Centro Universitário – UniFMU
CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Efeitos do Treinamento de Futebol Analisando a Composição Corporal
e a Capacidade de Velocidade em Adolescentes.
Rony Risério Marcondes Machado
Nº 37 – 1414 C
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Prof. Andréa Ramirez
1
São Paulo, 03 de Dezembro de 2003.
AGRADECIMENTOS
Agradeço às pessoas que me ajudaram neste trabalho, em
especial a minha namorada, sem as quais não conseguiria realizá-lo.
Ao Esporte Clube Pinheiros, aos professores responsáveis que
gentilmente possibilitaram as visitas e a realização dos testes, e aos atletas que se
submeteram aos mesmos.
À minha orientadora, Prof. Andréa Ramirez, pelas orientações e
explicações atenciosas, por novas experiências e, acima de tudo, pela amizade
adquirida durante a elaboração deste trabalho.
2
RESUMO
O futebol é um desporto caracterizado pela alternância de ações motoras intensas e
de curta duração, evidenciando a importância da preparação física para o desempenho do
jogo. O objetivo desse estudo foi mostrar métodos de treinamento analisando seus efeitos
na composição corporal e na capacidade velocidade, em praticantes de futebol com idade
entre 14 a 17 anos, abordando também a formação motora, aspectos genéticos e alguns
fatores que possam interferir no condicionamento físico do atleta de futebol. Esses atletas
integram as equipes das categorias infantil e infanto do Esporte Clube Pinheiros e treinam
no mesmo, em condições favoráveis ao esporte (local conservado, campo / materiais
adequados às faixas etárias, bolas, traves). Foram analisados a composição corporal, através
das medidas de peso, altura e dobras cutâneas, bem como e a capacidade de velocidade
através do teste de 50 metros. As amostras foram realizadas em fevereiro de 2003 e
reavaliadas em junho de 2003. Na primeira avaliação, nota-se grande diferença da
composição corporal de cada atleta analisado, o que na reavaliação pode-se observar com
exceção dos atletas 7 e 8, que os percentuais de gorduras diminuiram, porém apenas o atleta
2 mais se aproximou da média do grupo, segundo as novas porcentagens (x = 16,41). Os
atletas 3 e 10 (4,7 e 7,6% respectivamente) continuam com os índices abaixo do
considerado ótimo pela literatura (de 10,1 – 20%). Na primeira avaliação do teste de
velocidade os atletas mantiveram boa média, apenas os atletas 1 e 4 obtiveram marcas
abaixo de 7 segundos (6,7 e 6,2 seg. respectivamente). Quando reavaliados 4 atletas (1, 4, 6
e 7) obtiveram marcas abaixo de 7 segundos, os demais continuaram próximos á média do
grupo. Estatisticamente nas análises de velocidade e massa magra não houve marcas
significativas de melhora, no entanto no percentual de gordura podemos afirmar com 95%
de confiança que os atletas melhoraram seus índices. Com a elaboração desse estudo, vimos
que inúmeros fatores envolvem a formação de um atleta. Isso possibilitou o conhecimento
dos cuidados necessários no treinamento de jovens atletas de futebol, bem como a
importância de se conhecer e pesquisar sobre os melhores métodos de preparação física e
seus efeitos.
3
SUMÁRIO
I.
Introdução
1. Histórico do Futebol
01
2. Desenvolvimento Motor
2. 1. Conceitos
03
2. 2. Principais Modelos e Teorias de Desenvolvimento Motor
04
2. 3. Princípios e Fases do Desenvolvimento Motor
2. 4. Desenvolvimento Motor no Esporte
10
3. Treinamento Físico em Crianças e Adolescentes
11
4. Características Genéticas
16
5. Nutrição
17
6. Condicionamento Físico
18
7. Resistência Anaeróbia
22
7. 1. Treinamento Anaeróbio
25
7. 2. Métodos do Treinamento Anaeróbio para o Futebol
29
7. 3. Efeitos do Treinamento Anaeróbio
30
II.
Objetivo
32
III.
Metodologia
3. 1. Amostra
33
3. 2. Procedimentos
33
3. 3. Análise de Dados
35
Pg
Pg
Pg
Pg 09
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
Pg
4
IV.
Resultados e Discussão
4. 1. Variáveis Antropométricas
36
4. 2. Teste de 50m (Velocidade)
38
4. 3. Teste T Student
39
V.
Conclusão
VI.
Referências Bibliográficas
Pg 42
Anexos
Pg
Pg
Pg
Pg 40
Pg
5
I.
INTRODUÇÃO
1. Histórico do Futebol
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o futebol tem sua
origem no mundo asiático há cerca de cinco mil anos a. C., na China e há quatro
mil e quinhentos anos a. C, no Japão.
A sua invenção atribui-se ao reino de Yang Tsé em dois mil e quinhentos
anos a. C, onde o jogo era disputado por oito jogadores em um campo de 14 m² ,
com duas estacas ligadas por um fio de seda em cada extremo do campo, bola
redonda de 2cm de diâmetro, feita de couro e recheada de cabelo de crina.
Em outros países, principalmente na Europa, surgiram jogos com
características
semelhantes
ao
esporte
praticado
na
China,
e
mais
especificamente na Inglaterra em 16 de outubro de 1066 pelos seguidores de
William (o conquistador após a batalha de Hastings). O esporte cresceu
rapidamente neste país, sendo fundado a Federação Inglesa de Futebol (English
Foot Ball Association) em 26 de outubro de 1863.
Em 21 de maio de 1904, foi fundada em Paris a Federation Internationale
de Football Association (FIFA), dirigida pelo brasileiro Jean Marie Faustin
Godefreid Havelange, o Dr. João Havelange. Atualmente o dirigente é o suíço
Joseph Blatter.
A FIFA auxilia e impõem as regras nas federações do mundo inteiro, sendo
ela também a organizadora do maior evento de futebol, a Copa do Mundo, a cada
quatro anos.
Na América do Sul, o primeiro clube a ser instituído foi na Argentina
(Buenos Aires Football Club – “B. A. F. C”), em 1867.
No Brasil, o seu surgimento é conferido a Charles Müller, nascido em 1874
brasileiro, descendente de ingleses, educado na Banister Court School
(Southamptom, Inglaterra), onde conheceu o football, por ele se encantou e
praticou jogando pelo time do condado de Hampshire. De volta ao Brasil, em
6
1894, trouxe consigo as duas primeiras bolas, uma delas logo apelidada de
“peluda” (por ainda conter pelos no couro), uniformes e chuteiras. Organizou o
primeiro jogo, do qual também participou no São Paulo Atletic Club, clube de
ingleses fundado em 1888, onde se praticava principalmente o críquet (cricket).
Em 1897, um imigrante alemão de nome Hans Nobling, reforçou a
implantação do futebol no Brasil. Formou o “Nobling Team” que ao desaparecer
levou a fundação do S. C. Germânia, de alemães, sendo o primeiro passo para a
fundação do S. C. Internacional de Porto Alegre, em 1899.
O primeiro time de futebol foi a Associação Atlética Mackenzie, criado em
1898.
Hoje o número de times no Brasil tanto profissional como amador, é
incalculável. A seleção do país já conquistou cinco Copas do Mundo (1958, 1962,
1970, 1994 e 2002), tornando- se a única pentacampeã.
O futebol no Brasil profissionaliza-se cada dia mais com a criação das
federações, a regulamentação da profissão de atleta profissional de futebol (Lei
6354/ 1976) e principalmente pela grandiosidade que os clubes, hoje tradicionais,
obtiveram envolvendo um grande número de torcedores apaixonados.
Com essa profissionalização, a estrutura dos clubes de futebol melhora a
cada dia em diferentes áreas, sendo uma delas o treinamento específico para o
esporte, ou seja, a preparação física dos atletas.
O
condicionamento
físico
para
a
modalidade
futebol
privilegia
especialmente fatores da capacidade: resistência aeróbia, anaeróbia, força,
velocidade e flexibilidade. A prática da modalidade está diretamente ligada a
resistência anaeróbia dos praticantes, porque este é um esporte caracterizado por
ações motoras intensas e de curta duração. Esses fatores físicos fazem com que
os atletas obtenham destaque tático e técnico, ou seja, com uma maior
resistência, estes apresentam um melhor rendimento.
Os preparadores físicos precisam ampliar seus conhecimentos, tornandoos assim mais abrangentes e multidisciplinares, atuando de uma forma mais
científica do que empírica.
7
Paralelo aos aspectos físicos, táticos e técnicos que a modalidade
proporciona, também vamos considerar o desenvolvimento motor e a influência
genética na adolescência.
2. Desenvolvimento Motor
2. 1. Conceitos
O desenvolvimento motor refere-se às habilidades motoras, essas podem
ser em diversos segmentos sejam eles profissionais ou esportivo. Envolve
atividades simples e fundamentais como caminhar, correr, arremessar, que
aprendemos progressivamente com o crescimento.
Na aprendizagem de uma habilidade um indivíduo passa por três estágios:
cognitivo, associativo e autônomo. Dentre as diversas características de cada
estágio uma importante mudança decorrente da prática ocorre nos processos da
atenção. No estágio cognitivo o indivíduo está tentando compreender os objetivos
da tarefa, o que sobrecarrega os mecanismos da atenção proporcionando uma
performance inconsistente. Após um certo período de prática, ele passará para o
estágio associativo, no qual consegue manter uma performance mais estável,
sendo capaz inclusive de detectar alguns erros. As necessidades de atenção
neste estágio decrescem significativamente. Depois de muita prática, ele será
capaz de atingir o terceiro e último estágio (autônomo), no qual a habilidade está
bem desenvolvida permitindo que o indivíduo realize-a com consistência e quase
sem pensar.
Para POHLMANN (1986) citado por BENDA (2001), a coordenação é a
capacidade de ordenar, organizar e harmonizar todos os movimentos parciais e
operações simultâneas e sucessivas de ação baseando-se numa meta
determinada. A coordenação motora é definida por SCHMIDT (1993) como uma
conseqüência de processos associados com a prática ou experiência levando a
uma mudança permanente na capacidade de executar respostas BENDA (2001).
8
A coordenação está relacionada com a programação, organização e
regulação do movimento, com a finalidade deste apresentar harmonia e precisão.
O desenvolvimento é um termo amplo que se refere a todos os processos
de mudança pelos quais as potencialidades de um indivíduo se desdobram e
aparecem como novas qualidades, habilidades, traços e características do
crescimento, maturação, aprendizagem e realização (PIKUNAS, 1979) citado por
BENDA (1999).
O desenvolvimento motor consiste também num processo seqüencial e
continuado, relativo à idade de onde um indivíduo progride de um movimento
simples sem habilidade, até o ponto de conseguir habilidades motoras complexas
e organizadas, e finalmente, o ajustamento destas habilidades acompanham o
envelhecimento (HAYWOOD, 1993) citado por BENDA (1999).
2. 2. Principais Modelos e Teorias de Desenvolvimento Motor
Será citado alguns estágios de desenvolvimento de acordo com as teorias e
modelos elaborados por grandes estudiosos no assunto sobre o desenvolvimento.
É importante salientar aqui, que cada autor procurou nomear de uma forma suas
divisões e abordagens, mas que todos eles sempre o fazem de maneira parecida.
A grande diferença dos trabalhos está no modo com abordam essas fases,
preocupando-se mais com algum aspecto que outro autor não tenha dado tanta
ênfase.
A) Jean Piaget citado por ANDERÁOS (1999), BEE (1996), FREIRE
(1999), RAPPAPORT (1981)
Após perceber que as crianças seguiam uma seqüência parecida no
desenvolvimento de certas idéias, supôs que (...) “a criança é uma participante
ativa
no
desenvolvimento
do
conhecimento,
construindo
seu
próprio
entendimento” (BEE, 1996).
Sua teoria divide o desenvolvimento em 4 estágios:
9
1a. Infância: 0-2 anos
Período Sensório Motor: A criança não pensa no sentido de planejar suas ações.
Aquisições: Construção da noção do "EU" (vai se individualizando e diferenciando
o próprio corpo do mundo externo), noção de objeto permanente - descobre que
as pessoas e as coisas existem mesmo estando fora do seu campo de visão.
2a. Infância: 2-6 anos
Criança pré – escolar: Se inicia com a aquisição da linguagem e terminam com o
ingresso no 1o. Grau / Os valores morais da criança são os valores dos pais.
Período Pré Operatório: Período marcado pela aquisição da fala oral. A criança
consegue representar mentalmente objetos ausentes e seu vocabulário vai se
tornando rico. O pensamento recebe o nome de egocêntrico (a criança
compreende o mundo tendo si próprio como centro- percebe as coisas em parte).
Características importantes: Animismo (atribui intenções humanas e sentimentos a
objetos e animais), antropomorfismo (atribui forma humana a objetos e animais) e
transdedutividade ( parte de princípios particulares para entender o particular).
Meninice: 6-12 anos (Começa com o ingresso no 1o. Grau e termina com o início
da puberdade).
Período das Operações Concretas: Seu raciocínio só é possível em relação a
objetos que possa pegar e ver (preso a realidade).
Transformações: O pensamento torna-se menos egocêntrico, o pensamento
adquire
reversibilidade,
aquisição
da
noção
de
conservação
(massa/volume/quantidade) e inclusão de classes e ordenação serial.
Puberdade/ Adolescência: 12 anos em diante
Período das Operações Formais: Começa a raciocinar por hipóteses (situações
vividas).
B) SIGMUND FREUD citado por BEE (1996) e ANDERÁOS (1990).
10
A abordagem de Freud volta-se para as abordagens psicosexuais do
desenvolvimento, onde (...) “todas as habilidades cognitivas se desenvolvem
apenas porque as crianças precisam delas para obter gratificação; elas não têm
vida independente”.
Freud dividiu seu estudo em 5 estágios:
Fase Oral (0-2 anos): Busca o prazer e o conhecimento através da boca.
Fase Anal (2 e 3 anos): A criança passa a controlar os esfíncteres.
Fase Fálica (4 e 5 anos): A criança passa a ter a percepção da diferença entre
os sexos. O interesse pelo progenitor do sexo oposto caracteriza o Complexo de
Édipo.
Fase de Latência (6 a 12 anos): Os impulsos sexuais se aquietam em função da
educação e a criança se dedica mais às relações com o grupo social.
Fase Genital (12 anos em diante): Agora, já não mais criança, o adolescente já
entende melhor seu desenvolvimento sexual.
C) Jean Le Bouch citado por ANDERÁOS (1999) e FREIRE (1999).
Le Bouch estudou a estruturação do esquema corporal onde as
experiências vividas pelo indivíduo, seus conhecimentos armazenados sobre o
corpo e a relação com o ambiente caminham juntos para o desenvolvimento.
D) David Gallahue citado por ANDERÁOS (1999), GALLARDO (1997)
e GALLAHUE (1998).
Para Gallahue (1998), o desenvolvimento motor é relacionado com as
idades, mas não dependente delas. Para que o desenvolvimento seja entendido
como um processo, a perspectiva dos Sistemas Dinâmicos exprime uma visão de
constante mudança no organismo. Basta analisar que não há uma regra ou uma
forma única de desenvolver as habilidades, que os processos de desenvolvimento
não são iguais porém são auto organizados.
11
Gallahue criou um modelo de desenvolvimento motor numa ampulheta,
justificando a descontinuidade do desenvolvimento e a necessidade de estar
inserido no esquema de sistemas dinâmicos.
Fase dos Movimentos Reflexivos ( Gestação)
Os movimentos que o feto realiza, são reflexivos, isto é, são involuntários e
controlados sub - corticalmente, sendo base para as fases a seguir. A fase dos
movimentos reflexivos se subdivide em:
•
Estágio de Codificação das Informações (0-4 meses ): Por meio do reflexo, até
aproximadamente 4 meses, o bebê é capaz de colher informações e buscar
alimentos.
•
Estágio de Decodificação das Informações (4m-nascimento): Aos poucos os
movimentos passam a ser voluntários.
Fase dos Movimentos Rudimentares (Nasc-2 anos)
São os primeiros movimentos voluntários, como ganho de controle do músculo do
pescoço e tronco (sustentação da cabeça), tarefas manipulativas e movimentos
locomotores.
Esta fase se subdivide em:
•
Estágio de Inibição dos Reflexos (nasc-1 ano): Os movimentos do bebê são
crescentemente influenciados pelo desenvolvimento do córtex cerebral. E
apesar dos movimentos serem voluntários, não são controlados (sem
refinamento).
•
Estágio do Pré-Controle (1-2 anos): A criança aprende a ganhar e manter o
equilíbrio, manipular objetos e se locomover no ambiente com um grau muito
bom de eficiência.
Fase dos Movimentos Fundamentais (2-7 anos)
Os movimentos passam a ser refinados. Subdivide-se em:
•
Estágio Inicial (2-3 anos): Caracteriza-se pelas primeiras tentativas da criança
em executar habilidades motoras fundamentais.
•
Estágio Elementar (4-5 anos): A execução ainda é incorreta, porém adquire
maior controle sobre os movimentos.
•
Estágio Maduro (6-7 anos): Movimentos coordenados, com algumas falhas de
12
educação.
Fase dos Movimentos Especializados (7 em diante)
•
Estágio Geral ( 7-10 anos): A criança está envolvida na descoberta e na
combinação dos movimentos.
•
Estágio Específico (11-13 anos): Ocorre um aumento da sofisticação cognitiva
e há um grande número de experiências acumuladas. A criança passa a
procurar ou evitar atividades específicas.
•
Estágio Especializado (14 anos em diante): Os estágios anteriores culminam
neste.
E) Urie Bronfenbrenner citado por BRANDÃO (1996).
Teoria
Ecológica
do
Desenvolvimento
Humano
–
A ecologia
do
desenvolvimento humano é o estudo de uma progressiva e mútua acomodação,
através do curso da vida, entre um ativo ser humano em crescimento e as
propriedades em mudanças nos ambientes imediatos nos quais a pessoa em
desenvolvimento vive; como este processo é afetado pelas relações entre estes
ambientes e em um contexto maior pelos ambientes nos quais estão inseridos.
A teoria ecológica do desenvolvimento humano de Urie Bronfenbrenner, é
dividida pelo autor em sistemas distintos, porém estes se interagem em relação ao
indivíduo em desenvolvimento, ao ambiente onde vive, aos ambientes onde ele se
relaciona e ao tempo. Cada um destes sistemas recebeu uma denominação:
microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema.
Microssistema: É um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais
experenciados pela pessoa em desenvolvimento em um dado ambiente com
características físicas e materiais particulares e que contém outras pessoas com
características distintas de temperamento, personalidade e sistema de crenças.
Mesossistema: Compreende as ligações e processos que tem lugar entre dois ou
mais ambientes que contém a pessoa em desenvolvimento (por exemplo, as
relações entre a casa e a escola). Em outras palavras, um mesossistema é um
sistema de microssistemas.
13
Exossistema: Rodeia a ligação e os processos que tem lugar entre dois ou mais
ambientes, no mínimo um deles não contém necessariamente a pessoa em
desenvolvimento, mas no qual eventos acontecem que podem influenciar
processos dentro do ambiente imediato que contém a pessoa (por exemplo, para
a criança a relação entre a casa e o local de trabalho dos pais).
Macrossistema: Consiste de todo um padrão de micros, mesos e exossistemas
característicos de uma dada cultura, subcultura ou outro contexto social maior,
com um particular referencial desenvolvimentista - investigativo para o sistema de
crenças, recursos, riscos, estilos de vida, estruturas, oportunidades, opções de
vida e padrões de intercâmbio social que estão incluídos em cada um destes
sistemas. O macrossistema pode ser visto como a arquitetura societal de uma
particular tradição, subcultura ou outro contexto social maior.
2. 3. Princípios e Fases do Desenvolvimento Motor
Segundo CORBIN (1980) citado por BENDA (1999), o desenvolvimento
apresenta os seguintes princípios:
•
Princípio da Continuidade: desenvolvimento do nascimento até a morte;
•
Princípio da Totalidade: o desenvolvimento ocorre em todos os seus
aspectos simultaneamente (intelectual, motor, social, emocional, entre
outros);
•
Princípio da Especificidade: apesar de ser global, desenvolvendo sempre
todos os aspectos (motor, intelectual, social, emocional, entre outros), o
desenvolvimento será enfatizado em um aspecto em cada situação;
•
Princípio da Progressividade: o desenvolvimento não ocorre de forma
rápida, é um processo longo e lento, porém está sempre em evolução;
•
Princípio da Individualidade: o desenvolvimento é diferente para cada
pessoa, respeitando suas características e experiências vivenciadas.
14
De uma forma geral, para BENDA (1999), o desenvolvimento do ser
humano ocorre de forma integrada, no qual estão presentes os desenvolvimentos
cognitivos, sexual, social e motor.
De acordo com a maioria do teóricos, o desenvolvimento motor acontece de
forma contínua e sequencial segundo a direção céfalo – caudal, próximo – distal ,
ou seja, da cabeça para os pés e de dentro para fora. As partes do corpo crescem
em proporções diversas e em diferentes épocas, desde a primeira infância até a
maturidade.
A primeira infância vai do nascimento até os três anos de idade e
compreende três fases: fase sensorial ou recém – nascido, fase motora ou do
bebê e fase glóssica ou da criança pequena. A segunda infância vai dos três aos
seis anos e a terceira infância dos seis aos dez anos da vida. A fase da puberdade
de onze à doze anos, respectivamente, para meninas e meninos, estendendo-se
até os quatorze anos. A adolescência tem início por volta dos quatorze anos,
estendendo- se até os dezoito anos.
Os teóricos do desenvolvimento, de modo geral, consideram a maturação
fator importante no desenvolvimento motor, porém não desprezam a influência
genética, as experiências e a influência do meio externo.
Segundo RODRIGUES (1993), as fases do desenvolvimento motor são:
1. Recém Nascido ( zero à três meses);
2. Bebê (quatro à doze meses);
3. Criança (um à três anos);
4. Pré Escolar (três à seis anos);
5. Idade Escolar (seis à dez anos);
6. Puberdade (onze à quatorze anos);
7. Adolescência (quatorze à dezoito).
3. 4. Desenvolvimento Motor no Esporte
No presente estudo foi dado ênfase à fase 7, adolescência, pois nesta está
inclusa a faixa etária em questão.
15
A adolescência é a fase que se estende da puberdade até a maturidade e
se caracteriza pela estabilização da diferenciação sexual e por uma progressiva
individualização. O comportamento motor, inicialmente, não está totalmente
equilibrado, contudo se apresenta mais seguro.
Entre os quinze e dezenove anos, aproximadamente, o rendimento motor
alcança o máximo de desenvolvimento. Este é o momento ideal para
aprendizagem motora sem limitações, principalmente com referência às atividades
esportivas. As meninas têm preferência por atividades esportivas de menor
esforço físico e de maior habilidade, enquanto os meninos se dedicam às
atividades que demandam maior intensidade. Os meninos manifestam maior
prontidão para aprendizagem motora e também maior rendimento nas tarefas que
implicam força, resistência, velocidade e coragem.
Quanto ao desenvolvimento das formas básicas como correr saltar e lançar,
os meninos apresentam maior rendimento do que as meninas. Essas formas de
movimento estão, nesta fase, diretamente relacionada às diferenças específicas
do sexo.
As capacidades motoras (força, resistência e coordenação) se apresentam
mais desenvolvidas nos meninos enquanto que as meninas possuem maior
flexibilidade, com exceção das articulações dos ombros. De modo geral, o maior
desenvolvimento da flexibilidade é alcançado por volta dos vinte anos, diminuindo
consideravelmente desde o décimo ano de vida, quando não solicitado.
3. Treinamento Físico em Crianças e Adolescentes
De acordo com PINTO (1991) o sistema de preparação e o treinamento de
qualquer modalidade desportiva requer o conhecimento mais exato possível das
características e exigências impostas pela competição: A caracterização ou
melhor, a tipificação do esforço realizado pelos jogadores de futebol durante o
jogo, torna-se assim essencial para podermos determinar as características bem
como os meios e métodos de treinamento mais congruentes como os objetivos
definidos no sentido de ser mais eficaz (OLIVEIRA et al, 2000).
16
Segundo MACEK & VAÚRA (1980), um grande número de institutos e
pesquisadores estão preocupados com aspectos do treinamento em crianças e
adolescentes. Esta preocupação pode estar vinculada ao interesse de se criar
mais campeonatos ou simplesmente ao fato de se conhecer a extensão do efeito
da atividade física e do esporte, já que estes são parte integrante da vida das
crianças e adolescentes. Os métodos de treinamento trabalhados por crianças e
adolescentes devem ser estudados e planejados para que seus efeitos sejam
positivo, principalmente quando se trata de corpos em formação.
A atividade física é talvez o comportamento mais observado em crianças e
adolescentes, pelo fato de apresentarem maior necessidade de gasto energético
através de atividades e brincadeiras vigorosas, além de atividades esportivas
estruturadas, pois a atividade física evoca elevados níveis de metabolismo e
dispêndio de energia.
A maioria das atividades físicas nas quais as crianças naturalmente se
engajam, podem ser largamente classificadas como anaeróbias na essência,
desde que estas atividades geralmente requerem rápidas demandas energéticas e
são de curta duração. É realmente raro que uma criança naturalmente se envolva
em corridas de longa distância ou outras formas de atividades de endurance.
Apesar das crianças preferirem atividades físicas de curta duração, a função
anaeróbia da criança pré pubertária tem sido inferior àquelas apresentadas por
indivíduos pubertários ou adultos.
A maioria das informações sobre o desenvolvimento da capacidade
anaeróbia e potência anaeróbia vem de estudos que utilizam medidas de
performance como o teste de Wingate (este teste máximo em bicicleta de 30
segundos é empregado com o intuito de analisar três índices: produção de
potência mecânica (total em 30 segundos), potência média, potência máxima
(para 5 segundos), potência de pico (é a diferença entre o maior e o menor valor
de potência máxima, para 5 segundos), taxa de fadiga) ou mais recentemente o
teste de corrida de 40 segundos onde o objetivo é medir indiretamente a potência
anaeróbia total (alática + lática), introduzido por MATSUDO et al (1986). Esses
17
estudos tem demonstrado que a função anaeróbia melhora com a idade mesmo
quando o crescimento e mudanças no tamanho do corpo são considerados.
KUROWSKI (1977) relatou um aumento de aproximadamente 20% na
potência anaeróbia relativa (Kcal/ Kg) em 294 crianças de 09 a 16 anos no teste
de Margaria. BAR’OR (1983) mostrou resultados similares para o pico de potência
e potência média (índices da capacidade anaeróbia) em meninos e meninas de 08
a 14 anos, usando o “Teste de Wingate”.
Em estudo realizado com 720 crianças e jovens de 07 a 18 anos, quando
usou o teste de corrida de 40 segundos. Assim parece que crianças apresentam
níveis mais baixos de metabolismo anaeróbio e isto parece estar relacionado ao
status de maturidade física. ROCHA et al (1986) também observou relação entre
aumento na capacidade anaeróbia com a idade detectando os baixos níveis de
lactato sangüíneo, a atividade das enzimas metabólicas, limiar anaeróbio
e a
função anaeróbia relacionada à cinética do consumo de oxigênio no início do
exercício (BOILEAU, 1989).
No estudo onde foram avaliados por antropometria, teste de capacidade
anaeróbia (Can), teste de potência aeróbia (Pa) e velocidade de corrida no limiar
anaeróbio (VCL) a principal conclusão foi de que o treinamento de futebol, parece
aumentar a VCL sem modificar a composição corporal de seus praticantes.
Proficiência em termos de desempenho motor é um importante atributo no
repertório de conduta motora de crianças e adolescentes (GALLAHUE, 1989)
efetiva participação em programas de atividade física. Por essa razão, tem surgido
considerável interesse em todo o mundo quanto ao desenvolvimento de estudos
para obter informações com relação aos índices de desempenho motor entre os
integrantes da população jovem.
Dentro
do
esporto
e suas
complexidades,
podemos
inteirar três
componentes: o indivíduo, o meio ambiente e a tarefa. Segundo TIEGEL nos jogos
esportivos coletivos, se deve, paralelamente possibilitar ao aluno a tomada de
decisões, desenvolvendo assim, os processos cognitivos subjacentes a esta.
A preocupação de professores de educação física e técnicos esportivos em
estimular o desenvolvimento equilibrado das capacidades físicas, técnicas, táticas
18
e psicológicas deve ser constante, objetivando a formação integral do indivíduo.
Neste processo de ensino aprendizagem treinamento, o planejamento sistemático
e consciente gera caminhos seguros para a formação biopsicossocial de
indivíduos que gostam da prática esportiva e podem aspirar ser atleta, ou para a
prática como melhora do potencial de saúde, ou pelo valor do lazer.
O futebol de campo é um esporte muito praticado nas escolas e nos clubes.
Consequentemente, impõe-se que os professores de educação física que o
utilizam como conteúdo de suas aulas e aqueles que trabalham em escola de
iniciação ao futebol tenham uma fundamentação teórica suficientemente ampla e
consistente em relação a tão importante capacidade inerente ao rendimento
esportivo.
O processo de formação esportiva do modelo criado na Escola de
Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, proposto por GRECO
(1998), “caracteriza-se por curtos períodos de duração de cada uma das fases, o
que permite que exista uma aproximação com evolução ontogenética. Por outro,
evita-se a especialização precoce, pois esta, juntamente com a competição
sistemática e alta competição, não são construtivas para as crianças”.
O modelo proposto pelo autor é dirigido fundamentalmente para os jogos
coletivos e divide-se nas seguintes fases:
1. Pré Escolar (3 a 6 anos): processo caracterizado nas três áreas de
manifestação da aprendizagem, ou seja na unidade e complexidade do
sistema cognição emoção motivação;
2. Universal (6 a 12 anos): procura-se desenvolver todas as capacidades
motoras e coordenativas de uma forma geral, criando uma base ampla e
variada de ações que ressaltem o aspecto lúdico, onde o ensinoaprendizagem treinamento deve ser trabalhado de acordo com a idade
e o nível de experiência motora;
3. Orientação (12 a 14 anos): deve-se procurar o desenvolvimento e
aperfeiçoamento das capacidades físicas (motoras e coordenativas) e
se iniciar o processo de fixação e aprimoramento das técnicas, em sua
forma global;
19
4. Direção (14 a 16 anos): com base no nível anterior, pode-se começar
com aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma ou duas
modalidades esportivas;
5. Especialização (16 a 18 anos);
6. Aproximação/ Integração (18 a 21 anos); e
7. Alto Nível (a partir dos 21 anos).
No presente estudo enfatizamos as fases 4 e 5, direção e especialização
respectivamente, pois nestas estão inclusas as faixas etárias em questão.
Na fase denominada “Direção” (14 a 16 anos), é importante destacar a
necessidade de que o jovem realize e participe de duas ou três modalidades
esportivas, as quais devem ser, de preferência, complementares. Paulatinamente,
aperfeiçoam-se as técnicas que encaminhem o atleta à otimização do seu
rendimento.
As técnicas são trabalhadas em situações apresentadas na forma de
exercícios complexos, em que a requisição da técnica seja variável em relação
aos seus parâmetros de execução e aplicação. A inteligência e a capacidade de
jogo continuarão a ser desenvolvidas por meio de atividades que exijam a
aplicação do conhecimento adquirido na fase de “Orientação”, de forma tal a
efetivar a concretização dos conceitos teóricos em ações esportivas. Deve-se,
portanto, continuar utilizando exercícios complexos que apresentem exigências de
execução relacionadas com o tipo de técnica a ser aplicada e incluam os
parâmetros necessários para o êxito da ação, assim como exercícios que
impliquem uma tomada de decisão no sentido tático, ou seja, do que será feito.
As atividades relacionadas com futebol, nesta fase, devem ser mais
complexas e envolver mais de uma técnica na solução da tarefa motora. O
exemplo seria um exercício de cruzamentos na área, em que o indivíduo tenha
como objetivo converter gols, utilizando todas as técnicas possíveis, adequadas e
permitidas pela regra, para aquele momento.
Na “Especialização” (16 a 18 anos), é incrementado o trabalho nas áreas
específicas da modalidade. Procura-se o aperfeiçoamento e a otimização do
20
potencial físico, técnico e tático, que deve ser base para o emprego de
comportamentos táticos de alto nível. Inicia-se, paralelamente, um processo de
estabilização das capacidades psíquicas. A participação em competições aumenta
sensivelmente.
Sobre o aspecto da integração do treinamento técnico com o treinamento
tático, conformando assim um treinamento técnico tático, é importante destacar
que o desenvolvimento dos processos cognitivos no marco do processo de ensino
aprendizagem treinamento é um pré-requisito fundamental. Para isso será
necessário: “desenvolver e aperfeiçoar a regulação dos programas e processos
motores, particularmente em situações sob influência da ação do adversário,
respeitando a cooperação com colegas e diminuindo o tempo que o jogador
necessita para recepção, descoberta e elaboração das informações, a fim de
minimizar a quantidade de erros no jogo” (KONZAG & KONZAG, 1981).
A regulação dos programas motores é realizada pela união do treinamento
técnico com o treinamento tático, e ambos serão integrados em um treinamento
teórico. A diminuição dos erros é proposta através de um processo metodológico
que se baseia na construção de árvores genealógicas para tomada de decisão.
FREIRE (1995) estudou o comportamento motor de indivíduos realizando “o
chute à gol”, comparando o comportamento motor de oito indivíduos e verificando
que nenhum repete o do outro. No entanto para PIAGET (1973) citado por
FREIRE (1995), a regularidade é invisível, quando trata-se de esquemas como
daquilo que se repete em cada ação, mesmo depois de ter afirmado que toda
ação motora é original, isto é, que nunca uma delas repete qualquer outra anterior.
Num treinamento de futebol é necessário treinar todas as possibilidades de
tomada de decisão, ou seja, após a percepção de todo ambiente externo
(posicionamento dos jogadores adversários e local que se encontra no campo) e
ambiente interno (seu corpo), verificar quais as possibilidades existentes de êxito e
optar pela mais adequada.
4. Características Genéticas
21
Para MAIA et al (1999) o desporto moderno, legado inequívoco do espírito e
cultura humana, oferece a todos um conjunto variado de benefícios que percorre
um largo espectro do domínio biológico ao psicológico. Enquanto produto cultural
do homem é uma fonte inesgotável de sociabilização concorrendo com o papel do
modelo familiar na transmissão de valores fundamentais da humanidade.
Quando estudamos princípios de treinamento, temos o princípio da
individualidade biológica que nos diz sobre as características herdadas (genótipo)
e as adquiridas após o nascimento (fenótipo). Isso nos leva a pensar em quais
aspectos são mais importantes para se encaminhar uma criança ou jovem para
determinada modalidade esportiva. Saber distinguir o que é influência do meio e o
que realmente é herança genética, seria o que podemos considerar como mais
completo. Contudo podemos citar como exemplo algumas definições:
•
“A atividade física tem como peculiaridade causar modificações
profundas no equilíbrio interno do organismo, levando-o a desenvolver
mecanismos fisiológicos adaptativos variados, de acordo com o tipo de
atividade física implementada” (GALLANI et al, 1997);
•
Desenvolvimento de um pico de performance, característica em atletas
de competição, depende das adaptações fisiológicas resultantes de
vários anos de treinamento físico (NEUFER, 1989 apud EVANGELISTA
e BRUM, 1979).
Diante desses fatos nos deparamos com a influência da genética nos
futuros atletas. A relação daqueles que possuem uma característica própria para
determinada capacidade física e o treinamento específico na busca de novos
atletas.
5. Nutrição
Para GUERRA et al (2001), a nutrição é um aspecto fundamental para o
desempenho, a demanda energética dos treinamentos e competições requer que
os jogadores consumam uma dieta balanceada particularmente rica em
carboidratos. Segundo BURKE et al (1998) atualmente há muitas pesquisas que
22
tentam relacionar o índice glicêmico do alimento com sintoma de fadiga durante o
exercício físico (ROSSI et al, 1999). De acordo com Guerra et al (2001) os
futebolistas estão sob risco constante de deficiências latentes de micronutrientes
pelo desgaste muscular, perdas intestinais, sudorese intensa, viagens constantes,
mudanças de fuso horário, cardápios e ainda os maiores desbalanceamentos que
ocorre pelo elevado consumo de proteínas, gorduras e a baixa ingestão de
carboidratos. O futebol envolve exercícios intermitentes e a intensidade do esforço
físico depende do posicionamento do atleta, qualidade do adversário e importância
do jogo, onde se observa as principais alterações metabólicas desses atletas com
prováveis implicações nutricionais e/ ou na conduta dietética para melhor
desempenho.
A hidratação é um fator importante que deve ser considerado antes,
durante e após o exercício. Como um jogo de futebol tem a duração média de 90
minutos, é freqüente ocorrerem problemas associados à termorregulação e ao
balanço hídrico. Sabe-se que o treinamento físico associado ao estresse térmico,
aumenta o fluxo cutâneo de sangue e a produção de suor. Há grande variedade
individual de perda hídrica devido às diferentes composições corporais, taxas
metabólicas, aclimatação do atleta, temperatura e umidade ambiental, variedade e
intensidade de exercícios realizados durante um jogo e diferenças nas funções
desempenhadas.
O desempenho durante jogos ou treinos pode diminuir 30% com a perda de
5 a 6% do peso corporal e a recuperação das reservas hídricas pode não se
completar entre 48 e 72 horas.
A redução do peso pode persistir mesmo após 24 horas de ingestão. A
oferta de líquidos é mais importante que a disponibilidade de carboidratos , no
desempenho físico em exercícios de resistência ao calor.
6. Condicionamento Físico
Segundo STIEHLER et al (1998) a condição física do atleta de futebol é de
suma importância para que ele tenha a mínima condição de aplicar um plano
23
técnico e tático, e manter o maior tempo possível um nível elevado de tolerâncias
à fadiga e aos altos índices de concentração (MARTIN, 1999). Por isso que um
treinamento adequado pode garantir a um atleta essas condições para que na
hora do jogo ele possa ter um bom desempenho. OLIVEIRA et al (2000) acreditam
que mesmo tendo em vista que existem outros fatores individuais, o aspecto físico
assume papel de suma importância no processo de desenvolvimento e
aperfeiçoamento técnico e tático do futebolista.
O futebol é uma modalidade com exercícios intermitentes de intensidade
variável. Esportes com bola podem ser caracterizados como atividades
intermitentes, com freqüentes transações de esforço de alta intensidade para
períodos de recuperação e vice-versa. Os períodos de alta intensidade
compreendem movimentos ou deslocamentos vigorosos de natureza anaeróbia,
que devem ser sustentados pelos jogadores durante todo o tempo de duração da
partida, com o mínimo de fadiga (KOKUBUN et al, 1996). Quanto maior o
condicionamento do atleta, por mais tempo ele suportará o esforço realizado
dentro da partida e a fadiga será menor.
A intermitência das atividades em partida tem importante implicação para o
desempenho
e
para as
respostas
fisiológicas
ao
exercício. Tem sido
extensivamente demonstrado que exercícios intermitentes podem ser sustentados
por períodos de tempo muito maiores do que exercícios contínuos, particularmente
quando a duração dos períodos de esforço e recuperação são respectivamente
menores e maiores (ASTRAND & CHISTENSSEN, 1960; CHISTENSSEN,
HEDMAN & SALTIN, 1960) citado por KOKUBUN (1996).
Fisiologicamente, exercícios intermitentes apresentam menor concentração
de lactato sangüíneo e oportunidade de reposição dos fosfatos de alta energia e
do oxigênio da mioglobina muscular nas fases de repouso. É bastante provável
também que a reposição dos fosfatos de alta energia nos períodos de
recuperação, contribua para a inibição das atividades de enzimas glicolíticas em
razão da diminuição dos fosfatos inorgânicos e ADP (MADEK, HECK &
HOLLMANN, 1983) citado por KOKUBUN (1996).
24
Durante uma partida, a distância percorrida por um atleta e o esforço
realizado depende do nível de exigência do jogo, mas normalmente os estudos
realizados nos oferece uma estimativa desse esforço dividido pela posição dos
jogadores, sejam eles defensores, alas, meio campistas e atacantes.
Segundo OLIVEIRA et al (2000) os deslocamentos são divididos em três
tipos:
•
Deslocamentos para frente: subdividindo-se em andar, trotar (corrida
lenta ) e corrida rápida (sprint);
•
Deslocamentos laterais: subdividindo-se em andar e trotar;
•
Deslocamentos para trás: subdividindo-se também em andar e trotar.
Tabela 1 – Tipos de deslocamentos e médias de acordo com a posição dos
jogadores.
Zagueiros e Laterais
Atacantes Meio Campistas
MOVIMENTOS PARA FRENTE
Andar
3984m
2276m
2076m
Trotar
2248m
3174m
4359m
Corrida Rápida
986m
1476m
1199m
Andar
511m
212m
201m
Trotar
238m
40m
129m
Andar
37m
26m
32m
Trotar
350m
122m
241m
8Km354m
7km333m
8km237m
MOVIMENTOS PARA TRÁS
MOVIMENTOS LATERAIS
Média Total Percorrida
A tabela 1 mostra que os defensores em sua maior parte correm em uma
intensidade baixa (mais andam do que correm), os meio campistas desenvolvem o
trote, e os atacantes são os que possuem um maior equilíbrio entre andar, trotar e
correr rápido.
25
Os dados acima revelam uma estimativa do esforço desenvolvido pelos
jogadores, fortalecendo cada vez mais a importância do condicionamento físico.
O preparador físico de uma equipe de futebol, deve ter todo um
planejamento e um cronograma do campeonato, executando seu trabalho
conforme uma necessidade específica e momentânea, seguindo os princípios do
treinamento físico, ou seja, as regras ou princípios que influenciam os aspectos
biológicos e pedagógicos. São eles:
•
Princípio da conscientização: realizar exercícios compreendendo os
verdadeiros motivos da sua aplicação;
•
Princípio da saúde: bem estar físico, mental e social e não meramente a
ausência de doença ou de enfermidade;
•
Princípio da individualidade biológica: diz respeito às diferenças
existentes entre as pessoas quanto à carga genética (genótipo) e às
experiências adquiridas após o nascimento (fenótipo), de acordo com
DANTAS (1997) citado por MONTEIRO (2000);
•
Princípio da adaptação fisiológica: reações fisiológicas que asseguram
os fundamentos da adaptação fisiológica do organismo às mudanças
das condições circundantes e que tendem a conservar a estabilidade
relativa de seu meio interno (NISHCHENKO e MONOZAROV, 1995)
citado por MONTEIRO (2000);
•
Princípio da sobrecarga: aumento progressivo na carga de trabalho, a
partir do momento em que o indivíduo adapta-se a essa carga para a
melhoria de aptidão física;
•
Princípio da continuidade e reversibilidade: os efeitos do treinamento
são transitórios e reversíveis;
•
Princípio da manutenção: uma vez que a pessoa esteja adaptada
fisiologicamente a um nível de estimulação e que não haja mais
sobrecarga, não se desenvolvem maiores adaptações fisiológicas;
•
Princípio da especificidade: os efeitos do treinamento são específicos
para as partes e sistemas corporais solicitados (BARBANTI, 1997)
citado por MONTEIRO (2000).
26
Notamos que inúmeros fatores envolvem o ganho e a manutenção da
performance de um atleta. Segundo SANTOS (1999) o futebol assume
características particulares, já que a respectiva dimensão de aleatoriedade permite
que no confronto entre equipes aconteça um grande equilíbrio dependendo do
nível competitivo.
Segundo GALLANI et al (1997) a atividade física tem como peculiaridade
causar modificações profundas no equilíbrio interno do organismo, levando-o a
desenvolver mecanismo fisiológicos adaptativos variados de acordo com o tipo de
atividade implementada.
O condicionamento leva a pessoa ao aperfeiçoamento das qualidades
físicas, bem como à especificidade dos exercícios e de cada função da
modalidade.
Segundo WEINECK (2000) o condicionamento físico pode ser apresentado
como sinônimo para o conjunto de todos os fatores de performance, psíquicos,
físicos, técnicos – táticos, cognitivos e sociais.
7. Resistência Anaeróbia
Resistência anaeróbia é a qualidade que permite a um atleta sustentar o
maior tempo possível uma atividade física relativamente generalizada, em
condições anaeróbias, isto é, uma situação de débito do oxigênio (TUBINO, 1977).
Um esforço anaeróbio pode ser explicado pelas solicitações fisiológicas de
oxigênio de um atleta no esforço superior à sua capacidade de consumo,
provocando um acúmulo de débito de oxigênio, o qual deverá desaparecer após o
término do esforço. Segundo TUBINO (1977) para se obter o cálculo de débito de
oxigênio total de um esforço, é preciso medir o consumo de oxigênio na
recuperação do atleta por um tempo determinado, subtrair do consumo de
oxigênio no repouso, também calculado na mesma duração determinada. A
variável principal na medição da capacidade anaeróbia é o tempo que os atletas
conseguem suportar o esforço, após atingir a anaerobiose.
27
Ao
término
de
sessões
de
treinamento,
cujos
conteúdos
sejam
fundamentalmente anaeróbios, ocorrem mecanismos fisiológicos de compensação
os quais permitem:
•
A reconstituição das reservas de oxigênio do organismo;
•
A eliminação dos resíduos metabólicos;
•
A recomposição das reservas de mioglobina dos músculos.
A freqüência cardíaca deve ser controlada, pois indica se o estímulo do
treinamento do atleta deve decrescer de intensidade ou ser interrompido. Através
dela o treinador tem condições de saber como está reagindo o organismo da
pessoa. A freqüência determina o esforço da pessoa.
O limiar anaeróbio (LA), também é muito importante e favorece o estudo e a
verificação da resistência anaeróbia. Este índice (LA) tem sido identificado como
um bom predito da “performance” da corrida, respondendo por 70 – 90% da
variação da performance para distâncias compreendidas entre 3,2 – 42,2Km.
SIMÕES et al (1998) diz que o limiar anaeróbio é um parâmetro de aptidão
aeróbia, que vem sendo extensivamente utilizado em clínica médica na prescrição
de intensidade de exercícios para o treinamento e em pesquisa na área de
fisiologia.
Em outros estudos, verificou-se que 81% de variação da performance em
ciclistas que apresentavam valores similares de VO2 máx. podia ser atribuída às
diferenças entre as % de VO2 máx., equivalentes ao LA (COYLE et ali, 1988),
citado por DENADAI (1995).
O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.), é uma boa medida de caráter
geral dos fatores cardiorespiratórios e metabólicos que afetam a capacidade
máxima dos organismos em captar, transportar e utilizar o oxigênio. Esta foi
durante muito tempo considerada o melhor índice para se determinar a
performance em esportes de longa duração (ASTRANI, 1956; TAYLOR et ali,
1995) citado por DENADAI (1995).
GOLLNICK & SALTIN (1980) citado por DENADAI (1995) propõem que o
VO2 máx. e a capacidade de resistência em exercícios submáximos são limitados
por diferentes mecanismos, ou seja, o VO2 máx. parece estar relacionado com
28
fatores cardiovasculares, como o débito cardíaco máximo e a atividade das
enzimas oxidativas. Deste modo pode-se propor que o VO2 máx. e o LA são
determinados por diferentes mecanismos. Enquanto o LA está mais relacionado
com o estado metabólico (capacidade oxidativa) dos músculos, o VO2 máx. estaria
mais dependente dos fatores cardiovasculares.
O que podemos também considerar para o desenvolvimento da resistência
anaeróbia em relação ao desempenho físico e especificamente para a modalidade
futebol como também alguns esportes de quadra, é a força de membros inferiores.
Com esse intuito, existem alguns trabalhos que tentam correlacionar a
circunferência da perna com a força de membros superiores e inferiores.
Segundo SIGMARINGA e FRANÇA (1992) a performance esportiva levanta
questões para a ciência do esporte que os profissionais da área tentam solucionar.
Uma das questões levantadas se refere à influência da estatura da composição
corporal sobre o desempenho físico. Apesar da evolução tecnológica dos últimos
anos, o número de questões sem respostas permanece elevado.
Por
esse
antropométricos,
motivo,
a
relação
tem recebido
desempenho
esforços
tão
físico
acentuados
versus aspectos
por
parte
dos
pesquisadores.
Testes realizados demonstraram que a média de altura e o peso diferiu
significativamente para o grupo masculino em relação ao grupo feminino
estudado. Fato semelhante ocorreu nas médias de IVS (impulsão vertical sem
auxílio dos braços), IH (impulsão horizontal), na circunferência de perna e nas
dobras cutâneas, em favor do grupo masculino. Quando verificado a associação
das variáveis, os resultados obtidos mostraram que não houve correlação
significativa entre circunferência de perna com a força de membros superiores e
inferiores.
Também podemos considerar a potência muscular em relação à
composição corporal.
Não existe consenso entre os pesquisadores no que diz respeito a quais
medidas constituem a estimativa mais válida de desempenho anaeróbio, embora
29
vários testes de laboratório tenham sido desenvolvidos. Uma avaliação popular é o
“Teste de Wingate”. Os resultados encontrados nessa pesquisa foram:
1. Uma carga de resistência de 0,095 Kp/ Kg de peso corporal, determina
uma maior produção de potência média do que cargas de resistência
mais baixas;
2. Quando a produção de potência média foi expressa em W/Kg, não
foram encontradas diferenças significativas para valores de produção de
potência para indivíduos do sexo feminino com baixa e alta massa;
3. Quando a produção de potência máxima foi expressa em W/Kg,
mulheres com baixa soma de dobras cutâneas, apresentam produção
de potência média significativamente maior que mulheres com alta soma
de dobras cutâneas.
Apenas alguns aspectos que envolvem a resistência anaeróbia foram
expostos no trabalho. Muitas são as variáveis envolvidas, tanto na parte fisiológica
como também na parte psicológica. No futebol conforme já dito, a semelhança da
formação da resistência anaeróbia com o jogo, garante a formação dos
componentes relevantes a ele.
A resistência anaeróbia é treinada por meio de jogos com pequeno número
de jogadores, devido à freqüente situação de disputa, esse método exige altíssima
força de vontade e capacidade de tolerância à fadiga, ou treinada de forma que os
exercícios possam determinar intensidades de sobrecarga aliadas à especificidade
que o preparador ou técnico determine.
O organismo está sendo adaptado fisiologicamente a uma determinada
situação, o ganho de resistência específica para aquela modalidade, pode
alcançar níveis ótimos, desde que trabalhada adequadamente.
7.1. Treinamento Anaeróbio
Atualmente antes do início dos campeonatos é feito um programa de
treinamento, planejamento, onde contém a pré temporada, o trabalho durante a
30
temporada, excepcionalmente o trabalho para atletas lesionados, a integração
com o técnico e o trabalho sobre as estatísticas.
A fase de pré temporada é um período de preparação das equipes após as
férias que antecede o início dos campeonatos do ano, ocasião fundamental esta
para que os jogadores recebam preparação física adequada.
Antes do início do trabalho algumas equipes avaliam seus atletas, para
identificarem a condição física (principalmente) que os mesmos se encontram.
Dentre vários testes a composição corporal será um dos índices avaliados .
Esta é calculada à partir do peso e da altura do indivíduo e pelas medidas das
dobras cutâneas feitas através do aparelho de adipômetro. De acordo com
LOHMAN (1987) citado por LOPES et al (1999) os dados a seguir descrevem a
classificação dos índices para avaliação da composição corporal.
CLASSIFICAÇÃO
MASCULINO
FEMININO
Muito Baixo
Até 6,0
Até 12,0
Baixo
6,1 – 10,0
12,1 – 15, 0
Ótimo
10,1 – 20,0
15,1 – 25,0
Moderado Alto
20,1 – 25,0
25,1 – 30,0
Alto
25,1 – 31,0
30,1 – 35,5
Muito Alto
+ 31,1
+ 35,6
Durante a temporada o trabalho físico é voltado para a manutenção das
qualidades dos atletas e também para a recuperação à fadiga, decorrente a
intensidade do jogo.
Quando ocorre um caso de lesão, este atleta fará o tratamento médico e
consequentemente diminuirá sua performance, cabe então ao preparador físico a
recuperação desta, tomando os devidos cuidados para não ocasionar uma nova
lesão.
Integrando-se com a direção técnica, o preparador físico mantém sempre o
contato com o técnico da sua equipe, a fim de saber qual a sua prioridade em
relação aos atletas para determinada fase da competição, elaborando assim
melhor o seu programa de trabalho.
31
A base do desenvolvimento físico envolve as principais formas de exigência
motora e dentro dessas estão envolvidas as qualidades físicas de velocidade,
força, flexibilidade, resistência aeróbia e resistência anaeróbia.
Velocidade: é uma capacidade verdadeiramente múltipla, a qual pertencem
não somente ao reagir e agir rápido, a saída e a corrida, a velocidade no
tratamento com a bola, o sprint e a parada, como também o reconhecimento e
tomada rápida de decisão.
Força: uma definição precisa de força que inclua tanto o seu aspecto físico
quanto o psíquico, é muito difícil em comparação à sua definição estritamente
física, pois isso refere-se ao fato de que os tipos e as características de força, de
trabalho muscular e da tensão muscular, entre outros, são muito influenciáveis. A
definição de força só será dada, portanto, em conjunto com as formas desta
capacidade relevantes à performance num jogo de futebol.
Flexibilidade: é sem dúvida um componente importante para a performance
durante uma partida de 90 minutos, envolvendo diretamente a mobilidade dos
jogadores.
Resistência Aeróbia: Como demonstraram as pesquisas de HAKKINEN,
KOUHANEN e KOMI (1987, 240) citado por WEINECK (2000) qualquer atleta até
mesmo os halterofilistas, necessitam de um desenvolvimento satisfatório da
resistência aeróbia, com a finalidade de que possam conduzir um treinamento
intenso e com grande volume. Portanto não devemos perguntar “se” a resistência
aeróbia deve fazer parte da preparação física de um jogador de futebol, mas sim
“qual” o volume de treinamento fará parte do seu treinamento.
Resistência Anaeróbia: Acredita- se que todas as potencialidades expostas
são de grande importância para o treinamento físico para o futebol, porém o
trabalho anaeróbio envolve a porção mais específica do jogo.
A resistência anaeróbia depende da aeróbia para o seu desenvolvimento,
possuindo características independentes, ou seja, contém métodos e conteúdos
próprios. O preparador físico deve incluir no treinamento exercícios que
desenvolvam a resistência anaeróbia lática e a resistência anaeróbia alática.
32
Esta fase do treinamento é longa, pois obedece a intervalos, onde por
exemplo podemos citar os métodos utilizados, como o intervalado e o de
repetição. A crescente semelhança da formação da resistência anaeróbia com o
jogo, garante a formação dos componentes relevantes a ele.
Segundo WEINECK (2000) mudanças repetidas de forma intervalada e em
seqüência, exigem do jogador a capacidade de eliminar a elevada taxa de ácido
lático proveniente de fases intensas de sobrecarga nas passagens de corridas de
recuperação e, com isso, poder iniciar a próxima repetição consideravelmente
recuperado. A resistência anaeróbia é treinada por meio de jogos com pequeno
número de jogadores, por causa da freqüente situação de disputa, esse método
exige altíssima força de vontade e capacidade de tolerância à fadiga, ou treinada
de forma que os exercícios possam determinar intensidades de sobrecargas
aliada a especificidade que o Preparador ou Técnico determine.
Apesar das particularidades quanto á idade, as crianças e adolescentes
mostram em princípios as mesmas adaptações que os adultos, em que não só
valores da performance morfológica e cardiopulmonar elevam-se mais também
parâmetros fisiológicos. A respeito da capacidade anaeróbia, é preciso levar em
consideração a realização do treinamento em crianças e adolescentes, a escolha
dos métodos e dos meios de treinamento, bem como a dosagem da intensidade e
a duração do treinamento têm de ser adaptadas ás necessidade fisiológicas dessa
faixa etária. De acordo com HAKKINENN et al (1987) apud WEINECK (1994) o
atleta de futebol em seu treinamento deve desenvolver uma resistência geral com
enfoque no aumento da tolerância à fadiga, ou seja, à necessidade de elevar a
velocidade no limiar anaeróbio e também do VO2 máx.; uma resistência
específica, com aumento da velocidade e da resistência de velocidade, ou seja,
mantendo contentemente elevados os níveis de potência anaeróbia alática e lática
(MARTINS et al 1999). Para Evangelista et al (1999) o desenvolvimento de um
pico de performance, depende também das adaptações fisiológicas das
resultantes de vários anos de treinamento físico: aumento do volume sistólico,
aumento do metabolismo oxidativo do músculo esquelético e o aumento do
consumo máximo de oxigênio.
33
7. 2. Métodos do Treinamento Anaeróbio para o Futebol
Segundo OLIVEIRA et al (2000) o futebol se classifica entre as modalidades
esportivas complexas não mensuráveis, cíclicas acíclicas (os gestos desportivos
não se repetem em intervalos regulares). Por esse e outros fatores a importância
de conhecer e pesquisar quais os métodos mais adequados para a preparação
física do futebol.
WEINECK (2000) divide os métodos de treinamento anaeróbio em quatro
fases:
1. Método contínuo: desenvolve a resistência anaeróbia;
2. Método intervalado: extensivo caracterizado pela alta intensidade de
sobrecarga e o intensivo caracterizado pela alta intensidade e pelo baixo
volume de sobrecarga. O método intervalado contínuo é o que mais se
aproxima do jogo, com um trabalho voltado para potência e resistência de força
rápida, tem intervalos de 5 a 6 segundos. Após o término da sobrecarga, as
pressões sangüíneas sistólicas e diastólicas diminuem rapidamente e a
amplitude da pressão sangüínea aumenta fortemente, o que resulta em um
grande volume de ejeção, além da exigência seletiva de fibras de contração
rápida, depleção dos estoques de glicogênio, hipertrofia das fibras e aumento
do VO2 máx. O trabalho é realizado além do “limiar anaeróbio”;
3. Método de repetição: desenvolve a melhora da capacidade de aceleração, a
elevação de resistência de forças de sprint e o desenvolvimento da força e da
resistência de força, trabalhando essencialmente na capacidade anaeróbia
alática;
4. Método de jogo: um dos grandes aspectos do treinamento é a especificidade
da modalidade, e o método de jogo é o que apresenta uma maior semelhança
com o jogo, desenvolvendo não só a parte física como também a aquisição de
experiência em competição, a melhora do comportamento tático e técnico,
além do preparo psicológico.
34
Algumas citações dizem que o treinamento deve se voltar para as
exigências do jogo e se aproximar da realidade.
“O melhor mestre para o treinamento é o jogo”. (CRAMER, 1987);
“No jogo aprendemos o que é preciso treinar”. (KRAUSP et al. 1990);
“O segredo do sucesso no futebol pode ser sempre procurado no
treinamento”. (BECNHAKER, 1990).
Para a formação da resistência anaeróbia podemos utilizar os programas
de ERKENBRECHER (1990, 23/ 24) citado por WEINECK (2000) com seus
circuitos (com ou sem bola) com variações acíclicas das sobrecargas. Os grupos
começam ao mesmo tempo e percorrem na direção dada diferentes trechos com
tarefas distribuídas sem que aconteça paralisação.
Dentro desses métodos se objetiva a melhora de capacidades específicas
ao futebol, e uma das mais importantes para seu desenvolvimento no jogo, é a
velocidade. Ela pode ser implantada nos métodos de repetição, intervalado e de
jogo, sendo dividida em coordenação, realização, treinamento de aceleração e o
treinamento específico.
De acordo com TOURINHO FILHO et al (1998) um considerável número de
mudanças anatômicas e fisiológicas ocorrem durante a adolescência e podem
influenciar na “performance” de uma corrida. Em sua pesquisa onde tinha um
protocolo do teste de 40 segundos, os resultados fornecem evidências de uma
mudança no metabolismo anaeróbio durante o crescimento, pois o lactato
sangüíneo e muscular, atividades enzimáticas glicolíticas, débito e déficit de
oxigênio, performance de potência máxima em exercícios de curta duração e
velocidade máxima em testes de campo, aumentam da infância à fase adulta.
7. 3. Efeitos do Treinamento Anaeróbio
Em resposta ao treinamento (MARTIN, 1977) citado por WEINECK (1999)
os efeitos definem- se como sendo um processo que favorece alterações positivas
de um estado físico, motor, cognitivo e afetivo. Sem dúvidas quando o treinamento
for trabalhado de forma correta, os efeitos serão relacionados ao aumento da
35
performance, como a melhora da velocidade , sem causar danos a integridade
física do atleta.
De acordo com HAKKINENN et al (1987) apud WEINECK (1994) o atleta de
futebol em seu treinamento deve desenvolver uma resistência geral com enfoque
no aumento da tolerância à fadiga, ou seja, a necessidade de elevar a velocidade
no limiar anaeróbio e também do VO2 máx. ; uma resistência de velocidade, ou
seja, mantendo contentemente elevados os níveis de potência anaeróbia alática e
lática (MARTINS et al, 1999). Outro fator analisado durante um ciclo de
treinamento é o índice de massa corporal , conforme citado no trabalho, através
dele temos parâmetros do índice de gordura dos atletas e qual foi a melhora com
os treinamentos.
A fadiga sempre surgirá devido a depressão das vias energéticas em
resposta ao gasto energético pelo esforço físico.
Segundo ROSSI et al (1999) a fadiga pode ser inicialmente definida como o
conjunto de manifestações produzidas por trabalho ou exercícios prolongados,
tendo como conseqüência a diminuição da capacidade funcional de manter ou
continuar o rendimento esperado. De acordo com LEHMANN et al (1993) a fadiga
é dividida em duas partes: a periférica que afeta os músculos e a central que
ocorre no cérebro.
PARRY – BILLINGS (1990) considera a influência dos seguintes fatores
para os tipos de fadiga:
•
Periférica – Depleção de fosfocreatina no músculo; acúmulo de prótons no
músculo; depleção de glicogênio no músculo.
•
Central – Decréscimo da concentração da glicose sangüínea.
Aumento na proporção de concentração triptofano para os aminoácidos
neutros (cadeia ramificada) no sangue.
É fato que aquele atleta principalmente em um nível extremamente
competitivo, levará vantagem se o seu organismo for mais resistente, tanto ao
aparecimento como na recuperação da fadiga. Por isso tanto o trabalho aeróbio
como o anaeróbio tem que ser bem administrado.
36
Foi observado por MCARDLE et al (1985) citado por ALVAREZ et al (1987)
que a maior contribuição para a manutenção da temperatura central ocorre
durante a atividade física, mesmo que esta seja executada em condições
subnormais de temperatura ambiente, o que pode influenciar na resistência
anaeróbia.
Vale
ressaltar
a
importância
de
se
possuir
conhecimentos
e
fundamentação, para não causar o “overtraining”, ou seja, o excesso de
treinamento, proporcionando assim a recuperação correta (tempo de descanso
suficiente e alimentação adequada).
Portanto antes e após qualquer treinamento é muito importante estarmos
atento ao alongamento e/ ou aquecimento dos atletas. FRIDEN et al (1986)
recomenda alongamento estático antes das atividades físicas e resfriamento e
massagem após as atividades para evitar a dor muscular tardia. Enquanto essa
recomendação é bem aceita na prática, porém falta constatação científica para
consolida-la (JUNIOR et al 1997).
Para UGRINOWITSCH e
BARBANTI (1998) o potencial elástico dos
músculos só pode ser utilizado quando há um alongamento muscular com
concomitante geração de força
No dia seguinte a um jogo é comum no futebol profissional, os atletas
serem submetidos a uma sessão de 15 a 20 minutos de hidroginástica, por
exemplo.
II. OBJETIVO
O objetivo dessa pesquisa foi determinar os efeitos do treinamento na
composição corporal e na capacidade velocidade, em praticantes de futebol do
sexo masculino com idade entre 14 a 17 anos, observando as fases de
desenvolvimento motor da faixa etária em questão.
III – METODOLOGIA
37
3. 1. Amostra
A amostra foi composta por dez adolescentes do sexo masculino, com
idade entre 14 e 17 anos (x = 15,6 ± 0,8). Estes foram escolhidos com preferência
aos que mostravam uma maior freqüência nos treinamentos (menor número de
faltas).
São
atletas
que
possuem
um
nível
sócio–econômico
alto,
consequentemente nível educacional compatível. Praticam o futebol duas vezes
por semana, com treinos de uma hora e quinze minutos (1h15) de duração.
Modalidade esta iniciada a prática por prazer ao esporte, aproximadamente
aos oito anos de idade, ou seja, dependendo da idade do analisado praticam a
atividade de seis a nove anos (x = 8 ± 1,264).
Esses atletas integram as equipes das categorias infantil e infanto do
Esporte Clube Pinheiros e treinam no mesmo, em condições favoráveis ao esporte
(local conservado, campo/materiais adequados às faixas etárias, bolas, traves,
etc).
3. 2. Procedimentos
As primeiras amostras foram realizadas em 11 de fevereiro de 2003 e
reavaliadas em 27 de junho de 2003, respeitando um intervalo de quatro meses e
16 dias, o que equivale à 20 semanas ou 37 treinos especificamente (devido aos
feriados).
Foram analisadas a composição corporal e a capacidade física de
velocidade.
A) COMPOSIÇÃO CORPORAL (LOHMAN, 1987).
Material – Balança Velme modelo 110 (peso e altura) e adipômetro.
38
Procedimento – Foi mensurada as medidas de estatura em cm , o peso
em kg, os atletas estavam descalços, vestindo apenas shorts e posicionados de
costas para o demonstrador da balança.
As medidas de dobras cutâneas foram realizadas no “Centro Integrado de Apoio
ao Atleta” (Departamento de Preparação Física) do Esporte Clube Pinheiros. Os
atletas estavam descalços, vestindo apenas shorts e posicionados em pé. Cada
dobra é medida três vezes por um avaliador que a repassa para o apontador. As
informações obtidas foram lançadas no computador e através do mesmo
programa utilizado na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), departamento de
nutrição se obtém os resultados.
B) Teste de Velocidade: corrida de 50 metros. (DUARTE, 1998).
Condições sob as quais o teste foi realizado – O teste foi realizado numa
pista de atletismo em boas condições, das 18h30 às 19h, com temperatura
aproximada de 27º C.
Material – Cronômetro preciso, folha de anotação, e local plano sem
obstáculo e que possua além dos 50 metros, um espaço suficiente para saída (um
metro pelo menos ) e outro para chegada (15 a 20 metros). Os testes foram
realizados na pista de atletismo do Esporte Clube Pinheiros.
Procedimento – Para realização foi falado ao avaliado que ele deve sair
na máxima velocidade e passar a faixa de chegada também na máxima
velocidade. Em seguida foi mostrado a faixa de saída, dizendo que a posição
correta é em afastamento antero- posterior das pernas e com o pé da frente o
mais próximo possível da faixa. A voz de comando foi feita através das palavras:
“ATENÇÃO” e sair correndo quando escutar “JÁ”. Então de posse do cronômetro o
avaliador se colocou na linha de chegada e comandou o teste com as palavras:
ATENÇÃO...JÁ... acionando o cronômetro no mesmo momento que estiver
pronunciado “JÁ” e parado no momento que o avaliado cruzar a faixa de chegada.
39
Caso ocorra qualquer problema no teste e tenha que ser repetido é interessante
que se espere 5 minutos. Na folha de protocolo, além dos dados de identificação,
foram anotados a data, horário, marca e tipo do cronômetro, condições do solo do
tempo (se possível a temperatura) e o nome do avaliador. Os avaliados ao
fazerem o teste estavam trajando tênis, calção e camiseta. Sempre que formos
executar reavaliações, devemos procurar manter as mesmas condições do
primeiro teste, como solo, horário, cronômetro, etc.. para não chegar a um
resultado que não corresponda a realidade. Permitiremos apenas uma tentativa e
o resultado do teste será o tempo de percurso dos 50 metros com precisão de
décimo de segundo e se for possível centésimo de segundo.
3. 3. Análise de Dados
Os
dados analisados visaram
avaliar
as
diferenças
anteriores e
posteriores ao treinamento. Foram realizadas estatística descritiva (Média e
Desvio Padrão) e Teste T Student
para amostras dependentes (nível de
significância).
Variáveis e Hipóteses:
•
Hipótese experimental: Os métodos de treinamento anaeróbio descritos,
poderão ter como efeito a diminuição da composição corporal e o aumento da
velocidade dos atletas de futebol, sem que haja lesão nos avaliados.
•
Hipótese Nula: Os métodos de treinamento anaeróbio descritos, poderá ter
como efeito a não modificação dos índices avaliados nos atletas, como
também causar lesões em parte do grupo avaliado devido a carga de trabalho
inadequada.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados dos índices de composição corporal e velocidade estão
expostos em tabelas e analisados à seguir.
40
4.1. Variáveis Antropométricas
Tabela 2 – Medidas individuais de peso (em kilogramas), altura (em centímetros) e
dobras cutâneas (em % gordura), bem como composição corporal dos atletas da
modalidade futebol do sexo masculino, em uma avaliação inicial ( I ) e após 4
meses ( II ).
Medidas
Peso
I
II
1
63,3
63,0
2
62,0
62,0
3
59,6
59,0
4
96,5
95,0
5
69,4
69,4
6
58,1
57,5
7
54,0
54,0
8
63,7
63,7
9
65,6
64,6
10
59,9
58,7
Altura
I
II
179,0
179,0
175,0
175,0
178,5
178,5
185,0
185,0
177,0
177,0
170,0
170,0
160,0
160,0
175,0
175,0
171,0
171,0
180,0
180,0
Peito
I
II
3,4
3,4
3,7
3,7
3,2
3,2
3,8
3,8
4,3
4,3
4,0
4,0
4,6
4,6
3,3
3,3
5,1
5,1
3,3
3,3
Axila
I
II
6,7
6,7
7,8
7,8
4,4
4,4
16,5
16,5
10,8
10,8
5,4
5,4
6,5
6,5
5,5
5,5
8,6
8,6
4,1
4,1
Tríceps
I
II
10,5
10,5
8,8
8,8
3,2
3,2
22,5
22,5
13,2
13,2
7,5
7,5
11,5
11,5
5,0
5,0
8,5
8,5
3,0
3,0
Bíceps
I
II
4,4
4,4
4,2
4,2
3,1
3,1
11,4
11,4
4,5
4,5
3,6
3,6
5,1
5,1
3,0
3,0
3,3
3,3
3,2
3,2
S. Esc.
I
II
9,5
9,5
7,7
7,7
5,8
5,8
14,3
14,3
12,3
12,3
6,7
6,7
9,5
9,5
7,5
7,5
11,7
11,7
5,9
5,9
Abdome
I
II
12,7
12,5
13,4
13,2
8,8
8,8
36,0
35,6
17,6
17,6
8,2
8,2
20,0
20,1
9,2
8,9
19,0
18,7
9,1
9,1
S. Ilíaca
I
II
8,2
8,0
8,0
7,8
4,4
4,2
28,5
28,2
9,7
9,7
4,6
4,6
11,1
11,0
5,7
5,5
9,2
9,2
4,1
4,0
Coxa
I
II
10,7
10,5
8,8
8,5
7,6
7,3
23,0
22,4
12,7
12,5
6,8
6,5
16,9
16,7
7,7
7,4
13,5
13,2
7,5
7,2
Perna
I
II
3,7
3,5
3,6
3,5
4,7
4,3
4,0
4,0
4,6
4,5
4,2
4,0
4,3
4,0
3,6
3,6
4,1
4,0
4,3
4,3
% gord.
I
II
19,7
18,7
16,8
17,2
5,6
4,7
31,2
30,1
27,9
27,8
14,5
13,5
20,8
21,1
10,7
10,8
14,0
12,6
8,9
7,6
KgGC
I
II
12,6
11,8
10,4
10,7
3,3
2,8
30,1
28,6
19,4
19,3
8,4
7,8
11,2
11,4
6,8
6,9
9,2
8,2
5,35
4,5
KgMM
I
II
51,2
51,2
51,6
51,3
56,3
56,2
66,4
66,4
50,0
50,1
49,7
49,7
42,8
42,6
56,9
56,8
56,4
56,4
54,5
54,2
A Tabela 2 exibe os valores das variáveis analisadas para se chegar à
composição corporal de cada atleta, na primeira (fevereiro) e segunda ( junho)
coleta de dados.
41
Na primeira avaliação, nota-se grande diferença na composição corporal de
cada atleta analisado.
O atleta 2 (16,8%) foi o que se aproximou mais da média do grupo (17,01%)
e os atletas 3 e 10 (5,6 e 8,9%, respectivamente) apresentaram índices abaixo do
considerado ótimo pela literatura para o futebol. Os demais estão dentro da
margem estabelecida como sendo “ótima”, com exceção dos atletas 4, 5 e 7,. que
apresentaram índices acima do estabelecido.
Na segunda avaliação podemos observar que todos com exceção dos
atletas 7 e 8, diminuíram os percentuais de gordura, porém apenas o atleta 2 se
aproximou mais da média do grupo, segundo as novas porcentagens (x = 16,41).
Os atletas 3 e 10 (4,7 e 7,6 % respectivamente) continuaram com os índices
abaixo do considerado ótimo pela literatura (de 10,1 – 20%). O número 7 está no
índice considerado moderado alto, os números 4 e 5, no índice alto, os demais
continuam dentro da margem estabelecida como sendo ótima.
Tabela 3 – Variáveis antropométricas em uma avaliação inicial, após 4 meses, em
média (x), desvio padrão (s) e delta percentual (∆ %).
Variáveis
Período Inicial
Pós
∆%
Antropométricas
Peso (Kg)
x
65,21
64,69
- 0,79
s
11,175
10,891
- 2,54
Estatura (cm)
x
175,5
175,5
0
s
6,505
6,505
0
% Gordura
x
17,01
16,41
- 3,52
s
7,698
7,836
1,792
Massa Magra (Kg) x
53,58
53,49
- 0,16
s
5,875
5,902
0,459
•
∆ %: a ordem dos valores corresponde à variação percentual entre as
avaliações II e I.
A Tabela 3 apresenta a média e desvio padrão de peso, altura, percentual de
gordura e massa magra dos atletas avaliados no período inicial e no pós
treinamento. Nela podemos verificar uma diminuição das médias em todas as
variáveis, exceto na estatura que se manteve.
42
4.2. Teste de 50m (Velocidade):
Tabela 4 – Velocidade em segundos numa avaliação inicial ( I ) e após 4 meses (
II ).
Atleta
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Amostra I
6,789
7,646
7,418
6,596
7,351
7,223
7,010
7,226
7,370
7,301
Amostra II
6,538
7,543
7,222
6,728
7,184
6,945
6,930
7,137
7,378
7,332
A Tabela 4 mostra que na primeira avaliação os atletas mantiveram boa
média, apenas os atletas 1 e 4 obtiveram marcas abaixo de 7 segundos (6,7 e 6,2
seg. respectivamente). Quando reavaliados, quatro atletas (1, 4, 6 e 7) obtiveram
marcas abaixo de 7 segundos, os demais continuaram próximos á média do
grupo.
Tabela 5 – Velocidade em uma avaliação inicial, após 4 meses, em média (x),
desvio padrão (s) e delta percentual (∆ %).
Período Inicial
Pós
∆%
Velocidade
•
x
7,188
7,093
- 1,321
s
~ 0,27
~ 0,29
~ 7,407
∆ %: a ordem dos valores corresponde à variação percentual entre as
avaliações II e I.
A Tabela 5 nos mostra a média e desvio padrão dos atletas no período
inicial e pós treinamento.
4.3. Teste T Student (estatística):
43
Tabela 6 – Desvio padrão da diferença (análises I e II) e razão t, para o teste de
velocidade, percentual de gordura e massa magra em Kg.
★
Velocidade
% Gordura
KgMM
S
0,223
0,658
0,13
t (calculado)
1,278
2,735
2,076
t 0,05
2,262
2,262
2,262
t 0,01
3,250
3,250
3,250
A Tabela 6 demonstra os dados estatísticos das amostras de velocidade,
percentual de gordura e massa magra em Kg (composição corporal).
Os dados obtidos com a presente pesquisa demonstraram a importância do
treinamento para o ganho e manutenção da condição física de um atleta.
Segundo SIGMARINGA e FRANÇA (1992) a performance esportiva levanta
questões para a ciência do esporte que os profissionais da área tentam solucionar.
Uma das questões levantadas se refere à influência da composição corporal sobre
o desempenho físico. Apesar da evolução tecnológica dos últimos anos, o número
de questões sem respostas permanece elevado.
Os dados antropométricos da presente pesquisa foram analisados a partir
da classificação dos índices de avaliação corporal, de acordo com LOHMAN
(1987) citado por LOPES et al (1999) e comparados nas avaliações I e II. Os
dados de velocidade foram analisados de acordo com a média e comparados nas
avaliações I e II. Em ambos foram realizados o teste T
para variáveis
dependentes (CALDEIRA, 1984).
Segundo
MACEK
&
VAÚRA
(1980)
vários
pesquisadores
estão
preocupados com aspectos do treinamento em crianças e adolescentes,
preocupação esta que pode estar vinculada ao interesse de se criar um maior
número de campeonatos ou conhecer a extensão do efeito da atividade física e do
esporte, ao passo que estes são parte integrante da vida de crianças e
adolescentes. A atividade física tem como característica causar modificações no
equilíbrio interno do organismo, levando-o a desenvolver mecanismos fisiológicos
adaptativos de acordo com a atividade implementada (GALLANI et al, 1997). E em
resposta ao treinamento MARTIN (1977) citado por WEINECK (1999) os efeitos
44
definem-se como um processo que favorece alterações positivas de um estado
físico, motor, cognitivo e afetivo.
O grupo analisado é composto por adolescentes com média de idade de
15,6 anos, o que pode também ter influenciado as alterações dos índices, pois
segundo TOURINHO FILHO et al (1998) um considerável número de mudanças
anatômicas e fisiológicas ocorrem na adolescência e podem influenciar na
“performance” e nesta mesma fase a maturação biológica pode diferir
consideravelmente da mesma idade cronológica. Observa-se neste período que o
nível de desempenho atingido em vários tipos de esportes, é mais dependente da
idade esquelética, do que da idade cronológica (ROWLAND, 1996 citado por
VILLAR e DENADAI 2001).
No caso do futebol, a semelhança da formação da resistência anaeróbia
com o jogo, garante a formação dos componentes relevantes a ele. De acordo
com BECNHAKER (1990) o segredo do sucesso no futebol pode ser procurado no
treinamento, porém para KRAUSP et al (1990) no jogo aprendemos o que é
preciso treinar.
V. CONCLUSÃO
Com a elaboração desse estudo, vimos que inúmeros fatores envolvem a
formação de um atleta, desde a elaboração de um correto programa de
treinamento visando a otimização da técnica e da tática numa situação de jogo até
a preservação da integridade física e psicológica utilizando atividades compatíveis
ao desenvolvimento motor do atleta. Isso possibilitou a importância de se
conhecer e pesquisar sobre os melhores métodos de preparação física e seus
efeitos, bem como os cuidados necessários no treinamento de jovens atletas de
futebol, respeitando a faixa etária e suas implicações.
O futebol classifica-se entre as modalidades coletivas complexas, ou seja,
os gestos desportivos não se repetem em intervalos regulares. A modalidade
assume características particulares, porém como em toda atividade física, causa
45
modificações no organismo do indivíduo levando-o a se adaptar fisiologicamente
da melhor maneira, buscando sempre melhores índices e resultados.
Um profissional de educação física deve conhecer as etapas de
desenvolvimento motor pelas quais o seu aluno / atleta passa, no caso do
presente estudo os adolescentes, podendo atuar de forma sensata na elaboração
de programas de treinamento adequado às suas necessidades.
46
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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52
VII. ANEXOS
Planilha de Coleta de Dados
(medidas e teste)
ATLETA 1
Avaliador: Rony Risério Marcondes Machado.
Data: ___/ ___/ _______.
Nome:
_____________________________________________________________.
Data de Nascimento: ___/ ___/ _______.
Idade: ____ anos.
Teste Velocidade: _______ segundos.
•
•
•
Tipo / Condições do solo: Tartã, pista de atletismo (seca, boas condições);
Horário: ____________.
Tempo / Temperatura: ___________.
Medidas:
•
•
•
Peso ______Kg.
Altura ______m.
Dobras:
Peito
Axilar
Tríceps
Bíceps
Sub Escapular
Abdominal
Supra Ilíaca
Coxa
Perna
Obs. Atleta 1, atleta 2, sucessivamente para não ocorrer troca de informações.
53
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Centro Universitário – UniFMU Efeitos do Treinamento de Futebol