Um estudo sobre as características dos acadêmicos do curso de
Ciências Contábeis da UNIOESTE
Udo Strassburg (Docente da UNIOESTE), [email protected],
rua Rodrigues Alves, 1197, Jardim Maria Luiza, CEP. 85.819-670, Cascavel – PR, fone: (45) 3220-3143
Elias Garcia (Docente da UNIOESTE), [email protected]
Elias Oliveira (Discente da UNIOESTE)
Resumo
Este trabalho teve a finalidade de buscar subsídios para conhecer melhor o aluno do curso
de Ciências Contábeis da UNIOESTE, campus de Cascavel, com o objetivo de utilizá-los em
prol da melhora do processo de ensino-aprendizagem, facilitando desta forma o
relacionamento entre locutor e receptor, conseguindo uma melhor interação na forma de
comunicação. Os dados para o trabalho foram obtidos através da aplicação de um
questionário estruturado com perguntas objetivas e subjetivas. Analisando os dados
verificou-se que a maioria dos alunos pesquisados tem seus interesses voltados para a
conclusão do curso, pretendem se fixar na profissão e após buscar curso de pós-graduação a
fim de especializarem-se em diversas áreas.
Palavras Chaves: Conhecimento sobre os acadêmicos; Ensino-aprendizagem.
1- Introdução
O presente estudo teve a intenção de investigar os acadêmicos do Curso de Ciências
Contábeis da UNIOESTE, campus de Cascavel com o intuito de obter subsídios para
direcionar os esforços ruma as necessidades dos mesmos.
Conhecer os acadêmicos é de suma importância para as Instituições de Ensino
Superior (IES), pois poderão utilizar estes dados para diversas questões como:
- Elaboração do projeto pedagógico;
- Estar mais próximo das necessidades dos alunos;
- Para facilitar o trabalho para a construção do aprendizado;
- Focar na direção certa os rumos a serem dados ao curso de graduação e pósgraduação;
- Buscar subsídios para que a eficácia do curso possa ser atendida.
Para que isto possa estar sendo bem trabalhado, deve-se levar em consideração todas
as características e necessidades dos estudantes que, a princípio deverão ser as mesmas ou
parecidas com as do mercado.
Ao desenvolver o seu papel, as IES devem ser capazes de atender os anseios e
necessidades de sua clientela, promovendo assim o desenvolvimento pleno do aluno, como
pessoa e como futuro profissional. Finalidade esta, que será bem mais fácil de ser
concretizada se as instituições conhecerem melhor seus acadêmicos, fazendo destes dados,
fonte de conhecimento para a tomada de decisão na hora do planejamento das atividades a
serem executadas, na forma de executar o que foi planejado e como feedback, no controle dos
trabalhos realizados.
Sem dúvida alguma o momento do confronto de expectativas será facilitado se os
professores, os coordenadores ou as IES como um todo, tiverem a oportunidade de conhecer a
fundo seus alunos.
Desta forma, os professores, conhecedores das necessidades e expectativas de seus
acadêmicos, poderão alcançar os mesmos de forma precisa e direta.
O fato do professor não conhecer, com antecedência as características e necessidades
dos acadêmicos, irá dificultar o relacionamento e o processo de ensino-aprendizagem, pois,
sem saber com quais expectativas os mesmos estão chegando às salas de aula, ele irá impor as
suas, que nem sempre vão ao encontro das deles.
O objetivo do presente trabalho é obter subsídios para se conhecer melhor o
acadêmico, de forma ampla, bem superior ao conseguido em sala de aula, possibilitando assim
um relacionamento mais próximo das necessidades do alunado, de forma que este
conhecimento possa ser utilizado para o engrandecimento do processo de ensinoaprendizagem e para que a instituição toda possa ganhar com isto.
2- Metodologia
O presente trabalho pode ser caracterizado como uma pesquisa descritiva de caráter
exploratório que utilizou como instrumento de coleta de dados um questionário estruturado. O
questionário foi aplicado junto aos acadêmicos do curso de Ciências contábeis da UNIOESTE
– Campus de Cascavel.
O questionário foi aplicado em sala de aula, com a presença do pesquisador para sanar
quais que dúvidas que pudessem surgir relacionados ao preenchimento do mesmo.
Para dar suporte as respostas dos questionários os dados foram expostos em gráficos
para melhor serem interpretados.
2.1- O Instrumento
Para o presente estudo foi utilizado um questionário contendo 52 perguntas, dentre
elas sete abertas e 45 fechadas, possibilitando ao aluno responder rapidamente sem
necessidade de pensar muito. Dentre estas, foram escolhidas 13 para a elaboração do presente
trabalho.
As perguntas foram dispostas em forma seqüencial, disponibilizando ao aluno algumas
opções como resposta, para marcar um x.
2.2- Os Sujeitos
Os questionários foram aplicados aos discentes presentes à sala de aula das cinco
turmas do curso de Ciências Contábeis da UNIOESTE – Campus de Cascavel, no primeiro
semestre do ano de 2005.
A tabela abaixo descreve a quantidade alunos por turma que responderam ao
questionário.
Turmas
Alunos matriculados
Alunos presentes
% dos que responderam
1º Ano
40
31
77,5%
2º Ano
37
28
75,6%
3º Ano
38
28
73,6%
4º Ano
38
22
57,9%
5º Ano
39
25
64,1%
Total
192
134
69,7%
3- Resultados obtidos
Os resultados obtidos com a pesquisa foram tabulados e apresentados em forma de
gráficos para que se tenha uma melhor visualização dos mesmos, seguidos de um comentário
para melhor elucidação dos dados.
1- O sexo dos alunos pesquisados.
Qual é seu sexo?
59
Fem inino
75
Masculino
0
20
40
60
80
Quantidade
Atualmente no Paraná estão inscritos no CRC 21.924 profissionais e dentre estes
72,07% são do sexo masculino e 27,93% são do sexo feminino. Comparando com o gráfico se
pode perceber que no curso de Ciências Contábeis da Unioeste, 59 (44,03%), são acadêmicas,
as quais estão quase na mesma proporção que os 75 (55,97%), acadêmicos que responderam
ao questionário. Isto demonstra que as mulheres estão cada vez buscando mais espaço na
profissão contábil.
2- A idade dos alunos pesquisados.
Quantidade
Qual sua idade?
50
40
30
20
10
0
6
13
50
46
21 à 24
25 ou
m ais
18
1
17
18
19
20
Idade
A faixa etária dos acadêmicos dos cursos de Ciências Contábeis da UNIOESTE pode
ser considerada baixa, pois aproximadamente 66% dos mesmos, têm idade abaixo dos 24
anos. Isto mostra que existem dificuldades por parte daqueles que terminam o segundo grau e
ficam algum tempo sem estudar, ficando com o aprendizado um pouco prejudicado.
3- Estado civil dos alunos pesquisados.
Qual seu estado Civil?
100
100
90
Quantidade
80
70
60
50
34
40
30
20
10
0
Solteiro
Casado
Pelos dados apresentados no gráfico anterior pôde-se ver que a faixa etária entre os
pesquisados é baixa, corroborando com os dados deste, pois o estado civil da maioria é
solteiro. Isto muitas vezes não é muito bom, pois a pessoa casada tem mais responsabilidades
e conseqüentemente maior interesse naquilo que está fazendo.
4- Sua primeira opção no vestibular foi Ciências Contábeis?
Sua primeira opção no v estibular foi C. Contábeis?
100
95
Quantidade
80
60
40
39
20
0
Sim
Não
O objetivo desta pergunta foi verificar se realmente o aluno está fazendo o curso por
interesse ou por conveniência. E aqui pôde se perceber que a maioria começou o curso que
achou que era o melhor para ele.
5- Pretende concluir o curso de Ciências Contábeis?
Pretende concluir o curso de C.
Contábeis?
Quantidade
150
100
133
50
1
0
Sim
Não
Já que foi perguntado sobre a opção, relacionado ao curso, também ficou decidido
verificar se aqueles que estavam com dúvidas, começaram a gostar e querem concluir o curso.
Somente um de todos os pesquisados está propenso a desistir.
6- Você pretende continuar seus estudos após concluir este curso, partindo para uma pósgraduação?
Pretende Continuar seus estudos após
concluir este curso, partindo para Pósgraduação?
126
Quantidade
150
100
50
8
0
Sim
Não
Hoje em dia a exigência com relação aos estudos está bem além da graduação, o
profissional necessita ser especialista em sua área de atuação, portanto a pós-graduação é
indispensável para todos que quiserem obter um espaço melhor no mercado. Esta visão está
com a maioria dos acadêmicos de Ciências Contábeis da UNIOESTE, como está demonstrado
no gráfico que um pouco mais que 94% deseja especializar-se.
7- Qual a área de pós-graduação que você acha mais interessante?
48
19
16
4
8
Au
di
to
Co
ria
G
er
en
ci
al
nt
ro
la
do
ria
Pú
bl
ic
a
O
ut
ro
s
er
íc
ia
e
P
Cu
G
29
10
st
os
50
40
30
20
10
0
er
al
Quantidade
Qual a área de Pós-Graduação que você acha mais
interessante?
Os cursos de pós-graduação que a maioria dos acadêmicos do curso de Ciências
Contábeis desejariam fazer estão concentrados nas áreas de Auditoria e Perícia Contábil,
Contabilidade Gerencial e Controladoria, isto é um indicativo de que a visão deles não é
meramente tecnicista ou reprodutivista e sim de um assessor, de um consultor para o
crescimento das empresas.
8- Qual é sua profissão?
Qual é sua Profissão?
3
Pr o p r iet ár i o o u A d m. d e g r and e neg ó ci o
8
Pr o p r iet ár io o u ad m d e p eq . N eg ó g io
33
Pr o f issio nal Li b er al o u T écnico d e N í vel Sup er io r
72
T éc. N í vel M éd io
Op er ár io co m p o uca q uali f i cação
6
N ão exer ce at ivid ad e r emuner ad a
0
10
12
20
30
40
50
Quantidade
60
70
80
Neste gráfico se pode perceber que a maioria dos alunos que estão cursando este curso
não tem uma situação profissional definida, correspondendo a 67% dos pesquisados,
demonstrando que estes estão depositando suas esperanças no curso e os 33% estão realizando
o curso para complementação de suas vidas profissionais.
9- Qual sua área de atuação profissional?
Qual sua área de atuação Profissional?
3
Econôm ica
5
Bancária
15
Com ercial e Industrial
21
Pública
29
Adm inistrativa
61
Contábil
0
10
20
30
40
50
60
70
Alunos
A confirmação de que os alunos estão depositando suas esperanças no curso, atuando
desde a graduação na área contábil, praticamente 50% dos pesquisados, principalmente como
estagiário, possibilitando uma visão ampliada de seu aprendizado.
10- Você já atuou ou atua na área de Ciências Contábeis?
Você já atuou na área de Ciências Contábeis?
Não
59
Sim
75
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Quantidade
A resposta a esta questão demonstra que a maioria dos alunos que já atuaram na área
do curso ainda está trabalhando como forma de obterem experiência para se firmarem de
forma efetiva no mercado após a formatura.
11- Você exerce atividade remunerada?
Você exerce atividade rem unerada?
Sim , trabalho eventual
1
Sim, em tem po parcial
12
117
Sim , em tempo Integral
4
Não
0
20
40
60
80
100
120
140
Quantidade
Aqui se pode perceber que poucos não têm uma colocação no mercado de trabalho e
correspondem, principalmente aos alunos do primeiro ano, pois a procura por estagiários da
UNIOESTE, na área do curso é muito grande.
12- Qual a renda mensal de sua família?
Qual a renda mensal de sua família?
De 20 S. M. ou m ais
5
De 15 a 19,9 S. M.
13
De 10 a 14,9 S. M.
13
De 5 a 9,9 S. M.
48
De 2 a 4,9 S. M.
49
Até 1,9 S. M.
6
0
10
20
30
40
50
Quantidade Alunos
A renda familiar dos entrevistados pode ser considerada baixa, pois 77% percebem até
R$ 3.000,00 por mês. Com isto pode-se afirmar que no curso de Ciências Contábeis da
UNIOESTE os alunos não podem ser considerados de elite e sim que se esforçaram,
estudando muito para conseguir uma vaga na Universidade pública.
13- Qual a sua participação na vida econômica familiar?
Qual sua participação na vida econômica familiar?
Trabalho e ajudo nas despesas
da família
50
Alunos
40
Trabalho e sou responsável
pelo sustento da família
47
44
30
20
10
0
24
Trabalho e sou responsável
apenas pelo meu sustento
15
4
Trabalho e também recebo
ajuda financeira da família
Não trabalho e meus gastos
são pagos pela família
Neste item pode-se ver que além de não pertencerem às famílias de elite, os alunos
ainda participam de forma substancial para manter a vida econômica familiar.
Conclusão
Com os dados obtidos, através da aplicação do questionário e posteriormente a análise
dos mesmos, possibilitou-nos conhecer melhor os anseios dos acadêmicos do curso de
Ciências Contábeis da UNIOSTE e desta forma poder subsidiar os professores com eles, para
que consigam melhor interagir e facilitar o ensino-aprendizagem em sala de aula.
Pode-se verificar que a maioria dos alunos são solteiros e a faixa etária dos mesmos é
baixa, necessitando assim, muito mais incentivo e motivação por parte dos professores, pois é
neste estágio das suas vida, que a maioria não tem ainda um objetivo certo para seguir, que
elas necessitam de ajuda para se firmarem e terem certeza do que querem. Pode-se verificar
que já existe uma motivação vinda de algum lugar, que não possível detectar, pois 39
acadêmicos não tinham como a principal escolha, o curso de Ciências Contábeis, e atualmente
somente um não pretende terminá-lo. Um outro ponto que os professores deverão trabalhar é
relacionado à continuidade dos estudos, rumo a pós-graduação, tão necessária atualmente,
pois é de interesse da maioria dos pesquisados. Outro destaque a ser feito é a renda familiar,
que foi considerada baixa para a maioria dos entrevistados, contrariando as informações
veiculadas pela mídia que, nas Universidades e Faculdades Públicas só entram quem pertence
à classes de maior poder aquisitivo.
6- Bibliografia
GARCIA. Elias. MARION. José C., CORDEIRO. Moroni, Discussão sobre Metodologias
de ensino Aplicáveis à Contabilidade: Revista CRCSP: Junho 1999.
GARCIA, J. E., GARCIA, F. F. Aprender Investigando, Sevilla: Diada. 1992.
GARCIA. W. E. (org) Inovação Educacional no Brasil: problemas e perspectivas. São
Paulo: Cortes Autores Associados, 1989.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de pesquisa social. São Paulo Atlas, 1999.
LIMA, Albino F. de. Tendências Pedagógicas no Curso de Ciências Contábeis no Distrito
Federal. Revista Brasileira de Contabilidade. Nº 115, p. 30-35, janeiro/fevereiro de 1999.
MARION. José Carlos. O Ensino da Contabilidade: Ed. Atlas: São Paulo: 1995.
MOROSINI. Marilia Costa, (org) Professor do Ensino Superior – Identidade, Docência e
Formação, INEP: Brasília, 2000.
STRASSBURG, Udo. MOREIRA, D. A. Avaliação de desempenho de professores pelo
aluno: uma experiência desenvolvida junto a um curso superior de contabilidade.
Revista Ciências Sociais em Perspectiva. 2° Sem 2002.
STRASSBURG, Udo. Avaliação do professor de contabilidade: algumas considerações:
Revista Brasileira de Contabilidade. Ano XXXII n° 141; MAI/JUN 2003.
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