Entrevista do Boxer Club de Portugal a Karin Rezewski
Nome: Karin Rezewski
Afixo: vom Schuetting
País: Alemanha
Como descobriu o boxer? Foi amor à primeira vista? De onde adquiriu o seu primeiro boxer?
Desde a minha infância vivi com cavalos e cães de diferentes raças. No final da guerra mundial, devido
a bombardeamentos pesados, perdemos a nossa casa, a maioria dos nossos cavalos e o meu bravo
Alsaciano. Desesperadamente tentei encontra-lo no nosso destruído município – os meus pais não me
queriam dizer que ele tinha sido queimado. Mais tarde em 1949 eles tentaram o seu melhor para me
encontrar um novo companheiro o que foi muito difícil. Durante este tempo, quando o país
experimentou grandes carências, apenas algumas ninhadas foram produzidas, que devido à demanda
pelos soldados de ocupação eram trocados por alimentos. Felizmente, eles descobriram um minúsculo
cachorro boxer de apenas 6 semanas que o criador decidiu entregar tão cedo como expressão da sua
simpatia por mim. Esta pequena fêmea fulva feliz, devolveu-me o prazer e a confiança na vida.
O criador da nossa Uganda von der Fischerhütte era o mundialmente conhecido juiz, LEO HELBING. As suas
atividades para a ATIBOX e como principal verificador da raça no Boxer Clube de Munique despertaram a
minha curiosidade quando os meus pais me levaram a algumas exposições para boxers e aprendemos que
Uganda era um bom exemplar da raça. Cedo fiquei viciada, apresentá-la em competição acabou por ser um
grande desafio para mim. No final de sua carreira ela tornou-se o nosso primeiro Klubsiegerin, o título mais
difícil de obter na Alemanha.
Foi o Sr. Leo Helbig, que me ensinou que os boxers da época eram apenas de qualidade média após os
melhores boxers, como LUSTIG v. Dom, terem sido vendidos para a América no final da segunda guerra
mundial.
Em que momento decidiu optar pela criação desta nobre raça, assim como, participar em
exposições?
Depois de ter apreciado a emoção do ambiente de exposições, eu aguardava ansiosamente as
primeiras ninhadas de Pirol von Rosenheim, um bisneto de um dos últimos filhos de Lustig na
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Alemanha, Buten von Elbufer. O meu pai tinha-o resgatado e com sucesso o levou ao IPO1 e ao título
de Bundessieger 1954.
Pirol cruzou Uganda e a sua irmã Unke que vivia em Bremen, com o nosso verificador da raça.
Sentimos muito entusiasmo com a primeira ninhada da Uganda: 9 cachorros, todos eles fulvo sólido,
fortes e de boa saúde, mas quando vi os cachorros da Unke, as cabeças pareciam ser mais
pronunciadas, principalmente uma que atraiu os meus olhos, uma fêmea fulva e branca, com máscara
negra, com formas bonitas, corpo compacto e comportamento orgulhoso, com 6 semanas ela já se
movia como um pequeno boxer com uma atitude agradável. Eu soube imediatamente que ela iria ser
minha.
Camma vom letzten Hafen desenvolveu-se em uma excelente fêmea desses dias. Ganhou todos os
títulos europeus e vi nela qualidades para continuar a criação com melhores resultados do que já
tínhamos com a Uganda.
Camma
No início desta atividade consegue recorda-se de algum cão que a tenha verdadeiramente
impressionado?
Foi para mim uma grande honra, na companhia do Sr. Helbig, visitar a Sra. Friederun Stockmann, a
mundialmente conhecida criadora do boxer moderno. Durante a apresentação dos muitos boxers von
Dom, apenas uma vez a taciturna senhora me dirigiu a palavra quando me perguntou quais dos seus
cães eu gostava mais. Sem hesitar escolhi um jovem macho tigrado no meio de tantos e foi
reconhecido pela Sra. Friederun Stockmann com um leve sorriso. Recordar esta experiência ainda hoje
me dá arrepios: Eu tinha escolhido Godewind v. Dom. este jovem macho ofuscou todos os seus colegas
de canil, com o seu jovem espírito e a sua maravilhosa aparência. Mais tarde quando pensei nas razões que
me levaram a fazer esta escolha percebi qual é o fator decisivo para ser um bom boxer em geral. Um boxer
pode ser corretamente construído em todos os aspetos mas no entanto não ter “aquele algo”. Outro cão
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pode ter algumas falhas, mas um certo carisma e classe, dá-nos a impressão que ele irá passar isso para os
seus descendentes.
Godewind
Outro cão impressionante de excelente qualidade, que incluía grande nobreza e tipo, era Witherford Sky
Dawn.
Eu fui ao País n.º 1 em cães, Inglaterra, com Leo Helbing no início dos anos 60, para visitar os principais
canis, Wardrobe e Witherford. Fiquei muito impressionada com o tipo e grande uniformidade dos
Witherford. Para mim eles eram mais elegantes, tinham uma boa expressão, bem como forte
pigmentação em comparação com os nossos boxers na Alemanha.
Com o seu tipo de família uniforme, eu tive problemas para encontrar um cão que gostasse mais.
Finalmente, escolhi o jovem macho Witherford Dawn Sky. Às vezes é difícil explicar por que um cão se
destaca de todos os outros. É melhor explicado pelos arrepios resultantes. O cão tinha uma aura especial
sobre ele, que é muito difícil de descrever em palavras. Esta aparência impressionante, além de
conformação equilibrada, é o resultado da grande autoconfiança. Ao longo dos anos percebi que o boxer
típico exala vigilância e firmeza, combinado com a expressão de inteligência, transparência e
determinação.
Decidi importar este tipo de boxer para combinar com as filhas da nossa Camma. Em 1961 Witherford
Hot Chestnut chegou à Alemanha com a tenra idade de 12 semanas, demorou alguns anos até que a sua
aparência elegante e cabeça com forma claramente expressiva fossem aceites. Ele não enquadrava no
âmbito da aparência geral mais forte a que estavam acostumados na Alemanha. A sua excecional frente
dava-lhe um porte nobre especial. Precisei de muito esforço e muitas viagens longas até que ele se tornasse
Campeão do Clube, Campeão Internacional e Campeão do mundo em 1965.
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Hot Chestnut
O primeiro criador a usá-lo foi o Dr. Tomaso Bosi de Itália. O raciocínio de que ele traria de volta o sangue
de Lustig v Dom pesou na escolha. Já nas nossas primeiras ninhadas com as nossas fêmeas podíamos
reconhecer o seu tipo. Três campeões nasceram daí. Apesar disso, os criadores alemães demoraram a
usá-lo. Eles pareciam muito céticos em relação a este "estrangeiro" que veio de reprodução descontrolada
e quanto às características ruins que ele podia produzir.
Hot Chestenut provinha de um património genético inglês longínquo. Através de inteligente in-breeding
sobre as linhas dos seus antepassados com fundo alemão, holandês e americano proveniente de boxers
von Dom ele provou ser um reprodutor dominante estampando a sua descendência com as suas
características positivas. Com 9 anos de idade ele tinha 42 filhos campeões dentro e fora da Alemanha e
mais de 50 descendentes com certificados a caminho de títulos de campeão.
Pode partilhar connosco a sua maior frustração enquanto criadora e também alguns momentos de
glória?
Eu escolhi cuidadosamente Witherford Hot Strawberry para começar uma segunda linha ao lado
daquela que tive com as filhas da Camma, Bele e Beira vom Schütting. A combinação de Hot Chestnut
com Hot Strawberry excedeu todas as minhas expectativas pela descendência impressionante como Jupiter,
Nauke e Nestor v Schuetting. Infelizmente estes cães nasceram numa altura em que já havia publicamente
algum ressentimento contra a influência com sucesso de Hot Chestnut na criação alemã
Um determinado dia, Otto Donner, presidente da assembleia de juízes to BK alemão foi muito
depreciativo sobre Jupiter no ringue. Eu ofendi-me com este comportamento indisciplinado e,
posteriormente, Jupiter e Nestor foram deixados em casa. Nauke foi vendido para a Dinamarca, onde se
sagrou campeão Dinamarquês, Polaco e Holandês. Ao longo dos anos experimentei várias vezes tal
malícia. Este terrível derrubar por um juiz superior causou-me uma das maiores frustrações como
criadora…
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Jupiter vom Schütting
A criação é feita de altos e baixos. O mais frustrante foi com euforia dos resultados de top conseguidos
com o Hot Chestnut eu repeti muitas vezes cruzas, por vezes demasiado fechadas nele. Com o tempo
percebi o quanto ingénua a minha esperança era, de obter igual ou ainda melhores boxers. Os resultados
não trouxeram nada de novo. No fim desta excursão eu arrisquei uma cruza pai/filha com o Hot Chestnut.
Foi uma grande sorte quando selecionei Enok vom Schütting que se desenvolveu num campeão
bastante impressionante.
O problema nestas ninhadas eram o chanfro. Com crânios secos e bom stop alguns tinha demasiado
prognatismo enquanto aos outros faltava a largura de maxilar adequada. Certamente o meu maior erro
foi não tirar proveito da cabeça típica do Carlo von Henningshof.
No entanto momentos de glória permaneceram na minha carreira. Eu tinha incitado os meus amigos de
Wildeboers do famoso canil von der Reiterstadt Verden por bastante tempo para uma cruza outcross com a
muito típica Chauke vom Schuetting, uma neta de Pirol von Rosenheim, eu tinha-lhes oferecido a cadela para
criação. Obviamente um dos cachorros não se inseria no tipo clássico por causa da sua espetacular coloração
– de qualquer maneira os meus amigos pareceram muito contentes quando escolhi Ranus von der Reiterstadt
Verden para levar para casa.
Para surpresa da maioria dos meus amigos Us-Ranus veio a desenvolver-se um jovem boxer que dava
arrepios de prazer quando parava com trela solta com grande autoconfiança. Entre ganhar os seus
primeiros títulos de Jeugdwinner e Amsterdam winner 1968, onde também ganhou o grupo 2 da FCI e por
último ficou em segundo lugar do BIS.
O seu BIS na exposição internacional de Copenhaga 1969 e o seu título de campeão ATIBOX 1972, ele
ganhou o desejado título de jahressieger do Boxer clube de Munique por 3 anos consecutivos de 1969 a
1971 – um feito apenas alcançado uma vez na história do BK. Relembrando esta fantástica altura e com a
serenidade e compostura que chega com a idade, considero Us-Ranus como o melhor cão que eu tive, ele
foi definitivamente o meu favorito de todos os tempos.
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Us-Ranus
Um elogio especial à sua filha Julie vom Schuetting que herdou a presença marcante do pai. Ela deu-me
mais satisfação por ter sido registada com o meu afixo? Não, eu estou muito orgulhosa dos dois boxers e
de ter testemunhado o seu sucesso e influência no desenvolvimento da raça.
A mãe de Julie, Wencke v. Schuetting nasceu de uma cruza meio-irmão/meia-irmã. Ela já me tinha dado
muito prazer antes de alcançar o sucesso notável para os seus donos em Espanha como resultado da sua
atitude vencedora. Ganhar o título de Campeã do Mundo de 1973 em Casablanca / Marrocos e a sua
grande conquista ao ganhar o Best-in-Show na exposição Internacional de Lisboa, em 1974 pelo conhecido
juiz Inglês de todas as raças, Joe Braddon, encheu-me de orgulho.
O regresso de Julie de Espanha foi um grande beneficio. Quando ela foi cruzada com Enok vom Schuetting
que tinha nascido de uma cruza pai/filha do Hot Chestnut, ela produziu uma ninhada muito homogénea
de cinco robustos cachorros típicos. Um deles voou para a África do Sul: Wiking v. Schuetting. Os seus
entusiásticos jovens donos, os Füglisters, experimentaram as mesmas dificuldades que eu tive com o Hot
Chestnut, o levar os outros criadores a aceitarem-no. A situação lá era muito similar à nossa. Wiking foi
apresentado a um património genético completamente diferente consistindo maioritariamente de boxers
de linhas Americanas.
Com as características fixas e inconfundíveis de Hot Chestnut, o seu neto Wiking conseguiu marcar o seu
tipo. Reproduziu a bela expressão do seu avô. Wiking ganhou o prémio “Sire of the Show”
consistentemente por 8 anos consecutivos e recebeu o título de “ Sire of the Year” pelas Federações de
Boxers da África do Sul.
Qual a sua opinião do alto crossing, line breeding e inbreeding?
Uma e outra vez os Wildeboers ressaltaram a importância de que a linha deve ser construída sobre uma cadela
com forte linhagem quando se quer ter sucesso a longo prazo. De caso para caso deve-se usar machos cuja
linha condiga com a linha da fêmea mas que não tenha as mesmas falhas.
Anos mais tarde, percebi que essa teoria conta para criação inteligente. Por exemplo, a prepotência de Sigurd
v. Dom foi, sem dúvida, resultado dos seus ancestrais, onde as características foram fixadas por inbreeding.
Quando olhamos para trás ao longo dos anos, os resultados sempre chamam a atenção outra vez, que foram
baseados em semelhantes linhagens de sucesso – especialmente quando se combinam meios-irmãos e irmãs
ou netos de cães que já que já deram boas provas na raça. Usar um cão simplesmente por causa do seu
fenótipo excepcional é um grande risco, obter um bom resultado de tal combinação é pura sorte.
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Haverá ainda alguns criadores de hoje, que estão cientes dos passos mais importantes para a melhoria e
fortalecimento da reprodução Europeia de hoje, quando Iko v. Springbach (filho dos meios-irmãos, Carlo ut
Gütsel e Lira vom Schuetting linha Hot Chestnut) foi usado com uma filha de Erasmus v nassau-Oranien, um
filho de Godewind v. Dom, que vinha de uma filha de Witherford Hot Chestnut. O resultado deste cruzamento
foi o melhor desde Lustig v. Dom e Witherford Hot Chestnut, ou seja, Carlo v. Henningshof.
Carlo
Uma boa cadela de criação que qualidades deve ter?
Que importância dá à boca do boxer?
Que qualidades e defeitos considera mais importantes na raça?
Qual a importância dos testes médicos no controle da sanidade da raça?
O padrão da raça é o Alfa e o Omega para a reprodução. A extensão em que os objectivos da criação são
alcançados depende da habilidade do criador e da substância dos parceiros de criação. Não podemos
permitir que faltem os traços do Bulldog enquanto quisermos as cabeças expressivas e osso, mas ao mesmo
tempo devemo-nos esforçar pelo refinamento que é necessário para alcançar nobreza. Portanto, a raça
caminha sempre num trajeto estreito.
Uma boa fêmea deve sempre combinar um grande temperamento com um aspecto típico. São desejados
bons cérebros, uma cabeça bem esculpida, expressiva, com focinho quadrado e um corpo compacto, curto
e com bom osso. Se ela não é a melhor em conformação, movimento e em testes de saúde, pequenas falhas
devem ser toleradas. Os diferentes testes de saúde podem ajudar o criador a avaliar a situação geral. Eu
diria que, enquanto os resultados forem tolerados um cão maravilhoso não dever ser recusado.
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A cabeça de hoje na Europa, muitas vezes é demasiado típica e acompanhada de problemas de saúde
causados por narinas muito estreitas e língua muito longa. A mordida que é muito prognata, mostra os
dentes e é torta, dever ser punida porque prejudica as habilidades de trabalho. Além disso, retira a
expressão típica do boxer.
Eu posso perdoar falhas cosméticas, olhos claros e dentição um pouco irregular, mas não posso suportar
uma cabeça plana com focinho fraco e um corpo vigoroso que tem osso muito fino. Uma má linha superior
perturba o quadro geral e é sinal de posteriores fracos.
Depois de um período ativo com 50 ninhadas, coloquei as minhas atividades em espera, em 1982, a fim de
fazer justiça à minha posição como principal verificadora da raça do BK e demasiados deveres de
julgamentos. Por mais de 36 anos como juíza, visitei muitos países a fim de transmitir ao mundo boxer a
minha visão da aparência geral do boxer de acordo com o estalão. Foi um grande esforço para criar
consciência sobre as várias tendências da raça que se desenvolveram ao longo dos anos nos países, apesar
do inalterado estalão da raça.
Quando tive que me aposentar de julgar de acordo com regulamentos do BK com setenta anos, logo
recuperei a minha paixão pela criação. Procurei a melhor chance com Pat Withers, que ainda estava a
reproduzir o mesmo tipo de boxers de há 40 anos. Na minha visita foi-me apresentada uma deslumbrante
fêmea com 16 meses de idade: Witherford Cool Wave. Ela irradiava as fortes características de um boxer
que um cão raramente combina: o poder com a nobreza, com uma expressão agradável e a cereja no topo
do bolo, para corresponder, um temperamento marcante, muito segura de si. Eu fiquei imediatamente
apaixonada e cheia de gratidão por mais um boxer Witherford para levar para casa comigo.
Witherford Cool Wave
Eu tinha um espécime típico para recomeçar, quando falamos de um boxer típico, não depende unicamente
do tipo de cabeça. A aparência geral mostra a forte linhagem que vem detrás!
Quando Alana e a sua filha Zofe vom Schuetting foram cruzadas com machos de fundo totalmente
estrangeiro, deram nas suas ninhadas cachorros que foram todos do mesmo fenótipo – a prova de que a
linhagem fortalece a herança, tanto no sentido positivo, mas também no sentido negativo. Exceto alguns
brancos que eu acho que a raça vai ter sempre que viver, estou muito grata por ter ao fim cachorros
saudáveis, de tremendo temperamento e grande qualidade.
O que procura quando seleciona um cachorro e com que idade o faz?
Quando os cachorros são fortes e ativos poucos dias depois de nascerem, você já pode julgar o tipo de cabeça
e escolher um focinho profundo bem definido em linha com um crânio limpo. Uma semana depois os olhos
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devem mostrar pálpebras pigmentadas. Assim que se levantam e começam a mover por volta das 4-5
semanas podemos ver a forma do corpo e equilíbrio na construção. Assim que se tornarem compactos, curtos
e profundas pequenas criaturas com movimentos controlados e perfil de cabeça bem desenvolvido, eles
terão uma boa hipótese de desenvolver de forma constante em bons boxers.
Às 12-13 semanas eu apostaria num cachorro como este, ele mostra todas as características raciais
importantes em grande harmonia.
Se pudesse fazer o cruzamento ideal sem ter em conta o tempo e distancia qual faria?
Pelo que vi na ATIBOX 2013 e pelos meus julgamentos em Moscovo 10 anos atrás, fiquei muito
surpreendida pela qualidade conseguida pelos criadores Russos. A enorme ascensão na sua criação a meu
ver, destacou-se em 2013 na Hungria.
Para um cruzamento ideal a minha escolha seria sem dúvida uma das melhores fêmeas que eu já vi,
Almadinaks Yarky Stil – fascinante em estilo, harmonia e expressão.
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O macho que eu escolheria por ser do mesmo tipo global brilhante, seria o fulvo Kenlend Box tcertero,
mas, infelizmente este grande Boxer é o seu pai.
Se tivesse tempo a minha escolha seria o jovem tigrado da imagem anterior que atraiu os meus olhos,
quando o vi no Facebook: Sat’Elit Kasanova. Ele vem to canil de topo Sat’Elit do qual eu lembro-me bem
de dois machos que se destacaram, o jovem fulvo, Júnior Winner ATIBOX 2013 Sat`Elit Van Helsing e o
tigrado Sat´Elit Gladiator, que entretanto tem sido galardoado com vários títulos de júnior campeão no
leste Europeu. Se Kassanova não desenvolvesse as qualidades, eu tentaria definitivamente Sat´Elit
Gladiator, um macho que representa o tipo de Boxer ao qual eu tenho estado ligada toda a minha vida.
O que pensa da inseminação artificial e dos bancos de sémen congelado? São ou não uma ‘’ferramenta’’
valiosa?
Desculpem-me, eu não tenho nenhuma experiência com esta "ferramenta". Se as qualificações e os
requisitos forem basicamente cumpridos, eu não hesitaria em tomar essa iniciativa, sobre a suposição de
que eu vi o macho em questão ao vivo, ou que eu já tenha julgado filhos dele. Ouvi falar de projetos bemsucedidos Na Escandinávia.
O que pensa das provas de trabalho para obtenção dos títulos de beleza?
O carácter e temperamento do boxer está claramente definido no estalão, características tão importantes
são sempre incluídos ao julgar a aparência geral.
Em muitos clubes, por exemplo, na Alemanha, provas de trabalho são promovidos imensamente a fim de
amparar os membros nos seus desportos. Eu acredito no chamado ZTP e IPO que são testes rentáveis
para o exame de carácter, etc, mas não são necessários para alcançar títulos de exposição e, portanto,
não são provas de trabalho - um ramo completamente diferente no mundo cão!
Pode dar-nos a sua opinião do estado geral do mundo boxer? (criação, legislação, burocracia, etc.)
Quando, em 1982, eu entrei para o comité do Boxer Clube de Munique como diretora da raça fiquei
chocada com a grande diferença entre a minha experiência da Inglaterra em lidar com os princípios de
reprodução e mais dos criadores do nosso clube alemão. Eu enfrentei uma falta de compreensão por
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princípios básicos como, por exemplo, que nenhum cão é perfeito e ninguém é homogéneo. Além disso,
a constante mudança de criadores foi uma grande pedra no caminho. A maioria deles criou uma ou duas
ninhadas e desenvolveu pouca ambição pois nunca aprendem. Estes criadores amadores acreditam que
estão do lado seguro quando seguem todas as regras e regulamentos do clube, que são na sua maioria
baseadas em estatísticas. Foi com humor sombrio que muitas vezes enfrentei situações complicadas entre
a minha responsabilidade como criadora e da rede de restrições do clube. Depois de anos de dura luta
consegui minimizar alguns problemas e preparar alguns criadores para utilizarem brilhantemente
reprodutores estrangeiros que tinham vindo de valores alemães comprovados nos setentas e oitentas.
Enquanto isso, eu retirei-me até mesmo de apresentar os meus cães. Existem diferentes razões para isso.
Um fator decisivo foi que eu não encontrei qualquer colega empenhado no estalão conforme o boxer de
à 30 anos atrás. Sem dúvida, houve progressos na realização de várias investigações de saúde para os
nossos cães. Mas os verdadeiros objetivos do estalão do Boxer clássico ficaram para trás.
Novas gerações de pessoas do Boxer surgiram e alterou a companhia. Lamento dizer que muitos novos
criadores e expositores não estão bem cientes dos requerimentos do estalão da raça. Eles expressam os
seus sucessos ou deceções através de um comportamento antidesportivo e torcem por cães apenas
porque o dono ou o handler é alguém ‘famoso’. Não se preocupam sobre o tipo ou funcionalidade e
apenas seguem o poder político no ringue de exposição, é uma má evolução e não está a fazer nenhum
bem à raça.
Do meu ponto de vista os clubes deviam ser aconselhados a não apontar para a viabilidade de ainda mais
critérios de seleção. É uma ilusão e quase impossível de alcançar uma vida sem quaisquer doenças. Mais
ainda, eles devem dar atenção a um conjunto genético mais amplo – também um maior leque de juízes
daria uma impressão melhor. É nestas duas condições que eu vejo as principais razões para melhorar o
boxer "normal" saudável, física e mentalmente.
Quantos boxers tem atualmente? E quantos campeões tem no seu curriculum?
Perdi o meu último Boxer Zofe vom Schuetting um ano atrás e sentia-me muito só desde então – uma
situação que não poderia suportar por mais tempo. Com 80 anos decidi que seria melhor encontrar para
mim um companheiro mais pequeno para me ajudar. Agora vivo com uma inteligente pequena criatura:
Ming-Ming uma linda fêmea Pug negra.
Que conselhos daria aos que agora começam?
Para criadores de boxer da minha geração o conselho foi, primeiro, olhar em volta, comparar as nossas
fêmeas com os requerimentos do estalão e estudar os pedigrees. Se são boas em tipo e cérebro, pequenos
desvios em testes de saúde devem ser tolerados. O meu mentor, Herr Leo Helbig ensinou-me, tenta
aprender vendo juízes e ouvindo pessoas com experiência. Evitar os que pensam que sabem tudo –
aprendendo por experiência seria o ideal. Infelizmente hoje em dia não existe muito interesse no
desenvolvimento da raça, o objetivo é ganhar, não interessa de que maneira. Nestas circunstâncias sinto
pena pelo futuro da raça.
Bremen, 28.09.2013
Karin Rezewski
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Entrevista BCP a Karin