Livros Obrigatórios UNICAMP 2015
Lisbela e o Prisioneiro – Osman Lins
AUTOR
Osman da Costa Lins (1924-1978) foi um escritor brasileiro natural de Pernambuco. É autor de contos,
romances, narrativas, livro de viagens e peças de teatro. Seu romance Avalovara (1973) é uma obra de arquitetura
narrativa, construído a partir de um palíndromo latino (sator arepo tenet opera rotas), dentro de uma espiral a partir
dos quais vão sendo desenvolvidos todos os capítulos do livro.
O incentivo para escrever veio do professor José Aragão, seu tutor no, então, Ginásio da Vitória. Dele, o
escritor herdou o sentido da disciplina e discernimento na ordenação imaginativa.
A partir da publicação de seus primeiros livros, a dedicação de Osman Lins a seu projeto literário intensificase e entrelaça-se com suas viagens ao Rio e a São Paulo, com seu estágio na França e com sua mudança para São
Paulo.
CARACTERÍSTICAS DA OBRA
Original de 1964, o livro que inspirou o filme de Guel Arraes é uma comédia com referências nordestinas.
A fidelidade de Osman Lins à busca de uma expressão própria na ficção, decorrente de uma recusa à cômoda
retomada do já conquistado e de uma fé inabalável no poder criador da palavra, foi reconhecida e admirada pela
crítica brasileira e estrangeira, com raras exceções. No entanto, ele é um autor ainda pouco difundido. Por isso é
oportuna esta publicação de Lisbela e o Prisioneiro.
Esta obra permite ao público entrar em contato com o texto, no registro dramático, de um autor meticuloso
no uso da palavra e na arquitetura da peça. Lisbela e o Prisioneiro foi sua primeira peça a ser encenada com sucesso.
E com certeza, é a que até hoje teve mais alcance de público. Se muito da fama de uma peça deve ser creditado ao
trabalho de direção, ao desempenho dos atores, à cenografia, ao figurino, à iluminação, ao som; outro tanto pelo
menos também deve ser atribuído ao texto do dramaturgo.
PERSONAGENS
Leléu - Leléu era um homem conquistador que trabalhava no Parque de Diversões da cidade. Até que um
dia conhece Lisbela, moça de casamento marcado com Douglas, e se apaixona a primeira vista.
Lisbela - Mocinha filha do tenente é namorada de Douglas, um rapaz que morava no Rio de Janeiro que foi
morar em Pernambuco, sua terra natal. Um dia de casamento marcado conhece Leléu e se apaixona por ele, e
começam a viver uma história de amor.
Dr. Noêmio - Douglas é um rapaz pernambucano que fala que nem carioca, que leva sua namorada, Lisbela
sempre para ver os seriados americanos do cinema, eles estão de casamento marcado, depois de saber que ela está
apaixonada por Leléu ele pede um conselho discretamente para o tenente sobre adultério e resolve mandar Frederico
Evandro matar Leléu.
Jaborandi - Soldado e corneteiro de onde Leléu e seus dois companheiros de cela estão presos. Fascinado
com séries.
Frederico Evandro - É um matador de sangue frio, nascido em Alagoas. Contratado para matar pessoas.
Pretende vingar-se do homem (Leléu) que se envolveu com sua irmã Inaura (que tinha apenas 15 anos).
Citonho - velho carcereiro de onde Leléu e seus dois companheiros de cela estão presos. Citonho tem a fama
de ser caduco, velho e fraco (por mais que não seja nem caduco e nem bobo).
Inaura - Irmã do matador Frederico Evandro. Apenas mais uma das jovens seduzidas pelo 'don juan' Leléu.
Testa-Seca e Paraíba - Companheiros de cela de Leléu.
Tenente - O tenente é um homem tradicional pai de Lisbela, ele tem simpatia com Douglas e quer que sua
filha case com ele, mas no final deixa ela fugir com Leléu.
Heliodoro - Cabo do destacamento - é um policial casado que tem uma amante.
Tãozinho - vendedor de passarinhos que rouba a Francisquinha, que era mulher de Raimundinho.
Francisquinha - Francisquinha é a amante de Tãozinho. Ela abandonara o marido (Raimundinho) para ficar
com Tiãozinho.
Lapiau - Artista de circo e amigo de Leléu.
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RESUMO DA OBRA
A obra começa com Jaborandi, Citonho, Testa-Seca e Paraíba conversando sobre as séries que Jaborandi
tanto ama. Leléu está foragido depois que Tenente Guedes levou-o para sua casa para trabalhar de graça, momento
em que Leléu conhecera Lisbela.
Na fuga, Leléu se vê de frente com um touro e faz o bicho parar, o que acaba salvando a vida de Frederico
Evandro (apelidado de Vela-de-Libras, assassino profissional) que seria tacado pelo animal.
Trazem Leléu de volta para a cadeia e mais tarde, Frederico aparece oferecendo seus serviços de assassino
profissional para Leléu, uma vez que este salvara sua vida. Leléu, porém, recusa a oferta, dizendo que quer seus
inimigos vivos. Frederico Evandro deixar diz que um dia voltará para oferecer seus serviços novamente.
Ao longo da história, Lisbela vai ajudando Leléu a escapar da cadeia, fazendo seu pai (Ten. Guedes) dar e
permitir coisas ao amado (deixar ficar com o violão que Lapiau traz e uma corda para “treinar” corda-bamba pro
circo).
Durante a narrativa, Tãozinho (vendedor de pássaros) aparece na cadeia pedindo ajuda aos oficiais, dizendo
que “roubou” a mulher de um outro homem (Raimundinho). Por mais que a mulher tenha passado a morar com ele,
Raimundinho não quer permitir que Tãozinho vá buscar as roupas da mulher e ainda diz que tem direito a uma parcela
do dinheiro que a mulher levou consigo para morar com Tãozinho. Leléu diz que é mentira, pois não existe “lei pra
corno”.
Leléu combina, certa hora, com seu amigo Lapiau para fingir ser um frade e para casar (farsa) Heliodoro com
uma menina jovem (uma vez que a mãe da menina só permitia o relacionamento com casamento). Heliodoro já é
casado, por esse motivo, o casamento deveria ser falso. Lapiau cobra um valor em réis de Heliodoro. Este acaba
fazendo esse casamento e na primeira relação sexual com a menina, descobre que ela já não era virgem e perde todo
o gosto. Lapiau promete dividir a quantia que ganhou de Heliodoro com Leléu (dinheiro que está escondido dentro
do violão que Lapiau dá pra Leléu)
Ao longo do enredo, Lisbela visita a cadeia certas vezes para ficar mais próxima de Leléu e eles conversam
brevemente, uma vez que os oficiais estão sempre de vigia.
Leléu combina com Testa-Seca e Paraíba que vão utilizar a corda que ganhou do Tenente Guedes (a pedido
de Lisbela) para fugir da cadeia, porém pede uma parcela do ouro que Paraíba enterrou; eles fecham o acordo.
Leléu descobre que Frederico Evandro (o assassino) é irmão de Inaura (uma das mulheres que Leléu deflorou)
e está voltando para matar Leléu.
Na noite do casamento de Lisbela com Dr. Noêmio, os oficiais ganham comida e bebida para dar aos
prisioneiros e para comerem também. Todos comem e dançam na prisão. Os oficiais apagam as luzes da cadeia e
ficam do lado de fora continuando a comer, beber e conversar.
Tenente Guedes volta para a prisão querendo saber de Leléu (uma vez que descobre que Frederico quer matar
Leléu). Porém, Leléu e seus companheiros fugiram com a corda. Os oficiais são mandados a ir buscar Leléu e os
companheiros. Testa-Seca e Paraíba são pegos e colocados de volta na cela. Dr. Noêmio aparece dizendo que sua
esposa, Lisbela, sumiu e todos chegam a conclusão que ela fugiu com Leléu. Porém, Lisbela aparece travestida de
homem dizendo que Leléu não foi ao encontro dos dois para fugirem juntos. Frederico Evandro aparece procurando
Leléu, mas todos o informam que o rapaz fugiu. Pouco depois, Leléu aparece na cadeia com dois cavalos e se
explicando.
Frederico Evandro saca sua arma. Citonho tenta proteger Leléu que empurra Citonho e vai pra cima do
assassino para tomar a bala em vez de seu protetor. Um barulho de tiro ecoa pela prisão, porém é Lisbela que pegou
a arma de um dos oficiais e atirou no Frederico. Após o acontecido, Tenente Guedes fica desesperado, agora com
uma filha assassina. Lisbela deixa a pistola num banco perto da cela onde se encontram Testa-Seca e Paraíba.
Surge a ideia de Lisbela fugir com Leléu, agora que é assassina e para não ser presa. Dr. Noêmio fica com
raiva e vai embora. Lisbela e Leléu fogem juntos. Testa-Seca alcança a arma no banco e aponta para Tenente Guedes
e para os outros oficiais. Tãozinho aparece novamente perguntando porque os oficiais estão tão preocupados com o
teto cair (afinal, eles estavam com as mãos para cima), Tenente Guedes responde: “Olha o teto aí”, apontando com a
cabeça para Testa-Seca. Os prisioneiros mandam os oficiais abrirem a cela. Testa-Seca aponta a arma para Tãozinho
e o mesmo responde: “Pode atirar, a mulher me benzeu contra bala, fincada, picada de cobra.”. Testa-Seca dispara e
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nada acontece. Tãozinho dá a ideia de testar novamente só que em Tenente Guedes. Testa-Seca atira e nada acontece
novamente. Testa-Seca, se divertindo, fala pra Paraíba: “Oh, é bala de festim, Paraíba” e atira no parceiro. Paraíba
cai no chão morto. Testa-Seca desesperado, corre para o amigo: “Paraíba, me fala onde você enterrou o ouro, eu tava
brincando, você não falou onde tá o ouro enquanto dormia não. Para!!!”. Testa-Seca, confuso, olha pros oficiais.
Tenente Guedes pergunta para Juvenal, que acabou de aparecer, sobre a arma. Juvenal responde que na sua arma
tinha uma bala de verdade apenas, o resto era de festim.
Então descobrem que Frederico Evandro morreu de medo (literalmente), Paraíba foi realmente morto com a
bala, a sentença de Testa-Seca vai duplicar (pois agora é um assassino) e que Lisbela não precisava de ter fugido,
pois, na verdade, não era assassina.
ANÁLISE CRÍTICA (Sandra Nitrini e Cláudia Rodrigues Dias Taamy, Mestra em Letras – Mackenzie)
Lisbela e o prisioneiro, de Osman Lins, foi publicada em 1963 pela Edição da Sociedade Brasileira de
Autores Teatrais, em tiragem limitada e de alcance restrito, resgatando um universo da cultura popular e, apesar desse
caráter nacional-popular, não se limita a questões do tempo em que foi escrita. A época pode explicar a gênese, mas
não dá conta da estrutura que, nesse caso, vai além dela ou seja, é uma peça de origem rural mas que permite leituras
urbanas, tendo uma perspectiva popular recriando situações que se encaixam em qualquer região e tempo
representada em situações divertidas por meio da linguagem. É uma comédia de caracteres, embora as ações
desenvolvidas na cadeia de Vitória de Santo Antão desempenhem uma função considerável na sua estrutura
tradicional, com exposição, desenvolvimento, falso clímax, clímax, desfecho de situações, vivenciadas por
personagens nordestinas e muito bem amarradas.
Lisbela, filha do Tenente Guedes, delegado da Cadeia de Santo Antão, forma par amoroso com o funâmbulo
Leléu, um Don Juan nordestino. Esse casal anticonvencional assume riscos em nome de sentimentos intensos. Lisbela
foge com Leléu, no dia de seu casamento com Dr. Noêmio, advogado vegetariano, por isso mesmo personagem
destoante do meio em que se encontra, prestando-se a alvo de muitas tiradas cômicas. Ao marido, doutor,
representante do estabelecido e da segurança, a jovem prefere Leléu, o artista de circo preso, com tudo o que este
significa de risco e subversão dos valores vigentes em seu meio.
A peça é dominada pela presença de personagens masculinas. Além das já referidas, atuam na cadeia de
Vitória de Santo Antão, Jaborandi, soldado e corneteiro, afeiçoado a fitas em série; Testa-Seca e Paraíba, outros
presos; Juvenal, outro soldado; Heliodoro, cabo de destacamento, casado, já com uma certa idade, apaixonado por
uma jovem, o qual chega a forjar um falso casamento para possui-la; Tãozinho, vendedor ambulante de pássaros, que
rouba a mulher de Raimundinho; Frederico, assassino profissional, à procura de Leléu, que deflorou sua irmã Inaura,
e que por ele é salvo, sem saber, de um ataque de boi; Lapiau, artista de circo, amigo de Leléu, que participa da farsa
de casamento de Heliodoro com a jovem; Citonho, o velho carcereiro, esperto e dinâmico, cúmplice, no final, de
Lisbela e de Leléu e mais dois soldados, personagens mudas.
Lisbela, a única filha do tenente Guedes, é também a única mulher que atua em cena; as outras são apenas
mencionadas nos diálogos. E atua com força, porque enfrenta a autoridade patriarcal, representada pelo pai e pelo
noivo, ao tomar iniciativa para colaborar com a fuga de Leléu da prisão e a se dispor a abandonar o marido no dia de
seu casamento para aventurar-se na vida com o equilibrista. Como se não bastasse isso, é ela quem livra Leléu da
morte, ao atirar, aparentemente, em Frederico, o assassino profissional, quando este lhe apontava a arma, pouco antes
do desfecho da peça. Parece e julga-se tornar-se uma criminosa, colocando o pai numa situação incômoda. Para livrar
a própria filha da cadeia, este usará expedientes comprometedores para a lisura de uma autoridade, com o fito de
embaralhar ou ocultar a autoria do suposto crime, pois no desfecho da peça revela-se que Frederico morreu de morte
natural. Por suas ações, Lisbela não apenas renega os mesquinhos valores, mas também expõe as fraturas da sociedade
patriarcal.
O gênero comédia aliado ao perfil anticonvencional da dupla protagonista foi muito bem escolhido por
Osman Lins para pôr em cena, no contexto de uma região de valentias, de sentimentos exaltados, de honra e
vinganças, um crime inesperado, porque aparentemente cometido pela jovem Lisbela. Inesperado, mas plenamente
justificado, se tivesse ocorrido.
Atitudes que causam surpresa também compõem Leléu, que nada tem de prisioneiro em termos dos valores
estabelecidos, garantidores de acomodada segurança, mas negadores da “flama da vida”. Volúvel nos amores,
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experimentador de várias profissões, portador de diferentes identidades, afeiçoado a riscos e deslocamentos, o
circense Leléu, que tanto quer e tanto faz para sair das grades da cadeia de Vitória de Santo Antão, não hesita a ela
retornar, só para ficar próximo de Lisbela, quando fracassa o plano de fuga dos dois. O paradoxal retorno à prisão é
mais um movimento desta personagem para a libertação das amarras de valores que lhe são menores do que os
impulsos da vida. Ele vive sempre com fervor seu minuto de aflição ou de alegria, como bem acentuou o próprio
Osman Lins, ao apontar para o efeito contaminador de sua ”flama”, no programa da primeira temporada desta
comédia: Leléu acende, mesmo na cadeia, as apagadas chamas de Lisbela e desperta em Citonho, o velho carcereiro,
o herói escondido.
Aliás, essa personagem é uma daquelas que mais se destacam na peça e atraem a atenção e a conivência do
leitor, porque de velho caduco e fraco, propício a gozações dos mais jovens e fortes, ele não tem nada. Com maestria,
Osman Lins desvela na personagem octogenária, enfraquecida, em tese, pela faixa etária e pela categoria da função
exercida, a mais desqualificada do contexto da peça, sua perspicácia, lucidez, força e coragem. O velho solitário
considerado caduco pelo tenente Guedes é o que, de todos os seus submissos, mais o enfrenta: toma partido de Lisbela
e de Leléu, em prol do amor libertário, com todos os seus riscos, e age com esperteza para proteger a jovem da
suposta autoria de seu crime. Enfim, do velho também emanam vida e movimento.
Essa poética do avesso contribui ainda para relativizar o lado antipático do tenente Guedes, representante da
polícia. Apesar de suas atitudes condenáveis, como os desmandos, a prepotência, a conivência com o crime, o
delegado mostra-se humano quase todo o tempo. Por causa de sua função, não consegue se desvencilhar do
“encarceramento profissional” e se vê obrigado a tomar atitudes contrárias a seu temperamento. Eis um dos motivos
pelos quais está sempre a afirmar que “a autoridade é um fardo”. Bordão com efeitos cômicos, de acordo com as
situações nas quais é proferida. No fundo, o tenente Guedes é mais prisioneiro de sua profissão que todos seus
subalternos.
Dentre estes, merece menção especial o soldado e corneteiro, Jaborandi, que vive fugindo do local de
trabalho, para assistir fitas em série no cinematógrafo, interrompendo seus momentos de fantasia, na hora que tem
de tocar a corneta. Em meio a idas e vindas, ele vive entre o sonho e a realidade, mas uma realidade na qual sua
função, tocar corneta, é desprovida de sentido consequente, a não ser o de acentuar a sua falta de sentido naquele
contexto: para quê tocar corneta numa prisão? No mínimo, tais cenas provocam o riso, cumprindo sua função na
comédia, e abrem brechas para o próprio Jaborandi e outras personagens estabelecerem ligação entre as estruturas
das fitas em série (filmes de bandido e mocinho) e os episódios da comédia, além de interiorizarem na própria peça
alusões às relações entre a vida e a fantasia.
Por mais despretensioso que tenha sido Osman Lins na composição simples e direta desta comédia, quando
se encontrava ainda na fase da busca de caminhos próprios para sua ficção e para seu teatro, como ele próprio afirmou
em entrevista concedida em 1961, o fato é que Lisbela e o prisioneiro é uma peça de um autor seguro, engenhoso e
talentoso, que tem muito ainda a dizer em nossos dias, desde o que se refere aos desmandos e à conivência da polícia
com o crime até questões de ordem existencial.
O regionalismo de Lisbela e o prisioneiro, fundado no aproveitamento de incidentes testemunhados por
amigos, por familiares e por Osman Lins bem como apoiado na transposição de ditados, expressões populares e
dísticos encontrados em para-choques de caminhões, é transfigurado sob a pena de seu autor. Matéria e linguagem
reelaboradas tecem esta peça, regada por uma equilibrada dosagem de leveza, comicidade e ternura, e assentada em
valores libertários em prol da vida, o que lhe abre as portas para outros tempos e outros espaços.
SITES UTILIZADOS
https://pt.wikipedia.org/wiki/Osman_Lins
http://www.osman.lins.nom.br/
http://www.passeiweb.com/estudos/livros/lisbela_e_o_prisioneiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lisbela_e_o_Prisioneiro_(livro)
http://www.planetadelivros.com.br/lisbela-e-o-prisioneiro-livro-166446.html
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Resumo do livro Lisbela e o Prisioneiro - Osman Lins