Exército Brasileiro – Atividades físicas e esportivas
RENATO SOUZA PINTO SOEIRO
Brazilian Army – Physical and sporting activities
Since the beginning of the 19th century, the Exército Brasileiro
(Brazilian Army –EB) has been blending physical training with
sports practices not only for military preparation but also for
participation in competitions with civilian institutions. In 1810, the
most practiced sports among the military of EB were fencing,
equestrian and swimming. In the 1910s, the EB military played in
civilian soccer clubs, which competed in military facilities as well.
These facts led to the creation of the “Liga de Sports do Exército”
(League of Sports of the Army), with military and civilians, in 1915.
It organized the Regional Olympic Games of the IOC and of the
YMCA in Rio de Janeiro in 1922. In 1947, the Departamento de
Desportos do Exército (the Department of Sports of the Army –
DDE) replaced the League, and consolidated the association of the
military doctrine – normative in its essence – with the community
spirit, typical of sports organization. Today the EB has 1,247 military
organizations with approximately 200,000 men and women, who
participate in physical and sporting activities almost every day and
who are assessed by means of fitness tests three times a year.
Origens Desde sua criação, o Exército Brasileiro - EB tem
valorizado a prática sistematizada de esportes e exercícios físicos
como preparo militar e sobretudo disciplinar. Uma das primeiras
manifestações esportivas no EB ocorreu na primeira metade de
século XIX motivado pelo interesse demonstrado pelo Imperador
D. Pedro II pela equitação. O Imperador trouxe para o Brasil o
capitão de Cavalaria Luís Jácome, pioneiro na criação de cavalos
e na equitação artística no Brasil. Um de seus discípulos , o
tenente Armando Batista Jorge, em conjunto com um grupo de
civis entusiastas, criaram o Clube Esportivo de Equitação, cujo
picadeiro ainda hoje perdura nas dependências do Centro Hípico
do Exército, em São Cristóvão, Rio de Janeiro. Outras atividades
esportivas praticadas desde 1810 na Academia Real Militar eram
a esgrima, a equitação e a natação.
organização das competições comemorativas do Centenário da
Independência. A Liga reuniu-se com a Comissão Militar Sportiva
(sic) e as comissões especiais da comemoração a fim de colaborar
com a organização dos Jogos Olímpicos Latino-Americanos, sob
liderança da então Confederação Brasileira de Desportos, e apoio
internacional do Comitê Olímpico Internacional - COI e da
Associação Cristã de Moços - ACM. Esta versão de Jogos
Olímpicos Regionais incluiu os esportes hípicos, o atletismo, o
tiro, a esgrima, o futebol e o pentatlo moderno, este pela primeira
vez disputado na América do Sul.
sua essência – com o caráter comunitário, típico da organização
esportiva.
1858 Em 1 de março deste ano, estabeleceu-se como norma,
que dentre as práticas escolares figurariam a esgrima e a
natação para os cursos de Infantaria e Cavalaria da Escola
Militar. Nos anos seguintes, a localização da Escola Militar na
Praia Vermelha, Urca, Rio de Janeiro, resultou em grande
impulso aos esportes aquáticos. Os cadetes organizaram um
clube em que praticavam a canoagem, esgrima e escaladas ao
Pão de Açúcar e ao Morro da Urca.
1925 Já na fase eclética da Liga instituiu-se o primeiro
campeonato divisionário com provas de atletismo, jogos e natação,
realizadas na Vila Militar e na Praia da Urca. Em outubro
inaugurou-se o estádio da Companhia de Carros de Combate
onde passa a ter sede provisória, a Liga de Sports do Exército.
1927 As atividades da Liga ganham o status de solenidade
militar ao serem inauguradas com duas destacadas festividades,
efetuadas respectivamente em 6 de abril no estádio da
Companhia de Carros de Combate com homenagens ao seu
presidente General Malan, e em 28 de junho, no estádio da
Fortaleza de São João, já quase concluído.
1890 Pelo decreto n.º 330, de 12 de abril deste ano, determinou-se, entre outras disposições, que nas Escolas Militares
do RJ e RS haveria uma sala d’armas, campo de exercício e
linha de tiro, picadeiro, barca e mais aparelhos necessários
aos trabalhos de guerra.
1929 Devido a dificuldades financeiras e de gestão foram
suspensas as atividades da Liga. Mesmo assim, fez ela efetuar o
quarto campeonato de pentatlo moderno. Pelo Aviso Ministerial
620 de 2 de setembro de 1931, extinguiu-se oficialmente a Liga
de Sports do Exército.
1911 Militares do EB já são identificados, em fontes da época,
fazendo parte de equipes de futebol dos principais clubes do Rio
de Janeiro. Diversos oficiais servindo na Vila Militar (zona norte
da cidade, distante do centro) organizaram equipes em seus
quartéis e foram iniciadas as competições amistosas utilizando o
campo do 1º Regimento de Artilharia Motorizado. A iniciativa foi
do então tenente Francisco Mendes, destacado atleta do
Fluminense Football Club.
1931 – 1947 Ausência no EB de um órgão central gestor das
práticas esportivas, gerando-se então iniciativas assistemáticas
de apoio a práticas, quer por parte de ex-integrantes da extinta
Liga de Sports ou da Escola de Educação Física do Exército, a
qual já despontara, no período, como promotora do esporte,
vertente mais atraente da educação física.
1915 Funda-se a Liga Militar de Futebol, com estatuto próprio e
tendo como presidente, o Coronel Chrispim Ferreira. Este fato
pode ser interpretado como evidência de ambiente favorável à
prática esportiva entre os militares do EB.
1920 A entidade dirigente maior de futebol no EB passou a
denominar-se Liga de Sports do Exército (sic), sob a presidência
do Coronel Estellita Werner. Mas a diversificação de práticas
além do futebol somente tornou-se presente por influência da
Missão Militar Francesa que além de uma nova doutrina militar,
transmitiu para o EB – após a primeira Guerra Mundial – o ideal
da generalização da prática esportiva, preconizada pela Escola
de Joinville Le Pont (Paris).
1922 Em junho deste ano surge um sinal da diversificação
estimulada pelo intercâmbio com o exterior, representado pela
1947 Designa-se uma comissão para reorganizar a extinta Liga
de Sports do Exército, sob a presidência do veterano esportista
General Edgard do Amaral. Conhecedores dos motivos que levaram
à extinção e à ineficiência da Liga oficiosa e informal, optaram os
membros da comissão pela organização de um departamento
oficial diretamente subordinado ao Ministro da Guerra, solução
já concebida em 1931, mas não implementada.
Assim, o Departamento de Desportos do Exército - DDE foi
criado, como um órgão diretamente subordinado ao Ministro da
Guerra. Seus regulamentos, códigos, diretrizes e instruções foram
aprovados pelo Ministro da Guerra e constituíram ordem de
execução para todos os elementos do Exército. Criou-se o Código
Desportivo do Exército, com o objetivo de uniformizar as práticas
esportivas em todo Exército, bem como fixar as modalidades,
períodos de realização e procedimentos técnicos, para levar o
Esporte Militar ao mais alto grau de aperfeiçoamento. Houve,
em síntese, uma associação da doutrina militar – normativa em
1956 A Lei 2851 de 25 de agosto do ano então corrente
estabeleceu a nova organização básica do Exército e, nos seus
artigos 13 e 61, extingue o DDE e cria a Comissão de Desportos
do Exército - CDE, subordinada diretamente à Secretaria do
Ministério da Guerra. Consolidou-se, portanto, o modelo híbrido
do desenvolvimento esportivo promovido pelo EB, tendo à frente
a CDE que até hoje opera como agência reguladora das atividades
esportivas no Exército Brasileiro.
Situação Atual Atualmente, a Força Terrestre está presente
em todo o território nacional, o qual é dividido em sete comandos
militares de área - CMA. Esses grandes comandos são
constituídos por divisões de exército, brigadas e organizações
militares de diversas naturezas e, para fins de apoio logístico e
defesa territorial, são divididos em regiões militares - RM.
Estes comandos militares são responsáveis pelo planejamento,
preparo e emprego das tropas em sua área, o que inclui tanto o
desenvolvimento físico com a prática esportiva, devidamente
monitorados. Dentro deste sistema, o Exército possui 1247
Organizações Militares-OM divididas da seguinte maneira:
Comando Militar da Amazônia-CMA – 120 OM; Comando
Militar do Nordeste-CMNE – 220 OM; Comando Militar do
Oeste-CMO – 62 OM; Comando Militar do Leste-CML – 315
OM; Comando Militar do Planalto-CMP – 91 OM; Comando
Militar do Sudeste-CMSE – 198 OM; Comando Militar do SulCMS – 241 OM.
O efetivo da Força tem oscilado, nas duas últimas décadas, entre
150 e 200 mil militares (homens e mulheres) que realizam
atividades físicas e esportivas quase que diariamente e são
avaliados três vezes por ano, através dos testes de flexão na
barra, flexão de braço, abdominal, meio sugado e corrida de 12
minutos. As competições esportivas são realizadas pela Força
Terrestre no âmbito dos comandos militares de área, divisões de
exército, brigadas e organizações militares, com a finalidade de
desenvolver as qualidades físicas e morais necessárias à vida
castrense e contribuir com a revelação de talentos esportivos
para o esporte nacional de alto nível.
Fontes Boletim do Exército de 10 de maio de 1947; Boletim do
Exército de 01 de setembro de 1956; Estrutura Organizacional
do Exército Brasileiro, em http://www.exercito.gov.br/01instit/
conheca/estrorgeb.htm; Jordão Ramos, J. Escola de Educação
Física do Exército (1930 - 1965). Temas de Educação Física. Rio
de Janeiro: Imprensa do Exército, 1966; SILVA,C. P.; Silva, E. B.
O Desporto nas Grandes Unidades do Exército Brasileiro em
1999; Revista de Educação Física – EsEFEx. Rio de Janeiro: v.
69, n 125, p. 36 – 39, 2001; Silva, O. E. Os Desportos no Exército.
Revista de Educação Física – EsEFEx. Rio de Janeiro: v. 15, n.
56, p. 3 -7, nov. 1947.
DACOSTA, LAMARTINE (ORG.). A T L A S
DO ESPORTE NO BRASIL.
RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006
4.3
Número de instalações esportivas (IE) por Comando Militar de Área – CMA, 2003
Number of sport facilities (IE) Area Military Command – CMA, 2003
Preferência de esportes
em competições esportivas
nível de CMA (30 Brigadas)
Preferred Sports in
Regional Competitions (n=30)
OM participantes de competições esportivas
Nível de CMA (18,5% x total)
Military Organizations – OM in Regional Sport Competitions
Número de instalações esportivas por CMA
Number of sport facilities by CMA location
4.4
DACOSTA, LAMARTINE (ORG .). A T L A S
DO ESPORTE NO BRASIL.
RIO DE JANEIRO: CONFEF, 2006
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