Barroco (Séc. XVII)
1
Aspectos gerais da ciência do Barroco

A filosofia experimental
–
Francis Bacon (1561-1626): Novum Organum (1620), considerava a observação
repetida dos fenómenos como fundamental para o conhecimento das leis do
mundo físico e conducente ao estabelecimento de leis gerais.
–
René Descartes (1561-1650): Discours de la méthode (1637), o método dedutivo
da razão era suficiente para o estabelecimento das leis gerais da natureza.
–
Galileu Galilei (1564-1642): Il Saggiatore (1625), era fundamental a experiência,
levando os resultados finais à elaboração de leis científicas.
–
Isaac Newton (1642-1721): Philosophiae naturalis Principia mathematica (1687),
marca o nascimento da física teórica, com a formulação de leis e de conceitos
que permitem estabelecer e construir a mecânica. Lei da atracção universal.
2
Descobertas no séc. XVII

Invenção de novos instrumentos
–
Telescópio
–
Barómetro
–
Termómetro
–
Microscópio: invenção de Antony van Leeuwenhoek
(1632-1723); permitiu observar pela 1ª vez os
infusórios e os espermatozóides e lançou contributos
para a anatomia microscópica de algumas partes do
organismo humano
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A química no barroco
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
Robert Boyle (1627-1691): é figura mais importante da química do
séc. XVII. Escreveu Sceptical Chemist (1661). Introduziu novo
conceito de elemento, segundo o qual os elementos eram substâncias
que não se podiam decompor, que eram, igualmente, intransmutáveis,
sendo os constituintes últimos de composições mais complexas.
Descobriu reagentes químicos

Estas teorias são desenvolvidas por Lavoisier e Berzelius até Dalton.
Chegando-se à química moderna.

Séc. XVII e nos primeiros anos do séc. XVIII três questões constituem
o pano de fundo do desenvolvimento da química:
–
Natureza do elemento químico
–
Combustão
As academias científicas
5

Tinham como objectivo discutir as mais avançadas doutrinas
científicas, fazer o ponto da situação sobre determinadas área
especificas do saber, estimular à investigação, colocar os cientistas
em contacto, fazer a divulgação do saber científico

Faziam publicações; ex: Philosophical Transactions (Royal Society)

Exs:
–
Accademia dei Lincei (1603): Roma; publicou textos sobre microscopia
–
Royal Society (1662): Londres; interessou-se por descobertas anatómicas
–
Académie des Sciences (1665): Paris
–
Academia naturae curiosorum (1652): Alemanha
Tentativas de criar um sistema
médico alternativo ao galenismo
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Iatroquímica
7

Primeira doutrina a abalar a tradição galénica

Formulada por Franz de le Boe, também chamado Sílvio (1614 - 1672) e por
Thomas Willis (1621 - 1675)

Baseia-se na interpretação química dos processos fisiológicos, patológicos e
terapêuticos

Assenta
–
Nas interpretações químicas de Paracelso e dos seus seguidores (Van Helmont,
Basilio Valentino, Livabius e Croll), mas afasta-se deles no ponto de vista filosófico
–
Aproveitou os avanços mais recentes da medicina (anatomia baseada na dissecação
de cadáveres humanos e a doutrina da circulação do sangue de Harvey)
Correntes filosóficas da época, em que
assenta a Iatroquímica
8

Atomismo: é uma filosofia Grega do séc V a.c. de Demócrito, segundo
a qual ao átomos eram os constituintes de toda a matéria. Partículas
invisíveis, imutáveis e de diferentes formas, cuja reorganização
incessante levam a transformações

Indutivismo de Bacon: considerava a observação repetida dos
fenómenos como fundamental para o conhecimento das leis do
mundo físico e conducente ao estabelecimento de leis gerais.

Cartesianismo: Filosofia de Descartes. Estudo das caracteristicas
gerais e abstractas do mundo e das categorias que pensamos: Mente
(pensar), a matéria, razão (lógica), demonstração e verdade.
Franz de le Böe (Silvio) (1614-1672)
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
Elaborou a fisiologia baseada em processos de fermentação e de reacções de
ácidos e bases. Enfermidade como excesso de acidez ou alcalinidade. A
fermentação era imprescindível para se compreender as transformações
orgânicas

As doenças tinham origem em alterações químicas, ou seja, resultavam das
alterações fermentativas ou acrimónia, que podia ser ácida ou básica

A acrimónia ácida era mais benigna e a acrimónia lixiviosa apresentava
características de maior malignidade.

Terapêutica envolvia o recurso a meios dietéticos, cirúrgicos e ainda
medicamentos químicos
Thomas Willis (1621-1675)
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
Baseou-se nas teorias de Silvio

A acrimónia de Silvio são designados por
intempéries, que resultam da fermentação anormal

Escreveu Pharmaceutica rationalis (1674-1675)
onde divulga o mecanismo de acção dos
medicamentos no tubo digestivo, no sangue e nos
diferentes órgãos. Procurou explicar acção dos
medicamentos.
Iatroquímica (resumo)

Estados patológicos são interpretados quimicamente

Terapêutica passava pela administração de
medicamentos apropriados – medicamentos
químicos

Desviou da sua doutrina as especulações filosóficas
em torno da doença e dos medicamentos, tal como
defendia escola de Paracelso
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Iatromecânica

Pretendeu romper com a tradição galénica

Caracteriza-se por uma interpretação
através das leis físicas e mecânicas dos
processos fisiológicos e patológicos

Fundada por Descartes (1598-1680),
Santório (1561-1636) e Borelli (1608-1679)
12
Santorio Santorio (1561-1636)
13

Estabeleceu quantitativamente as bases do metabolismo basal;

Inventou os primeiros instrumentos para o diagnóstico clínico: utilizou
o termómetro graduado o pulsilógio (para medir o pulso), etc;

Autor do livro De statica medicina (1614), onde expõe os resultados
de 3 décadas de observações sobre o seu metabolismo, utilizando
uma balança para pesar o seu corpo, os alimentos, a urina e as fezes.
René Descartes (1598-1650)
14

Escreveu um importante livro médico, Traité de
l’homme (1662), considerado o primeiro texto de
fisiologia onde o homem é apresentado como uma
máquina imaterial;

A digestão é explicada através de sucessivas
operações de divisão, mistura, fermentação e
filtração dos alimentos até obtenção do sangue.
Giovanni Borelli (1608-1679)

Adaptou à medicina concepções físico-matemáticas de Galileu
associadas às doutrinas anatómicas de Vesálio e às doutrinas
da circulação do sangue de Harvey

Pretendeu explicar e justificar os fenómenos vitais através de
razões mecânicas

Através da sua obra De motu animalium preconizava uma
fisiologia humana baseada em leis da física – interpretou
mecanicamente a fisiologia muscular
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Outras figuras importantes do
Barroco
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Thomas Sydenham (1624 - 1689)
17

Influência as ciências médico – farmacêuticas nos finais dos séc. XVII e por todo o séc.
XVIII;

Fala da espécie morbosa; inicia-se a nosografia (é a parte da medicina ou o ramo da
patologia que trata das enfermidades em geral e as classifica do ponto de vista explicativo
(isto é de sua etiopatogenia). Enquanto a nosografia as ordena desde o aspecto
meramente descritivo (graphos = descrição).

Considerava fundamental a observação do doente, registo dos sintomas específicos e
gerais e depois relaciona com o meio ambiente, estação do ano, etc.

Distinguiu doenças agudas de doenças crónicas. As doenças crónicas resultam do regime
de vida, enquanto que as doenças agudas eram provocadas pelo meio ambiente, a
constituição do doente, etc.

Terapêutica: exercício físico, dieta adequada, sangrias nalgumas doenças agudas, os
medicamentos de origem vegetal eram privilegiados.
Hermann Boerhaave (1668 - 1738)
18

Escreveu Institutiones medicae (1708) e Aphorismi de
cognoscendis et curandis morbis (1709) onde
articula
conceitos galénicos, iatromecânicos, e algumas influências de
Sydenham. A sua obra é sistemática, eclétifa, tendo
aproveitado de cada sistema e de doutrina o que considerava
útil e mais proveitoso.

Tem uma posição empirica, as teorias médicas sobre patologia
deviam ser elaboradas de forma indutiva apartir da
observação clínica das doenças;

Deu particular atenção à química e à botânica
Animismo (George Stahl)

Fundado por George Stahl (1659 - 1734)

Estabelece a diferença entre vivo/inerte e matéria/espírito só as
criaturas vivas têm um anima imaterial que guia o ser vivo e é
responsável por todas as funções fisiológicas e diferentes
patologias

Terapêutica: o anima apresentava capacidade para corrigir os
desequilíbrios orgânicos. Propunha a utilização de vegetais no
tratamento de diversas afecções nalgumas era partidário da
sangria.
19
Friederich Hoffmann (1660-1742)
20

Natural de Halle na Alemanha

Autor de Medicina rationalis systematicae

A vida depende do movimento das partes sólidas e das partes
líquidas, revelando-se nos fenómenos da circulação e no
estado de tensão das fibras

O éter era fundamental, circulava por todo o corpo sendo
responsável pela vida

Terapêutica: utilizava a sangria, ópio e o ferro. Introduz o licor
de anódino.
Farmácia no barroco

Purgas, sangrias, clisteres e remédios vegetais já descritos por Galeno

Medicamentos químicos, provenientes da iatroquímica

Águas mineromedicinais

Drogas americanas; ex a quina

Injecções endovenosas: embora sem êxito pelo que foram abandonadas

Transfusões de sangue, que não foram bem sucedidas.

Administrados com frequência clisteres purgantes, adstringentes e
carminativos, etc.

21
Aparecem as primeiras farmacopeias oficiais de uma zona territorial especifica
Medicamentos químicos
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
A sua introdução resultou da aplicação das teorias
de Paracelso e dos iatroquímicos

Surgem em oposição à farmácia galénica

Incluíam sais metálicos e substâncias
medicamentosas obtidas por destilação de drogas
vegetais

O antimónio foi a droga química mais utilizada
Drogas de uso comum


Quina
–
utilizada no combate às febres
–
os pós de quina foram sujeitos a
falsificações e adulterações que
originaram graves problemas para a
saúde das populações
Ipecuanha
–
23
utilizada no combate à diarreia
Farmacopeias

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Aparecem as primeiras de origem oficial de uma zona territorial
especifica
–
Officina Medicamentarum editadas pelo colégio de valência
–
Pharmacopea cathalana sive Andidotarium Barcionenese (1686) editada
na Catalunha
–
Phamacopée royale galenique et chimique (1672) do francês Moise
Charas
–
Animadversiones in Pharmacopoeam Augustana (1652) do alemão Johann
Zwelfer
–
Phamacopée universelle: Nicolas Lémery (1645-1715): facilitou a
divulgação da farmácia química
FIM
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