EFEITO DA COBERTURA COM RESÍDUOS VEGETAIS NA TEMPERATURA
DO SOLO E NO CRESCIMENTO DA SALSA
ÉRICA ALMEIDA EVANGELISTA1 , LUCINEI ANTONIO BALZAN2 JONAS
CARVALHO JUNIOR 2 ,MARCOS PALUDO BASSO2 , ALESSANDRO
FERRONATO3
1
Graduanda de Agronomia, Centro Universitário de Várzea Grande-MT, UNIVAG, [email protected]
do Curso de Agronomia - UNIVAG. Várzea Grande, MT.
Graduandos de Agronomia, Centro Universitário de Várzea Grande-MT, UNIVAG.
3
Engº Agrº, Profº MSc, Meteorologia e Climatologia Agrícola, UNIVAG, Várzea Grande-MT.
2
Apresentado no XV Congresso Brasileiro de Agrometeorologia – 02 a 05 de julho de
2007 – Aracaju – SE
RESUMO: A cobertura morta influencia diretamente a temperatura do solo, bem como
o processo de germinação e emergência das plantas. Sendo assim, este trabalho teve
como objetivo avaliar o desempenho de diferentes resíduos vegetais como a serragem e
a casca de arroz, associado a diferentes espessuras em relação à variação de
temperatura do solo em diferentes profundidades e no crescimento da salsa portuguesa
graúda no Campo Experimental do Centro Universitário de Várzea Grande-MT,
UNIVAG, no período de agosto a dezembro de 2006. As medidas de temperatura
foram feitas com termômetro de infravermelho. O uso da cobertura de arroz com 1cm
de espessura se destacou, promovendo maior ganho de matéria verde e seca.
PALAVRAS-CHAVE: Amplitude térmica, Cobertura Vegetal, Solo.
ABSTRACT: The vegetation cover directly influences the temperature of the ground, as
well as the process of germination and emergency of the plants. So, this study was carried out
to evaluate the performance of different vegetal residues as the sawdust and the rice skin,
associate the different thicknesses in relation the variation of temperature of the ground in
different depths and the growth of the Portuguese parsley in the Experimental Field of
UNIVAG, in the period of august the december of 2006. The measures of temperature had
been made with infra-red ray thermometer. The use of the covering of rice with 1cm of
thickness if detached, promoting bigger profit of green and dry matter
KEYWORDS: Thermal amplitude, Vegetation Cover, Soil
INTRODUÇÃO: O solo constitui-se em um dos principais fatores de produção, seja
pela sua função como suporte para as plantas ou pelo fornecimento de condições
indispensáveis ao seu desenvolvimento, envolvendo água, nutrientes e calor.
Entretanto, a demanda por maiores produtividades tem levado a uma considerável
degradação deste recurso natural, em decorrência do manejo inadequado. A utilização
de resíduos culturais na superfície do solo promove condições favoráveis para a
germinação, emergência e desenvolvimento do sistema radicular das plantas,
controlando o aquecimento e perda de água excessivos, principalmente em regiões
tropicais (SILVA et. al., 2006). A manutenção da umidade faz com que ocorra uma
redução nas oscilações de temperatura no perfil do solo (TORRES et. al., 2006).
OLIVEIRA et al. (2005) verificaram que o solo sem cobertura vegetal apresentou
maiores oscilações de temperatura e umidade quando comparado com solo coberto por
vegetação espontânea e solo com mucuna, e que estas variações tenderam a diminuir
com a profundidade. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de diferentes
resídulos vegetais associado a diferentes espessuras desses materiais em relação a
amplitude térmica em diferentes profundidades, bem como no crescimento da salsa
portuguesa graúda.
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A
y = 1.3552x - 6.3208
2
R = 0.741
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Temperatura da Superfície (ºC)
Temperatura da Superfície (ºC)
MATERIAS E METODOS: O experimento foi desenvolvido no Campo Experimental
do Centro Universitário de Várzea Grande-MT, UNIVAG, no período de agosto a
novembro de 2006. O solo predominante no local é um Argissolo. Utilizou-se como
resíduo vegetal para a cobertura do solo a palha de arroz seca e a serragem com 1 e 2
cm de espessura para ambos. Os resíduos foram espalhados em canteiros preparados
manualmente nas dimensões de 1,0x0,5m. A Salsa Graúda Portuguesa foi semeada nos
canteiros antes da cobertura com os resíduos. Os canteiros foram irrigados diariamente
por sistema de aspersão. Foram instalados nestes canteiros tubos de PVC de 25mm
com 5 e 10cm de profundidade, por onde foram feitas as leituras de temperatura com a
utilização de um termômetro de infravermelho marca Instrutherm, modelo TI-870, bem
como a leitura da temperatura na superfície dos canteiros.As medidas de temperatura
foram realizadas às 7:30h e 14:00h duas ou três vezes por semana, e foram
relacionadas com os valores de temperatura do ar obtidos em uma estação
meteorológica automática da DAVIS, modelo Vantage-Pro, instalada no Campo
Experimental do UNIVAG, com o objetivo de se obter equações de estimativa da
temperatura horária do solo coberto com os respectivos resíduos vegetais e nas
diferentes profundidades (Figuras 1 e 2). Ao final de 51 dias de experimento coletouse 5 plantas de cada tratamento como o objetivo de se determinar a matéria verde pela
pesagem de sua massa fresca em balança analítica, bem como a matéria seca com a
secagem do material vegetal coletado em estufa de circulação forçada a 71ºC/72h, e
posterior pesagem em balança analítica. A descrição dos dados foi feita com a
utilização de gráficos.
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D
y = 1.4114x - 7.8094
2
R = 0.7423
20
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22
24
B
y = 1.179x - 2.3098
2
R = 0.76
Temperatura a 5cm (ºC)
Temperatura a 5cm (ºC)
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Temperatura do Ar (ºC)
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40
Temperatura a 10cm
Temperatura a 10cm (ºC)
y = 1.2664x - 4.498
2
R = 0.7476
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36
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Temperatura do Ar (ºC)
C
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y = 1.3213x - 6.2415
2
R = 0.7428
Temperatura do Ar (ºC)
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28
E
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Temperatura do Ar (ºC)
Temperatura do Ar (ºC)
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20
F
y = 1.2576x - 4.9009
R2 = 0.7455
20
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Temperatura do Ar (ºC)
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20
A
y = 1.3175x - 6.1
y = 1.3175x
- 6.1
2
R2 = 0.7504
R = 0.7504
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Temperatura do Ar (ºC)
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36
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38
Temperatura da Superfície (ºC)
Temperaturada
daSuperfície
Superfície(ºC)
(ºC)
Temperatura
FIGURA 1. Relações entre a temperatura do ar e a temperatura do solo para o resíduo
casca de arroz 1cm de espessura na superfície (A), 5cm de profundidade (B), 10cm de
profundidade (C), casca de arroz 2cm de espessura na superfície (D), 5cm de
profundidade (E) e 10cm de profundidade (F). Várzea Grande-MT, UNIVAG.
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D
y = 1.3473x - 6.6948
2
R = 0.7347
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Temperatura do Ar (ºC)
B
Temperatura a 5cm (ºC)
Temperatura a 5cm (ºC)
Temperatura do Ar (ºC)
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34
32
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y = 1.3885x - 8.4282
2
R = 0.7418
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20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42 44
E
y = 1.3187x - 6.7885
2
R = 0.7194
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C
y = 1.3834x - 8.6948
2
R = 0.7423
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Temperatura do Ar (ºC)
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Temperatura do Ar (ºC)
36
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Temperatura a 10cm (ºC)
Temperatura a 10cm (ºC)
Temperatura do Ar (ºC)
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F
y = 1.1099x - 1.0355
R2 = 0.728
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Temperatura do Ar (ºC)
FIGURA 2. Relações entre a temperatura do ar e a temperatura do solo para o resíduo
serragem 1cm de espessura na superfície (A), 5cm de profundidade (B), 10cm de
profundidade (C), serragem 2cm de espessura na superfície (D), 5cm de profundidade
(E) e 10cm de profundidade (F). Várzea Grande-MT, UNIVAG.
RESULTADO E DISCUSSÕES: Os valores médios de amplitude térmica estão
expressos na Tabela 1. De uma forma geral, observou-se que a casca de arroz e a
serragem com 1cm de espessura e a serragem com 2cm de espessura apresentaram as
menores amplitudes térmicas médias à superfície, e o fato do resíduo de casca de arroz
com 2cm de espessura ter apresentado maior amplitude térmica média durante o
período indica que houve um acúmulo de calor à superfície provavelmente por ter
apresentado maior resistência ao fluxo de calor ás camadas subjacentes. O resíduo de
serragem com 1cm de espessura provavelmente apresentou maior fluxo de calor pelo
perfil do solo do canteiro, pois se observou as maiores amplitudes térmicas médias nas
profundidades de 5 e 10cm. OLIVEIRA et al. (2005) encontraram valores de
temperatura maiores em solo sem cobertura, e menores com cobertura por mucuna e
vegetação espontânea, demonstrando o efeito da atenuação da radiação solar pelos
tratamentos. A variação da temperatura nas diferentes profundidades para os
tratamentos, em um dia representativo do tempo médio do experimento (02/10/2006),
encontra-se na Figura 3.
TABELA 1. Amplitude térmica média em diferentes profundidades em canteiros com
cobertura de resíduo vegetal de casca de arroz e serragem com 1 e 2 cm de espessura.
Várzea Grande-MT, UNIVAG.
Amplitude Térmica (ºC)
Resíduo Vegetal
Superfície
5cm
10cm
Casca de Arroz 1cm
11,9
10,3
11,1
Casca de Arroz 2cm
12,4
11,6
11,1
Serragem 1cm
11,6
12,2
12,2
Serragem 2cm
11,9
11,6
9,7
40
40
38
38
A
36
36
34
Temperatura (ºC)
34
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30
28
32
30
28
26
26
24
24
22
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20
0:00
6:00
12:00
18:00
0:00
20
0:00
6:00
Arroz 1cm
Arroz 2cm
Serragem 1cm
12:00
18:00
Hora do Dia (h)
Hora do dia (h)
Arroz 1cm
Serragem 2cm
Arroz 2cm
Serragem 1cm
Serragem 2cm
40
38
36
C
34
Temperatura (ºC)
Temperatura (ºC)
B
32
30
28
26
24
22
20
0:00
6:00
12:00
18:00
0:00
Hora do Dia (h)
Arroz 1cm
Arroz 2cm
Serragem 1cm
Serragem 2cm
FIGURA 3. Variação da temperatura do solo, com diferentes resíduos vegetais
utilizados como cobertura, na superfície, em 5cm e 10cm de profundidade para o dia
02/10/2006. Várzea Grande-MT, UNIVAG.
Na Figura 3 observa-se que a temperatura do solo durante a noite variou entre os
materiais, mas foi praticamente constante nas diferentes profundidades, no entanto, no
período logo após o meio dia, o resíduo de serragem foi o que proporcionou a menor
variação de temperatura na superfície (A) e a 10cm de profundidade (C), sendo que a
5cm (B) o resíduo de casca de arroz a 1 e 2 cm de espessura foi o que apresentou a
menor amplitude térmica, seguindo a mesma tendência dos resultados médios do
período do experimento. Na Figura 4 observa-se que a quantidade de matéria verde e
conseqüentemente de matéria seca são maiores no tratamento com cobertura a 1 cm
com casca de arroz e com serragem com 2 cm de espessura, e o conteúdo de água
apresentou-se praticamente na mesma faixa de variação para os tratamentos com casca
de arroz a 2cm de espessura e serragem a 1cm de espessura, sendo que nos demais
tratamentos esta variável apresentou em um nível maior e diferente entre si.
0:00
14,0
Matéria verde
Matéria seca
Conteúdo de água
12,0
Massa (g)
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Arroz 1cm
Arroz 2cm
Serragem 1cm
Serragem 2cm
Tratamentos (Coberturas)
Figura 4. Relação entre os tratamentos e a massa verde e seca das plantas semeadas.
CONCLUSÃO: Houve uma explícita diferença numérica nos resultados entre as
espessuras de coberturas utilizadas no experimento, principalmente nos teores de
matéria verde e matéria seca da planta nos diferentes tratamentos, sendo que os
tratamentos com cobertura de arroz com 2cm e serragem a 1cm foram os que se
assemelharam no teor de matéria seca. Entretanto, o que se destacou foi a cobertura
com resíduo de cascas de arroz com 1cm de espessura, devido ao maior ganho de
matéria verde e seca do que os demais tratamentos, característica importante para a
cultura em questão.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:
SILVA, V.R. da; REICHERT, J.M.; REINERT, D.J. Variação da temperatura do solo
em três sitemas de manejo na cultura do feijão. R. Bras. Ci. Solo, v.30, p.391-399,
2006.
TORRES, J.L.R.; FABIAN, A.J.; PEREIRA, M.G.; ANDRIOLI, I. Influência de
plantas de cobertura na temperatura e umidade do solo na rotação milho-soja em
plantio direto. R. Bras. Agrociência, Pelotas, v.12, n.1, p.107-113, 2006.
OLIVEIRA, M.D. de; RUIZ, H.A.; COSTA, L.M. da; SCHAEFER, C.E.G.R.
Flutuações de temperatura e umidade do solo em resposta à cobertura vegetal. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.9, n.4, p.535-539, 2005.
Download

Efeito da cobertura com resíduos vegetais na temperatura