Brasil:
de país agrário a país
industrial
Delfim Martins/ Pulsar Imagens
Marc Ferrez/ Acervo Instituto Moreira Salles
Observe as imagens.
Colheita de café no
fim do século XIX.
Colheita de café no ano de 2001.
Juca Martins/ Olhar Imagem
Acerco Iconographia
Indústria automobilística
brasileira nos anos 1950.
Indústria automobilística
brasileira nos anos 2000.
Rogério Reis/ Pulsar Imagens
Acerco Iconographia
Extração de petróleo em
Lobato, BA, em 1939.
Extração de petróleo em
Santos, SP, em 2000.
Acerco Iconographia
Juca Martins/ Olhar Imagem
Loja de roupas em 2008.
Loja de roupas em 1906.
Conversa



A que períodos as fotografias se referem?
Que atividades econômicas estão sendo
desenvolvidas nas fotografias?
Copie a tabela no caderno e complete
descrevendo características da atividade
produtiva que se observa nas fotografias.
Siga o modelo.
A população e os setores da economia
A população que exerce atividade remunerada constitui a população
economicamente ativa (PEA) de um país.
Os estudantes que
Os desempregados, desde
não trabalham, as
que estejam à procura de
crianças de modo
emprego, também fazem
geral, as donas de
parte da PEA.
casa, os aposentados
e os idosos que não
trabalham constituem
o grupo chamado
população
economicamente
inativa (PEI).
A PEA de um país se distribui em três grandes
setores de atividades:
Mauricio Simonetti/ Pulsar Imagens
• Setor primário: compreende
a agricultura, a pecuária e o
extrativismo animal, vegetal e
mineral, desde que a
quantidade extraída seja
pequena e os equipamentos
utilizados para a extração
sejam simples.
Criação de gado bovino em São
Gabriel, RS (2008).
Delfim Martins/ Pulsar Imagens
• Setor secundário: abrange a
indústria, a construção civil e
o extrativismo em geral,
desde que nessa atividade
sejam utilizados máquinas e
equipamentos
tecnologicamente avançados
e a quantidade extraída seja
grande.
Fábrica de calçados em Ivoti, RS
(2008).
Miguel Chikaoka/ Olhar Imagem
• Setor terciário: atividades
que não produzem
mercadorias mas são
fundamentais à organização
da vida em sociedade e da
economia, como o comércio
e os serviços (transportes,
bancos, meios de
comunicação, administração
pública, saúde, educação).
Sede da prefeitura de Belém, PA
(2003).
Observe os dados.
Conversa



Qual a porcentagem de trabalhadores em
cada setor da atividade (primário, secundário
e terciário) no Brasil?
Em que região brasileira há mais
trabalhadores no setor primário? E no setor
secundário?
Qual região possui mais trabalhadores na
administração pública? E nas atividades
relacionadas a educação, saúde e serviços
sociais?
Predominam no Brasil as atividades do setor terciário.
Nem sempre foi assim:
Há cerca de 50 anos, a maior parte dos trabalhadores
brasileiros exercia atividades no setor primário.
Agência Estado
A mudança de um setor para o outro decorreu do
processo de industrialização e modernização da
economia e da sociedade brasileira.
Transporte de contêiner
no porto de Santos (SP).
A industrialização brasileira
A atividade industrial se
expandiu para diversos lugares
do globo
A partir
Dos países que se
industrializaram
primeiro (Reino
Unido, França,
Alemanha, Holanda,
Itália, Estados
Unidos, Japão).
Sobretudo após 1950
Acervo Iconographia
No decorrer do século XX
Linha de montagem de uma
fábrica de automóveis, São Paulo,
SP, no fim dos anos 1950.
Esse processo de expansão da atividade
industrial foi marcado:
Pela expansão de empresas multinacionais, grandes grupos
empresariais que haviam acumulado enormes quantias de capital e
queriam ampliar ainda mais seus lucros instalando-se em outros países.
Multinacionais de diversos ramos instalaram-se
nos países subdesenvolvidos.
Investimentos do Estado em
infraestrutura e inúmeros
incentivos criaram condições
para que essas empresas se
instalassem fora de seus países.
No Brasil instalaram-se
indústrias têxteis, alimentícias,
químicas, farmacêuticas, de
eletrodomésticos, cigarros,
bebidas e máquinas, com
destaque para a indústria
automobilística.
Agência Estado
Construção de fábrica de indústria
automobilística na década de 1950,
em São Bernardo do Campo (SP).
Fabio Colombini/ Kino Fotoarquivo
Indústria siderúrgica em
Cubatão (SP).
O Estado teve participação significativa nesse processo, pois estimulou a
vinda das multinacionais por meio de uma série de incentivos, como
diminuição ou isenção de impostos e doação de terrenos.
Além disso, o Estado garantiu:
• fornecimento de energia, por meio da construção de usinas
hidrelétricas;
• fornecimento de matérias-primas para a indústria, como o aço, por
meio de construção de indústrias siderúrgicas;
• criação de infraestrutura de transporte, com modernização de portos
e aeroportos e, principalmente, construção de rodovias;
• produção de combustíveis e matérias-primas para as indústrias
químicas, com a formação da Petrobras, e com a construção de
diversas refinarias;
• proteção em relação a concorrência externa por meio de impostos
altos de importação e fixação de cotas.
• A falta de produtos durante a Segunda Guerra Mundial;
• as quedas de preço do café no mercado internacional nos anos 1930;
• a forte dependência da economia brasileira em relação a este
produto.
Também contribuíram para que o
governo estimulasse intensamente o
processo de industrialização.
Havia se formado um mercado consumidor, com condições de
adquirir produtos industrializados, além de terem acesso aos
benefícios da energia elétrica. Dessa forma, o Brasil foi, a partir da
década de 1930 e mais intensamente a partir da década de 1950,
conhecendo uma mudança na estrutura de sua economia.
Observe o gráfico:
Conversa

Em 1940, qual era a ordem de importância
dos três setores?

Qual setor teve diminuição na participação
da PEA no período de 1940 a 2006?

Que setor aumentou significativamente sua
importância a partir de 1940?

Por que o processo de industrialização
contribuiu também para o crescimento do
setor terciário?
A partir do gráfico é possível perceber
que o Brasil foi se transformando
gradativamente num país de economia
basicamente industrial e terciária,
cujas atividades são desenvolvidas
principalmente no espaço urbano.
A concentração industrial e econômica no Centro-Sul
A concentração de
atividades industriais no
Centro-Sul foi uma
característica marcante
do processo de
industrialização, o que
contribuiu para a
concentração na região
das atividades
econômicas em geral.
Vista aérea parcial do distrito industrial de
Campinas (SP).
Essa região, principalmente os estados de
São Paulo e Rio de Janeiro, era a área do
país que reunia melhores condições de
infraestrutura, mão-de-obra qualificada e
mercado de consumo amplo.
A industrialização brasileira foi acompanhada de
profundas desigualdades regionais.
O Centro-Sul consolidouse como polo econômico
do país, especialmente a
partir dos anos 1950.
É nesse período que passa a existir
um mercado interno integrado no
país: por exemplo, mercadorias
industrializadas produzidas no
Centro-Sul são distribuídas em
outras regiões do país, matérias
primas dessas regiões são
encaminhadas para o Centro-Sul.
Até meados da década de 1960, praticamente todas as
multinacionais, empresas siderúrgicas, refinarias de petróleo e boa
parte das usinas hidrelétricas que se instalaram no país
concentraram-se nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais.
Distribuição de empresas no território brasileiro – início da década de 2000
Onde há maior concentração de empresas?
Urbanização e integração da economia brasileira
O espaço geográfico do Centro-Sul
conheceu, desde 1950, profundas
modificações.
Entre elas:
• o aumento da
concentração populacional
nas cidades,
• a ampliação do número
de municípios,
• o estabelecimento de
áreas industriais,
• a construção de novas
rodovias, portos e
aeroportos.
A urbanização
Processo caracterizado, entre
outros fatores, pela expansão
das cidades e pelo crescimento
da população urbana.
É consequência
imediata da
industrialização, apesar
de não ser causada
exclusivamente por ela.
A integração entre os mercados das diversas regiões do país e a
integração da economia brasileira com a economia mundial foram
possíveis em virtude dos avanços nos setores de produção e
distribuição de energia, de transportes e de telecomunicações.
Produção de suco de laranja em
industria de Bebedouro (SP). Tratase de um exemplo de integração
entre indústria e agricultura.
Transporte de contêiner no
porto de Santos (SP).
S/C Comunicação
A fonte petróleo e
derivados aparece
como mais
utilizada porque o
gráfico agrupa o
combustível
veicular com o
utilizado por usinas
na geração da
energia elétrica.
Crescimento e modernização da economia
Entre 1950 e 1980, enquanto o
Produto Interno Bruto (PIB)
cresceu em média 7,5% ao ano.
No setor secundário, o PIB
industrial apresentou crescimento
um pouco maior, atingindo 8,3%.
Apesar do crescimento bastante
expressivo, as desigualdades
sociais permanecem.
Foram até reforçadas.
Assim, a economia brasileira cresceu e o país se modernizou, mas em
um processo dependente do capital e da tecnologia estrangeiros, que
não trouxe melhorias significativas para a população mais carente,
tanto da cidade quanto do campo, a miséria está presente tanto nas
localidades mais pobres como nas mais desenvolvidas do Brasil.
Os anos 1990 foram caracterizados por grandes aumentos dos
preços de mercadorias e serviços, e elevação do desemprego.
Assim, a situação das camadas mais pobres da população acabou
se agravando. Em razão disso, tem havido aumento no número de
moradias que oferecem pouco conforto às famílias. O aumento
desses tipos de moradia não se limita às grandes cidades, atinge
também cidades médias e pequenas.
Favela do Manguezal, no Guarujá,
SP (2003).
Morador de rua, em Santa Maria,
RS (2008).
Desemprego, subemprego e trabalho infantil
No Brasil as taxas de desemprego aumentaram bastante,
sobretudo entre o final do século XX e o início do século XXI.
Por consequência dos baixos índices de crescimento
econômico, com redução da produção de mercadorias e
da geração de empregos.
Isso foi resultado de uma política econômica adotada
pelos governos, a partir do início dos anos 1990.
Outro fator que contribuiu para o aumento do desemprego foi a
introdução da microeletrônica e da informática, que possibilita o
aumento da capacidade de produção e a substituição da mão-de-obra
na agricultura, na indústria, nos serviços e no comércio.
Observe o gráfico.
Juca Martins/ Olhar Imagem
Observe o gráfico e a fotografia a seguir:
Este trabalhador, como os camelôs,
guardadores de carro, empregadas
domésticas diaristas, são pessoas que
exercem atividades de subemprego.
Muitos deles estão sem proteção
social, ou seja, estão na
informalidade, não contribuem com a
previdência social e não pagam
impostos.
Outra consequência do aumento do
desemprego e do subemprego é a
grande quantidade de crianças e jovens
no mercado de trabalho: mão-de-obra
infantil.
A exploração do trabalho infantil,
proibida por lei para menores de 16
anos, acontece em todos os
estados brasileiros e pode levar à
evasão escolar.
Sem poder continuar estudando, as
crianças terão poucas chances de
competir futuramente no mercado de
trabalho e de encontrar emprego que
lhes garanta uma renda razoável, a
fim de satisfazer suas necessidades
e as de seus familiares.
Crianças trabalhando em
plantação em Caetés, PE
(2006).
A Modernização da agropecuária
A industrialização modernizou a agricultura, com
a introdução de produtos químicos, máquinas e
implementos.
Grande grupos empresariais
passaram a controlar a
produção, comercialização e a
industrialização de gêneros
agrícolas.
É no grupo de pequenos
agricultores que se encaixa a
agricultura familiar,
responsável por
aproximadamente 60% da
produção de alimentos
consumidos pelos brasileiros.
As multinacionais estão
presentes nos setores de
produção e distribuição de
agrotóxicos, fertilizantes e
adubos, sementes, entre
outros.
A falta de incentivo governamental
às pequenas propriedades fez com
que muitos agricultores
precisassem vender suas terras às
grandes empresas agropecuárias.
Com isso, a concentração da
propriedade rural nas mãos de
poucos aumentou.
Observe a fotografia ao lado.
Ela mostra uma ocupação de
terras promovida pelo
Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem-Terra (MST),
criado em 1984. O MST é um
movimento que promove
ocupações de terras com o
objetivo de pressionar o
governo a acelerar o processo
de reforma agrária.
Marcelo Ruschel /NextFoto
Reforma agrária
Acampamento de trabalhadores rurais sem-terra
ligados ao MST, em Japaratuba, SE (2007).
Além disso, ampara o pequeno agricultor e luta pelo fim do latifúndio. Também
organiza as famílias em cooperativas de produção que recebem terras do
governo. Assim, os pequenos produtores podem comprar máquinas,
equipamentos, adubos, fertilizantes e pesticidas e ter condições de inserir seus
produtos no mercado de forma competitiva.
Conversa

Qual poderia ser a causa do crescimento do
MST nos últimos 20 anos?

O MST costuma usar o termo “ocupação”
para se referir ao assentamento de seus
acampamentos em áreas rurais. Os meios
de comunicação geralmente usam o termo
invasão. Em sua opinião, por que há essa
diferença?
Outra modificação importante que
vem ocorrendo no espaço rural
brasileiro nas últimas décadas é o
crescimento de atividades do setor
de serviços, como as de jardineiro,
caseiro, cozinheiro, arrumadeira,
gerente de hotel, garçom. Com o
turismo rural, novos empregos
surgem em pousadas e hotéisfazenda, além de equipamentos
ligados às atividades de lazer
rural, como pesqueiros, trilhas
para caminhadas, instalações
para esportes de aventura,
serviços para visitação a parques
e reservas, entre outros.
Dorival Moreira/ Pulsar Imagens
O campo e o turismo
Grupo fazendo trilha no Parque Nacional da
Chapada do Veadeiros, em Goiás (2007).
Nessas atividades é importante a presença de
um guia que conheça bem a região.
Conversa

Que tipo de atividade está sendo praticada?

Que benefícios ela pode trazer para o
espaço rural?

A atividade existe em seu município?
Observe o gráfico.
Conversa

De acordo com o gráfico, quais mudanças
podem ser observadas na economia
brasileira?
Observe a charge.
Conversa

Que “círculo vicioso” está presente na
charge?

Que relação pode ser feita entre a situação
mostrada na charge e a saída de indústrias
da região da grande São Paulo?
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Brasil Agrário a Industrial