PERFIL DO ACADÊMICO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI - E A NECESSIDADE DE
ADAPTAÇÃO ÀS NORMAS INTERNACIONAIS
Isabelle Ribeiro Viana
Bolsista do Programa de Iniciação Científica da
Universidade Estadual do Piauí – UESPI.
Amanda Raquel da Silva Rocha
Diretora do Centro de Ciências Sociais Aplicadas
da UESPI – Campus Torquato Neto
Professora Titular do Departamento de Ciências
Contábeis.
1. INTRODUÇÃO
Através desta pesquisa a ser desenvolvida para observar e formar um perfil dos
acadêmicos do curso de Ciências Contábeis da UESPI, é levantado o seguinte problema: Qual
o perfil geral do estudante de Contabilidade da Universidade Estadual do Piauí relacionado a
necessidade de adaptação às normas internacionais? A resposta a este questionamento assume
a função de importante instrumento para melhor compreender a realidade e as necessidades
dos discentes, e ajustar a metodologia de ensino praticada na instituição juntamente com o
currículo do curso, incluindo ou não a disciplina Contabilidade Internacional nessa grade para
adquirir maior adaptação da graduação ao perfil do acadêmico estabelecido através de estudos
relacionados como esse trabalho.
Para analisar o perfil dos alunos do curso de Ciências Contábeis da Universidade
Estadual do Piauí – UESPI, considera-se a reunião de diversos fatores para essa pesquisa, tais
como: motivos que os levam à escolha do curso, seus objetivos referentes à profissão contábil
e aos ramos da Contabilidade mais procurados para futura pós-graduação, assim como nível de
participação em eventos fornecidos tanto pela universidade como por instituições de ensino
que oferecem espaço para apresentação de trabalhos científicos em geral. Conhecimento sobre
Contabilidade Internacional e harmonização das normas internacionais serão úteis para
possíveis conclusões sobre o problema proposto.
Os alunos de uma IES deparam-se com vários questionamentos sobre a escolha do seu
curso e a definição de suas aptidões. Partindo dessa idéia, sugere-se que sejam discutidas as
variáveis sociais que influenciam nesta decisão, contribuindo de modo significante para a
formação do perfil destes estudantes, considerando aspectos como motivação, expectativas
quanto à formação e a definição de suas aptidões, além de critérios como origem sócioeconômica, mercado de trabalho, remuneração satisfatória, influência de terceiros, abertura de
uma empresa própria, estrutura da universidade e seu corpo docente, menor concorrência, que
são primordiais para a devida avaliação sobre as características destes discentes na
universidade analisada.
Pode-se compreender a importância do estudo da Contabilidade Internacional pelo
acadêmico de contábeis da UESPI e pelos demais acadêmicos de Ciências Contábeis de
acordo com o que afirma o autor Jorge Katsumi Niyama (2005, p.39):
Primeiramente, a busca de uma harmonização contábil em
termos mundiais passa obrigatoriamente por uma discussão mais
aprofundada sobre harmonização de currículos básicos de cursos
de Ciências Contábeis, tarefa que vem sendo desenvolvida pela
IFAC e outros órgãos regionais.
Nota-se que a temática abordada pelo projeto é de expressiva relevância social, técnica
e científica. Por ser a Contabilidade uma ciência social, não se restringe ao trabalho
operacional em uma determinada entidade, fator esse que determina a adequação do perfil dos
alunos às relações em sociedade, facilitando a comunicação entre os estudantes e profissionais
contábeis de diversos países. Além disso, o caráter técnico e científico do estudo é explicado
por estar em causa o uso de dados estatísticos e bases teóricas a fim de se obter resultados
concisos e analíticos sobre a questão anteriormente apontada. De acordo com Parecer CNE /
CES 146/2002 (2002, p. 14):
O perfil desejado do formando do curso de graduação em
Ciências Contábeis deve contemplar um perfil profissional que
revele a responsabilidade social de seus egressos e sua atuação
técnica e instrumental, articulada com outros ramos do saber e,
portanto, com outros profissionais, evidenciando o domínio de
habilidades e competências inter e multidisciplinares.
A partir da análise das informações coletadas, das instruções adquiridas e
fundamentadas e de hipóteses a respeito da estruturação do perfil acadêmico dos alunos
consultados, o presente trabalho se justifica pela necessidade de contribuir e informar tanto
alunos quanto professores do curso de Ciências Contábeis da UESPI sobre modificações
plausíveis e aceitáveis no programa de aprendizado da universidade, assim como avaliar
técnicas mais eficazes de ensino, desenvolver novas pesquisas nesta linha e orientar o corpo de
docentes da instituição a fim de melhor oferecer uma graduação qualificada que responda às
exigências e ao perfil dos estudantes que por este projeto será apresentado.
Outro fator importante para justificar esse trabalho é a exigência de postura adequada
dos alunos do curso de Ciências Contábeis para conservar as diretrizes que coordenam esta
graduação e adaptá-las se for necessário ao ambiente contábil internacional. À medida que os
estudantes inseridos na universidade definem suas exigências e suas aspirações, a própria
instituição estabelece as adequações intrínsecas do curso às quais os discentes devem se
submeter. Todas essas relações e adaptações são resultantes do processo de conciliação entre
os perfis dos estudantes e do curso superior.
Por fim último, este projeto impulsiona consequentemente diversos pesquisadores a
buscar soluções para auxiliar professores e demais funcionários da IES na tentativa de
valorizar de maneira crescente uma ciência que objetiva desenvolver formas mais eficientes e
modernas de atividades contábeis que preencham as exigências do ensino na universidade,
incluindo o estudo da contabilidade internacional, e no posterior mercado de trabalho.
2. OBJETIVOS
Objetivo Geral
- Analisar o perfil dos acadêmicos do curso de Ciências Contábeis da
Universidade Estadual do Piauí – UESPI frente às necessidades de adaptação às normas
internacionais.
Objetivos Específicos
- Buscar os motivos e os interesses na escolha do curso e o grau de
conhecimento desses discentes sobre as normas internacionais de Contabilidade e os
posicionamentos em relação à presença ou não da Contabilidade Internacional na grade
curricular do curso.
- Determinar as expectativas/satisfações dos alunos quanto ao curso com a
finalidade de desenvolver o conhecimento e aperfeiçoar as práticas de ensino na referida
instituição.
- Estudar a qualidade da educação contábil na UESPI direcionada à
harmonização de padrões contábeis internacionais, a fim de estabelecer um nível de influência
desta pesquisa na formação criteriosa do perfil acadêmico dos discentes da citada instituição.
- Conhecer e verificar, dentro do que será adquirido através da análise dos
dados coletados, as principais características dos alunos, tendo em vista a necessidade de se
obter um corpo de discentes capacitados e devidamente preparados para competir no mercado
de trabalho.
- Contextualizar a educação contábil no Brasil – Piauí em relação ao cenário da
Contabilidade Internacional.
3. METODOLOGIA
A metodologia usada no desenvolvimento deste trabalho foi de natureza exploratória e
descritiva, sendo utilizadas pesquisas bibliográficas (livros e periódicos), além de consultas a
internet, pesquisa documental e principalmente pesquisa de campo com abordagem
quantitativa, já que foi feita a aplicação de questionários aos alunos do curso de Ciências
Contábeis da Universidade Estadual do Piauí, conferindo ao projeto um caráter instrumental.
No que tange ao tipo de pesquisa (descritiva) é importante ressaltar que a mesma não
manipulou os fatos, mas observou, registrou, analisou e os vinculou, evidenciando os pontos
mais pertinentes da população observada. Afinal, a constituição de um perfil acadêmico serve
como referência para a universidade em questão que necessita não somente de uma reunião de
fatores analíticos, mas de dados objetivos que contribuem para um melhor posicionamento dos
discentes baseados nos resultados do estudo, sendo possível a conciliação entre expectativas,
exigências e aspirações com as normas pré-estabelecidas ma instituição de ensino.
Para a realização desta pesquisa foram aplicados ao todo 47 questionários distribuídos
entre o terceiro, quinto e sétimo período do curso de Ciências Contábeis da Universidade
Estadual do Piauí – UESPI para traçar um perfil evolutivo dos alunos. O segundo, quarto e
sexto bloco não foram incluídos na pesquisa por não estarem funcionando no período em que
foram aplicados os questionários.
Os questionários direcionados ao quinto período foram aplicados em junho de 2010,
enquanto os referentes ao terceiro e sétimo período foram aplicados em agosto do mesmo ano.
Tais questões, subjetivas e objetivas, buscaram identificar desde os motivos e os interesses dos
alunos na escolha do curso, suas expectativas/satisfações, bem como o nível do processo de
ensino/aprendizagem nesta instituição de ensino superior baseado na análise do corpo discente
e docente frente às necessidades de adaptação às normas internacionais.
4. RESULTADOS OBTIDOS
A princípio, foram analisados os questionários aplicados aos alunos do 3º período.
Primeiramente, o motivo para escolha do curso de Ciências Contábeis que predominou foi o
“mercado de trabalho” (56%), enquanto 28% dos alunos optaram por “vocação ou afinidade”,
11% afirmam ter escolhido o curso por “influência de terceiros” e apenas 5% dos estudantes
marcaram “concorrência no processo seletivo”.
O mercado de trabalho no Brasil aponta diversas áreas de atuação para um contador
bem como exige maior capacitação e conhecimento multidisciplinar coerente com a possível
remuneração satisfatória, fator esse que pode influenciar diversas pessoas a escolherem o
curso de Ciências Contábeis como opção para sua realização profissional.
Entre as respostas sobre as expectativas dos alunos em relação ao curso, a que teve
porcentagem significativa foi “ser profissional bem-sucedido com remuneração satisfatória”,
com 70%. Importante ressaltar que nenhum dos alunos questionados respondeu “ participar
futuramente do corpo docente da universidade”.
As expectativas dos discentes em relação ao curso e o motivo para sua escolha estão
diretamente ligados. Isso revela que para a maioria dos alunos não basta haver um mercado de
trabalho atrativo, é preciso também estar preparado prossifionalmente para fazer parte do
mesmo e ser bem-sucedido. Além disso, uma parcela dos alunos optou por “adquirir
experiência para passar em concurso público”, com 18%, evidenciando que a carreira pública
é objetivo para muitos estudantes.
No que concerne à quantidade de vezes em que os alunos ficaram retidos em
disciplina(s) durante os períodos já cursados, apenas três estudantes do 3ª período marcaram
que ficaram retidos em duas matérias, sendo elas matemática financeira e estatística,
representando os 18% no gráfico em contrapartida a 82% dos discentes que não reprovaram
em nenhuma disciplina.
O bom uso de procedimentos de ensino/aprendizagem numa instituição de ensino
superior
reflete diretamente no desempenho dos alunos que veem nessas técnicas o
desenvolvimento de suas habilidades e aperfeiçoamento de suas competências para exercer a
profissão com eficiência e conhecimentos formados. Quanto a esse aspecto, observa-se que
pouco mais da metade dos alunos (53%) atribuem uma nota que varia de 6,1 a 8 quanto ao
grau de satisfação referente ao processo de ensino/aprendizagem adotado pelo corpo docente
da universidade.
Enquadram-se na parcela de 23% os estudantes que conferiram ao curso a nota entre
4,1 e 6; e12% escolheram notas que variam entre 0 a 4. Através desses dados pode-se afirmar
que apesar de 53% dos alunos estarem relativamente satisfeitos com o curso quanto ao grau de
satisfação em termos de ensino/aprendizagem, ainda há falhas nas estratégias de ensino
adotadas pelo corpo docente e a universidade. Apenas 12% dos alunos atribuem uma nota de
8,1 a 10 ao curso em relação ao critério em discussão.
Ao ser utilizada uma escala de 0 a 5, 65% dos alunos que responderam o questionário
avaliaram seu nível de aprendizado nos períodos já cursados com nota 4. Em seguida, 29%
atribuiram nota 3 e apenas 6% dos estudantes optaram por indicar nota 2 para o nível de
aprendizado. Nota-se que nenhum dos discentes escolheram as notas 0, 1 e 5.
Pode-se extrair através desses dados a informação de que há evolução no âmbito
acadêmico do aprendizado dos alunos de Ciências Contábeis da UESPI que auto avaliaram
não ser nula a ponto de classificarem com nota 0 ou 1, nem ter totalidade em seu
aproveitamento para atingir nota 5.
Além de serem questionados sobre o nível de aprendizado, os acadêmicos também
puderam afirmar se conseguem visualizar ou não que houve evolução no conhecimento
adquirido durante os períodos cursados. Conforme o gráfico 06, 76% dos alunos responderam
que “sim” e apenas 24% marcaram que não perceberam crescimento no nível de aprendizado.
Vários critérios como metodologia aplicada na instituição, formação do corpo docente,
recursos disponíveis tanto para professores quanto alunos e a busca pelo conhecimento por
parte dos discentes, somados formam um conjunto de aspectos pedagógicos que integram o
processo de graduação em uma instituição de ensino superior. Porém, na universidade em
estudo, quando questionados sobre os fatores que contribuíram para evolução do aprendizado,
todos os alunos que responderam “sim” apontaram como principal motivo o empenho próprio
para estudar a ciência contábil, além de alguns poucos professores capacitados para trocar
conhecimento, o que não torna esse resultado positivo.
No que tange à participação em eventos científicos proporcionados pela UESPI ou por
outras instituições de ensino superior, as opiniões foram bem divididas com 53% dos alunos
respondendo que não participam e 47% sim. Infelizmente não foi um resultado positivo tanto
para os acadêmicos cuja participação se mostra como importante instrumento para troca de
idéias, quanto para a universidade que tem como uma de suas diretrizes incentivar os
estudantes a integrarem o campo de atividade científica.
Quanto aos atributos que identificam a importância da participação em eventos
científicos, percebe-se que os alunos selecionaram primeiramente “adquirir conhecimento
extra-classe” (39%), em seguida “incentivo à pesquisa e pós-graduação” (28%). Os aspectos
menos apontados como importantes foram “fortalecer os eventos e os profissionais da área
contábil”, com 17%, e “preencher carga-horária de atividades complementares” representado
por 16% dos questionados.
Apesar da tímida participação dos estudantes de contabilidade nos encontros
científicos, uma parcela considerável reconhece que essas atividades científicas proporcionam
novas visões e teorias sobre a ciência contábil aliadas ao que se aprende em sala de aula, além
de apontar novos ramos de atuação da área e atualizar profissionais contábeis sobre estudos e
técnicas recentes que fortalecem a profissão.
Questionados sobre as áreas de preferência para estudar em ensinos de pós-graduação,
40% dos alunos escolheram “Auditoria”. As áreas menos escolhidas foram “Contabilidade
Tributária” (15%), “Contabilidade Pública” (15%), “Outro”(15%), “Controladoria e gestão
financeira” (10%), e apenas 5% dos estudantes responderam que não pretendem participar de
ensinos de pós-graduação.
Para os alunos que desejam ter uma vaga de destaque no competitivo mercado de
trabalho, não basta possuir a graduação em ciências contábeis. É necessário investir em seu
capital intelectual e realizar cursos de pós-graduação com a finalidade de aprimorar seus
conhecimentos em determinada área para explorar melhores técnicas, adquirindo então
sucesso profissional. E dentre os ensinos de pós-graduação mais procurados está o de
Auditoria devido à responsabilidade que o cargo exige e a correspondente remuneração.
É possível notar que, com 42%, “Auditoria” prevalece como a área mais procurada
para atuação após a conclusão do curso, seguida de “Consultoria e controladoria” com 21%.
Além disso, os critérios mais selecionados para escolha da área de atuação foram “Maior
afinidade ao longo do curso”, “Melhor remuneração” e “Status”, com 45%, 22% e 22%,
respectivamente.
Portanto, além da opção “Auditoria” predominar entre as áreas mais procuradas para
pós-graduação, firma-se também como preferência para atuação após a conclusão do curso. Os
resultados também evidenciam que os questionados priorizam “Maior afinidade ao longo do
curso” como critério de escolha da área para atuar, fator importante para o bom desempenho
do aluno como profissional contábil.
A opinião dos acadêmicos com relação ao grau de conhecimento sobre a Contabilidade
Internacional está dividido em “Bom” (47%), “Razoável” (33%) e “Ruim” (20%), já que
nenhum dos questionados assinalou a alternativa “Ótimo”.
Por ser uma temática recente, a harmonização das normas internacionais e a
Contabilidade Internacional em si estão impulsionando discussões e pesquisas nas
universidades e em eventos científicos a fim de intensificar a importância do estudo sobre esse
tema devido a convergência normativa internacional que está se refletindo inclusive no Brasil.
Ao serem questionados sobre a possibilidade de incluir ou não a disciplina
Contabilidade Internacional na grade curricular do curso, apenas dois alunos responderam que
“Não” correspondendo a 13%, e 87% marcaram que “Sim”, o que indica forte aceitação da
disciplina no fluxograma do curso.
A disciplina “Contabilidade Internacional” não faz parte da grade curricular do curso
de Ciências Contábeis da UESPI, informação que fundamenta esta pesquisa científica e
influencia na busca pelas principais razões para ausência de tal disciplina durante a graduação
ou extra-classe.
Com base nisso, os estudantes que participam deste trabalho responderam que os
principais fatores que dificultam o estudo de Contabilidade Internacional são: “Pouca
abordagem do assunto em eventos científicos” (42%), “Número reduzido de bibliografia”
(26%), “Corpo docente sem expressivo entendimento sobre a disciplina (21%) e o próprio
“Desinteresse por parte dos alunos” (11 %).
A seguir estão os dados e devidas análises referentes aos questionários aplicados no 5º
período do curso de Ciências Contábeis da UESPI.
Quanto ao motivo para escolha do curso, a opção “Vocação ou afinidade” foi a mais
escolhida com 47%, seguida de “Mercado de trabalho”, com 33%. Valores estes opostos aos
escolhidos pelos alunos do 3º período que elegeram “Mercado de trabalho” como principal
razão.
Quando o questionamento se referiu às expectativas em relação ao curso, os
acadêmicos quase em sua totalidade responderam “Ser profissional bem-sucedido com
remuneração satisfatória” representando 81%. Vale ressaltar que novamente nenhum dos
alunos respondeu que objetiva participar do corpo docente da universidade.
O número de alunos que ficaram retidos em uma ou mais disciplinas cresceu em
comparação aos períodos iniciais ainda que a diferença entre a quantidade de estudantes que
não possuem uma disciplina retida seja pequena. 80% dos questionados não ficaram retidos
em nenhuma disciplina, 13% corresponde aos que ficaram em uma e apenas 7% reprovaram
em três disciplinas.
A partir do período a ser analisado já surge uma porcentagem de alunos que pontuaram
seu grau de satisfação em termos de ensino/aprendizagem de “4,1 a 6” (13%), “6,1 a 8” (67%)
e de “8,1 a 10” (20%), verificando-se que nenhum dos questionados mensurou sem grau de
satisfação como sendo “0 a 4”.
O nível de aprendizado está diretamente ligado a percepção sobre evolução deste
aprendizado ao longo dos períodos já cursados. Sendo assim, é possível notar que, no decorrer
da graduação, apesar dos alunos perceberem que houve crescimento no seu aprendizado
(80%), o número de questionados que atribuiu notas entre 3 (33%) e 4 (47%) diminuiu em
comparação a pontuação recebida no início do curso.
No tocante à participação dos acadêmicos em eventos científicos e as razões que
tornam esses encontros importantes percebeu-se um crescimento considerável de alunos
afirmando que participam representando 87%. Porém, os motivos foram bem distribuídos,
abrangendo 39% de alunos que consideram importante para “Preencher carga-horária de
atividades complementares”, 38% dizem ser para “Adquirir conhecimento extra-classe”, 15%
acreditam que sua participação é importante para “Fortalecer os eventos e os profissionais da
áera contábil”.
Embora tenham porcentagens positivas a respeito da participação nos eventos
científicos proporcionados pela UESPI ou por outras instituições de ensino superior, o
interesse em apenas participar para preencher carga-horária ainda faz parte do perfil desses
alunos.
Como visto anteriormente, no 3º período predominou como área para pós-graduação a
Auditoria que perde espaço para “Controladoria e gestão financeira”, com 42%, ficando a
“Auditoria” apenas com 17%. Com passar do tempo, os alunos vão ter disponíveis mais
opções de escolha a medida que estudam disciplinas novas e ampliam sua visão sobre atuação
profissional.
No 5º período, Auditoria e Controladoria disputam a preferência dos estudantes que
optam em sua maioria por “Consultoria e Controladoria” (33%) tendo como critério de
escolha em primeiro lugar “Maior afinidade ao longo do curso” (47%), em seguida “Melhor
remuneração” (35%), situação positiva para o rendimento dos futuros profissionais que
buscam sucesso em suas atividades.
O grau de conhecimento sobre Contabilidade Internacional cresceu do 3º período para
o 5º, passando de 47% dos alunos afirmando ser “Bom” para 60% considerando “Razoável”.
A porcentagem que predominou consideravelmente foi referente à inclusão ou não da
disciplina Contabilidade Internacional na grade curricular em que 93% dos alunos optaram por
querer o tema no fluxograma do curso. Foi apontando ainda que entre os fatores que
dificultam o estudo desse ramo contábil, os de maior destaque são: “Número reduzido de
bibliografia” (36%) e “Corpo docente sem expressivo entendimento sobre a disciplina” (36%).
A seguir estão os dados e devidas análises referentes aos questionários aplicados no 7º
período do curso de Ciências Contábeis da UESPI.
Assim como no 3º período, o motivo de maior relevância para os alunos na escolha do
curso de Ciências Contábeis é o “Mercado de trabalho” com 44%. “Vocação ou afinidade”
continua sendo segunda razão com 31%. Sem dúvida, os estudantes de contabilidade estão
preocupados em se firmarem no mercado de trabalho concorrido.
Têm-se que 50% dos questionados marcaram “Ser profissional bem-sucedido com
remuneração satisfatória” como expectativa em relação ao curso, porcentagem reduzida em
relação aos períodos já analisados. Esse fato deve-se principalmente a quantidade expressiva
de alunos que veem no curso a oportunidade para passar em concurso público (35%).
Há diferenças em relação aos resultados dos outros períodos quando comparada a
quantidade de disciplinas retidas, já que o 7º apresentou alunos que reprovaram em mais de
uma disciplina. 73% dos estudantes marcaram que não ficaram retidos em nenhuma disciplina.
Os que perderam uma disciplina totalizam 13% e os que tiveram 2 ou 3 disciplinas retidas
correspondem a 7% cada.
Dado muito importante a ser ressaltado é o fato de nenhum dos alunos questionados
atribuiu nota de 8,1 a 10 para o curso quanto ao grau de satisfação em termos de
ensino/aprendizagem. Levando em consideração a evolução das respostas dos períodos já
analisados até o 7º, percebe-se uma diminuição quanto a pontuação do grau de satisfação. Dos
valores mensurados, 27% dos discentes assinalaram de “0 a 4”, 33% marcaram “4,1 a 6” e
40% escolheram “6,1 a 8”.
As respostas foram bastante divididas sobre o nível de aprendizado nos períodos
iniciais. Porém, para os acadêmicos do período em análise, as notas selecionadas com maior
frequencia são 73% para nota 3 e 27% atribuiram nota 4. Os alunos não consideram o
aprendizado ruim tampouco excelente a ponto de mensurar nota 5. Os resultados referentes à
spercepção sobre a evolução no nível de aprendizado revelam-se satisfatórios, 80% dos alunos
marcaram “Sim”, ainda que seria preferível uma porcentagem maior.
Quando se trata de participação científica, o resultado não é como esperado partindo do
pressuposto que a quantidade de alunos participando de eventos científicos deveria ser
superior ao número de estudantes que não participam. Entretando, essa relação não é
evidenciada no 7º período onde apenas 47% afirmaram participar dos eventos proporcionados
tanto pela UESPI quanto por outras universidades, enquanto 53% marcaram “Não”.
As opiniões sobre a importância da participação em eventos científicos permanecem as
mesmas em todos os períodos. Neste bloco, “Preencher carga-horária de atividades
complementares” foi resposta para 40% dos questionados, seguido de “Adquirir conhecimento
extra-classe”, com 34%.
Nota-se que não há uma prefêrencia significativa por alguma área para pós-graduação
ou área de atuação após a conclusão do curso, estando as escolhas bastante estratificadas com
28% das respostas direcionadas para “Contabilidade Tributária” e 24% para “Auditoria” e
“Contabilidade Pública”, com 24% cada uma, referentes a pós-graduação. Para atuar após a
graduação, “Contabilidade em setor privado” predomina com 27%, deixando os ramos
específicos da contabilidade em segundo lugar.
Com relação ao critério para escolha da área de atuação após a conclusão do curso e os
resultados nos outros períodos, “Maior afinidade ao longo do curso” foi sem dúvida o
principal motivo para decidir sobre áreas de atuação. Com 24%, “Melhor remuneração”
também se enquadra entre os critérios que influenciam os alunos.
Em se tratando de Contabilidade Internacional no que tange ao grau de conhecimento
dos acadêmicos sobre tal ramo da ciência contábil bem como a opinião dos alunos sobre a
inclusão da disciplina ou não na grade curricular do curso, pôde-se inferir sobre que fatores
dificultam o estudo do tema frente à necessidade de convergência das normas internacionais
refletidas no ambiente acadêmico.
Outra vez, a avaliação sobre o grau de conhecimento da disciplina apresenta um
cenário negativo considerando que maioria dos alunos marcou opção “Bom”, com 40%. Mas
positivamente, 43% afirmam o interesse em ter a disciplina incluída na grade curricular do
curso. E dentre os fatores que dificultam o estudo da contabilidade internacional, predomina
com 40% “Corpo docente sem expressivo entendimento sobre a disciplina” e para os outros
fatores foram marcados por 20% dos alunos, cada um.
Para traçar o perfil do estudante de Ciências Contábeis da Universidade Estadual do
Piauí – UESPI e satisfazer os objetivos desta pesquisa, foi feita uma análise comparativa dos
resultados obtidos através dos questionários aplicados nos três períodos escolhidos. Dessa
forma, poderá ser demonstrado o processo evolutivo dos acadêmicos durante a graduação.
Nos períodos iniciais, os estudantes priorizam como motivos para escolha do curso o
mercado de trabalho e vocação ou afinidade. Essa opinião permanece por todos os outros
períodos, sofrendo variação apenas na quantidade de alunos que escolheram tais alternativas.
A partir daí, os alunos passam a ter expectativas quanto ao curso e ser profissional bemsucedido com remuneração satisfatória é o principal objetivo a ser satisfeito, diferente somente
para os acadêmicos questionados do 7º período que também desejam adquirir experiência para
passar em concurso público. Além de serem alunos que dificilmente ficam retidos em
disciplinas.
No geral, a nota do curso quanto ao grau de satisfação em termos de
ensino/aprendizagem foi estabelecida entre 6,1 e 8. Quanto ao nível de aprendizado, no 3º e 5º
períodos, atribui-se nota 4, valor que reduz para 3 no 7º. Os principais motivos apresentados
para essa redução foram descompromisso por parte dos professores e biblioteca deficitária.
Ainda sobre a aprendizagem durante a graduação, os alunos reconhecem que houve evolução
no aprendizado no decorrer do curso e todos que enumeraram os fatores que mais
contribuíram para esse crescimento, citaram que foi por empenho próprio.
O estudante de ciências contábeis da UESPI costuma participar de eventos científicos
reconhecendo que esses encontros são importantes tanto para adquirir conhecimento extraclasse quanto para preencher carga-horária de atividades complementares. A freqüência de
participação sofre redução apenas no 7º período, de 87% no 5º período para 47%, quando a
principal finalidade desses eventos é o preenchimento das atividades complementares exigidas
pela instituição de ensino em estudo.
Em relação às áreas para pós-graduação, as mais escolhidas são auditoria,
controladoria e gestão financeira. Quanto à área para atuar após a conclusão do curso, as
opiniões foram diferentes nos três períodos analisados. No 3º período, auditoria foi a área mais
assinalada; no 5º período prevaleceu consultoria e controladoria e no 7º período, a
contabilidade no setor privado é a mais visada entre os alunos questionados. Para o estudante
de contábeis, ter maior afinidade ao longo do curso é o principal fator para escolha dessas
áreas de atuação após a conclusão da graduação.
Finalmente, no que se refere ao tema Contabilidade Internacional, o grau de
conhecimento dos alunos sobre esse ramo da contabilidade varia entre bom e razoável,
enfatizando-se o fato de que ninguém considerou o grau de conhecimento ótimo. Porém, os
estudantes responderam quase em sua totalidade que mesmo com pouca abordagem da
disciplina, aprovam a inclusão da disciplina na grade curricular do curso. O número reduzido
de bibliografia, pouca abordagem do assunto em eventos científicos, corpo docente sem
expressivo entendimento sobre a disciplina e desinteresse por parte dos próprios alunos são as
causas apontadas para explicar o pouco conhecimento dos estudantes sobre a Contabilidade
Internacional.
5. CONCLUSÕES
A problemática que influenciou a realização desta pesquisa foi referente ao perfil geral
do estudante de Contabilidade da Universidade Estadual do Piauí relacionado à necessidade de
adaptação às normas internacionais. Por meio da aplicação dos questionários foi possível
solucionar tal problema e notar que os alunos têm relativo conhecimento sobre Contabilidade
Internacional além de aprovarem a inclusão da disciplina na grade curricular. Porém,
principalmente o corpo docente sem expressivo entendimento sobre a disciplina dificulta o seu
estudo mais aprofundado.
A busca pelos motivos e os interesses do acadêmico da UESPI na escolha do seu curso
foi satisfatória à medida que os alunos puderam afirmar que mercado de trabalho e vocação ou
afinidade são as principais razões. Logo, tem-se um aluno preocupado em atuar no que gosta e
estar incluso no mercado em que vai trabalhar para compor o perfil geral do estudante de
Ciências Contábeis da UESPI.
Estabeleceram-se também as expectativas/satisfações dos alunos quanto ao curso e
percebe-se que conciliada à preocupação com o mercado de trabalho está o anseio por
remuneração satisfatória e adquirir experiência para passar em concurso público.
A qualidade de ensino na UESPI foi definida pelo próprio corpo discente. Dessa forma,
a construção do perfil do aluno de contábeis fundamentou-se em análises de todas as fases da
graduação para definir o quadro evolutivo de aprendizagem do corpo discente além de
introduzi-los no cenário normativo internacional já enraizado nas discussões nos órgãos da
classe contábil brasileira e suas instituições de ensino superior.
6. REFERÊNCIAS
CONSELHO
FEDERAL
DE
CONTABILIDADE.
Disponível
em:
http://www.cfc.org.br
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e
normas brasileiras de contabilidade, 2003.
FIPECAFI & ARTHUR ANDERSEN. Normas e práticas contábeis no Brasil. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 1993.
HENDRIKSEN, E. S. e VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. São Paulo :
Atlas, 1999.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 7. ed. São Paulo : Atlas, 2004.
LEITE, Joubert da Silva. Normas contábeis – uma visão para o futuro. Revista
Brasileira de Contabilidade. Brasília, 136, p. 85 -97, jul./ago. 2002.
NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade Internacional. 1. ed. São Paulo: Atlas,
2005.
SCHMIDT, Paulo. Uma contribuição ao estudo da história do pensamento
contábil. São Paulo: 1996. Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade).
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo.
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