UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ROBSON DE OLIVEIRA QUEIROZ
PATOLOGIAS EM FACHADAS CONSTRUÍDAS COM
REVESTIMENTO DE ARGAMASSA
SÃO PAULO
2007
ROBSON DE OLIVEIRA QUEIROZ
PATOLOGIAS EM FACHADAS CONTRUÍDAS COM
REVESTIMENTO DE ARGAMASSA
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado à Universidade Anhembi
Morumbi no âmbito do Curso de
Engenharia Civil.
SÃO PAULO
2007
Orientação: Prof. Tiago Carmona
ROBSON DE OLIVEIRA QUEIROZ
PATOLOGIAS EM FACHADAS CONTRUÍDAS COM
REVESTIMENTO ARGAMASSADO
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado à Universidade Anhembi
Morumbi no âmbito do Curso de
Engenharia Civil.
Venho dedicar esta pesquisa à algumas pessoas que por
diversas formas marcaram minha vida para sempre,
aquelas que vão contribuindo na construção de um ideal,
outras por nos apresentar o real objetivo de uma vida,
sonhos, projetos e valores. Ao meu maior valor, que é
minha Família que me guiou e incentivou durante esse
desafio. A todos aqueles que desde o início desse ciclo
de vida dedicaram seu tempo e atenção a minha pessoa,
ao meu orientador Prof. Tiago Carmona que com
profissionalismo dedicou parte do seu saber e tempo na
minha jornada, e ao Prof. Fernando J. Relvas que mudou
minha forma de enxergar o meu mundo pessoal e da
engenharia Civil. Obrigado à todos por me tornar uma
pessoa melhor.
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
Antes de tudo a Deus pela vida, saúde e paz durante todo o ciclo de minha vida até
hoje.
As pessoas que me fizeram acreditar que um sonho pudesse se tornar um objetivo e
hoje compartilham comigo mais esta conquista.
A Cicero Queiroz de Aquino, meu pai, Ildete de Oliveira Queiroz minha mãe, e a
Rodrigo de Oliveira Queiroz, meu irmão, que de inúmeras formas me ajudaram,
incentivaram e deram apoio para poder chegar a mais este ideal.
A todos os meus familiares e amigos, em especial a Claudia Lengenfelder Lossassi
e Bruno dos Santos Bittencourt, amigos incontestáveis e inesquecíveis e a todos os
outros não menos importantes (Se fosse citar todos essa página não seria
suficiente).
Ao meu orientador Prof. Tiago Carmona que me ajudou de todas as formas
possíveis, orientou, incentivou e sempre se mostrou disposto a ajudar com extremo
desprendimento, qualidades que realmente sempre se espera de um bom
orientador.
A todos os professores em especial ao Prof. Fernando José Relvas, aos colegas e
amigos que de alguma forma me ajudaram, e participaram de mais esta etapa que
cumpro na minha vida.
RESUMO
O trabalho apresenta as principais ocorrências de danos em fachadas revestidas de
argamassa de forma a identificar a causa de cada situação. As fachadas em
argamassa vem apresentando problemas no seu processo executivo e no seu
comportamento no pós obra. Com a oferta de mão-de-obra escassa e
desqualificada, as empresas com prazos cada dia mais enxutos, é necessário o
conhecimento dos possíveis problemas no revestimento externo em argamassa a
fim de se evitar danos que geram custo, atrasos em cronograma e refazimento de
serviços. Mesmo com a implementação de normas técnicas ou procedimentos
internos da empresa faz-se necessário o aprofundamento do conhecimento.
Palavra chave: Dano; Fachada;
ABSTRACT
This work presents the main reason of façade damage in mortar indeed to identify
the cause of each situation. The façades in mortar are showing problems as their
execution and their behavior as well. The lack of qualified labor, the enterprises with
their shorter deadlines, it´s necessary knowledge of possible problems in outside
covering in mortar due to avoid damages that costs much, workplan delay and redoing of services. Even with the implementation of technical rules or procedures of
the company, it´s necessary the knowledge improvement.
Key word: Hamful; Upright
LISTA DE FIGURAS
Figura 6.3.1 – Execução de chapisco manual
Figura 6.3.2 – Execução de chapisco rolado
Figura 6.3.3 – Aplicação de argamassa industrializada para chapisco
Figura 6.4 – Detalhe dos arames de mapeamento
Figura 6.4 – Detalhe do taliscamento
Figura 6.4 – Detalhe do arame de prumo de fachada
Figura 6.6.2 – Ilustração que indica a temperatura no verão brasileiro
Figura 6.7 – Treinamento da equipe técnica feito pela construtora
Figura 6.7 – Consultora explica detalhes do projeto aos operários
Figura 7.2.1 – Ilustração do revestimento danificado por fissuras
Figura 7.2.1.1 – Fissuras decorrentes de traço mal feito
Figura 7.2.1.3 – Fissuras causadas por possíveis impurezas na argamassa e permeabilidade
nas arestas
Figura 7.2.1.4 – Fissuras mapeadas em fachada com má conservação
Figura 7.2.2.1 – Fissuras horizontais
Figura 7.2.2.3 – Ilustração de fissuras mapeadas
Figura 7.2.2.4 - Ilustração de fissuras nas juntas de assentamento
Figura 7.3 – Parte do revestimento desplacado
Figura 7.5 – Fachada com esborcinamentos
Figura 7.6 – Fachada com proliferação de fungos
Figura 7.6 – Fachada com proliferação de fungos e fissuras nas juntas dos blocos
Figura 7.7 – Fachadas com eflorescências
Figura 8.3 – Localização do edifício estudado
Figura 8.4 – Fachada do edifício estudado
Figura 8.4 – Planta ilustrativa do apartamento tipo
Figura 8.5 – Ilustração do compressor movido a Diesel
Figura 8.5 – Ilustração do compressor movido a energia elétrica
Figura 8.5 – Detalhe da caneca projetora
Figura 9.1 – Trecho sendo preparado para ensaios
Figura 9.2 – Detalhe das classes de fissuras
Figura 9.2 – Detalhe da argamassa sendo projetada
Figura 9.2 – Detalhamento dos testes dos riscos
Figura 9.2 – Detalhe em corte do teste do risco
Figura 9.2 – Detalhe da execução do teste da lixa
Figura 9.2 – Início do teste de arrancamento - NBR 13528
Figura 9.2 – Colagem das pastilhas para o ensaio de arrancamento – NBR 13528
Figura 9.2 – Colagem e nomeação das pastilhas para o ensaio do arrancamento - NBR 13528
Figura 9.2 – Dimensionamento do dinamômetro – NBR 13528
Figura 9.2 – Início do ensaio com o dinamômetro – NBR 13528
Figura 9.2 – Croqui do mapeamento de fachada
Figura 9.2 – Croqui de instalação de balancins
Figura 10.1 – Apresentação de fissuras por retração
Figura 10.1 – Execução de pintura e selagem da fachada
Figura 10.1 – Equipe da construtora acompanhando os ensaios
Figura 10.2 – Trecho danificado, identificado e pronto para reparo
Figura 10.2 – Início do corte na fachada
Figura 10.2 – Seqüência de corte no revestimento
Figura 10.2 – Continuação do corte no revestimento
Figura 10.2 – Trecho recortado pronto para retirada manual
Figura 10.2 – Início da retirada manual
Figura 10.2 – Operário em execução de retirada do revestimento de forma manual
Figura 10.2 – Continuação da retirada manual pelo operário
Figura 10.2 – Peça sem aderência em forma de placas
Figura 10.2 – Indica a dimensão do problema
Figura 10.2 – Operário retirando placa com facilidade
Figura 10.2 – Operário segurando parte do revestimento
Figura 10.2 – Detalhe da placa com chapisco ralo e falha na regularização
Figura 10.2 – Detalhe da estrutura com falha na regularização
Figura 10.2 – Detalhe do ferro para suporte de bandeja sob o revestimento
Figura 10.2 – Detalhe do prego encontrado abaixo do revestimento
Figura 10.2 – Restos de forma
Figura 10.2 – Vista parcial do trecho em reparo
Figura 10.2 – Vista parcial do trecho em reparo, agora em toda a totalidade
Figura 10.2 – Vista do trecho em execução do novo chapisco
Figura 10.2 – Vista do novo chapisco executado parcialmente
Figura 10.2 – Vista do novo revestimento executado parcialmente
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................1
2 OBJETIVOS..........................................................................................2
2.1 Objetivo Geral...................................................................................2
2.2 Objetivo específico...........................................................................2
3 METODOLOGIA DO TRABALHO........................................................3
4 JUSTIFICATIVA....................................................................................4
5 PRINCIPAIS FUNÇÕES DO REVESTIMENTO EM ARGAMASSA....5
5.1 Proteção da obra grossa / durabilidade do edifício..................................5
5.2 Estanqueidade / Impermeabilidade.........................................................5
5.3 Isolação térmica....................................................................................5
5.4 Isolação acústica...................................................................................5
5.5 Eventual proteção contra ação do fogo...................................................6
5.6 Higiene / Salubridade / Lavabilidade.................................................................6
5.7 Estética / Acabamento........................................................................................6
5.8 Regularização para outros revestimentos........................................................6
5.9 Contribuição mecânica (peças suspensas, etc.)..............................................7
6 METODO DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO.................................8
6.1 Preparo de base....................................................................................................8
6.2 Regularização.......................................................................................................9
6.3 Técnicas de preparo de base chapisco.............................................................9
6.3.1 Chapisco manual.............................................................................................10
6.3.2 Chapisco rolado..............................................................................................10
6.3.3 Chapisco industrializado................................................................................11
6.3.4 Chapisco projetado.........................................................................................12
6.4 Técnicas de preparo do revestimento e etapas de execução........................13
6.5 Início do revestimento.......................................................................................16
6.6 Detalhes que contribuem para degradação de fachadas...............................18
6.6.1 Tipo de cimento e cura do chapisco.............................................................18
6.6.2 Fatores climáticos...........................................................................................18
6.6.3 Excesso ou falta de água no substrato ou base..........................................19
6.6.4 Detalhes construtivos.....................................................................................20
6.7 Projetos e consultoria........................................................................................20
7 PRINCIPAIS ASPECTOS DE PROBLEMAS EM REVESTIMENTO DE
ARGAMASSA.........................................................................................22
7.1 Irregularidades geométricas (desvios do plano, requadramentos,
arestamentos tortuosos etc).........................................................................22
7.2 Fissuras....................................................................................................22
7.2.1 Motivos para o surgimento de fissuras.........................................................23
7.2.1.1 Traço inadequado.........................................................................................23
7.2.1.2 Teor excessivo de finos...............................................................................24
7.2.1.3 Material argiloso na areia............................................................................24
7.2.1.4 Excessiva absorção da base.......................................................................25
7.2.1.5 Excessiva evaporação (insolação, ventos)................................................26
7.2.2 Classificação das fissuras..............................................................................27
7.2.2.1 Fissuras horizontais.....................................................................................27
7.2.2.2 Fissuras verticais ou inclinadas.................................................................28
7.2.2.3 Fissuras mapeadas, com espaçamentos/aberturas regulares................29
7.2.2.4 Fissuras nas juntas de assentamento dos blocos....................................29
7.3 Deslocamentos........................................................................................30
7.4 Desagregação..........................................................................................31
7.5 Esborcinamentos.....................................................................................31
7.6 Proliferação de fungos............................................................................32
7.7 Eflorescência............................................................................................33
8 ESTUDO DE CASO.............................................................................36
8.1 Características da empresa...........................................................36
8.2 Escolha............................................................................................36
8.3 localização.......................................................................................36
8.4 Características do imóvel..............................................................38
8.5 Tecnologia utilizada na execução.................................................40
9 MÉTODO DE FISCALIZAÇÃO............................................................43
9.1 Chapisco...................................................................................................43
9.2 Argamassa................................................................................................44
10 DIAGNÓSTICO..................................................................................53
10.1 Problemas encontrados........................................................................53
10.2 Processo de recuperação.....................................................................56
11 CONCLUSÕES..................................................................................68
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................70
ANEXOS.................................................................................................72
1 INTRODUÇÃO
Os revestimentos das fachadas cumprem um papel importante no desempenho das
vedações verticais dos edifícios. Contribui na estanqueidade, no isolamento termoacústico das vedações verticais e na estética do edifício entre outras funções. Para
isso, o revestimento além de não apresentar fissuras, deve ter boa compacidade e a
aderência ao substrato deve ser de qualidade e durável.
O fato da camada de revestimento trabalhar sempre aderida ao substrato e ficar
exposta diretamente as condições severas do meio ambiente, conduz ao surgimento
de tensões de tração e cisalhamento na interface do substrato/revestimento, além de
eflorescências, fissuras e desplacamentos.
A conseqüência dos movimentos diferenciais que ocorrem na camada de
revestimento e no substrato pelas mudanças de temperatura e umidade do meio
ambiente afeta a durabilidade da aderência dos revestimentos externos.
De acordo com Luciana Baia (2001), são diversos os fatores que influenciam no
desempenho dos revestimentos de argamassa, principalmente as características
reológicas das argamassas, as características superficiais das bases ou substratos,
as técnicas de execução e as condições climáticas do local onde está localizado o
edifício.
Atualmente, a execução das diversas etapas dos revestimentos são realizadas
baseados no empirismo, o que conduz ao aparecimento prematuro de problemas
nos revestimentos de fachada.
2 OBJETIVOS
Para o desenvolvimento deste trabalho, foram definidos os objetivos geral e
específico conforme abaixo:
2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral desta pesquisa é estudar os danos mais freqüentes nas fachadas
das edificações, apresentar as principais ocorrências no sistema construtivo em
fachadas executadas com revestimento argamassado, bem como as novas
tecnologias disponíveis.
2.2 Objetivo Específico
Estudar a importância do sistema construtivo, através das recomendações técnicas
para sua execução, conhecer os danos mais freqüentes e apresentar a metodologia
mais indicada para reparo.
3 MÉTODOLOGIA DO TRABALHO
Para o desenvolvimento dessa pesquisa foi adotado o seguinte método de trabalho:
Pesquisa bibliográfica: Levantamento de dados e informações em publicações
científicas, artigos técnicos, revistas, etc.
Pesquisa na rede Internet: Coleta de informações tecnológicas em sites de
fabricantes de argamassas, artigos em associações, etc.
Visitas técnicas: Visita as empresas construtoras, com o objetivo de extrair e coletar
dados sobre os produtos em sua aplicação.
Entrevista com engenheiros de produção (obra), entrevista com engenheiros do DTQ
– departamento técnico de qualidade, consultores e a participação efetiva na
execução da atividade estudada, bem como observações visuais, análise
documental e relatórios fotográficos.
Organização dos dados: Organização e análise direcionada dos dados bibliográficos
para o presente estudo.
Estudo de caso: Acompanhar e obter informações técnicas, relacionando as
constatações de campo com elementos teóricos da pesquisa bibliográfica de
patologias em fachadas.
4 JUSTIFICATIVA
A tradicional execução de fachadas em argamassa vem perdendo credibilidade com
o crescimento de problemas no pós obra, em especial as grandes edificações
verticais.
Considerando a importância do tema, revestimento externo em argamassa, serão
verificadas as diversas funções para quais são empregadas, tais como meios de
acabamento, proteção, estanqueidade, impermeabilidade, isolamento térmico,
isolamento acústico entre outros que veremos mais a frente.
Justifica-se o desenvolvimento do presente estudo pela necessidade em reduzir ou
até mesmo em eliminar os casos de vícios executivos em fachadas também em sua
fase de execução como em uso, através da identificação das mais comuns situações
e características conhecidas.
Faz-se necessário a identificação dos constantes problemas de fatores tecnológicos
e de processos executivos em fachadas de argamassa e identificar potencialidades
e limitações quanto ao uso do sistema de revestimento.
O trabalho é indicada para apreciação principalmente por estudantes de Engenharia
Civil que almejam descobrir novas formas, métodos e detalhes para aperfeiçoar
custos em manutenções de construções civis.
Que o esforço aqui empregado e sua conclusão final resultem em uma base para
aperfeiçoamento e aprimoramento do sistema de revestimento, contribuindo assim,
para a área da Engenharia Civil e à crescente importância de sua existência.
5 PRINCIPAIS FUNÇÕES DO REVESTIMENTO EM ARGAMASSA
O revestimento em argamassa, tem funções pouco conhecidas, as principais delas
são descritas a seguir:
5.1 Proteção da obra grossa / durabilidade do edifício
Tem com função recobrir os elementos estruturais e de alvenaria, entre outros, tais
elementos tem juntas entre si e alguns deles estão passíveis as intempéries da
natureza, e expostos podem sofrer mais rapidamente com a ação do tempo. Com o
revestimento garante-se a proteção e prolonga-se a vida útil da construção (Ercio
Thomaz, 2001).
5.2 Estanqueidade / impermeabilidade
O revestimento também pode ser de grande avalia para a função de estanqueidade
e impermeabilidade, uma vez que a uniformidade do material e a consistência da
argamassa formam uma camada protetora impedindo a penetração de umidade,
protegendo o substrato (Ercio Thomas, op. Cit.).
5.3 Isolação térmica
A função de isolação térmica é pouco considerada para conforto da construção,
porém sua existência é de suma importância. A camada de argamassa impede que
a ação do calor, por exemplo, se propague em blocos cerâmicos e em outros
materiais, transferindo esta sensação térmica para o ambiente interno (Ercio
Thomas, op. Cit.).
5.4 Isolação acústica
A argamassa também contribui para a isolação acústica, não é um item de grande
valor, uma vez que a espessura de paredes e tipo de material utilizado no substrato
tem papel mais importante para a melhoria deste item (Ercio Thomas, op. Cit.).
5.5 Eventual proteção contra ação do fogo
As características da argamassa podem ser consideradas também como um agente
protetor de sua base a ação do fogo, uma vez que a resistência pode prolongar a
vida de sua estrutura ou alvenaria se esta for submetida a esta ação (Ercio Thomas,
2001).
5.6 Higiene / salubridade / lavabilidade
Por se tratar de uma camada regular e com alto grau de consistência, torna a
superfície com menor poder de reter materiais inertes no ar, fazendo com que se
tenha uma superfície mais limpa. Além da possibilidade de manutenção desta
fachada através de lavagem (Ercio Thomas, op. Cit.).
5.7 Estética / acabamento
Um dos pontos mais notáveis dos revestimentos em argamassa é a possibilidade de
acabamento e se trabalhar a estética. A criação de frisos, molduras, faixas e
enchimentos, fazem com que o revestimento ganhe em potencial, de acordo com a
criatividade do projetista. A parte estética evoluiu muito e é valorizada e usada como
meio atrativo para a venda do bem (Ercio Thomas, op. Cit.).
5.8 Regularização para outros revestimentos
Sem dúvida a modernidade das edificações exige cada dia mais novos conceitos de
acabamento, valorizando assim o aspecto visual e agregando valor à construção.
Com essa evolução surgirão também a adequação de novos tipos de revestimentos,
tais como cerâmico, texturização, granitos em fachadas entre outros, e para
aplicação destes materiais é necessário uma base com resistência mecânica e que
apresente planicidade, agregando assim mais uma função ao revestimento externo
em argamassa (Ercio Thomas, op. Cit.).
5.9 Contribuição mecânica (peças suspensas, etc.)
A contribuição mecânica que o revestimento tem, é solicitada não só pelos esforços
de movimentação dos diferentes tipos de materiais, mas também, pela criatividade e
ousadia imposta pelas novas arquiteturas, materiais como placas de granito,
molduras em EPS, peles de vidro, bases metálicas, fórmicas entre outros, podem ser
fixados ao revestimento externo, atribuindo então mais uma função ao sistema (Ercio
Thomas, 2001).
6 MÉTODO DE EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO
Para aumentar o entendimento do trabalho em referência, abaixo são descritas
etapas para execução de revestimento externo assim como algumas técnicas,
ensaios e normas que se aplicam. Não se pretende aqui descrever minuciosamente
a execução, mas sim, dar subsídios para o entendimento do sistema construtivo,
focando seus principais pontos.
6.1 Preparo da base
Para minimizar a degradação do revestimento, é necessário que exista uma boa
aderência na interface substrato/argamassa. Os fatores que influenciam no
desempenho dos revestimentos de argamassa, as técnicas de execução e as
condições ambientais do local onde se executam os edifícios devem ser conhecidos
(Sabbatini, 1998).
Problemas relacionados com falhas nos revestimentos existem no mundo inteiro. No
entanto, existe um desconhecimento generalizado acerca da influência do preparo
da base na resistência de aderência, e muitas vezes é executado sem se ter um
conhecimento técnico que permita aproveitar a contribuição dessa camada no
desempenho dos revestimentos de argamassa (Luciana Baia, 2001).
Para melhorar a resistência de aderência entre o substrato e o revestimento, é
necessário realizar um tratamento prévio do substrato, a essa operação denominase preparo da base. Este deve ser escolhido em função das características
superficiais da base e executado usando materiais e técnicas apropriadas para
efetivamente melhorar as condições de aderência do revestimento à base,
principalmente criando uma superfície com rugosidade apropriada e regularizando a
capacidade de absorção inicial da base (Luciana Baia, op. Cit.).
6.2 Regularização
O tratamento ou regularização das superfícies é uma etapa de suma importância em
todo o processo, afinal todo o conjunto do revestimento irá se apoiar no substrato
(Luciana baia, 2001). O trabalho deverá seguir desta forma:
Remoção dos resíduos (materiais pulverulentos, óleos, desmoldantes, etc.) usando
água pressurizada;
Remoção das irregularidades (excessos de argamassas de assentamento,
encunhamento, rebarbas de concretagem);
Remoção das incrustações metálicas (pregos, fios, barras usadas nas formas);
Regularização da base ou substrato (preenchimento dos furos, rasgos e depressões
localizadas);
Finalmente, execução do preparo da base. Dependendo das características
superficiais do substrato, pode-se inclusive omitir o uso de argamassa de chapisco
para a execução do preparo da base. Cabe ressaltar que nos substratos de
alvenaria de blocos cerâmicos e de estrutura de concreto, é imprescindível o uso de
chapisco.
É importante que haja uma supervisão das etapas de serviço de modo a garantir a
uniformidade. Concluída essa etapa o substrato estará liberado para que se de início
a próxima etapa (Luciana Baia, op. Cit.).
6.3 Técnicas de preparo do Chapisco
O chapisco nada mais é que a ponte de aderência entre o substrato e a camada de
argamassa, tem a função de criar uma camada porosa e rugosa, afim de que o
emboço fixe por sua totalidade e supere as forças solicitantes, tais como a de
cisalhamento. Vale lembrar que há algumas formas de execução do mesmo, porém,
devem ser avaliadas por terem vantagens que se adequam a cada situação. Há no
mercado algumas técnicas de execução desta etapa, algumas das mais conhecidas
estão relacionadas a seguir:
6.3.1 Chapisco Manual
O chapisco manual ou tradicional nada mais é que uma mistura de cimento, areia e
água, podendo ainda ser incorporado algum tipo de aditivo capaz de aumentar sua
aderência ao substrato. Esse tipo é o mais antigo e ainda usual, com a mistura dos
materiais se obterá uma argamassa rica em cimento e muito fluída. Como visto na
Figura 1 a argamassa é aplicada de forma manual, com o uso de colher de pedreiro,
em golpes com muita energia e de forma uniforme. Tal argamassa não deve ser
manuseada depois de sua aplicação, ou seja, não recebera nenhum tipo de
acabamento a fim de se manter a porosidade e a rugosidade sobre o substrato
(Ercio Thomaz, 2001).
Figura 1 – Execução de chapisco manual (Revista Sim, 2007).
6.3.2 Chapisco rolado
O chapisco rolado é uma reinvenção do chapisco tradicional, tem as mesmas
características em relação a mistura, porem em sua aplicação é usado um rolo de
pintura com camada irregular (usado para pintura do tipo texturizada), substituindo a
tradicional colher de pedreiro. Conforme a Figura 2 a aplicação é feita molhando-se
o rolo na argamassa e passando de forma uniforme, fazendo com que os poros do
rolo criem camadas irregulares e sobressalentes no substrato, deixando-a pronta
para receber o revestimento. Este método é o que mais se destaca quanto a
produtividade, uma vez que o operário e poupado de grandes esforços e sua
produção e relativamente maior em relação aos demais métodos (Ercio Thomas, op.
Cit.).
Figura 2 – Execução de chapisco rolado (Revista Sim, 2007).
6.3.3 Chapisco Industrializado
O Chapisco industrializado é uma das formas mais recentes de aplicação de ponte
de aderência entre substrato e a camada de argamassa. Tem as mesmas funções
que as demais porém a argamassa tem propriedades diferentes, assim como o seu
método de aplicação. Esse tipo de chapisco é uma argamassa que tem sua
consistência semelhante a uma argamassa colante, comumente usada para
revestimentos cerâmicos. Por ser uma argamassa industrializada, se destaca por ter
um maior controle de qualidade, e é pronta para uso, bastando apenas adicionar
água conforme orientação do fabricante. O controle na obra se torna muito mais
seguro, bastando apenas supervisionar a dosagem de água. Na Figura 3 podemos
ver que a sua forma de aplicação também se assemelha a das argamassas colantes
para revestimento cerâmico. Com o uso de desempenadeira de aço dentada, o
operário espalha a argamassa sobre a base, fazendo ranhuras com a própria
desempenadeira de aço, criando assim as condições solicitadas para a etapa de
revestimento. Essa técnica também se destaca pela produtividade, mas por ser uma
argamassa industrializada, tem um valor agregado maior, deixando necessário
avaliar a relação custos x produtividade (Ercio Thomas, 2001).
Figura 3 – Aplicação de argamassa industrializada para chapisco (Revista Sim, 2007).
6.3.4 Chapisco Projetado
O Chapisco Projetado é a técnica mais recente do mercado. Trata-se de uma forma
de aplicação inovadora que tem como promessa o alto índice de produção e o
ganho substancial de resistência aos esforços de tração e cisalhamento. A técnica
baseia-se na utilização de compressores de ar, ligados a um sistema de canecas
projetoras, essas canecas são alimentadas pelo operário com argamassa e com o
uso de um gatilho, é liberada as saídas de ar que impulsionaram a argamassa contra
o substrato. O sistema de projeção também é usado para o revestimento em
argamassa e será descrito detalhadamente mais a frente. A projeção da argamassa
faz com que ela se torne muito mais compacta pois a energia desprendida pelo
sistema é muito alta, além de eliminar a presença de bolhas de ar entre o substrato e
a base. E é nesse ponto que estão os ganhos. No sistema de chapisco manual a
compactação depende apenas da energia desprendida pelo operário, e é claro que
haverá variações em relação a cada operário. No sistema projetado além da energia
ser maior, temos como controlar e homogeneizar essa energia para todos. O
sistema também pede o uso de uma argamassa mais seca, quase que na condição
de “farofa”. Tal condição se faz necessária pois as canecas projetoras não são
capazes de reter material muito fluido (Schahin Engenharia, 2003).
6.4 Técnicas de preparo do revestimento e etapas de execução
O processo executivo do revestimento externo é feito de forma singular por cada
construtora. Não há grandes variações no sistema de aplicação de argamassa,
apenas no processo de preparação, como mapeamento, taliscamento e seqüência
de subidas e descidas de balancins. Cada uma adota a melhor forma de execução
de acordo com a particularidade da obra ou mesmo o cronograma. De forma geral o
processo é composto de duas subidas e de duas descidas dos balancins.
Tal critério justifica-se pela necessidade da aplicação do emboço sobre chapisco
perfeitamente limpo, pela execução de mapeamento, taliscamento e do próprio
revestimento (Schahin Engenharia, 2003).
Na primeira subida é feito o mapeamento da fachada que nada mais é que a
verificação da variação de prumo, tanto da estrutura como da própria alvenaria.
Nesta etapa são soltos arames do topo do prédio com pesos nas pontas como na
Figura 4. Os arames estarão afastados da estrutura com uma medida prédeterminada, então é feita a medição deste arame em relação a fachada. A variação
para mais ou para menos deve ser anotada e através desta anotação podem se
obter os pontos mais desfavoráveis na sua fachada, ou seja, aqueles em que o
revestimento final ficará muito espesso ou muito fino, ou até mesmo pontos em que
devera ser adotado outro método, como escarificar trechos da estrutura.
Figura 4 – Detalhe dos arames para mapeamento (Schahin Engenharia, 2003)
Definidas as espessuras, o balancim irá descer fazendo a limpeza, lavagem,
regularização do substrato e taliscamento de acordo com a espessura definida pelo
engenheiro da obra. Tal processo é de grande importância, pois a limpeza
inadequada e a presença de materiais como graxas, desmoldantes, restos de
formas, pregos, ferros da estrutura ou bandeja, nata de cimento entre outros podem
influenciar na aderência desejada. As taliscas irão auxiliar os operários a fim de
garantir um revestimento sem ondulações e devidamente aprumado. A limpeza é
feita com o uso de ponteiros e escovação da estrutura, algumas construtoras optam
pelo uso da escovação mecânica, isso melhora a qualidade final, diminui o esforço
do operário e aumenta a produtividade. A regularização é feita para se obter uma
superfície mais homogênea possível, nesta etapa são identificadas e reparadas as
irregularidades, as falhas de concretagem, falhas na alvenaria. Ainda nesta etapa, é
feito o encunhamento da face externa das alvenarias, uma vez que isso não é
possível de se realizar internamente (Schahin Engenharia, 2003)..
As taliscas devem ser feitas de material liso, como por exemplo, azulejos.
Figura 5 – Detalhe do taliscamento (Schahin Engenharia, 2003)
Figura 6 – Detalhe do arame prumo de fachada (Schahin Engenharia, 2003)
Após a execução das taliscas e limpeza, é feita nova subida do balancim, esta etapa
será responsável pela execução do chapisco. Após a execução do chapisco pode-se
dar início a segunda descida do balancim com o processo de revestimento. É
importante saber que isso só poderá ocorrer após 72 horas da execução do
chapisco, a fim de obedecer o seu tempo de cura (Schahin Engenharia, 2003).
6.5 Início do Revestimento
A argamassa poderá ser aplicada de duas formas, projetada ou manualmente. A
argamassa aplicada manualmente é a forma mais antiga de trabalho, porém ainda
usual no mercado, trata-se da aplicação por uso de colher de pedreiro. O operário
retira determinada quantidade de argamassa do caixote e com a colher, projeta com
energia sobre o chapisco, repetindo este movimento até que se obtenha a
quantidade desejada. Depois de aplicada, deve dar o acabamento final com o uso
de régua de alumínio e desempenadeira de madeira ou plástico.
Já na argamassa projetada, assim como no chapisco projetado, o operário utiliza-se
de equipamento específico mecanizado para aplicação da argamassa. O processo é
semelhante ao citado no chapisco, a única diferença é que é utilizado outro tipo de
argamassa próprio para o revestimento. Os demais passos são semelhantes a
execução de forma manual, ou seja, deve-se dar o acabamento com o uso de régua
de alumínio e desempenadeiras (Schahin Engenharia, 2003).
Para a aplicação da argamassa é importante observar a energia de impacto
solicitada pelo fabricante da argamassa (se industrializada). Dado o início do
revestimento, o operário deverá identificar pontos mais espessos, esses pontos
deverão ser feitos primeiro e em duas etapas, pois a argamassa poderá não se
sustentar no primeiro momento e se soltar da base. Para camadas muito espessas
poderá ser adotado reforço com telas, de acordo com o Consultor/Projetista de
fachadas (quando houver) ou técnicas da própria construtora.
O tempo de sarrafeamento ou acabamento é essencial para a obtenção de melhores
resultados, não há um tempo determinado para que se possa dar início ao
acabamento, porém, se o operário não se atentar ao tempo de pega, poderá ter
problemas quanto a fissuras ou manuseio. Se o processo for feito muito rápido, a
argamassa não estará no ponto, ou seja, não terá “puxado” e pouco tempo depois a
mesma irá apresentar pequenas fissuras de retração. Caso demore muito, ele terá
dificuldades em dar o melhor acabamento ou até mesmo não conseguir. A análise
sobre o tempo de acabamento do revestimento é obtida através da própria
experiência, a variação é grande, pois o tempo esta relacionado ao substrato que é
aplicado (bloco cerâmico, bloco de concreto, estruturas de concreto, etc.) e também
as condições ambientais, tais como temperatura, ventos e umidade do ar (Luciana
Baia, 2001).
6.6 Detalhes que contribuem para degradação de fachadas
6.6.1 Tipo de Cimento e cura do chapisco
Alguns consultores fazem indicação de maneira informal da utilização de
determinados tipos de cimento. Segundo entrevista com Luciana Baia “A utilização
dos tipos de cimento não é apenas uma escolha por preço de mercado, deve-se
levar em conta o seu tempo de pega, ganho de resistência e reações após a
mistura”, esta afirmação é feita baseada na especificação de acordo com a
classificação do cimento. Cimentos como o CP II é mais puro e tem maior calor de
hidratação e necessitam de uma cura mais cuidadosa, porem ganham resistência
maior em poucos dias, comparado com o CP III que tem maior quantidade de
escória, tem seu calor de hidratação menor e dispensa de maior atenção no
processo de cura, em contrapartida tem seu ganho de resistência mais lento em
relação ao CP II (Luciana Baia, 2001).
6.6.2 Fatores climáticos
Não há duvidas que fatores relacionados ao clima influem no sistema construtivo,
fachadas expostas as ações do calor solar devem ter cuidado dobrado, as altas
temperaturas que se submetem o substrato por esta ação podem fazer com que a
perda de água seja acelerada, ou seja, o substrato pode absorver a água necessária
para hidratação da argamassa, alterando assim suas propriedades e deixando-a
mais frágil.
A ação do vento pode ter papel semelhante à ação do calor solar, revestimentos
expostos a esta ação podem perder sua água rapidamente ao meio externo,
deixando a argamassa carente de água para hidratação (Luciana Baia, op. Cit.).
.
Em um país como Brasil, dependendo da região, é notório que temos grandes
exposições destas ações, devendo ser avaliada cada situação pela estação do ano,
topografia e localização como mostrados na ilustração a seguir.
Figura 7 – Ilustração que indica a temperatura no verão brasileiro
6.6.3 Excesso ou falta de água no substrato ou na base
A falta de água na base ou substrato pode influenciar de forma direta o desempenho
final do revestimento. Como dito acima, a perda de água pode ocorrer tanto por meio
externo como interno ao revestimento (Ragueb, 2005).
Em situações que o local a ser aplicado esteja passível a esta situação, deve-se
molhar o local de forma abundante para que o mesmo fique umedecido e evite a
absorção da água destinada a hidratação da argamassa. Assim como a falta de
água influencia no desempenho da argamassa, o excesso também pode prejudicar,
uma vez que a superfície a ser aplicada estando saturada, irá interferir no processo
de absorção. Quando se tem uma base com saturação, a argamassa terá dificuldade
em manter-se no momento de aplicação, além de causar um efeito de laminação,
que é a formação de uma película de água entre a base e a argamassa, essa
película impede a total aderência e mais tarde, quando esta água evaporar, obterá
nesse ponto, efeitos de vazios entre as camadas, influenciando assim o
desempenho final (Ragueb, op. Cit.).
6.6.4 Detalhes construtivos
Detalhes como frisos, molduras, enchimentos e juntas de dilatação não são apenas
detalhes construtivos usados para agregar estética a construção. Esses elementos
podem ter funções escondidas em sua forma arquitetônica. Os frisos além de
trabalhar arquitetonicamente têm a função de juntas de dilatação, ou seja, podem
absorver as possíveis fissuras relativas a movimentação da união entre estrutura e
vedação entre outras, deverão ser absorvidas por esses frisos. Os frisos devem ser
locados sempre nos encontros de alvenaria com estrutura e podem sofrer variações
de formas e profundidades de acordo com a indicação do especialista. A criação
destes frisos, como dito, pode influenciar no aspecto visual das fachadas, quando se
quer obter este resultado sem a exposição e adotado ainda outra solução que é o
emprego de telas metálicas ou de poliéster, que tem a função de absorver as
tensões geradas pela movimentação da estrutura, alvenaria e revestimento. Estas
telas são posicionadas no meio do revestimento, podendo ser fixadas por pinos
metálicos ou ficarem soltas para trabalhar mais. Molduras e enchimentos podem
esconder áreas de maior trabalho, que são potenciais pontos de fissuração ou ainda
servir como um fator de isolamento térmico nos pontos passíveis de sensibilidade
térmica no interior (Luciana Baia, 2001).
6.7 Projetos e Consultoria
Existem empresas especializadas no mercado que dão consultoria, fazem projetos e
acompanham todo o processo de execução. Poucas empresas optam por esta
opção que é de grande importância. A fiscalização e o treinamento dado pelos
consultores (Figura 8 e 9) contribuem para a melhoria do processo. Cada fachada
tem sua particularidade, não só arquitetonicamente, mas também sobre os esforços
que serão solicitados. Por isso o estudo deve ser individual, não devendo ser
consideradas soluções corriqueiras para todos os casos de revestimento (Luciana
Baia, op. Cit.).
.
Figura 8 – Treinamento da equipe técnica feito pela consultora
Figura 9 – Consultora explica detalhes do projeto aos operários
7 PRINCIPAIS ASPECTOS DE PROBLEMAS EM REVESTIMENTO
DE ARGAMASSA
Neste capítulo, procura-se identificar os aspectos de danos que ocorrem com maior
freqüência, bem como suas respectivas formas de reparo.
7.1 Irregularidades geométricas (desvios do plano, requadramentos,
arestamentos tortuosos etc);
As irregularidades geométricas não são apenas uma simples falha no processo
executivo, são erros do processo que podem comprometer a qualidade final do
produto. Panos distorcidos, requadramentos mal feitos e arestamentos tortuosos são
comuns de se encontrar, porém por muitos, não são considerados como um
problema. A falta de fiscalização no momento de execução contribui para a soma de
pequenos desvios que serão vistos a olho nu e que prejudicam a estética. No caso
do revestimento em argamassa servir como base para outro tipo de acabamento
mais preciso, como uma cerâmica, as evidências de uma execução mal feitas serão
ainda mais visíveis e sem reparação (Ercio Thomaz, 2001).
7.2 Fissuras
As fissuras são comumente encontradas não só nas edificações mais antigas, mas
também naquelas em sua fase de execução. Há diversos tipos de fissuras e a elas
atribuídas vários fatores. As fissuras (Figura 10) são problemas encontrados não só
em revestimentos externos de argamassa, mas também em vedações, revestimento
interno e estrutura. A fissuração agrega uma perda de resistência mecânica no
revestimento e um ponto passível de infiltração de água, ar e outro material em que
o revestimento esteja exposto (Ercio Thomaz, op. cit).
7.2.1 Motivos para o surgimento de Fissuras
O surgimento de fissuras está ligado a diversos fatores, os principais deles estão
citados abaixo:
Figura 10 – Ilustração de revestimento danificado por fissuras (Ercio Thomas, 2001).
7.2.1.1 Traço inadequado
A falta de controle na mistura de uma argamassa industrializada, ou uma dosagem
de argamassa virada em obra feita por meio do empirismo pode levar ao surgimento
de fissuras no revestimento. O excesso de materiais como o cimento pode levar a
mistura a uma alta temperatura de hidratação e com pouca quantidade de água para
suprir esta necessidade, a mistura estará passível a fissuras de retração, no
momento em que a mistura começar a reagir, como visto na figura 11. Em
contrapartida a falta de cimento ou o uso de água em demasia na mistura, pode
fazer com que surjam efeitos visuais parecidos. Independente disso, a mistura pode
apresentar-se homogenea, hidratada e com baixa temperatura, mesmo assim há
possibilidade de surgimento de fissuras, pois a argamassa não terá resistência
mecânica suficiente para suprir os esforços causados pela movimentação da base
na qual foi aplicada (Ercio Thomaz, 2001).
Figura 11 – Fissuras decorrentes de traço mal feito (Ercio Thomas, 2001)
7.2.1.2 Teor excessivo de finos
A presença em excesso de materiais classificados como finos, contribuem para o
surgimento de fissuras. Estes preenchem os vazios entre os grãos e impede a
passagem da água tanto na hidratação, quanto na evaporação. Além de ser tido
como um material pulverulento, que inibe a união das partículas, interferindo na
aderência ao local aplicado (Ercio Thomaz, op. Cit).
7.2.1.3 Material argiloso na areia
As argilas são tidas como impurezas nas argamassas de cimento, pois ela tem
características muito distintas do comportamento da argamassa. As argilas têm uma
absorção muito lenta de água e sua presença pode causar a fissuração pela sua
expansão e pelo constante fluxo de água que a mesma obtém da mistura. Durante
seu processo de absorção a argila ganha em volume e causa tensões radiais,
provocando fissuração no revestimento que ainda não teve total ganho de
resistência (Ercio Thomaz, op. cit).
Figura 12 – Fissuras causadas por possíveis impurezas na argamassa e permeabilidade nas
arestas (Ercio Thomaz, 2001)
7.2.1.4 Excessiva absorção da base
A absorção de água em excesso pela base foi abordada no escopo geral, no item
6.6 – Detalhes que contribuem para a degradação da fachada. A aderência entre a
argamassa e o substrato é um fenômeno essencialmente mecânico, devido à
penetração da pasta aglomerante e argamassa nos poros e na rugosidade da base
de aplicação. Assim, torna-se fator importante na aderência a transferência de água
que ocorre entre a argamassa e o substrato. Isto porque esta água, que conduz em
dissolução componentes do aglomerante, ao penetrar pelos poros e cavidades do
substrato, leva à precipitação de produtos de hidratação do cimento no interior
destes poros, exercendo ação de ancoragem da argamassa à base (Ercio Thomaz,
2001).
A absorção excessiva de água das argamassas pelo substrato pode provocar uma
hidratação do cimento localmente retardada, podendo formar regiões com materiais
de diferentes características e ocasionar grande retração (Narciso Silva, 2006),
essas retrações não podem ser controladas ficando assim com indicadores a
surgimentos de fissuras.
Figura 13 – Fissuras mapeadas em fachada com má conservação (Ercio Thomaz, 2001).
7.2.1.5 Excessiva evaporação (insolação, ventos)
Item também abordado nas considerações gerais de execução no item 6.6. A esta
situação, na maioria dos casos, não há como se evitar a incidência de insolação ou
ação dos ventos que ambos provocam uma perda de água muito rápida e interferem
na mistura, no entanto, no momento de aplicação deve-se combater estas ações
utilizando técnicas de compensação da água perdida, ou seja, umedecer a base
antes do inicio do revestimento e após a execução promover uma cura úmida,
algumas formas simples são destinadas a este tipo de procedimento, como a
aplicação direta de água (em pouca quantidade e sem pressão para não danificar o
material), mantas ou peles umedecidas e evaporadores, todos eles com o intuito de
resfriar e compensar a água que ira se perder nestas ações (Ercio Thomaz, 2001).
7.2.2 Classificação das fissuras
7.2.2.1 Fissuras horizontais
As fissuras horizontais (Figura 14) são comumente vistas em revestimentos através
de alguns fenômenos difíceis de observar e que requerem um conhecimento um
pouco mais aprofundado não só sobre o objeto de estudo mas também sobre as
argamassas de assentamento.
Este tipo de fissura ocorre pela ocorrência dos
seguintes fenômenos:
Assentamento plástico: É a fissuração que ocorre quando o revestimento ainda
está no seu estado plástico, daí o nome Há um vulnerabilidade a perda de água
neste momento e com isso ao se aplicar sobre juntas de alvenaria por exemplo, tem
se uma perda de água para a argamassa de assentamento, causando a fissuração
horizontal (Ercio Thomaz, 2001).
Descolamentos: É um tipo de fissura que ocorre tempos depois da execução que
na verdade é o indicio de um outro problema. Quando ocorre uma fissura por
descolamentos é sinal que o revestimento já não esta mais agregado em sua
totalidade a base e esta exposta as intempéries (Ercio Thomaz, op. cit).
Figura 14 – Fissuras horizontais (Ercio Thomaz, 2001)
Expansão da argamassa de assentamento (sulfatos, presença de material
argiloso na argamassa etc): A expansão da argamassa de assentamento é
responsável pela formação de tensões perpendiculares ao plano do revestimento.
Tais tensões geram um esforço pontual no qual o revestimento não está
dimensionado, como estes esforços acompanham a linha formada pela argamassa
de assentamento da vedação, é tida então uma linha de esforço horizontal, gerando
este tipo de fissuração (Ercio Thomaz, 2001)..
7.2.2.2 Fissuras verticais ou inclinadas
A presença de fissura no sentido vertical é gerada na verdade, por uma composição
de esforços do revestimento que junto com o enfraquecimento do sistema de
vedação, feitos por interferências como o posicionamento de tubos e eletrodutos na
vedação externa. Isso tende a enfraquecer a base que irá suportar o sistema. Com a
estrutura comprometida por esse enfraquecimento, somando-se as tenções normais
e de cisalhamento, tem-se a propensão a criação de fissuras verticais.
7.2.2.3 Fissuras mapeadas, com espaçamentos/aberturas regulares
As fissuras mapeadas são feitas por uma associação de movimentações
higrotérmicas diferenciadas entre o revestimento e a estrutura. Eventualmente
associadas a retração de secagem da argamassa. A higrotermia é a perda de calor
ao meio externo, e como revestimento e estrutura tem esse comportamento de
formas distintas, há uma movimentação diferenciada entre eles, contribuindo para o
surgimento deste tipo de ocorrências (Ercio Thomaz, 2001)..
Figura 15 – Ilustração de fissuras mapeadas (Schahin Engenharia, 2003)
7.2.2.4 Fissuras nas juntas de assentamento dos blocos
O surgimento desse tipo de fissura é facilmente identificado nas edificações atuais.
Mesmo uma pintura ou mesmo revestimento um pouco mais robusto como uma
textura não são capazes de esconder essa falha. Também neste caso, há um
conjunto de fatores que permitem o surgimento de fissuras. Blocos com alto poder
de absorção como cerâmicos, “blocos verdes”, com alto índice de retração, a
retração da argamassa de assentamento ou a utilização da técnica de vedação com
o uso das juntas secas interferem diretamente no revestimento. Outro fator
determinante e de muita ocorrência a este tipo de apresentação de fissuras, são
decorrentes da espessura muito fina do revestimento, que causam o efeito também
conhecido popularmente como fachada “fotografada”. Como o revestimento é de
pouca espessura, o mesmo não é capaz de manter uma superfície homogenia sobre
as vedações como mostra a Figura 16 (Ercio Thomaz, op. cit).
Figura 16 – Ilustração de fissuras nas juntas de assentamento (Ercio Thomaz, 2001).
7.3 Descolamentos
Os descolamentos ocorrem quando o revestimento não está mais aderido a base. A
pouca aderência entre o revestimento e a base, ou entre a base e o substrato fazem
com que os esforços internos, como cisalhamento, rompam a ligação entre
camadas, desprendendo-as e deixando-as soltas. Esse problema pode ser de ordem
pontual ou mesmo generalizado (Figura 17). No momento que isso ocorre a
sustentação do material se da por si próprio, ou seja, por não estar fixado a base, o
peso do revestimento será transferido de forma radial, sobrecarregando os pontos
ainda com qualidade.
Figura 17 – Parte do revestimento desplacado
7.4 Desagregação
A ocorrência de fissuras por desagregação deve-se a fatores relacionados não a
aplicação, mas sim em relação a qualidade da argamassa de revestimento. Erros em
dosagens podem tornar o material muito enfraquecido e este não suportar os
esforços submetidos ou mesmo ficar passivo aos intempéries e por este, acelerar o
processo de desagregação e degradação da fachada (Luciana baia, 2001).
7.5 Esborcinamentos
O processo de esborcinamentos é a degradação de cantos vivos, arestas, bordas e
outros trechos passíveis de choques. O termo esborcinamento vem do sentido de
“partir das bordas”. A degradação ocorre com freqüência não no ato da execução da
construção, mas sim durante seu uso. A posição passível de impactos, e a junta fria
entre dois panos de fachada tornam o ponto fragilizado. Ao se unir um revestimento
ao outro já executado é necessário o preparo da superfície pois a má aderência
entre estes irá gerar uma condição propícia para este tipo de fratura como visto na
Figura 18 (Ercio Thomaz, 2001).
Figura 18 – Fachada com esborcinamentos (Ercio Thomaz, 2001).
7.6 Proliferação de fungos
Em grandes centros como na cidade de São Paulo, é comumente encontrado
fachadas com proliferação e acumulo de fungos. Esse tipo de manifestação ocorre
quando há uma crescente exposição de umidade ao revestimento (Figura 19 e 20).
O fato é que a presença contínua de água gera um ambiente propício a criação de
fungos. Vazamento em tubulações e umidade vindas a partir da cobertura são
problemas de projeto ou conservação interna que somados a falta de manutenção
das fachadas, como uma pintura, deixam a argamassa exposta e passível a este
problema (Ercio Thomaz, 2001).
Figura 19 – Fachada com proliferação de fungos (Ercio Thomaz, 2001).
Figura 20 – Fachada com proliferação de fungos e fissuras na juntas dos blocos (Ercio
Thomaz, 2001)
7.7 Eflorescência
Esse fenômeno se caracteriza pelo aparecimento de formações salinas sobre
algumas superfícies, podendo ter caráter pulverulento ou ter a forma de crostas
duras e insolúveis em água. Na grande maioria dos casos o fenômeno é visível e de
aspecto desagradável, mas em alguns casos específicos pode ocorrer no interior
dos corpos, imediatamente abaixo da superfície. A eflorescência pode ser
considerada um dano, seja por modificar visualmente o local onde se deposita ou
por poder provocar degradações profundas. O fenômeno da eflorescência, bastante
conhecido, é resultado da dissolução dos sais presentes na argamassa e ocorre seu
transporte as faces junto a água pelos poros (Figura 21). Durante esse transporte a
concentração de sais pode aumentar durante o caminho poroso e ocorrer um
acumulo, podendo entrar em processo de cristalização e dar origem ao fenômeno
(Ercio Thomaz, 2001).
Figura 21 – Fachada com eflorescências (Ercio Thomaz, 2001).
A Tabela 1, resume de forma singular as mais conhecidas manifestações quanto as
doenças ocorrentes nos revestimentos de fachada. Com ela é possível entender
quais os aspectos observados, que caracterizam cada dano, entender de onde
surgem as prováveis causas e qual a melhor forma de reparo. Com esta tabela é
possível verificar de forma rápida a característica do dano e sua eventual cura.
Tabela 1 – Manifestações, aspecto, causas prováveis e formas de reparo (Maria Alba, 1989)
8 ESTUDO DE CASO
Como aplicação do presente trabalho, é tomado este estudo de caso afim de
apresentar as ocorrências de patologias em um caso real.
8.1 Características da empresa
O estudo de caso foi baseado em uma grande empresa construtora de São Paulo.
Com um currículo de 40 anos na construção civil esta empresa consolida no
mercado em suas diversas áreas de atuação um grande conhecimento técnico.
Certificada pelas ISO 9001 – ISO 14001 – OHSAS 18001, contando ainda com
adaptações para o PBQP-H – Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade na
Construção Habitacional.
8.2 Escolha
Optou-se por esta empresa, pois a mesma apresenta além dos Certificados de
Gestão da Qualidade, e sua consolidação no mercado, um histórico de melhorias de
desempenhos obtidas pela constante pesquisa e busca de novas tecnologias.
8.3 Localização
O levantamento dos dados foi realizado junto ao empreendimento que em sua fase
de execução levou o nome de Grumixamas Incorporadora Ltda. Situado na Zona Sul
da cidade de São Paulo, especificamente na Rua das Seringueiras, nº. 35 esquina
com a Rua dos Buritis, no bairro do Jabaquara (Figura 22).
Figura 22 – Localização do edifício estudado (Schahin Engenharia, 2003)
Este edifício possui uma peculiaridade pois está situado no cruzamento de 3 ruas,
ou seja, é praticamente localizado em um quarteirão inteiro e a topografia
acidentada do terreno interfere diretamente nas suas condições em relação às
intempéries da natureza. Por ter poucos vizinhos e em sua maioria casas com pé
direito reduzido, além de uma praça na sua face frontal o edifício fica exposto ao sol
durante quase a totalidade do dia, além, é claro, da ação do vento.
8.4 Características do imóvel
O edifico de caráter residencial possui 16 pavimentos tipo (Figura 23), dois
apartamentos por andar.
Figura 23 – Fachada do Edifício estudado
O Térreo elevado fica acima do nível da rua e possui piscina adulto e infantil, quadra
gramada natural, pomar, playground, sala de ginástica, espaço gourmet, salão para
festas, forno de pizza, bosque, quiosque com churrasqueira e quiosque com espaço
para massagem. Os 2 Subsolos são simples com pequenas áreas destinadas ao uso
de funcionários, tais como banheiros e vestiários e o restante do espaço é de uso
para garagem.
Figura 24 – Planta ilustrativa do apartamento tipo (Schahin Engenharia, 2003)
O sistema construtivo executado foi de fundações com estaca tipo hélice contínua
que receberam os blocos de fundação. A contenção do solo feita com a cravação de
perfis metálicos e posterior fechamento com cortinas de concreto do tipo pré
moldadas. A estrutura em concreto armado se divide em duas situações distintas.
Para as lajes dos subsolos e térreo foram utilizados o sistema de lajes nervuradas,
com o auxílio de forma plástica do tipo “cubetas”. Já nos pavimentos tipo foram
utilizadas as tradicionais formas de madeira, todas com escoramento do tipo
metálico.
As vedações externas foram executadas em Alvenaria com bloco cerâmico, fixadas
na estrutura através de argamassa e tela metálica. Os fechamentos internos
executadas em Dry Wall foram a opção para minimizar os custos, aliviar os
carregamentos sobre a estrutura e acelerar a produção, uma vez que o prazo
estipulado pela incorporadora fugia de um ciclo normal de atividades e exigia maior
rapidez na execução.
O revestimento externo foi executado com argamassa ensacada industrializada. A
escolha foi feita com base na economia em relação a mão-de-obra no tempo de
preparo e transporte de materiais, na garantia do produto feita pela empresa
fornecedora, pela dificuldade em estocar o material e por falta de espaço em
canteiro para se produzir uma central de argamassa.
O sistema utilizado para a execução é de argamassa projetada com o uso de
balancins pesados e em seu acabamento foi utilizada textura acrílica.
8.5 Tecnologia Utilizada na Execução
Sistema de Argamassa Projetada
O sistema de argamassa projetado é montado de acordo com o volume da obra, ou
seja, conforme a necessidade da obra pode-se adaptar o sistema, aumentando ou
diminuindo sua capacidade. O sistema é composto basicamente por um compressor
de ar (Figuras 25 e 26) que fica localizado na parte inferior da torre, este compressor
pode ser tanto elétrico como a Diesel.
Figura 25 – Ilustração do Compressor movido a Diesel
Figura 26 – Ilustração do compressor movido a energia elétrica.
Reservatórios de ar, também conhecidos como pulmões, são instalados em alguns
andares na torre e irão distribuir o ar simultaneamente até as canecas projetoras
utilizadas
pelos
operários.
Estes
reservatórios
são
utilizados
tanto
para
armazenamento de ar como para manter uma pressão homogenia durante todo o
processo. Pressão esta que é definida pelo fabricante para cada tipo de utilização,
ou seja, tem-se pressões para a utilização como chapisco projetado e outra pressão
para o revestimento projetado.
Figura 27 – Detalhe da caneca projetora
As canecas (Figura 27) são pequenos recipientes compostos de dois tipos de uso
definido, as canecas para utilização em tetos e para utilização em parede. As duas
tem formato similar, a diferença entre elas é o ângulo de projeção, ou seja, enquanto
a caneca de parede tem suas saídas com um ângulo perpendicular ao plano, as
canecas de teto tem suas saídas com uma inclinação que serve para facilitar o uso
de baixo para cima.
As canecas são preenchidas de argamassa pelo operário, tal recipiente tem uma
entrada superior onde é colocada a argamassa, uma saída frontal, por onde passará
a argamassa durante a projeção e uma saída de ar em sua parte posterior alinhada
com as saídas frontais, tem cabo metálico emborrachado com uma espécie de
gatilho, que é onde se controla a projeção. Quando o operário aperta o gatilho é
acionado o sistema, o ar comprimido que é liberado pelas saídas posteriores e
impulsionará a argamassa junto às saídas frontais, projetando a argamassa.
9 MÉTODO DE FISCALIZAÇÃO
As técnicas de revestimento não variam muito de uma construtora para outra, porém
os métodos de ensaios adotados, principalmente aqueles que não são normalizados
variam muito. O presente estudo descreve procedimentos adotados pela empresa a
fim de melhorar os resultados.
9.1 Chapisco
A investigação / aceite da atividade é realizada no primeiro instante por inspeção
visual, considerando aspectos como a rugosidade, espessura e homogeneidade da
área aplicada. A inspeção durante o processo de execução desse serviço é de suma
importância, uma vez que sua execução é extremamente rápida e a condenação de
áreas de difícil correção.
Figura 28 - trecho sendo preparado para ensaios
Para a execução de testes de verificação de dureza e aderência em chapisco, deve
ser aguardado no mínimo 3 dias após a aplicação, idade esta que o material já
deverá apresentar dureza suficiente para resistir ao peso do emboço. Caso sejam
verificadas falhas quanto à dureza ou aderência, deve-se aguardar até que o
material atinja a idade de 7 dias após a execução e novamente realizado as
verificações, de modo a evitar erros de avaliação relativos a falhas no processo de
reação do material aplicado.
Devido a espessura e a rugosidade, não há um ensaio normalizado para este tipo de
superfície. Para a verificação da condição de dureza da superfície, são realizados
riscos cruzados com a ponta da espátula na superfície do chapisco, observando-se o
grau de dificuldade para a execução dos riscos, sendo quanto mais difícil realizar os
riscos, maior a dureza da superfície. Porém, se durante a execução dos riscos o
chapisco se fragmentar ou esfarelar, é um indício que a dureza do material esta
inadequada.
9.2 Argamassa
Após a execução do revestimento, é realizada inspeção visual, com a finalidade de
se verificar a ocorrência de fissuras, mapeadas ou geométricas (Figura 29),
manchas, eflorescências, desplacamentos e deposições. Para a verificação das
fissuras, a construtora adota o ensaio após 21 dias da aplicação, período este para
reatividade do material. Como dito no item 7.2.2, as fissuras podem se caracterizar
em várias formas, as duas principais encontradas em revestimentos com pouca
idade são as mapeadas e geométricas. Segundo Eng.º Wanderley Renó Mendes,
“As fissuras mapeadas tem relação direta com a técnica de preparo, aplicação da
argamassa e as movimentações diferentes entre a base a ser aplicada o
revestimento e também a quantidade de água no traço. Já as geométricas se
caracterizam pelo tempo de execução do acabamento, aquele em que o operário
deve analisar o tempo de reação da mistura para poder dar um acabamento final”.
Figura 29- Detalhe das classes de fissuras
Figura 30 – Detalhe da argamassa sendo projetada
Para verificação das condições de aderência do revestimento, são aplicados sobre a
superfície o ensaio percussão, que consiste na aplicação de impactos leves com
martelo de cabeça de plástico, verificando se ocorrem sons cavos ("ocos"). Este
ensaio que é adotado pela construtora, não é normalizado e é executado em um
ponto a cada 100 m² de revestimento (Schahin, 2003), caso encontrado alguma
falha o mesmo deve ser estendido na totalidade do pano em avaliação. Este
processo de investigação é feito somente após a superfície ter idade ideal para a
execução de pintura. Os pintores sobem as fachadas com as cadeirinhas e aplicam
golpes com o martelo, isto inclui pingadeiras e enchimentos. Quando há detecção de
falhas no revestimento, o local é identificado com o auxílio de giz de cera, circulando
todo o trecho com som cavo, onde mais tarde será avaliado pelo engenheiro da obra
que definirá quanto a remoção ou não do trecho, isso de acordo com o tamanho,
forma e local. Se optado pela remoção da área comprometida, identifica-se o ponto
de ocorrência de falha (interface entre substrato e chapisco ou chapisco e
revestimento) para que possa facilitar a identificação do motivo real da causa da
degradação.
Para a verificação das condições de dureza da superfície, foram realizados os
testes do risco (Figuras 31 e 32), que também é uma técnica adotada na empresa e
não é um ensaio normalizado. O mesmo consiste na execução de riscos cruzados
na superfície com força constante, utilizando prego de aço, riscadeira de fórmica ou
material pontiagudo. Devendo ser observado o sulco produzido pelo risco, sendo
este quanto mais profundo, menor a resistência superficial do revestimento. Este
teste é executado em uma área aproximada de 1,0m² por lote executado e quando
constatada a falha no material, o teste é expandido para outros pontos do lote.
Nesses pontos são feitos os ensaios de arrancamento (NBR 13528) para se verificar
se há um problema em todo o pano de fachada ou apenas pontual, comparando os
resultados.
Figura 31 – Detalhamento do teste dos riscos
Figura 32 - Detalhe em corte do teste do risco
A empresa também recomenda a execução do teste por lixamento (Figura 33) sobre
os riscos executados pelo teste anterior, com o objetivo de confirmar ou não, os
resultados obtidos. Sobre a superfície já riscada, realiza-se o lixamento da área (lixa
nº 120), com movimentos de vai-e-vem por 10 vezes, provocando assim o desgaste
da superfície. Quando a superfície apresentar baixa resistência, os riscos serão
"apagados". Confirmando assim o resultado do ensaio anterior.
Figura 33 - Detalhe da execução do teste da lixa
Na Figura 34 o operário dá início ao ensaio de Determinação da Resistência da
Aderência à Tração (NBR 13528).
Figura 34 – Início do ensaio de arrancamento – NBR 13528
Este ensaio, que é normalizado, é feito através de forma simples, depois da
argamassa pronta e devidamente curada, os panos são liberados para o mesmo.
São feitos pequenos cortes com o auxílio de cerra copo, com dimensões
conhecidas, de onde mais tarde serão extraídos os corpos de prova. Após
determinado os trechos e cortados, os corpos de prova são nomeados e neles são
coladas as pastilhas metálicas com auxílio de adesivo epóxi (Figura 35 e 36), essas
pastilhas têm um suporte que ligado a um dinamômetro, irão aplicar um esforço de
tração até a ruptura do revestimento.
Figura 35 – Colagem das pastilhas para o ensaio de arrancamento – NBR 13528
Figura 36 – Colagem e numeração das pastilhas para o ensaio de arrancamento – NBR 13528
Após a colagem das pastilhas é aguardada a secagem da massa plástica para que a
mesma resista aos esforços de tração e transfira todo o esforço do aparelho ao
revestimento. No final desta etapa o dinamômetro é posicionado (Figura 37)
Figura 37 – Posicionamento do dinamômetro – NBR 13528
Após o posicionamento do dinamômetro, são aplicados os esforços girando-se a
manivela do dinamômetro, o mesmo resulta em um esforço de tração que, ligado as
pastilhas metálicas, tendem a arrancar as mesmas. Como as pastilhas estão
aderidas a massa plástica e nessa interface a resistência é maior que a do
revestimento, a tração será transferida pela argamassa (Figura 38).
Figura 38 – Início do ensaio com o dinamômetro – NBR 13528
No momento em que se rompe, o aparelho irá registrar a tensão mais alta, esta
deverá ser dividida pela área das pastilhas e teremos o resultado em MPa. O
processo deve ser repetido para as 6 pastilhas. Deve ser consultada a NBR 13528
afim de verificar a resistência para cada tipo de revestimento, tal como o interno,
externo ou mesmo o revestimento cerâmico, que será nossa condição de aceite.
Lembrando que o lote é de 6 peças e ao menos a metade deverá apresentar
resultado superior para sua aprovação. Para maior clareza sobre o ensaio é
necessário consultar o anexo referente.
Com o intuito de obter maior clareza dos locais ensaiados, tomou-se a providência
de execução de um mapeamento dos panos de fachada, definindo em lotes e assim
associando os resultados a cada trecho, conforme as Figuras 39 e 40. A torre foi
subdividida em cores para controle interno, de acordo com as datas de descidas dos
balancins, atribuindo uma cor para cada lote, isto para se respeitar as idades dos
revestimentos.
Figura 39 – Croqui do mapeamento da fachada
Figura 40 – Croqui de instalação dos balancins
Os ensaios normalizados, no caso da empresa estudada, são feitos pela própria
fabricante da argamassa (que é industrializada), pois há o interesse nas duas partes
na obtenção de resultados, tanto da construtora, que busca verificar a integridade do
revestimento, quanto da fornecedora que tem interesse na verificação da qualidade
de seu produto. Os resultados dos ensaios encontram-se na tabela 2.
Tabela de Determinação da Resistência de Aderência a Tração
Trecho
Cp Carga (N)
Tensão (Mpa)
Espes. (cm)
1
420
0,21
3,0
2
580
0,29
2,8
Pano central -
3
600
0,30
3,2
Fundos
4
450
0,23
3,2
5
550
0,28
3,0
6
310
0,16
3,0
1
250
0,13
2,8
2
0
0,00
2,6
Pano central -
3
50
0,03
2,9
Fundos
4
180
0,09
3,1
5
400
0,20
3,2
6
350
0,18
3,0
1
700
0,35
2,8
2
900
0,45
2,6
Pano central -
3
390
0,20
3,0
Fundos
4
430
0,22
3,2
5
380
0,19
2,8
6
360
0,18
3,4
1
460
0,23
4,0
2
400
0,20
3,8
Pano central -
3
390
0,20
4,2
Fundos
4
420
0,21
3,9
5
420
0,21
4,3
6
370
0,19
4,1
1
500
0,25
3,7
2
480
0,24
4,1
Pano central -
3
490
0,25
4,0
Fundos
4
530
0,27
3,6
5
550
0,28
3,9
6
520
0,26
4,2
Andar
16
12
8
6
2
Tabela 2 – Resultado dos ensaios no local em estudo (Schahin, 2005)
10 DIAGNÓSTICO
Neste item procuram-se diagnosticar no local de estudo os danos apresentados
após a execução do revestimento externo.
Com base nas informações citadas nos capítulos anteriores, as mesmas foram
levadas ao campo a fim de, diagnosticar os problemas, entender a melhor solução
para o seu reparo e acompanhar o processo executivo deste processo.
10.1 Danos encontrados
Fissuras
Com as informações obtidas e a visita à obra, pode-se identificar a presença de
fissuramentos no meio dos panos de revestimentos (Figura 41). Em uma análise
visual, nota-se que a apresentação deste tipo de dano aconteceu de forma singular,
ou seja, em poucos pontos, e pode-se observar que este fato ocorreu apenas em um
“pano de fachada”. É notória que a apresentação deste dano ocorreu pela má
execução, ou seja, não foram respeitados os tempos que a argamassa necessita
para que não ocorram retrações.
Figura 41 – Apresentação de fissuras por retração
De acordo com análise, ou seja, em visitação à obra, Luciana Baia diz que “Neste
caso, o operário pode ter feito o sarrafeamento e acabamento antes da massa
chegar ao ponto desejável, a fim de ganhar velocidade no tempo de execução”.
Como este dano não foi propagado aos demais panos e como dito, apresentado de
forma pontual, a posição da construtora foi de manter o revestimento, acreditando
não ser passível de problemas futuros.
Som Cavo e Desplacamentos
Em uma análise mais aprofundada, os pintores fizeram a subida através das
cadeirinhas e com elas executaram o ensaio a percussão. Este ensaio foi crucial
para a obra, uma vez que nesta etapa pode-se encontrar muitos trechos com som
cavo, principalmente na parte dos fundos, balancim 3 B, identificado na Figura 40.
Por opção da construtora, o ensaio foi executado em 100% da fachada, com o
intuído de ter o maior controle possível deste dano. Os demais panos de fachada
também apresentaram o problema, mas de forma pontual e em trechos muito
pequenos.
Nos pontos onde foi detectado a falha, foram feitas marcações com giz de cera a fim
de determinar exatamente os pontos falhos, uma vez que o processo de execução
de pintura prosseguiria e com este, perder-se-ia a localização correta, conforme
Figura 42.
Figura 42 – Execução de pintura e selagem da fachada
Para maior segurança quanto à análise, a equipe da obra acompanhou de perto este
ensaio, até mesmo participando efetivamente (Figura 43), pois os resultados
mostrados traziam desconfiança por se estender por quase totalidade do pano de
fachada.
Figura 43 – Equipe da construtora acompanhando os ensaios
Após a identificação dos trechos, a construtora, junto com a consultora de fachadas,
optou pela retirada apenas dos trechos danificados e correção dos mesmos. O
processo iniciou-se com o uso de balancins leves, uma vez que o revestimento
estava pronto e a subida de balancins pesados poderia danificar os trechos
considerados bons. A instalação de balancins leves também é pratica da construtora
para facilitar o trabalho da equipe que executa os ensaios de arrancamento NBR
13528.
Por ter um grande trecho reprovado pelo ensaio a percussão, foi dispensado então o
ensaio de arrancamento NBR 13528 nesses locais, pois o mesmo se tornaria sem
utilidade pelo fato do som cavo indicar um desplacamento do revestimento, e com
isso, a resistência a tração seria nula.
10.2 Processo de recuperação
Com os balancins, é dado o início ao processo de reconstrução do revestimento. Os
operários sobem o balancim até o trecho identificado (Figura 44) e então começam a
retirada do revestimento que havia sofrido o processo de desplacamento.
Figura 44 – Trecho danificado, identificado e pronto para reparo
Com o uso de serra circular , da-se o início ao corte do revestimento, as Figuras 45,
46, 47 mostram a seqüência de corte na argamassa.
Figura 45 – Início do corte na fachada
A opção do corte por serra circular além de ser mais rápida, é recomendada, pois,
no caso do uso do recurso de ponteiro e marreta, os golpes aplicados contra o
revestimento poderiam propagar o problema, tornando assim um ciclo vicioso.
Figura 46 – Seqüência de corte no revestimento
Figura 47 – Continuação do corte no revestimento
Após o corte e a separação dos locais danificados, é possível a retirada destes
trechos sem afetar os demais, com isto da-se início a quebra manual das partes
(Figuras 48, 49).
Figura 48 – Trecho recortado pronto para retirada manual
Figura 49 – Início da retirada manual
A seqüência a seguir (Figuras 50 e 51) mostram o processo de retirada manual,
nesta etapa é possível notar que a argamassa tem grande resistência aos impactos
gerados pelos golpes aplicados pelo operário, demonstrando assim, que a
resistência mecânica ou mesmo de compressão está com valores elevados.
Figura 50 – Operária em execução de retirada do revestimento de forma manual
Figura 51 – Continuação da retirada manual pelo operário
Ao retirar o revestimento, nota-se que, indo de encontro com o que foi apontado
através dos ensaios de percusão, há fraturas em forma de placas (Figura 52), ou
seja, naqueles trechos o revestimento havia descolado da base, sustentando-se
apenas pela resistência mecânica da própria argamassa.
Figura 52 – Peça sem aderência em forma de placas
Fica visível a total falta de aderência do revestimento ao substrato, dando
indicadores que o problema realmente exigia um tratamento e que, sem os ensaios,
o mesmo ficaria encoberto trazendo problemas futuros a entrega da obra. Nas
Figuras 53, 54 e 55 é possível ter a real dimensão dos trechos com danos.
Figura 53 – Indica a dimensão do problema
Figura 54 – Operário retirando placa com facilidade
Figura 55 - Operário segurando parte do revestimento
Nas Figuras 56 e 57, tem-se o detalhe de uma placa do revestimento, onde se nota
que o chapisco, que é o responsável pela aderência entre o revestimento e o
substrato, está muito ralo e com falhas no plano do revestimento, além de indicar a
falha de regularização.
Figura 56 – Detalhe da placa com chapisco ralo e falha de regularização
Figura 57 – Detalhe da estrutura com falha de regularização
Com
a
retirada
das
placas
de
argamassa,
foram
encontradas
diversas
irregularidades quanto à limpeza e regularização. Nota-se que e empresa
responsável pela execução não respeitou as recomendações básicas quanto ao
tratamento de estruturas e alvenarias, levando ao crescimento das possibilidades de
danos ao revestimento. Além da evidente falha na execução do chapisco, alguns
fatores contribuíram para este dano. Conforme o andamento das etapas de reparo
foram descobertas mais evidencias, de caráter grosseiro, dando maior ênfase a
responsabilidade do dano a mão-de-obra executora. A Figura 58 mostra o ferro de
suporte de bandeja, que deveria ser retirado, foi “escondido” sob o revestimento,
mostrando negligencia e falta de fiscalização.
Figura 58 – Detalhe do ferro para suporte de bandeja sob revestimento
Na seqüência são observados maiores detalhes que contribuíram para o problema,
nas Figuras 59 e 60, são identificados pregos, utilizados nas formas, ainda na fase
de estrutura, irregularidade na estrutura e restos de forma.
Figura 59 – Detalhe de prego encontrado abaixo do revestimento
Figura 60 – Restos de forma
Ao final da retirada dos trechos em degradação, a construtora verificou que a área
afetada chegava aos alarmantes 43% do total daquele pano Figura 61. Com a
obtenção deste dado, o engenheiro responsável pela obra decidiu então pela
retirada total do revestimento. Em sua análise, o Eng.º Luis Marcelo Roque,
responsável pela obra, afirma que “Em alguns casos, o reparo tem de ser feito em
sua totalidade, não compensando pequenos trabalhos de forma repetitiva”.
Figura 61 – Vista parcial do trecho em reparo
Com a decisão da retirada total do revestimento, todo o trabalho de reparo
comentado nas etapas anteriores foram extendidos a totalidade. Na Figura 62 temos
a evolução desta etapa.
Figura 62 – Vista parcial do trecho em reparo, agora em toda a totalidade
Quando do término da retirada do revestimento, é necessário a execução do
tratamento do substrato, que na etapa anterior foi feita de forma irregular, porém,
desta vez, com maior grau de dificuldade, uma vez que alem das impurezas já
conhecidas da alvenaria e estrutura, tem-se agora a impregnação dos restos de
argamassa de chapisco. Nesta etapa, os serviços foram executados de acordo com
as exigências da construtora e com uma intensa fiscalização. As etapas que se
seguem não fogem as já citadas para execução de revestimento argamassados.
Conforme a Figura 63 observa-se o operário em execução de chapisco manual
sobre uma base totalmente limpa e livre de impurezas (restos de forma, ferro,
desmoldante e etc.).
Figura 63 – Vista do trecho em execução do novo chapisco
Nos demais panos, como dito, o dano foi causado de forma pontual, nestes a
solução de reparo foi feita da mesma forma, porém não em sua totalidade, conforme
mostrado na Figura 64.
Figura 64 – Vista do novo chapisco executado parcialmente
Com o término da execução do chapisco e respeitado o seu tempo de cura, fica
liberado então as áreas para execução do novo revestimento. Com a execução da
nova camada de argamassa, segue o processo normal de ensaios para aprovação
do mesmo. Na Figuras 65 são mostrados os trechos já reparados.
Figura 65 – Vista do novo revestimento executado parcialmente
Com o término da execução do revestimento, os trechos são submetidos aos
ensaios já comentados nos capítulos anteriores, sua aceitação foi realizada após a
verificação destes resultados.
11 CONCLUSÕES
Com as citações das ocorrências mais comuns de problemas em fachadas de
argamassa, tornou-se mais fácil a identificação das causas e a possível aplicação de
um monitoramento no ato da execução em empresas construtoras, a fim de
minimizar as ocorrências.
A construção civil, diferente do setor industrial, é efetivamente feito de forma manual,
ficando assim passível aos erros e falta de qualificação.
A prevenção dos problemas de revestimento pode ser feita de algumas formas: a
retomada dos conceitos básicos sobre argamassa, como preparo e aplicação, e os
seus materiais constituintes; a implantação da política de certificação de qualidade
dos materiais, que auxilia no julgamento do dano observado, sendo do
fabricante/fornecedor, pela má qualidade do produto, se do construtor, pela má
utilização dos materiais escolhidos; a qualificação, treinamento e fiscalização de
cada processo devem ser intensivos, pois na maioria dos casos, as etapas
executivas estão unidas umas as outras, e uma vez encontrado falhas no processo,
além dos custos gerados pelo refazimento do trabalho, as etapas posteriores serão
afetadas e o cronograma prejudicado.
A repercussão destas medidas sobre a economia da construção é positiva, na
medida que os revestimentos, convenientemente estudados, apresentaram vida útil
prolongada, minimizando-se os custos com manutenção e reparos do revestimento,
inclusive da pintura ou revestimento cerâmico. Visto numa análise detalhada,
indicaram como causa freqüente problemas de revestimento.
Na empresa estudada, mesmo com a preocupação em implantar um sistema de
controle e diversos tipos de ensaio, nota-se que o envolvimento efetivo dos
responsáveis pela fiscalização foi falho. A equipe responsável e envolvida no
processo construtivo e de fiscalização, tinha conceituação teórica sobre o método
executivo, mas nota-se o descaso quanto aos conceitos básicos de execução, afim
de ganhar velocidade, uma vez que a obra mostrava-se atrasada em relação ao
prazo definido em cronograma. Outro ponto notável, é a troca do responsável pela
verificação e recebimento dos serviços. Após a adoção de mão-de-obra terceirizada
para
esta
fiscalização,
por
tempo
determinado,
gera
duvidas
quanto
a
responsabilidade deste, uma vez que sua permanência seria por um curto prazo.
O ato de refazer uma etapa de serviço é sem duvida mais difícil e mais cara do que
executá-la uma única vez, essa afirmativa deve ser levada em conta e
conscientizada pela empresa executante e a fiscalizadora, investindo em cursos,
treinamentos e tecnologias construtivas. Os problemas de se refazer uma
determinada etapa de serviço vão além do custo gerado e do desprendimento de
mão-de-obra para nova fiscalização. Ao se deparar com problemas, seja qual for a
etapa, a construtora tem seu nome questionado quanto a qualidade e confiabilidade.
Se tratando de um serviço interno tem-se uma grande repercussão quanto ao dano,
neste caso, fica agravado pois como o serviço de revestimento externo fica exposto
a quem passa próximo ao empreendimento, a repercussão torna-se maior, podendo
assim, gerar um questionamento a quem adquiriu o imóvel e ainda o nome da
empresa fica ligada ao dano e torna-se uma referência negativa no mercado.
Com a intensão de acelerar o processo como um todo, a equipe executora deixou de
lado uma análise quanto a possíveis problemas futuros. Com isto o cronograma de
serviços que até então estava no limite, deixou de ser cumprido pois com o atraso
nos serviços da fachada, etapas que estavam amarradas foram interrompidas, tais
como a pintura, impermeabilização do térreo, colocação de pedras naturais e etc.
Fica concluído que é necessário investir não só apenas em materiais de qualidade,
boas equipes executoras, a conscientização para a fiscalização futura deve ser
absorvida pelos profissionais da área. Não há uma empresa que possa fiscalizar
100% dos serviços, por isso a importância de se investir no operário (executor) para
que ele invista na qualidade do seu próprio trabalho. Por outro lado quem tem a
responsabilidade de fiscalizar, deve fazê-la de modo criterioso, analisando cada
trecho e desprendendo sua atenção apenas a atividade confiada. Uma vez deixada
essa filosofia, os problemas serão freqüentes e explícitos.
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Thomaz, Ércio. et al. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. São
Paulo : PINI, 2001.
ANEXOS
Anexo A - Cópia do ensaio NBR 13528
Anexo B – Projeto de Revestimento em Fachada
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Patologias em fachadas construídas com revestimento de argamassa