depois sentou-se no seu dorso e ele, de imediato, disparou a voar sobre o
oceano. A princesa ficou assustada mas apercebeu-se que o raptor só podia ser um deus disfarçado.
Europa pediu-lhe para que não a deixasse num lugar sozinha. Ele tinha-lhe prometido que a levava para um
sítio lindo fora da Ásia e assim fez. A princesa e Zeus foram viver para a ilha de Creta e tiveram três filhos.
Os poetas da Grécia Antiga chamariam Europa aos territórios para lá da Grécia. No séc. V a.C. o historiador
Heródoto seria o primeiro a chamar Europa a todo o continente.
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UALG - Associação Académica do Algarve – 1º e 2º ano – “Mapa da UE” - esferovite e papel
Alemanha - Deutschland
O FLAUTISTA DE HAMELIN
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Na cidade de Hamelin aconteceu algo muito estranho: quando os habitantes saíram de casa encontraram as
ruas invadidas por milhares de ratos que devoravam os grãos e a comida das despensas.
Por mais que tentassem exterminá-los ou afugentá-los, mais ratos apareciam na cidade.
Diante da gravidade da situação os homens convocaram o Conselho e disseram: “Daremos cem moedas de
ouro a quem nos livrar dos ratos”.
Apresentou-se um flautista, que ninguém conhecia, que lhes disse: “A recompensa será minha. Esta noite não
haverá um só rato em Hamelin”. E começou a andar pelas ruas tocando com a flauta uma melodia que
encantava os ratos, que o seguiam hipnotizados. E assim levou-os para um lugar muito distante das muralhas
da cidade. E como por ali passava um caudaloso rio todos os ratos morreram afogados. Os hamelinenses, ao
verem-se livres deles, respiraram aliviados. Satisfeitos, voltaram aos seus prósperos negócios. Na manhã
seguinte o flautista apresentou-se ante o Conselho e reclamou as cem moedas de ouro. Porém, cegos pela
avareza, responderam: “Sai da cidade! Não te pagaremos tanto ouro por tão pouca coisa como tocar uma
flauta!”.
Furioso pela ingratidão o flautista tocou insistentemente uma doce melodia. Mas desta vez seguiram-no em
fileira as crianças da cidade, encantadas e surdas aos gritos dos pais que tentavam impedi-las de seguir o
flautista. Este levou as crianças para muito longe e, tal como os ratos, nunca mais voltaram.
Na cidade só ficaram os opulentos habitantes e um imenso manto de silêncio e de tristeza.
Na deserta e vazia cidade de Hamelin, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma
criança.
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EB1 de Alto Rodes – 2º ano – “Rabos de rato” – sisal, arame e materiais reutilizados
Áustria - Osterreich
MOZART
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Nannerl estava na sua lição de música com o pai, Leopoldo. O irmão mais pequeno, Wolfgang Mozart, via e
ouvia cada nota que ela tocava. Quando o pai e NannerI saíram da sala, o pequeno Wolfgang trepou para o
cravo e tocou duas notas. Tocava corretamente, sem a ajuda de ninguém. O pai começou a dar-lhe lições e
em pouco tempo já tocava tão bem como a irmã. Quando Wolfgang começou a escrever e a compor música,
o seu pai ficou encantado. Ninguém acreditava que um rapazinho de cinco anos escrevesse música tão
bonita. Decidiu então levar os filhos a Munique para aí darem concertos. As pessoas falavam sobre as
talentosas crianças Mozart.
Os irmãos tocaram para o príncipe Joseph e o concerto foi um êxito. De volta a Salzburgo, Wolfgang
escreveu um pequeno minueto para celebrar o regresso. Dias antes de fazer seis anos o pai deu-lhe um
pequeno violino. Naquela noite, quando os amigos do pai chegaram com os instrumentos de música,
Wolfgang correu a buscar o seu violino. O pai disse-lhe que não saberia tocar sem primeiro ter algumas lições
e muita prática.
Um dia chegou um convite importante: Wolfgang e NannerI iam tocar para o imperador e imperatriz.
Wolfgang foi o primeiro a tocar seguido de Nannerl. Depois tocaram duetos. A família real estava espantada.
Para pôr Wolfgang à prova o Imperador colocou um pano preto em cima do teclado. Wolfgang pôs as mãos
em cima do pano e tocou o seu AlIegro, perfeitamente. O pai Leopold levou os filhos a muitos países. Toda a
gente os admirava e lhes dava presentes. Diziam: “Mozart, o rapaz prodígio”!
Este cresceu e tornou-se um dos maiores compositores de todos os tempos. Ainda hoje em todo o mundo se
adora a sua música. Wolfgang Amadeus Mozart compôs mais de setecentas obras incluindo sinfonias,
concertos, sonatas e missas. Compôs 23 óperas. As mais famosas são: As Bodas de Fígaro, A Flauta Mágica,
Don Giovanni e Cosi fan Tutte.
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EB1 de São Luís – 4º ano – “Instrumentos musicais” – materiais reutilizados
Bélgica - Belgique
JOANA, CONDESSA DA FLANDRES
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Joana era uma rapariga nobre com uma vida muito atribulada pois ficara órfã de mãe muito cedo e o pai
desaparecera em combate. Sendo filha única, Joana herdou uma grande fortuna e aos dezasseis anos era
uma das mulheres mais ricas da Europa, mas tinha que jurar fidelidade ao rei de França que se chamava
Filipe Augusto. Visto ser muito nova, Joana não exercia cargos e vivia na corte de Paris onde era tratada
com muito carinho. Um dia chegou a Paris um príncipe português, tão belo que todas as damas da corte se
apaixonaram por ele, incluindo Joana. Chamava-se Fernando e dizia-se filho do rei Sancho I de Portugal.
Assim, o rei Filipe Augusto convidou D. Fernando para um banquete . Ao ver Joana ele apaixonou-se por ela
e Joana escolheu-o entre todos os que pretendiam desposá-la. A boda fez-se em Paris, partindo depois os
noivos para a Flandres. Toda a população os recebeu com festejos e Joana e Fernando foram aclamados em
muitas cidades flamengas. Mas os nobres de Gand revoltaram-se, pois não aceitavam que Joana tivesse
desposado um estrangeiro, até porque D. Fernando tinha entregue dois castelos ao rei Filipe Augusto em
troca da licença para o casamento. Estalaram lutas mas D. Fernando conseguiu impor-se, pois a população
acabou por gostar dele. Joana viveu a seu lado muito feliz. Mais tarde o rei Filipe Augusto envolveu-se num
conflito com Inglaterra. Quando foi pedir ajuda a Fernando para o combate este disse-lhe que só lutaria se o
rei lhe desse os dois castelos oferecidos por ele na altura do casamento. Filipe Augusto, raivoso, mandou
prender D. Fernando e condenou-o à morte. Desesperada, Joana pediu perdão e misericórdia ao rei e até
pediu a intervenção do papa. Passaram-se doze anos e Joana, sabendo que nunca mais iria recuperar o
marido, pediu a anulação do casamento. De novo solteira, Joana escolheu para seu marido o Duque da
Bretanha. O rei Filipe Augusto receando que a aliança entre dois nobres tão poderosos pudesse roubar-lhe o
poder, mandou libertar Fernando. Como o casamento fora anulado, Joana e Fernando voltaram a casar-se
em 1226, sendo muito felizes durante longos anos.
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EB1 do Carmo – 4º ano – “Livro de reconto” – Joana condessa
Bulgária - Bâlgarya
CIRILO E METÓDIO NA CORTE DO REI BÓRIS
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Cirilo e Metódio estavam na Bulgária a converter o povo à religião cristã. Mas antes de convencerem o
povo tinham que converter o rei. Se ele se baptizasse todos lhe seguiriam o exemplo. O rei Bóris recebeu-os
bem …mas não se decidia.
Cirilo estava sentado há horas, entretido com os seus pensamentos, e nem deu pela presença do irmão que
entrou sem fazer barulho. Trazia um balde, tintas, pincéis e arrumou tudo num canto. Decidira fazer uma
pintura para impressionar o rei. Cirilo ficou admirado e perguntou se ia pintar um presépio. Metódio
respondeu–lhe que o presépio era muito bonito mas só impressionaria quem já fosse cristão e que um rei
daria mais valor às provas de força e de poder. No presépio tudo era simples e humilde. Cirilo pensava que
tema poderia escolher… Os Reis Magos? Três figuras imponentes com coroa, manto e presentes riquíssimos?
Se conseguisse perceber que cores ia o irmão utilizar…. O pior é que havia mil tons. Ansioso, virou a
ampulheta e ficou a ver a areia escoar-se como um fiozinho estreito, a um ritmo sempre igual. Depois da
ceia o rei instalou-se no salão principal e a corte tomou assento, todos de frente para a parede onde
Metódio pedira autorização para fazer a pintura. Cirilo ficou a observar. As figuras iam aparecendo aos
poucos, em pinceladas vigorosas. Deus pai ao centro, num magnífico trono de estrelas douradas, uma
balança colossal para pesar as boas ações e as maldades de cada um, muita gente à espera da sentença, anjos
luminosos para levar os bons para o Céu e diabos vermelhos de expressão retorcida para levar os mauzões
para o Inferno… «O Juízo Final!», pensou Cirilo. “Não me lembraria deste tema e ele não podia ter
escolhido melhor para impressionar um rei. Acho que vai resultar.”...E a cena espetacular teve o efeito
desejado: Bóris abraçou a religião cristã e com ele todo o seu povo. Cirilo e Metódio ficaram ainda algum
tempo na Bulgária. Depois seguiram viagem, sempre com a mesma preocupação: converter os eslavos ao
cristianismo.
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EB1 de Budens – 1º e 2º ano – “Martesanitas” - tradição búlgara, fio e feltro
Chipre - Κypros
A LENDA DA CIGANA YASMIN
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Yasmim tinha pele clara, cabelos e olhos pretos. Usava vestidos longos de cor azul-celeste, com mangas
tufadas e na cabeça, em dias de festa, um diadema de pérolas. Usava brincos de ouro, com águas-marinhas e
pérolas. Pertencia ao grupo cigano Natasha, acampado em Limassol. Um dia as moças do grupo foram para
a "Água Grande" (o mar) para se banhar e divertir quando a cigana Nazira veio correndo avisar que a Água
tinha levado Yasmin. O avô da menina, Kaku Romão, fez as suas orações e contou ao grupo que Yasmin se
tinha afogado. O clã todo se ajoelhou e rezou, esperando que a “Água Grande” devolvesse o corpo da
cigana. Passados 23 dias a Lua cheia surgiu e clareou toda a ilha. Vlaz, o pai de Yasmim, foi para a areia rezar
e avistou uma baleia enorme vindo na sua direção. Ficou paralisado. O espírito da cigana Yasmim saiu da
boca da baleia em forma de sereia, dirigiu-se ao pai e disse-lhe:
-Pai, não fique triste. A minha alma vive no mar… eu tenho um dom especial: de dia sou um espírito em
forma de sereia no mar, à noite sou uma estrela no céu. Peça ao avô que levante o acampamento e eu os
guiarei pelo céu e pelo mar, para um lugar melhor. Estarei numa praia sempre que uma vela azul estiver
acesa na areia. Yasmim deu ao pai uma concha grande para entregar ao avô Kaku como prova de que o que
ele ia contar era verdade. E desapareceu. Vlaz foi para o acampamento e revelou o acontecido a Kaku. Na
manhã seguinte levantaram o acampamento, percebendo que Yasmim iria ser a sua protetora na “Água
Grande”. Quando os ciganos se despediram de Chipre, o povo da localidade ofereceu a cada cigano um
pão, porque tinham alegrado o local, dançado e até lido a sorte nas cartas, nas mãos…E essa é uma tradição
da ilha: sempre que um cigano visitar Chipre, ganha um pão quando se despedir. Os ciganos saíram viajando
para outros países por cima da Água Grande. O grupo Natasha tem um respeito tão grande pelo mar que
nunca entra nele.Todos os anos, a 2 de Fevereiro, o grupo leva para o mar presentes para Yasmin: comida,
doces, frutas, perfumes, pó-de-arroz, sabonetes e faz um coração de flores brancas que deitam ao mar...
Todos se ajoelham na areia da praia e rezam pedindo a sua proteção. E assim termina a Lenda de Chipre
e da Cigana Yasmin...
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EB1 de Alte – 3º e 4º ano – “Espanta-espíritos” - conchas, papel e desperdícios
Dinamarca - Danmark
O SOLDADINHO DE CHUMBO
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Era uma vez vinte e cinco soldadinhos de chumbo com a espingarda ao ombro e a cabeça levantada,
olhando em frente. Todos eram perfeitamente iguais, excepto um que só tinha uma perna. Junto dos
soldadinhos estavam muitos brinquedos, mas o que sobressaía era um lindo castelo de cartão colorido, com
uma bonequinha que vestia uma saia de bailarina de tule muito fino e tinha nos ombros uma fita de seda
azul enfeitada com uma lantejoula. Levantava tão alto uma das pernas que o soldadinho de chumbo como
não a via, pensava que também só tinha uma, como ele.
À noite voltaram a pôr todos os soldadinhos na caixa e as crianças foram para a cama. Então, os brinquedos
começaram a brincar. Os únicos que não se mexeram foram os soldadinhos de chumbo e a pequena
bailarina. De manhã, as crianças colocaram o soldadinho no parapeito da janela. Esta escancarou-se e o
soldadinho caiu e aterrou de cabeça para baixo, com a baioneta espetada entre as pedras da calçada. A
criada e o menino desceram para o procurar mas não o viram. Começou a chover, caindo um forte
aguaceiro. Quando parou, dois garotos construíram um barquinho com uma folha de jornal, colocaram no
meio o infeliz soldadinho e puseram-no a navegar pelo cano do esgoto. O barquinho foi dar a uma grande
conduta subterrânea, completamente às escuras, tal como acontecia dentro da caixa onde guardavam o
soldadinho.
A água da conduta caía, despenhando-se sobre um grande canal. O barquinho de papel desfez-se, o
soldadinho de chumbo afundou-se e foi engolido por um grande peixe. A certa altura o peixe foi pescado e
vendido no mercado. Na cozinha, a cozinheira abriu-o com uma faca. Retirou o soldadinho e colocou-o em
cima da mesa. Ele olhou em redor e viu o fantástico castelo e a bonita bailarina.
Mas uma criança pegou no soldadinho e atirou-o para a lareira. Ele olhou pela última vez a pequena
bailarina. Naquele momento uma rajada de vento levou-a para junto do soldadinho. Logo pegou fogo e
desapareceu. O soldadinho de chumbo derreteu e no dia seguinte quando a criada recolhia as cinzas,
encontrou apenas o que restava dele: um pequeno coração de chumbo. Por sua vez, não ficara nada da
pequena bailarina, a não ser a sua lantejoula, agora reduzida a um carvão negro.
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EB1 de Alto Rodes – 2º ano – “Desenho livre”
Eslováquia - Slovensko
OS DOZE MESES
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Uma mulher tinha uma filha – Holena - que amava muito, e uma enteada que odiava - Maruska. Esta tinha
que fazer todas as tarefas domésticas e Holena era preguiçosa. Um dia Holena ordenou à irmã que fosse ao
bosque colher violetas. Ela foi e seguiu uma luz até ao topo da montanha, onde viu uma enorme fogueira e,
ao seu redor, doze homens: três com barba branca, três mais jovens, três menos jovens e os três últimos,
mais garbosos. Eram os doze meses do ano. Maruska criou coragem e pediu para se aquecer pois estava
enregelada. O mês dos gelos perguntou-lhe o que procurava. Maruska contou que a irmã e a madrasta lhe
ordenaram que levasse violetas. Então o mês de Março sacudiu a vara sobre o lume, a neve derreteu e da
erva brotaram flores e chegou a Primavera. Maruska juntou um ramo de violetas, agradeceu e voltou a casa.
Holena e a madrasta ficaram admiradas. No dia seguinte mandaram Maruska colher morangos. Tudo
aconteceu como na véspera. O mês de Junho agitou a vara sobre o lume. A neve derreteu-se, as árvores
cobriram-se de folhas e flores e fez-se Verão e as flores brancas transformaram-se em morangos. Ela
agradeceu e regressou a casa satisfeita. No terceiro dia, HoIena ordenou à irmã que fosse ao bosque buscar
maçãs vermelhas. Ao chegar à fogueira onde estavam os doze meses Maruska contou o que a irmã lhe
ordenara. O mês de Setembro agitou a vara sobre o lume… e das árvores Maruska viu surgir ramos com
maçãs. Então apanhou algumas, agradeceu e regressou a casa. Holena comeu-as e apeteceu-lhe mais. Enfiou
as peles e seguiu apressadamente para o bosque. Vagueou durante muito tempo mas seguiu a luz até ao
topo da montanha onde ardia a fogueira. Aproximou-se do lume e estendeu as mãos para se aquecer, sem
perguntar se o podia fazer. O mês dos gelos perguntou-lhe o que procurava. Holena, em tom abrupto,
respondeu que o assunto não lhe dizia respeito e voltou para o bosque. O mês dos gelos agitou a vara. O
céu escureceu, a neve caiu e um vento glacial varreu o bosque. Holena fartou-se de andar, até que caiu
numa cova. A mãe foi procurar a filha. Chamava-a, sem obter resposta.
Maruska esperou mas Holena e a madrasta nunca regressaram. A bondosa Maruska ficou com a cabana, a
vaca e um pedaço de terra. Mais tarde conheceu um vaqueiro e viveram juntos em paz e felicidade.
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EB1 de Monchique – 2º ano – “Os 12 meses” - arte aplicada sobre cartão
Eslovénia - Slovenija
O DRAGÃO DE LIUBLIANA
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Em Liubliana, no tempo dos dragões, vivia um dragão macho grande e forte que adorava comer pessoas.
Mas como era simpático só comia duas vezes por semana e em pequenas quantidades! Um dia, quando o
dragão meditava no seu lugar preferido, duas fêmeas vieram conversar com ele. O dragão decidiu namorar
com a mais amável e estava tão apaixonado que não olhava para mais ninguém.
Dessa paixão nasceu um dragão tão fraquito que mais parecia um lagarto e o pai ficou muito triste. A fêmea
deixou de lhe dar atenção e dedicou-se completamente ao filho. O dragão escondeu-se na sua gruta. Chorou
tantos dias e noites que fez subir as águas do rio Liublianica.
O pequeno dragão cresceu e quando tinha 150 anos - que correspondem a 15 na idade dos humanos-, o pai
dragão quis mostrar-lhe como se comportam os verdadeiros dragões. Mas o pequeno dragão não era nada
parecido com eles: gostava muito das pessoas, lia poesia e adorava estar sentado numa das pontes do rio a
observar os namorados, à noite.Para ele a coisa mais importante da vida era criar e amar.
O dragão pai não gostou nada do comportamento do filho e mostrou-lhe como se fazia um fogo assustador.
Em resposta o filho subiu ao céu e fez piruetas espetaculares e cantou uma canção de amor. Todos ficaram
admirados. Nunca tinham visto um dragão artista. Então os seres mágicos que viviam no rio e gostavam
muito dele resolveram enfeitiçá-lo para ele adormecer e permanecer para sempre junto deles. As pessoas da
cidade mandaram o escultor mais famoso da cidade fazer três estátuas do dragãozinho artista para colocar
na ponte, que ficou conhecida como Ponte do Dragão.
O dragão está a dormir profundamente e a sonhar, mas um dia vai acordar para dar muita alegria às pessoas
de Liubliana.
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EB1 de Budens – 3º e 4º ano – “Cartões de renda” - escrita criativa e papel recortado
Espanha - España
CID O CAMPEADOR
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O Cid é um herói castelhano que viveu há quase mil anos. Nasceu em data incerta, entre 1026 e 1045, na
povoação de Bívar, situada em Castela. Chamava-se na realidade Rodrigo Diaz de Bívar e pertencia à
pequena nobreza. Desde muito novo serviu o rei Fernando de Castela, distinguindo-se como guerreiro em
diversas batalhas. Para evitar lutas, o rei, que tinha 3 filhos - Garcia, Afonso e Sancho -, dividiu o território
em três reinos independentes. Garcia ficou com a Galiza. Afonso com Leão e Sancho com Castela. Quando o
pai morreu cada príncipe tomou o comando da terra que lhe fora destinada mas, após a morte da mãe,
envolveram-se em lutas fratricidas, porque nenhum se contentava com o que tinha recebido e queria as
terras do irmão! Cid obedecia fielmente a Sancho. Juntos conseguiram grandes vitórias e os companheiros
admiravam-no cada vez mais. Os inimigos temiam-no e tinham-lhe respeito. Quando Sancho morreu sem
deixar descendentes, Afonso conseguiu o que queria: ficar rei de Leão e Castela. Afonso VI, estava inocente,
e pôde jurar sem mentir e sentar-se no trono. Cid retirou-se para a sua aldeia de Bívar onde, durante alguns
anos, viveu acompanhado pela mulher “Ximene” e pelas filhas Elvira e Sol. Quando Afonso VI precisava dos
seus serviços, mandava-o chamar à corte e ele obedecia. Alguns nobres, invejosos da sua fama, convenceram
o rei de que era melhor expulsá-lo. E ele expulsou-o mesmo. Cid deixou a mulher e as filhas e partiu, sem
saber muito bem para onde. Cavalgando noite e dia, alimentava-se de frutos silvestres e água das fontes.
Tinha que dormir ao relento porque o rei proibira que lhe dessem abrigo. As dificuldades não conseguiram
vergar-lhe o ânimo. Rodrigo Diaz dirigiu-se a terra de mouros e foi oferecer os seus serviços ao rei de
Saragoça. Este aceitou-o e juntos venceram numerosas batalhas, sobretudo contra os almorávidas, vindos do
Norte de África. Alguns anos depois conquistou Valência e instalou-se no castelo, para onde mandou ir a
mulher e as filhas. Enviou um mensageiro ao rei Afonso VI de Leão e Castela com a incumbência de lhe
anunciar: «Rodrigo Diaz tem agora um reino ainda maior«.Provavelmente foi nesta época que os mouros lhe
começaram a chamar Seid, que quer dizer “senhor”. A palavra evoluiu e deu origem a Sid. Os espanhóis
acrescentaram Campeador, que quer dizer “guerreiro sem igual”. Sid o Campeador, morreu em 1099.
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EB1 de São Luís – 2º ano – ”Castelo e fantoches CID” cartão e outros materiais reutilizados
Estónia - Eesti
O AVÔ
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O Avô vivia no céu, entre as estrelas e atrás da lua. Era sábio, forte e bom, mas era velho e às vezes sentia-se
cansado. Criou os Kalevs para ajudá-lo. Eram seres gigantescos. Viviam juntos, como irmãos e irmãs, e
ajudavam-no quando necessário. O Avô disse aos Kalevs: "Resolvi criar o Mundo". Os Kalevs responderam:
"O que decidistes, em vossa sabedoria, não pode ser mau". Trabalhou enquanto os Kalevs dormiam e,
quando acordaram, viram o mundo que o Avô criara. O Avô disse: "Este mundo que criei é uma massa
informe e rústica. A vossa tarefa é modelá-lo e adorná-lo. Vou guarnecê-lo com vários animais e depois
criarei o Homem para governar tudo. Criarei o homem fraco, para que não se gabe de sua força e soprarei
meu hálito sobre a fronte de cada um a fim de que possa dominar o mal. Depois disso, permanecerei no céu.
Não interferirei na vida da Terra. Vós, Kalevs, deveis ser amistosos para com aqueles que eu criei e ajudá-los
a não se resignarem com o mal que existe na Terra. Não destruirei o Mal, pois ele será a medida e o estímulo
para o Bem. O Avô chamou o mais velho dos Kalevs e disse - deveis tomar vossa harpa e descer do céu. Na
terra, ensinareis a arte do canto ao povo. O Kalev mais velho desceu do Paraíso e começou a tocar sua
harpa na Montanha Toom. Todos os seres vivos com alma aprenderam a cantar hinos de louvor que o Avô
fizera. Cantaram o mistério, a grandeza do céu e a bondade do Avô, a beleza do Rio do Paraíso e a força
dos poderosos ventos do céu. Quando todos sabiam as canções, o mais velho dos Kalevs voltou ao Paraíso.
Jamais voltou à terra, mas deixou suas canções no coração da humanidade.
Agora, quando caminhamos nos bosques e ouvimos o farfalhar das ramas, é o eco da harpa do mais velho
Kalevs. O sussurrar do rio e o suspiro do vento são as ondas sonoras saída das cordas do seu instrumento. A
força daquele cantor celeste é ainda ouvida no quebrar das vagas do oceano. Todas as estrelas do céu estão
no coração dos que vivem na terra, pois o mais velho colocou lá as suas cantigas quando o Avô tocou a sua
harpa. Todos os seres humanos, pássaros e animais recordam aquela grande música e, quem sabe? talvez
mesmo os peixes do mar a recordem silenciosamente desde a época em que o Avô mandou o mais velho
dos Kalevs descer à terra, com sua harpa...
27
Colégio Algarve – 4º ano – ”Jogo da glória”
Finlândia - Suomi
A RAPOSA E O PESCADOR
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Há muito tempo atrás uma raposa viu um pescador que vinha num trenó carregado de peixe e pensou:
- Quem me dera ter tanto peixe... Hum... Já sei o que vou fazer!
E se bem pensou, melhor o fez. Como a raposa era muito esperta deitou-se no caminho do pescador e
fingiu-se de morta. O pescador quando a viu parou o trenó e exclamou:
- Ai que lindo pêlo! Vou levá-lo para casa para me aquecer. Pegou então na raposa sem perceber que ela
estava viva e colocou-a no trenó.
Assim que o trenó se pôs em movimento a esperta da raposa começou a atirar o peixe para o caminho.
Quando acabou, saltou do trenó e foi recolher o peixe que tinha atirado fora.
De repente aparece um lobo que lhe pergunta:
- Como é que conseguiste esse peixe todo?
- É muito fácil. Primeiro fazes um buraco no gelo e depois pões a cauda lá dentro e não a tiras até sentires os
peixes a morderem cada pêlo.
- Obrigada amiga raposa - agradeceu o lobo.
A raposa matreira lá foi com o peixe a rir-se da partida que tinha pregado ao lobo. Entretanto o pescador
chegou a casa muito contente com o peixe que tinha apanhado e grita para a mulher:
- Anda, anda ver a quantidade de peixe que eu apanhei!
A mulher veio muito feliz, mas quando chegou junto do trenó não viu nada. O pescador ficou sem palavras,
pois não soube o que tinha acontecido.
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Colégio Internacional de Vilamoura e EB1 de Alte – 1º, 2º, 3º e 4º ano / 1º e 2º ano – ”Bilhete postal da Finlândia” - técnica mista sobre cartão
França - France
O GATO DAS BOTAS
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Um moleiro deixou por herança aos seus três filhos um moinho, um burro e um gato. O mais velho recebeu
o moinho, o do meio o burro e o mais novo o gato, ficando triste por uma herança tão pequena. Mas o
Gato disse-lhe, com um ar sério e grave:
- Não julgues que tiveste fraca sorte, meu dono. Só tens que me dar um saco e um par de botas para que eu
possa ir à caça. Embora o dono não acreditasse no que o gato lhe dizia, lá foi comprar um saco e umas botas.
O Gato calçou as botas, pôs o saco às costas e partiu para o campo. Quando conseguiu caçar um coelho foi
ter com o Rei e pediu para lhe falar. Orgulhoso, disse-lhe:- Aqui tendes, Senhor, um coelho bravo oferta do
senhor Marquês de Carabás (foi o nome que se lembrou de dar ao dono). - Diz ao teu senhor que agradeço e
aprecio a sua gentileza – respondeu o Rei.
Um dia, sabendo que o Rei ia passear pela margem do rio com a filha, uma bela Princesa, disse ao dono para
ir tomar banho no rio. Enquanto o dono tomava banho, o Rei passou por aquele lugar. Então, o Gato gritou
com quanta força tinha: - Socorro, socorro, o Marquês de Carabás está a afogar-se! Ao ouvir gritar, o Rei
espreitou pela janela da carruagem, ordenou aos guardas que socorressem o Marquês de Carabás e lhe
dessem um dos seus fatos mais bonitos. Depois convidou-o para passear com ele e com a princesa na
carruagem real. O Gato, feliz por ver o seu plano a resultar, correu à frente da carruagem e ordenou aos
camponeses que viu a ceifar nos prados que dissessem ao Rei que trabalhavam para o Marquês de Carabás.
Por fim, o gato chegou ao castelo do gigante, o mais rico que algum dia se conhecera. O gigante recebeu-o e
mandou-o sentar. Espertalhão, o gato disse-lhe:- Asseguram-me que tens o poder de assumir a forma de
qualquer animal, mas não acredito que podes transformar-te num rato. Imediatamente o gigante se
transformou num ratinho e o Gato comeu-o. Quando o Rei chegou ao castelo do gigante o Gato deu-lhe as
boas vindas e disse-lhe que o castelo era do Marquês de Carabás.
Encantado com as qualidades do Marquês do Carabás e com os valiosos bens, o rei propôs-lhe que casasse
com a sua filha. O Marquês aceitou e casou com a Princesa e o Gato tornou-se um grande senhor!
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EB1 de Alto Rodes – 2º ano – ”Desenho livre”
Grécia - Ellada
DÉDALO
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Dédalo era um homem diferente, cheio de ideias fantásticas. Quando havia problemas complicados
descobria a solução. Por isso o rei Minos, senhor da ilha de Creta, chamou-o para lhe encomendar um
serviço especial. Sua mulher, a rainha Pasifae, apaixonara-se por um touro e teve um filho que nasceu com
um corpo de homem e uma cabeça de touro. Chamaram-lhe Minotauro. O rei chamou o arquitecto Dédalo
e pediu-lhe que criasse uma prisão de onde fosse impossível escapar. Dédalo concebeu um labirinto onde o
Minotauro foi encerrado. Para alimentá-lo o rei exigiu a Atenas um tributo terrível: de nove em nove anos
tinham que enviar sete raparigas e sete rapazes para saciar o Minotauro. Certo dia, entre os rapazes, partiu o
herói Teseu, filho do rei de Atenas, belo como o Sol e adorado pelo povo. Teseu jurara ao pai que havia de
matar o monstro. E a sorte sorriu-lhe porque entre as vítimas estava a filha do rei, Ariana, que se apaixonou
por ele. Desesperada, procurou Dédalo e pediu-lhe por tudo que o salvasse. Mais uma vez o arquitecto
encontrou uma solução simples. Teseu devia atar uma ponta à entrada do labirinto e ir desenrolando o fio
pelo caminho. Quando quisesse voltar para trás, já não se perdia. O rapaz assim fez. Seguro de que não
ficaria para sempre naqueles caminhos, foi em busca do Minotauro. O monstro estava a dormir e Teseu
matou-o. Salvou outros presos, saiu do labirinto levando consigo Ariana e embarcou para Atenas. Minos
ficou furioso. Quem poderia ter ensinado os atenienses a escapar do labirinto? Só Dédalo! Para o castigar,
atirou-o lá para dentro, juntamente com o seu filho, Ícaro. Dédalo decidiu construir umas asas para os dois
escaparem voando. Antes de partir avisou o filho para não voar alto demais porque se se aproximasse muito
do Sol, a cera das asas derretia. Ícaro esqueceu as recomendações, subiu demais, a cera derreteu, caiu ao mar
e morreu afogado. Desgostoso, o pai seguiu para Sicília, onde foi bem acolhido pelo rei.
Minos arranjou logo um estratagema para o localizar. Anunciou que daria uma recompensa a quem
conseguisse passar um fio por dentro de um búzio. Dédalo resolveu a questão e o rei da Sicília anunciou que
o problema fora resolvido. Minos avançou com os exércitos e exigiu a entrega do arquitecto. O rei da Sicília
recusou. Houve guerra, Minos morreu no campo de batalha e Dédalo continuou a viver na Sicília.
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EB1 de Alto Rodes – 2º ano – ”Máscaras de touro” - cartão pintado
Holanda - Nederland
O HERÓI DE HAARLEM
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Há muitos, muitos anos, vivia em Spaarndam um menino que tinha oito anos. O pai dele era guarda de
comporta e às vezes deixava-o ir até ao cimo do dique ou lá abaixo, a terra seca.
Numa tarde que prometia tempestade, no Outono, a mãe pediu-lhe que levasse umas panquecas a um
velhote que era cego e que morava no campo. O menino lá foi e ficou um bocadinho em casa do seu velho
amigo. Quando começou a chuviscar decidiu voltar para casa. Atravessou o dique, mas mal tinha iniciado a
caminhada, olhando em redor, reparou que o nível de água do dique tinha subido muito, e isso não era
nada bom sinal - pensou, apressando o passo. O vento soprava com força e o nível da água subia cada vez
mais, começava a ficar muito escuro e o menino caminhava ainda mais depressa. Por fim começou a correr.
De súbito, parou! Ouvia-se um ruído estranho que vinha de dentro do dique. Com cautela desceu pelo
dique e começou a procurar o sítio de onde vinha aquele barulho. Sim, já devia estar perto porque o ruído
se ouvia cada vez melhor. Espantado e assustado, o menino ficou imóvel. O seu coração começou a bater
muito depressa. De dentro do dique jorrava um fiozinho de água. Ali havia um furo. Se não fosse tapado
depressa todo o terreno ficaria inundado e a cidade de Haarlem estaria ameaçada.
Apressadamente, procurou o ponto donde jorrava a água e depressa descobriu o buraquinho, muito
pequeno, onde o seu dedo coube mesmo à justa. Então o ruído da água a correr deixou de se ouvir e não
saiu nem mais uma gota de água do dique. “Agora tenho de ficar aqui até amanhã de manhã cedo”, pensou
o menino valentemente. E lá ficou, toda a tarde e toda a noite. Ficou enregelado e completamente hirto.
Teve a sensação de nunca mais voltar a poder mexer-se. Gritou pela mãe e gritou pelo pai, mas eles não o
ouviam. Decerto andavam agora à procura dele. E a noite avançava e o vento assobiava. A água batia
contra o dique. Era como se murmurasse: “Quero passar, quero passar!” Mas o menino ficou ali quieto, com
o dedo enfiado no dique e nem mais uma gota de água de lá saiu. Assim foi encontrado ao romper da
manhã do dia seguinte por um frade. Então foi logo socorrido e levado para casa. Tinha salvo a cidade e
o país de uma grande desgraça. Era um verdadeiro herói!
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EB1 de Alte – 3º e 4º ano – ”Túlipas” - cartão pintado
Hungria - Magyarország
O VEADO MARAVILHOSO
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Os dois filhos de Eneh e Montut, Hunor e Magor, fizeram uma caçada ao veado, cada um acompanhado
por 50 cavaleiros.
Andavam a perseguir um veado branco mas, ao pôr-do-sol, perderam-lhe o rasto depois de uma
perseguição muito longa. No dia seguinte continuaram a perseguição. Passaram pelo rio, atravessaram terras
desconhecidas, grandes desertos e vastas planícies. Esta perseguição prolongou-se por vários dias. Os dois
quase se arrependeram e interrogavam-se porque tinham de perseguir o animal. Mas achavam que, se o
tinham perseguido até ali, então teriam de continuar a fazê-lo mais alguns dias. E continuaram até que se
perderam no caminho e não souberam como voltar a casa.
No entanto aperceberam-se que estavam numa terra lindíssima, com erva como seda, mel a cair das árvores,
água doce, peixes em abundância no rio. E à noite, como num sonho, fadas dançavam no meio da névoa.
Então decidiram ficar naquela bela terra. Este foi o lugar para onde o veado mágico os levou.
As filhas dos reis também dançavam com as fadas. Havia 102 meninas que eram ensinadas pelas fadas, mas
para se tornarem fadas elas tinham que encantar e matar 9 homens.
Hunor e Magor ficaram fascinados com a dança das fadas e com as meninas e decidiram tomar duas delas
para suas esposas. Correram entre as meninas e as fadas. Mas estas tinham asas e voaram para longe. As
meninas ficaram e os dois irmãos escolheram as duas mais bonitas. Restaram 100 meninas e 50 cavaleiros.
Assim, cada um deles encontrou a sua esposa. Elas renunciaram a tornar-se fadas, casaram com os cavaleiros,
tiveram filhos e ficaram a viver naquela bonita terra.
Hunor deu origem ao povo Huno e Magor ao povo Magiar e assim os dois foram a origem
do povo húngaro.
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EB1 nº 6 de Olhão – 4º ano – “O veado” – reconto em tela pintada
Irlanda - Ireland
KITTY CORCORAN E A FADA VERMELHA
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Kitty era uma rapariga nova, bonita, simpática, mas estava adoentada. Paddy, o marido, levara-a aos
melhores médicos da Irlanda. Como nenhum acertasse, procurou curandeiras, adivinhos, enfim, quem
pudesse ajudá-lo a descobrir que doença tinha a mulher. Em vão! Kitty levantava-se todas as manhãs com
grande esforço. Pálida, tristonha, quase não tocava na comida e fazia os arranjos da casa sem entusiasmo
nenhum.
Querendo ajudá-la a recuperar a saúde, o marido cobria-a de mimos e atenções. Raro era o dia em que não
lhe levava um petisco: manteiga fresca, doces, costeletas de carneiro. Mas tinha que comer tudo sozinho,
porque ela só de olhar para a comida ficava agoniadíssima. Paddy ia ficando cada vez mais gordo e Kitty
cada vez mais magra. Ao fim de sete anos, ele quase não se conseguia mexer, de tão pesado. Ela quase não
se conseguia mexer, de tão leve. Na época das colheitas, exausta como sempre, estendia-se na cama junto da
lareira. Certo dia, ouviu uma voz melodiosa chamar: - Kitty! Kitty Corcoran!
Na beira da cama viu então uma fada minúscula, linda, com um manto vermelho. Estaria a sonhar? Esfregou
os olhos, mas a visão não se desvaneceu.
- Kitty Corcoran, ouve o que tenho para te dizer. Estás doente há mais de sete anos e a culpa é tua. Eu
pertenço ao «bom povo». Nos nossos passeios cruzamos a tua porta duas vezes ao dia. Ora quando
atravessamos o jardim à tardinha, apanhamos sempre com baldes de água suja em cima da cabeça. Foi por
isso que resolvemos castigar-te com esta doença que não anda nem desanda.
Kitty ficou muda, pois não sabia o que dizer. Era injusto, o castigo! Não podia adivinhar que o seu jardim
pertencia ao caminho das fadas... mas reclamar? Nunca!
- Se prometeres nunca mais deitar água suja naquele sítio e àquela hora, ficas curada. Se não cumprires a
promessa não recuperas a saúde porque nenhum homem te pode curar!
No dia seguinte Paddy teve a maior surpresa da sua vida. A mulher acordou bem-disposta, risonha, corada
e fez-lhe companhia à mesa, deliciando-se com belíssimas costeletas de carneiro!
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CASCD - ATL N. Sra. de Fátima – vários anos – “Baldes de água” – garrafas plástico reutilizadas e arame
Itália - Italia
AS AVENTURAS DO PINÓQUIO
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Num pequeno povoado vivia um relojoeiro chamado Marcelo que fazia bonitas caixas para relógios. Não
tinha família, mas sempre desejou um filho. Um dia fez um boneco de madeira movimentado por cordas e
chamou-lhe Pinóquio. Uma noite a Fada dos Bons Desejos apareceu e sabendo dos anseios do relojoeiro deu
vida ao boneco e arranjou-lhe o companheiro Quique, um grilo muito inteligente. Avisou o Pinóquio para
se comportar bem e ser como Marcelo desejava. E desapareceu.
O velho relojoeiro quando acordou viu Pinóquio a mover-se, mas sem cordas, e começou a pular e a dançar
com enorme alegria, com o gracioso bonequinho.
Quando Pinóquio ia a caminho do colégio encontrou Bruna, a raposa, e Bráulio, o gato, vagabundos de
profissão. Os patifes ofereceram-lhe companhia para a pândega. O Grilo avisou-o. Mas os astutos amigos
insistiram para não lhe obedecer enquanto Pinóquio, deslumbrado, olhava para a raposa e para o gato
sem parar.
Os dois malandros venderam-no ao diretor de um circo, que transformava os meninos em burros para
servirem como animais de carga. Para se livrar desta situação, Pinóquio atirou-se ao mar com o inseparável
Grilo. Os dois foram parar à boca de uma baleia onde encontraram Marcelo que, na busca do filho, se
arriscara a atravessar o mar. Para se salvarem o relojoeiro acendeu um fogo e a barriga da baleia ficou tão
cheia de fumo que ela espirrou. E assim, com a barca, eles saíram de onde estavam pela enorme boca e
deram à costa. Marcelo abraçou o filho e logo uma estrela refletiu sua luz sobre o boneco de madeira que,
ao contacto com os seus brilhantes raios, se tornou humano e prometeu nunca mais se comportar mal.
A alegria do relojoeiro foi indescritível! A Fada dos Bons Desejos tinha restituído a felicidade ao ancião e
Pinóquio, envergonhado pela desobediência, seria sempre bem comportado...
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UALG – Associação Académica do Algarve – 3º, 4º e 5º anos – “Marioneta Pinóquio” – desperdícios, cartão, fio nylon
Letónia - Latvia
A ORFÃ E A MADRASTA
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Um homem viúvo com uma filha pequena voltou a casar. A madrasta era um bruxa e quando deu à luz a
sua própria filha deixou de suportar a enteada e decidiu matá-la. Verteu caldo numa taça e mandou-a
entregar ao pai dizendo-lhe que se salpicasse o pano lhe arrancaria a cabeça. Ao chegar ao pé do pai
chorava muito porque tinha sujado o pano. Este disse-lhe que o lavasse antes de o entregar. Quando lavava
o pano surgiu uma serpente que lhe perguntou porque chorava e disse-lhe: “Era preferível que preparasses
uma coroa de flores porque a minha irmã casa amanhã.” E ela assim fez. Veio uma segunda serpente com a
mesma conversa. A menina fez uma segunda coroa. Veio uma terceira serpente que disse: “Era preferível que
preparasses uma coroa de flores porque eu sou a noiva e caso amanhã.” Quando acabou a coroa
aparecerem as três serpentes que lhe perguntaram: “irmãzinha que sorte queres que te desejemos pelo bem
que nos fizeste?” E ela respondeu que só queria que o pano ficasse limpo. Elas mandaram que o pano ficasse
limpo como era, que ela se tornasse tão bela como o sol, que os seus olhos chorassem pérolas e a sua voz
fosse bela como o Kokle (instrumento letão).
A madrasta invejosa resolveu mandar no dia seguinte a própria filha com o caldo. Tudo se passou como no
dia anterior mas quando apareceram as serpentes a filha da bruxa sacudiu-as e mandou-as embora. Então
elas mandaram que o pano ficasse preto como o alcatrão, que ela se tornasse tão feia como a noite, que os
seus olhos chorassem sapos e a sua voz se assemelhasse a uivos de animais selvagens. A bruxa furiosa não
pode fazer nada mas daí a umas semanas quando apareceu um príncipe à procura da dona da voz bela que
tinha ouvido, escondeu-a e apresentou-lhe a feia filha. O príncipe revistou todos os cantos até que
Encontrou a menina, levou-a para o palácio e tornou-a como esposa.
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EB1 de Monchique – 3º e 4º ano – “Coroas de flores” – papel, cartão e desperdícios
Lituânia - Lietuva
O GATO E O GALO
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Era uma vez um gato e um galo que viviam felizes na floresta. Um dia o gato saiu para caçar e disse ao galo
para não abrir a porta a ninguém porque a raposa podia estar por perto. A raposa que estava escondida
ouviu, foi até à casa deles e bateu à porta.
- Olá, galinho bonito, de penas coloridas. Deixa-me entrar. Sou eu, a galinha bonita.
O galo disse assustado:
- Como é que não tens medo da raposa? Entra. Eu já vi a raposa hoje.
Mal o galo abriu a porta a raposa agarrou-o e levou-o sem olhar para trás. O galo gritou, o gato ouviu os
gritos, correu atrás da raposa e resgatou o amigo.
No dia seguinte o gato foi de novo à caça. Mais uma vez a raposa bateu à porta da casa e disse:
- Ó galo de penas coloridas, sou eu o cão teimoso. Procuro a raposa na floresta.
- E não tens medo de raposa? Entra, entra…
Mal o galo abriu a porta a raposa levou-o. O galo gritou de novo. O gato ouviu os gritos, correu atrás da
raposa, mas magoou o pé e não a apanhou. Coxeando, encontrou a cova onde estava a raposa com seis
raposinhas e o galo preso no canto. O gato cantou baixinho:
- No meio da floresta dançam seis raposinhas bonitinhas e o galo está preso no moinho de farinha. A velha
raposa fez um bolo hoje. Ó raposa querida, dá-me um pedacinho do teu bolo gostoso.
A raposa estava a varrer e ouviu a canção. Curiosa, abriu a porta. O gato apanhou-a e fechou-a num saco,
continuando a cantar. Saiu uma raposinha para ver quem cantava e o gato apanhou-a. Assim continuou até
apanhar todas as raposinhas, fechá-las no saco e resgatar o galo.
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Ludoteca da Fuzeta – vários anos – “Cegonha pássaro da Lituânia” – arte escrita
Luxemburgo - Luxembourg
A BELA MESULINA
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Segundo a lenda, Mesulina foi a segunda mulher do conde Siegfried, o fundador de Luxemburgo.
Quando casaram Mesulina exigiu a Siegfried ficar sozinha uma vez por mês sem que ninguém a seguisse ou
questionasse o porquê desse pedido.
Siegfried fez-lhe a vontade.
Durante anos, todas as quartas-feiras de cada mês, Mesulina descia até um labirinto de cavernas debaixo da
cidade e só voltava na quinta-feira, quando o sol nascia.
Um dia, Siegfried quebrando a sua promessa, seguiu-a e reparou que ela entrava num quarto.
Espreitando pela fechadura, Siegfried ficou estupefacto ao ver a sua esposa mergulhada numa grande
banheira, com a parte de baixo transformada numa cauda de peixe.
Tendo as sereias o sexto sentido, Mesulina apercebeu-se que o marido a espreitava pela fechadura e fugiu
pela janela saltando para o rio Alzette, desaparecendo.
Quando as águas do rio estão calmas, alguém diz ver uma cabeça de uma linda mulher a sair das águas do
rio e uma cauda de peixe serpenteando levemente nas águas.
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EB23 de Joaquim Magalhães/CRI – 12/13 anos – “Sereia” – técnica mista sobre cartão
Malta - Malta
OS CAVALEIROS DA ORDEM DE MALTA
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Para compreender quem eram os cavaleiros da Ordem de Malta recuamos ao tempo das Cruzadas. Muitos
cavaleiros participavam por fervor religioso ou por espírito de aventura.
A 1.ª Cruzada, para expulsar os turcos da Palestina, foi um fracasso por falta de organização. Muitas se
seguiram. Nessa época surgiram grupos de monges guerreiros, as chamadas ordens religiosas militares. Os
monges não podiam casar, viviam em comunidade e dedicavam-se à luta contra os infiéis. Cada grupo tinha
regras próprias, um tipo de vestuário, um santo padroeiro e um nome, por exemplo, os cavaleiros da
Ordem do Templo ou Templários. Estes vestiam de branco com uma cruz vermelha ao peito.
Em meados do século XI surgiram os cavaleiros da Ordem do Hospital, ou Hospitalários. Recebiam e
tratavam os peregrinos que visitavam a Terra Santa e faziam voto de obediência e de pobreza. Em vez de
entrarem em conflito com os muçulmanos, pediram autorização ao califa para construir um hospital em
Jerusalém. Construíram um edifício que dedicaram a S. João, onde recebiam os sem abrigo, os famintos
e os doentes.
Mas cristãos e muçulmanos entraram em conflito e os Hospitalários tornaram-se guerreiros, como os monges
das outras ordens militares. Obrigados a sair da Palestina, fixaram-se na ilha de Chipre e depois na ilha de
Rodes. No ano de 1522, o poderoso chefe muçulmano, Solimão, o Magnífico, expulsou-os de Rodes.
Instalaram-se então na ilha de Malta, que pertencia ao imperador Carlos V, que era muito religioso e lhes
ofereceu a ilha em 1530. Aí viveram e tomaram o nome de Cavaleiros da Ordem de Malta. Usavam túnica e
capa preta em tempo de paz, roupa vermelha com uma cruz branca do lado esquerdo, em tempo de guerra.
Só aceitavam filhos de nobres e os homens do povo que quisessem entrar tinham que apresentar provas e
garantias de que a sua família era respeitável. Recebiam a designação de «servos de armas». Durante 268
anos os cavaleiros da Ordem de Malta viveram descansados na ilha. Em 1798 Napoleão conquistou a ilha de
Malta e os monges perderam o território e a importância política. A partir de então a sua história
é apenas religiosa.
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EB1 de Alte – 1º e 2º ano – “Escudos e espadas” - cartão, tecido e outros materiais de desperdícios
Polónia - Polska
CHOPIN
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Fréderic Chopin nasceu a 22 de fevereiro de 1810 e antes de saber ler já queria compor melodias. Aos 8 anos
já tocava para multidões e aos 15 foi considerado o maior pianista de Varsóvia.
Como gostava de tranquilidade mudou-se para Paris, onde descobriu a fama, o luxo e a alta-costura.
Tornou-se muito vaidoso e gastava fortunas em roupa e penteados. Chamavam-lhe o “príncipe dos
pianistas”.
Encantou-se por uma baronesa-escritora - George Sand. O casal foi residir para Palma de Maiorca, uma ilha
espanhola onde viveram rodeados de água, letras e música!
Morreu muito novo, aos 39 anos, e como último desejo pediu que o seu funeral fosse ao som da sua música
e que o seu coração ficasse para sempre na catedral de Varsóvia.
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EB1 de Bom João – 4º ano – “Instrumentos musicais” – madeira e reutilização de embalagens
Portugal
A NAU CATRINETA
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Lá vem a nau Catrineta que tem muito que contar: escutai, se quereis ouvir uma história de pasmar. Muito
tempo era passado que iam na volta do mar, já não tinham que comer, já não tinham que manjar; deitaram
sola de molho p'ra o outro dia jantar, mas a sola era tão dura que a não podiam rilhar; deitaram sortes à
ventura quem haviam de matar, mas a sorte foi cair no capitão-general!
- Sobe, sobe, marujinho, àquele mastro real: vê se vês terras de Espanha ou praias de Portugal!
- Não vejo terras de Espanha nem praias de Portugal; vejo sete espadas nuas que estão para te matar.
- Arriba, arriba, gajeiro, alcança o tope real: vê lá se enxergas Espanha, areias de Portugal.
- Dá-me alvíssaras, capitão, meu capitão-general: já vejo terras de Espanha e areias de Portugal. Também vejo
três meninas debaixo dum laranjal: uma sentada a coser, outra na roca a fiar e a mais linda delas todas está
no meio a chorar.
- Todas três são minhas filhas, quem n'as pudera abraçar. A mais linda delas todas há-de contigo casar!
- Eu não quero vossa filha, que vos custou a criar.
- Dou-te então tanto dinheiro, que o não possas contar...
- Não quero o vosso dinheiro, que vos custou a ganhar.
- Dou-te o meu cavalo branco, sempre pronto a galopar...
- Guardai o vosso cavalo, que vos custou a ensinar…
- Quer's tu a nau Catrineta para nela navegar?
- Não quero a nau Catrineta, porque a não sei governar.
- Que queres então, meu gajeiro? Que alvíssaras te hei de dar?
- Quero só a tua alma para comigo levar.
- Renego de ti, Demónio, que me estavas a tentar: a minha alma é só de Deus; o meu corpo é para o mar.
Pegou-lhe um anjo nos braços, não o deixou afogar; deu um estouro o Demónio, acalmaram vento e mar; e
à noite a nau Catrineta estava em terra a varar.
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EB1 de São Luís – 2º ano – “Caravela” - técnica mista sobre tela
Reino Unido - United Kingdom
O DRAGÃO DE LAMBTON
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Segundo algumas lendas, o dragão seria um cruzamento entre um dragão e uma serpente. Essa besta mítica,
mencionada por Sir Walter Scott, é uma das lendas da região conhecida como Scottish Borders, que fica na
fronteira da Inglaterra. Data do século XII. O mito é muito similar à famosa lenda inglesa do Verme de
Lambton. Este animal aparecia ao nascer e pôr-do-sol. Devorava tudo o que via pela frente e era
invulnerável a qualquer tiro de arma. O local tornou-se por isso inóspito e sem vida.
Um lorde local, John de Somerville, de tanto ouvir falar do animal - que tinha várias formas nas versões
contadas: alado, sem asas, com pés, etc -, resolveu ir até Linton para ver ele mesmo. Foi até à caverna e
espreitou de um local seguro. Estudou os hábitos do dragão e viu que ele mantinha a boca aberta durante
algum tempo. Então traçou um plano. Foi até o ferreiro local e pediu para colocar rodas na ponta de uma
lança, tendo embebido em breu uma das rodinhas, de modo a acendê-la quando fosse necessário. Ao menor
toque da ponta da lança a roda cairia. Passou um tempo praticando o uso da arma com o cavalo, para se
acostumar com o fumo.
Armado com a engenhoca partiu da vila. As pessoas, principalmente os velhos, lançavam sobre ele um olhar
piedoso, como que acreditando que ele era um tolo que não voltaria de sua missão.
Ao anoitecer ele e seu criado aproximaram-se do covil do animal. Montou o seu cavalo e quando a besta
saiu da caverna o criado acendeu o fogo. Avançou com o cavalo na direção do dragão e o movimento fez
com que a roda de fogo entrasse na garganta do animal, quando abriu a boca para engolir cavalo e
cavaleiro.
Diz-se que foram os espasmos de morte do dragão que deram origem à estranha topografia do lugar e
tornaram a região conhecida como "wormington". O animal voltou para a caverna e morreu. A sua cauda
provocou a queda da montanha que o enterrou para sempre.
Sommerville foi nomeado Falconeiro real e tornou-se o primeiro Barão de Lintoune.
Na Igreja de Linton há um dragão esculpido, em homenagem à bravura do herói.
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EB1 de Alto Rodes e EB1 do Carmo – 2º ano – “Dragões Chineses” - cartão pintado
República Checa - Česká republika
A DÉCIMA TERCEIRA FONTE
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Na cidade de Karlovy Vary havia um farmacêutico simpático e bonacheirão que tinha uma bela casa com
jardim, à qual dera o nome de Casa das Três Cotovias. Certo dia aceitou como hóspede um inglês, médico
de profissão. Ele adorava o cheiro do óleo e das plantas que Josef utilizava para fabricar remédios e passava
o tempo na farmácia. Os dois homens tomaram-se grandes amigos.
- Antes de me ir embora hei-de arranjar-lhe uma receita muito especial - prometia o médico. Garanto-lhe
que fica rico. Josef ria-se, pensando que era brincadeira. Enquanto ele atendia clientes, o inglês procura ervas
medicinais... Quando chegou a hora da despedida, deixou-lhe a receita escrita num papel.
- Ora cá está! É uma lembrança que lhe deixo, como recordação das férias na Casa das Três Cotovias - disse.
Nessa noite o farmacêutico não pregou olho. Fechado a sete chaves no laboratório, ia pisando e repisando
plantas no almofariz. Associava gotas de óleo ou de álcool conforme as indicações e provava. Não sabendo
como chamar ao novo produto decidiu consultar a mulher e os meus filhos. A reunião foi um sucesso. Todos
se mostraram encantados pelo facto de o pai lhes pedir ajuda e deram sugestões interessantes - Amarga
Inglesa, Original … Mas nenhum lhe agradava muito. Como estava orgulhoso e satisfeito com o produto
resolveu utilizar um nome inspirado no seu apelido e chamou-lhe Licor Becherovka.
Não se enganara o inglês. Aquele licor, além de saboroso, revelava-se excelente para dar alívio a doenças de
estômago, Em pouco tempo Josef não tinha mãos a medir com tanta encomenda! As pessoas perguntavamlhe: - Onde é que arranjou um líquido tão bom?
- Foi na décima terceira fonte da nossa linda cidade! O local é um segredo que tenho muito bem guardado.
Alguns papalvos iam procurar a tal fonte mas acabavam por desistir. A mulher de Josef é que não achava
graça nenhuma. - Eles são tolos. Então acreditam que um líquido assim delicioso brota da terra? Pensam que
é só ir lá encher o frasco? - Pois se lhes dizes que é uma fonte!
-E é! A origem do licor é uma fonte mesmo, uma fonte natural. Não emana do solo, mas emana das ervas
que crescem pelos campos da Boémia!
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EB1 de Pontes de Marchil – 4º ano – “Os 5 sentidos” - reutilização de embalagens de cartão, especiarias, desperdícios
Roménia - România
A LENDA DO DRAGOBETE
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Os Festejos da Primavera começam no dia 24 ou 28 de Fevereiro, com a celebração do Dragobete. Nestes
dias de Primavera a Natureza volta à vida, as aves voam cheias de alegria, as flores sazonais e a boa vontade
estão presentes em todas as casas. É o dia de Dragobete, ou Noivo dos Pássaros como é chamado nalgumas
regiões da Roménia. É um filho forte e bonito que nos traz o amor e a alegria.
Conta a lenda que o Dragobete, uma figura mitológica, oficializava no céu o casamento de todos os animais,
uma tradição que se foi alargando progressivamente e deu origem a hábitos específicos a sul e norte do
Danúbio.
No dia do Dragobete rapazes e raparigas aproveitam para vestir as roupas de celebração e cheios de alegria
vão para a floresta para apanhar flores ”ghiocei” e violetas, entre outras, que depois vão ser postas na
moldura dos amados ou utilizadas em várias poções de amor. Perto do meio-dia os jovens vão à procura da
rapariga de quem gostam e tentam apanhá-las numa corrida cheia de amor. Quando apanha a sua escolhida,
rouba-lhe um beijo à frente de toda a aldeia, beijo este que simboliza os seus votos de amor para todo o
ano. Daí a famosa frase que no "Dragobetele as meninas são beijadas". É uma tradição muito esperada pelas
meninas que, ansiosas, esperam os beijos dos seus futuros amores.
Outro costume é apanhar a neve, a água da chuva ou água de nascente, que consideram ter efeitos mágicos
e quando utilizada pelas jovens as pode tornar mais bonitas e amorosas.
Os jovens reunidos em grupos usam este dia Dragobete para se tornarem irmãos de sangue.
Nesses dias as pessoas interrompem todo o trabalho, limpam e organizam a casa à espera do Dragobete, o
Deus do Amor, que não vem sozinho, mas acompanhado pelas fadas, sussurrando palavras de amor. Todos
têm o cuidado de não ser apanhados sem par no dia do Dragobete, o que seria um mau sinal, presságio de
solidão durante o ano inteiro.
O Dragobetele é uma das melhores e mais antigas tradições do povo romeno e é sinal de alegria
e prosperidade.
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EB1 de Almancil – 1º, 2º 3º e 4º ano – “Mortisor” - tradição romena, fio e feltro
Suécia - Sverige
PIPI DAS MEIAS ALTAS
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A Pipi das Meias Altas tinha nove anos e vivia sozinha numa casa com jardim que se chamava Villa Villekulla.
Como não tinha mãe nem pai em casa podia ficar acordada até tarde porque ninguém a obrigava a ir para a
cama, nem a tomar óleo de fígado de bacalhau, quando o que ela queria era comer caramelos.
Claro que, no passado, a Pipi das Meias Altas tivera um pai e uma mãe. A mãe morreu e o pai, um capitão
do mar, desapareceu num dia de tempestade. Mas a filha acreditava que o pai pirata iria voltar. Até lá tinha
a companhia de um macaquinho que andava sempre no seu ombro, o senhor Nilsson, e de um cavalo, além
dos dois amigos, Tommy e Annika.
Esta menina de cabelos ruivos, duas tranças espetadas e uma meia de cada cor, era uma rapariga
independente que sabia usar pistolas, fazer panquecas, tinha o seu fundo de maneio e era forte. Nasceu na
cabeça da escritora sueca mais popular de literatura infantil, Astrid Lindgren, e encorajou gerações de
raparigas a divertirem-se e a acreditarem em si próprias. Astrid Lindgren já tinha mais de trinta anos quando
escreveu o primeiro manuscrito sobre esta rapariga fora do vulgar. Tinha 38 anos quando viu o primeiro
livro ser publicado, em 1945.
Ao que se sabe foi a filha Karin que lhe serviu de inspiração para Pipi das Meias Altas. Karin ficou doente
com pneumonia e a mãe contava-lhe histórias. Uma noite, em 1941, Karin pediu uma história sobre a Pipi.
Como a personagem tinha um nome estranho, a história também devia ser amalucada e Lindgren inventou
uma rapariga que desafiava as convenções.
Naquela época a escritora estava interessada nas discussões sobre a psicologia e a educação das crianças. Isso
levou-a a criar uma forma diferente de contar as histórias: tinha em conta o ponto de vista da criança.
Karin, a filha de Astrid, gostou tanto que pedia à mãe que lhe contasse cada vez mais histórias da Pipi e ela
passou a ser a heroína do que se contavam à noite lá em casa. Até que um dia Astrid escorregou no gelo,
magoou-se na anca e teve que ficar na cama. A filha fazia dez anos e ela teve a ideia de passar ao papel as
histórias da Pipi. Fez um livro, caseiro, para oferecer à filha.
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EB1 de Vila do Bispo – 3º ano – “Árvore da Páscoa” - ovos de esferovite
Croácia - Hrvatska
A RÃZINHA
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Era uma vez um casal já com uma certa idade que não tinha filhos e que pedia insistentemente a Deus essa
graça. Depois de fazerem uma peregrinação rogaram mais uma vez por um filho, mesmo que tivesse a forma
de uma rã. Nove meses depois a mulher deu à luz …uma rã. Mas ainda assim eles ficaram muito felizes. A rã
estava sempre na vinha e raras vezes vinha a casa, o velho trabalhava ali e a mulher levava-lhe comida
todos os dias.
Um dia, quando a mulher já velhinha não podia sair já de casa para levar a comida ao pai a rãzinha
ofereceu-se para a levar. A mulher atou o tacho às costas da rã. Ao chegar chamou pelo pai que lhe tirou o
tacho e comeu. A rã pediu-lhe que a colocasse numa cerejeira e pôs-se a cantar tão bem como as vilen
(fadas dos bosques). Um príncipe ouvindo-a quis saber quem cantava. Mas o pai teve vergonha e disse que
não sabia e ele foi embora.
No dia seguinte sucedeu o mesmo e o velho tornou a mentir. Mas perante a insistência do príncipe
confessou-lhe a verdade. O príncipe mandou-a descer e ouvindo-a cantar rendeu-se ao encanto da sua voz,
pedindo-lhe para ser sua noiva. Disse-lhe que no dia seguinte deveria apresentar-se no palácio com a mais
bela rosa. A rã pediu que lhe enviasse um galo branco da corte para ir montada nele. E foi pedir ao Sol que
lhe desse uns vestidos dourados como ele.
No dia seguinte montada no galo branco e com os vestidos entrou na cidade. Logo que entrou o galo
transformou-se num lindo cavalo e a rã na rapariga mais bela do mundo vestida de dourado como o sol.
Com uma espiga de trigo na mão em vez de uma rosa entrou no palácio real e o rei escolheu-a para noiva
do filho e legou-lhes o reino porque ela tinha percebido que o pão é a verdadeira “rosa” bela e ao mesmo
tempo útil.
A partir de 1 de julho de 2013 a Croácia será o 28º membro da União Europeia.
Faz um trabalho sobre esta estória com a tua turma e cola aqui…
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Este espaço é para ti... podes escrever uma estória sobre a União Europeia ou registar o que aprendeste
ou o que gostarias de saber... A Europa também és tu
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Quem participou no projeto…
Biblioteca Municipal de Faro
CASCD – ATL N. Sra. de Fátima - Faro
Colégio Algarve - Faro
Colégio Internacional Vilamoura - Loulé
DOINA - Associação de Romenos no Algarve - Almancil
EB1 de Almancil - Loulé
EB1 de Alte - Loulé
EB1 de Alto Rodes - Faro
EB1 de Bom João - Faro
EB1 de Budens - Vila do Bispo
EB1 do Carmo - Faro
EB1 de Monchique - Monchique
EB1 Nº 6 de Olhão - Olhão
EB1 de Pontes de Marchil - Faro
EB1 de São Luís - Faro
EB1 de Vila do Bispo - Vila do Bispo
EB23 Joaquim Magalhães - APPC/CRI - Faro
Junta de Freguesia da Fuzeta – Ludoteca/ATL - Olhão
Museu Regional do Algarve - Faro
UALG - Associação Académica do Algarve - Faro
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“Consulta este mapa da União Europeia
para pintares as bandeiras dos países
em cada uma das páginas do livro”
Texto e revisão
Europe Direct Algarve
Grafismo
Clara Moura
Fotografia
António Ramos
Impressão
Gráfica Comercial
Financiado pela
União Europeia
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Livro - CCDR Algarve