Informativo da Indústria da Construção
Newsletter :: Edição 18 :: 6/11/2015
NOTÍCIAS
Valdir Figueira
O secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Fabrício Dantas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o presidente da
Apeop, Luciano Amadio, o presidente da CBIC, José Carlos Martins e o presidente da COP/CBIC, Carlos Eduardo Lima Jorge
“INFRAESTRUTURA É O PONTO ZERO DO CRESCIMENTO DO BRASIL”
MINISTRO DA FAZENDA QUER AMBIENTE DE NEGÓCIOS MAIS ABERTO,
COM MAIS OPORTUNIDADES E MAIS SIMPLES NO BRASIL
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, discutiu
as linhas gerais do Programa Público Avançado
(PPP+) com a indústria da construção e qualificou
o setor como parceiro importante para a retomada dos investimentos em infraestrutura planejados
pelo governo federal para 2016. Equipe multidisciplinar liderada pelo secretário-executivo adjunto da
Fazenda, Fabrício Dantas, faz o ajuste final em um
novo marco regulatório para agilizar e qualificar a
formulação de projetos públicos, assim como tornar mais ágil a execução de projetos em parceria
com a iniciativa privada. “Minha mensagem é que
não há dúvida de que o investimento em infraestrutura será cada vez mais importante para o Brasil.
É o ponto zero para o crescimento da economia”,
frisou Levy.
O ministro resumiu os objetivos do novo marco
regulatório em conceitos que convergem para o
posicionamento do setor construção: melhorar o
ambiente de negócios e aumentar o leque de empresas participantes dos projetos. Levy participou
de reunião institucional organizada pela Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com
vistas a conhecer as expectativas e preocupações
do setor em torno do programa de concessões do
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governo. O encontro foi realizado na sede da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas
(APEOP), entidade filiada à CBIC, em São Paulo,
para um público estimado em 80 pessoas. O titular da Fazenda afirmou que interessa ao governo
federal aumentar a concorrência nos projetos e
melhorar o ambiente de negócios, para estimular
a retomada dos investimentos. “O objetivo dessa
legislação é criar condições favoráveis para aumentar o número de participantes e a capacidade de
financiamento”, disse o ministro, sobre o marco
regulatório em gestação.
Segundo ele, uma das preocupações é melhorar a
qualidade dos projetos e contratos tanto no setor público, quanto naqueles associados à parcerias com a
iniciativa privada, com vistas a ter segurança e transparência. “Projeto tem que ser bom, bem estruturado,
e estar em um ambiente jurídico que permita-lhe ser
bom e ser executado sem muita incerteza. Diminuir
riscos permitirá o financiamento privado como uma
alternativa factível, que vai ampliar a capacidade de
financiamento de projetos”, resumiu.
O ministro propôs à CBIC aprofundar o diálogo com a criação de um grupo de trabalho para
Valdir Figueira
Empresários do setor acompanham a reunião com o Ministro Levy
avaliar as propostas apresentadas pela indústria
da construção. “Essa reunião é um subproduto da
primeira conversa que tivemos dias atrás. Nossa
preocupação é encontrar saídas para recuperar o
desempenho, conquistar melhores resultados e
oportunidades para o setor”, diz José Carlos Martins,
presidente da CBIC. Levy havia recebido dirigentes
da construção civil na terça-feira, 3/11, em Brasília.
“Nós vemos nas PPPs e concessões não apenas
uma saída para as empresas, mas para o Brasil. É
uma saída para reduzir o tamanho da máquina pública e recuperar o investimento, além de melhorar a
prestação do serviço público”, diz Martins.
SEGURANÇA E CONCORRÊNCIA
Em linhas gerais, o governo trabalha em um projeto de lei que imponha mais agilidade e eficiência na contratação de empreendimentos públicos
e trará, como novidade, o conceito do empreendimento privado de utilidade pública. A proposta deve estabelecer critérios e formatos para tais
projetos, incluindo a previsão de um procedimento
legal para o fomento público empresarial. “A lei se
fixará em empreendimentos de relevância nacional
e não apenas em empreendimentos públicos”,esclareceu Fabrício Dantas.
O secretário-executivo adjunto acompanhou o
ministro e participou do debate. Segundo ele, a
proposta de legislação não substituirá os marcos
legais em vigor: a ideia é ter instrumental para formatar projetos diferenciados, porém, em harmonia
com a regulação existente. “É importante que as
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empresas sintam-se seguras para realizar investimentos e queremos dar essa segurança. A principal
demanda que enxergamos é melhorar a infraestrutura, tendo como foco estimular atividades
econômicas que alavanquem outras atividades
econômicas”, disse. “O ministro nos encomendou
legislações voltadas à desburocratização”.
A indústria da construção tem se preparado para
colocar-se como player atuante nesse segmento.
Além de estudos técnicos, realizados pelo consultor
Gesner Oliveira, a CBIC tem realizado encontros regionais para discutir oportunidades de negócios e a
modelagem ideal para que mais empresas possam
disputar as licitações de projetos de concessões e
PPPs. A expectativa dos empresários é que haja um
esforço do governo para a melhoria do ambiente de
negócios, com maior segurança jurídica e estímulos
para o investimento privado, especialmente no que
diz respeito à modelagem de projetos e acesso ao
crédito – há uma preocupação com a formação de
funding e garantias. “Temos capacidade para participar desses projetos e estamos nos preparando
para uma atuação mais forte”, afirmou o presidente
da Apeop, Luciano Amadio. Presidente da Comissão
de Obras Públicas (COP) da CBIC, Carlos Eduardo
Lima Jorge defendeu a criação de modelagens que
permitam a participação de um número maior de
empresas. “É importante esse diálogo institucional
com o governo”, comentou. “Concessões e PPPs
tornaram-se um caminho para o desenvolvimento
do Brasil e do nosso setor também. É o futuro”.
NOTÍCIAS
Isabel Paganine
A fundadora da URBAN 3D, Anielle Guedes, apresenta
seu projeto aos membros da COMAT/CBIC
CONSTRUÇÃO
ATRAI STARTUPS 3D
COMISSÃO DE MATERIAIS, TECNOLOGIA
E QUALIDADE DA CBIC ACOMPANHA
DESENVOLVIMENTO DESSAS EMPRESAS
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC) está acompanhando, em parceria com o Senai Nacional (Projeto Tendências de Gestão, Tecnologia e Inovação da Construção), a criação de startups
3D no setor da construção, dedicadas à melhoria da
qualidade de vida da população nos centros urbanos.
As propostas de duas delas, a Urban 3D e a Inova
House, foram apresentadas na reunião da Comissão
de Materiais, Tecnologia e Qualidade (Comat) da
CBIC no último mês de outubro, em Brasília, a empresários e técnicos ligados à temática da inovação.
Inovadoras, essas empresas são formadas por empreendedores à procura de um modelo de negócios
que possa ser replicável e execultado em escala, com
foco em uma solução para a questão da moradia social no País. A impressão 3D é um processo limpo. Só
utiliza o material que vai ser impresso e solidificado
A tecnologia consiste em mecanizar e automatizar o
processo da construção civil.
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A Urban 3D, fundada pela paulistana Anielle
Guedes, 23 anos, tem como objetivo oferecer, em
parceria com governos, prefeituras e empresas
privadas, habitação sustentável não apenas nos
centros urbanos, mas, também, em lugares onde a
urbanização ainda não chegou. A empresa desenvolve tecnologia de impressão 3D para construir
moradias de baixo custo. A ideia surgiu quando ela,
física e economista, morou no campus da NASA
(National Aeronautics and Space Administration),
na Califórnia, e precisou elaborar trabalho para o
seu programa de estudos, e foi reforçada quando
trabalhou no IDDS (International Development Design Summit), onde, juntamente com engenheiros
e pesquisadores do mundo inteiro, morou em cinco favelas e comunidades brasileiras com o objetivo de desenvolver soluções para as pessoas. Seu
objetivo é colocar de pé casas impressas em 3D. A
prática já ocorre na China, com algumas amostras
de casas construídas pelo processo.
“É possível construir moradias de baixo custo
aliando desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade”, defende Anielle Guedes. Para dar certo, no
entanto, é necessário regulação e interesse dos
stakeholders e das indústrias em adotar a tecnologia. “A expectativa é ter pilotos de atuação da
tecnologia de impressão 3D no mercado brasileiro
já em 2016. Massivamente para atuar em quase
todos os lugares, cerca de sete anos”, acredita.
No que se refere ao Programa Minha Casa
Minha Vida (MCMV), a paulistana destacou que
a impressora 3D está sendo criada para trabalhar
com a moradia social, que precisa ser feita de
forma mais rápida, eficiente e barata. “É preciso ter
políticas urbanas, não só a tecnologia de construção.
Mas hoje, a empresa consegue melhorar a eficiência do processo em pelo menos quatro vezes e
fazendo isso de forma 30% mais barata. A ideia
é fazer a construção civil com 1/10 do tempo e
1/10 do custo. Assim conseguiremos atender a
demanda de moradia social que temos no Brasil”, reforça.
REDUÇÃO DE DANOS AMBIENTAIS
O debate também contou com a participação
de representantes da startup Inova House 3D, de
Brasília, Juliana Martinelli (CEO) e Bruna Figueiredo
(Desenvolvimento de Material), estudantes de Engenharia Elétrica e Civil da Universidade de Brasília
(UnB), respectivamente. A empresa promete
inovação e sustentabilidade na construção civil,
por meio da tecnologia de impressão 3D e com um
processo construtivo inovador, sustentável e ágil,
tornando mais acessível a moradia de baixa renda no Distrito Federal. Ao participar da reunião
da Comat/CBIC, Juliana Martinelli, a idealizadora
da startup, destacou a “importância de se trabalhar
em parceria com a indústria da construção civil para
melhorar a questão da automatização no processo construtivo como um todo, diminuindo os
impactos ambientais causados pela construção.
O processo sugerido é baseado na técnica da
impressão 3D. A partir de programas de CAD,
a casa será desenhada tridimensionalmente. E
com a utilização de softwares específicos para
impressão 3D, esse modelo será reproduzido em
tamanho real.
“A impressão de casa utilizando a tecnologia
3D é um processo a longo prazo, então a gente tem que trabalhar no material, na tecnologia”,
diz. A Inova House trabalha em um projeto intermediário, onde trata de algumas outras dificuldades que a indústria tem”, destaca Juliana
Martinelli. A ideia surgiu quando seu pai, militar,
serviu em 2014 no Haiti, país que sofreu terremotos, e descobriu que uma empresa na China
estava construindo 10 casas em um dia, pela tecnologia da impressora 3D, utilizando concreto,
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recicláveis e o próprio entulho gerado pela
construção. A empresa conta com apoio institucional da CBIC, do Senai Nacional, da UnB e
da ABNT para atender ao processo construtivo. A
expectativa é de que a primeira casa esteja pronta em cinco anos, utilizando essa tecnologia.
O presidente da Comat/CBIC, Dionyzio
Klavdianos, considera boa a inovação, principalmente vindo de pessoas tão novas, movidas
pelo empreendedorismo. “Apesar de no mundo
o processo ainda estar no começo, as startups
são bem vindas. Tudo que envolve inovação na
construção é muito bom”, ressalta Klavdianos. Além
disso, “a ideia de reduzir o custo da construção de
uma moradia em 80% é muito boa”, reforça.
Para Klavdianos, a preocupação social da empreendedora Anielle Guedes, talvez maior autoridade brasileira em construção utilizando
impressão em 3D, e seus desafios são similares aos enfrentados há 10 anos pelo professor Behrokh Khoshnevis, da Universityof South
Califórnia, que em setembro deste ano apresentou o tema durante palestra da Comissão
de Materiais da CBIC no 87° Encontro da indústria da construção civil (Enic), em Salvador.
Apenas agora Khoshnevis obteve autorização
da universidade para montar a startup e ter de
fato meios para também construir habitações
utilizando impressora 3D.
Para Dionyzio, o avanço dessas startups deve
ser acompanhado pela entidade. O assunto que
desperta o interesse de todos os envolvidos no
processo já está previsto para entrar na pauta
dos trabalhos da Comat/CBIC no 88º Encontro Nacional da Indústria da Construção (Enic),
maior evento do setor, que será realizado em
maio de 2016 em Foz no Iguaçu, no Paraná. No
momento, as startups buscam interessados em
financiar seus projetos.
BOAS PRÁTICAS NA CONSTRUÇÃO
Pedro Sarolli
OESTE DO PARANÁ
AVANÇA NA
DESBUROCRATIZAÇÃO
O Sinduscon/Paraná-Oeste, de Cascavel-PR,
e a Amop (Associação dos Municípios do Oeste
do Paraná) criaram em 2015 o Comitê de Desburocratização, que já tem apresentado resultados positivos na busca por agilizar o processo
de aprovação de projetos nas prefeituras. A iniciativa surgiu após uma palestra proferida pelo
consultor Marcos Kahtalian, que apresentou o
resultado de um trabalho desenvolvida pela CBIC
(Câmara Brasileira da Indústria da Construção),
que descobriu que o preço da burocracia nas
obras chega a 12% do valor total. Após a informação alarmante, surgiu a ideia de criar um grupo de trabalho em busca de soluções.
O Comitê é coordenado pelo engenheiro civil
e ex-secretário de Planejamento de Cascavel,
Ronald Drabik. O coordenador do Comitê explica
que o Sinduscon regional buscou a aproximação
da Amop para formatar esse grupo, que conta
com representantes das prefeituras de todos
os municípios que compõem a Associação. As
reuniões começaram em maio e nos primeiros
encontros foram tantos problemas que surgiram,
que o Comitê teve que definir prioridades. “Solicitamos aos participantes que elencassem aonde
tinham mais problemas. A análise urbanística de
projetos, a aprovação de projetos on-line e planos diretores foram os três problemas mais comuns. Muda-se o nome do Município, mas não
mudam os problemas”, explicou Drabik.
Para tentar solucionar as ações, o Comitê teve
algumas boas ideias, como a criação de um carimbo e selo de aprovação padronizados em toda
a região Oeste do Paraná, além das estatísticas
das obras. Outro fator que pode colaborar com à
causa é um estudo, em andamento, sobre tipologia de arborização indicada ao Oeste.
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O engenheiro civil e ex-secretário de Planejamento
de Cascavel Ronald Drabik é o coordenador
do Comitê de Desburocratização
“A ANÁLISE URBANÍSTICA
DE PROJETOS, A APROVAÇÃO
DE PROJETOS ON-LINE
E PLANOS DIRETORES
FORAM OS TRÊS PROBLEMAS
MAIS COMUNS. MUDA-SE O
NOME DO MUNICÍPIO, MAS
NÃO MUDAM OS PROBLEMAS”,
EXPLICOU DRABIK”
Outros objetivos são elaborar uma pesquisa
média da aprovação de projetos e arrecadação
de municípios, com o objetivo de destinar uma
parte destes recursos para modernização do
setor; repensar os procedimentos pós-fiscalização legal, tornando-os mais efetivos e
iguais em todas as prefeituras da região; se
é viável a corresponsabilidade do analista nos
projetos entre outros.
“As Secretarias de Planejamento, principalmente os setores de aprovação, precisam de mais
tecnologia. Essa ideia de saber a arrecadação
dos municípios com a aprovação de projetos é
justamente com o intuito de buscar um retorno
em investimento para o setor, como geoportais
municipais, que facilitariam a emissão de guias
amarelas, azuis ou outros documentos on-line e
o trâmite de processos on-line, que vai agilizar o
processo. Precisamos diminuir a papelada”, comenta Drabik. Ainda este ano, o grupo trabalha
em um documento que estabeleça compromissos
e ajude os prefeitos dos municípios da região a
entenderem a importância de avanços e investimentos no setor.
Além do esforço pela desburocratização, o
Comitê tem outros benefícios. Um deles é a troca
de experiências. “Aqui eles se conhecem e compartilham alternativas que deram certo e as que
deram errado”, comenta o presidente do Sinduscon/Paraná-Oeste, Edson Vasconcelos.
IDENTIFICANDO ENTRAVES
Um estudo feito por um dos participantes do
Comitê trouxe informações importantes à tona.
Leandro Gomes, arquiteto e diretor da área de
aprovação de projetos da Prefeitura Municipal
de Cascavel, fez uma análise das tramitações no
mês de maio de 2015. A conclusão desmitifica a
premissa de que os paços municipais “travam”
os documentos.
Segundo Leandro, aproximadamente 70% do
tempo de tramitação o processo fica na mão do
profissional que o fez, seja porque ele não foi buscá-lo ou porque demora para corrigir os problemas
apontados. 15% desse tempo o processo fica nas
mãos do analista e os outros 15% ele tramita em
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OBJETIVOS IMEDIATOS
n Criação de um carimbo de aprovação padrão
n Selo padrão
n Estatísticas da obra padronizadas
n Tipologia de arborização
GARGALOS
70%
do tempo do trâmite de aprovação o projeto
fica com o profissional que o fez
15%
do tempo de trâmite o projeto fica com o
analista
15%
do tempo de trâmite o projeto circula em
outros setores das prefeituras
outras esferas do Poder Público Municipal. “Boa
parte da burocracia não é da prefeitura, mas sim
dos profissionais”, reforçou Drabik.
O Comitê pretende discutir em 2016 outros
problemas. Um deles é a emissão de alvarás
pelo Corpo de Bombeiros, que demoram demasiadamente e em alguns casos é feito
por profissionais não técnicos. Outra ideia
é segmentar as discussões, criando câmaras
técnicas para debater os problemas e buscar
soluções para liberação de loteamentos, sobre a
região metropolitana e sobre os planos diretores.
Comitê também pretende convidar as universidades da região para participar e colaborar com
os trabalhos.
GENTE DA CONSTRUÇÃO
CRISES GERAM OPORTUNIDADES
PIONEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM SANTA CATARINA, EMPRESÁRIA CONTA COMO
VENCEU DESAFIOS E CONQUISTOU LUGAR DE DESTAQUE NO MUNDO CORPORATIVO
minha própria empresa”, relata a empresária, recordando como entrou no ramo empresarial. Dessa sociedade, em 1977, nasceu a Katedral, nome que a
empresária escolheu intuitivamente. “Sempre que eu
entrava em uma catedral me sentia protegida”, diz
Bárbara, destacando os sentimentos de força e confiança que associa a esse ambiente. Esses são valores, diz, que pautam sua vida desde sempre e que
a amparam nos momentos difíceis, como quando ficou viúva, aos 28 anos de idade. “Foi uma fase muito
difícil e de profundas mudanças. Eu tinha quatro
filhos pequenos para criar”, lembra Bárbara. “Quando os problemas surgem, você não pode desistir. É
preciso seguir em frente e de cabeça erguida”, afirma.
A empresária Bárbara Paludo com os
netos no ENIC 2015, em Salvador
Ela é apontada como a “Dama de Ferro da Construção
Civil”, mas quem conhece sua trajetória enxerga uma
combinação vitoriosa de tino comercial, dedicação e
ousadia. Primeira mulher a fundar uma construtora
no Estado de Santa Catarina, a empresária Bárbara Paludo conquistou espaço e respeito no mercado
ao mesmo tempo em que construiu e cuidou de sua
família. Empreendedora nata, ela conta ao CBIC Mais
que começou a atuar no setor da construção por acaso: compartilhando sua história inauguramos a seção
fixa Gente da Construção, em que serão apresentados perfis de empresários e profissionais da indústria
da construção. A expectativa é estimular a troca de
experiências e reconhecer aqueles que têm feito
diferença e contribuído para o desenvolvimento do
setor. Bárbara é um desses personagens.
“Um casal de amigos estava passando por dificuldades financeiras na imobiliária que possuía e então
resolvi ajudar. Comprei parte da empresa deles e,
na direção, fiz ela dobrar de tamanho. No entanto,
um ano depois, resolvi sair da sociedade e abrir a
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Determinação e foco são características que Bárbara cultiva desde a infância. Ela conta que seu pai
não queria que ela estudasse e lembra como contornou a resistência paterna: “Eu era uma das melhores
alunas da sala. Adorava os exercícios de matemática
e a professora, dona Nena, sempre me premiava com
um lápis ou uma pena. Eu gostava de estudar e não
podia aceitar que meu pai não permitisse”, recorda.
Bárbara decidiu levar a professora na sua casa para
conversar com seu pai e convencê-lo de que estudar
era importante. Depois disso, fez uma proposta a ele:
trabalharia das 6 horas da manhã até o meio dia na
lavoura e à tarde ia para a escola. “Foi a maneira que
encontrei para frequentar as aulas”, conta.
A empresária guarda na memória a primeira grande
conquista da Katedral, quando adquiriu uma área e
a dividiu em 430 lotes em parceria com a COHAB.
Nesse empreendimento deveriam ser construídas
430 casas com financiamento pela Caixa Econômica
Federal. Diante de um déficit anunciado no FGTS –
em 1994, durante gestão da então ministra da Ação
Social, Margarida Procópio – Bárbara mudou de estratégia e decidiu construir apenas 50 habitações, em
parceria com o Banco da APESC. “Fui arrojada, pois
na época a economia mudava constantemente e era
necessário cautela para a tomada de decisões”, conta. O empreendimento deu certo.
CRESCIMENTO EMPRESARIAL
Segundo ela, o contexto de superação de obstáculos faz parte da atividade empresarial e a nova
geração de empresários deve estar preparada e
disposta a vencer desafios diários, com coragem
para empreender. “O sucesso não vem de graça.
Só podemos ser vitoriosos senão tivermos medo
de sermos derrotados”, avisa. Para ela, estar
preparado para gerir um negócio é estar de olho
nos acontecimentos políticos e econômicos do
País e, acima de tudo, ser apaixonado pelo que
faz. “As crises surgem e precisamos enfrentá-las.
Não é fácil para quem já está consolidado no mercado. Imagina para quem está chegando agora. É
preciso ser cauteloso”, aconselha.
O equilíbrio entre cautela e audácia permitiu à
empresária ampliar seus negócios, que hoje aglutinam-se no grupo Katedral Empreendimentos, formado pela Katedral Construtora; Katedral Imobiliária e
Habita-Con Investimentos S/A. Crescidos, seus filhos
acompanham-na na gestão dos negócios – Fernando
e Luiz Alberto estão à frente da construtora e Lusiane
e Leciane administram a imobiliária. Bárbara nunca
se afastou dos negócios, mas garante que a tranquilidade em saber que os herdeiros estão assumindo as
funções que eram de sua responsabilidade exclusiva
tem lhe permitido gozar de uma vida mais tranquila.
Ela ainda comanda a Habita-Con Investimentos
S/A, mas relata que tem aproveitado mais os momentos de lazer. “Tento unir o útil ao agradável. Como
gosto muito de viajar, aproveito para fazer viagens que
tenham a ver com a minha atividade profissional. Com
isso, preencho boa parte da minha agenda com os
eventos do setor da construção, nos quais faço relacionamentos profissionais e aproveito para curtir um
pouquinho também”, confidencia. Bárbara também
reserva parte do seu tempo para cuidar da saúde,
com meditação e longas caminhadas. A empresária
ainda acompanha de perto a formação da terceira
geração e vê, feliz, seus netos seguirem na direção
do empreendedorismo. Dois deles, Luis Fernando e
Giovani, cursam engenharia civil. O outro, Fernando
cursa administração de empresas. “Fico feliz em
ver a paixão que eles têm pelas empresas que
construí. Tenho oito netos e, de uma forma ou de
outra, cada um deles demonstra interesse em perpetuar os negócios da família Paludo”, orgulha-se.
Com quase quatro décadas de história no mercado
imobiliário, o grupo Katedral é um dos mais dinâmicos
do setor em Santa Catariana, disponibilizando casas,
apartamentos, condomínios e loteamentos. Para Bárbara, “a sabedoria do ser humano não é definida pelo
quanto ele sabe, mas pelo quanto ele tem consciência
que não sabe”. Ela também atribui o sucesso que conquistou ao longo dos anos à convivência respeitosa
com os concorrentes no mercado. “Sempre me fiz respeitar e sempre respeitei meus colegas. Aprendi muito
com eles, mas também ensinei”, conta a empresária,
que foi uma das fundadoras do Sinduscon-Oeste SC
Chapecó, presidindo a entidade de 1998 a 2000. Ela
também foi a primeira mulher eleita à presidência da
Câmara Estadual da Indústria da Construção no seu
Estado; é diretora na Federação das Indústrias de
Santa Catarina (FIESC) e vice presidente da Câmara
Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
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JOGO RÁPIDO COM BÁRBARA PALUDO
CBIC MAIS: Como surgiu a Katedral?
BÁRBARA PALUDO: Entrei por acaso no
setor. Queria ajudar um casal de amigos que
estava com dificuldades financeiras na imobiliária que possuíam e comprei uma parte.
Entrei no ramo e um ano depois abri a Katedral.
CM: Quais os principais valores da sua
gestão?
B. P.: Não existe mágica para gerir uma
empresa, mas o respeito ao cliente deve estar acima de tudo. Ele é nossa mídia. Toda
marca forte tem uma história de sucesso
que só acontece com muito trabalho.
CM: O que a senhora diria para a nova
geração de empresários?
B. P.: Empreender é próprio dos que tem
coragem. O caminho está cheio de obstáculos, por isso é preciso estar preparado para
cair e levantar, sem medo da derrota e com
muita coragem.
CM: O Brasil vive uma crise. Muitos
empresários estão com receio de investir.
Como a senhora tem feito para manter
a atividade da sua empresa em pleno
funcionamento?
B. P.: Estamos mais cautelosos. Temos
que nos ajustar ao novo cenário de crise. Já
passamos por problemas no passado e a experiência tem nos ajudado a saber o que e
como fazer.
CBIC DADOS
A CONSTRUÇÃO EM NÚMEROS
Produção física industrial dos insumos típicos da Construção Civil
Financiamento imobiliário - Brasil
Recursos SBPE
ARTIGO DO ESPECIALISTA
A INJUSTIÇA DOS DISTRATOS
EMPRESAS, CLIENTESE A SOCIEDADE SÃO PREJUDICADOS AO
SE DESFAZER A COMPRA DE UM IMÓVEL
A indústria imobiliária tem registrado um forte aumento no número dos distratos, instrumento pelo qual compradores de imóveis novos desfazem o negócio, o que
faz o imóvel retornar à construtora ou incorporadora.
O distrato é prejudicial para ambas as partes. O
cliente não realiza o sonho da casa própria e a empresa sofre um desequilíbrio na equação econômica
do empreendimento.
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Outro aspecto torna a situação mais grave: além de
ressarcir o comprador, a empresa precisará arcar com
compromissos já assumidos para concluir a obra e suportar despesas para conseguir vender novamente a
unidade, gerando mais desequilíbrio.
A Lei de Incorporação (Lei 4.591/64) não dispõe sobre
os efeitos dos distratos. Ela prevê que o contrato de compra e venda de uma unidade é irrevogável e irretratável.
Os empreendimentos são desenvolvidos através de
Sociedades de Propósito Específico e, recentemente,
institui-se o Patrimônio de Afetação para segregar os
valores de cada empreendimento, de modo a garantir
a sua construção, protegendo o conjunto de compradores. A devolução de recursos pelos distratos fragiliza
essas garantias.
Não existindo equilíbrio, as ineficiências e os riscos
serão fatalmente cobertos pelo universo dos demais
compradores. Portanto é necessário definir um critério
coerente com a dinâmica natural da incorporação imobiliária.
Quando a empresa assume grande número de
distratos e devolve aos compradores um expressivo
volume de recursos, precisa adiar novos lançamentos
até reduzir estoques. Por isso, os distratos, junto com
a atual crise, têm contribuído para o desemprego na
construção, além de colocar em risco a saúde financeira das empresas.
As divergências sobre os valores a serem devolvidos
levam à judicialização dos processos, sugando mais recursos da sociedade, das empresas e dos clientes.
A situação tem que ser vista com cautela, pois o
cenário atual gera incertezas para ambos os lados. Se
o comprador não consegue crédito ou pagar as parcelas, é natural que haja um acordo para a solução do
problema. No entanto, há casos em que o comprador
viu frustrada sua expectativa de valorização do imóvel
adquirido na planta.
O investimento em um imóvel não é comparável ao
de títulos financeiros. Algo tão sério como uma aquisição imobiliária não pode ser tratado como opção
de compra que deso¬briga o adquirente de receber o
imóvel, caso o mesmo não lhe interesse mais.
É preciso aperfeiçoar a legislação para instituir
equilíbrio entre as partes na compra e venda do imóvel
e impedir que a escalada dos distratos prejudique toda
uma cadeia produtiva. A casa própria é o maior sonho
das famílias brasileiras e a indústria imobiliária leva muito a sério a responsabilidade de concretizá-lo.
Claudio Bernardes, Presidente do Secovi-SP; José Romeu Ferraz Neto, presidente do SindusCon-SP; Rodrigo
Luna, presidente da Fiabci-Brasil; e Rubens Menin, presidente da Abrainc
AGENDA
6 e 7 de novembro
10 e 11 de novembro
12 de novembro
3º Encontro Anual da AACE
Brasil (Associação Americana
para o Desenvolvimento da
Engenharia de Custos/Brasil) e
o 2º Seminário sobre Formação
dos Preços de Obras.
Evento: Seminário de Obras
Públicas, Porto Alegre/RS
Building Sustainability a swissbrazilian exchange
Local: Auditório Mondercil Paulo de Moraes MPE - R. Aureliano Figueiredo Pinto, 80 3° andar - Porto Alegre/RS
Para acessar a programação completa, clique
aqui http://www.sinduscon-rs.com.br/
Horário: 10h45
Local: Espaço Cultural Ciragran,
em São Paulo, Clique aqui
http://www.seminarioaace.com.br/
para mais informações.
10 de novembro
Fórum Regional Sudeste
Concessões e Parcerias
Local: FINDES – Federação das
Indústrias do Estado do Espírito Santo.
Av. Nossa Senhora da Penha, 2053,
Ed. FINDES, 9º andar, Santa Lúcia,
Vitória/ES, CEP: 29045-403
Clique aqui para mais informações
(http://infraestruturaeppps.com.br/
eventosregionais/regional-sudeste.
html#home)
11 de novembro
Reunião do Conselho de Administração
Horário: 10h30 às 16h30
Local: Sede da CBIC – SCN Quadra 01
Bloco E – Edifício Central Park – 13º andar –
Brasília-DF
12 de novembro
Evento: Rodada de Inovação em Ribeirão Preto
Horário: 8h30 às 17h30
Informações: SindusCon-SP (clique aqui http://
www.portalsinduscon.com.br/portal/sinduscon-sprealizara-rodada-da-inovacao-em-ribeirao-preto/)
Local: Expo Arquitetura
Sustentável 2015 – Expo Center
Norte – São Paulo
Mais informações: construcaosustentavel.splashthat.com
12 a 14 de novembro
5ª edição do Complan –
Seminário Internacional
sobre Comunidades
Planejadas do Brasil
Local: Rio de Janeiro
Clique aqui para mais
informações: http://adit.
com.br/complan/
EXPEDIENTE:
Presidente da CBIC: José Carlos Martins
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Diagramação: Marco Freitas
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cbic mais edição #18