Clipping Nacional
de
Educação
Quinta-feira, 22 de Janeiro de 2015
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Valor Econômico
22/01/15
POLÍTICA
Cid Gomes articula
frente partidária
Por Raquel Ulhôa e Murillo
Camarotto
O ministro da Educação Cid
Gomes mantém a intenção de
formar um novo partido - ou uma
nova frente partidária - em
consequência da aglutinação de
siglas da base aliada do governo
consideradas de esquerda.
"A tese que defendo é que a
presidente Dilma Rousseff precisa
de uma sustentação mais
equilibrada para seu governo",
afirma Cid a interlocutores. Ele
ainda nega a intenção de deixar o
Pros.
O ministro da Educação diz não
ter conversado com Dilma sobre
a articulação. O único encontro
que teve para tratar do assunto foi
com o ex-ministro de Dilma e
senador eleito Fernando Bezerra
(PSB), que tem defendido o retorno
de sua sigla à base governista.
Cid estimula a articulação de
Bezerra para tirar o PSB da
alegada "independência" em
relação ao governo Dilma. "Voltar
para a base é o correto. A história
do PSB não é essa", argumenta, nas
conversas com aliados.
Seu raciocínio é que o governo
hoje está sustentado em "duas
pernas" - PT e PMDB -, cujas
bancadas são relativamente
equilibradas no Congresso, e
precisa de outras duas forças de
sustentação: uma mais à esquerda
e outra de centro.
Cid argumenta que "uma mesa
não se sustenta sobre duas pernas",
até porque o PMDB, na sua
opinião, é um aliado que não
oferece muita segurança. Mesmo
assim, ressalva que a articulação
"não é nada contra o PMDB".
Contudo, se porventura o PMDB
vier a falhar, três pernas podem
sustentar uma mesa.
O ministro Gilberto Kassab
(Cidades), do PSD, que articula a
refundação do PL, já cumpre o
papel de terceira "perna". Ou seja,
o PSD ou o partido que sucedê-lo
seria a força de centro, na opinião
de Cid Gomes.
Portanto, Cid se vê na tarefa de
estimular o agrupamento de siglas
menores da base de Dilma que
estão pulverizadas - e, por isso
mesmo, frágeis - e são
consideradas mais de esquerda,
como PDT e PCdoB. E atrair para
o novo partido ou frente
descontentes do PSB, PV, do PPS
e até do PMDB e do PSDB.
"O ideal seria a formação de um
grande partido, mas, se isso não
for possível, de uma frente. Se
também não for possível, pelo
menos a formação de um bloco
parlamentar. E, se ainda não der,
pelo menos que o grupo se reúna
na véspera das votações para
conversar", diz Cid sobre a
estratégia.
A decisão de não deixar o Pros,
segundo ele, está tomada.
Considera "cruel" sua vida
partidária "pregressa", tendo sido
do PMDB, PSDB, PPS e PSB,
antes do Pros. Quase sempre
seguindo o irmão, Ciro Gomes.
Valor Econômico
22/01/15
EMPRESAS
Escolas vão à Justiça
contra regras do Fies
Por Thiago Resende
A pressão de empresas do setor
de educação contra as mudanças
no Fundo de Financiamento
Estudantil (Fies) passou agora a
ser uma disputa judicial. A
Federação Nacional das Escolas
Particulares (Fenep) entrou com
uma ação questionando a
legalidades das alterações de
normas do programa feitas pelo
governo federal em portarias
publicadas nos últimos dias de
2014.
"Não acreditamos em uma
solução política para isso.
Portanto, buscamos uma saída
jurídica", disse a presidente da
entidade, Amábile Pácios, ao
Valor PRO, serviço de
informações em tempo real do
Valor. O processo está tramitando
na 8ª Vara da Justiça Federal do
Distrito Federal. "O Ministério da
Educação (MEC) não foi
notificado" sobre o caso, se
limitou a comentar a pasta.
No mandado de segurança
apresentado pela Fenep, a
entidade se opõe à nota de corte
para o acesso ao Fies. Uma das
medidas incorporadas nas
portarias é que apenas alunos que
obtiverem 450 pontos no Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem)
poderão entrar no programa.
"Quem usa o Fies é estudante
de escola pública, que geralmente
apresenta qualidade de ensino
mais baixa. O governo, assim,
penaliza duas vezes esse aluno,
pois também dificulta o acesso ao
financiamento", avaliou Amábile.
Além disso, questiona alteração
no método do governo para pagar
às universidades as mensalidades
dos estudantes beneficiados pelo
Fies. Agora, a cada ano, as
instituições vão receber o valor
correspondente a oito meses e os
outros quatro meses ficarão para
o ano seguinte. "É a lei do calote",
afirmou ela.
Outro argumento da federação
é que as mudanças não poderiam
ser adotadas por meio de portarias.
"Naturalmente a estipulação
desses critérios deveria se
apresentar condizente com os
propósitos e fins visados por essa
política pública, bem como em
consonância com os direitos
fundamentais dos educandos a
serem financiados", de acordo com
o mandado.
Ontem, dez parlamentares se
reuniram com o ministro da
Educação, Cid Gomes, para tratar
das alterações nas regras do Fies.
"Isso é um contrato que as
empresas fizeram com o governo.
Não pode ser interrompido", disse
o deputado federal Gastão Vieira
(PMDB-MA), que participou do
encontro.
Segundo ele, o ministro da
Educação disse que o assunto está
sendo discutido pela secretariaexecutiva da pasta. "Esperamos
que haja um entendimento para
essa questão. A gente está
preocupado", frisou Vieira, que
falou em nome do grupo formado
por parlamentares do PSDB, PTB,
DEM e outros partidos.
Representantes da Associação
Brasileira para o Desenvolvimento
da Educação Superior (Abraes)
também foram ontem até o MEC
para uma reunião com o secretárioexecutivo da pasta, Luiz Cláudio
Costa, mas o encontro não havia
sido encerrado até o fechamento
desta edição. A entidade já se
reuniu há alguns dias com o
secretário para tratar sobre as
mudanças nas regras do
financiamento. Até o começo da
noite de ontem, o MEC negava a
existência de qualquer reunião a
respeito do tema.
Valor Econômico
22/01/15
Ministro estuda mais
rigor para Fies
Por Thiago Resende
O ministro da Educação, Cid Gomes,
defendeu ontem a elevação da nota de
corte para que os alunos tenham acesso
ao financiamento estudantil (Fies) e disse
que estuda aumentar as exigências para
as universidades participantes.
"Vou pensar para frente e em
qualidade. Se estão com medo, vão ficar
com medo mais ainda", disse, referindose às instituições que pedem a revisão
da nota de corte. "É pouco essa exigência
de patamar 450 [pontos no Enem para
acessar o Fies] e vou defender mais
rigor. Em vez de rigor no aluno, posso
exigir rigor no curso. Só vou aceitar
financiar matrícula nos cursos bons, com
conceito excelente."
EMPRESAS
O GLOBO
22/01/15
PANORAMA POLÍTICO
A fonte secou
A bancada da Educação se reuniu com
o ministro Cid Gomes (Educação). Os
12 deputados pediram, ontem, uma
solução para o problema do setor
privado. Universidades particulares
reclamam que, com a mudança nas regras
do Fies, menos alunos serão beneficiados
pelo programa, e elas podem ter de
fechar as portas.
O GLOBO
22/01/15
O PAÍS
Cresce número de menores
em restrição de liberdade
Dados mais recentes mostram
que eram 20 .532 em 2012; em
2008, eram 16.868
ANDRÉ DE SOUZA
BRASÍLIA- A quantidade de
adolescentes que sofrem algum
tipo de restrição de liberda devem
aumentando ano após ano. Eram
16.868 em 2008, número que
chegou a 20.532 em 2012, um
crescimento de 21,7%. Os
números são da edição do
"Levantamento Anual dos/as
Adolescentes em Cumprimento de
Medida Socioeducativa" ,
realizado pela Secretar ia de
Direitos Humanos (SDH) da
Presidência. O relatório foi
concluído em setembro do ano
passado com dados de 2012 e
mostra ainda que 30 adolescentes
morreram
em
unidades
socioeducativas, a maioria devido
a brigas.
queda no número de adolescentes
em situação de restrição de
liberdade, entre eles Rio de
Janeiro. Foi no Rio Grande do
Norte a queda mais significativa:
53,9%. Nos outros estados, houve
oin verso, com destaque para
Alagoas: aumento de 588,75%.
Considerado-se só o período entre
2011 e 2012, o número diminuiu
em 12 unidades da Federação com
destaque novamente para o Rio
Grande do Norte: queda de
44,88%. O maior aumento, de
124,9%, também foi em Alagoas.
Apesar do aumento, o relatório fez
uma leitura positiva dos números.
Isso porque o ritmo de crescimento
diminuiu. A quantidade de
adolescentes nessa situação subiu
4,78% entre 2011 e 2012. O
aumento, considerado pequeno
pela SDH, é menor que o
observado entre 2010 e 2011:
10,7%.
EM 2012, 30 MORTES
O crescimento não foi uniforme
em todo o país. Entre 2008 e 2012,
13 unidades da Federação tiveram
O levantamento constatou que
30 adolescentes em privação de
liberdade morreram em 2012.
Foram 11 mortes por conflitos
interpessoais e nove por conflitos
generalizados. Houve cinco
suicídios, duas mortes súbitas, uma
execução em área externa, um
óbito em decorrência de fuga, e
uma morte para a qual não há
informação. Sete mortes foram em
Pernambuco. São Paulo teve cinco
óbitos, seguido por Distrito
Federal (quatro), Goiás três,
Minas, Paraná e Tocantins(dois
cada) e Rio de Janeiro, Santa
Catarina, Ceará, Paraíba e Espírito
Santo (uma cada). São Paulo
continua sendo o estado onde há
mais adolescentes em situação de
restrição de liberdade, tanto em
números absolutos como
proporcionalmente. Em 2012,
eram 8.497, ou 0,37% da
população entre 12 e 21 anos,
contra 0,1% da média nacional. Em
2012, os crimes mais comuns
cometidos pelos adolescentes f
oram roubo (38,7%), tráfico de
drogas (27,05%) e homicídio
(9,03%).
O GLOBO
22/01/15
SOCIEDADE
Da escola pública ao sonho
da universidade federal
LAURO NETO lauro. neto@
oglobo.com. br
Estudantes da Baixada tiram
nota mil na redação e agora vivem
a expectativa de uma boa
classificação no Sisu
Larissa Moraes e Lohraine
Souza não se conheciam até esta
reportagem. Mas as duas têm uma
história em comum. Com 18 anos,
ambas moram em Duque de
Caxias, na Baixada Fluminense,
estudaram na rede pública de
ensino, fizeram o cursinho PréVestibular Social do Cederj (
PVS) por dois anos e tiraram nota
mil na redação do Enem 2014.
Agora, querem realizar um mesmo
sonho: cursar uma universidade
federal. Larissa optou por Direito;
Lohraine, por Letras.
Realização. Lohraine (à
esquerda) quer cursar Letras; e
Larissa, Direito
Atentas diariamente ao Sisu —
que já tem mais de 2,2 milhões de
inscritos —, elas vivem a
expectativa de se classificar para
o primeiro semestre. Até ontem,
Larissa estava na quarta colocação
de 21 vagas na UFRJ para cotistas
de baixa renda formados na rede
pública, depois de no primeiro dia
ocupar o segundo lugar. Por isso,
ela trocou sua segunda opção da
UFF para a UFRRJ:
— A minha nota está acima da
de corte, mas sempre existe o
medo de não passar, por causa da
concorrência. Também aguardo o
resultado da Uerj. Tirei conceito
A na primeira fase, mas não fui tão
bem na segunda.
Já Lohraine trocou o turno da
manhã pelo da noite, quando caiu
da terceira para 15ª posição em 30
vagas reservadas para pretos,
pardos e índios de baixa renda na
habilitação Português/Espanhol,
também na UFRJ:
— Estou confiante, mas, como
pode haver alguma surpresa, achei
melhor trocar para o turno da noite
(que é menos concorrido). Além do
Sisu, fui aprovada em Turismo no
Cefet-RJ.
Quando souberam da nota
máxima na redação, as duas
tiveram reações bem parecidas.
— Fiquei tremendo e chorei de
alegria, pois não esperava receber
essa nota. Percebi que, quanto mais
árdua é a trajetória, maior é a
felicidade de conseguir o objetivo.
Na hora, lembrei de tudo que
passei e vi que o esforço valeu a
pena — conta Larissa.
Lohraine soube da nota mil em
redação em Buenos Aires:
— Fiquei tremendo e chorando
por muito tempo. Demorou um
pouco para a ficha cair.
FOLHA DE SÃO PAULO
22/01/15
EDITORIAL
Ensino público e justo
Não faltam estudos a mostrar que a posse de um
diploma superior propicia significativo acréscimo de
renda ao longo da vida. Alguém que curse uma
universidade pública e gratuita, desse modo, obterá
amplo benefício pessoal do investimento que todos
os contribuintes fizeram na sua formação.
deficiências. A mais saliente é que não se concebe a
adoção dessa prática por uma única universidade. A
consequência provável seria uma diminuição relativa
na demanda por suas vagas, pois acarretaria ao
candidato bem-sucedido um ônus inexistente em outras
instituições.
Claro está que a coletividade tem interesse na
preparação de especialistas, como médicos e
engenheiros. Não parece descabido, apesar disso,
defender que os beneficiários ofereçam à sociedade,
além de bons serviços profissionais, alguma
compensação para retribuir recursos neles aplicados.
Isolada, a USP também enfrentaria dificuldade para
montar um sistema de alocação eficiente, capaz de
encaminhar os formandos a postos de trabalho. Isso
só parece exequível com a participação de todas as
faculdades públicas num sistema nacional ou estadual
de colocação. Ademais, há dúvidas sobre a
constitucionalidade de tornar obrigatório esse serviço
social.
Pouco se discute o assunto no Brasil, porém,
porque a gratuidade das universidades públicas se
tornou um tabu. Age bem, assim, o reitor da USP,
Marco Antonio Zago, ao reviver a questão da
equidade com a sugestão de que egressos da academia
paulista prestem um serviço social em contrapartida
pelo privilégio de nela estudar.
Um médico recém-formado, por exemplo, poderia
trabalhar por certo período no SUS; um engenheiro,
engajar-se em projetos de habitação popular. A ideia
embrionária foi apresentada por Zago no Conselho
Universitário da USP.
A discussão da proposta certamente apontará suas
Se a noção do ressarcimento vier a prosperar como
deveria, por seu conteúdo de justiça, seria preciso
agregar ao debate outras formas de efetivá-lo. Cobrar
mensalidades de quem puder pagar seria a mais óbvia
--desde que acompanhada de um programa de bolsas
ou financiamento subsidiado--, mas conta hoje com
renhida oposição.
Outro mecanismo é a cobrança de pequena alíquota
adicional no Imposto de Renda dos diplomados, que
garantiria um fluxo contínuo de verbas para as
combalidas universidades públicas. A USP, por seu
tamanho e excelência, teria muito a ganhar com isso.
FOLHA DE SÃO PAULO
22/01/15
TENDÊNCIAS & DEBATES
Vergonha nacional
ARNALDO NISKIER
Quando em um universo de 6
milhões de alunos só 250 tiveram
nota máxima na redação,
precisamos exigir do Estado
providências urgentes
Estamos vivendo em nosso país
tempos sombrios em matéria de
qualidade
do
ensino,
especialmente se considerarmos a
educação pública. Os resultados
do Enem são catastróficos. Houve
uma queda de 7,3% no
desempenho
médio
em
matemática. Na redação foi pior
ainda: 9,7%. Vamos caminhando
para o fundo do poço.
Dos 5,9 milhões de candidatos,
529 mil tiraram nota zero na
redação sobre publicidade
infantil. Ou seja, são estudantes
que concluíram o ensino médio,
sabe-se lá Deus como, mas
padecem dos males do
analfabetismo funcional. São
incapazes de raciocínios
elementares. O que esperar dessa
geração?
Quando em um universo de
quase 6 milhões de alunos só 250
tiraram a nota máxima (mil) na
indispensável redação, pode-se
inferir que estamos diante de uma
fase caótica, a exigir providências
que não podem mais tardar. Só o
discurso bonito não produz efeitos
práticos.
O argumento de que houve um
suave aumento nas notas em
ciências humanas, ciências da
natureza e linguagens não
convence. Na média, de um ano
para o outro, houve uma
diminuição de 1% na nota geral. É
com esse quadro que vamos
oferecer competentes recursos
humanos para ampliar o
atendimento ao ensino superior?
Todos dizem que poderíamos estar
com 10 milhões de universitários
(temos 7 milhões), mas de que vale
crescer o número com pessoas
literalmente incompetentes?
A análise do fenômeno da
redação
enseja
curiosas
observações. Metade dos que
tiraram zero receberam essa nota
porque houve fuga do tema. Ou
seja, embromação. Cerca de 13
mil copiaram o texto motivador e
ainda houve 955 que ofenderam
direitos humanos. Não se pode
culpar a escolha do tema pelo
resultado, pois se os alunos
tivessem sido bem preparados
com uma boa base de leitura, isso
não teria ocorrido.
Em uma conversa de horas com
o ex-ministro da Fazenda Ernane
Galvêas, um profundo conhecedor
do nosso vernáculo, ouvimos
também críticas ao enunciado das
questões. Foi taxativo: "Nem eu,
com a minha experiência, seria
capaz de responder a todas as
perguntas sobre língua portuguesa.
Fiquei abismado com a falta de
objetividade. Aliás, fiquei
abismado também com a mania da
pegadinha, que empolgou os
examinadores".
Como se vê, há problemas em
todas as frentes. A educação básica
cresceu em números, é certo, mas
não corresponde às expectativas no
que tange à qualidade. Enquanto se
discute o sexo dos anjos, os
resultados concretos estão aí,
diante de todos, mostrando que há
um longo caminho a ser percorrido.
O curioso é que, em todo esse
processo, pouco se fala na
22/01/15
formação e no aperfeiçoamento
dos professores. Temos quase 3
milhões deles no Brasil inteiro,
mas é sabido que a qualidade do
que se ministra nos cursos de
magistério deixa muito a desejar.
Para acabar com essa vergonha, só
uma ampla reforma.
ARNALDO NISKIER, 79,
doutor em educação, é membro da
Academia Brasileira de Letras e
presidente do CIEE (Centro de
Integração Empresa-Escola) no
Rio de Janeiro
FOLHA DE SÃO PAULO
22/01/15
COTIDIANO
USP
Reitor pede que diretores
reabram casos de abuso
DE SÃO PAULO - O reitor da
USP, Marco Antonio Zago, pediu
que os diretores das faculdades da
USP reabram sindicâncias de
casos antigos de estupro na
instituição --o tema veio à tona
após denúncias de abuso sexual no
curso de medicina.
O pedido foi feito nesta quarta
(21) em CPI da Assembleia
Legislativa que investiga casos de
violações de direitos humanos na
USP. Deputados questionaram a
credibilidade das sindicâncias.
Foi citado o caso de uma aluna
abusada na Faculdade de Medicina
que afirmou à CPI não ter tido
acesso ao documento com seu
depoimento.
O ESTADO DE S. PAULO 22/01/15
METRÓPOLE
22/01/15
O ESTADO DE S. PAULO 22/01/15
ECONOMIA
Faculdades particulares entram na
Justiça contra novas regras do Fies
22/01/15
CORREIO BRAZILIENSE
22/01/15
BRASIL
EDUCAÇÃO »
Prazo para inscrição no Sisu acaba hoje
» DANIELA GARCIA
Estudantes que fizeram a edição
do Exame Nacional do Ensino
Médio de 2014 podem se
inscrever até as 23h59 de hoje
para se candidatar a uma vaga por
meio do Sistema de Seleção
Unificada (Sisu). A orientação do
Ministério da Educação (MEC) é
que os candidatos não deixem para
fazer o processo no site http://
sisu.mec.gov.br/ no fim do dia. Até
as 14h de ontem, o sistema
registrou 2.247.694 inscritos. Na
Universidade de Brasília (UnB),
medicina é o curso com a maior
nota de corte: 829,25, pontuação
ligeiramente maior que a da última
terça-feira
(826,54).
É
recomendável verificar a
atualização das pontuações
mínimas, divulgadas às 2h de hoje
no site do programa.
A nota de corte é apenas uma
referência, e não assegura a
classificação final no Sisu. Para o
cálculo dela, o sistema considera
a quantidade de vagas disponíveis
e o número de inscritos no dia
anterior.
Como faltam apenas algumas
horas para o fim do prazo de
inscrições, os estudantes precisam
chegar logo a uma decisão em
relação às opções de graduação e
de instituição. Em comparação
com o primeiro balanço parcial, os
15 cursos mais concorridos da
UnB apresentaram variação.
Farmácia (veja quadro), por
exemplo, passou a exigir 15 pontos
a mais. Na terça-feira, a nota de
corte registrada era de 757, 03.
Nesta primeira edição do Sisu
2015, o sistema vai ofertar
205.514 vagas, em 5.631 cursos de
128 instituições. Para a UnB, são
1.982 oportunidades em 84
graduações. Há três opções de
modalidade de ingresso: pelo
sistema de cotas sociais, pela
ampla concorrência ou por outras
ações afirmativas eventualmente
adotadas pela instituição.
A inscrição está restrita ao
estudante que tenha participado do
Enem em 2014. Fica impedido de
se inscrever aquele que tenha
tirado zero na prova de redação.
É necessário informar o número de
inscrição e a senha usados no
Enem de 2014. Mais de 6,2
milhões de estudantes fizeram o
exame nacional no ano passado.
22/01/15
CORREIO BRAZILIENSE
22/01/15
OPINIÃO
A internet é inocente
Dad Squarisi
[email protected]
Mais de meio milhão de zeros
no Enem? A notícia surpreendeu.
Não pela nota. Mas pela
quantidade de reprovados.
Explicações caíram do céu e
saltaram do inferno. Entre elas, a
falta de familiaridade com o tema,
a fuga do tema, a incompreensão
do tema. Muitos responsabilizaram
a internet pela calamidade do
Enem. A rede teria o poder de
deseducar. Quem escrevia deixou
de escrever.
Será? Jornais, revistas, sites,
blogues estão ao alcance de um
toque. Ninguém precisa ir à banca
comprar a informação. Cartas
viraram lembranças de tempos
idos e vividos. Deram vez a
mensagens eletrônicas que vão e
vêm em segundos. O Google
relegou ao esquecimento
enciclopédias que há pouco
enchiam as estantes de orgulho.
Em bom português: mudamos o
suporte, mas continuamos a ler e a
escrever. Em vez de papel, a tela.
Culpar o suporte pelo fracasso da
moçada é baratear o problema. O
buraco é mais embaixo. Lê mal e
escreve mal quem nunca aprendeu
a ler bem e a escrever bem. O
retrato exibido pelo Enem é obra
da escola. Não entender o tema
constitui problema de leitura. Não
conseguir desenvolvê-lo, de
escrita.
Criança é curiosa. Adora
aprender. Estimula-se com
desafios. Enfrenta embates. Mas
… cadê? Encontra salas de aula
do século 19, professores sem
compromisso, material didático
modernoso — sem foco e não raras
vezes com erros grosseiros,
confunde em vez de ensinar. Com
internet ou sem internet, o
resultado não muda. Sem o
domínio das habilidades de leitura
e escrita — fruto de estudo,
disciplina e treino — esperar nota
azul nesse cenário é ignorância,
má-fé ou ingenuidade.
Somos poliglotas na nossa
língua. “Não falamos português”,
ensinou Saramago. “Falamos
línguas em português.” A mãe de
todas elas — a norma culta — abre
o caminho da liberdade. Com
trânsito nas possibilidades do
idioma, torna-se possível escolher.
Gírias,
regionalismos,
estrangeirismos, abreviaturas,
internetês & cia. ilimitada têm vez
no universo da comunicação. Usálos no contexto correto pressupõe
conhecimento — o saber que a
escola sonega aos brasileiros.
CORREIO BRAZILIENSE
22/01/15
OPINIÃO
A ausência da biblioteca escolar
e o meio milhão de zeros no Enem
» MURILO BASTOS DA
CUNHA
Professor da Faculdade de
Ciência
da
Informação,
Universidade de Brasília
Nos últimos dias, uma das
notícias mais comentadas no
Brasil foi o fato de que na prova
de redação do Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) 529.373
estudantes tiraram zero. Dos
6.193.565 estudantes que
prestaram o Enem em 2014, 8,5%
zeraram a prova de redação,
enquanto apenas 250 conseguiram
a nota máxima. Esse meio milhão
de notas zero é um número
chocante e provocou inúmeras
reações na mídia, reclamações dos
professores e dirigentes das
escolas e também do público em
geral.
Nas notícias que li e nos
programas de rádio ou de
televisão que tive a oportunidade
de ouvir ou assistir não vi nenhuma
menção à falta de biblioteca nas
escolas do ensino fundamental e
médio. Aqui, não valeria a pena
especular se esse meio milhão de
zeros não teve como um dos fatos
geradores a ausência da biblioteca
escolar? Será que esse meio
milhão de jovens brasileiros não
foi privado de usar o potencial
informativo dessas bibliotecas?
Será que a falta desse espaço de
leitura e estudo também não
provocou perdas perante os
professores desses jovens?
É sabido que, em nosso país, a
biblioteca não faz parte dos
componentes de uma escola. Em
decorrência disso, em 2010, foi
aprovada a Lei nº 12.244,
dispondo que até 2020 toda escola
deveria ter biblioteca.
Como sabemos, em nosso país
existem leis que pegam e outras que
são letras mortas. Em 2012,
tentando fazer com que a Lei nº
12.244 pegasse, o Instituto
Ecofuturo lançou a campanha “Eu
quero a minha biblioteca”. Dados
dessa importante e cívica
iniciativa mostraram que:
— para a lei ser cumprida no
prazo, 53 bibliotecas deveriam ser
construídas por dia no Brasil;
— O estado com menor
percentual de bibliotecas por
escolas era o Maranhão: apenas
12,6% das escolas tinham
bibliotecas. Já o Rio Grande do
Sul, com 62,4%, era o com maior
percentual.
Dados do Instituto Ecofuturo
mostraram correlação positiva
entre a existência da biblioteca na
escola e a qualidade do
aprendizado por parte dos alunos:
“o impacto chega a ser de 156%
de melhoria no índice de
aprovação escolar e de 46% na
redução da taxa de abandono”.
A triste realidade da falta de
biblioteca é agravada pelo baixo
hábito de leitura. Não estou falando
somente dos alunos que,
atualmente, ficam mais antenados
nas redes sociais acessadas pelos
telefones celulares. Falo também
da formação precária dos
professores que, geralmente, não
são leitores. Assim, muitos mestres
não motivam seus alunos a lerem,
pois eles também não são leitores
regulares.
Além da criação da biblioteca
escolar, é importante se pensar nos
recursos humanos qualificados
para gerir o local. Similar à
educação física, em que não se
pensa em contratar profissional
que não seja graduado, na
biblioteca é básico que se pense
no bibliotecário e no assistente.
Eles são profissionais habilitados
a dinamizarem esse espaço no
ambiente escolar. Na unidade de
ensino que conta com esse serviço
é salutar que se pare com a
ineficaz tradição de deslocar para
o setor professores com algum
problema de saúde, senhoras
grávidas ou mesmo os alérgicos ao
pó do giz. Sem o devido pessoal
qualificado, não poderá cumprir o
importante papel que lhe é
reservado no contexto escolar.
22/01/15
Quer um exemplo da
importância da leitura? Pois bem.
O tema de redação da última prova
do Enem, essa que teve meio
milhão de notas zero, foi
“publicidade infantil em questão
no Brasil”.
A ideia de que as bibliotecas
são componente essencial no
processo educativo é aceita por
todo educador. No entanto, como
vimos anteriormente, é pequeno o
percentual das escolas que têm esse
vital equipamento. Anísio
Teixeira, um dos grandes
educadores brasileiros, no modelo
da Escola Nova, defendeu, a uns
70 anos atrás, a biblioteca como
algo importante na moderna escola.
Será que ainda teremos que esperar
mais 70 anos para a biblioteca ser
integrante da escola brasileira?
A biblioteca escolar pode fazer
com que o novo slogan
governamental — “Brasil, Pátria
Educadora” — seja algo real e
factível. Nosso país precisa de
muita leitura, de bons livros,
impressos ou eletrônicos, de boas
bibliotecas.
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