Aspectos da transição para a vida adulta no Brasil,
dos filhos adultos que residem com os pais, segundo a
Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996-1997∗
Arlindo Mello do Nascimento♣
Palavras-chave: Transição para a vida adulta; Eventos de transição para a vida adulta.
Resumo
A transição para a vida adulta vem sendo, desde a década de 70, definida como um
processo marcado por eventos específicos aos quais damos significados específicos: saída da
escola, entrada na força de trabalho, saída da família de origem, casamento e estabelecimento
de uma família. Estes eventos podem não anunciar universalmente a maioridade, mas
certamente um após o outro, na mesma ordem ou não, relacionam-se com a participação no
mundo dos adultos.
O presente artigo objetiva mostrar, através dos dados brasileiros disponíveis, a
situação em que se encontram os filhos adultos que vivem na casa paterna, em relação à
concretização de eventos ligados à transição para a vida adulta.
Embora em países como Canadá, Estados Unidos e, praticamente, em todos os países
da Europa existam diversas pesquisas específicas sobre eventos do ciclo de vida, pessoal e
familiar que permitem entrevistas, durante vários anos seguidos ou não, acerca da transição
para a vida adulta e da permanência ou não dos filhos no domicílio dos pais, no Brasil, tais
pesquisas são, praticamente, inexistentes.
Recentemente, a única pesquisa brasileira que permite investigar eventos ligados à
transição para a vida adulta, por meio de informações retrospectivas e de perguntas diretas
que abordam a ocorrência dos eventos e a idade em que eles foram concretizados, é a
Pesquisa Sobre Padrões de Vida (PPV) 1996-1997, porém com restrições, por exemplo: a
amostra é pequena, as informações, apenas, referem-se às Regiões Nordeste e Sudeste e,
apenas, quatro dos cinco eventos clássicos foram investigados – saída da escola, entrada na
força de trabalho, entrada em união e entrada na parentalidade.
Assim sendo, as análises quanto à realização, à seqüência e à idade de entrada e de
saída dos eventos relativos à transição para a vida adulta serão feitas considerando aqueles
quatro eventos e comparando-se as idades de homens e mulheres metropolitanas, ou não,
residentes nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil.
∗
Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29
de setembro a 03 de outubro de 2008.
♣
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
1
Aspectos da transição para a vida adulta no Brasil,
dos filhos adultos que residem com os pais, segundo a
Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996-1997∗
Arlindo Mello do Nascimento ♣
1 – Introdução
A definição clássica de Modell, Furstenberg Jr. e Hershberg (1976), diz que a
TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA é um processo marcado por eventos específicos aos quais
damos significados específicos: saída da escola, entrada na força de trabalho, saída da família
de origem, casamento e estabelecimento de uma família.
Estes eventos podem não anunciar universalmente a maioridade, mas certamente um
após o outro, não necessariamente na mesma ordem, fazem associação aparente com a
participação no mundo dos adultos1. Diante disto, os autores afirmam que poderíamos não ter
uma opinião unânime sobre “quando” e “como” alguém atinge estado de adulto na sociedade:
tornar-se um adulto envolve uma série de mudanças que movem os jovens de um estado de
dependência econômica paterna, para uma independência econômica, bem como, da
participação na família de origem para o estabelecimento de uma nova família de procriação.
Para Baizán Muñoz (2000); Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000); Billari, Philipov e
Baizán Muñoz (2000); Cherlin, Scabini e Rossi (1997); Cordón (1997) e Mulder, Clark e
Wagner (2002) nas famílias atuais, em diversos países do mundo, a transição da juventude
para a vida adulta vem acontecendo, de modo geral, cada vez mais tarde, com restrições
crescentes e exibindo uma alta heterogeneidade de comportamento, tanto que o processo de
deixar a casa paterna e o ingresso numa residência separada tem sido considerado como:
importante rito de passagem da juventude para a vida adulta (HOLDSZWORTH, 2000); um dos
nodos cruciais do curso de vida das pessoas e um evento importante na transição para a vida
adulta (BILLARI; PHILIPOV; BAIZÁN MUÑOZ, 2000); um marco para a maioria dos adultos
jovens que se dirigem para alcançar o estado de adulto (MITCHELL, 2000); ou, a porta de
entrada para a vida adulta, pois o estabelecimento de uma casa própria – que requer uma
independência financeira, funcional e emocional – representa um significativo passo em
direção à diferenciação das figuras paternas (HENRIQUES, 2003).
A literatura mostra que uma nova família é constituída quando ocorre o casamento ou
o nascimento do primeiro filho, porém, o limite do “quando” o indivíduo adquire sua
maioridade, ainda é difícil de ser definido com precisão (CAMARANO et al., 2003). Outro fato
∗
Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG –
Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.
♣
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
1
Segundo Billari (2001) esta visão de transição para a vida adulta foi utilizada, pela primeira vez por Modell et
al. (1976), num artigo que é “considerado influente e clássico”, já que os autores, naquele artigo, ao relacionarem
os cinco eventos demográficos, expressaram opinião contrária ao fato de que sociedades contemporâneas não
cultivam, explicitamente, ritos de passagem para a maioridade, algo que é dito que é típico de sociedades mais
tradicionais.
2
é que, os limites desta transição podem ser entendidos como a prerrogativa que o jovem passa
a ter, para decidir quanto à formação de sua própria família: deixar a casa dos pais para
assumir a chefia de um domicílio ou casar, tornando-se chefe ou cônjuge no domicílio. Além
do mais, destacam que estes aspectos dependem diretamente da inserção no mercado de
trabalho, presumindo de alguma forma, uma independência econômica.
Para explicar melhor, num retrato social de outrora, Nascimento et al. (2004a) relata
que precisamente entre as décadas de 60 e 70, o jovem aguardava ansiosamente a maioridade
como o momento de sua independência, ou seja, de fazer as malas e deixar para trás a casa
dos pais. Isso significava, segundo Tânia Zagury em entrevista a Lopes (2004), romper com
os valores estabelecidos da sociedade, entre eles a família, e ir a busca de seus sonhos, mesmo
quando estes não eram bem definidos. Para Nascimento et al. (2004b), o sonho era o de
conquistar seu espaço, morar sozinho e assumir a responsabilidade da vida adulta. Portanto,
sair de casa acabou, para os jovens daquela época, virando sinônimo de liberdade, mesmo que
para isso tivessem que trocar o conforto e o aconchego familiar por uma república de
estudantes ou compartilhar um apartamento com amigos.
Diante do exposto, o presente artigo objetiva mostrar, através dos dados brasileiros
disponíveis, a situação em que se encontram os filhos adultos, em relação à concretização da
entrada e da saída nos cinco eventos clássicos ligados à TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA
apontados por Modell, Furstenberg Jr. e Hershberg. (1976). Partindo desta definição clássica
serão apresentados autores e artigos que tratam a transição para a vida adulta como dinâmica,
em ebulição, com diversidade de comportamentos e que segue, ou não, uma seqüência.
O objeto de estudo, para a atual demografia brasileira, apresenta-se de suma
importância, visto que o interesse é relativamente recente e, ainda, pouco estudado. Diante
desta perspectiva, serão enfocados fenômenos que, ainda, são pouco explorados em estudos
populacionais no Brasil, apesar de muito discutido em estudos internacionais, principalmente
nos Estados Unidos e na Europa, desde a década de 1970, por diversos pesquisadores.
Outro ponto que demonstra a grande diferença entre os trabalhos nacionais e os
internacionais é que, em países como Canadá2 e Estados Unidos3 e, praticamente, em todos os
países da Europa4, existem pesquisas específicas sobre eventos do ciclo de vida, pessoal e
familiar que permitem entrevistas durante vários anos, seguidos ou não, objetivando estudos
acerca da transição para a vida adulta e a permanência ou não dos filhos adultos no domicílio
dos pais, como, por exemplo, a pesquisa intitulada Fertility and Family Surveys (FFS)5,
coletada na maioria dos países europeus e que permite a investigação dos cinco eventos
clássicos da transição para a vida adulta.
Já no Brasil, tais pesquisas são, praticamente, inexistentes. Recentemente, a única base
de dados que permite recuperar e obter informações retrospectivas a respeito das idades, nas
quais os indivíduos experimentaram os eventos investigados é a Pesquisa Sobre Padrões de
Vida (PPV) 1996-1997, porém com restrições: a amostra é pequena e as informações, apenas,
referem-se às Regiões Nordeste e Sudeste. Todavia, como fonte de dados serão utilizadas as
informações desta pesquisa, comparando-se a população por sexo e por local de residência:
2
Por exemplo: Family History Survey (FHS). (MITCHELL; WISTER; BURCH, 1989).
Por exemplo: National Survey of Families and Households (NSFH). (KING; SCOTT, 2004).
4
Por exemplo: European Community Household Panel (ECHP). (IACOVOU, 2001b).
5
Através das entrevistas realizadas, os dados da FFS, segundo Billari (2001) provêem, com qualidade alta, todas
as informações necessárias para investigar os cinco eventos marcadores da transição para a maioridade.
3
3
áreas metropolitanas e não metropolitanas. Devido ao fato da PPV, apenas, ter investigado a
Região Nordeste e Sudeste, as comparações serão feitas apenas entre elas e por ter sido
coletada em um único período, as análises serão feitas pela fotografia das realidades
encontradas nos anos de 1996 e 1997.
O desenvolvimento deste estudo está pautado nos conceitos definidos pela fonte de
dados. Como na PPV o foco central é a investigação e a coleta de informações das famílias e
da população contida nos domicílios ocupados, a investigação dos dados pode ser feita através
de duas abordagens: o conjunto de pessoas residentes no domicílio ou o conjunto de pessoas
residentes e identificadas em uma ou mais famílias existentes no domicílio. Para efeito deste
estudo, será utilizada a abordagem domiciliar.
A investigação das referências bibliográficas, nas quais os limites, mínimo e máximo,
de idades estavam explícitos, apresentou uma gama diversificada de grupos etários estudados:
mais da metade das referências estudam grupos de idade começando em 18 anos e pouco
menos da metade das referências têm como limite superior idades maiores que 30 anos.
Para Goldscheider (2000), quando se estuda a saída da casa paterna, todos os
processos são encadernados em várias combinações complexas, que incluem o fim da infância
e a progressão nos papéis da maioridade responsável. Também, a idade de início de
matrimônio, acrescenta a autora, aumentou substancialmente ao longo do mundo
industrializado, adiando a maioridade completa para a maior parte dos adultos jovens e
criando uma fase ambígua no curso de vida entre as idades de 18 e 25, fase esta tão marcada
por semimaioridade, onde viver com pais pode fazer um sentido econômico significativo. Isto
tudo fez com que as transições do tipo “deixar a casa paterna” e “voltar para a casa paterna”
sejam mais complexas.
Segundo Rossi (1997), na Itália, o número de jovens que vivem com suas famílias de
origem representa mais da metade da população, entre 18 e 34 anos de idade. Também, ao
estudar, comparativamente, 10 países europeus, Aassve et al. (2001) selecionou amostras de
filhos com idade entre 18 e 34 anos, que permaneciam residindo na casa dos pais. Os motivos
apontados para a escolha dos limites deste grupo etário são justificados pelo fato de que o
limite inferior representa a idade a qual o fenômeno de deixar a casa paterna começa a
adquirir importância social e o limite superior, relativamente alto, reflete a realidade de alguns
países em que uma proporção, cada vez maior de pessoas jovens, continua vivendo na casa
paterna, além dos 30 anos.
Ao estudar os arranjos familiares de jovens adultos de 18 e 34 anos que moram com os
pais, Di, Yang e Liu (2002) enfatizam que gostariam de focalizar com maior ênfase os jovens
adultos com idade entre 25 e 34 anos, em relação àqueles com idade entre 18 e 24 anos. A
razão principal desta preferência consiste na preocupação com a permanência na casa dos
pais, visto que o grupo mais jovem, raramente, alcança a propriedade de uma casa e, muitos,
permanecem na faculdade.
Em estudo que abrangeu pesquisa qualitativa, Henriques (2003) relata que estudou
famílias com filhos que residiam na casa dos pais de 26 anos ou mais de idade e pertenciam à
classe média da zona sul do município do Rio de Janeiro. Este critério obedeceu à discussão
de que, nesse ponto do ciclo vital, na classe média, é suposto que os filhos com 26 anos ou
mais de idade já tenham finalizado um curso universitário e, portanto, apresentem condições
para a sua vida profissional e independência.
4
Na Espanha, em recente estudo sobre a integração dos jovens à idade adulta, Baizán
Muñoz (2003) também reforça a necessidade de ampliação do limite superior do grupo etário
a ser estudado, pois os passos para a vida adulta são alcançados cada vez mais tarde,
prolongando a estadia no domicílio paterno, muito acima dos 30 anos de idade.
Diante do exposto acima e tendo em vista que na realidade brasileira, nos termos da
legislação vigente, a idade de 18 anos é considerada como a maioridade legal pela
Constituição da Republica Federativa do Brasil6; que, para o novo Código Civil Brasileiro7, a
menoridade cessa aos 18 anos; que a idade penalmente imputável prevista pelo Código Penal
Brasileiro8 é, também, aos 18 anos; além do Estatuto do Idoso9 que define como idoso aquela
pessoa com 60 anos ou mais de idade, portanto, serão considerados como filhos adultos os
indivíduos com idade entre 18 anos e 59 anos e que foram identificados como “filho ou
enteado” em relação ao responsável pelo domicílio.
A escolha deste corte etário pode, também, ajudar a traçar um perfil diferenciado dos
filhos adultos por ocasião da análise desses grupos, visto que pessoas com idades entre 18 e
24 anos, ainda trazem muitas características da juventude, estão na idade de freqüentar
universidade e estão iniciando o processo de transição para a vida adulta; pessoas com idades
entre 25 e 39 anos, deveriam estar consolidando a transição para a vida adulta e que pessoas
com idades entre 40 e 59 anos de idade, já deveriam ter consolidado sua transição.
Finalmente, cabe ressaltar que o presente trabalho é oriundo da dissertação de
mestrado intitulada Transições para a Vida Adulta: Revisão Bibliográfica e Olhar na Situação
Brasileira no Período 1970-2000, apresenta na Escola Nacional de Ciências Estatísticas –
ENCE e defendida no final de 2006.
2 – Transição para a vida adulta
A juventude é uma etapa da vida que abrange um conjunto de processos que permite
ao indivíduo sair da dependência infantil e adquirir responsabilidades e autonomias próprias
de um cidadão adulto. Para Baizán Muñoz (2003), trata-se de uma etapa “densa10” em
acontecimentos vitais que estão extremamente inter-relacionados, onde germinam as bases em
termos de segurança e autonomia, responsáveis pela plena integração social do indivíduo.
Para Du Bois-Reymond e Blasco (2004), esse tempo é caracterizado como uma moratória,
que vem após a infância e serve como preparação para a idade adulta, consistindo, portanto,
no processo de mudança entre duas etapas: juventude e maioridade.
6
Artigo 228: São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial. (Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05 out. 1988. Disponível
em:<http://www.senado.gov.br>. Acesso em: nov. 2004.)
7
Artigo 5: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os
atos da vida civil. (Código Civil. Lei n. 10.406, de 10 jan. 2002. Disponível em:<http://www.mj.gov.br/sal>.
Acesso em: nov. 2004.)
8
Artigo 27: Os menos de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
estabelecidas na legislação especial. (Código Penal. Decreto-lei n. 2.848, de 07 dez. 1940. Disponível
em:<http://www.mj.gov.br/sal>. Acesso em: nov. 2004.).
9
.Artigo 1o: É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Estatuto do Idoso. Lei n. 10.741, de 1 out. 2003. Disponível em:<
http://www.presidencia.gov.br/sedh>. Acesso em: nov. 2004.)
10
Expressão, também, usada por Billari (2001) em alusão à citação: O período ao redor da transição para a
maioridade é demograficamente “denso”, cercado de uma alta densidade de eventos demográficos. (Rindfuss,
Ronald R. 1991. The Young adult years: diversity, structural change and fertility. Demography 28 (4)).
5
Hogan e Astone (1986) relatam que a transição para a vida adulta tem despertado
grande interesse nos cientistas sociais por causa de sua importância na compreensão dos
caminhos para a vida adulta. Assumir papéis de adulto abre portas para a constituição de uma
família e para a entrada numa carreira ocupacional, visto que o desejo, o momento da vida e a
seqüência com que os jovens se adaptam aos papéis de adultos influenciam de maneira
decisiva as etapas subseqüentes de suas vidas.
A transição para a vida adulta pode ser vista como um processo associado com
passagens sociais e demográficas, tais como: do sistema educacional para o mercado de
trabalho ou da casa dos pais para uma casa própria, para o início de uma união ou para o
início da procriação. Segundo Billari (2001), esta última transição, nascimento do primeiro
filho, é, normalmente, definida como sendo a fase final do processo.
Como definido por Modell, Furstenberg e Hershberg (1976), as referidas passagens
estão, tradicionalmente, associadas a eventos demográficos que ocorrem numa seqüência
normativa e à entrada em papéis considerados como de pessoas adultas, tais como: saída da
escola, entrada na força de trabalho, saída da família de origem, casamento e estabelecimento
de uma família. A respeito destes eventos específicos podemos destacar, dentre outros, cinco
comentários importantes feitos por pesquisadores engajados no tema:
Marini (1984): a ocorrência destes eventos representa a transição de uma situação de
dependência econômica e de participação na família de origem para uma situação
caracterizada por independência econômica e formação de uma nova família;
Hogan e Astone (1986): mais que um conjunto de eventos que ocorrem de maneira
ordenada ao longo do curso de vida dos jovens, a transição da juventude para a idade
adulta, é um processo no qual cada jovem elege, ou se vê obrigado a seguir, uma
trajetória que finalmente o converta em adulto11;
Iedema, Becker e Sanders (1997): para ser visto como independente, qualquer
jovem, não necessariamente, precisa fazer estas quatro transições, no entanto, quanto
mais cedo elas ocorrerem, mais cedo as pessoas serão consideradas independentes e,
ainda, na medida em que um maior número de transições sejam realizadas,
representará um maior grau de independência;
Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000): esta aproximação não é a única que poderia
ser adotada, mas provê um vigamento extensamente usado quando queremos
analisar os determinantes e estudar a dinâmica de comportamento dentro de uma
sociedade comparando-se coortes, sexos, grupos sociais e/ou sociedades diferentes;
Iedema, Becker e Sanders (1997) e Iacovou (2001a): neste processo estão
envolvidas as principais transições de vida: a transição da escola para um trabalho
remunerado, a transição de viver com os pais para viver independente, a transição de
ser solteiro para viver com um cônjuge e a transição de não ter filho para a
parentalidade.
Na literatura consultada, o número de eventos considerados na transição para a vida
adulta é bastante variado, no entanto, a base utilizada é aquela contida na definição de Modell
et al. (1976). Enquanto alguns autores consideraram a totalidade dos cinco eventos, outros
autores estudaram uma parte deles ou acrescentaram mais eventos12.
11
Em sociedades pequenas uma simples divisão do trabalho ou o estabelecimento de uma certa idade podem
determinar uma multiplicidade de papéis (familiar, trabalho, religião e políticos). Em outras sociedades, os
indivíduos se tornam adultos, numa idade particular, realizando alguma tarefa específica ou, então confirmam a
maioridade numa cerimônia específica em grupo (por exemplo, crisma e baile de debutante)
12
Evans (2004) diferencia entre os que vivem ou não com a família; Marine (1984) faz distinção entre morar em
alojamento ou estabelecer um domicílio.
6
2.1 – A transição em ebulição
Segundo Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000), a demografia sempre esteve
preocupada com o estudo dos principais eventos que moldam a vida das pessoas, como
nascimento, morte, migração e a formação e a dissolução de residências e famílias. Estes
estudos vêem, acima de tudo, os eventos demográficos e as transições dos indivíduos como
uma série de trajetórias paralelas que podem ser embutidas em outras trajetórias13.
Para Iedema, Becker e Sanders (1997) a modernização experimentada nas últimas
décadas abrangeu um processo de individualização, pelo qual as pessoas constróem suas
trajetórias de vida e compõem suas próprias biografias, através do planejamento e da escolha
do tempo de ocorrência e da ordem dos eventos e onde as influências de classe social, da
família e de sexo diminuem com o tempo. Conseqüentemente, Carneiro (2003) afirma que
maior diversidade de trajetórias acontece por coortes e, também, que dentro de coortes os
indivíduos são distribuídos mais uniformemente por trajetórias.
Os Estados Unidos, bem como a maioria dos países desenvolvidos, experimentou,
segundo Axinn e Barber (1997), mudanças acentuadas nos padrões de formação familiar,
acompanhadas por outras, igualmente dramáticas, em atitudes e valores relacionados à
formação familiar, tais como: a idade de entrada em matrimônio subiu, o compromisso com o
matrimônio recuou, fazendo com que as taxas de matrimônio declinassem, o interesse em ter
filhos diminuiu e a aceitação de não ter filhos cresceu proporcionando que a fecundidade
permanecesse baixa e as taxas de divórcio alcançaram níveis previamente desconhecidos.
Estudos recentes de Baizán Muñoz (2003), Billari (2001), Billari e Wilson (2001) e
Mulder (2003), em países europeus, mostraram que as idades em que ocorrem o matrimônio e
o nascimento do primeiro filho tem uma grande variação e estão cada vez menos relacionadas
entre si. Além disto, Hullen (2000) acrescenta que o adiamento na formação de união e de
início da procriação em países europeus ocidentais, nas últimas décadas, é resultado de um
tempo de espera mais prolongado para que jovens adultos construam sua própria família e
montem seu próprio domicílio14.
O período de transição para a vida adulta, de acordo com Evans (2004), esteve
definido de muitas formas e normalmente envolve a transição da dependência financeira para
a independência financeira, além da transição da dependência social para a independência
social. De modo geral, a transição para a independência financeira apresenta-se com maior
complexidade, pois o prolongamento dos estudos e a demora em encontrar um emprego fixo
fazem com que os jovens adultos retardem esta independência, porém, fato é que a
permanência na escola, por períodos mais longos de tempo, permite combinação de trabalho e
estudo em arranjos de tempo parcial ou integral.
Como apontado por Oppenheimer (2003) e King e Scott (2004), duas tendências
intimamente ligadas ao comportamento familiar nos últimos trinta anos foram o aumento de
13
Ver: Du Bois-Reymond e Blasco (2004) e Pais (2001 e 2002).
Há de se destacar que durante as décadas de 70 e 80, segundo Goldscheider e DaVanzo (1989) e Mulder,
Clark e Wagner (2002), no caminho para a vida adulta, surgiu a separação entre independência residencial e o
matrimônio e desde essa época a transição dos jovens para a vida adulta foi transformada por duas experiências
previamente incomuns: arranjos não familiares e coabitação. Estes dois fatos, segundo Goldscheider e DaVanzo
(1985) e Goldscheider, Thornton e Young-DeMarco (1993), fizeram com que os jovens passassem um tempo
significativo vivendo longe de suas famílias antes do matrimônio e, às vezes, vivendo sozinho e, outras vezes,
vivendo em instituições, em dormitórios ou com companheiro de quarto.
14
7
matrimônios tardios e o aumento substancial de coabitações. Na visão de Evans (2004), na
Austrália, matrimônio tardio vem sendo associado ao número crescente de coabitação jovem e
ao aumento crescente do tempo para deixar a família de origem. E, estas, associadas à
maternidade tardia.
Pesquisa feita por Baizán Muñoz, Aassve e Billari (2001) apresenta resultados que
confirmam um forte relacionamento entre a formação de união e o nascimento do primeiro
filho; que viver em coabitação produz aumento muito menor no risco relativo de ter o
primeiro filho; além de que, o efeito da concepção do primeiro filho na formação de união é
muito forte durante a gravidez, mas declina nitidamente depois do nascimento dele.
Pais (2001 e 2002), tomando a imagem do labirinto como ilustrativa de realidades
complexas, aponta que a vida dos jovens de hoje são labirintos de encruzilhadas e de utopias,
que proporcionam seu envolvimento em trajetórias do tipo iô-iô15. Para o autor, os jovens
sentem a sua vida marcada por crescentes inconstâncias, flutuações, descontinuidades e
reversibilidades que representam movimentos de vai-e-vem: saem da casa dos pais para
voltarem a qualquer dia; abandonam os estudos para os retomarem tempos depois; encontram
um emprego e em qualquer momento se vêem sem ele; se eles se casam, não é certo que seja
para toda a vida, enfim, as suas paixões são como “vôos de borboleta”, sem pouso certo.
Em razão da quantidade de mudanças ocorridas nos últimos anos, Evans (2004)
destaca que o estudo da transição para a vida adulta é um dos campos que mais atraíram
interesse na literatura demográfica, tanto por parte de pesquisadores quanto por elaboradores
de política, porque o período de transição fica cada vez mais longo, trazendo conseqüências
como um todo para os indivíduos, famílias e sociedade.
2.2 – A diversidade de comportamentos
Diversos estudos indicam que a transição para a vida adulta é uma das áreas, na esfera
de eventos do curso de vida, que exibe uma grande heterogeneidade de comportamento.
Historicamente, a literatura mostra que durante a década de setenta nos Estados
Unidos, surgem os primeiros trabalhos sobre o tema. Em princípio somente se preocupavam
em medir a intensidade e a data de ocorrência dos eventos, posteriormente passam a enfocar
os aspectos individuais e familiares que aceleram ou atrasam sua ocorrência (CÁNOVAS;
AMADOR, 2003).
Outro fato verificado no estudo da transição para a vida adulta é a diferenciação da
transição por gênero ao longo do tempo. O modelo clássico proposto por Modell et al. (1976)
pode ser considerado como um padrão de transição basicamente masculino, mas na
atualidade, o padrão se assemelha por sexo, embora os homens ainda sejam mais
influenciados pela participação no mercado de trabalho e as mulheres pelo casamento e pela
maternidade, apesar do grande aumento de sua participação no mercado de trabalho.
Avaliando o por quê de se estudar os arranjos familiares dos adultos jovens,
Goldscheider (2000) revisa as atuais tendências em deixar a casa dos pais nos Estados Unidos
e em alguns outros países industrializados. O foco principal aponta para as mudanças nas
relações entre os homens e mulheres: o crescimento da coabitação e do matrimônio tardio,
15
Este conceito, em forma de metáfora, vem sendo utilizado pelo autor desde 1994 em alusão ao brinquedo
formado por dois discos presos ao centro por um fio com o qual podemos fazer movimentos oscilatórios.
8
aliado às taxas crescentes de dissolução de união e os desafios observados nas relações
familiares entre as gerações.
O processo de deixar a casa paterna, segundo a rota a ser tomada, é abordado por
Goldscheider através das mudanças familiares acontecidas durante a transição para a vida
adulta e das mudanças ocorridas nas economias industrializadas. Em decorrência, aquele
processo está em andamento e é afetado, não só pelos fatores que ajustam a economia e por
oportunidades para trabalhar e estudar, mas também pelas relações entre pais e filhos. E
acrescenta que as mudanças nos arranjos familiares dos jovens adultos, não só estão
relacionadas às mudanças dos padrões de trabalho e de freqüência à escola, como também,
àquelas ligadas à formação de matrimônio e coabitação.
Para Goldscheider, Thornton e Young-DeMarco (1993), nas mudanças ocorridas nas
rotas, no período de ocorrência e na reversibilidade estão os desafios para a compreensão dos
processos de saída de casa durante a juventude. Embora pessoas jovens experimentem muitos
arranjos familiares (sem que nenhum predomine), o processo de saída de casa tem sido
medido, conceitualizado e, conseqüentemente, analisado de modos incompatíveis em
pesquisas prévias. Paralelamente, Hogan e Astone (1986) apontam que a transição da
juventude para a idade adulta não inclui os mesmos componentes para todos os indivíduos,
não seguem a mesma seqüência e não ocorrem ao mesmo tempo.
Quando analisamos algum país ou comparamos países ou continentes diferentes fica
latente a grande heterogeneidade de comportamento de jovens e adultos em relação à
transição para a vida adulta. A esse respeito, diversos estudos indicam a existência de grandes
padrões regionais, os quais estão, na maioria das vezes, relacionados a diferenças culturais.
Ao compararem os processos de saída de casa em países como China, Coréia do Sul,
Japão, França, Suécia e Estados Unidos, Yi et al. (1994) apontam que é grande a diferença
entre os países asiáticos e os ocidentais, sendo que nos últimos, a idade de saída é mais
precoce. Nos três países asiáticos a idade mediana de saída para os homens é de 24,2 anos e
para as mulheres de 23,7 anos. Nos ocidentais, 21,8 e 20,9 anos, respectivamente.
A análise demográfica de pessoas jovens que deixam a casa paterna no Japão, feita por
Suzuki (2001), demonstra que seus arranjos familiares são determinados através de dois
eventos: saída da casa dos pais e entrada em matrimônio. Homens e mulheres jovens que
deixam a casa paterna, antes do matrimônio, passam por um período vivendo sozinhos ou em
um contexto institucional, como num dormitório estudantil. Homens deixam a casa paterna a
uma idade mais jovem do que as mulheres, apesar de diferenças na idade ao contrair
matrimônio. A comparação de coortes revelou que a demora para sair da casa paterna tem
acontecido desde os anos setenta e que esta tendência não é somente um resultado da demora
em contrair matrimônio, mas também, um resultado do declínio no número de pessoas jovens
que deixam a casa paterna, antes do contrair matrimônio.
Ao investigar em seis países da América Latina a partida da casa dos pais em uma
perspectiva comparativa, De Vos (1989) destaca que a idéia de matrimônio está associada à
aquisição de novas responsabilidades e independência; estar casado é a principal razão para
não morar na casa dos pais e que fatores associados a gênero, situação urbana e rural,
educação e trabalho são importantes no processo de saída.
Murphy e Wang (1988) analisando, na Inglaterra, as influências familiares e sóciodemográficas nos padrões de saída de casa, enfocando os fatores ligados à ocorrência e ao
9
período de ocorrência dos eventos, observaram que para os jovens ingleses, quanto maior for
o nível educacional de suas mães, maior também é a idade que eles saem de casa; que o
tamanho da família está inversamente relacionado com a idade de saída; e, também, que filhos
que sofreram com a ruptura matrimonial de seus pais também tendem a acelerar sua saída.
Alguns trabalhos têm enfocado as características do relacionamento entre pais e filhos
e seu efeito na transição para a vida adulta dos filhos. Ao estudarem os efeitos da estrutura
familiar no processo de saída de casa nos Estados Unidos, Goldscheider e Goldscheider
(1998) além de verificarem que os filhos que vivenciaram a ruptura matrimonial de seus pais
tendem a acelerar sua saída, apontam, também, que os que habitam com padrastos ou
madrastas deixam o domicílio de residência muito mais cedo, comparado àqueles que vivem
em famílias com os pais biológicos ou àqueles que residem com apenas um dos pais, como
resultado de uma separação ou divórcio.
Nos Estados Unidos, Aquillino (1990) destaca que a dependência paterna não é o fator
principal que explica a corresidência; em todas as idades investigadas, os pais têm mais
probabilidade de prover uma casa para os filhos adultos, do que os filhos adultos têm para
com seus pais; a estrutura familiar mostra uma influência forte na probabilidade de
corresidência, visto que a dissolução matrimonial dos pais e uma segunda união apresentam
probabilidade negativa de corresidência; além de que, pais com famílias estendidas têm maior
probabilidade de terem um filho adulto corresidindo.
Também para os Estados Unidos, em outro trabalho elaborado posteriormente,
Aquillino (1991) relata que a maioria das formas de família sem um dos pais biológicos
durante a juventude leva a aumentos substanciais na probabilidade dos filhos saírem de casa
antes dos 19 anos; filhos adotados e filhos que viveram em situações não-paternas (com
parentes, com pais adotivos ou em instituições) tinham maior probabilidade de deixarem a
casa antes dos 19 anos; e, também, que filhos residindo com pai ou mãe sozinha, com pais de
segunda união, com famílias adotivas e aqueles vivendo com não parentes tinham maior
probabilidade do que os filhos residindo em famílias com os dois pais biológicos de
estabelecerem uma casa independente depois de partir de casa e menor probabilidade depois
de freqüentar a escola.
A expansão da educação tem um impacto profundo nos arranjos familiares. A
continuação da educação pode conduzir a uma dependência financeira prolongada, tornando a
saída da casa dos pais demorada ou pode dar origem a novos arranjos, como alojamento
compartilhado e união consensual (EVANS, 2004).
Enquanto na Europa encontramos uma alta heterogeneidade, onde em alguns países os
eventos são experimentados a uma idade precoce, em outros eles são adiados a idades
posteriores, porém em países como Austrália, Estados Unidos e México embora a
heterogeneidade exista, ela é menor. Mostram Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000), que a
seqüência de eventos, bem como, sua quantidade é muito diferente e que estas diferenças,
unidas a padrões culturais e históricos e a arranjos institucionais, são claramente visíveis até
mesmo quando consideramos países vizinhos.
A grande diversidade européia na transição para a vida adulta pode ser vista no estudo
de Billari (2004) produzido com dados da década de 1990. Nele, o autor considera duas
coortes de população feminina (coorte de 1956-61 e de 1966-71) e alguns eventos como a
saída da casa dos pais, entrada em união corresidencial e na maternidade (ver Quadro 1).
10
Quadro 1
Percentagem de mulheres que já haviam experimentado eventos demográficos aos 25 anos de idade,
em duas coortes com 10 anos de distância - Alguns países europeus – Década de 1990
Já haviam saído da
Já haviam entrado em
Já tinham sido
Países europeus
Coortes
casa dos pais (%)
união corresidencial (%)
mãe (%)
Áustria
Bélgica
Espanha
Finlândia
França
Grécia
Hungria
Itália
Noruega
Países Baixos
Portugal
Suécia
1956-61
86,1
74,8
52,5
1966-71
83,0
70,2
43,4
1951-56
89,3
86,1
47,1
1961-66
82,3
75,7
26,3
1955-60
73,3
71,2
50,0
1966-70
56,6
53,3
33,2
1950-54
90,2
75,7
49,1
1960-64
91,0
77,8
36,1
1954-58
88,8
81,7
57,5
1964-68
86,6
76,1
36,4
1960-64
83,3
75,5
54,5
1970-74
72,8
54,9
34,8
1953-57
80,4
85,9
71,8
1963-67
80,6
83,8
66,0
1956-60
67,7
61,2
44,3
1966-70
64,7
40,7
23,5
1950
88,7
78,0
58,1
1960
90,7
78,5
44,2
1953-58
92,6
81,1
32,3
1963-68
88,9
71,3
19,8
1957-62
72,1
70,6
61,8
1967-72
60,7
58,5
43,5
1954
95,0
82,2
47,6
1964
96,7
79,8
36,9
Fonte: Billari (2004, p. 19), adaptado da Tabela 1.
Nos resultados observa-se uma leve redução do percentual de mulheres que já tinham
saído da casa dos pais aos 25 anos, na coorte mais jovem, mas esses percentuais continuam
elevados. Nos países nórdicos (ao redor de 90%) e nos países do sul da Europa (ao redor de
70%) das mulheres consideradas, já tinham deixado a casa dos pais até os 25 anos.
Focalizando o caso da Itália, Billari (2001) apresenta dados mais específicos sobre os
cinco eventos clássicos marcadores da transição para a vida adulta (ver Quadro 2). Estes
resultados mostram uma clara seqüência quando as idades medianas são examinadas. Tanto
para homens como para mulheres, independente da coorte, a idade mediana de ocorrência dos
eventos apresenta-se crescente em relação à seqüência de eventos considerados: fim da
educação formal, primeiro emprego, saída de casa, primeira união e primeiro filho.
Dentre os diversos estudos relativos à transição para a vida adulta, a análise de eventos
múltiplos é mais problemática que a análise de eventos únicos. Por exemplo, se desejamos
analisar a duração entre dois eventos ou a ordem expressa de um grupo de eventos dentro do
curso de vida, podemos enfrentar problemas com a falta de técnicas para sua representação e
11
com a necessidade de que os eventos tenham ocorrido antes da entrevista, quando se examina
um estudo retrospectivo (BILLARI, 2001).
Quadro 2
Idade mediana das pessoas, sexo, coortes e eventos de transição para a vida adulta – Itália – 1996
Homem (anos)
Mulher (anos)
Eventos
1946-55
1956-65
1966-75
1946-55
1956-65
1966-75
Fim da educação formal
17,7
18,7
19,7
15,4
18,3
19,5
Primeiro emprego
17,8
19,0
20,4
20,6
20,9
21,5
Saída de casa
24,9
26,7
>30
22,6
23,6
26,2
Primeira união
25,9
28,3
>30
22,7
23,9
27,2
Primeiro filho
28,9
31,9
>30
24,9
26,7
>30
Fonte: Billari (2001, p. 15), adaptado da Tabela 1
Outro tipo de análise que é feita em estudos de transição para a vida adulta é a
investigação da sucessão de eventos que pode ser de dois tipos: sucessão periódica, onde são
consideradas a ordem e a duração entre os eventos e sucessão não periódica, onde somente a
ordem é analisada.
Segundo Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000), no estudo da transição para a vida
adulta a ênfase principal está na análise do tempo, da seqüência e da quantidade de eventos
que normalmente acontecem ao longo deste período. Outra preocupação considerada é a
simultaneidade de eventos, conhecida como sincronização: realização de dois ou mais eventos
na mesma unidade de tempo.
Por exemplo, segundo Billari (2001), em pesquisas do tipo da Fertility and Family
Surveys – FFS italiana, que investigam o mês e ano de ocorrência de cada evento, os eventos
simultâneos podem ser vistos como realmente simultâneos. É o caso da primeira união (ou
matrimônio) e da saída da casa paterna, conforme o padrão do sul da Europa. Porém, em
alguns outros casos como por exemplo, o fim da educação formal e o início do primeiro
emprego ou a saída de casa e o início do primeiro emprego podem ser questionados se são
verdadeiramente simultâneos. Para o autor, o fim da educação formal e o início do primeiro
emprego são eventos que ficam crescentemente predominantes, enquanto que a saída da casa
paterna e a primeira união se tornam, freqüentemente, eventos simultâneos.
Mostra, ainda, Billari (2001) que a análise da ordem de ocorrência dos eventos pode
ser investigada pela ordem cronológica de cada um. Neste sentido, o Quadro 3 apresenta para
a Itália, em 1996, a ordem de cada um dos cinco eventos clássicos.
Vale ressaltar que dentre os homens, o evento fim da educação formal, apesar da
grande maioria apontá-lo como primeiro evento (61%), uma parte significativa realizou-o
como segundo evento e esse percentual aumentou na coorte mais jovem, passando de 23,5%
para 29%. Já no caso das mulheres, o fim da educação formal é majoritariamente o segundo
evento, mas como no caso dos homens, os valores tem aumentado significativamente na
coorte mais jovem, variando de 11,4% para 17,4%.
Com relação ao primeiro emprego, mesmo a maioria tendo realizado este evento em
segunda ordem, uma parte elevada (ao redor de 30%) o realizou em primeira ordem, ou seja,
esse contingente populacional iniciou sua transição para a vida adulta através do primeiro
emprego e não, por exemplo, através do fim da educação formal ou pela saída de casa.
12
Quadro 3
Ordem de eventos transitivos observados antes da idade de 30 anos, em percentagem,
de acordo com o sexo, coortes e eventos de transição para a vida adulta – Itália – 1996
Homem (%)
Mulher (%)
Eventos e ordem
1946-55
1956-65
1946-55
1956-65
Fim da educação formal
1º evento
60,7
61,6
75,7
71,8
2º evento
23,5
29,0
11,4
17,4
3º evento
4,5
5,7
3,8
2,8
4º evento
4,7
1,5
3,9
4,6
5º evento
6,6
2,2
5,3
3,4
1º evento
36,2
35,9
23,5
29,5
2º evento
54,1
55,1
54,2
53,3
3º evento
5,5
6,2
4,2
4,2
4º evento
2,6
1,1
6,4
4,9
5º evento
1,6
1,7
11,8
8,1
1º evento
13,0
12,9
10,7
11,4
2º evento
21,8
16,4
39,3
33,8
3º evento
61,0
68,1
47,2
51,7
4º evento
3,2
1,7
2,2
2,3
5º evento
1,1
0,9
0,5
0,8
1º evento
0,9
0,4
5,9
4,8
2º evento
14,2
9,9
35,9
33,4
3º evento
65,6
72,2
49,5
53,6
4º evento
18,8
17,1
8,4
7,7
5º evento
0,5
0,4
0,3
0,4
1º evento
0,0
0,0
0,3
0,3
2º evento
0,7
0,4
1,6
1,2
3º evento
2,8
2,6
7,4
6,5
4º evento
19,5
13,8
37,8
35,4
5º evento
77,0
83,1
53,0
56,7
Primeiro emprego
Saída da casa dos pais
Primeira união
Primeiro filho
Fonte: Billari (2001, p. 18-19), Tabela 4.
Outro evento que tem uma ordem disputada é a saída da casa dos pais. Se
majoritariamente ocorre em terceira ordem (mais de 60% dos homens e ao redor de 50% no
caso das mulheres), uma grande proporção de mulheres realiza essa transição em segunda
ordem (quase 40% da coorte mais velha e 34% na coorte mais jovem). Mas a tendência é de
se consolidar esta transição na terceira ordem, nas coortes mais jovens, independente do sexo,
o que estaria refletindo o adiamento da saída de casa.
Também, dois fatos podem ser destacados: a predominância da entrada em primeira
união como sendo o terceiro evento e não, como seria esperado, o quarto evento e como
13
tradicionalmente é esperado, o nascimento do primeiro filho caracteriza-se como sendo o
quinto evento realizado, contudo, sem ignorar os percentuais obtidos na indicação como o
quarto.
3 – Aspectos da transição para a vida adulta no Brasil
Atualmente, a PPV é a única pesquisa brasileira que permite investigar quatro dos
cinco eventos clássicos ligados à transição para a vida adulta16, relacionados por Modell et al
(1976), por meio de perguntas diretas que abordam a ocorrência, ou não, dos eventos e a idade
em que eles foram concretizados: saída da escola17, entrada na força de trabalho18, entrada em
união19 e entrada na paternidade/maternidade20. Assim sendo, as análises quanto à realização,
à seqüência e à idade de entrada e de saída dos eventos relativos à transição para a vida adulta
serão feitas considerando estes quatro eventos21.
Deve ser ressaltado que, devido ao baixo número de registros de filhos adultos e,
principalmente de filhas adultas, algumas investigações, somente serão feitas para o total de
cada grande região.
3.1 – Eventos de transição
A seguir, os Quadros 4 e 5 apresentam uma visão geral da distribuição dos filhos
adultos, no período 1996-1997, segundo a entrada e saída em eventos de transição. O primeiro
quadro contém a distribuição percentual e o segundo, idades medianas de ocorrência daqueles
eventos.
No Quadro 4, quanto à saída da escola, observa-se que, do total de filhos adultos, em
torno de dois terços não estavam freqüentando escola, com destaque para o maior e o menor
percentual verificado no Sudeste: 71,33% entre as filhas adultas residentes em áreas
metropolitanas e 58,44% entre as filhas adultas não metropolitanas. Por grupos de idade, de
modo geral, os filhos adultos de 18 a 24 anos, em comparação com os de 25 a 39 anos,
permanecem mais tempo na escola.
Ao compararmos os percentuais de saída da escola, nas duas grandes regiões, observase que na faixa de 18 a 24 anos, o Sudeste registra o maior e o menor percentual (60,83%,
16
A saída dos filhos da casa dos pais e nem a data de ocorrência, não foi investigada.
17
Quesitos utilizados: freqüência ou não à escola e, em caso negativo, se já freqüentou; e a idade de conclusão da última série
freqüentada.
18
Quesitos utilizados: já trabalhou alguma vez?; com que idade começou a trabalhar?
Quesitos utilizados: estado civil; se vive ou não em companhia de cônjuge e, para os que vivem, a natureza da
união; o mês e o ano em que iniciou a união atual; a idade do cônjuge ao iniciar a união atual; e, se a união atual
não é a primeira, o mês e o ano de início da primeira união.
20
Na PPV este evento somente foi investigado para as mulheres. Os quesitos utilizados foram: teve filho nascido
vivo? e com que idade teve o primeiro filho nascido vivo?
21
Embora a PPV permita esta investigação, algumas restrições devem ser observadas, tais como: a idade de
entrada em união, somente foi investigada para mulheres de 12 a 49 anos que viviam em união na data da
pesquisa, excluindo-se todos os homens e as mulheres maiores de 49 anos de idade; não está disponível a
informação sobre idade de entrada em união das pessoas que estão atualmente separadas, divorciadas ou viúvas;
a idade de entrada na parentalidade somente foi investigada para mulheres de 12 a 49 anos; por se tratar de uma
pesquisa piloto e com restrições orçamentárias, o tamanho amostral foi reduzido, não oferecendo uma visão
nacional completa; além de que, devido ao pequeno tamanho da amostra é muito grande a variância dos resultados
estimados, restringindo certas comparações a patamares mais agregados do que desejado.
19
14
mulheres metropolitanas e 47,94%, mulheres não metropolitanas); que nas duas grandes
regiões é grande a percentagem de filhos e filhas adultas metropolitanas de 25 a 39 anos de
idade (entre 81,66% e 87,21%); que filhos e filhas de 25 a 39 anos residentes em áreas não
metropolitanas do Nordeste apresentam valores semelhantes (74,40% e 74,70%,
respectivamente); além de que na faixa de 25 a 39 anos, o Sudeste se destaca por apresentar
para os filhos o maior valor percentual (91,09%) e o para as filhas o menor (69,37%).
De acordo com a distribuição percentual dos filhos adultos que já tinham entrado na
força de trabalho, observa-se no Quadro 4 que o padrão encontrado é bem diferente do
apresentado por aqueles que já saíram da escola. Este padrão de entrada na força de trabalho,
onde todos os valores são bem mais expressivos, pode indicar que para muitos filhos adultos,
a necessidade de obtenção de um emprego é maior que a necessidade de instrução. Porém,
provavelmente, devido a uma grande parte dos filhos de 18 a 24 anos ainda estar estudando, a
entrada na força de trabalho se dá nesta faixa de idade em menor escala do que na faixa de 25
a 39 anos.
Quadro 4
Distribuição percentual dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, localização do domicílio,
sexo, eventos de transição para a vida adulta e grupos de idade
Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Região Nordeste (%)
Região Sudeste (%)
Eventos de transição e
grupos de idade
Área
Metropolitana
Área não
metropolitana
Área
Metropolitana
Área não
metropolitana
Homem
Mulher
Homem
Mulher
Homem
Mulher
Homem
Mulher
Já tinham saído da
escola (1)
65,48
69,58
60,36
60,22
68,10
71,33
67,56
58,44
18-24 anos
51,03
51,27
56,01
50,71
58,52
60,83
56,96
47,94
25-39 anos
84,82
87,21
74,40
74,70
81,66
83,63
91,09
69,37
Já tinham entrado na
força de trabalho (2)
86,74
78,80
86,15
75,06
88,32
82,89
90,04
78,92
18-24 anos
79,29
65,84
83,71
70,37
82,67
76,86
84,62
76,35
25-39 anos
97,53
90,90
90,44
81,04
97,26
92,77
100,00
80,61
Vivem em companhia
de cônjuge (3)
6,02
5,63
5,84
4,65
4,32
4,93
7,10
4,49
18-24 anos
2,72
5,30
4,62
2,91
2,31
3,91
3,57
1,22
25-39 anos
11,50
6,11
9,24
7,24
6,56
6,57
16,12
8,86
Já tinham tido filho (4)
..
26,85
..
28,87
..
19,41
..
20,87
18-24 anos
..
16,68
..
16,60
..
13,06
..
9,51
25-39 anos
..
37,18
..
44,59
..
28,84
..
31,41
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos adultos, em cada célula. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos
adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão
incluídos no total. 3 – Sinais convencionais utilizados: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento.
.. Não se aplica dado numérico.
(1) Filhos que não estavam freqüentando escola e que já freqüentaram escola. (2) Filhos que já tinham trabalhado alguma
vez. (3) Filhos que vivem em companhia de cônjuge na casa dos pais. (4) Somente mulheres, de 18 a 49 anos de idade, que
tinham tido filho nascido vivo.
Em geral, filhas adultas apresentam nas duas faixas etárias, menores percentuais em
comparação aos dos filhos homens, sendo estes, mais expressivos na primeira faixa. Mas, na
comparação entre as duas faixas de idade, verifica-se que filhos e filhas adultas de 18 a 24
anos entram no mercado de trabalho com menor intensidade que os de 25 a 39 anos. Este fato,
15
em geral, deve-se à maior necessidade de instrução e menor necessidade de trabalho, visto
que a permanência na casa dos pais proporciona proteção material e não material.
Quanto aos filhos adultos que residem na casa dos pais em companhia de cônjuge, no
Quadro 4 observa-se que é bem menos expressiva a proporção daqueles que realizaram esta
transição. Percentualmente, nota-se para o total, que estes filhos adultos representam menos
de 8% em todas as categorias. Na comparação entre sexos, os filhos apresentam maiores
percentuais que as filhas, exceto os metropolitanos do Sudeste que mostram valores
semelhantes.
Por faixa etária, verifica-se que são menores os percentuais daqueles com idades entre
18 e 24 anos, que nas áreas metropolitanas predominam as filhas e nas não metropolitanas, os
filhos. Já, entre aqueles de 25 a 29 anos há um predomínio de filhos em todas as áreas, exceto
no Sudeste, onde os valores são iguais. Ressalta-se que os filhos não metropolitanos do
Sudeste (16,12%) detêm o maior percentual em relação às filhas (8,86%).
Na análise das filhas adultas que residem na casa paterna e que já tinham tido filho
nascido vivo, o Quadro 4 aponta valores pouco expressivos, tanto no total quanto nas faixas
de idade. Entretanto, estes percentuais, que são mais expressivos entre as filhas entre 25 e 39
anos de idade, retratam, provavelmente, duas realidades verificadas no mundo de hoje: entre
as filhas de 18 a 24 anos, o aumento da maternidade solteira e entre as filhas de 25 a 39 anos,
o retorno à casa dos pais após uniões desfeitas.
No Nordeste, as filhas adultas de 18 a 24 anos de idade que já tinham tido filho
apresentam valores próximos (16,68%, nas metropolitanas e 16,60% nas não metropolitanas),
enquanto que no Sudeste, as metropolitanas se destacam (13,06% contra 9,51%). Na faixa de
25 a 39 anos, as não metropolitanas predominam sobre as metropolitanas.
No Quadro 5, quanto à idade de saída da escola, mulheres saem em idades medianas
superiores a dos homens, com diferença de 1 ano nas áreas não metropolitanas do Nordeste e
do Sudeste, de 2 anos na área metropolitana do Nordeste e de 4 anos na não metropolitana do
Sudeste.
Quanto à idade de entrada na força de trabalho, mulheres, em comparação com a idade
de saída da escola, também entram em idades medianas superiores a dos homens, porém com
maior amplitude: 2 anos (áreas metropolitanas do Nordeste e Sudeste) e 4 anos (áreas não
metropolitanas do Nordeste e Sudeste). Paralelamente, nota-se que tanto filhos adultos quanto
filhas adultas que residem com os pais entram na força de trabalho, muitas vezes, em idades
precoces (de 9 anos a 14 anos).
Quanto à idade de entrada em união, o Quadro 5 aponta que filhos homens realizam
este evento em idades mais avançadas do que as filhas: 3 anos (área metropolitana do
Sudeste), 6 anos (área metropolitana do Nordeste), 8 anos (área não metropolitana do
Nordeste) e 9 anos (área não metropolitana do Sudeste). Nota-se também, que as idades
medianas dos filhos e filhas adultas são mais expressivas entre os residentes em áreas não
metropolitanas, tanto no Nordeste quanto no Sudeste, com destaque para as idades apontadas
no terceiro quartil. Dentre elas, pode ser realçada a idade mais avançada em que filhos (32
anos) e filhas adultas (29 anos) não metropolitanas do Sudeste, realizam a entrada em união.
Em relação à idade de entrada na maternidade, as filhas adultas do Nordeste, nas três
medidas investigadas, apresentam valores iguais, exceto as não metropolitanas que no terceiro
16
quartil, que têm idade um ano menor que as metropolitanas. Já as filhas adultas não
metropolitanas do Sudeste, realizam este evento 2 anos e 5 anos após as metropolitanas.
Quadro 5
Idade (primeiro quartil, mediana e terceiro quartil) dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade,
localização do domicílio, sexo e eventos de transição para a vida adulta
Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Região Nordeste (anos)
Região Sudeste (anos)
Eventos de transição e
grupos de idade
Área
Metropolitana
Homem
Área não
metropolitana
Área
Metropolitana
Área não
metropolitana
Mulher
Homem
Mulher
Homem
Mulher
Homem
Mulher
Já tinham saído da escola (1)
Primeiro quartil
13
16
12
13
13
15
12
13
Mediana
16
18
15
16
17
18
14
18
Terceiro quartil
19
21
19
19
19
21
18
19
Já tinham entrado na força de trabalho (2)
Primeiro quartil
13
15
9
10
14
15
10
13
Mediana
16
18
10
14
15
17
12
16
Terceiro quartil
18
20
15
18
18
19
15
18
Vivem em companhia de cônjuge (3)
Primeiro quartil
21
17
23
18
19
17
20
17
Mediana
25
19
28
19
21
18
29
21
Terceiro quartil
28
24
29
23
26
23
32
29
Primeiro quartil
..
18
..
18
..
18
..
20
Mediana
..
20
..
20
..
20
..
22
Terceiro quartil
..
24
..
23
..
23
..
28
Já tinham tido filho (4)
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Nota: Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado numérico.
(1) Idade de conclusão da última série freqüentada daquelas pessoas que não estavam freqüentando a escola, mas já
freqüentaram. (2) Idade com que começaram a trabalhar as pessoas que trabalham ou que já tinham trabalhado alguma vez.
(3) Idade de início da primeira união das mulheres de 18 a 49 anos que na data da pesquisa viviam em companhia de cônjuge
e, idade mediana de início da primeira união dos cônjuges dessas mulheres.. (4) Idade das mulheres ao ter o primeiro filho
nascido vivo. Somente foram consideradas as mães de 18 a 49 anos de idade.
3.2– A transição em seqüência
Na análise da seqüência de eventos do tipo saída da escola e a entrada na força de
trabalho, o Quadro 6 aponta para o total de filhos e filhas adultas, a predominância daqueles
que saem da escola depois do início do primeiro trabalho, exceto para filhos metropolitanos
do Nordeste, cujos percentuais aparecem no mesmo patamar. Já aqueles que saem da escola e
entram na força de trabalho na mesma idade representam uma fatia pequena (menos de 9%)
do total de filhos adultos, com um pequeno predomínio das filhas adultas do Sudeste.
Quanto à comparação entre as seqüências antes e depois, os dados apontam que os
filhos adultos as realizam mais intensamente que as filhas adultas. Isto somente não é
verificado na área não metropolitana do Nordeste (saída da escola antes do primeiro trabalho),
onde as filhas apresentam maior percentual que os filhos.
17
Segundo os grupos de idade, percebemos uma diversificação de valores. Contudo,
mesmo sem os três grupos de idade apresentarem um padrão predominante, verifica-se nos
dois primeiros grupos de idades, nas seqüências antes e depois, que os percentuais dos filhos
adultos são maiores que os das filhas, exceto na área não metropolitana do Nordeste. Para o
último grupo, ora os filhos sobressaem, ora as filhas.
Quadro 6
Distribuição percentual dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, localização do domicílio, sexo,
seqüência de saída da escola e início do primeiro trabalho e grupos de idade
Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Região Nordeste (%)
Região Sudeste (%)
Seqüência de eventos
Área
Metropolitana
Homem
Mulher
Área não
metropolitana
Homem
Área
Metropolitana
Área não
metropolitana
Mulher
Homem
Mulher
Homem
Mulher
Saída da escola antes do início do primeiro trabalho (1)
Total
28,76
23,33
12,47
21,36
26,07
21,07
21,99
15,99
18-24 anos
22,14
15,06
12,90
14,42
21,16
17,81
18,91
16,02
25-39 anos
38,39
29,05
11,45
31,81
29,61
22,91
29,29
9,50
40-59 anos
35,84
45,09
13,45
25,35
67,73
40,26
20,49
30,38
Saída da escola depois do início do primeiro trabalho (1)
Total
28,33
30,93
39,99
22,90
34,56
33,31
37,66
30,53
18-24 anos
19,59
18,25
35,12
21,20
28,65
25,97
29,23
18,80
25-39 anos
39,89
44,02
54,09
24,58
46,62
44,11
55,38
48,69
40-59 anos
47,42
42,56
12,86
28,29
26,77
40,32
38,69
52,48
Saída da escola e início do primeiro trabalho na mesma idade (1)
Total
4,04
5,55
2,41
5,48
4,59
8,12
4,99
7,51
18-24 anos
2,73
4,79
2,70
3,72
5,44
5,56
4,93
8,27
25-39 anos
5,17
7,12
2,14
9,40
2,89
13,63
5,60
6,39
40-59 anos
11,85
2,33
-
-
5,51
1,06
3,86
5,98
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos, em cada célula. 2 – Sinal convencional utilizado: - Dado numérico
igual a zero, não resultante de arredondamento.
(1) Somente filhos adultos que não freqüentavam escola, mas tinham freqüentado e que já tinham trabalhado.
3.3 – Idades de saída e de entrada nos eventos de transição
Ao analisarmos o Quadro 7, fica evidente a presença de maior percentagem de filhas
adultas na escola, em qualquer idade, principalmente no Sudeste, onde o acesso à instrução é
conseguido com maior facilidade, em todos os níveis. Em relação aos dois grupos de idade
apresentados no quadro, esta presença na escola é bem superior nas idades de 18 a 24 anos,
idade na qual os filhos consolidam a instrução secundária e, os que têm maior oportunidade, o
nível universitário. Nota-se também, que o percentual de filhos nordestinos que nunca
freqüentou escola é bem elevado (16,14%), em comparação com as demais combinações
(9,01%, filhas no Nordeste e 6,82%, filhos e 4,38%, filhas, no Sudeste).
Para os filhos adultos de ambos os sexos, a idade em que ocorre a saída da escola é,
em geral, até os 15 anos e entre 16 e 19 anos. Entretanto, na comparação da idade de saída da
escola entre filhos e filhas, o padrão encontrado é bem diferente. Enquanto os filhos
concentram a saída até os 15 anos de idade (em torno de 50% do total) e entre 16 e 19 anos
18
(em torno de 30% do total), as filhas apresentam um padrão concentrado nos três primeiros
grupos (no Nordeste, 38%, 35% e 19% e no Sudeste, 34%, 37% e 22%, respectivamente),
com uma redução acentuada no grupo de 25 a 59 anos.
Esta diferença na idade de saída da escola por sexo, entre o primeiro grupo de idade e
os dois seguintes, indica que os filhos tendem, provavelmente por motivos econômicos
pessoais e da maior necessidade de ajuda financeira em casa, a abandonar a escola mais cedo
que as filhas. Na comparação entre as faixas etárias, esta diferença fica mais evidente.
Enquanto para os filhos, nos dois grupos etários o maior percentual de saída ocorre no grupo
até 15 anos, para as filhas, na faixa de 18 a 24 anos eles são semelhantes e entre 25 e 39
acontece o maior valor.
Quadro 7
Distribuição percentual de filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, idade de saída da escola,
localização do domicílio, sexo e grupos de idade
Região Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Não
Nunca
Idade de saída da escola
freqüenfreqüenLocalização do domicílio, sexo e FreqüenAté 15 De 16 a De 20 a De 25 a
tando (1)
taram
grupos de idade
tando
anos
19 anos 24 anos 59 anos
Região Nordeste (%) – Homem
22,50
61,36
31,66
17,36
8,46
1,76
16,14
18-24 anos
20,64
35,01
20,49
9,73
3,40
..
7,88
25-39 anos
1,85
24,59
10,42
7,06
4,90
1,21
5,59
28,38
62,61
24,15
22,45
12,14
2,95
9,01
18-24 anos
24,78
28,31
13,93
10,80
2,90
..
2,60
25-39 anos
3,60
28,98
8,31
10,52
7,78
2,12
4,44
25,39
67,80
35,22
22,20
8,42
1,46
6,82
18-24 anos
22,86
35,13
19,42
13,32
2,28
..
2,94
25-39 anos
2,52
26,18
11,71
7,38
5,72
1,12
1,54
31,26
64,36
22,97
24,23
14,67
2,43
4,38
18-24 anos
26,90
32,38
13,88
13,65
4,86
..
1,09
25-39 anos
4,31
23,38
5,75
8,88
7,01
1,68
2,67
Região Nordeste (%) – Mulher
Região Sudeste (%) – Homem
Região Sudeste (%) – Mulher
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, em cada localização do domicílio e
sexo. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram
omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado
numérico.
(1) Inclusive sem declaração de idade de saída da escola.
Quanto à entrada na força de trabalho, o Quadro 8 indica que mais de 75% já o
fizeram, sendo que esta entrada é mais evidente entre os filhos. Esta característica caminha
em situação inversa à encontrada na saída da escola, porém produzindo efeitos semelhantes:
mulheres estudam mais tempo e entram na força de trabalho em menor proporção, enquanto
que homens estudam menos tempo e acessam a força de trabalho em maior proporção.
Em relação à idade de início do primeiro trabalho daqueles que já tinham trabalhado,
podemos concluir que os filhos adultos, tanto do Nordeste quanto do Sudeste, acessam o
mercado de trabalho com maior intensidade até a idade de 15 anos (em torno de 70% do
total), seguida das idades entre 16 e 19 anos (em torno de 25% do total); que as filhas
nordestinas seguem o mesmo padrão dos filhos; além de que, as filhas do Sudeste apresentam
padrão diferenciado, com a maioria acessando o mercado de trabalho com idades entre 16 e
19 anos, seguido das idades até 15 anos. Por faixa etária, os mesmos padrões são encontrados.
19
Quadro 8
Distribuição percentual dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade,
idade de início do primeiro trabalho,localização do domicílio, sexo e grupos de idade
Região Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Já tinham
Idade de início do primeiro trabalho
trabalhado
Localização do domicílio, sexo e
Nunca
Até 15
De 16 a
De 20 a
De 25 a
(1)
grupos de idade
trabalharam
anos
19 anos
24 anos
59 anos
Região Nordeste – Homem (%)
13,74
86,26
62,75
16,95
6,29
0,27
18-24 anos
10,86
52,68
39,09
9,93
3,65
..
25-39 anos
2,55
29,48
20,29
6,36
2,59
0,24
23,98
76,02
41,40
17,54
13,98
3,09
18-24 anos
17,08
38,61
24,56
8,58
5,47
..
25-39 anos
5,98
31,04
13,26
8,37
7,24
2,18
10,71
89,29
58,03
25,48
5,19
0,59
18-24 anos
9,90
51,04
32,36
17,20
1,48
..
25-39 anos
0,40
29,84
18,90
7,65
2,89
0,41
19,26
80,74
32,74
36,01
10,20
1,79
18-24 anos
14,14
46,23
18,29
22,22
5,72
..
25-39 anos
3,91
26,45
10,88
10,81
3,46
1,29
Região Nordeste – Mulher (%)
Região Sudeste – Homem (%)
Região Sudeste – Mulher (%)
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, em cada localização do domicílio e
sexo. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram
omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado
numérico.
(1) Inclusive sem declaração de idade de início do primeiro trabalho.
Quanto ao contingente de filhas adultas que estavam casadas e residindo na casa dos
pais, observa-se no Quadro 9, para o total das duas regiões, que é pequena a percentagem
(menos de 5%) de filhas adultas que residem com os pais e que vivem com o cônjuge, sob o
mesmo teto. Quando isto acontece, a idade de entrada na primeira união se dá, embora com
valores pequenos, mais intensamente às idades de 16 a 19 anos, de 20 a 24 anos e de 25 a 29
anos, no Nordeste e às idades de 16 a 19 anos, de 25 a 29 anos e de 20 a 24 anos, no Sudeste.
Quadro 9
Distribuição percentual das filhas adultas de 18 a 49 anos de idade,
idade da filha ao entrar na primeira união, localização do domicílio e grupos de idade
Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Não
Vivem
Idade da filha ao entrar na primeira união
vivem
com
Localização do domicílio
Até 15
De 16 a
De 20 a
De 25 a
De 30 a
com
cônjuge
e grupos de idade da filha
anos
19 anos
24 anos
29 anos
49 anos
cônjuge
(1)
Região Nordeste (%)
95,08
4,92
0,23
2,50
1,33
0,77
0,09
18-24 anos
54,51
2,40
0,05
1,56
0,79
..
..
25-39 anos
34,95
2,41
0,17
0,94
0,54
0,71
0,05
95,33
4,67
0,60
1,37
1,07
1,21
-
18-24 anos
60,39
1,20
-
1,20
-
..
..
25-39 anos
28,64
2,49
0,60
0,16
0,88
0,84
-
Região Sudeste (%)
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhas mulheres adultas de 18 a 49 anos de idade, em cada localização do
domicílio. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes
foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinais convencionais utilizados: - Dado
numérico igual a zero, não resultante de arredondamento. .. Não se aplica dado numérico.
(1) Inclusive sem declaração da idade ao entrar na primeira união.
20
Quanto à entrada na maternidade, no Quadro 10, verifica-se que a proporção de filhas
adultas que já tiveram filho nascido vivo e continuam residindo com os pais é pouco
expressivo. Porém, quando este evento ocorre, ele é mais expressivo nas filhas adultas de 25 a
39 anos de idade, tanto no Nordeste quanto no Sudeste.
Confirmando achados de pesquisas prévias relatadas nos capítulos anteriores e da
análise dos dados das mulheres adultas brasileiras relativos à seqüência dos eventos entrada
na primeira união e na maternidade, o Quadro 10 mostra, em comparação com o Quadro 9,
que filhas adultas que já tiveram o primeiro filho nascido vivo realizam este evento em idades
superiores à idade de entrada na primeira união. Enquanto no Quadro 9 os maiores
percentuais de entrada em primeira união ocorrem nas idades entre 16 e 19 anos e entre 20 e
24 anos, inversamente no Quadro 10, os maiores percentuais de entrada na maternidade
ocorrem nos grupos de 20 a 24 anos e de 16 a 19 anos.
Quadro 10
Distribuição percentual das filhas adultas de 18 a 49 anos de idade,
idade ao ter o primeiro filho nascido vivo, localização do domicílio e grupos de idade
Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997
Não
Idade da filha ao ter o primeiro filho nascido vivo
tiveram
Localização do domicílio e
Tiveram
Até 15
De 16 a
De 20 a
De 25 a
De 30 a
filhos
grupos de idade da filha
filhos (1)
anos
19 anos
24 anos
29 anos
49 anos
Região Nordeste (%)
78,70
21,30
0,98
7,77
8,34
3,00
0,88
18-24 anos
49,02
7,90
0,80
4,73
2,36
..
..
25-39 anos
25,71
11,65
0,08
3,04
5,09
2,57
0,82
Região Sudeste (%)
75,50
24,50
1,37
7,73
8,66
5,00
0,37
18-24 anos
53,85
7,75
0,75
4,84
2,17
..
..
25-39 anos
19,18
11,95
0,62
2,54
4,61
3,60
-
Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997.
Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhas mulheres adultas de 18 a 49 anos de idade, em cada localização do
domicílio. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes
foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinais convencionais utilizados: - Dado
numérico igual a zero, não resultante de arredondamento. .. Não se aplica dado numérico.
(1) Inclusive sem declaração da idade ao ter o primeiro filho.
4 – Considerações finais
Na análise do processo de transição para a vida adulta, através da revisão
bibliográfica, pudemos observar que as transições no âmbito da família são decisivas e
fundamentais na adoção de papéis de adulto, tanto de filhos quanto de filhas, pois, entre
outros aspectos, elas refletem a maneira como adquirem independência em relação aos pais.
Observamos, também, que a transição da juventude para a idade adulta vem sendo
associada, na totalidade ou em parte, aos cinco eventos tradicionais que ocorrem ao longo da
vida dos indivíduos e é influenciada por fatores culturais, sociais, econômicos e demográficos
atuantes na sociedade e na família. Porém, durante as últimas décadas, novas modalidades de
transições originaram mudanças estruturais e biográficas, responsáveis pela troca no padrão
das transições dos jovens adultos, fazendo com que elas passem de um padrão linear, como
visto na transição convencional, para um padrão de incertezas, que apresenta possibilidades
de reversão, onde os jovens entram e saem de qualquer evento, por diversas vezes.
Historicamente a literatura mostrou que os trabalhos sobre transição para a vida adulta,
em princípio, somente se preocupavam em medir a intensidade e a data de ocorrência dos
21
eventos, posteriormente, aspectos individuais e familiares que aceleram ou atrasam a
ocorrência dos eventos de transição, passaram a ter maior atenção. Outro fato é que, ao longo
do tempo, o padrão dos eventos de transição, como visto por Modell et al. (1976), passou de,
basicamente, masculino para um padrão, atualmente, semelhante por sexo.
Todos os cinco eventos tradicionais, sob o ponto de vista individual, estão interrelacionados: a ocorrência de um pode acelerar ou atrasar o outro e, atualmente, os jovens
podem planejar e organizar suas vidas substituindo biografias padronizadas por biografias
escolhidas. Paralelamente, do ponto de vista coletivo, o papel da família tem importância
decisiva na execução das transições de seus membros jovens para a vida adulta, importando
ressaltar que as mudanças sociais e a dinâmica econômica afetam diretamente as decisões
tomadas pelos jovens adultos, durante o período de transição. Tais mudanças, ao longo do
tempo, reorganizaram os cursos de vida dos jovens adultos, fazendo com que a transição para
a vida adulta se tornasse um processo diferente do que era no passado.
A bibliografia sustenta que algumas características, envolvidas no processo de
transição para a vida adulta, podem ser destacadas. Por exemplo, a idade à qual os
componentes de cada nova geração finalizam seus estudos tem se elevado consideravelmente,
visando maiores conhecimentos e especialização para enfrentar a atual competitividade do
mercado de trabalho. Freqüentar escola, principalmente em tempo integral, gera maior
dependência e faz com que os filhos permaneçam por mais longo tempo na casa dos pais.
Outro aspecto relevante é o trabalho remunerado pela sua importância para a saída da
casa paterna, pois provê maior independência econômica. De modo geral, pessoas jovens com
emprego e salários altos têm maior probabilidade de serem residencialmente independentes,
do que as demais. Porém, em diversos países industrializados, a obtenção de um primeiro
emprego tem sido afetada pela deterioração geral da posição dos jovens no mercado de
trabalho nas últimas décadas, principalmente, no que diz respeito ao desemprego, aos
contratos de curta duração, aos baixos salários e às situações de risco e de precariedade que se
concentram de forma desproporcional, entre homens e mulheres mais jovens.
Notório é que, o desemprego tem sido apontado como uma das principais causas do
aumento da idade de saída dos filhos da casa paterna e a segurança de um trabalho estável,
bem como, a necessidade de uma renda razoável são exigências e condições indispensáveis
para que a maioria dos jovens deixe a casa dos pais. Portanto, observa-se que o período das
transições saída da escola e entrada na força de trabalho, e vice-versa, é crucial para os jovens
e o apoio do domicílio paterno se faz necessário. Em contrapartida, o fato dos jovens
dedicarem um período prolongado de suas vidas a um melhor nível educacional concorre para
uma entrada no mercado de trabalho, com maior preparo.
Considerando os países investigados na bibliografia analisada, podemos destacar
alguns fatos que foram observados: 1) o processo de transição para a vida adulta mostra
diferenças entre homens e mulheres; 2) a idade de saída dos filhos da casa paterna vem
acontecendo cada vez mais tarde, desde os anos 60/70, e decorre, em parte, de
comportamentos novos e diferentes nas atividades dos filhos de 20 a 24 anos de idade, que
ainda estão morando com os pais; 3) o envelhecimento populacional tem provocado aumento
da permanência dos filhos na casa dos pais; 4) filhos residentes em domicílios com situações
sócio-econômicas mais favoráveis saem de casa mais tarde; 6) mulheres jovens deixam a casa
paterna mais cedo do que os homens jovens; 7) jovens rurais saem da escola e começam a
trabalhar mais cedo do que os residentes na área urbana; 8) mulheres tornam-se cônjuges em
idades mais precoces que os homens, principalmente, em áreas rurais; 9) mulheres rurais têm
22
filhos mais cedo do que as mulheres urbanas; 10) o modelo tradicional de matrimônio, onde a
passagem de uma família para outra sem qualquer passo intermediário, ainda é uma condição
popular em muitos países, principalmente, naqueles com laços familiares fortes; 11) embora a
maioria dos jovens espere se casar, há uma proporção significativa que prefere a coabitação, e
com isto, esta prática deixou de ser pouco freqüente como nos anos sessenta, para ser uma
experiência comum; 12) nas últimas décadas, a maior parte dos casamentos são precedidos de
coabitação; 13) de modo geral, as decisões ligadas ao matrimônio e à procriação são bastante
distintas, porém, intimamente relacionadas e, nas últimas décadas, o adiamento da formação
de união e casamento tem conduzido ao adiamento do nascimento do primeiro filho; 14)
mulheres com maior nível educacional têm o primeiro filho numa idade posterior às mulheres
com menor nível; 15) a dissociação do exercício da sexualidade do ingresso na vida conjugal
tem sido cada vez mais comum na sociedade moderna; 16) em síntese, as fases que envolvem
o processo de transição da juventude para a vida adulta – convencionadas por Modell et al.
(1976) – continuam sendo marcadas pelos mesmos eventos e a sua seqüência continua,
praticamente, a mesma. De modo geral, entre os homens a transição é delimitada por eventos
ligados ao mercado de trabalho e entre as mulheres a vida adulta ainda é marcada pelo
casamento e pela maternidade.
No decorrer da análise dos eventos de transição para a vida adulta no Brasil, através
dos dados disponíveis da Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996/1997, chegou-se a algumas
conclusões: 1) em torno de dois terços do total de filhos adultos das regiões Nordeste e
Sudeste, não estavam freqüentando escola, sendo que, de modo geral, filhos adultos de 18 a
24 anos permanecem mais tempo na escola que os de 25 a 39 anos; 2) comparativamente, na
região Sudeste os percentuais de saída da escola são superiores aos do Nordeste e homens
metropolitanos apresentam percentuais menores de saída da escola, enquanto que, entre os
não metropolitanos são as mulheres que apresentam os menores percentuais. Quanto à idade
mediana, filhas saem da escola em idades superiores a dos filhos, com diferença de 1 ano nas
áreas não metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, de 2 anos na área metropolitana do
Nordeste e de 4 anos na área não metropolitana do Sudeste; 3) em relação aos filhos que já
haviam trabalhado alguma vez, observa-se que a maioria dos que permanecem residindo com
os pais, já ingressou no mercado de trabalho. Em razão de grande parte dos filhos adultos de
18 a 24 anos ainda estar estudando, a entrada na força de trabalho se dá, nesta faixa de idade,
em menor escala do que nas idades superiores. Em geral, filhas adultas apresentam menores
percentuais que os filhos homens, sendo, estes, bem menores no grupo de 18 a 24 anos de
idade, corroborando o fato de que mulheres entram com menor intensidade na força de
trabalho; 4) quanto à idade mediana de entrada na força de trabalho, filhas entram em idades
superiores às dos filhos, com uma amplitude de 2 anos nas áreas metropolitanas e de 4 anos
em áreas não metropolitanas. Outro fato verificado é que filhos adultos entram na força de
trabalho, muitas vezes, em idades medianas precoces (de 9 a 14 anos no primeiro quartil, de
12 a 17 anos na idade mediana e de 15 a 19 anos no terceiro quartil da distribuição); 5) é
pouco expressiva a proporção de filhos adultos que residem na casa dos pais em companhia
de cônjuge, sendo que os percentuais de filhos homens nesta condição superam o das filhas e,
por idade, filhos adultos de 18 a 24 anos o fazem em menor quantidade que os com idades
superiores; 6) quanto à idade mediana de entrada em primeira união, filhos homens realizam
este evento em idades mais avançadas do que filhas: 3 anos a mais na área metropolitana do
Sudeste, 6 anos a mais na área metropolitana do Nordeste, 8 anos na área não-metropolitana
do Nordeste e 9 anos na área não-metropolitana do Sudeste, sendo que os residentes em áreas
não-metropolitanas apresentam idade de entrada em primeira união superior a dos
metropolitanos, atingindo, no Sudeste, 32 anos (filhos) e 29 anos (filhas); 7) o contingente de
filhas adultas que residem na casa paterna e que já tinham tido filho nascido vivo é bem
23
superior ao daquelas que vivem em companhia de cônjuge. Este fato, que se apresenta mais
intenso entre as filhas de 25 anos e mais de idade, retrata duas realidades verificadas no
mundo de hoje: o aumento da maternidade solteira entre as filhas mais novas e o retorno à
casa dos pais após uniões desfeitas, entre as filhas com idades mais elevadas; 8) em relação à
idade mediana de entrada na maternidade, filhas adultas nordestinas realizam este evento com
20 anos, enquanto que, no Sudeste, as metropolitanas com 20 anos e as não metropolitanas
com 22 anos. Já a realização de ter filho em idades mais elevadas se dá no Nordeste com
diferença de 1 ano entre metropolitanas e não-metropolitanas (24 e 23 anos, respectivamente)
e no Sudeste com diferença de 5 anos (29 e 23 anos, respectivamente).
Finalmente, cabe ressaltar que, ao investigarmos, ao longo deste trabalho, os filhos
adultos brasileiros que moram com os pais, novas demandas foram surgindo e, com isso, a
necessidade de outros estudos que possibilitassem um maior entendimento e aprofundamento
deste fenômeno. Portanto, torna-se de suma importância a realização de pesquisas
quantitativas e qualitativas, que, por meio de questionários e entrevistas, investiguem o
comportamento destes filhos, diante dos diversos aspectos sócio-demográficos ligados à vida
familiar e à comunidade a que pertencem.
Neste sentido, pautado na realidade internacional, que se caracteriza pela abundância
de pesquisas específicas sobre a transição para a vida adulta e, principalmente, pela quase
inexistência destas pesquisas no Brasil, surge como sendo de extrema urgência o
estabelecimento de novos inquéritos específicos que investiguem os eventos ligados à
transição para a vida adulta, assim como, suas respectivas idades de ocorrência, ou, então, a
inclusão de quesitos relativos a estes eventos em pesquisas já existentes no país.
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