RELAÇÕES INTERPESSOAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM NO
PROCESSO DE TRABALHO.
Mariana Pereira da Silva1, Soraya Maria de Medeiros2, Verônica Rodrigues
Fonsêca Costa3, Alexsandra Vieira Mariano4, Maria Gabriela Dantas de Azevedo
Silva5.
INTRODUÇÃO: O presente estudo aborda as relações interpessoais da equipe de
enfermagem, contribuindo para o processo de trabalho em saúde. Uma equipe só funciona
com perfeição se seus integrantes estiverem articulados entre si. Dentro desse contexto,
destacam-se as relações interpessoais, que no ambiente de trabalho devem ser compreendidas,
a fim de aperfeiçoar o vínculo pessoal entre os membros da equipe, estabelecendo relações
éticas e de respeito (1). A equipe de enfermagem é marcada pela fragmentação das ações,
reforçada pelo rigor de muitos hospitais, os quais mantêm uma rígida estrutura hierárquica e
exigem da equipe de enfermagem o cumprimento de rotinas, normas e regulamentos (2). A
partir disso, sentiu-se a necessidade de estudar as relações interpessoais da equipe de
enfermagem. A escolha por esse grupo como foco de pesquisa ocorreu pela necessidade de se
conhecer esse grupo complexo e importante para a saúde. O relacionamento interpessoal entre
a equipe de enfermagem foi o mais significativo para a autora, tornando-se o objeto de estudo
desta pesquisa, fator primordial para promover uma prática educativa. É de grande relevância
estudar um assunto que envolve uma profissão tão importante na área da saúde,
compreendendo grande parte do corpo trabalhista de uma instituição hospitalar. OBJETIVO:
Analisar as relações interpessoais da equipe de enfermagem em seu ambiente de trabalho.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa. Realizado
em um Hospital de referência estadual em urgência, situado no distrito sanitário leste do
município de Natal/RN. Os sujeitos da pesquisa foram os trabalhadores da equipe de
enfermagem de uma enfermaria, incluindo enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
Foram selecionados somente os profissionais que aceitaram participar da pesquisa, assinando
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e estavam no momento da coleta das
informações no referido local. Foram excluídos da pesquisa os profissionais que não eram da
área de Enfermagem, ou que não quiseram participar da pesquisa, e os que não estavam na
instituição hospitalar no momento da coleta .A coleta das informações ocorreu no mês de
Abril de 2012 e totalizou 16 sujeitos. Foi viabilizada após parecer favorável da aprovação do
1. Mestre em Enfermagem/UFRN. Enfermeira do trabalho/FACISA. Gerente de Enfermagem do Pronto-Socorro
Clóvis Sarinho. Professora de Enfermagem da Estácio/FATERN.
2. Doutora em Enfermagem. Professora da graduação e pós-graduação em enfermagem da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
3. Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Formação Pedagógica em Educação Profissional na
Área de Saúde-Enfermagem. Enfermeira do Pronto-Socorro da UMS Dr.Paulo Bernardino de Medeiros-Cidade
Saté[email protected]
4. Enfermeira graduada pela UFRN.
5. Estudante de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Iniciação
Científica.
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CEP/UFRN. Através de entrevistas semiestruturadas compostas de perguntas abertas e
fechadas. Antes de realizar as entrevistas com os sujeitos da pesquisa, ocorreu um pré-teste
com profissionais de enfermagem de outra enfermaria. As informações coletadas foram
analisadas a partir da técnica de análise de conteúdo temática (3). Após a conclusão da coleta
de informações realizaram-se as transcrições das entrevistas gravadas. 5. RESULTADOS:
Sobre os sujeitos pesquisados, foram investigadas as informações referentes à idade, sexo,
estado civil, grau de instrução, regime de trabalho, tempo de serviço e vínculo empregatício.
Observou-se que seis dos participantes apresentam idades entre 25 e 30anos, dois possuem
idade entre 30 e 40 anos, três com idade entre 40 e 50 anos e cinco encontram-se com mais
de 50 anos de idade. O entrevistado mais jovem tem 25 anos de idade e o mais velho, 61 anos.
Quanto ao sexo, a maioria dos profissionais entrevistados correspondeu ao sexo feminino,
compreendendo 15 sujeitos, realidade que condiz com a encontrada dentro do campo da
Enfermagem. Por ser uma profissão com referências históricas femininas, oferece pontos de
resistência na participação masculina. Trabalhos que envolvam força física, ou status social e
poder, como a área jurídica, engenharias e a Medicina são caracterizados como profissões
masculinas. Já o magistério, trabalhos domésticos e a Enfermagem são caracterizados como
femininas (4). Quanto ao estado civil dos (as) entrevistados (as), oito são solteiros (as), cinco
são casados (as) e três são divorciados (as). Como a maioria dos (as) entrevistados (as) tem
menos de 30 anos, está em conformidade com a idade dos sujeitos, já que se caracterizam
ainda em processo de construção profissional. Os números acima são compatíveis com o
cenário nacional da profissão de enfermeiro, analisado a partir de um perfil dos profissionais
publicado pelo Conselho Federal de Enfermagem (5). Entre os entrevistados, sete têm nível
superior, embora dois destes atuem como técnicos de enfermagem na instituição estudada. Os
nove restantes têm nível médio completo. Alguns técnicos de enfermagem buscam o
aperfeiçoamento profissional, e no contexto em que está inserida, a realidade encontrada é que
muitos destes profissionais fazem a Graduação em Enfermagem.
A instituição em destaque possui dois regimes de trabalho: 30 e 40 horas semanais, ou
respectivamente 108 e 144 horas mensais. Dentre os entrevistados, quatro possuem carga
horária de 30 horas semanais, 12 deles trabalham 40 horas semanais. Constatou-se que cinco
dos participantes têm menos de cinco anos de trabalho na instituição; um tem de cinco a dez
anos; sete encontram-se entre dez e 20 anos de trabalho; e três têm mais de 20 anos de
serviço. Dos 16 entrevistados, apenas três tem dois vínculos. A maioria dos profissionais atua
1. Mestre em Enfermagem/UFRN. Enfermeira do trabalho/FACISA. Gerente de Enfermagem do Pronto-Socorro
Clóvis Sarinho. Professora de Enfermagem da Estácio/FATERN.
2. Doutora em Enfermagem. Professora da graduação e pós-graduação em enfermagem da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
3. Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Formação Pedagógica em Educação Profissional na
Área de Saúde-Enfermagem. Enfermeira do Pronto-Socorro da UMS Dr.Paulo Bernardino de Medeiros-Cidade
Saté[email protected]
4. Enfermeira graduada pela UFRN.
5. Estudante de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Iniciação
Científica.
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com apenas um vínculo (13). CONCLUSÃO: O trabalho da equipe de enfermagem está
inserido em um contexto muito complexo. Essa complexidade é marcada por uma estrutura
social e econômica de trabalho, baseada no modelo capitalista de exploração da força de
trabalho. A relação da equipe de enfermagem com os demais profissionais da saúde foi
identificada como fria e restrita, na qual foi observada uma comunicação mínima com a
equipe de saúde. A maior dificuldade de interação relatada pelo pessoal de enfermagem foi
com relação ao profissional médico, pela característica do modelo biomédico que ainda se
encontra vigente no país. Nas relações interpessoais de enfermagem, foram identificadas
fragilidades e fortalezas nesse processo. As fragilidades foram mais marcantes para as
entrevistadas. Assim, os resultados desta pesquisa mostram a necessidade de mudanças no
cenário atual, a fim de possibilitar melhores condições de trabalho, com profissionais mais
satisfeitos e valorizados pela instituição em que exercem suas funções. O fortalecimento das
relações interpessoais na equipe de enfermagem precisa expandir-se até atingir um grau de
consolidação da profissão e exercício do poder democrático da categoria profissional. Diante
disso, é necessária a ampliação deste estudo em atividades voltadas para a instituição, que
forneceu seu espaço e seus indivíduos para esta pesquisa, os quais vivenciam uma realidade
difícil, embora comum para a saúde brasileira, a qual comporta um sistema de saúde precário,
fragmentado e com condições laborais deficitárias. CONTRIBUIÇÕES: O presente estudo
se propõe a trazer novos elementos na discussão das relações interpessoais, tais como:
aspectos em relação a precarização, as condições de trabalho e do trabalhador, investigando a
partir disso novas problemáticas que envolvem as relações interpessoais da equipe de
enfermagem.
REFERÊNCIAS 1. Urbanetto JS, Capella BB. Processo de trabalho em enfermagem.
gerenciamento das relações interpessoais. Rev. bras. enferm. Brasília: [s.n.], v. 57, n. 4, ago.
2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n4/v57n4a12.pdf>. Acesso em: 14
dez. 2010.2. Neumman VN. Qualidade de vida no trabalho: percepções da equipe de
enfermagem na organização hospitalar. 2007. 164f. Dissertação (Mestrado em
Enfermagem). Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 20073. Bardin L. Análise de conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.4. Pereira
PF. Homens na Enfermagem: Atravessamentos de gênero na escolha, formação e exercício
profissional. 2008. 104 f. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2008.5. CFE. Análise de dados dos profissionais de enfermagem
1. Mestre em Enfermagem/UFRN. Enfermeira do trabalho/FACISA. Gerente de Enfermagem do Pronto-Socorro
Clóvis Sarinho. Professora de Enfermagem da Estácio/FATERN.
2. Doutora em Enfermagem. Professora da graduação e pós-graduação em enfermagem da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
3. Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Formação Pedagógica em Educação Profissional na
Área de Saúde-Enfermagem. Enfermeira do Pronto-Socorro da UMS Dr.Paulo Bernardino de Medeiros-Cidade
Saté[email protected]
4. Enfermeira graduada pela UFRN.
5. Estudante de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Iniciação
Científica.
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existentes
nos
Conselhos
Regionais.
2011.
Disponível
em:
http://site.portalcofen.gov.br/sites/default/files/pesquisaprofissionais.pdf. Acesso em: 03 jan
2013.
Descritores: Enfermagem; Relações interpessoais; Saúde do trabalhador.
Eixo: Questões antigas e novas da pesquisa em enfermagem.
Área temática: Ética em Saúde e Enfermagem.
1. Mestre em Enfermagem/UFRN. Enfermeira do trabalho/FACISA. Gerente de Enfermagem do Pronto-Socorro
Clóvis Sarinho. Professora de Enfermagem da Estácio/FATERN.
2. Doutora em Enfermagem. Professora da graduação e pós-graduação em enfermagem da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
3. Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica e Formação Pedagógica em Educação Profissional na
Área de Saúde-Enfermagem. Enfermeira do Pronto-Socorro da UMS Dr.Paulo Bernardino de Medeiros-Cidade
Saté[email protected]
4. Enfermeira graduada pela UFRN.
5. Estudante de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Iniciação
Científica.
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