SISTEMA ETICS- INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO TÉRMICO
DOS EDIFÍCIOS
UM CASO DE ESTUDO
Juliana Vicente Belchior Mendão
Dissertação para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri
Presidente: Professor Doutor Rodrigo de Moura Gonçalves
Orientador: Professor Doutor Daniel Aelenei
Arguente: Professora Doutora Maria Paulina Santos Forte de Faria Rodrigues
Maio de 2011
SISTEMA ETICS- INFLUÊNCIA NO COMPORTAMENTO TÉRMICO
DOS EDIFÍCIOS
UM CASO DE ESTUDO
“Copyright” de Juliana Vicente Belchior Mendão, FCT/UNL
“A Faculdade de Ciências e Tecnologia e a Universidade Nova de Lisboa têm o
direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicar esta dissertação
através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por
qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, e de a divulgar através
de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com objectivos
educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor
e editor”.
Aos meus Pais
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Professor Doutor Daniel Aelenei,
cuja vasta experiência e conhecimento do domínio da térmica de edifícios foram
importantes para o desenvolvimento deste trabalho. A partilha de conhecimentos e as
valiosas contribuições que me proporcionou, não só ao longo deste trabalho mas
também nas disciplinas que leccionou, foram fundamentais.
Em segundo lugar queria deixar um agradecimento especial ao Arquitecto Rui
Vera- Cruz, ao Professor Fernando Henriques, ao Arquitecto Miguel Amado e à
Professora Paulina Faria pela forma determinante como contribuíram para a minha
formação.
Agradeço também ao Fernando Jorne, meu companheiro de tantas jornadas
académicas, todo apoio e disponibilidade ao longo do curso e na elaboração do
presente trabalho.
Como uma dissertação de mestrado é o culminar do trabalho desenvolvido ao
longo de vários anos de estudo, gostaria de agradecer a todos os meus amigos, em
especial à Patty, à Giada, à Joana Antunes e à Lara, cuja amizade, apoio e motivação
foram extremamente importantes para mim.
Não podia deixar de agradecer ao meu namorado, David, por todo o apoio,
motivação e paciência nesta fase controversa da minha vida.
Um agradecimento muito especial aos meus pais, Júlio e Leonor, à minha irmã
Nélia e ao meu cunhado Nuno, por todo o apoio, motivação, partilha de
conhecimentos e experiência essenciais no desenvolvimento da minha formação
pessoal e académica.
RESUMO
As emissões produzidas pelos combustíveis fósseis usados para satisfazer as
crescentes necessidades energéticas a nível global estão a causar alterações climáticas
perigosas no planeta, pelo que se torna imperativo uma mudança no modelo de
desenvolvimento. A construção de edifícios é um dos sectores da economia com um
grande impacto negativo sobre o ambiente, no entanto, em termos de consumo de
energia, o impacto da sua exploração ou utilização ao longo dos anos é ainda maior.
Por meio da escolha adequada de equipamentos e soluções construtivas nos edifícios
torna-se possível alcançar significativas poupanças de energia e manter o conforto
com vantagens do ponto de vista ambiental e económico. A utilização de isolantes
térmicos em toda a sua envolvente, permite poupar energia todo o ano e reduzir a
necessidade de investir em meios de climatização, quer em edifícios novos, quer em
edifícios a reabilitar.
O presente trabalho surge com o objectivo de estudar as necessidades
energéticas de um edifício, tendo em conta diferentes espessuras de isolante térmico
do sistema ETICS1. Deste modo, tendo por base o RCCTE e com recurso ao programa
Energy Plus foram realizadas várias simulações de forma a comparar as necessidades
energéticas num edifício unifamiliar situado na cidade de Lisboa e Bragança.
Os resultados obtidos demonstram que o aumento da espessura de isolante
térmico induz diferenças pouco significativas ao nível das necessidades energéticas.
Palavras-chave:
ETICS;
Energy
Plus;
Necessidades
Energéticas;
Simulação;
Comportamento térmico.
1
External Thermal Insulation Composite Systems
i
ii
ABSTRACT
The emissions made by fossil fuels used in order to satisfy the growing
energetic needs worldwide are causing dangerous climate changes on the planet,
therefore, it is imperative that change happens in the development model. The
construction of buildings is one of the sectors in the Economy having a large negative
impact on the environment, however, in terms of energy consumption, the
consequences of its exploitation and use over the years are even bigger. By choosing
the appropriate equipments and constructive solutions in buildings it is possible to
achieve considerable energy savings and maintain the comfort with economical and
environmental advantages. The use of thermal insulation on its surroundings, allows to
save energy during the whole year and to reduce the need to invest on cooling means,
both in new buildings or in buildings to rehabilitate.
This work appears in order to study the energy requirements of a building,
taking into account different thicknesses of External Thermal Insulation Composite
System. Thus based on the Regulation of the characteristics of thermal performance of
buildings and using the Energy Plus program were carried out several simulations in
order to compare the energy requirements in a single-family building located in Lisbon
and Bragança.
The results show that increasing the thickness of thermal insulator induces
minor differences in terms of energy requirements.
Keywords: ETICS; Energy Plus; Energy Requirements; Simulation; Thermal Behavior.
iii
iv
ÍNDICE
Agradecimentos................................................................................................................ 7
Resumo ...............................................................................................................................i
Abstract ............................................................................................................................ iii
Simbologia ...................................................................................................................... xiii
Capítulo 1- Introdução ...................................................................................................... 1
1.1
Enquadramento do Tema................................................................................... 1
1.2
Motivações ......................................................................................................... 2
1.3
Objectivos ........................................................................................................... 3
1.4
Metodologia ....................................................................................................... 3
1.5
Estrutura do Trabalho ........................................................................................ 4
Capítulo 2- Caracterização do Comportamento Térmico dos Edifícios ........................... 5
2.1
Introdução ..................................................................................................... 5
2.2
Balanço energético dos edifícios ................................................................... 5
2.2.1
Condução de calor através da envolvente opaca do edifício ........................ 6
2.2.2
Renovação de ar .......................................................................................... 10
2.2.3
Ganhos solares............................................................................................. 11
2.2.4
Ganhos internos........................................................................................... 12
Capítulo 3- Caracterização das Soluções Construtivas da Envolvente Exterior ............. 13
3.1
Introdução ........................................................................................................ 13
3.2
Exigências funcionais das paredes exteriores .................................................. 13
3.3
Soluções construtivas das paredes exteriores ................................................. 14
3.3.1
Parede dupla ................................................................................................ 15
3.3.2
ETICS ............................................................................................................ 17
3.3.2.1 Evolução histórica ........................................................................................ 17
3.3.2.2 Vantagens do sistema de isolamento térmico pelo exterior ...................... 18
v
3.3.2.3 Desvantagens do sistema de isolamento térmico pelo exterior ................. 20
3.3.2.4 Descrição do sistema ETICS ......................................................................... 21
3.3.2.5 Materiais/elementos constituintes ............................................................. 21
3.3.2.6 Aplicação do sistema ETICS ......................................................................... 23
3.3.2.7 Patologias..................................................................................................... 27
3.3.3
Comportamento térmico ............................................................................. 29
Capítulo 4- Análise do Comportamento Térmico dos Edifícios ...................................... 31
4.1
Introdução ........................................................................................................ 31
4.2
O RCCTE ............................................................................................................ 31
4.2.1.
Metodologia de Cálculo ............................................................................... 32
4.3
O Energy Plus .................................................................................................... 39
4.4
Análise Estática versus Análise Dinâmica ......................................................... 43
4.5
Comandos de Entrada de Valores do Energy Plus ........................................... 44
Capítulo 5- O Caso de Estudo. Metodologia do Trabalho .............................................. 55
5.1
Introdução ........................................................................................................ 55
5.2
Apresentação do Caso de Estudo ..................................................................... 55
5.3
Metodologia utilizada para comparação dos modelos .................................... 60
5.3.1. Pressupostos para elaboração do modelo de Inverno .................................... 61
5.3.2. Pressupostos para Elaboração do Modelo de Verão ....................................... 62
5.3.3. Variáveis solicitadas ao programa Energy Plus ................................................ 62
5.4
Análise dos resultados obtidos - Análise estática face à análise dinâmica ...... 63
Capítulo 6- Análise de Resultados .................................................................................. 67
6.1
Introdução ........................................................................................................ 67
6.2
Lisboa ................................................................................................................ 67
6.2.1. Parede dupla versus diferentes espessuras de EPS do sistema ETICS ............. 67
6.2.2. Variação da temperatura interior .................................................................... 70
vi
6.2.3. Análise de sensibilidade ................................................................................... 74
6.2.4. Necessidades de aquecimento obtidas com taxa de renovação de ar conforme
NP1037 76
6.3
Bragança ........................................................................................................... 76
6.3.1
Parede dupla versus diferentes espessuras de ETICS.................................. 77
6.3.2
Variação da temperatura interior................................................................ 79
6.3.3
Análise de sensibilidade............................................................................... 83
6.3.4
Necessidades de aquecimento obtidas com taxa de renovação de ar
conforme NP1037 ...................................................................................................... 85
Capítulo 7- Conclusões e Desenvolvimentos Futuros .................................................... 87
Referências Bibliográficas e Electrónicas ....................................................................... 91
ANEXO I ........................................................................................................................... 95
ANEXO II.......................................................................................................................... 99
vii
viii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1: Balanço Térmico de um edifício ........................................................................ 6
Figura 2: Parede Dupla ................................................................................................... 16
Figura 3: Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC) ........... 18
Figura 4: Continuidade do isolamento térmico permite reduzir as pontes térmicas [18]
........................................................................................................................................ 19
Figura 5: Comparação do gradiente de temperaturas a que estão sujeitas uma parede
dupla com sistema tradicional de isolamento térmico aplicado na caixa-de-ar e uma
parede simples com isolamento térmico aplicado pelo exterior [18] ........................... 20
Figura 6: Constituição do sistema ETICS [12] ................................................................. 21
Figura 7: Perfil de arranque onde apoia primeira fiada de placas [13] .......................... 24
Figura 8: Exemplos de colagem das placas de isolante térmico .................................... 25
Figura 9: Fixação Mecânica [13] ..................................................................................... 25
Figura 10: Cantoneira [13] .............................................................................................. 25
Figura 11: Embebimento da armadura do revestimento na camada de base ............... 26
Figura 12: Aplicação da camada de acabamento final ................................................... 26
Figura 13: Particularidades da aplicação do sistema ETICS............................................ 27
Figura 14: Distribuição das patologias associadas aos ETICS [18] .................................. 28
Figura 15: Diagrama de funcionamento do Energy Plus [3] ........................................... 40
Figura 16: Diagrama de dados de entrada e saída do Energy Plus ................................ 41
Figura 17: Arquivo de entrada do Energy Plus ............................................................... 42
Figura 18: Arquivo de entrada do campo Simulation Parameters ................................. 46
Figura 19: Definição do período de simulação ............................................................... 47
Figura 20: Definição das soluções construtivas no comando Construction ................... 49
Figura 21: Definição da geometria dos elementos no comando BuildingSurface:Detailed
........................................................................................................................................ 50
Figura 22: Definição da taxa de renovação horária no Energy Plus ............................... 52
Figura 23: Solicitação das variáveis no Energy Plus........................................................ 54
Figura 24: Planta da moradia em estudo ....................................................................... 56
Figura 25: Alçado Sul ...................................................................................................... 56
ix
Figura 26: Alçado Norte .................................................................................................. 56
Figura 27: Alçado Oeste .................................................................................................. 57
Figura 28: Alçado Este .................................................................................................... 57
Figura 29: Pormenor construtivo do sistema ETICS em zona corrente.......................... 58
Figura 30: Pormenor construtivo da cobertura.............................................................. 58
Figura 31: Pormenor construtivo do pavimento térreo ................................................. 59
Figura 32: Resultados obtidos através do Energy Plus e do RCCTE para a cidade de
Lisboa com ETICS 3cm de EPS......................................................................................... 64
Figura 33: Resultados obtidos através do Energy Plus e do RCCTE, para a cidade de
Lisboa, com ETICS 3cm de EPS........................................................................................ 66
Figura 34: Necessidades de Aquecimento para a cidade de Lisboa............................... 68
Figura 35: Necessidades de Arrefecimento referentes à cidade de Lisboa ................... 69
Figura 36: Temperatura Interior para um dia extremo de Inverno, na cidade de Lisboa
........................................................................................................................................ 72
Figura 37: Variação da Temperatura Interior para um dia típico de Verão, na cidade de
Lisboa .............................................................................................................................. 74
Figura 38: Resultados obtidos para a estação de aquecimento (Lisboa), com diminuição
da taxa de renovação de ar ............................................................................................ 76
Figura 39: Necessidades de aquecimento para a cidade de Bragança .......................... 77
Figura 40: Necessidades de arrefecimento para a cidade de Bragança ........................ 78
Figura 41: Variação da temperatura interior num dia extremo de Inverno, na cidade de
Bragança ......................................................................................................................... 81
Figura 42: Variação da temperatura interior, sem climatização, num dia típico de
Verão, em Bragança ....................................................................................................... 83
Figura 43: Resultados obtidos com diminuição da taxa de renovação de ar, para
Bragança ......................................................................................................................... 85
Figura 44: Necessidades nominais anuais para Bragança e Lisboa ................................ 87
x
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Materiais/elementos constituintes do sistema ETICS e principais
características (Parte I) ................................................................................................... 22
Quadro 2: Materiais/elementos constituintes do sistema ETICS e principais
características (Parte II) .................................................................................................. 23
Quadro 3: Anomalias mais frequentes e possíveis causas [20] ..................................... 28
Quadro 4: Coeficiente de transmissão térmica para o sistema ETICS ........................... 29
Quadro 5: Coeficiente de transmissão térmica para parede dupla com isolante térmico
XPS .................................................................................................................................. 29
Quadro 6: Coeficiente de transmissão térmica para parede dupla com isolante térmico
EPS .................................................................................................................................. 29
Quadro 7: Classes de inércia térmica interior (Quadro VII.6 do RCCTE) ........................ 37
Quadro 8: Dependências da casa e respectivas áreas úteis........................................... 57
Quadro 9: Valores de Necessidades de Aquecimento para a cidade de Lisboa ............ 68
Quadro 10: Valores de Necessidades de Arrefecimento para a cidade de Lisboa ........ 70
Quadro 11: Variação da Temperatura Interior para um dia extremo de Inverno (Lisboa)
........................................................................................................................................ 71
Quadro 12: Variação da temperatura interior para o dia 23 de Agosto (Lisboa) .......... 73
Quadro 13: Gráficos referentes à percentagem de perdas no sistema ETICS ............... 75
Quadro 14: Valores de Necessidades de Aquecimento para a cidade de Bragança ...... 78
Quadro 15: Valores de Necessidades de Arrefecimento para a cidade de Bragança .... 79
Quadro 16: Variação da temperatura interior ao longo do dia 19 de Janeiro (Bragança)
........................................................................................................................................ 80
Quadro 17: Variação da Temperatura interior para o dia 8 de Junho (Bragança) ......... 82
Quadro 18: Percentagem de perdas em função da espessura de isolante ................... 84
Quadro 19: Necessidades nominais (EP) das várias soluções construtivas em Bragança
e Lisboa ........................................................................................................................... 88
xi
xii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
SIGLAS
EPS – Expandable Polystyrene (poliestireno expandido moldado)
ETICS – External Thermal Insulation Composite Systems
IDF – Input Date File
CAD – Computer-Aided Design
RCCTE – Regulamento das Características do Comportamento Térmico dos Edifícios
SIMBOLOGIA
NIC- Necessidades anuais de aquecimento do edifício (kWh/m2.ano)
NVC- Necessidades anuais de arrefecimento do edifício (kWh/m2.ano)
GD – Graus-dias de aquecimento (°C.dia)
xiii
xiv
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO
1.1
Enquadramento do Tema
O consumo energético apresenta-se actualmente como um dos maiores
problemas a nível mundial devido ao facto de implicar um acelerado esgotamento das
reservas de combustíveis fósseis, que constituem a base do modo de desenvolvimento
actual e a sua queima provoca um grande impacto ambiental. O sector dos edifícios é
responsável por uma parte significativa do consumo energético mundial. Segundo a
ADENE2, em 2005, os edifícios em Portugal representaram cerca de 30% do consumo
total de energia primária do país e 62% dos consumos de electricidade [15]. Ainda
segundo a mesma fonte, o sector residencial contribuiu com 17% dos consumos de
energia primária. Perante estes dados, pode facilmente afirmar-se que os edifícios
representam um grande potencial de poupança energética e neste sentido, nos
últimos anos têm sido tomadas várias medidas que passam pela imposição de
restrições e a criação de regulamentos por forma a maximizar a eficiência energética
com o objectivo de obter garantias de sustentabilidade a nível económico e ambiental
[9].
Em Portugal existe desde o século XX o Regulamento das Características de
Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE) e o Regulamento dos Sistemas
Energéticos e de Climatização dos Edifícios (RSECE). Para comprovar a correcta
aplicação destes regulamentos e dando cumprimento à Directiva Comunitária
2002/91/CE [27] que impõe a obrigatoriedade de implementação de um sistema de
certificação energética foi implementado pelo Estado Português o Sistema Nacional de
Certificação Energética e Qualidade do Ar Interior em Edifícios (SCE). No âmbito deste
sistema, surge a obrigatoriedade da emissão de um Certificado Energético dos
edifícios, que atribui uma classificação numa escala hierárquica de acordo com o
respectivo desempenho em termos de consumo energético, à semelhança do que já
acontece com os electrodomésticos.
2
Agência para a Energia
1
A classificação energética dos edifícios face ao RCCTE é calculada pelo
quociente entre as necessidades anuais estimadas de energia primária, para
climatização e águas quentes sanitárias e o valor limite estabelecido para cada região e
varia entre A+ e G. Um edifício que apresente uma classe energética A+ tem menos de
¼ das necessidades energéticas de um edifício de referência (B-) [9].
Com o objectivo de dar cumprimento aos actuais regulamentos houve um
aumento significativo dos padrões de qualidade da construção, levando a uma
mudança nas práticas construtivas e ao aparecimento de novas soluções e processos
construtivos que permitam então uma maior poupança de energia, a par de um menor
impacte ambiental.
A envolvente geométrica e construtiva dos edifícios acarreta um papel
fundamental ao nível do comportamento térmico dos mesmos, existindo uma relação
directa entre o consumo energético para climatização e o isolamento térmico da
envolvente. Deste modo, para responder às crescentes exigências de conforto térmico
é necessário isolar termicamente a envolvente dos edifícios, propiciando menores
trocas de calor com o exterior, reduzindo as necessidades de climatização e o risco de
ocorrência de condensações. De salientar que a envolvente dos edifícios constitui a
fronteira entre estes e o exterior e não é uniforme em termos de características
térmicas. No que diz respeito às taxas de transferência de calor, a quantificação e a
forma de realização do isolamento térmico não se deve centrar apenas na zona
corrente mas sim, ter também em atenção zonas particulares que se designam por
pontes térmicas, onde se prevê uma maior taxa de transferência de calor, associada a
maiores gastos energéticos e com consequente impacto no conforto, salubridade e
ocorrência de anomalias.
1.2
Motivações
No contexto actual, em que face à regulamentação térmica em vigor há cada
vez uma maior tendência de mudança nas práticas construtivas, nomeadamente ao
nível das fachadas dos edifícios, é importante conhecer o impacto de determinada
solução nas trocas térmicas globais do edifício e a forma como este é isolado, tendo
em conta a zona climática de Inverno onde se insere. De acordo com estes aspectos
2
são apresentados em seguida os objectivos que se pretendem atingir com a
elaboração do presente trabalho.
1.3
Objectivos
O estudo realizado na presente dissertação incide sobre um sistema construtivo
utilizado nas fachadas dos edifícios: ETICS3 (Reboco delgado aplicado sobre o isolante
térmico). O estudo será conduzido no sentido de conhecer o impacto que as diferentes
espessuras de isolante térmico que compõe o sistema causam no comportamento
térmico do edifício, ao nível das necessidades energéticas, tendo em conta duas zonas
climáticas de Inverno, em Portugal.
1.4
Metodologia
Por forma a alcançar os objectivos estabelecidos na elaboração deste trabalho
recorrer-se-á a um caso de estudo, um edifício unifamiliar, sobre o qual irão incidir os
estudos propostos. A opção de estudar um edifício unifamiliar prende-se com o facto
de usualmente os trabalhos referentes a simulações serem realizados com recurso a
cubos ou células de teste, de já terem sido realizados diversos trabalhos com base em
edifícios multifamiliares, com as particularidades apresentadas por uma moradia e
pelo facto de uma casa independente apresentar maiores exigências em termos
energéticos do que um edifício multifamiliar.
Para compreender o impacte das soluções construtivas que constituem as
fachadas do edifício no seu comportamento térmico, serão utilizadas duas
metodologias distintas, tanto para a contabilização das perdas e ganhos térmicos
através da envolvente como das necessidades de climatização apresentadas pelo
mesmo. Um dos métodos utilizados baseia-se num software de análise dinâmica do
comportamento térmico (Energy Plus), sendo que o outro apela ao indicado no
método simplificado da regulamentação térmica nacional (RCCTE).
2
External Thermal Insulation Composite Systems
3
1.5
Estrutura do Trabalho
A dissertação é iniciada, no primeiro capítulo, com o enquadramento geral do
trabalho, onde de uma forma breve é apresentado o paradigma energético e o papel
que o sector da construção nele desempenha - em particular os edifícios - as
motivações inerentes à elaboração do trabalho e os objectivos que se pretendem
alcançar.
O segundo capítulo contempla uma breve revisão dos conceitos sobre o
balanço energético dos edifícios: condução de calor através da envolvente, renovação
de ar, ganhos solares e internos.
No terceiro capítulo é feita a caracterização do sistema ETICS: evolução
histórica, materiais que compõem o sistema e principais anomalias. A solução parede
dupla será também caracterizada mas de uma forma mais breve.
No quarto capítulo são descritas as duas metodologias utilizadas: método de
cálculo, pressupostos e vantagens/desvantagens.
O capítulo cinco contempla a apresentação do caso de estudo e a forma como
se obteve o modelo de simulação.
No sexto capítulo apresentam-se os resultados obtidos, sendo as respectivas
conclusões apresentadas no capítulo sete.
4
CAPÍTULO 2- CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS
2.1
Introdução
Antes de qualquer abordagem aos aspectos que se pretende analisar é
importante abordar os principais conceitos que caracterizam o comportamento
térmico dos edifícios, através de uma descrição correcta mas não exaustiva.
As condições de conforto proporcionadas por uma habitação dependem de
diversos factores que incluem as características de construção e os sistemas de
aquecimento e arrefecimento utilizados, sendo fundamental definir linhas de acção
que conduzam a uma melhoria significativa do ambiente interior da habitação com
menores custos energéticos. De um modo geral, a caracterização do comportamento
térmico dos edifícios é dada pelo respectivo balanço energético, essencial para a
percepção do impacte que a utilização dos espaços tem nas suas necessidades
nominais de energia, sendo obviamente influenciado pelo desempenho térmico das
soluções que constituem a envolvente.
2.2
Balanço energético dos edifícios
O balanço energético dos edifícios consiste na equação de equilíbrio entre
ganhos e perdas térmicas que ocorrem através da envolvente dos mesmos, sendo
importante para prever as necessidades de energia de climatização. À luz do RCCTE,
este balanço é realizado em regime de temperatura do ar interior constante (regime
permanente) e permite obter as necessidades de aquecimento e arrefecimento dos
espaços de modo a satisfazer as exigências de conforto térmico dos seus ocupantes
[4].
Para obtenção da equação do balanço energético de um edifício, consideramse os ganhos e perdas térmicas por condução e infiltração através da envolvente opaca
(fachadas, cobertura e pavimento térreo), ganhos e perdas pelos vãos envidraçados e
os ganhos internos, como mostra a Figura 1.
5
Figura 1: Balanço Térmico de um edifício
2.2.1 Condução de calor através da envolvente opaca do edifício
Condução corresponde a um fenómeno de transmissão de calor entre
duas zonas com temperaturas diferentes, podendo ocorrer em corpos sólidos
ou fluidos. Nos edifícios, as fachadas, a cobertura e o pavimento térreo
constituem a fronteira destes com o exterior e o tipo de materiais que as
compõem influenciam as condições de conforto no seu interior, na medida em
que é através destes que se verificam as trocas de calor com o ambiente que os
rodeia.
Dado o clima temperado que se verifica em Portugal, restringir a
condução através da envolvente exterior constitui uma estratégia a promover
nos edifícios para obter conforto no seu interior, tanto de Inverno como de
Verão [10]. Enquanto no Inverno o objectivo é restringir as perdas de calor para
o exterior através da envolvente, no Verão interessa restringir os ganhos
excessivos de calor exterior de modo a manter uma temperatura mais
constante no interior dos edifícios. Pese embora não seja possível evitar estas
trocas de calor, o fenómeno de condução pode ser minimizado com recurso a
boas práticas e soluções construtivas, nomeadamente com a aplicação de
6
isolante térmico e com o correcto aproveitamento da inércia térmica dos
materiais utilizados [26].
O isolamento térmico é fundamental para garantir o conforto térmico
dos edifícios durante todo o ano, tornando-o mais eficiente energeticamente. A
sua aplicação prende-se com o facto de tentar manter o ar interior a uma
temperatura confortável, dificultando a passagem de calor por condução do
interior ao exterior do edifício e vice-versa. Pode afirmar-se que a quantidade
de calor necessária para manter a habitação à temperatura de conforto
depende em larga escala do nível de isolamento térmico. No Verão, um espaço
interior sem isolamento torna-se excessivamente aquecido, em virtude das
paredes e coberturas serem sobreaquecidas pela radiação solar. Deste modo,
edifícios com baixos níveis de isolamento térmico conduzem a perdas de calor
significativas, que consequentemente conduzem a maiores consumos
energéticos com o aquecimento e o arrefecimento, sendo que, de Inverno, os
espaços arrefecem rapidamente podendo dar origem a condensações no seu
interior, prejudiciais para a saúde e bem-estar dos ocupantes, e de Verão o
interior aquece mais num curto espaço de tempo. Por esta razão o isolamento
térmico é um factor chave no que respeita à redução do consumo energético,
pois a sua aplicação permite diminuir as perdas de calor e aproveitar os ganhos
[10].
Para que o isolamento térmico seja eficaz, é necessário isolar toda a
envolvente do edifício de modo a eliminar as chamadas pontes térmicas, que
constituem zonas de maior perda de calor, em relação às restantes áreas. As
pontes térmicas resultam sempre de uma heterogeneidade, quer seja
geométrica, quer seja estrutural, sendo os casos mais comuns: a transição
entre materiais com diferentes condutibilidades térmicas; alterações na
espessura de um elemento; diferenças entre áreas internas e externas, como é
o caso dos encontros entre paredes (cunhais), entre paredes e pavimentos e
entre paredes e tectos [24]. Devido às maiores taxas de perdas de calor
induzidas pelas pontes térmicas, torna-se portanto impreterível a sua
correcção, de forma a reduzir os gastos energéticos e o aparecimento de
patologias construtivas com consequência nos níveis de conforto associados à
7
ocorrência de fenómenos de condensação motivados pela diminuição da
temperatura dos paramentos nessas zonas [24].
Em Portugal, os isolantes térmicos mais correntes são: o Poliestireno
Expandido Moldado (EPS), o Poliestireno Expandido Extrudido (XPS), a Espuma
de Poliuretano (PUR), o Aglomerado Negro de Cortiça (ICB) e a Lã Mineral
(MW). Consoante os casos, podem ser utilizados em placas, sob a forma de
espuma, placas ou mantas. Quanto ao posicionamento, o isolante térmico
poderá ser colocado pelo exterior, pelo interior ou na caixa-de-ar, em paredes,
pavimentos e coberturas.
Como já foi referido, a par do isolante térmico, a inércia térmica é um
parâmetro fundamental que condiciona o comportamento térmico do edifício,
do qual se pode tirar partido de forma a racionalizar o consumo de energia para
conforto térmico. A inércia térmica consiste na capacidade de um elemento
armazenar calor e só libertá-lo ao fim de um determinado tempo. É uma
característica própria dos materiais pesados e densos (pedras, tijolos maciços e
betão) tendo a ver com a massa dos elementos de construção, o calor
específico e a sua condutibilidade térmica. Veja-se o exemplo de construções
mais antigas, feitas em alvenaria de pedra e argamassas pobres que, no Verão,
conseguem manter um ambiente agradavelmente fresco devido à grande
espessura das paredes da envolvente que impõem uma massa elevada nas
superfícies de fronteira do edifício [25]. Nestes casos, a temperatura varia em
torno de um valor médio elevado com pouca amplitude (temperatura mantémse praticamente constante ao longo do período de oscilação da temperatura
exterior). Já nos edifícios com pouca massa na envolvente, a temperatura
interior quase acompanha instantaneamente as amplitudes da temperatura
exterior. Pode então concluir-se que, quanto mais “pesado” for o edifício, mais
amortecida e desfasada é a onda de calor que lhe é transmitida pelo ambiente
exterior [25].
Face ao RCCTE estão definidas três classes de inércia térmica: fraca,
média e forte e resultam do cálculo da massa superficial útil (Mi) por metro
quadrado de área útil de pavimento. Um correcto aproveitamento da inércia
térmica é fundamental para a minimização das necessidades de aquecimento e
8
arrefecimento, noção que deverá estar presente aquando da escolha dos
materiais e do posicionamento do isolante térmico, uma vez que apenas a
massa interna ao isolante contribui favoravelmente para a inércia do edifício.
Um edifício que seja isolado termicamente pelo interior contem quase toda a
massa interna da envolvente “do lado de fora” da barreira térmica (isolante)
logo, a penetração do calor no edifício ocorre praticamente no mesmo instante
que a elevação da temperatura do ar exterior, associando-lhe também uma
grande amplitude térmica. Como não há acumulação de calor em elementos
interiores durante o dia, no período nocturno não há energia acumulada que se
possa libertar para aquecimento do ambiente interior. Neste caso diz-se que o
edifício apresenta uma inércia térmica fraca. Edifícios cujo isolamento térmico
seja feito pelo exterior, normalmente apresentam inércia térmica forte, uma
vez que a massa interna da envolvente fica exposta ao fluxo de calor (as
elevadas temperaturas do exterior e a radiação solar implicam uma
transmissão de calor para o edifício, sendo que parte deste calor atinge a
envolvente interior, as paredes, cobertura e elementos estruturais) e, por ser
elevada, tem uma grande capacidade de armazenamento de energia térmica e
consequentemente a temperatura do ar interior sobe lentamente [25]. No
período nocturno, as trocas de calor ocorrem no sentido inverso (interior para
o exterior), a massa interna dos elementos da envolvente vai libertando o calor
armazenado durante o dia possibilitando que a temperatura do ar interior não
acompanhe o abaixamento da temperatura exterior e se mantenha num nível
relativamente próximo ao do período diurno [25].
Em suma, a inércia térmica dos elementos que compõem a envolvente
dos edifícios possibilita que funcionem como acumuladores térmicos que
absorvem o calor durante o dia e o libertam à noite.
A par do que foi referido, as superfícies vidradas inseridas na envolvente
também desempenham um papel muito importante no domínio da eficiência
térmica dos edifícios. Se, por um lado, podem contribuir para a entrada de calor
sem custos, por outro podem ser saídas através das quais o calor se dissipa,
quando não são construídas e montadas de forma apropriada. A área de
9
envidraçado, a orientação, o tipo de vidro e caixilharia são portanto
características que deverão ser tidas em conta.
2.2.2 Renovação de ar
Tendo em conta a eficiência energética de um edifício, dispor de uma
troca de ar nas condições consideradas ideais também é muito importante,
uma vez que a mistura e renovação de ar nos espaços com uma ventilação
adequada, quer seja natural ou mecânica, permite uma redução da humidade e
da contaminação, contribuindo então para a obtenção de maior conforto.
O processo de ventilação está associado a um grande volume de trocas
de calor com o exterior, contribuindo, sempre que se verifique diferença entre
a temperatura interior e exterior, de forma considerável para o balanço térmico
do edifício. No Inverno, como a temperatura exterior é maioritariamente
abaixo da temperatura de conforto, a renovação de ar constitui uma perda de
calor significativa, pelo que se torna importante limitar nesta estação do ano a
ventilação. No entanto, para o período de Verão verifica-se uma situação
oposta, em que a ventilação toma um papel importante no arrefecimento
nocturno dos edifícios.
Nas habitações, produzem-se grandes quantidades de vapor de água,
particularmente nas cozinhas e instalações sanitárias. Se uma casa for
insuficientemente ventilada, o excesso de vapor de água produzido não poderá
ser removido e tende a condensar nas superfícies frias, dando origem a fungos
e bolores, prejudiciais para a saúde e conforto dos ocupantes. Neste sentido, a
ventilação refere-se à qualidade do ar interior, no entanto, do ponto de vista
térmico, como já foi referido, acarreta ganhos e perdas de calor que podem ter
consequências directas nas condições de conforto, sendo nesta perspectiva um
processo a controlar [10]. Daí que os valores recomendados para as taxas de
renovação de ar em edifícios decorram de uma solução de compromisso entre
as exigências de higiene do ar e as exigências de conforto térmico, isto é, não
constituem valores óptimos para essas exigências, quando considerados
individualmente.
10
Em edifícios de carácter residencial, como é o caso da moradia em
estudo, a ventilação é realizada através da admissão de ar pelas janelas, portas
e por dispositivos de admissão de ar nas fachadas, sendo a sua extracção feita
com recurso a condutas localizadas nas zonas de serviço (cozinha e instalações
sanitárias).
2.2.3 Ganhos solares
A captação eficaz de energia solar é um facto determinante para manter
o equilíbrio das necessidades energéticas dos edifícios, especialmente num país
como Portugal onde, apesar de o clima ser moderado, denota-se uma
demarcação significativa da estação de arrefecimento (Verão) para a estação
de aquecimento (Inverno) [10].
Nos períodos onde existe maior necessidade de energia, interessa
captar a radiação solar, ao passo que nos períodos em que importa dissipar
energia é conveniente ter a menor superfície possível exposta à luz do sol,
determinando desta forma o grau de conforto oferecido aos ocupantes e os
consequentes gastos de energia. Sendo estas condições opostas, verifica-se em
muitos casos o facto de edifícios serem muito eficientes no Inverno e pouco
eficientes no Verão, ou vice-versa.
No nosso país, os ganhos solares possuem grande relevância na
satisfação das necessidades de aquecimento, no entanto, face à elevada
exposição solar a que o território nacional está sujeito, tornam-se
condicionantes na estação de arrefecimento [10]. Deste modo e em suma do
que já foi referido, é importante promover os ganhos solares no Inverno
(através da introdução de vãos envidraçados no quadrante Sul) e minimizá-los
no Verão, através de sombreamentos adequados, principalmente quando
orientados a Nascente ou a Poente.
A par da orientação e dos sistemas de sombreamento, a área de
envidraçados, o factor solar dos vãos envidraçados, bem como a intensidade da
radiação solar, são factores que determinam um correcto aproveitamento dos
ganhos solares.
11
2.2.4 Ganhos internos
As pessoas, através da libertação de calor em resultado da sua
actividade metabólica, os sistemas de iluminação eléctrica que se instalam nos
edifícios, libertando calor na transformação de energia eléctrica em luz visível e
todos os outros equipamentos que neles funcionam (televisões, computadores,
impressoras, etc.) e que dissipam calor em resultado do seu funcionamento,
constituem as principais fontes de ganhos internos de calor num edifício [4].
Facilmente se depreende que os ganhos internos são variáveis, função do
número de ocupantes do edifício e do seu estilo de vida, uma vez que se
reflecte no consumo energético. Deste modo, os ganhos internos são difíceis de
quantificar, recorrendo-se usualmente a valores estatísticos.
Na estação de aquecimento os ganhos térmicos são favoráveis na
perspectiva de economia de energia, sendo muitas vezes desprezados no
processo de cálculo das necessidades energéticas. Para a estação de
arrefecimento a situação é inversa, os ganhos internos são desfavoráveis,
devendo ser tidos em conta no cálculo das necessidades energéticas.
Quando os ganhos solares e internos não são suficientes para assegurar
a temperatura interior de conforto no Inverno, ou quando se tornam excessivos
no Verão, é inevitável o uso de sistemas de climatização por forma a garantir
um aquecimento/arrefecimento adequado.
12
CAPÍTULO 3- CARACTERIZAÇÃO DAS SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS DA ENVOLVENTE
EXTERIOR
3.1
Introdução
Neste capítulo do trabalho será feita uma introdução às exigências funcionais
das paredes exteriores, bem como uma abordagem às duas soluções construtivas
consideradas na análise do caso de estudo, nomeadamente, parede dupla e ETICS,
sendo esta última mais detalhada uma vez que é sobre si que incide o presente estudo.
3.2
Exigências funcionais das paredes exteriores
As paredes exteriores dos edifícios representam a fronteira entre os ambientes
exterior e interior, pelo que desempenham um papel determinante na construção
devendo cumprir variadas exigências funcionais que dependem de agentes mecânicos,
térmicos, químicos ou biológicos. Alguns destes agentes actuam mais sobre o
revestimento, outros mais sobre o tosco e outros ainda sobre o conjunto todo.
As principais exigências funcionais que devem ser satisfeitas pelas paredes são:
- Resistência mecânica e estabilidade: a parede deverá ser capaz de assegurar um
perfeito comportamento durante a construção e o seu período de vida útil. Durante a
construção a parede deve ter capacidade para resistir a acções devidas aos
equipamentos utilizados e ser estável em situações transitórias de execução. Durante a
sua vida útil as paredes deverão ser auto – portantes tanto para cargas verticais como
para cargas normais ao seu plano, em particular as forças do vento e possíveis
choques;
- Estanquidade à água: as paredes devem ser estanques à água quer ela seja
proveniente do exterior quer do interior. Os requisitos de estanquidade são satisfeitos
com recurso a barreiras estanques e disposições drenantes;
- Estanquidade ao ar: na estanquidade ao ar e aos gases deve-se ter em atenção a
ventilação mínima imprescindível e os limites máximos de forma a evitar desconforto;
13
- Conforto térmico: o edifício deverá ter no seu interior condições ambientais
satisfatórias em termos de temperatura, humidade, velocidade e qualidade do ar. O
conforto higrotérmico traduz-se pelo isolante térmico (resistência da parede à
passagem de calor), pela secagem dos paramentos interiores (inexistência de
condensações superficiais) e pela secagem interna (inexistência de condensações
internas);
- Segurança contra riscos de incêndio: as paredes devem ser concebidas de forma a
limitar os riscos de incêndio e do seu desenvolvimento;
- Segurança na utilização: traduz-se pela segurança no contacto e pela segurança às
intrusões humanas ou de animais;
- Planeza e verticalidade: satisfazendo as exigências gerais de planeza e verticalidade
dos paramentos acabados. Estes parâmetros estão também relacionados com o
conforto visual, o aspecto das paredes deve caracterizar-se pela rectilinearidade das
arestas, planeza das superfícies e homogeneidade de cor e brilho;
- Durabilidade: resistência às agentes climáticos, aos movimentos da fachada e aos
agentes biológicos;
- Higiene: traduz-se pela emissão ou desenvolvimento de substâncias nocivas ou
insalubres;
- Economia: ao nível da execução e manutenção para que se reduza o consumo de
energia nas operações de manutenção do conforto térmico dos ocupantes, com todos
os benefícios ambientais daí resultantes.
3.3
Soluções construtivas das paredes exteriores
Neste ponto do trabalho não serão apresentadas todas as soluções construtivas
de paredes exteriores mas sim a mais utilizada em Portugal, a parede dupla e, de uma
forma mais detalhada, o sistema ETICS, sobre o qual incide o presente estudo.
14
3.3.1 Parede dupla
A parede dupla é, de uma forma geral, constituída por dois panos de
alvenaria de tijolo vazado, fisicamente afastados e convenientemente travados aos
elementos de confinamento (estrutura). Contém uma caixa-de-ar e isolante
térmico em contacto com o exterior do pano interior e a sua espessura é variável.
Actualmente, é a solução de fachada mais utilizada nos edifícios em Portugal.
Surgiu como resposta à necessidade de isolar o interior dos edifícios contra a
humidade exterior.
Para o bom desempenho, as paredes duplas deverão ter sempre uma
lâmina de ar totalmente livre de obstáculos e impurezas. Essa caixa-de-ar deve
localizar-se imediatamente a seguir ao pano exterior para permitir que eventuais
águas de infiltração vindas do exterior e que atravessem o pano exterior possam
escorrer ao longo do paramento interior de pano exterior e ser recolhidas na
caleira que deve existir sempre na base da caixa-de-ar. Esta caleira deve ter a
configuração de uma meia cana com escoamento para o pano exterior e deverá ser
devidamente impermeabilizada. A caleira, que irá recolher todas as águas que
atinjam a caixa-de-ar deve possuir saídas para o exterior, nomeadamente
pequenos tubos de drenagem em plástico ou aço inox, colocados com ligeira
inclinação para o exterior (para facilitar o escoamento da água) e salientes em
cerca de 15mm. A parede dupla deverá também ser dotada de orifícios para fraca
ventilação no topo da caixa-de-ar, espaçadores que garantam o posicionamento do
isolante térmico e a descontinuidade física da caixa-de-ar e varões ou fitas
metálicas nas juntas de cada pano de alvenaria (de 3 em 3 fiadas) para
contraventamento aos pilares.
Um ponto fundamental na execução das paredes duplas é garantir que a
caixa-de-ar fique totalmente desobstruída e a caleira fique totalmente limpa não
constituindo depósito de argamassa ou quaisquer outros detritos, sob pena de
servirem de meio transmissor de humidade entre o pano exterior e o isolante
térmico. Para garantir a estabilidade da alvenaria é necessário promover a ligação
dos dois panos de parede através de elementos metálicos ou de plástico, os
grampos ou ligadores. Estes grampos ou ligadores devem localizar-se nas juntas,
15
com uma pequena inclinação para o exterior para evitar escorrências para o pano
interior ou dispor de pingadeira, quando instalados na horizontal.
O regulamento da térmica impõe a obrigatoriedade de correcção das
pontes térmicas, uma vez que há redução da resistência térmica nesta zona,
implicando um abaixamento da temperatura superficial, o que poderá originar o
aparecimento de manchas resultantes das condensações do vapor de água. Na
parede dupla, a correcção das pontes térmicas poderá ser feita com recurso a uma
forra cerâmica e/ou com material isolante. Esta forra pode ser colocada interior ou
exteriormente. A Figura 2 representa um pormenor construtivo referente a uma
parede dupla correctamente executada e com correcção da ponte térmica.
Figura 2: Parede Dupla
Como anomalias mais frequentes nas paredes duplas, podem destacar-se:
- Inexistência de lâmina de ar livre;
- Ausência de caleira de recolha na caixa-de-ar;
16
- Inexistência de pendente na caleira ou pendente incorrecta;
- Ausência de drenagem para o exterior ou drenagem obstruída;
- Existência de desperdícios de argamassa ou espaçadores com pendente
incorrecta, ligando os dois panos;
- Placas de isolante térmico sem fixação, apoiando-se em ambos os panos e
constituindo pontes para passagem de água para o interior;
- Inexistência de pingadeiras nas zonas inferiores dos elementos horizontais com
projecção para o exterior (varandas, parapeitos, etc).
3.3.2 ETICS
3.3.2.1 Evolução histórica
Nos anos 40, surgiu na Suécia um sistema de isolamento térmico de
fachadas pelo exterior, constituído por lã mineral revestida com um reboco de
cimento e cal. De acordo com alguns autores, Edwin Horbach foi o responsável
pelo desenvolvimento dos sistemas de reboco delgado armado sobre
poliestireno expandido. Edwin Horbach testou diversas composições de reboco,
produtos de reforço e materiais de isolamento, tendo posteriormente
contactado com um fabricante alemão de poliestireno expandido e foi então
que no final dos anos 50 o seu sistema começou a ser utilizado.
A primeira utilização de um sistema de revestimento e isolamento
térmico pelo exterior em grande escala foi efectuada na Alemanha, em
indústria, nos finais da década de 50 e na década seguinte em uso doméstico.
Actualmente na Alemanha, cerca de 60% das construções novas são equipadas
com sistemas de isolamento térmico pelo exterior, dada a sua capacidade de
possibilitar a poupança de energia e regular o ambiente interno dos edifícios.
Em Portugal, só no final do século XX é que se verificou a introdução, de
uma forma definitiva, dos sistemas de reboco delgado armado sobre
17
poliestireno expandido, quer em construções novas, quer na reabilitação de
edifícios. A Figura 3 mostra a evolução da aplicação do sistema ETICS em
Portugal, onde se pode observar um aumento significativo da aplicação do
sistema, podendo-se justificar pelas imposições regulamentares ao nível da
térmica e pelas vantagens que o sistema apresenta, que serão seguidamente
descritas.
Figura 3: Evolução da aplicação do sistema ETICS em Portugal (Fonte: APFAC)
3.3.2.2 Vantagens do sistema de isolamento térmico pelo exterior
De acordo com alguma bibliografia da especialidade ([12], [14], [18])
apresenta-se de seguida as principais vantagens do sistema ETICS,
relativamente aos procedimentos mais tradicionais de isolamento térmico
(isolante pelo interior ou inserido na caixa-de-ar), que tornam o sistemas de
isolamento térmico pelo exterior uma solução técnica de elevada qualidade,
pois permitem:
- A dispensa de paredes duplas, permitindo a diminuição da espessura das
paredes e consequentemente um aumento da área habitável;
- A redução das pontes térmicas, permitindo um revestimento térmico sem
interrupções nas zonas estruturais e obtendo-se um coeficiente de transmissão
térmica nestas zonas próximo do da envolvente (Figura 4);
18
Figura 4: Continuidade do isolamento térmico permite reduzir as pontes térmicas [18]
- A redução do peso das paredes e das cargas permanentes sobre a estrutura;
- O aumento da inércia térmica interior dos edifícios, uma vez que a maior
parte da massa das paredes se encontra protegida das variações de
temperatura no interior da camada de isolante térmico. Este facto reflecte-se
na melhoria do conforto térmico de Inverno, por aumento dos ganhos solares
úteis, e também de Verão devido à capacidade de regulação da temperatura
interior;
- Melhoria da impermeabilidade das paredes, uma vez que este sistema é
classificado como estanque devido ao facto de ser composto por ligantes
sintéticos e mistos, actuando como uma barreira a humidades provenientes do
exterior;
- Acompanham os movimentos do edifício, pelo que não sofrem fissurações;
- Diminuição do gradiente de temperaturas a que são sujeitas as camadas
interiores das paredes. O choque térmico, bem como as temperaturas mais
severas ocorrem no isolante, estando a temperatura da parede sempre
próxima da temperatura interior (Figura 5);
19
Figura 5: Comparação do gradiente de temperaturas a que estão sujeitas uma parede dupla com
sistema tradicional de isolamento térmico aplicado na caixa-de-ar e uma parede simples com isolamento
térmico aplicado pelo exterior [18]
- Diminuição do risco de condensações no interior das paredes envolventes ou
à sua superfície, uma vez que a temperatura da superfície interior das paredes
é mais elevada, mesmo nas superfícies em contacto com vigas ou pilares,
afastando-se da temperatura de orvalho (limite inferior de temperatura a partir
do qual o vapor de água contido no ar passa para o estado líquido);
- Possibilidade de alteração do aspecto das fachadas e colocação em obra sem
perturbar os ocupantes dos edifícios, já que as intervenções são realizadas pelo
exterior;
- Custos de manutenção reduzidos;
3.3.2.3
Desvantagens do sistema de isolamento térmico pelo
exterior
Principais desvantagens apresentadas pelo sistema:
- Necessidade de mão-de-obra especializada;
- Aplicação dificultada quando há aberturas e pormenores complicados;
- Reacção ao fogo elevada;
20
3.3.2.4 Descrição do sistema ETICS
Os sistemas mais frequentes no mercado apresentam pequenas
variantes em torno de uma solução que é geralmente constituída por um pano
simples de alvenaria, o isolante térmico mais utilizado é o poliestireno
expandido moldado (EPS) em placas, coladas e/ou fixadas mecanicamente ao
pano de parede, sendo revestidas com um reboco delgado, aplicado em várias
camadas, armado com rede de fibra de vidro (Figura 6). Como acabamento é
utilizado, geralmente, um revestimento plástico espesso de carácter decorativo
e de estanquidade à água, que proporciona a resistência às solicitações
climáticas e mecânicas.
Figura 6: Constituição do sistema ETICS [12]
3.3.2.5 Materiais/elementos constituintes
Os elementos que constituem o sistema, bem como as suas
características variam de acordo com o fabricante, no entanto devem sempre
respeitar o respectivo documento de homologação.
As descrições e características que são apresentadas no Quadro 1 e
Quadro 2 foram obtidos com base na documentação técnica referenciada na
bibliografia do presente trabalho e dizem respeito aos componentes do sistema
ETICS com maior utilização no mercado ([5], [12], [13]).
21
Quadro 1: Materiais/elementos constituintes do sistema ETICS e principais características (Parte I)
ELEMENTOS CONSTITUINTES
CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES PRINCIPAIS
Produto utilizado para a preparação da cola que se destina a fixar, por
aderência, o isolante térmico ao suporte. Geralmente é um produto pré-doseado,
fornecido em:
MATERIAL DE COLAGEM
- Pó e ao qual se adiciona apenas água;
- Pó para mistura com um determinado ligante (resina);
- Pasta, à qual se adiciona 30% em peso de cimento Portland;
O isolamento térmico destina-se a aumentar a resistência térmica da parede na
qual é aplicado o sistema.
Os componentes químicos do poliestireno expandido (EPS) são o poliestireno, o
agente expansor (principalmente o pentano) e o ar. Pode ser fornecido em placas
com contorno plano ou com entalhe. A espessura de isolamento a utilizar deverá
ser definida pelo cálculo térmico. [14]
As placas de EPS são o isolamento térmico mais utilizado para o sistema ETICS,
PLACAS DE ISOLANTE TÉRMICO
(EPS)
devido às suas características, nomeadamente:
- A leveza: permitindo fácil manuseamento e aligeirando a estrutura;
- A facilidade de corte;
- Resiste à humidade e à putrefacção;
- Baixa condutibilidade térmica, devido à sua estrutura de células fechadas e
cheias de ar que dificultam a passagem de calor;
- Estabilidade dimensional;
- Bom comportamento face à água;
- Permeável ao vapor de água;
A camada de base é constituída pelo reboco (barramento) de alguns milímetros
de espessura (entre 2 e 5mm), executado em várias passagens sobre o
CAMADA DE BASE
isolamento, de forma a permitir o completo recobrimento da armadura. O
produto utilizado é geralmente idêntico ao de colagem.
Para as armaduras, é utilizada rede de fibra de vidro (tecidas ou termo-coladas),
incorporadas na camada de base, com tratamento de protecção anti-alcalino.
ARMADURAS
Distinguem-se dois tipos de armaduras:
- As “armaduras normais” têm como função melhorar a resistência mecânica
do reboco e assegurar a sua continuidade;
- As “armaduras reforçadas” são utilizadas como complemento das
armaduras normais para melhorar a resistência aos choques do reboco.
O primário é basicamente uma pintura opaca à base de resinas em solução
aquosa, que é aplicada directamente sobre a camada de base. É necessário que o
PRIMÁRIO
produto seja compatível com a alcalinidade da camada de base.
O primário tem como finalidade regular a absorção e melhorar a aderência da
camada de acabamento. De salientar que nem sempre se aplica esta camada.
22
Quadro 2: Materiais/elementos constituintes do sistema ETICS e principais características (Parte II)
Como revestimento final é normalmente utilizado um revestimento plástico
espesso (RPE). No entanto, e consoante a marca de cada sistema, podem ser
utilizados outros revestimentos desde que convenientemente testados e
REVESTIMENTO DE
ACABAMENTO
especificados no documento de homologação do sistema.
A camada de acabamento confere um aspecto decorativo e contribui para a
protecção do sistema contra os agentes climatéricos. Esta camada é aplicada
sobre a camada de base ou sobre a camada de primário (caso exista).
Em determinados casos (edifícios em altura) é necessário recorrer à fixação
mecânica das placas de isolamento térmico. Nos sistemas colados, apesar de a
sua estabilidade ser totalmente assegurada pela colagem, também é possível
utilizar fixações mecânicas complementares.
As fixações mecânicas destinam-se, eventualmente, a fixar as placas de
FIXAÇÃO MECÂNICA
isolamento até à secagem da cola ou, a evitar a queda das mesmas, em caso de
descolagem do sistema.
São utilizadas fixações compostas por buchas em plástico de cabeça circular
com, pelo menos 50 mm de diâmetro e por um prego ou um parafuso metálico
no seu interior.
O sistema ETICS inclui também produtos e componentes que se utilizam para o
reforço de pontos singulares, para a ligação com elementos construtivos e para
assegurar a continuidade do sistema. Deste modo, para reforço das arestas do
sistema, utilizam-se perfis em alumínio, aço inoxidável, fibra de vidro ou ainda em
PVC ou alumínio com armaduras de fibra de vidro.
ACESSÓRIOS
Os perfis metálicos de ligação com elementos construtivos poderão ser em:
- Alumínio ou aço inoxidável (perfis de arranque, perfis laterais à vista ou não,
peitoris, capeamentos);
- Alumínio pré-lacado ou anodizado (perfis à vista);
- Zinco (rufos e capeamentos).
Não deverão ser utilizados perfis em aço galvanizado.
3.3.2.6 Aplicação do sistema ETICS
O sistema ETICS é aplicado em paredes exteriores de edifícios novos ou
existentes (reabilitação), cujos suportes podem ser constituídos por:
- Paredes de alvenaria de pedra, tijolo, blocos de betão de inertes
correntes ou blocos de betão leve;
- Paredes de painéis pré-fabricados de betão;
- Paredes de betão moldado “in situ” de inertes correntes ou leves.
23
O sistema pode também ser aplicado em superfícies horizontais ou
inclinadas, desde que estas não estejam expostas à precipitação, por exemplo,
a sub-face de varandas. É aplicado ainda em suportes rebocados, pintados ou
com revestimentos orgânicos ou minerais, desde que sejam convenientemente
preparados.
Existe um grande número de operações envolvidas na aplicação dos
ETICS, existindo listas extensas com a sequência correcta, nas recomendações
técnicas dos fabricantes e em bibliografia da especialidade. De uma forma
muito generalista, a execução de um sistema de isolamento térmico deste tipo
pode ser descrita na seguinte sequência de operações:
1. Preparação do suporte, que deve estar limpo e sem grandes irregularidades
superficiais;
2. Fixação mecânica ao suporte dos perfis de arranque (limitam o contorno
inferior dos ETICS (Figura 7);
Figura 7: Perfil de arranque onde apoia primeira fiada de placas [13]
3. Fixação das placas de isolante térmico ao suporte. Como foi anteriormente
referido, esta fixação poderá ser por colagem (Figura 8), mecânica (Figura 9)
ou ambas. A colagem mais eficaz é a contínua, uma vez que as colagens por
pontos ou bandas originam espaços vazios nas placas, sendo que ao longo
do tempo estas têm maior probabilidade de empenar;
24
Colagem contínua
Colagem por pontos
Colagem por bandas
Figura 8: Exemplos de colagem das placas de isolante térmico
Figura 9: Fixação Mecânica [13]
4. Colagem dos perfis de canto, sobre o isolante térmico (Figura 10);
Figura 10: Cantoneira [13]
5. Aplicação da primeira demão da camada de base, com recurso a uma
talocha metálica, recobrindo as cantoneiras de protecção;
25
6. Colocação e embebimento da armadura do revestimento, sobre a primeira
demão da camada de base, ainda fresca, mediante passagem com a talocha
metálica (Figura 11);
Figura 11: Embebimento da armadura do revestimento na camada de base
7. Após secagem da primeira demão da camada de base aplica-se uma nova
demão, recobrindo por completo a armadura;
8. Eventual aplicação do primário sobre a camada de base, por forma a
melhorar a aderência da camada de acabamento;
9. Aplicação, com talocha ou rolo, da camada de acabamento final do
revestimento (Figura 12).
Figura 12: Aplicação da camada de acabamento final
Importa mais uma vez referir que as várias fases descritas são de
carácter particularmente exemplificativo, devendo para cada sistema a aplicar
ser estritamente seguidas as várias fases definidas e detalhadas nos respectivos
manuais técnicos de cada fabricante.
26
Na
Figura
13
apresentam-se
algumas
imagens
referentes
a
particularidades da aplicação do sistema.
a) Reforço dos cantos junto aos vãos [13]
b) Perfil na zona da padieira [13]
c) Reforço da armadura no contorno dos vãos da fachada [14]
Figura 13: Particularidades da aplicação do sistema ETICS
3.3.2.7 Patologias
Um estudo realizado em França [19], permitiu verificar quais as
anomalias mais frequentes dos ETICS (Figura 14). Os dados são referentes às
anomalias declaradas às companhias de seguros entre 1979 e 1985.
27
Figura 14: Distribuição das patologias associadas aos ETICS [18]
Das principais anomalias apresentadas pelo sistema enumera-se em
seguida possíveis causas:
Quadro 3: Anomalias mais frequentes e possíveis causas [20]
TIPO DE ANOMALIA
CAUSAS DE DEGRADAÇÃO
DESCOLAGEM DO SISTEMA

Deficiente preparação do suporte

Falta do produto de colagem

Movimentos acentuados do suporte

Acção da água no tardoz (infiltrações pelo bordo superior)

Falta pontual de armadura

FISSURAÇÃO DO REVESTIMENTO
Espessura de revestimento muito reduzida

Armadura insuficientemente embebida na camada de base

Colocação defeituosa das cantoneiras

Aplicação do sistema feita em zonas e épocas de grande
concentração de esporos no ar
DESENVOLVIMENTO DE VEGETAÇÃO

Aplicação
em
condições
climáticas
propícias
ao
desenvolvimento de líquenes
PARASITÁRIA

Aplicação de revestimentos contaminados (deficiência de
armazenamento)

água
ANOMALIAS ASSOCIADAS AO
ASPECTO DO REVESTIMENTO
Fixação de poeiras nas zonas de escorrência preferencial da

Manchas provenientes da oxidação de metais (caixilhos e
capeamentos)
28
3.3.3 Comportamento térmico
Nesta secção do trabalho, apresentam-se com base no ITE 50 [2], os
valores do coeficiente de transmissão térmica para o sistema ETICS (composto
por tijolo furado 30x20x22 e isolante térmico EPS) - Quadro 4 - e para a solução
parede dupla com isolante térmico (XPS) a preencher parcialmente o espaço de
ar e panos de alvenaria de tijolo furado 30x20x15 + 30x20x11 - Quadro 5.
Quadro 4: Coeficiente de transmissão térmica para o sistema ETICS
2
EPS (mm)
U (W/m .°C)
30
0.67
40
0.58
60
0.45
80
0.37
Quadro 5: Coeficiente de transmissão térmica para parede dupla com isolante térmico XPS
2
XPS (mm)
U (W/m .°C)
30
0.65
40
0.55
60
0.42
80
0.35
Como se pode observar pelos quadros anteriores, a solução parede
dupla apresenta coeficientes de transmissão térmica sensivelmente mais baixos
que a solução ETICS. No entanto, para o mesmo isolante térmico (EPS), as duas
soluções apresentam valores idênticos de coeficiente de transmissão térmica
(Quadro 6).
Quadro 6: Coeficiente de transmissão térmica para parede dupla com isolante térmico EPS
2
EPS (mm)
U (W/m .°C)
30
0.67
40
0.58
60
0.45
80
0.37
29
30
CAPÍTULO 4- ANÁLISE DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DOS EDIFÍCIOS
4.1
Introdução
Neste capítulo serão apresentadas as ferramentas que foram utilizadas na
análise do comportamento térmico do edifício em estudo, nomeadamente, o RCCTE e
o software Energy Plus.
Sendo o edifício novo e de carácter residencial, a utilização do RCCTE para a
elaboração deste trabalho é fundamental, uma vez que, entre outros aspectos, as
soluções construtivas a adoptar deverão estar em conformidade com este dispositivo
legal, pelo que a sua descrição será feita neste capítulo. Também a ferramenta de
cálculo, Energy Plus será abordada, ressalvando que serão apenas descritos os
comandos utilizados na elaboração deste trabalho.
4.2
O RCCTE
Em Portugal, o Regulamento das Características de Comportamento térmico
dos Edifícios, aprovado pelo Decreto-Lei nº40/90, de 6 de Fevereiro [2], foi o primeiro
instrumento legal que impôs requisitos ao projecto de novos edifícios e de grandes
remodelações de modo a salvaguardar a satisfação das condições de conforto térmico
nesses edifícios sem necessidades excessivas de energia, quer no Inverno, quer no
Verão. Em paralelo, o RCCTE visava também garantir a minimização de efeitos
patológicos na construção derivados das condensações internas e superficiais nos
elementos da envolvente.
Vinte anos passaram e verifica-se que o RCCTE constituiu um marco
significativo na melhoria da qualidade da construção em Portugal. Alguns dos
pressupostos do regulamento, tal como definido em 1990, têm vindo a alterar-se. O
actual RCCTE (Decreto-lei nº 80/2006) [23], à semelhança da versão de 1990, analisa
em separado as estações de aquecimento e arrefecimento, mantendo requisitos
exigênciais em função de cada zona climática, tendo estas sido actualizadas com dados
climáticos mais detalhados. Porém, as metodologias adoptadas para o cálculo das
necessidades de aquecimento e de arrefecimento foram actualizadas tendo por base
as normas europeias referenciadas na Directiva Comunitária 2002/91/CE [27]
31
(estabelece que os Estados Membros deverão proceder à elaboração de regulamentos
que conduzam à redução dos consumos energéticos nos edifícios bem como à sua
revisão periódica de 5 em 5 anos e, se necessário, à actualização dos mesmos a fim de
reflectirem o progresso técnico no sector). Passa a ter também em conta novos
parâmetros, tais como o factor de forma do edifício e a permeabilidade ao ar das
caixilharias e, quantifica de uma forma mais pormenorizada o efeito das pontes
térmicas lineares e planas, tendo em vista uma melhor avaliação da qualidade térmica
do edifício.
O RCCTE de 2006 torna ainda obrigatório, para todos os novos edifícios, o
recurso a sistemas de colectores solares térmicos para aquecimento de água sanitária
desde que os edifícios possuam uma exposição solar adequada, prevendo ainda, em
alternativa aos painéis para aquecer a água nos edifícios, o recurso a outras formas
renováveis de energia com capacidade de captação equivalente numa base anual, que
podem ser utilizadas para outros fins que não o de aquecimento de água se tal for
mais eficiente ou conveniente.
A nova versão do RCCTE contabiliza, assim, a energia despendida para
produção de águas quentes sanitárias e tem em conta o tipo de sistema de
aquecimento e de arrefecimento bem como as fontes de energia primária utilizadas,
conduzindo a diferentes requisitos em função da eficiência dos equipamentos.
4.2.1. Metodologia de Cálculo
Neste ponto do trabalho será descrita, de uma forma simplificativa, a
metodologia de cálculo do RCCTE. Dado que o estudo realizado incide no impacto
da solução construtiva da envolvente ao nível das necessidades energéticas do
edifício, será apenas abordado o cálculo das necessidades de aquecimento e
arrefecimento.
 Condições de Referência:
- As condições ambientais de conforto de referência são uma temperatura de
20°C para o Inverno e uma temperatura do ar de 25°C e 50% de humidade
relativa para o Verão;
32
- A taxa de referência para a renovação de ar, para garantia da qualidade do ar
interior, é de 0,6 renovações por hora, devendo as soluções construtivas
adoptadas garantir este valor sob condições médias de funcionamento.
 Método de Cálculo das Necessidades de Aquecimento
Considera-se todo o edifício como uma única zona, mantido permanentemente à
mesma temperatura de referência (20°C).
As necessidades anuais de aquecimento do edifício (Nic) - por área útil de
pavimento (Ap) – são obtidas pelo balanço entre as perdas de calor pela
envolvente, por condução (Qt) e por renovação de ar (Qv), e os ganhos de calor
úteis (Qgu), de acordo com a equação 1:
[kWh/m2.ano]
(1)
A metodologia de cálculo para cada um destes termos apresenta-se de seguida,
de forma muito sintética.
- Perdas de calor por condução através da envolvente: são obtidas pela soma
das perdas por zonas correntes (paredes, envidraçados, pavimentos e
coberturas) em contacto com o exterior (Qext) ou locais não aquecidos (Qlna),
perdas por paredes ou pavimentos em contacto com o solo (Qpe) e perdas por
pontes térmicas (Qpt):
[kWh/ano]
(2)
Sendo cada uma destas categorias de perdas obtidas como se indica:
[kWh]
[kWh]
[kWh]
(3)
(4)
(5)
33
[kWh]
(6)
Em que os diferentes parâmetros têm o seguinte significado:
0,024 - Resultado obtido pela expressão 24 horas/1000;
A - Área do elemento (m2);
U - Coeficiente de transmissão térmica do elemento da envolvente (W/m2.°C);
GD - Graus-dias de aquecimento (função do local e tabelado no anexo II do
RCCTE);
Τ - Coeficiente de redução das perdas térmicas associadas aos locais não
aquecidos (Tabela IV.1 do RCCTE);
Lpe - Perdas unitárias de calor através dos elementos de construção em contacto
com o terreno, Lpe = j x Bj (coeficiente de transmissão térmica linear – Tabela IV.2
do RCCTE – e desenvolvimento da parede medido pelo interior do elemento j);
Lpt - Perdas unitárias de calor através das pontes térmicas, Lpt = j x Bj (coeficiente
de transmissão térmica linear da ponte térmica linear – Tabela IV.3 do RCCTE – e
desenvolvimento da ponte térmica linear j medido pelo interior);
- Perdas de calor resultantes da renovação do ar: são obtidas através da seguinte
expressão:
[kWh/ano]
(7)
Em que:
Ap - Área útil de pavimento (m2);
Pd - Pé direito (m);
Rph - Taxa de renovação horária (h-1) (Quadro IV.1 do RCCTE).
- Ganhos térmicos úteis: são obtidos através do produto dos ganhos térmicos
brutos (Qg) pelo factor de utilização dos ganhos (), como mostra a equação 8:
 [kWh]
34
(8)
Sendo os ganhos térmicos brutos, por sua vez, o resultado da soma dos ganhos
térmicos internos – Qi (ganhos de calor associados ao metabolismo dos
ocupantes e calor dissipado nos equipamentos e nos dispositivos de iluminação),
com os ganhos solares (Qs):
[kWh]
(9)
Estas duas categorias de ganhos são obtidas a partir das seguintes expressões,
respectivamente:
[kWh]
(10)
]
(11)
[kWh]
Nestas equações os diferentes parâmetros têm as seguintes definições:
qi – Ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil de pavimento, em
W/m2 (Quadro IV.3 do RCCTE);
M – Duração média da estação de aquecimento (meses) (Anexo II do RCCTE);
Gsul – Valor médio mensal da energia solar média incidente numa superfície
vertical orientada a Sul de área unitária durante a estação de aquecimento
(kWh/m2.mês) (Quadro III.8 do RCCTE);
X – Factor de orientação para as diferentes exposições (Quadro IV.4 do RCCTE);
Asnj – Área efectiva colectora da radiação solar da superfície n que tem
orientação j (m2), dada por:
[m2]
(12)
Em que:
A – Área total do vão envidraçado, isto é, área da janela, incluindo vidro e
caixilho (m2);
Fg – Factor fracção envidraçada, que contabiliza a redução da transmissão de
radiação solar devido ao caixilho do envidraçado (Quadro IV.5 do RCCTE);
35
Fw – Factor de correcção da selectividade angular dos envidraçados. Traduz a
redução dos ganhos solares causada pela variação das propriedades do vidro
com o ângulo de incidência da radiação solar directa. Para vidros correntes
simples e duplos assume o valor 0,9;
g - Factor solar do vão envidraçado, obtido consultando a Tabela IV.4.1 e IV.4.2
do RCCTE relativamente a superfícies de vidro ou de plástico, respectivamente;
Fs – Factor de obstrução, que contabiliza a redução de transmissão de radiação
solar devido a vários obstáculos, dado pela equação 13:
(13)
Sendo:
Fh – Factor de obstrução por obstáculos exteriores ao edificio (Tabela IV.5 do
RCCTE);
Fo – Factor de obstrução por elementos horizontais sobrepostos ao envidraçado,
como palas e varandas (Tabela IV.6 do RCCTE);
Ff – Factor de obstrução por elementos verticais adjacentes ao envidraçado,
como palas de corpo do edifício (Tabela IV.7 do RCCTE);
O factor de utilização dos ganhos úteis () depende da inércia térmica do
edifício traduzida por um factor (a) – igual a 1,8 para inércia térmica fraca, 2,6
para inércia térmica média e 4,2 para inércia térmica forte – e da relação ()
entre os ganhos e as perdas térmicas do edifício, da forma que se indica:

se 1
(14)

se =1
Em que:
(15)
36
A classe de inércia térmica interior do edifício é obtida a partir de um índice
de massa superficial útil através da equação 16:
[kg/m2]
(16)
Em que:
Msi – Massa superficial útil do elemento i (kg/m2), obtida de acordo com o
princípio de cálculo descrito no Anexo VII do RCCTE;
Si – Área da superfície interior do elemento i (m2);
Ap – Área útil de pavimento (m2).
Conforme a gama de valores deste índice, a classe de inércia térmica interior é
por sua vez, definida de acordo com o Quadro 7 (Quadro VII.6 do RCCTE):
Quadro 7: Classes de inércia térmica interior (Quadro VII.6 do RCCTE)
2
CLASSE DE INÉRCIA
MASSA SUPERFICIAL ÚTIL POR METRO QUADRADO DE ÁREA DE PAVIMENTO (kg/m )
Fraca
It < 150
Média
150  It < 400
Forte
It > 400
O valor limite das necessidades nominais de energia útil para aquecimento (N i)
é função do factor de forma e dos Graus-dias de aquecimento.
O factor de forma traduz a compacidade do edifício e é obtido através do
quociente entre o somatório das áreas da envolvente exterior e interior do
edifício, através das quais se verificam trocas de calor, afectadas do coeficiente τ
e o respectivo volume interior.
 Método de Cálculo das Necessidades de Arrefecimento
As necessidades nominais de arrefecimento de uma fracção autónoma de um
edifício correspondem à energia útil que seria necessário retirar para que no seu
37
interior não seja excedida a temperatura de 25°C durante toda a estação
convencional de arrefecimento (desde Junho até Setembro, inclusive).
As necessidades de arrefecimento do edifício (Nvc) são calculadas com recurso à
expressão 17:

[kWh/m2.ano]
(17)
Em que:
 – Factor de utilização dos ganhos solares e internos na estação de
(
arrefecimento. O coeficiente  tem o mesmo significado do definido na situação
de Inverno, no entanto é calculado com base em condições distintas;
Qg – Ganhos totais brutos, obtidos através da equação 18:
[kWh]
(18)
Sendo:
Qs – Ganhos solares através dos vãos envidraçados;
Qi – Cargas internas, devidas aos ocupantes, aos equipamentos e à iluminação;
Qar-Sol - Ganhos solares pela envolvente opaca devidos à incidência da radiação
solar:
(19)
Nesta equação, os diferentes parâmetros têm as seguintes definições:
 - Coeficiente de absorção da superfície exterior da parede (Quadro V.5 do
RCCTE);
Ir – Intensidade média de radiação total incidente em cada orientação durante
toda a estação de arrefecimento (kWh/m2) (Quadro III.9 do RCCTE);
38
he – Conductância térmica superficial exterior do elemento da envolvente, que
toma o valor de 25W/m2.°C).
O valor limite das necessidades nominais de energia útil para arrefecimento
depende da zona climática onde se insere o edifício.
 Aspectos Gerais
O cálculo das perdas por condução através dos elementos da envolvente é
função do seu coeficiente de transmissão térmica (U) e da área (A) que ocupam
nas diferentes soluções construtivas. Para cada zona climática foi estabelecido
um valor de U máximo admissível de elementos opacos, sendo que, para zonas
de ponte térmica plana o valor de U não pode ser superior ao valor dos
elementos homólogos em zona corrente e respeitando sempre os valores
máximos estabelecidos.
Realizar uma análise térmica com base no actual RCCTE torna-se simples,
com recurso a folhas de Excel programadas para o efeito, só o cálculo dos
ganhos solares é mais complexo, devido ao elevado número de factores
multiplicativos que é necessário calcular (factor de orientação, fracção
envidraçada, factor de sombreamento, factor de selectividade angular dos
envidraçados, etc.).
4.3
O Energy Plus
O Energy Plus é um programa informático utilizado para o estudo do
comportamento térmico dos edifícios e do consumo energético associado. Foi
desenvolvido pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos da América,
resultando de dois programas já existentes, o Blast e o DOE-2. O Energy Plus pode ser
obtido online, de uma forma rápida e gratuita.
A estrutura do programa apresenta-se na Figura 15, sendo composta por três
componentes básicos: um Controlador de Simulação, um Módulo de Simulação do
Balanço de Calor e Massa e um Módulo de Simulação dos Sistemas da Edificação. O
Controlador da Simulação coordena os Módulos de Simulação nas suas acções
39
individuais. O programa faz a simulação do balanço térmico e de massa de uma
determinada zona de um edifício. Poderão ser introduzidos, na zona a analisar, os
vários sistemas de climatização nela existentes, de forma a obter os consumos
associados às temperaturas interiores pretendidas [28].
Figura 15: Diagrama de funcionamento do Energy Plus [3]
O Energy Plus apresenta um ambiente gráfico pouco atractivo mas revela-se
uma ferramenta extremamente útil dadas as suas capacidades, de entre as quais se
destaca o seu sistema modular que permite definir várias zonas térmicas e, de forma
diferenciada, obter resultados relativamente à infiltração e aos ganhos internos. Com
este software é possível simular um diverso conjunto de cenários, como a geometria,
as soluções construtivas, os sistemas de climatização e até diferentes hábitos dos
ocupantes, tornando-o numa mais-valia no objectivo de encontrar soluções
vantajosas, que dificilmente se poderiam obter através de cálculos manuais.
O programa dispõe da possibilidade de fornecer os dados resultantes das
simulações em intervalos de tempo (time-step) máximos de uma hora, podendo o
utilizador optar por intervalos mais reduzidos, obtendo desta forma um conhecimento
mais pormenorizado do comportamento térmico do edifício.
O cálculo das necessidades energéticas de um edifício com recurso ao Energy
Plus é realizado através da inserção de dados pelo utilizador, tais como: geometria do
edifício, materiais e diferentes soluções construtivas, hábitos dos ocupantes, sistemas
40
de climatização, bem como do respectivo ficheiro climático correspondente à zona de
implantação do edifício.
Na Figura 16 apresenta-se um esquema geral de funcionamento do Energy Plus,
ilustrando apenas os módulos utilizados para elaboração desta dissertação.
Dados introduzidos pelo utilizador:
- Geometria do edifício (coordenadas);
- Materiais e soluções da envolvente;
- Zonas térmicas;
- Ganhos internos;
Ficheiro climático
- Infiltração;
- Sistemas de climatização.
Dados obtidos através da simulação:
- Temperatura exterior;
- Temperatura interior para cada zona térmica;
- Ganhos internos;
- Ganhos e perdas através da envolvente opaca;
- Ganhos e perdas pelos vãos envidraçados;
- Ganhos e perdas por infiltração;
- Energia fornecida para aquecimento;
- Energia fornecida para arrefecimento.
Figura 16: Diagrama de dados de entrada e saída do Energy Plus
Os dados são inseridos pelo utilizador num editor de texto, em formato IDF
(Input Date File) (Figura 17), pelo que é aconselhável, à medida que se introduzem os
dados, especialmente a geometria, utilizar o EP-Launch para fazer frequentes
simulações por forma a ir eliminando eventuais erros. Nos arquivos de saída do Energy
Plus, estão, entre outros, um ficheiro em formato “Error log”, onde os erros são
agrupados consoante a gravidade. A detecção de um erro do tipo “warning” não
compromete a simulação e está associado a erros menos gravosos. Um erro do tipo
41
“severe” pode comprometer os resultados da simulação e tem impreterivelmente de
ser corrigido, bem como um erro do tipo “fatal”, resultante da combinação dos dois
tipos anteriores e que impede a ocorrência da simulação [10]. A geometria modelada
pode ser observada através de um ficheiro em formato CAD.
Os resultados obtidos para cada simulação podem ser convertidos em gráficos
com recurso ao programa Excel, para uma melhor interpretação dos resultados, sendo
esta a metodologia apresentada no presente trabalho.
Há dois aspectos a salientar: apesar de o programa possibilitar a definição de
um sistema de climatização, como o principal objectivo deste trabalho é a
caracterização das trocas de calor através da envolvente (variando apenas as soluções
construtivas e a localização do edifício), optou-se por não considerar nenhum
equipamento específico, quantificando-se apenas a energia útil necessária à promoção
das condições de conforto térmico, traduzidas simplificadamente em dois valores
limite de temperatura do ar: 20°C para o Inverno (que não deve ser inferiormente
excedido) e 25°C para o Verão (valor que não deve ser superiormente excedido). O
outro aspecto prende-se com a ventilação, tendo-se optado pela introdução de ar no
edifício de forma controlada, através de taxas de renovação horárias, de acordo com o
RCCTE.
No ponto 4.5 serão descritos os principais comandos utilizados no Energy Plus
para realização desta dissertação.
Figura 17: Arquivo de entrada do Energy Plus
42
4.4
Análise Estática versus Análise Dinâmica
Para realização deste trabalho optou-se pela análise do comportamento
térmico do edifício com base numa análise estática (RCCTE) e dinâmica (Energy Plus).
A análise estática com recurso ao regulamento RCCTE tem por base um
conjunto de pressupostos (como temperatura constante para o interior e exterior,
durante as estações de aquecimento e arrefecimento) que, na realidade, podem não
corresponder às condições que os edifícios estão sujeitos. Na verdade, especialmente
as condições exteriores são muito variáveis, mesmo ao longo de um só dia. Basta
observar um registo de temperaturas ou de humidades relativas de um dia, para se
encontrar amplitudes consideráveis. No entanto, embora pouco rigorosa, a análise de
comportamento térmico de um edifício com base no RCCTE fornece uma estimativa
aceitável das necessidades energéticas para cada estação, na premissa da temperatura
ser mantida nos valores de referência definidos no regulamento.
No que diz respeito à análise dinâmica é possível elaborar simulações de grande
complexidade com base num elevado número de variáveis, obtendo-se então
resultados mais próximos da realidade. A análise dinâmica permite analisar ao
pormenor de uma forma rigorosa, os diferentes tipos de gastos energéticos nas
diferentes estações do ano e a partir daqui definir soluções com o intuito de tornar o
edifício mais eficiente energeticamente.
De um modo geral, como principais vantagens e desvantagens da análise
estática e dinâmica pode-se destacar:
Modelos estáticos:
- Vantagens: simples, um auxiliar à decisão quando usado para comparar resultados de
consumos energéticos de diferentes soluções genéricas de projecto (orientação, área
de envidraçado...) com uma solução de referência.
- Desvantagens: cálculos manuais e cálculos grosseiros (não tem em conta a variação
das acções desenvolvidas no interior do edifício).
Modelos dinâmicos:
- Vantagens: modelação ao longo do período do tempo (diária, horária, etc.); tem em
conta dados meteorológicos com recurso a ficheiros climáticos da zona de implantação
43
do edifício; possibilidade de definição de diferentes zonas térmicas dentro do mesmo
espaço.
- Desvantagens: com recurso ao software o projectista perde a sensibilidade de
cálculos manuais.
De acordo com o balanço energético, pode resumidamente referir-se as
principais diferenças entre a metodologia do RCCTE e a do Energy Plus:
- Ganhos internos: resultam, como já foi anteriormente referido, do
funcionamento de equipamentos e iluminação, assim como dos hábitos dos
ocupantes. Tendo conhecimento das actividades dos ocupantes e da quantidade de
energia consumida em iluminação e equipamentos, com o Energy Plus é possível obter
um valor mais preciso para os ganhos internos, apesar de estes serem dificilmente
quantificáveis de uma forma exacta. O RCCTE assume um valor médio em Watt por
metro quadrado consoante a finalidade do edifício e que se mantém constante para
ambas as estações;
- Ganhos solares: no RCCTE são assumidos valores genéricos relativamente à
radiação incidente, contrariamente ao Energy Plus cuja análise varia com a intensidade
e incidência da radiação solar;
- Ventilação: pelo RCCTE é adoptado um valor constante de taxa de renovação
horária, em função da classe de caixilharia, existência ou não de estores e dispositivos
de admissão na fachada e da classe de exposição ao vento das fachadas do edifício.
Com Energy Plus é possível variar a taxa de renovação de ar.
4.5
Comandos de Entrada de Valores do Energy Plus
Seguidamente, serão descritos, de uma forma sumária, os campos do Energy
Plus utilizados na elaboração do presente trabalho. Cada campo engloba um conjunto
de comandos, como se pode observar na Figura 18. A sua denominação é inglesa mas
44
será apresentada a respectiva tradução. Para um conhecimento mais aprofundado do
programa, sugere-se a consulta do respectivo manual do software [3].
De salientar que na descrição efectuada serão realçadas todas as opções
tomadas na modelação do caso em estudo, remetendo-se para o capítulo seguinte
alguns pormenores referentes à elaboração do modelo introduzido no programa.
Poderia ter sido feita uma apresentação do programa ao nível dos algoritmos,
pressupostos e rotinas de cálculo, no entanto, achou-se mais interessante apresentar
os comandos necessários para proceder à modelação de um edifício, na medida em
que, uma pessoa sem formação no Energy Plus ao seguir os comandos apresentados
consegue estar habilitada para fazer uma modelação.

Simulation Parameters (Parâmetros de simulação)
Neste campo o utilizador introduz o número da versão de software que está a
utilizar (neste caso, 3.1), estabelece o controlo da simulação, define a edificação, o
período de cálculo do movimento solar, o algoritmo de convecção interior e
exterior, o algoritmo de transferência de calor pela envolvente, o factor
multiplicativo do volume de ar nas zonas (sempre igual a 1.0) e define o time-step
(intervalo de tempo da simulação) (Figura 18).
Para o controlo de simulação optou-se apenas pela simulação do ficheiro
climático. No comando edificação (Building) atribuiu-se um nome ao caso em estudo
(moradia), introduziu-se o ângulo do edifício em relação ao Norte (0° para o edifício
em estudo), a zona de implantação (cidade), as tolerâncias de convergência quer de
temperaturas quer de cargas, a distribuição solar, o número máximo de dias de teste
para verificação das respectivas convergências (25) e a distribuição solar. Neste
último ponto, optou-se por uma distribuição apenas exterior (FullExterior4) por
razões de geometria.
Para o cálculo do movimento solar, cujo objectivo passa pela determinação da
variação das sombras no edifício, optou-se por um intervalo de 20 dias considerando
assim as mudanças significativas da posição solar, em detrimento de uma variação
4
Toda a radiação transmitida para o interior da zona é apenas absorvida pelo piso, de acordo
com a sua absorção solar.
45
diária das sombras que aumentaria significativamente o tempo dispendido em cada
simulação, cujos cálculos teriam de ser efectuados para todos os dias do ano.
A escolha do algoritmo de convecção interior e exterior incidiu sobre o modelo
detalhado, tendo-se optado para o algoritmo de transferência de calor pela
envolvente, pelo algoritmo de condução (ConductionTransferFunction), uma vez que
o se pretende apenas considerar, para efeitos de simulação, a ocorrência de
fenómenos de transmissão de calor por condução, desprezando o armazenamento
de humidade nos elementos construtivos.
No que diz respeito ao intervalo de tempo (TimeStep), os períodos temporais
terão de ser inferiores a uma hora, permitindo obter resultados detalhados ao longo
de um dia. O Energy Plus apenas aceita valores divisíveis por 60, tendo-se optado
para o presente estudo por resultados de 15 em 15 minutos, pelo que o time-step
toma o valor de 4.
Figura 18: Arquivo de entrada do campo Simulation Parameters

Location and Climate (Localização e Clima)
Neste campo são introduzidos dados referentes à localização do edifício,
nomeadamente, latitude, longitude, entre outros. No entanto, como se optou pela
utilização dos ficheiros climáticos, o preenchimento da totalidade dos comandos
deste campo torna-se desnecessário, uma vez que o programa sobrepõe os dados
dos ficheiros, relativamente aos indicados pelo utilizador.
46
Foi então necessário definir unicamente dois comandos: o período de
simulação
(RunPeriod)
-
Figura
19
-
e
as
temperaturas
do
solo
(Site:GroundTemperature:BuildingSurface).
No período de simulação são introduzidos o dia e o mês de inicio e fim de
simulação, bem como o número de anos ao longo dos quais se pretende que este se
realize. Para a análise do caso de estudo, foram definidos dois períodos distintos,
correspondentes às estações de Aquecimento (Inverno) e Arrefecimento (Verão),
tendo em conta as durações definidas pelo actual RCCTE e sendo sempre a sua
duração de apenas 1 ano.
Uma vez que a moradia se encontra em contacto com o terreno foi então
necessário obter as temperaturas deste, consoante o local de implantação. Com
recurso ao ficheiro climático, através do ícone Utilities presente no EP-Launch,
selecciona-se a opção slab e corre-se o programa. Concluído este processo, o
utilizador sai do programa e posteriormente acede aos ficheiros gerados em formato
GTP de onde se retiram as temperaturas médias do terreno.
Figura 19: Definição do período de simulação
47

Schedules (Horários)
Neste campo determina-se o grau de utilização e operação do edifício, sendo
definido o funcionamento dos equipamentos, iluminação e as temperaturas de
controlo nas zonas térmicas por um determinado período de tempo, neste caso
considerou-se que os shedules funcionavam todo o ano.
Os Schedules definidos estabelecem ligação com outros campos do programa,
de modo a criar condições que se aproximem da realidade do edifício. Neste
trabalho optou-se por utilizar o campo Schedule:Compact uma vez que deste modo
é possível aceder a todos os Schedules num único comando, facilitando a introdução
dos dados e posteriores consultas dos mesmos. No entanto, para o ideal
funcionamento deste comando, é necessário definir uma ligação com o comando
ScheduleTypeLimits, onde se define os limites mínimos e máximos dos valores
existentes no Schedule:Compact e o tipo de variáveis, discretas ou contínuas.

Surface Construction Elements (Materiais e Elementos da Envolvente)
Neste campo serão inseridos os materiais que compõem as diferentes soluções
construtivas adoptadas para o edifício em estudo, a caixa-de-ar para o caso da
solução parede dupla, os tipos de vidro e o respectivo espaço de ar (vidros duplos),
assim como a protecção solar dos vãos envidraçados.
Os materiais regulares e as suas respectivas características, como grau de
rugosidade, espessura, condutibilidade térmica (valores retirados do ITE 50 [2]),
densidade calor específico e as absorções térmica, solar e visível, são introduzidos
no comando Materials. A caixa-de-ar das paredes duplas é introduzida no comando
Material:AirGap e o seu valor de resistência térmica é retirado de [2]. O comando
WindowMaterial:Glazing diz respeito ao vidro e respectivas propriedades, cuja
informação poderá ser obtida através da base de dados que o programa
disponibiliza. WindowMaterial:Gas é o comando onde se introduz o espaço de ar
relativo ao vidro duplo. A protecção dos vãos envidraçados é tida em conta no
comando WindowMaterial:Shade e neste caso optou-se pela introdução de estores.
No final, é então preenchido o comando Construction onde se define as
diferentes
48
soluções
construtivas
(paredes
exteriores,
paredes
interiores,
pavimentos, cobertura) através da combinação dos materiais introduzidos (Figura
20). Estes materiais são obrigatoriamente colocados do exterior para o interior.
Figura 20: Definição das soluções construtivas no comando Construction

Thermal Zones and Surfaces/ Geometry (Zonas Térmicas e Geometria)
Por zona térmica entende-se o conjunto de espaços que se encontram
submetidos ao mesmo controlo térmico. No caso em estudo, a moradia corresponde
a uma única zona térmica, que foi definida no comando Zone. Para tal, foi necessário
introduzir as coordenadas de origem, a altura do tecto e o volume interior.
Para efectuar a modelação do edifício é necessário definir previamente o
critério a adoptar para a leitura das coordenadas cartesianas, por parte do Energy
Plus. Assim, para ponto inicial de inserção de dados, foi definido o canto inferior
esquerdo de cada superfície, sendo os vértices seguintes definidos de acordo com o
sentido contrário aos ponteiros do relógio e o referencial utilizado será relativo a
cada zona. De salientar que a visualização dos elementos para determinação das
respectivas coordenadas é feita tendo em conta que o observador se encontra no
exterior do elemento a definir (Figura 21).
Após a definição dos parâmetros anteriores, procede-se então à inserção dos
elementos da envolvente, indicando o tipo de superfície (parede, pavimento,
cobertura, tecto), a solução construtiva, a zona térmica onde se insere, as condições
49
adjacentes (terreno, interior, exterior ou outras), bem como a sua exposição ao sol e
ao vento.
Figura 21: Definição da geometria dos elementos no comando BuildingSurface:Detailed
O passo seguinte passa pela inserção de subsuperfícies5 nos elementos da
envolvente, como é o caso das portas e janelas. Para tal, através do comando
FenestrationSurface:Detailed, introduzem-se as coordenadas cartesianas de cada
subsuperfície e, entre outros aspectos, indica-se a superfície onde a janela/porta se
insere, o controlo de sombreamento e a caixilharia.
É também neste campo que se definem as propriedades das caixilharias
(WindowProperty:FrameAndDivider,
a
actividade
dos
estores
(WindowProperty:ShadingControl) e os sombreamentos imóveis, tais como palas
(Shading:Zone:Detailed).
A massa referente às paredes interiores é introduzida no comando
InternalMass, colocando o respectivo nome definido no Construction, a zona térmica
correspondente e a respectiva área exposta na mesma.
Importa ainda referir, que todo este processo de definição dos elementos da
envolvente e de todas as subsuperfícies é, um processo lento cuja conclusão implica
5
Qualquer elemento de outro material colocado numa superfície.
50
a realização de várias simulações, para detecção de possíveis erros, sempre
susceptíveis de ocorrer quando se insere um grande volume de dados e, nos quais, o
nível de pormenor a ter em atenção é elevado e determinante. Com todos os dados
inseridos e verificando-se que o programa não reporta quaisquer tipos de erros é
possível visualizar a modelação em 3D através do ficheiro CAD, presente na pasta
dos arquivos de saída, como já tinha sido anteriormente referido.

Internal Gains (Ganhos internos)
Com o Energy Plus é possível contabilizar os ganhos internos como resultado de
várias fontes, como sejam, a iluminação, os equipamentos e a ocupação humana.
Para a determinação destes ganhos internos foi necessário definir Schedules que
serão utilizados neste campo.
Os ganhos proporcionados pela ocupação humana devem-se essencialmente à
energia consumida para elaboração, ao longo do dia, das mais variadas tarefas. Foi
então definido um Schedule que reflectisse a presença dos ocupantes na habitação e
o metabolismo das suas actividades, valores que podem ser obtidos através da base
de dados do programa. Para a iluminação e equipamentos foi atribuído um valor de
consumo médio em Watt por metro quadrado e através dos Schedules foi definida a
percentagem de funcionamento ao longo dos dias.
 Zone Air Flow (Renovação de ar)
Neste campo é contabilizada a quantidade de ar, proveniente do exterior, que
se infiltra directamente no interior de cada zona térmica (Figura 22).
Para a realização da presente dissertação, o modelo de ar utilizado consiste
apenas na infiltração de ar que ocorre de forma natural no edifício. Para tal
preencheu-se o comando ZoneInfiltration:DesignFlowRate e utilizou-se a mesma
taxa de renovação horária, assumida aquando da análise pelo RCCTE. Foi necessário
criar um Schedule referente à infiltração, onde se assumiu que esta ocorreria em
todas as horas ao longo do ano.
51
Figura 22: Definição da taxa de renovação horária no Energy Plus

Zone HVAC Controls and Thermostats (Controlo de Aquecimento e
Arrefecimento)
Neste campo do Energy Plus define-se, para cada zona térmica, o controlo
térmico pretendido, isto é, os valores de temperatura que se pretende que o edifício
assuma ao longo do ano. As temperaturas consideradas na análise do
comportamento térmico do caso em estudo foram de 20°C para a estação de
Aquecimento e de 25°C para a estação de Arrefecimento. Para a situação de
Inverno, o programa apenas aquece as zonas quando a temperatura baixa o valor
estabelecido ao passo que, no Verão, apenas arrefece quando a temperatura é
superior ao valor fixado, sendo que, é possível haver alternância entre as duas
situações. Este controlo de temperatura exige a actuação de equipamentos
(inseridos nos campos a seguir descritos) e a definição de limites mínimos e
máximos das temperaturas, com recurso a Schedules.
52

Zone HVAC Forced Air Units (Unidades de ar forçado)
Para definição dos parâmetros correspondentes aos equipamentos utilizados
para
aquecimento
e
arrefecimento,
foi
utilizado
o
comando
ZoneHVAC:IdealLoadsAirSystem. Estes equipamentos são virtuais, isto é, são
sistemas 100% eficientes, sem ganhos internos e que permitem manter a
temperatura no intervalo estipulado, adicionando ou retirando carga térmica, de
acordo com as necessidades do edifício. De salientar que foi considerada a opção
NoOutdoorAir por forma a que o funcionamento dos equipamentos não afectem a
taxa de renovação de ar e esta seja exclusivamente de forma natural.

Zone HVAC Equipment Connections (Conexão entre equipamentos)
Este campo é constituído apenas por dois comandos e está directamente
relacionado com o campo anterior, dado que será aqui que são definidos os
equipamentos fictícios presentes nas zonas que se pretende obter conforto térmico.
No comando ZoneHVAC:EquipmentList foram então definidos os equipamentos e
estabelecida uma ligação com as suas respectivas propriedades estabelecidas no
campo Zone HVAC Forced Air Units. No comando ZoneHVAC:EquipmentConnections
foram criados os nós de entrada e saída de ar de modo a construir um ciclo na zona
HVAC.

Report (Relatório da Simulação)
O Report permite seleccionar todas as variáveis cujos resultados se pretendem
analisar. O Energy Plus disponibiliza uma enorme variedade de variáveis e apresenta
as mesmas num arquivo de saída, para cada simulação realizada.
A solicitação das variáveis pretendidas é feita no comando Output:Variable, no
qual se define também a frequência de obtenção dos valores (Figura 23). Uma
descrição detalhada dos resultados obtidos será apresentada no capítulo seguinte,
onde se expõe a metodologia adoptada para a recolha de dados do programa.
53
Figura 23: Solicitação das variáveis no Energy Plus
54
CAPÍTULO 5- O CASO DE ESTUDO. METODOLOGIA DO TRABALHO
5.1
Introdução
Neste capítulo, primeiramente será feita a apresentação do caso de estudo e
numa segunda parte, a descrição da metodologia adoptada para recolha e
interpretação dos resultados obtidos através do Energy Plus, embora no capítulo
anterior já tenham sido referidas algumas das opções tomadas tanto na modelação
com Energy Plus, como na aplicação do RCCTE.
Apresenta-se também a metodologia utilizada para definição do modelo de
cálculo dinâmico com recurso ao RCCTE, de modo a ser possível efectuar uma
comparação entre os resultados obtidos através dos dois métodos. Esta comparação é
exposta na última parte do presente capítulo e feita unicamente para uma solução
construtiva do sistema ETICS, sendo que os restantes resultados analisados se baseiam
exclusivamente no software utilizado.
5.2
Apresentação do Caso de Estudo
O caso de estudo abordado nesta dissertação refere-se a um edifício de
habitação unifamiliar, de tipologia V3 e com uma área útil de pavimento de 145.3 m2.
Na
Figura 24 apresenta-se a planta da moradia e da Figura 25 à Figura 28 são
apresentados os alçados. A moradia é constituída unicamente por um piso térreo e as
áreas úteis das diferentes dependências encontram-se no Quadro 8. Como já foi
referido anteriormente, a escolha de edifício de habitação unifamiliar prende-se com o
facto de usualmente os estudos realizados com simulações recorrerem a células de
teste (cubos), de já terem sido realizados vários estudos relativamente a edifícios
multifamiliares e, como é de conhecimento geral, com as maiores exigências em
termos energéticos apresentadas por uma moradia.
A escolha do projecto em si prende-se com o facto de a moradia apresentar
uma geometria simples e tendo em conta que a introdução desta no Energy Plus é
feita através de coordenadas, foi uma forma de simplificar este procedimento.
55
Figura 24: Planta da moradia em estudo
Figura 25: Alçado Sul
Figura 26: Alçado Norte
56
Figura 27: Alçado Oeste
Figura 28: Alçado Este
Quadro 8: Dependências da casa e respectivas áreas úteis
DEPENDÊNCIA
ÁREA ÚTIL (m2)
Hall
9.90
Sala de estar
42.50
Cozinha
17.00
Casa das máquinas
4.75
Instalação sanitária
6.15
Quarto 01
15.20
Quarto 02
21.00
Suite
20.50
Instalação sanitária suite
8.30
Estruturalmente, a moradia em estudo será concebida em betão armado, com
uma malha estrutural composta por pilares e laje aligeirada.
57
As soluções construtivas que compõem as fachadas vão variar entre o sistema
ETICS com diferentes espessuras de isolante térmico (Figura 29) – apresentado
portanto um coeficiente de transmissão térmica variável - e entre uma solução
construtiva composta por parede dupla.
Figura 29: Pormenor construtivo do sistema ETICS em zona corrente
No caso da cobertura, será plana invertida (isolante térmico sobre
impermeabilização) e de acesso limitado. Será composta pelo revestimento interior
(tecto), laje aligeirada de betão armado, camada de regularização que define a
pendente para as águas pluviais, impermeabilização, o isolante térmico e por fim, seixo
rolado (Figura 30).
Figura 30: Pormenor construtivo da cobertura
58
O pavimento terá a particularidade de ser isolado na totalidade, sendo a
espessura de isolante térmico aplicada de acordo com a adoptada para a envolvente
exterior, isto é, quando as fachadas são constituídas por uma espessura de isolante de
4cm significa que o pavimento térreo terá também na sua constituição, isolante
térmico com a mesma espessura. Da solução construtiva do pavimento térreo, fazem
parte: camada de enroncamento, massame armado, o isolante térmico, betonilha de
regularização e como revestimento de piso, adoptou-se o pavimento flutuante (Figura
31) e para as zonas húmidas (instalações sanitárias e cozinha), revestimento cerâmico.
Figura 31: Pormenor construtivo do pavimento térreo
É importante salientar que o cálculo dos coeficientes de transmissão térmica
de cada solução construtiva é apresentado no anexo I.
Relativamente ao revestimento interior das paredes e do tecto serão estucados
e pintados com tinta de água de cor branca, à excepção da cozinha e instalações
sanitárias, onde as paredes interiores serão revestidas com azulejos cerâmicos.
Uma imposição arquitectónica com relevância no comportamento térmico do
edifício e que obviamente interessa referir, prende-se com o sistema de protecção dos
vãos envidraçados, tendo-se optado pela solução mais corrente, ou seja, a instalação
de estores exteriores.
59
5.3
Metodologia utilizada para comparação dos modelos
De modo a comparar os resultados obtidos através do Energy Plus com os
obtidos pelo RCCTE é necessário efectuar uma comparação do modelo base
(basicamente constitui o “ponto de partida” para a realização das diversas simulações),
feita de acordo com o regulamento da térmica. Esta comparação não é obrigatória
dada a validade das duas metodologias, no entanto, é feita por dois motivos: só a
análise face ao RCCTE está em vigor em Portugal e, para a análise dinâmica, dado o
grande número de variáveis de valor igual é possível minimizar eventuais erros que
possam surgir ao longo do trabalho e ter uma maior percepção da validade do modelo
definido no software, tendo então por base os pressupostos do regulamento.
É importante referir que a comparação dos dois modelos – o dinâmico e o
estático – exige a consideração dos mesmos dados climáticos, nomeadamente,
temperaturas exteriores e radiação solar. Neste ponto existe uma grande diferença
entre os dois métodos: no caso do Energy Plus, os dados de temperatura e radiação
solar são fornecidos numa base horária através de ficheiros próprios, estabelecidos
para cada localização climática [10]. No caso do RCCTE, como é um método
simplificado, vocacionado para avaliar comportamentos médios e não instantâneos, a
informação climática fornecida é bastante mais sintética e traduz-se, de uma forma
resumida, nos seguintes parâmetros:
- Graus – Dias de aquecimento, para o Inverno;
- Energia solar média (numa base mensal para o Inverno);
- Temperatura média para a estação de arrefecimento.
Deste modo, não existe correspondência entre os ficheiros de dados climáticos
do Energy Plus e os dados sintéticos do RCCTE, pelo que serão admissíveis as
diferenças nos resultados obtidos entre os dois métodos.
Neste ponto da dissertação serão então descritas todas as opções e
pressupostos assumidos para obtenção do modelo de simulação com base nos dados
do RCCTE. De salientar que, não é objectivo do trabalho, obter resultados idênticos
entre o Energy Plus e o RCCTE, até porque, em linha com o descrito acima, estes
utilizam diferentes dados e variáveis. Procura-se sim, a obtenção através do Energy
60
Plus de valores coerentes, cujas diferenças relativamente aos do regulamento possam
ser justificadas com base nos pressupostos adoptados para cada um dos métodos.
5.3.1. Pressupostos para elaboração do modelo de Inverno
Para elaboração do modelo de simulação referente à estação de Inverno foi
necessário adoptar alguns pressupostos, que serão abordados neste ponto do
trabalho.
Segundo o RCCTE, a duração da estação de aquecimento varia de concelho
para concelho. Para a cidade de Bragança o Inverno assume uma duração de 8
meses, pelo que, no Energy Plus foi considerado que esta estação compreende
todos os dias entre 1 de Outubro e 31 de Maio. Já para a cidade de Lisboa, o
regulamento estabelece 5,3 meses como duração da estação de aquecimento,
tendo sido então considerado no Energy Plus os dias compreendidos entre 1 de
Novembro e 17 de Abril.
No que respeita aos ganhos internos médios, o RCCTE define para os
edifícios residenciais o valor de 4 W/m2, sendo que, no Energy Plus, como já foi
anteriormente referido, embora haja a possibilidade de determinar este valor
consoante os hábitos dos ocupantes ao longo do ano optou-se por se considerar
um valor próximo do definido no regulamento.
Quanto à taxa de renovação de ar, o valor introduzido no Energy Plus foi o
determinado através do RCCTE, consoante a classe de exposição do edifício, a
presença de dispositivos de admissão de ar na fachada e a classe da caixilharia.
Para controlo dos dispositivos móveis de protecção dos envidraçados
(estores), no software considerou-se que, durante a noite, os dispositivos estão
activos se a temperatura exterior for inferior a 20°C, e desactivados durante o dia
(este tipo de controlo é possível através de dispositivos de controlo de
temperatura introduzidos nos estores). Este valor de temperatura, como foi
mencionado na secção 4.5 desta dissertação, tem a ver com o valor definido pelo
RCCTE como temperatura de conforto de referência.
61
Convém mais uma vez salientar que não é objectivo deste trabalho obter
valores idênticos entre o software e o regulamento mas sim, analisar a diferença
dos resultados obtidos entre os dois métodos.
5.3.2. Pressupostos para Elaboração do Modelo de Verão
A duração da estação de arrefecimento, ao contrário do que sucede com a
estação de aquecimento que é variável, apresenta uma duração fixa para todos os
concelhos, que compreende o período entre o dia 1 de Junho até ao dia 30 de
Setembro, de acordo com o estabelecido nas definições do RCCTE [23].
A definição dos ganhos internos e da taxa de renovação de ar é idêntica à
situação de Inverno, sendo portanto, constantes.
No que diz respeito aos dispositivos de sombreamento móveis, segundo a
regulamentação, para a estação de arrefecimento, assume-se que estão activados
a 70%. No entanto, no Energy Plus, admitiu-se que os dispositivos são accionados
durante a noite e o dia quando a temperatura exterior exceder os 25°C. À
semelhança do Inverno, este valor é definido no RCCTE como temperatura interior
de referência.
Para e estação de arrefecimento, o regulamento não tem em conta os
ganhos térmicos pela envolvente, ao passo que, o Energy Plus contabiliza estes
ganhos.
5.3.3. Variáveis solicitadas ao programa Energy Plus
Para ter noção da influência da envolvente exterior dos edifícios no seu
comportamento térmico é essencial proceder a uma recolha de todos os dados
inerentes às trocas de energia que ocorrem através dos elementos que delimitam
o interior do exterior do edifício em estudo. Para tal, através do comando
Output:Variable foram solicitadas as seguintes variáveis:
1) Zone Window Heat Gain Energy
2) Zone Window Heat Loss Energy
3) Zone Opaque Surface Inside Face Conduction Gain Energy
62
4) Zone Opaque Surface Inside Face Conduction Loss Energy
5) Zone Infiltration Total Heat Gain
6) Zone Infiltration Total Heat Loss
7) Ideal Loads Air Total Cooling Energy
8) Ideal Loads Air Heating Energy
As variáveis de 1) a 4) dizem respeito aos ganhos e perdas através dos
envidraçados e da envolvente opaca, respectivamente. Como já foi descrito
anteriormente considerou-se também a infiltração (5 e 6) e a quantidade de
energia necessária para arrefecer/aquecer o edifício de modo a assegurar a
temperatura interior de conforto pretendida. Adicionalmente às variáveis acima
enumeradas, foram também solicitadas ao programa as correspondentes aos
ganhos internos (iluminação, equipamentos e habitantes) e ainda as variáveis
Outdoor dry Bulb e Mean Air Temperature, respectivamente temperatura exterior
e temperatura interior da zona térmica. Todas as variáveis referidas foram
solicitadas ao programa para todos os elementos e/ou zonas térmicas inseridas no
modelo para o período de simulação definido, à excepção das temperaturas
exterior e interior que foram obtidas para um dia extremo de inverno e um dia
típico de verão.
Terminadas as simulações, o programa cria uma pasta com os vários
ficheiros de saída, entre os quais se encontra um ficheiro que pode ser consultado
através de uma folha de cálculo. É então a partir deste ficheiro que são organizados
os resultados obtidos facilitando a sua análise.
5.4
Análise dos resultados obtidos - Análise estática face à análise dinâmica
Face ao exposto nos pontos anteriores do presente capítulo, nesta secção são
apresentados os resultados obtidos pelo RCCTE e pelo Energy Plus. Para tal, considerase o edifício em estudo localizado na cidade de Lisboa e o sistema ETICS composto por
3 cm de EPS, como solução construtiva das fachadas. Os restantes elementos
(pavimento, cobertura) são de acordo com o definido no ponto 5.2 do presente
capítulo.
63
Lisboa está classificada como zona climática I1. Primeiramente serão
apresentados os resultados obtidos para a estação de Inverno e posteriormente para a
estação de Verão.
 Inverno
Para a estação de aquecimento, os dados obtidos para as duas metodologias,
RCCTE e Energy Plus são os que se apresentam na Figura 32.
50
45
40
kWh/m2
35
30
25
20
15
10
5
0
Energy Plus
RCCTE
Ganhos
Infiltração
0,00
Perdas
Infiltração
48,63
Ganhos
Internos
15,70
Ganhos
Envidraçados
35,52
Perdas
Envidraçados
10,58
Ganhos
Envolvente
2,51
Perdas
Envolvente
42,23
NIC
27,90
0,00
20,19
15,26
24,45
10,91
0,00
33,60
27,13
Figura 32: Resultados obtidos através do Energy Plus e do RCCTE para a cidade de Lisboa com ETICS 3cm
de EPS
Analisando os resultados obtidos para a estação de aquecimento, as
necessidades energéticas resultantes do Energy Plus são relativamente próximas das
obtidas pelo RCCTE, apresentando uma diferença de aproximadamente 1kWh/m2.
Verifica-se uma grande diferença nos valores das perdas por infiltração (28.43
kWh/m2), pese embora a taxa de renovação de ar utilizada nos dois métodos tenha
sido a mesma, o método de cálculo do RCCTE é muito diferente do Energy Plus, sendo
que este considera uma área útil maior, uma vez que a geometria é definida pelas
linhas médias, ao passo que no RCCTE é medida pelo interior.
Os valores dos ganhos internos são relativamente próximos, no entanto não
são valores exactos, uma vez que foram definidos tendo em conta o valor médio por
unidade de área útil de pavimento recomendado no regulamento. No que diz respeito
64
aos ganhos pelos envidraçados, o valor obtido com recurso ao software difere
superiormente em cerca de 11.07 kWh/m2, que poderá ser justificado pelos dados
relativos às propriedades dos envidraçados. No RCCTE, o valor de condutibilidade
térmica utilizado foi retirado do ITE 50 [10], ao passo que, o Energy Plus, para além das
propriedades do vidro, também tem em conta as dimensões e condutância da
caixilharia definida, bem como outras propriedades que permitem uma caracterização
térmica dos elementos mais próxima da real. Deste modo, um menor rigor ou uma
maior simplificação por parte do regulamento para a caracterização dos vãos
envidraçados pode então reflectir-se na diferença de valores apresentada
relativamente ao software utilizado.
Quanto às perdas pela envolvente exterior, o valor obtido no Energy Plus é
superior ao do RCCTE, 8.63 kWh/m2, no entanto, esta diferença é minimizada pelo
facto do regulamento não considerar os ganhos pela envolvente durante a estação de
aquecimento.
De uma forma geral, as diferenças obtidas entre os dois métodos devem-se
essencialmente às diferentes abordagens de cálculo adoptadas e aos dados climáticos
associados, como foi exposto na secção 5.3 do presente capítulo. E como foi
anteriormente referido numa fase inicial do presente trabalho, enquanto o Energy Plus
elabora uma análise dinâmica, determinando as trocas de calor em cada instante da
simulação, o RCCTE considera um cenário estático, em que as trocas de calor são
determinadas em regime permanente para as duas estações de referência, Verão e
Inverno.
 Verão
Para a estação de arrefecimento, os dados obtidos para as duas metodologias,
RCCTE e Energy Plus são os que se apresentam na Figura 33.
65
25
kWh/m2
20
15
10
5
0
Ganhos
Infiltração
Perdas
Infiltração
Energy Plus
2,89
9,34
RCCTE
0,00
4,15
Ganhos
Internos
Perdas
Envidraçado
s
4,45
Ganhos
Envolvente
Perdas
Envolvente
NVC
9,42
Ganhos
Envidraçado
s
20,07
7,42
13,86
11,32
11,71
9,74
2,24
11,05
6,89
19,42
Figura 33: Resultados obtidos através do Energy Plus e do RCCTE, para a cidade de Lisboa, com ETICS 3cm
de EPS
Ao contrário do que se verificou para a estação de aquecimento, no Verão, os
valores obtidos pelo RCCTE para as necessidades de arrefecimento são superiores aos
do Energy Plus em cerca de 8.1 kWh/m2. Estes resultados não vão de encontro com o
que era esperado, uma vez que o RCCTE é mais conservativo no cálculo das
necessidades de arrefecimento. Embora as perdas por infiltração sejam superiores
para o software, o facto de o RCCTE não considerar ganhos de infiltração na estação de
arrefecimento, quando se faz a diferença entre perdas e ganhos o valor global obtido é
mais próximo do que se verifica pelo regulamento. A diferença observada entre as
perdas e ganhos pelos envidraçados prende-se com o facto de o regulamento
considerar que para esta estação os dispositivos de sombreamento móveis estão
activados a 70%. Como foi explicado na secção 5.3.2, para definição no Energy Plus do
sistema de sombreamento durante o Verão, considerou-se que este se encontra activo
sempre que a temperatura exterior exceder os 25°C.
No que diz respeito aos ganhos pela envolvente opaca, são superiores no RCCTE,
tornando-se num aspecto pejorativo dado estar a ser analisada a estação de
arrefecimento. As diferenças apresentadas para a estação de Verão não são muito
distintas e podem ser justificadas pela diferente abordagem entre os dois métodos.
66
CAPÍTULO 6- ANÁLISE DE RESULTADOS
6.1
Introdução
Após apresentação dos pressupostos subjacentes ao trabalho realizado são
apresentados no presente capítulo os resultados obtidos e a respectiva análise. Na
primeira parte apresenta-se os resultados referentes ao município de Lisboa e na
segunda parte, os resultados obtidos para Bragança.
De salientar que, todos os resultados apresentados no presente capítulo
baseiam-se unicamente no software utilizado, o Energy Plus. Será feita uma
abordagem comparativa entre a solução parede dupla e o sistema ETICS, variando a
espessura de isolante deste.
6.2
Lisboa
Lisboa está classificada como zona climática I1. Primeiramente apresenta-se
uma análise comparativa entre a solução parede dupla e diferentes espessuras de EPS
para o sistema ETICS, posteriormente será elaborada uma análise percentual das
perdas sofridas pelo edifício e ainda uma análise ao nível da temperatura média
interior.
6.2.1. Parede dupla versus diferentes espessuras de EPS do sistema
ETICS
Seguidamente apresenta-se os resultados obtidos com recurso ao Energy
Plus referentes a uma parede dupla composta por dois panos de alvenaria de tijolo
30x20x15 e 30x20x11, caixa-de-ar de 3cm e isolante térmico XPS de 4cm,
comparando os valores para as diferentes espessuras de EPS que compõem o
sistema ETICS (pano simples de alvenaria 30x20x22). Os resultados dizem respeito
às necessidades energéticas, obtidas em kWh/m2.
67
 Inverno
Representa-se na Figura 34 os resultados obtidos para as necessidades de
aquecimento.
30
Nic (kWh/m2)
25
20
15
Parede Dupla
10
5
0
ETICS (3)
ETICS (4)
ETICS (6)
ETICS (8) ETICS (10)
Figura 34: Necessidades de Aquecimento para a cidade de Lisboa
Para melhor compreensão da diferença entre os valores representados
graficamente, apresenta-se o Quadro 9.
Quadro 9: Valores de Necessidades de Aquecimento para a cidade de Lisboa
2
SOLUÇÃO CONSTRUTIVA
Nic (kWh/m )
Parede Dupla
24.89
ETICS (3)
24.84
ETICS (4)
24.08
ETICS (6)
23.20
ETICS (8)
21.82
ETICS (10)
20.63
Como se pode observar, no que diz respeito às necessidades energéticas de
aquecimento para Lisboa, o sistema ETICS com EPS 3cm apresenta-se como uma
68
solução energeticamente mais eficaz do que a parede dupla (apesar da diferença
ser mínima), sendo que, como era de esperar, à medida que se aumenta a
espessura de isolante a solução torna-se energeticamente mais eficaz do que a
parede dupla. Como foi referido, Lisboa enquadra-se na zona climática I1, ou seja,
corresponde a uma zona com menores necessidades de aquecimento no Inverno,
pelo que uma solução de envolvente composta por sistema ETICS com 3cm de
isolante é suficientemente melhor do que uma parede dupla com 4cm de XPS. Este
facto pode justificar-se pela melhoria de comportamento térmico verificada no
sistema ETICS, na correcção das pontes térmicas.
 Verão
Para a estação de arrefecimento, Lisboa está inserida na zona climática V2.
Representa-se na Figura 35 os resultados obtidos para as necessidades de
aquecimento.
18
16
14
Nvc (kWh/m2
12
10
8
Parede Dupla
6
4
2
0
ETICS (3)
ETICS (4)
ETICS (6)
ETICS (8) ETICS (10)
Figura 35: Necessidades de Arrefecimento referentes à cidade de Lisboa
Para melhor compreensão da diferença entre os valores representados
graficamente, apresenta-se o Quadro 10.
69
Quadro 10: Valores de Necessidades de Arrefecimento para a cidade de Lisboa
2
SOLUÇÃO CONSTRUTIVA
Nvc (kWh/m )
Parede Dupla
12.97
ETICS (3)
11.32
ETICS (4)
12.46
ETICS (6)
13.81
ETICS (8)
14.86
ETICS (10)
15.56
Para a estação de arrefecimento, Lisboa é classificada como zona climática
V2, tendo deste modo necessidades energéticas médias e como se pode observar
pelo gráfico o sistema ETICS com 3 e 4cm de isolante obtêm menores necessidades
energéticas. Como já era esperado, à medida que aumenta a espessura de isolante,
cresce o valor das necessidades de arrefecimento, uma vez que essas soluções
retêm mais o calor, provocando uma maior necessidade de arrefecer o edifício.
6.2.2. Variação da temperatura interior
A obtenção das temperaturas interiores é efectuada num regime de
funcionamento sem climatização. O sistema encontra-se programado para
funcionar sempre que a temperatura seja inferior ou superior à temperatura de
conforto para a estação de aquecimento ou de arrefecimento, respectivamente e
neste caso estará inactivo.

Dia extremo de Inverno
Seguidamente são apresentados no Quadro 11 os resultados obtidos
aquando da simulação para o dia extremo de Inverno, isto é, para o dia onde se
verifica uma temperatura exterior mais baixa, neste caso, o dia 31 de Janeiro. De
salientar que o dia mais extremo de Inverno foi obtido através do parâmetro de
simulação Temperatura Exterior, com base no ficheiro climático de Lisboa.
70
Quadro 11: Variação da Temperatura Interior para um dia extremo de Inverno (Lisboa)
Hora
Temperatura Exterior (°C)
Parede Dupla
ETICS 3
ETICS 6
ETICS 10
00:00
5.88
14.20
14.08
14.16
14.36
02:00
5.85
14.10
13.98
14.05
14.25
03:00
5.51
13.96
13.84
13.92
14.12
04:00
5.21
13.84
13.72
13.80
13.99
05:00
4.91
13.73
13.61
13.68
13.87
06:00
4.61
13.61
13.49
13.56
13.75
07:00
4.25
13.48
13.36
13.43
13.62
08:00
4.23
13.42
13.30
13.37
13.55
09:00
4.68
13.63
13.50
13.56
13.74
10:00
5.53
14.00
13.85
13.90
14.08
11:00
6.65
14.63
14.48
14.52
14.69
12:00
7.91
15.26
15.07
15.10
15.26
13:00
9.09
15.47
15.27
15.31
15.47
14:00
9.94
15.36
15.17
15.23
15.39
15:00
10.26
15.27
15.10
15.16
15.32
16:00
10.05
15.20
15.03
15.10
15.26
17:00
9.40
14.95
14.79
14.86
15.03
18:00
8.60
14.64
14.51
14.58
14.76
19:00
7.80
14.81
14.68
14.75
14.93
20:00
7.19
14.69
14.56
14.64
14.81
21:00
6.69
14.97
14.84
14.91
15.08
22:00
6.25
14.96
14.83
14.91
15.07
23:00
5.85
14.46
14.34
14.41
14.58
24:00
5.58
14.29
14.18
14.25
14.43
Na Figura 36 representa-se unicamente a variação de temperatura interior
com a solução parede dupla e para o sistema ETICS com 10 cm de isolante térmico,
uma vez que as variações entre os diferentes sistemas de ETICS são praticamente
nulas, as várias linhas ficam sobrepostas, sendo difícil diferenciá-las.
71
16
12
°C
Temperatura Exterior (°C)
8
PD
ETICS 10
4
Figura 36: Temperatura Interior para um dia extremo de Inverno, na cidade de Lisboa
Pode concluir-se que a solução que apresenta um melhor comportamento
térmico diz respeito ao sistema ETICS com 10cm de isolante, pese embora a
diferença entre a parede dupla não seja expressiva. A solução ETICS com 10cm de
isolante tem mais do dobro de isolante térmico face à solução parede dupla,
apresenta menos trocas de calor entre o exterior e o interior e tem uma inércia
térmica muito superior (aumentando significativamente a sua capacidade de
acumular calor), logo o desfasamento deveria ser mais significativo, isto é, as
amplitudes térmicas do exterior deveriam fazer-se notar mais tarde no interior.
Com os resultados obtidos, pode concluir-se que a temperatura de conforto
só é alcançada com recurso a sistemas de climatização.

Dia Típico de Verão
Seguidamente são apresentados os resultados obtidos aquando da
simulação para um dia típico de Verão, neste caso o dia 23 de Agosto. O dia típico
de Verão foi definido através do mesmo procedimento efectuado para o dia
extremo de Inverno.
72
Quadro 12: Variação da temperatura interior para o dia 23 de Agosto (Lisboa)
Hora
Temperatura Exterior (°C)
Parede Dupla
ETICS 3
ETICS 6
ETICS 10
01:00
16.45
25.30
24.77
25.39
25.64
02:00
15.58
25.03
24.51
25.13
25.38
03:00
15.44
24.90
24.39
25.00
25.25
04:00
15.28
24.78
24.27
24.88
25.13
05:00
15.14
24.66
24.15
24.76
25.00
06:00
15.23
24.57
24.07
24.67
24.91
07:00
15.86
24.70
24.17
24.76
25.01
08:00
17.20
24.91
24.36
24.95
25.19
09:00
19.11
25.19
24.62
25.21
25.45
10:00
21.40
25.60
25.03
25.60
25.84
11:00
23.80
26.13
25.57
26.10
26.34
12:00
26.01
26.77
26.21
26.73
26.94
13:00
27.86
27.36
26.78
27.34
27.57
14:00
29.06
27.74
27.17
27.73
27.96
15:00
29.59
27.99
27.42
27.99
28.22
16:00
29.39
28.16
27.57
28.14
28.37
17:00
28.45
28.14
27.53
28.09
28.32
18:00
26.81
27.71
27.14
27.69
27.94
19:00
24.73
27.38
26.87
27.41
27.67
20:00
22.71
26.93
26.43
27.01
27.28
21:00
21.06
27.07
26.59
27.15
27.41
22:00
19.75
26.89
26.42
26.97
27.24
23:00
18.74
26.25
25.76
26.35
26.62
24:00
17.96
25.99
25.49
26.10
26.38
À semelhança do que sucedeu para o dia extremo de Inverno, neste caso, a
variação da temperatura interior entre as diferentes soluções também não é
expressiva, optando-se por representar graficamente unicamente a solução parede
dupla e os sistemas ETICS com 3 e 10 cm de isolante térmico (Figura 37).
73
35
30
25
°C
Temperatura Exterior
20
Parede Dupla
ETICS 3
15
ETICS 10
10
Figura 37: Variação da Temperatura Interior para um dia típico de Verão, na cidade de Lisboa
Para a estação de arrefecimento, a temperatura de conforto é de 25°C e
como se pode observar pelo gráfico, sem sistema de climatização, todas as
soluções apresentam temperaturas interiores superiores aos 25°C, a partir das 10
horas da manhã. Através da Figura 37 pode também afirmar-se que todas as
soluções contemplam uma boa inércia térmica, uma vez que a grande amplitude
térmica no exterior não se faz sentir no interior da habitação. Todas as soluções
apresentam um comportamento razoável no que respeita à manutenção da
temperatura interior de conforto.
6.2.3.
Análise de sensibilidade
Para ter noção quais as maiores perdas de calor por parte do edifício em
estudo, para as diferentes espessuras de ETICS, apresenta-se no Quadro 13 as
percentagens de perdas que se verificam na estação de aquecimento.
74
Quadro 13: Gráficos referentes à percentagem de perdas no sistema ETICS
Como se pode observar pelo Quadro 13, a percentagem de perdas pela
envolvente não é muito significativa à medida que se aumenta a espessura do EPS,
variando 2% em 6 cm de isolante. Dos mesmos gráficos pode concluir-se que a
renovação de ar tem um peso preponderante, uma vez que para a estação de
aquecimento a temperatura exterior é maioritariamente inferior à temperatura de
conforto, havendo então muitas perdas por infiltração. Deste modo, é aconselhável
a limitação da renovação de ar na estação de aquecimento. Após análise destes
resultados optou-se por fazer uma nova simulação, com base no primeiro exemplo
exposto neste capítulo, alterando a taxa de renovação de ar para 0.6 renovações
por hora, valor mínimo recomendável pela NP 1037, sendo os resultados
apresentados seguidamente.
75
6.2.4. Necessidades de aquecimento obtidas com taxa de renovação de
ar conforme NP1037
Neste ponto do trabalho, foi realizada uma simulação para a solução ETICS
com EPS de 3cm alterando a taxa de renovação horária, dos 0.8 obtidos
inicialmente pelos procedimentos definidos no RCCTE, para o valor definido pela
NP 1037, nomeadamente, 0.6h-1.
kWh/m2
50
40
30
20
10
0
Ganhos
Infiltração
Perdas
Infiltração
Ganhos
Internos
Perdas
Envidraçado
s
10,65
Ganhos
Envolvente
Perdas
Envolvente
NIC
15,70
Ganhos
Envidraçado
s
35,47
Renovação 0.6
0,00
36,76
Renovação 0.8
0,00
48,63
2,42
42,59
21,80
15,70
35,52
10,58
2,51
42,23
27,90
Figura 38: Resultados obtidos para a estação de aquecimento (Lisboa), com diminuição da taxa de
renovação de ar
Como se pode observar pela Figura 38, diminuindo a taxa de renovação de
ar obtém-se um valor de necessidades energéticas inferior. Alterando a taxa de
renovação de 0.8 h-1 para 0.6 h-1 as necessidades energéticas diminuem cerca de
22%, sendo portanto relevante controlar a ventilação natural, por exemplo através
de portas e janelas mais estanques à entrada de ar.
6.3
Bragança
Bragança é uma cidade localizada na região Norte de Portugal e segundo o
RCCTE classifica-se como zona climática I3 (Inverno mais severo). À semelhança do
estudo desenvolvido para Lisboa, seguidamente serão apresentados os resultados
obtidos para Bragança.
76
6.3.1 Parede dupla versus diferentes espessuras de ETICS
Seguidamente apresenta-se os resultados obtidos com recurso ao Energy
Plus referentes a uma parede dupla composta por dois panos de alvenaria de tijolo
30x20x15 e 30x20x11, caixa-de-ar de 3cm e isolante térmico XPS de 4cm,
comparando os valores para as diferentes espessuras de EPS que compõem o
sistema ETICS (pano simples de alvenaria 30x20x22). Os resultados dizem respeito
às necessidades energéticas, obtidas em kWh/m2.
 Inverno
Representam-se na Figura 39 os resultados obtidos para as necessidades de
aquecimento.
80
70
Nic (kWh/m2)
60
50
40
Parede Dupla
30
20
10
0
ETICS (3)
ETICS (4)
ETICS (6)
ETICS (8) ETICS (10)
Figura 39: Necessidades de aquecimento para a cidade de Bragança
Para melhor compreensão da diferença entre os valores representados
graficamente, apresenta-se o Quadro 14. Posteriormente é feita a análise dos
resultados para a estação de Inverno, no município de Bragança.
77
Quadro 14: Valores de Necessidades de Aquecimento para a cidade de Bragança
2
SOLUÇÃO CONSTRUTIVA
Nic (kWh/m )
Parede Dupla
75.98
ETICS (3)
78.49
ETICS (4)
74.92
ETICS (6)
70.18
ETICS (8)
67.92
ETICS (10)
65.57
Tal como foi anteriormente referido, Bragança corresponde à zona climática
I3, apresentando maiores necessidades de aquecimento, pelo que, ao passo que
em Lisboa a solução ETICS com 3cm de isolante já apresentava um menor valor de
NIC face à parede dupla, neste caso, é a solução ETICS com 4cm de EPS que obtém
um menor valor de necessidades de aquecimento. Para o mesmo valor de
espessura de XPS e EPS a diferença de valor das necessidades de aquecimento é na
ordem dos 5%, mais favorável ao sistema ETICS.
 Verão
Para a estação de arrefecimento, à semelhança de Lisboa, Bragança
pertence à zona climática V2. Representam-se na Figura 40 os resultados obtidos
para as necessidades de aquecimento.
12
Nvc (kWh/m2)
10
8
6
Parede Dupla
4
2
0
ETICS (3) ETICS (4) ETICS (6) ETICS (8) ETICS (10)
Figura 40: Necessidades de arrefecimento para a cidade de Bragança
78
Para melhor compreensão da diferença entre os valores representados
graficamente, apresenta-se o Quadro 15. Posteriormente é feita a análise dos
resultados para a estação de Verão, no município de Bragança.
Quadro 15: Valores de Necessidades de Arrefecimento para a cidade de Bragança
2
SOLUÇÃO CONSTRUTIVA
Nvc (kWh/m )
Parede Dupla
8.32
ETICS (3)
7.22
ETICS (4)
7.91
ETICS (6)
8.70
ETICS (8)
9.34
ETICS (10)
9.80
Como seria de esperar, à medida que aumenta a espessura de isolante
térmico o valor das necessidades de arrefecimento aumenta uma vez que quanto
mais isolante maior a dificuldade do calor passar. Também para esta estação a
solução ETICS com 4cm de EPS se revela uma melhor solução face à parede dupla
que apresenta maior valor de NVC.
6.3.2 Variação da temperatura interior
A obtenção das temperaturas interiores é efectuada num regime de
funcionamento sem climatização. O sistema encontra-se programado para
funcionar sempre que a temperatura seja inferior ou superior à temperatura de
conforto para a estação de aquecimento ou de arrefecimento, respectivamente e
neste caso estará inactivo.

Dia extremo de Inverno
Através do relatório de simulação para a variação da temperatura exterior
ao longo da estação de aquecimento, constatou-se que o dia em que a
temperatura exterior é mais baixa é a 19 de Janeiro. Simulações realizadas sem
equipamentos de climatização activados permitiram obter os resultados que se
apresentam no Quadro 16.
79
Quadro 16: Variação da temperatura interior ao longo do dia 19 de Janeiro (Bragança)
Hora
Temperatura
Exterior
Parede
Dupla
ETICS 3
ETICS 6
ETICS 10
01:00
-2.44
6.28
6.52
5.91
5.37
02:00
-3.30
6.00
6.27
5.65
5.11
03:00
-3.36
5.91
6.18
5.57
5.02
04:00
-3.96
5.77
6.04
5.42
4.88
05:00
-4.80
5.58
5.85
5.24
4.70
06:00
-5.66
5.38
5.65
5.05
4.50
07:00
-5.69
5.28
5.56
4.95
4.41
08:00
-5.25
5.27
5.55
4.93
4.39
09:00
-4.79
5.17
5.43
4.82
4.27
10:00
-4.04
5.30
5.55
4.93
4.38
11:00
-3.20
5.60
5.84
5.20
4.65
12:00
-2.34
6.00
6.20
5.56
5.01
13:00
-1.19
6.40
6.57
5.92
5.37
14:00
0.18
6.71
6.87
6.23
5.67
15:00
1.51
6.90
7.05
6.43
5.87
16:00
1.94
6.84
7.00
6.38
5.82
17:00
1.78
6.65
6.83
6.21
5.65
18:00
1.64
6.59
6.79
6.16
5.61
19:00
1.16
6.83
7.01
6.42
5.87
20:00
0.53
6.75
6.95
6.35
5.80
21:00
-0.14
7.00
7.20
6.62
6.09
22:00
-0.53
7.02
7.22
6.64
6.11
23:00
-0.73
6.64
6.86
6.25
5.70
24:00
-0.93
6.55
6.78
6.15
5.60
Ao contrário do que se verificou para a cidade de Lisboa, em que a variação
de espessura de isolante térmico não incutia uma diferença relevante entre as
várias soluções, para Bragança, como mostra a Figura 41 já é possível obter
resultados mais expressivos.
80
8
6
4
2
Temperatura Exterior
Parede Dupla
°C
0
ETICS 3
ETICS 6
-2
ETICS 10
-4
-6
-8
Figura 41: Variação da temperatura interior num dia extremo de Inverno, na cidade de Bragança
Como se pode observar, sem sistema de climatização é impossível alcançar
a temperatura de conforto, 20°C, chegando mesmo a ser quase 16°C menores.
Estes resultados são bastante surpreendentes pois seria de esperar que a solução
com maior espessura de isolante térmico fosse a que obteria um melhor
comportamento térmico (pois tem maior resistência térmica, sendo o fluxo de
calor entre o exterior e o interior menor) e acontece exactamente o contrário,
sendo a solução com menor quantidade de isolante a que apresenta maiores
valores de temperatura interior. Este facto não poderá ser justificado pelo
fenómeno de radiação uma vez que para o cálculo do fluxo de calor resultante da
radiação estão presentes as variáveis: coeficiente de absorção de onda curta e
intensidade de radiação, sendo que estas não variam consoante a espessura do
isolante térmico. Deste modo, aparentemente, não existe uma explicação plausível
para estes resultados.
De referir que, a grande amplitude térmica que se verifica no exterior não
se faz sentir no interior, para qualquer das soluções.
81

Dia típico de Verão
Para um dia representativo da estação de arrefecimento, 8 de Junho, foram
feitas várias simulações com o sistema de climatização inactivo, de forma a obter a
temperatura que se verifica no interior da habitação para cada solução construtiva
que compõe a envolvente. Os resultados obtidos apresentam-se no Quadro 17.
Quadro 17: Variação da Temperatura interior para o dia 8 de Junho (Bragança)
Hora
Temperatura
Exterior
Parede Dupla
ETICS 3
ETICS 6
ETICS 10
01:00
21.48
29.25
28.54
29.40
30.14
02:00
20.78
29.04
28.34
29.19
29.93
03:00
19.78
28.80
28.11
28.96
29.70
04:00
19.09
28.59
27.91
28.76
29.50
05:00
18.65
28.42
27.75
28.60
29.33
06:00
18.19
28.23
27.56
28.41
29.14
07:00
19.31
28.32
27.64
28.48
29.20
08:00
21.35
28.67
27.98
28.78
29.50
09:00
23.41
28.99
28.27
29.06
29.76
10:00
25.95
29.45
28.71
29.49
30.17
11:00
28.75
30.05
29.31
30.09
30.74
12:00
31.55
30.77
29.99
30.79
31.45
13:00
33.10
31.26
30.46
31.28
31.97
14:00
33.90
31.57
30.77
31.59
32.28
15:00
34.70
31.86
31.06
31.89
32.57
16:00
34.31
32.06
31.22
32.05
32.74
17:00
33.28
32.11
31.24
32.06
32.73
18:00
32.21
32.02
31.15
31.96
32.62
19:00
30.43
31.85
31.02
31.83
32.48
20:00
28.23
31.23
30.49
31.27
31.94
21:00
26.03
31.22
30.48
31.26
31.92
22:00
24.45
30.93
30.27
31.05
31.72
23:00
23.25
30.21
29.55
30.37
31.09
24:00
22.05
29.88
29.21
30.06
30.79
A Figura 42 representa a variação da temperatura interior, na moradia em
estudo, para um dia típico de Verão, no município de Bragança.
82
40,00
35,00
30,00
25,00
°C
20,00
Temperatura Exterior
Parede Dupla
15,00
10,00
5,00
ETICS 3
ETICS 6
ETICS 10
0,00
Figura 42: Variação da temperatura interior, sem climatização, num dia típico de Verão, em Bragança
Como se pode observar pelo gráfico a solução construtiva com menor
espessura de isolante, ETICS 3cm de EPS, é a que proporciona valores de
temperatura interior mais próximos da temperatura de conforto, 25°C.
6.3.3 Análise de sensibilidade
Para a estação de aquecimento, onde interessa minimizar as perdas de
energia, foram realizados gráficos circulares para obter uma noção da influência da
espessura de isolante na percentagem das perdas no edifício. Os resultados são
apresentados no Quadro 18.
83
Quadro 18: Percentagem de perdas em função da espessura de isolante
Como se pode observar pelo Quadro 18, a percentagem das perdas pela
envolvente não é significativa com o aumento da espessura do isolante. Estes
resultados são um pouco surpreendentes pois, aumentando a espessura de
isolante no dobro a percentagem de diminuição das perdas pela envolvente é de
apenas 2%, à partida seria de esperar uma percentagem mais significativa, no
entanto, a redução acaba por se verificar. Com estes resultados pode mais uma vez
aferir-se a importância da renovação de ar nas perdas por infiltração que acabam
por ter um peso maior relativamente às perdas pela envolvente, podendo-se
concluir que uma redução da taxa de renovação de ar poderá ser mais benéfica do
que optar por uma solução construtiva com maior espessura de isolante.
84
6.3.4 Necessidades de aquecimento obtidas com taxa de renovação de
ar conforme NP1037
No seguimento dos resultados obtidos no ponto anterior optou-se por fazer
uma simulação reduzindo a taxa de renovação de ar para 0.6h-1, valor definido na
NP 1037.
120
100
kWh/m2
80
60
40
20
0
Ganhos
Infiltração
Perdas
Infiltração
Ganhos
Internos
Renovação 0,6
0,03
79,62
22,19
Ganhos
Envidraçado
s
44,69
Renovação 0,8
0,05
103,46
22,19
44,76
Perdas
Envidraçado
s
21,42
Ganhos
Envolvente
Perdas
Envolvente
NIC
3,92
73,92
66,31
21,33
4,19
73,61
78,49
Figura 43: Resultados obtidos com diminuição da taxa de renovação de ar, para Bragança
Pela Figura 43 pode observar-se a redução do valor das necessidades de
aquecimento em cerca de 16% para uma taxa de renovação de ar menor, o que
salienta a importância da renovação de ar no consumo energético do edifício,
devendo dar-se especial atenção à permeabilidade dos caixilhos e caixas de estores
que não deve ser muito elevada de modo a minimizar as perdas por infiltração na
estação de aquecimento.
85
86
CAPÍTULO 7- CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS
Concluída a exposição dos resultados obtidos, serão agora apresentadas neste
capítulo as conclusões que, de uma forma sintética, procuram resumir alguns valores
com interesse e transpô-los para o objectivo do trabalho. O objectivo que se pretendia
atingir desde o inicio prende-se com o facto de conhecer o impacto que as diferentes
espessuras de isolante térmico que compõe o sistema ETICS causam no
comportamento térmico do edifício, ao nível das necessidades energéticas, tendo em
conta duas zonas climáticas de Inverno, em Portugal. Bragança e Lisboa são as
localizações com maior e menor consumo de energia, respectivamente, verificando-se
uma diferença de valores substancial.
Na Figura 44 representam-se as necessidades nominais anuais para cada um
dos municípios em estudo, evidenciando-se a distinção entre as duas zonas climáticas
de Inverno a que pertencem. Bragança, zona climática I1, apresenta claramente
maiores necessidades energéticas do que Lisboa, zona climática I3.
Nic+Nvc
(kWh/m2)
100
80
60
40
Bragança
Lisboa
20
0
Lisboa
Bragança
Parede
Dupla
37,86
ETICS (3)
ETICS (4)
ETICS (6)
ETICS (8)
36,16
36,54
37,01
36,68
ETICS
(10)
36,19
84,3
85,71
82,83
78,88
77,26
75,37
Figura 44: Necessidades nominais anuais para Bragança e Lisboa
De modo a ser mais perceptível a diferença de resultados obtidos, no Quadro
19 representa-se o valor das necessidades energéticas para cada um dos municípios
em estudo, uma coluna com a energia nominal anual (Nic + Nvc) e ainda uma coluna
com a percentagem de energia nominal anual de cada sistema ETICS face à solução
construtiva parede dupla.
87
Quadro 19: Necessidades nominais (EP) das várias soluções construtivas em Bragança e Lisboa
Bragança
Lisboa
Nic
Nvc
Nic + Nvc
%
Nic
Nvc
Nic + Nvc
%
Parede Dupla
75.98
8.32
84.30
-
24.89
12.97
37.86
-
ETICS (3)
78.49
7.22
85.71
- 1.7
24.84
11.32
36.16
4.5
ETICS (4)
74.92
7.91
82.83
1.7
24.08
12.46
36.54
3.5
ETICS (6)
70.18
8.70
78.88
6.4
23.20
13.81
37.01
2.2
ETICS (8)
67.92
9.34
77.26
8.4
21.82
14.86
36.68
3.1
ETICS (10)
65.57
9.80
75.37
10.6
20.63
15.56
36.19
4.4
kWh/m2
kWh/m2
No que respeita às necessidades nominais anuais (N ic + Nvc), para Bragança, a
partir de uma espessura de EPS de 4 cm do sistema ETICS obtém-se melhores
resultados face à parede dupla. Para Lisboa, qualquer um dos sistemas ETICS
proporciona melhores resultados ao nível das necessidades energéticas do que a
parede dupla.
Para Bragança, a parede dupla apresenta uma redução de aproximadamente
2% nas necessidades nominais anuais, face ao sistema ETICS com 3cm de EPS. Ainda
para Bragança, uma espessura de isolante térmico de 3cm de EPS, relativamente a
10cm obtém-se uma redução das necessidades nominais de aproximadamente 11%.
No que respeita à cidade de Lisboa, um sistema ETICS com 3cm de EPS, relativamente
ao mesmo sistema com 10cm de isolante, apresenta praticamente o mesmo valor de
necessidades nominais.
Se a análise for feita ao nível das necessidades de aquecimento, uma variação
na espessura de isolante entre 3 e 10cm induz uma redução de 16.5% de Nic para
Bragança e de 12% de Nic para a cidade de Lisboa.
Para as necessidades de arrefecimento, pode-se concluir que, uma variação de
espessura de EPS do sistema ETICS entre os 3 e os 10cm implica um aumento das
necessidades energéticas em cerca de 36% e 31%, para Bragança e Lisboa,
respectivamente.
Em Portugal, a estação do Inverno é particularmente mais severa quando
comparada com o Verão, uma vez que as necessidades energéticas para assegurar o
88
conforto térmico neste período chegam a superar em mais de 5 vezes as do período de
arrefecimento.
Relativamente aos restantes resultantes obtidos, as conclusões a tirar são
várias:
- O facto da maioria das perdas estar associada à renovação de ar, mostra que o
edifício está bem isolado termicamente. Estas perdas ocorrem pela entrada de ar
através das caixilharias, caixas de estore, que ao ser posteriormente extraído do
edifício, acaba por retirar uma grande quantidade de calor. São difíceis de minimizar,
dada a necessidade de assegurar a substituição do ar interior, de forma a manter a
salubridade do edifício;
- Também os envidraçados possuem um peso determinante nas perdas de
calor, o que não se verifica com a envolvente opaca dado que esta se encontra bem
isolada. Torna-se então importante ter sistemas de aproveitamento dos ganhos solares
adequados;
- Para o concelho de Bragança, verifica-se maior diferença ao nível da variação
da temperatura interior de acordo com a solução construtiva, do que para o concelho
de Lisboa. Tal facto justifica-se pelas diferenças climáticas existentes entre os dois
concelhos, uma vez que Bragança tem um Inverno mais severo.
Em suma, e focando o principal objectivo do trabalho, o aumento da espessura
de isolante térmico do sistema ETICS não induz diferenças tão significativas ao nível
das necessidades de climatização como seria de esperar. Pode então concluir-se que,
por forma a obter uma redução do valor das necessidades energéticas, para além da
espessura de isolante térmico, terão de ser conjugados vários factores como: o
controlo da ventilação natural, do sombreamento e a orientação do edifício.
Esta dissertação pode servir de base para o desenvolvimento de trabalhos
futuros no âmbito do comportamento térmico de edifícios, nomeadamente nos
seguintes tópicos:
89
 Realização de uma análise económica e financeira com base no período de
retorno do investimento inicial para cada solução construtiva por forma a obter
uma optimização entre a quantidade de isolante e os gastos energéticos;
 Como ficou demonstrado os resultados obtidos divergem para as duas estações
(uma solução que é melhor no Inverno poderá ser pior no Verão), poderá ser
feito um estudo para as diferentes combinações de zonas climáticas de Inverno
e Verão, também com intuito de avaliar o conforto térmico;
 Impacto do sistema ETICS no comportamento térmico de edifícios residenciais
dotados de sistemas de energias renováveis.
90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E ELECTRÓNICAS
[1] Decreto-Lei n.º 40/1990 de 6 de Fevereiro. Regulamento das Características de
Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE).
[2] SANTOS, C.A. Pina e MATIAS Luís, Coeficientes de Transmissão Térmica de
Elementos da Envolvente dos Edifícios – ITE 50, LNEC, Lisboa, 2006.
[3] Input Output Reference, The Encyclopedic Reference to Energy Plus Input and
Output, November, 2008.
[4] RODRIGUES, António Moret; Térmica de Edifícios, Orion, Lisboa, 2009.
[5] O Guia Weber 2010, Saint-Gobain.
[6] CÓIAS, Victor e FERNANDES Susana, Reabilitação Energética dos Edifícios.
Engenharia e Vida, Nº47, págs. 40-43, Junho 2008.
[7] CARVALHO, Carlos; Soluções Construtivas sobre a Envolvente Exterior de Edifícios –
O XPS. Engenharia e Vida, Nº39, págs. 50-51, Outubro 2007.
[8] ADENE; Eficiência Energética. Materiais de Construção, Nº148, págs. 56-57,
Março/Abril 2010.
[9] TEIXEIRA, Vasco e SILVA, Emanuel; Soluções Inovadoras para Melhoria do
Desempenho Energético de Edifícios. Materiais de Construção, Nº149, págs. 46-47,
Maio/Junho 2010.
[10] ALVES GOUVEIA, Pedro Manuel; Caracterização dos Impactes da Envolvente no
Desempenho Térmico dos Edifícios, Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Civil IST, Janeiro de 2008.
[11] SANTOS, C.A. Pina e PAIVA, José A., Coeficientes de Transmissão Térmica de
Elementos da Envolvente dos Edifícios - ITE 28, LNEC, Lisboa, 1996.
91
[12] FREITAS, Vasco Peixoto, GONÇALVES, P., Reboco delgado armado sobre
poliestireno expandido – ETICS, FEUP, Formação continua. Porto, 2005.
[13] Weber. therm- Manual técnico, 2008.
[14] ABALADA, Victor Hugo Marques; Aplicação de Sistemas de Isolamento Térmico
pelo Exterior, Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil
FCTUC, Julho de 2008.
[15] ADENE, Eficiência Energética nos Edifícios Residenciais. Lisboa, Maio de 2008.
[16] COLLINA, Amilcare, Comfort and Energy Saving: the External Thermal Insulation
Composite System (ETICS), Italy.
[17] MENDES, J.A.R. Silva e FALORCA Jorge, A model plan for buildings maintenance
with application in the performance analysis of a composite facade cover. Construction
and Building Materials, Nº 23, págs. 3248-3257, Junho de 2009.
[18] FREITAS, Vasco Peixoto. (2002). “Isolamento térmico de fachadas pelo exterior –
Sistema HOTSKIN”. Relatório HT 191A/02, MAXIT – Tecnologias de Construção e
Renovação, Lda. Porto.
[19] QUALITE CONSTRUCTION – L’isolation thermique par L’Extérieur – Enduit mince
sur isolant. Agence pour la Prévention des Désordres et l’Amélioration de la Qualité de
la Construction.
[20] SILVA, J.A.R. Mendes da; TORRES, Maria Isabel M; CARVALHAL, Mário J.T. (2003).
“Envelhecimento Natural e Patologia de Revestimentos Delgados Armados Sobre
Isolamento Térmico, em Paredes de Fachadas”. 2º Simpósio Internacional sobre Patologia,
Durabilidade e Reabilitação de Edifícios, LNEC, Lisboa.
[21] Decreto-Lei n.º 78/2006 de 4 de Abril. Sistema Nacional de Certificação Energética
e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE).
[22] Decreto-Lei n.º 79/2006 de 4 de Abril. Regulamento dos Sistemas Energéticos de
92
Climatização em Edifícios (RSECE);
[23] Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de Abril. Regulamento das Características de
Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE).
[24] VALÉRIO, Jorge G. M. A. P.; Avaliação do Impacte das Pontes Térmicas no
Desempenho Térmico e Energético de Edifícios Residenciais Correntes, Dissertação
para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, IST, Setembro de 2007.
[25] ROUSSADO, Francisco J. B.; Avaliação dos Impactes Construtivos e Ambientais da
Regulamentação Térmica, Dissertação para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil, IST, Outubro de 2008.
[26] CANHA DA PIEDADE, A.; MORET RODRIGUES, A.; RORIZ, L.F.; Climatização em
edifícios – envolvente e comportamento térmico, Edições Orion, Lisboa, Abril 2003.
[27] COMISSÃO EUROPEIA (CE), Directiva 2002/91/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho de 16 de Dezembro de 2002 relativa ao desempenho energético dos
edifícios, Jornal Oficial das Comunidades Europeias (JOCE), L1, Abril de 2003.
[28] AFONSO, João F. S., Estudo do Comportamento Térmico de Edifícios Antigos,
Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, FCTUNL, 2009.
Internet
[29] http://www.construcaosustentavel.pt
Data da consulta: 25/08/2010
[30] http://engenhariacivil.wordpress.com
Data da consulta: 20/09/2010
[31] http://www.esferovite.com/
Data da consulta: 08/11/2010
[32] http://www.dryvit.pt/vantagens.htm
Data da consulta: 08/11/2010
93
94
ANEXO I
Coeficientes de Transmissão Térmica das soluções
adoptadas
95
96
Parede dupla em zona corrente
Camada
Argamassa de reboco
Tijolo furado 30x20x15
Caixa de ar
Isolante térmico XPS
Tijolo furado 30x20x11
Estuque
Espessura
(m)
0,015
0,150
0,030
0,040
0,110
0,015
0,360

(W/m.ºC)
1,300
0,037
0,430
Rse
Rsi
U
Camada
R
(m2ºC/W)
0,012
0,390
0,175
1,081
0,270
0,035
1,963
0,040
0,130
Referência
Página I.7 ITE50/ LNEC
Página I.12 ITE50/ LNEC
Página I.11 ITE 50/ LNEC
Página I.3 ITE 50/ LNEC
Página I.12 ITE50/ LNEC
Página I.6 ITE 50/ LNEC
Fluxo horizontal
0,469
Correcção das zonas de ponte térmica da parede dupla
Referência
Espessura
R

Argamassa de reboco
Betão
Isolam. térmico (XPS)
Estuque projectado
(m)
0,015
0,250
0,040
0,015
0,320
(W/m.ºC)
1,300
2,000
0,037
0,430
Rsi
Rse
(m2ºC/W)
0,012
0,125
1,081
0,035
1,25
Página I.7 ITE 50/ LNEC
Página I.5 ITE50/LNEC
Página I.3 ITE50/LNEC
Página I.7 ITE50/LNEC
0,13
0,04
Fluxo horizontal
U = 0,70
Sistema ETICS em zona corrente
Camada
Estuque
Tijolo furado 30x20x22
Isolante térmico EPS
Espessura
(m)
0,020
0,220
0,030
0,270

(W/m.ºC)
0,430
0,036
Rse
Rsi
U
R
(m2ºC/W)
0,047
0,520
0,833
1,400
0,040
0,130
Referência
Página I.6 ITE 50/ LNEC
Página I.12 ITE50/ LNEC
Página I.3 ITE 50/ LNEC
Fluxo horizontal
0,637
97
Camada
Estuque projectado
Betão
Isolante térmico (EPS)
Sistema ETICS na zona estrutural
Espessura
R

(m)
(W/m.ºC) (m2ºC/W)
0,020
0,430
0,047
0,250
2,000
0,125
0,030
0,036
0,833
0,30
1,0
Rsi
Rse
Página I.7 ITE50/LNEC
Página I.5 ITE50/LNEC
Página I.3 ITE50/LNEC
0,13
0,04
U=
Camada
Referência
Fluxo horizontal
0,85
Pavimento térreo
Espessura

R
2
(m)
(W/m.°C)
(m °C/W)
Laminado madeira
Betonilha regularização
Floormate
Massame armado
0,005
0,050
0,030
0,150
0,130
1,300
0,035
2,000
0,038
0,038
0,857
0,075
Camada de enroncamento
0,200
2,000
0,100
0,435
0,17
0,04
U=
Estuque projectado
Laje maciça
Camada forma/regularização
Impermeabilização
XPS
Página I.3 ITE50/LNEC
Página I.9 ITE 50/
LNEC
0,1
0,04
U=
Fluxo vertical
descendente
0,76
Cobertura plana invertida
Espessura
R

(m)
(W/m.ºC) (m2ºC/W)
0,015
0,430
0,035
0,200
2,000
0,100
0,100
2,000
0,050
0,003
0,230
0,013
0,060
0,037
1,622
0,378
1,82
Rsi
Rse
98
Página I.7 ITE50/LNEC
Página I.5 ITE50/LNEC
1,11
Rsi
Rse
Camada
Referência
0,51
Referência
Página I.7 ITE50/LNEC
Página I.5 ITE50/LNEC
Página I.5 ITE50/LNEC
Página I.9 ITE 50/ LNEC
Página I.3 ITE50/LNEC
Fluxo vertical ascendente
ANEXO II
Folhas de Cálculo do RCCTE
(Sistema ETICS 3cm de EPS – Lisboa)
99
100
Folha de Cálculo FCIV.1a
Cálculo de valores de U
Paredes Exteriores
Área
2
(m )
U
2
(W/m .ºC)
UA
(W/ºC)
PEzc- N
30,7
0,64
19,56
PE zc- E
34,71
0,64
22,11
PE zc-S
39,44
0,64
25,12
PE ptp-S
0,26
0,85
0,22
PE zc- W
16,66
0,64
10,61
1,80
4,46
2,43
4,37
0,40
1,78
Porta entrada
Caixa de estore
Coberturas Exteriores
Cobertura
128,0325
TOTAL
83,78
Área
U
UA
2
(m )
(W/m .ºC)
167,74
0,51
167,74
Paredes e pavimentos em contacto com o
solo
Pavimento N
Pavimento E
Pavimento S
Pavimento W
2
TOTAL
Desenv.
ψ
B (m)
(W/m.ºC)
14,30
0,75
17,65
0,75
13,70
0,75
16,14
0,75
TOTAL
Pontes térmicas lineares
Fachada com os pavimentos térreos
Fachada c/pav. sobre garagem e desvão
Fachada com pavimentos intermédios
Fachada com cobertura
Fachada com varanda
Duas paredes verticais
Fachada com caixa de estore
Fachada com padieira, ombreira ou peitoril
Outra (descrição…)
Outras (descrição...)
Comp.
ψ
B (m)
(W/m.ºC)
23,152
0,45
61,70
0,50
28,60
0,15
68,18
0,20
TOTAL
Perdas pela envolvente exterior
(W/ºC)
TOTAL
(W/ºC)
85,60
0,00
0,00
85,60
ψB
(W/ºC)
10,73
13,24
10,28
12,11
0,00
46,34
ψB
(W/ºC)
10,42
0,00
0,00
30,85
0,00
4,29
0,00
13,64
0,00
0,00
59,19
169,38
101
Folha de Cálculo FCIV.1c
Cálculo de valores de U
Vãos envidraçados exteriores
Área
2
U
2
U.A
(m )
(W/m .ºC)
(W/ºC)
Verticais:
Envidraçado Sul- sala
4,27
2,50
10,67
Envidraçado Sul- quarto 01
2,75
2,50
6,88
Envidraçado Sul- suite
2,75
2,50
6,88
Envidraçado Norte- sala
2,15
2,50
5,38
Envidraçado Norte- cozinha
0,90
2,50
2,25
Envidraçado Norte- quarto 02
4,27
2,50
10,67
Envidraçado Oeste- sala
4,27
2,50
10,67
Envidraçado Oeste- cozinha
0,84
2,50
2,10
0,00
22,192
102
TOTAL
55,48
Folha de cálculo FC IV.1d
Perdas associadas à renovação de ar
Área Útil de Pavimento
2
145,26
x
2,6
=
(m )
377,68
(m )
(S ou N)
N
se SIM:
(s/c, 1, 2 ou
3)
3
(S ou N)
S
Pé-direito médio
Volume interior
(V)
(m)
3
VENTILAÇÃO NATURAL
Cumpre a NP 10371?
RPH =
Se NÃO:
Classe da
Caixilharia
Caixas de Estore
Classe de Exposição (1, 2, 3 ou 4)
2
Aberturas auto-reguláveis?
(S ou N)
S
Área de envidraçados>15% Ap?
(S ou N)
S
Portas Exteriores bem vedadas?
(S ou N)
S
Volume
Taxa de Renovação
Nominal:
RPH=
0,8
377,68
Taxa de Renovação Nominal
TOTAL
x
0,8
x
0,34
=
102,73
(W/ºC)
103
Folha de cálculo FC IV.1e
Ganhos úteis na estação de aquecimento (Inverno)
Ganhos Solares:
Orientação
Tipo
Área
(m2)
X()
g (-)
Env. Sul- sala
Duplo
5,60
1,00
0,63
Fs (-)
Fh Fo
Ff
0,81
Env. Sul- quarto 01
Duplo
4,00
1,00
0,63
Fg (-)
Fw (-)
Ae
2
(m )
0,70
0,90
1,80
0,63
0,70
0,90
1,00
Env. Sul- suite
Duplo
4,00
1,00
0,63
0,76
0,70
0,90
1,20
Env. Norte- sala
Duplo
3,00
0,27
0,63
0,90
0,70
0,90
0,29
Env. Norte- cozinha
Duplo
1,60
0,27
0,63
0,90
0,70
0,90
0,15
Env. Norte- quarto 02
Duplo
5,60
0,27
0,63
0,90
0,70
0,90
0,54
Env. Oeste- sala
Duplo
6,00
0,56
0,63
0,76
0,70
0,90
1,01
Env. Oeste- cozinha
Duplo
1,68
0,56
0,63
0,57
0,70
0,90
0,21
Área efectiva total equivalente na orientação Sul
2
(m )
6,21
x
Radiação incidente num envidraçado a Sul
(Gsul)
na
2
zona
I1
(kWh/m .mês)
Duração da estação de aquecimento (meses)
108,00
x
5,30
Ganhos Solares Brutos (kWh/ano)
3552,38
Ganhos Internos
2
Ganhos internos médios
4,00
(W/m )
Duração da Estação de Aquecimento
x
5,30
(meses)
x
Área Útil de pavimento
145,26
2
(m )
x
0,72
Ganhos Internos Brutos
104
=
2217,25 (kWh/ano)
Ganhos Úteis Totais:
γ=
Ganhos Solares Brutos + Ganhos Internos Brutos
Necessidades Brutas de Aquecimento (da FC
IV.2)
Inércia do edifício:
3,00
(In. Fraca=1; In. Média=2; In. Forte=3)
Factor de Utilização dos Ganhos
Térmicos
a=
4,2
(η)
Ganhos Solares Brutos + Ganhos Internos Brutos
5769,63
9355,83
γ = 0,62
0,95
x
5769,63
=
Ganhos Úteis Totais
(kWh/ano)
5453,66
105
Folha de cálculo FC IV.1f
Valor máximo das necessidades de aquecimento (Ni)
Factor de forma
De FCIV.1a e FCIV.1c:
(Áreas)
m
2
Paredes exteriores
128,03
Coberturas exteriores
167,74
Pavimentos exteriores
0,00
Envidraçados exteriores
22,19
De FCIV.1b:
(Áreas equivalentes, A .τ)
317,96
Paredes interiores
0,00
Coberturas interiores
0,00
Pavimentos interiores
0,00
Envidraçados interiores
0,00
Área total:
317,96
Volume (de FCIV.1d):
/
377,68
=
0,84
Factor de forma FF
Graus-dias no local (ºC.dia)
1190,00
Auxiliar
Ni = 4,5 + 0,0395 GD
Para FF  0,5
51,51
Ni = 4,5 + (0,021 + 0,037FF) GD
Para 0,5 < FF  1
66,56
Ni = [4,5 + (0,021 + 0,037FF) GD] (1,2 - 0,2FF)
Para 1 < FF  1,5
68,66
Ni = 4,05 + 0,06885 GD
Para FF > 1,5
85,98
2
Nec. Nom. de Aquec. Máximas - Ni (kWh/m .ano)
106
66,56
Folha de cálculo FC IV. 2
Cálculo do indicator Nic
Perdas térmicas associadas a:
(W/ºC)
Envolvente Exterior (de FCIV.1a)
169,38
Envolvente Interior (de FCIV.1b)
0,00
Vãos Envidraçados (de FCIV.1c)
55,48
Renovação de ar (de FCIV.1d)
102,73
Coeficiente Global de Perdas (W/ºC)
=
327,58
Graus-dias no Local (ºC.dia)
x
1190,00
x
0,024
Necessidades Brutas de Aquecimento (kWh/ano)
=
9355,83
-
Ganhos Totais Úteis (kWh/ano) (de
FCIV.1e)
5453,66
Necessidades de Aquecimento (kWh/ano)
=
3902,17
/
2
Área Útil de Pavimento (m )
145,26
=
2
Nec. Nominais de Aquecimento - Nic (kWh/m .ano)
26,86
≤
2
Nec. Nominais de Aquec. Máximas - Ni (kWh/m .ano)
66,56
REGULAMENTAR
107
Folha de cálculo FC V.1a
Perdas
Perdas associadas às paredes exteriores (U.A)
(FCIV.1a)
83,78
(W/ºC)
Perdas associadas aos pavimentos exteriores (U.A)
(FCIV.1a)
+
0,00
(W/ºC)
Perdas associadas às coberturas exteriores (U.A)
(FCIV.1a)
+
85,60
(W/ºC)
(FCIV.1c)
+
55,48
(W/ºC)
(FCIV.1d)
+
102,73
(W/ºC)
Perdas associadas aos envidraçados exteriores (U.A)
Perdas associadas à renovação do ar
=
Perdas especificas totais
327,58
(W/ºC)
Temperatura interior de
referência
25,00
(ºC)
Diferença de temperatura interior-exterior
23,00
=
2,00
Perdas especificas totais
x
327,58
Temperatura média do ar exterior na estação de arrefecimento
(ºC)
(W/ºC)
x
2,93
Perdas térmicas totais
108
=
1918,34
(kWh)
Folha de cálculo FC V.1c
Ganhos solares pela envolvente opaca
Orientação
2
Área, A (m )
2
U (W/m .ºC)
α
α.U.A
Nzc
Ezc
Szc
Sptp
Wzc
Cob
30,70
34,71
39,44
0,26
16,66
167,74
0,00
x
x
x
x
x
x
x
0,64
0,64
0,64
0,85
0,64
0,51
0,00
x
x
x
x
x
x
x
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
0,40
=
=
=
=
=
=
=
=
7,82
8,84
10,05
0,09
4,25
34,24
0,00
0,00
x
x
x
x
x
x
x
x
x
x
(W/ºC)
2
Ir (kWh/m )
Ganhos
200,00 470,00 380,00 380,00 470,00
820,00
x
x
x
x
x
x
x
x
0,04
0,04
0,04
0,04
0,04
0,04
0,04
0,04
=
=
=
=
=
=
=
=
1,35
79,81
1123,09
0,00
0,00
62,58
166,27 152,75
Solares
pela Envolvente Opaca Exterior
Total kWh 1585,84
109
Folha de cálculo FC V.1d
Ganhos solares pelos envidraçados exteriores
POR ORIENTAÇÃO E HORIZONTAL
Orientação
Área, A (m2)
g^
Fg (Quadro
IV.5)
Fs = Fh Fo Ff
Fw
Área Efectiva,
Ae
2
Ir (kWh/m )
Ganhos
Solares
Sulsala
5,60
Sulquarto 01
4,00
Sulsuite
4,00
Nortesala
3,00
Nortecozinha
1,60
Nortequarto 02
5,60
Oestesala
6,00
Oestecozinha
1,68
x
x
x
x
x
x
x
x
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
0,27
x
x
x
x
x
x
x
x
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
0,70
x
x
x
x
x
x
x
x
0,90
0,71
0,80
0,90
0,90
0,90
0,90
0,72
x
x
x
x
x
x
x
x
0,75
0,75
0,75
0,80
0,80
0,80
0,85
0,85
=
=
=
=
=
=
=
=
0,71
0,40
0,45
0,41
0,22
0,76
0,87
0,19
x
x
x
x
x
x
x
x
420,00
420,00
420,00
200,00
200,00
200,00
450,00
450,00
=
=
=
=
=
=
=
=
300,06
169,08
190,51
81,65
43,55
152,41
390,38
87,45
TOTAL
(kWh)
1415,08
pelos Envidraçados
Exteriores
110
Folha de cálculo FC V.1e
Ganhos internos
Ganhos Internos médios
2
(W/m )
4,00
x
2
Área Útil de Pavimento (m )
145,26
x
2,93
=
Ganhos internos Totais
1701,29
(kWh)
Ganhos Solares pelos Vãos Envidraçados
Exteriores
1415,08
(kWh)
(FCV.1d)
+
Ganhos Solares pela Envolvente Opaca Exterior
1585,84
(kWh)
(FCV.1c)
+
Ganhos internos
1701,29
(kWh)
(FCV.1e)
=
Ganhos Térmicos Totais
4702,20
(kWh)
111
Folha de cálculo FC V.1g
Valor das necessidades nominais de arrefecimento (Nvc)
Ganhos Térmicos Totais
(FCV.1f)
4702,20
(kWh)
/
Perdas Térmicas Totais
(FCV.1a)
1918,34
=
2,45
Relação Ganhos-Perdas 
Inércia do edifício
(kWh)
(In. Fraca=1; In. Média=2; In. Forte=3)
3,00
1,00
0,40
Factor de utilização dos ganhos solares, η
=
0,60
x
Ganhos Térmicos Totais
(FCV.1f)
4702,20
(kWh)
=
Necessidades Brutas de Arrefecimento
2810,41 (kWh/ano)
+
Consumo dos ventiladores
0,00
TOTAL
=
2810,41 (kWh/ano)
/
2
Área Útil de Pavimento (m )
145,26
=
Necessidades Nominais de Arrefecimento - Nvc
19,35
≤
Necessidades Nominais de Arref. Máximas - Nv
22,00
REGULAMENTAR
112
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sistema etics- influência no comportamento térmico dos