Sistematização do processo construtivo de fundação em Hélice Contínua
Marcos Stadler Junior (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
E-mail: [email protected]
Guilherme Luiz Bianco (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
E-mail: [email protected]
José Adelino Krüger (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
E-mail: [email protected]
Valfrido Antônio Martins (Universidade Estadual de Ponta Grossa)
E-mail: [email protected]
Resumo: A sistematização do processo construtivo de fundações em Hélice Contínua é o objeto do estudo
apresentado. Os profissionais que trabalham na área de Geotecnia e engenharia de solos estudam um material
natural, onde pouco podem atuar. A partir disso, este estudo pretende responder ao seguinte questionamento: é
possível haver a sistematização dos processos construtivos de fundação em hélice contínua e a partir disso obter
dados que possam ser aplicados concomitantemente à execução da mesma? Para a resolução da problemática,
foram realizadas pesquisas na literatura técnica a respeito do assunto, entrevistas em obras, com profissionais do
ramo de engenharia e Geotecnia, realizando visitas a canteiros de obra na fase de fundação, aplicando um
questionário com perguntas que pudessem refletir o que a obra aplica ou não nas áreas de projeto, execução e
conferência dos serviços. Tais dados foram tabulados a partir de análise estatística, para obter a proporção do
problema. A apresentação dos dados obtidos na pesquisa será organizada na estrutura de quadros e mapas
conceituais que mostram, na visão dos autores, como deverão ser realizadas as etapas de execução das fundações
estudadas. Também foi confeccionada uma ficha para verificação de serviços, com dados julgados importantes a
serem coletados durante a execução para a análise que pretenderá, ao término do trabalho, servir como parâmetro
para a realização de procedimentos de fundação. Os resultados apontam que, apesar de na Engenharia de
Fundações trabalhar-se com um material de diversas particularidades e que se comporta de maneiras diferentes
nas mais diversas situações, ficando difícil a previsão exata do comportamento da obra durante a fase de
execução, a sistematização do processo construtivo mostrou-se eficiente na prevenção de patologias,
desperdícios de materiais e aumento da produtividade. Percebeu-se que as ferramentas de sistematização:
checklists, quadros de procedimentos e mapas conceituais, foram fundamentais para que a sistematização do
processo ocorresse.
Palavras-chave: construção civil, sistematização, fundação.
1. Introdução
Hoje o mundo das informações está cada vez mais próximo. Comparar dados e obter
conhecimento tornam-se tarefas simples a serem realizadas com o auxílio dos meios de
comunicação. Com tais modificações no cenário global, que ocorrem cada vez com maior
rapidez, os clientes acabam se tornando mais exigentes, e faz com que busquem por mais
qualidade nas compras, com prazos e custos que atendam as suas necessidades e que os façam
sentirem seguros com suas aquisições. Hoje, tais adaptações, tornam-se desafios aos
prestadores de serviços.
Neste sentido, dentro do ramo da construção civil, que é efetivamente uma indústria
tradicional e atrasada, o engenheiro deve atuar como um elo conciliador entre a correta
técnica a ser aplicada em um empreendimento e as necessidades dos clientes, objetivando
gerir as dificuldades existentes entre estas questões dentro de um orçamento economicamente
viável.
Entretanto, muitas vezes devido ao alto volume de serviço os responsáveis técnicos veem-se
tomando decisões em períodos curtos de tempo, estas, porém, que atendam a critérios de
segurança, obedeçam as corretas técnicas executivas e que ainda, sejam a solução com
menores custos ao cliente. Outro agravante é que, a medida que tentam suprir tais
necessidades, alguns pontos dentro do processo podem tornar-se falhos. Pessoal sem a
capacidade técnica adequada assumem frentes de serviço, resultando, muitas vezes, em
incoerência no processo e falta de confiabilidade no sistema.
Dentro da engenharia de fundações, da mesma forma, esse assunto entra em voga. Mesmo
com determinadas dificuldades técnicas e práticas relacionadas ao processo, citado por
Niyama et al. (1998) como: a complexidade e a heterogeneidade dos solos e de suas
características, a impossibilidade de visualização das fundações após sua execução e as
incertezas e as dificuldades inerentes a ensaios de campo, o engenheiro deve estar preparado
para atuar em situações que garantam a segurança, funcionalidade e durabilidade de sua obra.
No presente trabalho, o processo de sistematização proposto consiste na adoção de três
procedimentos: planilha de checklist de serviços, quadros de procedimentos executivos e
mapas conceituais. A adoção de tais sistemas foi estudada mediante visitas a canteiros de
obras na fase de fundação (no total de 17 obras visitadas, totalizando 125.711,68 m²),
questionários e entrevistas com profissionais na área de Engenharia e Geotecnia, pesquisa na
literatura técnica a respeito do assunto e dados que, na visão dos autores, podem refletir como
os serviços estão sendo realizados no canteiro de obras. Com tais informações pretende-se
responder a problemática: é possível haver a sistematização dos processos construtivos de
fundação em Hélice Contínua e a partir disso obter dados que possam ser aplicados
concomitantemente à execução da mesma?
Para tanto, como auxílio no processo da tomada de decisões gerenciais, que compõe uma, das
diversas atribuições as quais o profissional de engenharia atua, a sistematização do processo
construtivo torna-se como uma ferramenta de gestão, principalmente quando se refere ao
procedimento de fundação. Coordenar esta etapa através de dados obtidos em campo, e ter
subsídios para geri-los, não apenas através da experiência do profissional, é garantir de
maneira eficaz que soluções técnicas podem ser tomadas em tempo real, atendendo critérios
de segurança, custos, qualidade e necessidade dos clientes.
2. A sistematização do processo construtivo
2.1 Conceito de sistematização
Fumagalli, Santos e Basualdo (2000), propõem a sistematização como uma reflexão ordenada
a partir de uma prática realizada. Tal reflexão deve ser submetida a uma crítica e ser
problematizada, onde se devem identificar os conflitos e contradições, analisando tudo o que
é feito e o que deveria ser feito, buscando os porquês e as relações entre as situações.
Para Novaes (1998), a sistematização atua na organização dos processos, e no setor da
construção civil visa atender às prescrições contidas em normas técnicas e demais
documentos legais que orientam a padronização dos conceitos técnicos de forma a não
ocorrerem problemas futuros.
Como exemplo para uso da sistematização em canteiro, temos o controle de diário de obras.
Esta é uma ferramenta de suma importância utilizada em obras. Das obras visitadas durante a
pesquisa, 71,4% delas utilizam-no, mostrando o quanto tal instrumento tem valor para o
gerenciamento global de uma obra. Por meio dessa ferramenta, quando bem realizada,
podem-se analisar fatos ocorridos na obra durante a jornada de trabalho, possíveis acidentes
de trabalho, condições climáticas no canteiro, número de funcionários e demais anotações
julgadas necessárias. No entanto sabe-se que o diário de obra apresenta apenas uma visão
global dos acontecimentos, assim sendo cria-se a necessidade de um diário de como foram
executados os serviços.
A questão ainda a ser desenvolvida nesse instrumento é a crítica e a problematização dos
dados ali apontados, como abortado por Fumagalli, Santos e Basualdo (2000). Apesar de
importante, o controle pelo diário de obras servirá apenas como registro de fatos ocorridos
dentro do canteiro. Pelo proposto, a sistematização vai além de notas e observações
cotidianas. O processo é mais complexo, onde as ações de acompanhamento serão feitas de
forma organizada e padronizada, levando em consideração as técnicas de execução,
equipamentos e ferramentas utilizadas, assim como o dimensionamento da mão de obra
adequada ao serviço.
Sobre o tema, Alonso (2011) salienta que a finalidade do acompanhamento (podendo este ser
sistematizado) é detectar, o mais breve possível, os fatos que permitam concluir se o que está
sendo executado atende ou não às premissas de projeto. O autor cria um enfoque na
observação dos dados de campos, e prevê para as não conformidades, mecanismos para a
readaptação do sistema como um todo.
2.2 A sistematização no estudo de fundações
A sistematização para o estudo de solos, de maneira plena no processo de caracterização,
análise e uso em obras civis, torna-se muitas vezes utópica. A maior dificuldade encontrada,
seja pelo engenheiro de solos, seja pelo engenheiro estrutural, não se encontra nos métodos de
dimensionamento ou aos problemas de engenharia propriamente ditos. Velloso e Lopes
(2010) relatam que a grande dificuldade está na incerteza relacionada ao estudo do solo. Para
os autores, generalizações quanto aos métodos e ao solo devem ser evitadas e cada obra deve
ser estudada com as suas peculiaridades.
Os profissionais que trabalham na área de Geotecnia trabalham com um material natural,
sobre o qual pouco podem atuar. Aceitá-lo tal como ele se apresenta, com suas propriedades e
comportamentos específicos, tornam-se como desafios a serem trabalhados por ambos os
profissionais.
3. Proposição de sistematização
3.1 Planilha de checklist de serviços
Uma das grandes dificuldades em obras de fundação é o não arquivamento de dados da obra
das etapas construtivas realizadas. Percebeu-se que 71,4% das obras utilizam algum
procedimento para verificação de serviços in loco para conferência de serviços. Um dado
ótimo para garantir a qualidade dos serviços. Porém, apenas 40% dessas obras realiza o
arquivamento dessas verificações.
O arquivamento de dados reais das obras torna-se, por vezes, a única maneira de saber como,
efetivamente, o serviço foi realizado. Eventos patológicos pós-execução de obras poderão
ocorrer e, no caso das fundações, a maneira de poder mensura-los é por meio do que foi
vistoriado em campo. Para isso, propõe-se aqui, uma planilha padronizada para anotações de
dados julgados importantes para posterior análise da obra, como expresso na figura 1 a seguir.
Figura 1 – Check-list dos serviços para Hélice Contínua
Fonte: Os autores (2013)
3.2 Quadro dos procedimentos executivos
A abordagem sistêmica dos procedimentos executivos é fundamental para a correta execução
de cada etapa em uma obra de fundação. Machado (2003), sobre o tema, propõe que sejam
tomadas medidas pró-ativas desde a implantação do empreendimento. O autor relata também,
da importância em orientar os intervenientes do processo construtivo, sendo estes as
empresas, construtoras, projetistas e empreendedores, no sentido da melhoria que tais ações
poderão interferir na qualidade do produto final.
Percebeu-se que, das obras visitadas durante a pesquisa, 52,9% adotavam algum tipo de
treinamento aos seus funcionários. Esse número, porém, não revela a problemática da
questão. Em apenas 28,6% das obras, o entrevistador demonstrou como eram feitos tais
treinamentos. Nas demais obras, os funcionários eram orientados por líderes de equipe,
mestres de obra, encarregados ou pelo próprio proprietário do empreendimento. Esse número
demonstra que o conhecimento dentro do canteiro, na etapa de fundação, de certa forma
torna-se mais empírico e prático que, de fato, um conhecimento tecnológico, com a visão
sistêmica de estudos para a melhora do processo.
Com a finalidade de padronizar o processo produtivo da fundação em estudo, os quadros
apresentados a seguir pretendem demonstrar, de maneira resumida as boas práticas executivas
para cada etapa construtiva, associando a cada etapa o método executivo adequado, os
possíveis efeitos da não execução dos mesmos e uma imagem que facilite a sua visualização.
Tais quadros, dentro do contexto inserido ao trabalho, servirão para a orientação aos
intervenientes do processo construtivo, auxiliando o gestor das operações executivas na
tomada de decisão. Estas decisões, através da orientação padronizada, garantirão que a correta
técnica executiva foi tomada para execução de cada procedimento, conforme quadro 1 a
seguir.
3.3 Mapa conceitual
O mapa conceitual é uma teoria cognitiva de aprendizagem, desenvolvida, segundo Moreira
(2010) por David Ausubel a partir da inserção de conceitos.
O autor define que o conceito básico sobre a teoria de Ausubel é de que o mapa conceitual
aplica-se como uma aprendizagem significativa, onde uma nova informação (conceito, ideia,
proposição) adquire significados para o aprendiz através de uma ancoragem de aspectos
relevantes a estrutura cognitiva preexistente do indivíduo. A grande ideia de tal instrumento é
a ligação entre conceitos, ao invés da confecção de longos parágrafos que explicitem a ideia
pretendida, que pode ser vista na figura 2 a seguir.
Moreira e Buchweitz apud Moreira (2010) define que o mapeamento conceitual é uma técnica
muito flexível e em razão disso pode ser usada em diversas situações, para diferentes
finalidades. Devido esta flexibilidade do mapa, percebe-se que quando empregado a pessoas
com menores índices escolares, que é uma infeliz realidade dos funcionários de obra civil no
Brasil, surge uma interação considerável do funcionário ao conteúdo exposto, e a assimilação
do assunto acaba sendo mais rápida.
Sendo assim, entende-se como relevante o emprego de mapas conceituais no presente
trabalho, onde alguns processos de execução de fundações encontram-se nesse formato,
acreditando que ampara os funcionários, sendo este um passo da sistematização do processo
construtivo.
Assim como Yoshida et al. (2010) o presente trabalho tem por um dos objetivos realizar
estudos de caso, onde a partir dos conceitos representados no mapa, se busca identificar
barreiras e oportunidades para melhorar a eficácia do processo de padronização das fundações
adotado pelas empresas da construção civil. Com esta padronização aumenta a transparência
do processo facilitando a visualização de incompatibilidades e criando um perfil da empresa.
QUADRO 1 - Procedimento fundação em hélice contínua
Procedimento:
Fundação em hélice contínua
Etapa Construtiva:
Método de execução adequado:
1) Embocamento
2) Movimentação
do equipamento
3) Posicionamento
do equipamento
(continua)
Possíveis efeitos da não execução do
método:
Ilustração
• A partir do centro do ponto de carga
marcado, abrir uma cava de 20 cm de
altura e raio de igual tamanho ao
diâmetro do fuste para a entrada do
trado mecanizado.
• Prevenirá o deslocamento do trado ao estar
em contato com o terreno, que poderá gerar
excentricidades do ponto de fundação.
• Deixar a área de movimentação da
hélice limpa e livre de obstáculos;
• Planejar a ordem de execução das
estacas, buscando o menor transtorno
possível e atribuindo eficiência ao
procedimento.
• Existir conflitos no canteiro acontecendo o
retrabalho em serviços já executados e
pondo em risco a segurança dos operários;
• Pode-se perder a locação dos pontos de
fundação na obra, tendo que realocá-los no
mesmo período em que se executam outros
serviços dentro do canteiro, produzindo
dificuldades de espaço e tempo para a
realização do serviço. Aconselha-se sempre
escalar um funcionário para conferir a
locação da próxima estaca a ser executa.
FIGURA 9 – Movimentação do equipamento com
preocupação com a logísitica
Fonte: os autores (2013)
• Aprumar a Hélice Contínua através do
painel de controle;
• Compatibilizar a inclinação do terreno
com a do equipamento.
• Estacas fora de prumo transmitem as cargas
de modos diferentes ocasionando esforços
não previstos e podendo vir a colapso da
estrutura;
• Em terrenos íngremes a Hélice Contínua
inviabiliza a execução por limitações do
próprio equipamento, soluciona-se o
problema com a criação de patamares ao
entorno do ponto de fundação onde
posiciona a máquina proporcionando
confiabilidade no processo da execução.
FIGURA 10 – Aparelho indicando o prumo da Hélice
Contínua
Fonte: os autores (2013)
FIGURA 8 – Pontos a serem escavados com
embocamento pronto
Fonte: os autores (2013)
QUADRO 1 - Procedimento fundação em hélice contínua
Procedimento:
Fundação em hélice contínua
Etapa Construtiva:
Método de execução adequado:
4) Escavação
5) Conferência 1
6) Concretagem
• Escavar em prumo o terreno para
alcançar o torque especificado no
projeto;
• Verificar
se
a
haste
possui
comprimento suficiente para atingir as
profundidades de projeto.
(continua)
Possíveis efeitos da não execução do
método:
• Não obtido o torque especificado, pode
significar que a capacidade de carga da
estaca não atingiu a de projeto. Nesse caso
deve-se contatar o projetista da fundação
e informá-lo sobre o problema. Este deverá
proceder ao cálculo para a solução mais
viável;
• No caso de hastes curtas resultará em
estacas com resistência inferior a
projetada.
• Conferir o torque especificado;
• Observar a profundidade escavada;
• Cronometrar o tempo gasto para a
execução da escavação;
• Anotar tais itens no checklist dos
serviços;
• Conferir se o concreto disponível é o
suficiente para o preenchimento da
estaca.
• Não deve ser permitido iniciar a
concretagem sem que exista o volume de
concreto suficiente no canteiro (volume
teórico + over-break), pois caso interrompa
o processo pode criar uma junta seca na
estaca, onde quando solicitada, poderá
gerar colapso.
• Concretar a estaca de modo
pressurizado, onde normalmente é
alimentado
por
uma
bomba
estacionária;
• Realizar o controle tecnológico do
concreto;
• Estima-se que em geral o concreto
deve possuir Slump 22 +/- 2cm , e
consumo de cimento acima dos 350 kg
por metro cúbico;
• Possuir velocidade constante durante
a subida do trado.
• A concretagem não pressurizada acarreta
numa descontinuidade no corpo da estaca,
variando seu diâmetro e produzindo
esforços não previstos, nos casos da
ocorrência desse efeito deve-se contatar o
projetista para a solução técnica mais
viável;
• Nos casos onde o Fck e o Slump não estão
de acordo com o projetado, a fundação
como um todo pode sofrer várias
patologias, a citar: recalques e em casos
limites o colapso.
Ilustração
FIGURA 11 – Escavação da máquina perfuratriz
Fonte: os autores (2013)
FIGURA 12 – Anotação para conferência 1
Fonte: os autores (2013)
FIGURA 13 – Término da concretagem da estaca
Fonte: os autores (2013)
QUADRO 1 - Procedimento fundação em hélice contínua
Procedimento:
Fundação em hélice contínua
Etapa Construtiva:
Método de execução adequado:
7) Conferência 2
8) Remoção de solo
• Anotar o volume real de concreto
utilizado em cada estaca;
• Rastrear o emprego do concreto nos
diversos pontos de fundação;
• Conferir o over-break;
• Cronometrar o tempo gasto para a
execução da concretagem;
• Anotar o checklist dos serviços.
• Remover o solo escavado através de
uma retroescavadeira ou similar.
(conclusão)
Possíveis efeitos da não execução do
método:
• Quando não se anota os volumes reais de
concreto, é inviável estimar e planejar os
volumes das próximas estacas e
consequentemente
dos
caminhões
objetivando o uso racional e evitando
grandes desperdícios de concreto;
• Nos casos onde a resistência do concreto
for menor que a especificada, é através da
rastreabilidade que será identificada a
estaca que possivelmente apresentará
patologias.
Ilustração
FIGURA 14 – Rastreabilidade anotada em projeto
Fonte: os autores (2013)
• O acumulo de solo exposto no canteiro de
obras, se em excesso, dificulta a logística
do trabalho.
FIGURA 15 – Volume de solo pós-escavação
Fonte: os autores (2013)
9) Inserção da
armadura e
verificação final
• Inserir as barras de aço, obedecendo
aos cobrimentos mínimos e a altura de
posicionamento do projeto;
• Verificar o tempo total do processo de
cada elemento de fundação;
• Conferir os arrasamentos.
• Torna-se bastante complicado inserir as
armaduras, muitas delas sofrem desvios,
alterando
o
cobrimento
mínimo
estipulado. Devem-se colocar espaçadores
para a inserção do aço armado para não
ocorrer a oxidação do aço;
• Arrasamentos errados dificultam o andar
da obra, ocasionando o retrabalho e
onerando a etapa construtiva.
Fonte: Os autores (2013)
FIGURA 16 – Aço armado para inserção na estaca
Fonte: os autores (2013)
Figura 2 – Mapa conceitual Hélice Contínua
Fonte: os autores (2013)
4. Resultados e discussões
Após a aplicação das planilhas propostas em algumas obras visitada na pesquisa, obtiveramse alguns resultados e proposições de melhorias. Serão apresentados a seguir dados referentes
a uma obra residencial, em 4 (quatro) blocos de 4 (quatro) pavimentos cada. O diâmetro das
estacas era de 300 mm, o torque exigido em projeto era de 200 BAR, fck do concreto em
projeto era de 200 Kgf/cm² e o over-break nas estacas de 20%. Os dados planilhados foram
analisados, correlacionados aos preços reais pagos durante a execução da obra, onde
posteriormente chegou-se aos relatórios demonstrados.
Tabela 1 – Previsões de projeto hélice contínua bloco 1
CONCLUSÕES TÉCNICAS
Previsto
Custo/ área construída
Custo/ projetada
Custo/ carga da estrutura
Custo / estaca
Custo/ prazo de execução
Custo/concreto
Custo/ aço
Over-break médio
Produtividade ф 300mm
Fonte: Os autores (2013)
ud
reais/m²
reais/m²
reais/tf
reais/unid
reais/dia
reais/m³
reais/kg
%
m/dia
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
35,25
141,02
28,32
832,69
12.157,28
646,13
35,76
20,0%
252,0
Tabela 2 – Previsões de projeto hélice contínua bloco 1
CONCLUSÕES TÉCNICAS
Previsto
Custo/ área construída
Custo/ projetada
Custo/ carga da estrutura
Custo / estaca
Custo/ prazo de execução
Custo/concreto
Custo/ aço
Over-break médio
Produtividade ф 300mm
Fonte: Os autores (2013)
ud
reais/m²
reais/m²
reais/tf
reais/unid
reais/dia
reais/m³
reais/kg
%
m/dia
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
35,78
143,12
28,74
845,13
9.669,96
638,92
36,29
21,1%
190,0
Percebeu-se que as porcentagens dos custos previstos e reais foram parecidas, sendo assim o
gerenciamento em relação a curva ABC para a obra está coerente mostrando que os métodos
utilizados pela empresa estão correlacionados e bem distribuídos. Como durante a pesquisa
visitaram-se outras obras com a aplicação do mesmos procedimentos, porém sem o
acompanhamento efetivo dos pesquisadores, a partir da análise desses dados entende-se que é
por meio do arquivamento dos checklist’s e estudo detalhado do processo construtivo que tal
melhora ocorreu. Após todas as execuções dos procedimentos, prova-se aqui, um ramo da
sistematização do processo de fundações.
Observou-se, também, que a curva ABC manteve-se proporcional, indicando o bom
planejamento e gerenciamento do processo sendo que os custos unitários previstos foram
semelhantes aos custos unitários reais, demonstrando um melhor controle do sistema.
Através do tratamento de dados das planilhas de checklist observou-se que sempre ocorre um
desperdício de concreto ao final do dia. O padrão desse desperdício usado como índice na
empresa responsável pela obra pesquisada é de 4,0% do volume total de concreto da
fundação. Na obra em estudo, mediante a logística realizada no agendamento e controle com
o checklist, conseguiu-se que índice fosse reduzido a 3,0%.
O custo final da fundação em hélice contínua chegou a 3,10% do custo da obra total. Vale
ressaltar que nessa porcentagem corresponde somente ao elemento de fundação em si,
excluindo-se os custos da estrutura complementar a infraestrutura (blocos, vigas baldrames e
outros).
A figura 3 a seguir mostra o comparativo entre o custo real e o custo previsto para a obra de
fundação em estudo.
R$30.000,00
R$25.000,00
R$20.000,00
R$15.000,00
R$10.000,00
R$5.000,00
Custo prevsito
R$-
Custo Real
Figura 3:Relação das atividade custo previsto e realizado hélice contínua
Fonte: os autores (2013)
5. Conclusão
A exigência pela qualidade e a busca por edificações construídas através de métodos
racionalizados tornam-se premissas a serem assumidas para que haja construções executadas
dentro do cronograma e atendam ao orçamento planejado. Numa obra de fundação, porém,
trabalha-se com um material com diversas particularidades e que se comporta de maneiras
diferentes nas mais diversas situações, ficando difícil a previsão exata do comportamento da
obra durante a fase de execução.
Percebeu-se através das visitas em obras e acompanhamento de projetos que por esse motivo,
o pensamento tradicional e atrasado da indústria da construção civil faz com que sejam
tomadas medidas, e estas desde a fase de projeto, que tendam a aumentar a segurança devido
as incertezas geradas em campo, tornando as obras mais onerosas e que geram dúvidas por
parte dos clientes sobre a técnica utilizada para execução do serviço.
Viu-se por meio disso que a sistematização proposta por meio de checklist de serviços,
quadros de procedimentos executivos e mapas conceituais visaram aumentar a confiabilidade
e racionalização do processo. Por meio desses procedimentos, representado no presente
trabalho da fundação em hélice contínua, pode-se igualar o custo previsto com o custo real,
diferindo deste para aquele apenas 1% na média dos valores. Pode-se reduzir o desperdício de
concreto e aumentar a produtividade da obra.
A sistematização proposta, também pode gerar dados que puderam ser utilizados
concomitantemente durante a execução da obra.
Com o acompanhamento, pode-se propor melhorias no processo construtivo que, na visão dos
autores, puderam reduzir a incidência de patologias. Estas, porém sem a devida
experimentação científica.
Conclui-se que a sistematização do processo construtivo de fundações pode ser feita e que o
acompanhamento preciso de todas as etapas construtivas a serem executas numa obra de
fundação é o que fará que o processo gerencial seja adotado nessa fase de obras para a
redução de prazos, custos e incidências de patologias.
Referências
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ed. São Paulo: Blucher, 2011.
FUMAGALLI, D.; SANTOS, J. M. P.; BASUALDO, M. E. O que é sistematização? Uma pergunta. Diversas
respostas.1ª ed. São Paulo: CUT, 2000.
MACHADO, M. S. Estudo das patologias em edificações na região da Grande Vitória segundo uma
abordagem sistêmica. 2003. 304 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Centro Tecnológico,
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2003.
MOREIRA, M. A. Mapas conceituais e aprendizagem significativa. São Paulo: Centauro editora, 2010.
NIYAMA, S., AOKI, N., CHAMECKI, P.R. Fundações: teoria e prática. p.723 – 751. 2ª ed. São Paulo: Pini,
1998.
NOVAES, C. C. A modernização do setor da construção de edifícios e a melhoria da qualidade do projeto.
Disponível
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<http://www.fag.edu.br/professores/rmfrantiozi2/Compatibiliza%E7%E3o%20de%20Projetos/Modernizacao_C
onstrucao_Civil.pdf>. Acesso em: 22 de Abril de 2013.
VELLOSO, D. A., LOPES, F. R. Fundações: Critérios de projeto, investigação do subsolo, fundações
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YOSHIDA, F. N. Análise de um modelo de padronização de processos para construção civil. Londrina, 2010.
136f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Edificações e Saneamentos). Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, 2010.
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