Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(William Okubo, CRB-8/6331, SP, Brasil)
INSTITUTO ARTE NA ESCOLA
Daniel Senise: a construção da ausência / Instituto Arte na Escola ; autoria
de Olga Egas ; coordenação de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. – São
Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006.
(DVDteca Arte na Escola – Material educativo para professor-propositor ; 87)
Foco: MC-4/2006 Mediação Cultural
Contém: 1 DVD ; Glossário ; Bibliografia
ISBN 85-7762-018-2
1. Artes - Estudo e ensino 2. Artes - Crítica 3. Arte contemporânea 4.
Senise, Daniel I. Egas, Olga II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa
IV. Título V. Série
CDD-700.7
Créditos
MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA
Organização: Instituto Arte na Escola
Coordenação: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Projeto gráfico e direção de arte: Oliva Teles Comunicação
MAPA RIZOMÁTICO
Copyright: Instituto Arte na Escola
Concepção: Mirian Celeste Martins
Gisa Picosque
Concepção gráfica: Bia Fioretti
DANIEL SENISE: a construção da ausência
Copyright: Instituto Arte na Escola
Autor deste material: Olga Egas
Revisão de textos: Soletra Assessoria em Língua Portuguesa
Diagramação e arte final: Jorge Monge
Autorização de imagens: Ludmilla Picosque Baltazar
Fotolito, impressão e acabamento: Indusplan Express
Tiragem: 200 exemplares
DVD
DANIEL SENISE: a construção da ausência
Ficha técnica
Gênero: Documentário com depoimentos do artista e críticos de arte.
Palavras-chave: Multiplicidade de leituras; artista; crítico de
arte; acervo pessoal; apropriação de imagens; superfície; poética pessoal; arte contemporânea.
Foco: Mediação Cultural.
Tema: O processo de criação do artista, sua formação e influências.
Artistas abordados: Daniel Senise, Geração 80, Leonilson, Beatriz
Milhazes, Vik Muniz, James McNeill Whistler, entre outros.
Indicação: Ensino Médio.
Direção: Cacá Vicalvi.
Realização/Produção: Rede SescSenac de Televisão, São Paulo.
Ano de produção: 2002.
Duração: 52’.
Coleção/Série: Documentário.
Sinopse
O documentário, dividido em três blocos, apresenta o artista
Daniel Senise e a produção em seus ateliês no Rio de Janeiro
e em Nova York, onde mora atualmente. No primeiro bloco,
Senise e críticos de arte nos apresentam a trajetória do artista, da formação inicial à convivência com os amigos artistas
da Geração 80 e o contexto da arte internacional, influência
vital para sua produção. No segundo bloco, a visão particular
sobre a pintura e o meticuloso processo de elaboração das
suas obras são revelados. Os cadernos de anotação do artista, desvelando o percurso de criação da obra de arte, suas
apropriações e a construção dos espaços são os aspectos
abordados no terceiro bloco.
Trama inventiva
Museus, galerias e instituições culturais abrigam exposições,
acolhem visitantes. Curador, museólogo, formas de expor,
montagem, ação educativa e professor mostram as obras aos
caminhantes, oferecendo acesso, afetando-os. Olhos-corpos
sensíveis se movem dentro das obras e ao redor delas. O visitante vive a vida lenta. Experiência estética: múltiplas sensações, percepções, reflexões. Às vezes, a experiência é solitária, em seu próprio ritmo. Algumas vezes, é compartilhada com
outros numa visita mediada. Seja na escola, onde e como for, a
mediação propõe um acasalamento entre a carne do nosso corpo
e a carne das obras de arte. Neste documentário, tudo parece
mirar para o território Mediação Cultural da cartografia. Na
geografia dos passos, celebremos a vida cultural!
O passeio da câmera
Daniel Senise abre as portas de sua casa e de seu ateliê para
compartilhar suas produções artísticas, reconhecidas internacionalmente. Em três blocos, o documentário nos aproxima de
Senise, desde seus primeiros contatos com arte, e nos conduz
à sua reinterpretação da pintura tradicional, “metáforas para
como imagino a função da pintura hoje”. O artista revela os
meios de produção de sua obra, construindo paisagens que
deslizam pelo espaço através de fragmentos, da hibridização
das imagens e na prática da apropriação da história da arte. O
que se vê são vestígios de coisas. Imagens ambíguas que ultrapassam o abstrato e o figurativo. Quase uma alquimia.
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Conduzindo generosamente nosso olhar, o artista revela sua
formação inicial, suas influências artísticas e a convivência com
artistas, no primeiro bloco do documentário. O ateliê, o preparo
do material e o processo de produção das impressões de superfície – chamadas por ele de impressões arqueológicas, estão no
segundo bloco. O meticuloso trabalho de corte, composição e
colagem, continua sendo explorado no terceiro bloco, assim como
a apresentação dos cadernos de anotação do artista, fundamen-
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
tais para a compreensão e a crítica genética da criação de seu
projeto poético. Os críticos de arte Agnaldo Farias, Ivo Mesquita
e Felipe Chaimovich (este presente apenas por textos que compõem o documentário), além da pesquisadora Cecília Almeida
Salles, ampliam também nosso olhar sobre as obras do artista.
O documentário nos convida a compreender a arte contemporânea em proposições pedagógicas que focalizam a Mediação
Cultural, considerando o artista e o crítico de arte como agentes culturais, responsáveis pela multiplicidade de leituras, que
provocam uma atitude estética formadora de um olhar sensível.
Outros territórios também podem ser percorridos, como Processo
de Criação (a experimentação, o ateliê, as viagens de estudo);
Materialidade (diálogo com a matéria, transformação de técnicas); Linguagens Artísticas (reinvenção dos meios tradicionais,
apropriação de imagens); Saberes Estéticos e Culturais (ícones,
arte contemporânea, vanguardas artísticas) e Forma-Conteúdo
(superfície, espaço, temática contemporânea).
Sobre Daniel Senise
(Rio de Janeiro/RJ, 1955)
Eu não pinto porque quero fazer pintura. Eu pinto porque
quero resolver um problema e a pintura é uma mídia adequada para resolver esse problema.
Daniel Senise
Carioca de Copacabana, graduado em engenharia civil, Daniel
Senise não planeja ser artista, mas é mergulhando neste campo que deixa marcas, pois, como diz o crítico de arte Ivo Mesquita no documentário, há influência da formação racionalista
em seus projetos conceituais de pintura. Em 1981, estuda pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage1 , cercada pelo
visual do Rio antigo.
Sob a influência dos professores Luiz Aquila e John Nicholson,
artistas que preconizavam o retorno da pintura, Senise inaugura sua gestualidade marcante, explorando a tinta acrílica
em paisagens com pinceladas grossas, formas volumosas e
contornos escuros.
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Em 19842 , expõe na mostra Como vai você, Geração 80?3 junto com cento e vinte jovens artistas. Esta exposição rende-lhe
a participação, em 1985, na Grande Tela4 da 18ª Bienal Internacional de São Paulo, ao lado de artistas internacionais
consagrados. Segundo Senise, sua produção inicial explora a
construção do espaço pictórico, o sentido da pintura e da representação, sintonizada com o circuito artístico internacional.
Ele considera o período de 1987/1993 definitivo para estabelecer sua poética pessoal: com a mudança da tela de lona
para o cretone, o uso da tinta a óleo e de procedimentos
técnicos como a frottage, surge a idéia do sudário, das
impressões. Para Agnaldo Farias5 :
A exemplo dos italianos da transvanguarda e dos neoexpressionistas alemães, cujas obras eram uma resposta
ao desejo dos modernos pelo novo, Senise nutria-se do
passado. Suas telas de grandes proporções não hesitavam
em recuar até os afrescos descascados, semelhantes aos
que se encontram nas ruínas de Pompéia, ou a imagens
clássicas mais recentes como o retrato que James Whistler
fez de sua mãe em 1871.
Decidido a não usar mais o pincel, incorpora tintas e pigmentos
industriais para extrair do chão a matéria-prima de sua pintura:
“territórios que guardam camadas históricas, impressões arqueológicas. Espaços que ficam vagamente na memória”. Senise
conta-nos sua descoberta: ao manipular “panos finos no chão
do ateliê e ao puxá-los, o chão veio junto na parte de traz e eu
gostei. Mas, isso demorou a ser incorporado no meu trabalho”.
A memória de tempos e lugares “quase como a história se
acumulando, com camadas de situações e significados” vai
sendo contada pelo pintor, pois “pintar é contar histórias”6 .
Assim, Senise persegue a idéia da ausência, do fragmento, da memória dos espaços e das pessoas que o habitam,
“do comentário sobre o comentário”.
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Com as impressões, o artista prepara obras de grande formato, recriando cenas e paisagens: da justaposição das
tiras de tecido, surge a espacialidade do desenho projetado cuidadosamente, decalques em tons de ocre e marrom
que recriam espacialidades. “As monotipias de pisos têm
agora uma participação menos passiva, ou seja, a mancha
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
que acontece no pano é um dos fatores que irão determinar a imagem”. Em colagens, recria espaços de museus ou
do próprio lugar em que expõe, como fez nas Cavalariças
do Parque Lage, mostrada no documentário.
Daniel Senise mantém a discussão sobre o sentido da linguagem da pintura e de seus procedimentos técnicos, provocando
nosso olhar/pensar:
Quando se fala campo de cor, geralmente se está pensando na tinta. E o princípio da pintura para mim passa por
outro caminho, que seria o registro do território onde você
está. Então, os materiais têm uma importância na construção do trabalho, talvez mais ativa do que num tipo outro
de pintura mais tradicional, com tinta.
As memórias dos espaços trazidas à pele da obra nos movem
para pensar a linguagem da pintura e suas múltiplas leituras.
Os olhos da arte
Meu desejo em relação à pintura é produzir uma imagem onde
o olhar do espectador consiga ter uma relação independente
das questões plásticas ou formais que estão colocadas lá ou
que estas questões entrem de uma maneira subjetiva na história. Não precisa de uma consciência total do contexto onde
aquilo foi feito.
Daniel Senise
No documentário, vemos como o artista valoriza o olhar do observador e deseja com sua obra provocar a multiplicidade de leituras.
Olhar o outro que olha. Olhar o próprio olhar. Ampliar olhares.
Provocar o olhar pela memória de espaços já não vistos. A complexidade dessas relações permeia o processo de mediação.
No dicionário, o termo mediação significa o ato ou efeito de
mediar, intervir ou interceder juridicamente em conflitos, muitas vezes compreendido como uma “ponte”. A mediação cultural, entretanto, é o encontro com a arte e com a cultura. Não
como ponte entre o artista e sua obra e o outro que não a conhece, mas um “estar entre muitos”7 . A arte por si só provoca
encontros, entretanto, a mediação cultural pode encontrar brechas de acesso para que este encontro possa ser intensificado. A mediação “é uma tarefa que, quando criadora, pode
5
ampliar a potencialidade de atribuição de sentido à obra, por
um fruidor tornado mais sensível”8 . Além de provocar seu olhar
cognitivo, instiga o encontro sensível através dos sentidos,
sensações e sentimentos despertados, envolvendo a percepção, a imaginação, os repertórios pessoais e culturais.
Como sujeitos da experiência, podemos perceber nossa
própria leitura das obras de Daniel Senise e as leituras
trazidas pelos diversos agentes culturais presentes no
documentário, que revelam leituras múltiplas, diversas,
complementares, para o encontro com a poética da arte
contemporânea:
o próprio artista, quando comenta sua produção inicial,
apresenta seu ateliê, sua pesquisa e a fatura de sua pintura
atual, revelando-nos sua intenção estética;
os críticos de arte Agnaldo Farias, Ivo Mesquita e as palavras de Felipe Chaimovich articulam os conceitos e as evidências na construção da linguagem pictórica, o percurso
do artista e seu fazer, além das conexões com as heranças
universais da pintura;
a crítica genética, apresentada por Cecília Almeida Salles,
que a partir de investigações no caderno de anotação do
artista observa o percurso da criação para estudar a construção do projeto poético do artista;
Cacá Vicalvi, o diretor do filme, e seus colaboradores proporcionam, através do roteiro e da edição das imagens,
nosso encontro com o artista em seu habitat e com as falas
selecionadas dos leitores das obras de Senise;
este material educativo que também escolhe, seleciona e
recorta aspectos a serem apresentados.
Todos e cada um a seu modo exploram saberes significativos
para a compreensão da arte e do trabalho do artista. Ênfases
e exclusões dão contorno às análises que definem recortes
pautados pelos olhares/saberes pessoais. Como mediadores,
dinamizam a relação arte/cultura/subjetividades/sociedade,
6
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
aproximando caminhos para pensar a vida e a linguagem da arte.
Alberto Manguel9 nos ensina que “cada obra de arte se expande mediante incontáveis camadas de leituras, e cada leitura
remove essas camadas a fim de ter acesso à obra nos termos
do próprio leitor”. Ele nos alerta que:
a imagem de uma obra de arte existe em algum local entre
percepções: entre aquela que o pintor imaginou e aquela
que o pintor pôs na tela; entre aquela que podemos nomear e aquela que os contemporâneos do pintor podiam nomear; entre aquilo que lembramos e aquilo que aprendemos; entre o vocabulário comum, adquirido, de um mundo
social, e um vocabulário mais profundo, de símbolos ancestrais e secretos.
Assim, há uma multiplicidade de leituras possíveis que podem
enfatizar aspectos históricos, sociais, psicológicos, psicanalíticos, semióticos, iconológicos, formais, etc., conforme o
olhar/pensar dos vários leitores, também inseridos em espaços de tempo e lugar diversos. Leituras que podem nos aproximar ou distanciar das obras. Críticos de arte, artistas, pesquisadores e filósofos nos provocam um olhar/pensar mais atento,
não só à obra analisada, mas ao percurso de criação do artista,
sua imersão no universo da arte, e também à ressonância da obra
em nós mesmos.
Experienciar o mundo, seja do saber construído por diversas teorias, por fruição no encontro com as linguagens artísticas, ou ainda, no aprendizado em contato com o mundo cotidiano, exige de
nós uma atitude única e intransferível, como diz Jorge Larrosa10 :
A experiência, a possibilidade de que algo nos passe ou
nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que
correr: parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar e escutar
mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o
juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da
ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os
ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar
muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço.
7
O passeio dos olhos do professor
A pintura conta histórias... Histórias que se entrelaçam com a
nossa própria experiência de apreciador/professor. O mesmo
acontece com a linguagem do documentário. Sugerimos que
você assista ao DVD antes de planejar sua utilização. Deixe-se
envolver por novas histórias... Palavras, formas e cores podem
registrar suas impressões durante a exibição. Tal qual um diário de bordo, utilize esses registros como ponto de partida para
seu pensar pedagógico durante o trabalho com os alunos.
Para ajudá-lo a perceber as possibilidades do documentário,
elaboramos uma pauta do olhar:
O que o documentário desperta em você?
Para você, o documentário apresenta conhecimentos novos?
Como as circunstâncias da vida de Daniel Senise foram encaminhando o desenvolvimento de sua obra? É possível perceber um percurso? Coerente ou marcado por rupturas? Que
perguntas você faria ao artista?
Quais surpresas e estranhamentos o documentário apresenta
para seus alunos? O que eles gostariam de ver?
O documentário é longo. Como os seus cortes poderiam ser
utilizados em sala de aula?
Quais são as ênfases nas leituras dos vários críticos, do artista e da pesquisadora? O que elas provocam em você?
Releia suas anotações e as possibilidades desveladas. Elabore
uma pauta para o passeio dos olhos dos seus alunos sobre o
documentário. Quais são as questões instigantes que poderiam ampliar os olhares dos alunos? Prepare-se para mediar
encontros sensíveis com a arte...
Percursos com desafios estéticos
8
Há múltiplas possibilidades de acesso aos territórios da Mediação Cultural, foco importante para a ação educativa de apren-
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
der-ensinar arte. Mas, você é o pintor dessa história! Descubra
qual a motivação que o documentário pode gerar na turma e
convide-os para, juntos, colorir com cores fortes a busca por
novos conhecimentos. Oferecemos, a seguir, sugestões para
possíveis percursos. Considere a realidade de sua escola para
eleger caminhos, recriando-os sempre.
O passeio dos olhos dos alunos
Algumas possibilidades:
No documentário, Daniel Senise apresenta a preparação de
suas impressões arqueológicas. Antes de mostrar suas obras,
você pode provocar os alunos para descobrir como registrar
de modo não figurativo os espaços da escola. Lance o desafio
para ser resolvido em pequenos grupos: da sala de aula à portaria, dos banheiros à quadra esportiva, da administração ao
pátio, utilizando apenas registros por meio da cor, texturas,
tridimensionalidade, desenhos e, ainda, expressões corporais
e sonoras. Os alunos apresentam seus registros, justificam as
escolhas e confrontam a percepção que têm dos diferentes
espaços. É um bom momento para conversar sobre as possibilidades expressivas das formas abstratas, como são percebidas e elaboradas. Em seguida, apresente o segundo bloco
do documentário e continue a conversa problematizando: o que
o artista pretende resgatar com as impressões do piso? Você
concorda? Conhecer o processo de construção altera a percepção da obra? O que torna essas impressões obras de arte?
Em sua opinião, a obra de Senise é abstrata ou figurativa?
O título deste documentário é Daniel Senise: a construção
da ausência. Que tal investigar como os alunos interpretam
a palavra ausência? Quais são os sentimentos que ela suscita? Há diferentes tipos de ausência? Provoque uma conversa sobre as situações cotidianas em que a “não presença” é
a conexão para a compreensão da realidade. Como percebemos a não presença? Que marcas foram deixadas? Como essas marcas nos ajudam a resgatar a história original? Quais
as expectativas da turma para um filme com esse título? En-
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coleção, catálogo
apropriação de imagens, colagem,
poéticas visuais, linguagens híbridas
componentes de ação cultural
museus e centros culturais, galeria de arte,
Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV Parque Lage/RJ
o ato de expor
interatividade obra/público,
estrutura física do espaço expositivo
meios
tradicionais
artes
visuais
meios
novos
contemporânea: memória, citação, repetição
espaços sociais do saber
pintura,
afresco
curadoria educativa
temática
artista, mediador, crítico de arte, pesquisador, curador
ativação cultural de obras e artistas,
escolha, fio condutor
relações entre elementos
da visualidade
agentes
Mediação
Cultural
Linguagens
Artísticas
formação de público
multiplicidade de leituras, relação público e obra,
recepção estética, fruição, apreciação, leitura e interpretação,
provocar o diálogo, educação do olhar
elementos da
visualidade
contraste, composição,
profundidade, ambiência,
bidimensionalidade,
tridimensionalidade
superfície, textura, cor, valor (luz/sombra), espaço
Forma - Conteúdo
Saberes
Estéticos e
Culturais
Materialidade
sistema simbólico
linguagem, imagem, ícones
bidimensional, ruptura do suporte, grandes formatos,
pesquisa de outros meios e suportes, tecido
história da arte
suporte
procedimentos
elementos da visualidade através do tempo,
arte contemporânea, geração 80, vanguardas artísticas
Processo de
Criação
procedimentos técnicos inventivos,
transformação de técnicas,
artista em criação e produção
poéticas da materialidade
poética da transformação,
poética da matriz e da imagem impressa
Zarpando
potências criadoras
ação criadora
qual FOCO?
qual CONTEÚDO?
o que PESQUISAR?
memória, coleta sensorial, repertório pessoal e cultural
poética pessoal, percurso de experimentação, esboços,
intenção criativa, diálogo com a matéria, busca constante,
série, anotações, cadernos de desenho
produtor-artista-pesquisador
ambiência de trabalho
fruidor, projeto poético, artista-professor,
pesquisa em arte, pesquisa sobre arte
referências de artistas, filiação a grupos de artistas,
viagens de estudo, ateliê, casa, acervo pessoal
volvidos com a discussão, os alunos estão prontos para assistir ao DVD, focalizando especialmente o último bloco. Após
a exibição, de que ausência trata o documentário? O que os
alunos descobriram? Quais as surpresas? O que mais eles
desejam saber sobre a obra de Daniel Senise? Os alunos
concordam ou sugerem outro título ao filme?
Como será que seus alunos imaginam o ambiente de trabalho dos artistas plásticos? Será que já visitaram um ateliê e
observaram o artista produzindo suas obras? Antes de assistir ao documentário, inicie uma conversa sobre o tema.
Apresente reproduções fotográficas de diferentes ateliês, dos
respectivos artistas e de suas obras. Peça aos alunos que relacionem o ateliê ao artista e à obra, justificando as respostas. Observe se as características apontadas revelam estereótipos e clichês sobre o tema. Na 26ª Bienal de São Paulo,
todo o ateliê de Paulo Bruscky foi deslocado da cidade de
Recife para ser remontado em São Paulo. O que podemos
aprender com os lugares em que as pessoas habitam e trabalham? O que podem perceber em relação ao ateliê e à casa
de Daniel Senise no primeiro bloco do documentário?
É possível que muitas histórias estejam pintando por aqui...
Observe as hipóteses e dúvidas apresentadas pelos alunos,
pistas fundamentais para a mediação arte/público que se pretende construir.
Desvelando a poética pessoal
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Para despertar a curiosidade e o interesse dos alunos sobre a
mediação cultural, você pode questioná-los sobre as lembranças dos primeiros encontros com a arte: sentimentos, emoções
e sensações do momento. Como foi este encontro? Onde? Quem
os acompanhava? Não se preocupe em avaliar se o evento era
artístico ou não, mas chame a atenção para os elementos que
tornaram o encontro inesquecível. O resgate dessas memórias
revela o que trazemos como bagagem em nossas viagens culturais e, talvez, os motivos pelos quais nos aproximamos ou nos
distanciamos do universo da arte. A reflexão pessoal pode con-
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
tinuar sob a forma de prosa ou poesia, aproximando as memórias aos novos encontros e conhecimentos atuais sobre arte.
Para compreender a ação da curadoria, o aluno pode iniciar uma
coleção com todo o tipo de imagens, como obras de arte, publicidade, embalagens, cartões telefônicos, figurinhas, selos, capas de CD, calendários, etc. Recortadas de revistas, jornais ou
catálogos, será importante que as imagens, ou, ainda, que os
pequenos objetos selecionados entre as inúmeras opções encontradas no cotidiano possam revelar suas escolhas estéticas. Um olhar crítico sobre o acervo colecionado, além de tornar conscientes as preferências pessoais do aluno, aproxima-o
das questões relativas à curadoria em arte: ênfases e exclusões, combinações e recortes intencionais. O registro dos critérios de escolha, das dificuldades encontradas na seleção e
de como organizaram seu acervo poderá desvelar os interesses dos alunos e suas preferências estéticas. Será interessante verificar com eles se há artistas vivos, mulheres e representantes de todas as etnias e de todas as linguagens artísticas
entre os artistas escolhidos.
Cada proposta pode funcionar como uma pesquisa pessoal em
paralelo ao projeto desenvolvido na aula. O acompanhamento
do professor e a socialização para o grupo ampliam a leitura e
a compreensão do mundo e da cultura.
Ampliando o olhar
Daniel Senise afirma no documentário: “Tudo o que eu fiz
eu quero poder voltar a fazer”. O artista sai à procura dos
vestígios do lugar, fotografa os espaços, desenha no computador, imprime no acetato, amplia através do retroprojetor
e segue construindo sua obra, passo a passo. Fazer, refazer
e reinventar, planejando cada etapa pode ser um bom desafio para os aprendizes afoitos de hoje. Guardando os registros das diferentes etapas de sua produção artística, o aluno pode avaliar, por meio da análise genética, as transformações ocorridas no projeto inicial, o que aprendeu durante
a elaboração e como vê a si mesmo.
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Como se faz tinta? A pesquisa sobre os materiais tradicionalmente utilizados na pintura pode render uma boa conversa sobre a evolução técnica: têmpera, pintura a óleo, acrílica, aquarela, guache, pigmentos, aglutinantes, solventes e diluentes, entre outros. Vale a pena investigar novos materiais – naturais ou
industriais - para encontrar alternativas de cores, consistências
e texturas das tintas, e a possibilidade de pintar sem tinta e pincel,
como faz Daniel Senise. Prepare um banquete colorido com as
tintas produzidas pelos alunos e desfrute com eles da pintura
em grandes dimensões, utilizando tecidos de algodão. Verifique
a necessidade de impermeabilizá-los.
A monotipia oferece um contato alternativo com as questões
da pintura. Sobre uma superfície lisa e impermeável, como
vidro, acrílico, metal, laminado plástico/fórmica, entre outras,
é preciso depositar guache ou tinta plástica, experimentando formas e cores. Definida a composição final, sobrepõe-se
delicadamente o papel da impressão à superfície trabalhada,
pressionando-o levemente com a mão ou uma régua. Retire
cuidadosamente o papel e espere secar. É válida a discussão
sobre aquilo que os alunos percebem que aprenderam durante
o processo: expectativas, acasos e resultados. Muitos artistas trabalham com este procedimento, como Mira Schendel,
presente também na DVDteca Arte na Escola.
Múltiplas leituras podem ser pesquisadas, partindo de uma
obra conhecida, como, por exemplo, As meninas de Velázquez,
que gerou reflexões de vários estudiosos e uma série de trabalhos de artistas como Picasso e Waltercio Caldas11 . Mesmo um desenho tão simples como um “x” rodeado por um
círculo pode gerar múltiplas leituras. Como disse Panofsky12 :
“a experiência recriativa de uma obra de arte depende não
apenas da sensibilidade natural e do preparo visual do espectador, mas também de sua bagagem cultural. Não há espectador totalmente ingênuo”. Entrevistas com várias pessoas podem evidenciar esta afirmação de Panofsky?
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Há um momento, no primeiro bloco do documentário, em que
Daniel Senise apresenta sua coleção particular e mostra as
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
obras presentes no quarto de sua filha. Qual é o repertório
pessoal e cultural oferecido à filha em sua casa? O que temos em nossos quartos? Quais as nossas escolhas? O que
elas falam de nós?
A curadoria educativa acontece quando obras são
selecionadas para gerar uma ampliação do olhar. A partir
da ação sugerida no item Desvelando a poética pessoal, os
alunos podem selecionar algumas imagens e com elas criar
um jogo, um pequeno catálogo ou um livro como uma mediação provocadora para públicos específicos: crianças, adolescentes, portadores de deficiência visual, etc...
Conhecendo pela pesquisa
Para Agnaldo Farias, a pintura de Daniel Senise propõe espaços para a contemplação da arte. Ouvimos com freqüência a expressão “dar um tempo” entre nossos alunos. Como
aprender a dar um tempo para contemplar a obra e hospedála em nós, condição fundamental para a experiência estética? Como provocar nossos alunos para ouvir o silêncio interno? O que os alunos podem aprender com as palavras
de Jorge Larrosa citadas em Os olhos da arte?
Daniel Senise utiliza o tecido cretone, feito com fibras de algodão, para resgatar “territórios que guardam camadas históricas”. Os tecidos contam histórias. Nos anos 80, liberdade era
sinônimo de uma calça jeans azul e desbotada. Olhando ao
redor, é possível identificar camisas, jaquetas e calças jeans
usadas ou novas, com a aparência de usadas. Por que o novo
precisa parecer velho? Como esse tecido de algodão pode ser
envelhecido? O que significa estar na moda? O que seus alunos podem aprender sobre os conceitos de beleza, juventude
e liberdade estudando as “camadas históricas” do jeans? A
pesquisa levará os alunos à internet, lavanderias, livros e reportagens sobre moda ou com costureiras e alfaiates da sua
região. Os resultados podem ser apresentados com a produção de um desfile fashion, com peças customizadas pelos próprios alunos, como uma mediação ao tema.
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A colagem foi originalmente utilizada em ícones bizantinos
com aplicação de pedras preciosas. No século 20, a colagem
foi retomada na fase cubista de Picasso, Braque e Juan Gris,
com o surrealista Max Ernst e o artista pop Robert
Rauschenberg. Atualmente, o conceito de junção de fragmentos e elementos distintos é visível na literatura, na música e
no teatro. As referências intertextuais na construção de narrativas e poéticas estão muito presentes, tanto na arte contemporânea, como em nosso dia-a-dia, em inúmeros produtos culturais. O que os alunos podem pesquisar sobre isso?
As citações são jogos intertextuais e têm aproximações
com outros conceitos como releitura, referências, apropriações de imagens, dependendo dos teóricos que os utilizam. De qualquer modo, são as ressonâncias dos trabalhos realizados por artistas como Velázquez e Leonardo da
Vinci 13 , por exemplo, que provocam a criação de outros
artistas. Assim, Waltercio Caldas, Regina Silveira, Adriana
Varejão, presentes na DVDteca Arte na Escola, Picasso,
Magritte, Botero, entre tantos outros, trabalharam a partir de obras de outros artistas. O que seus alunos podem
descobrir sobre o citacionismo?
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Cecília Almeida Salles elaborou estudos sobre o processo de
criação de Daniel Senise, pesquisando em dezessete cadernos que o artista utilizou entre 1988 e 1998. Segundo Cecília, “parece que Daniel vai testando imagens para ver aquelas que são abandonadas e outras que vão se fortalecendo
no caminho; nas anotações verbais prepara seu projeto poético através da palavra.” O hábito de registrar idéias e pensamentos, guardar rascunhos e imagens de referência é bastante comum entre os artistas. Van Gogh escrevia cartas para
seu irmão, Frida Kahlo desenhava em seus diários, Lasar
Segall e Iberê Camargo deixaram anotações precisas sobre
a composição das tintas e os materiais empregados em cada
obra. Uma pesquisa sobre os registros pessoais dos artistas
pode se revelar uma saborosa aventura. Se for possível, realize entrevistas com os artistas locais.
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
Amarrações de sentidos: portfólio
É importante que seu aluno possa refletir sobre o que estudou
neste projeto. Mesmo que o aprendizado em arte seja um processo longo, é preciso pontuar os avanços e se apropriar das
descobertas para continuar caminhando. Assim, o portfólio é
um bom modo de registrar as idéias iniciais e as mudanças do
percurso. Para tal, sugerimos um livro de artista, com tamanho
e formato à escolha de cada aluno. Esboços, anotações textuais, colagens, fotografias, estudos de cores e formas compõem
a narrativa pessoal.
A criação poética começa pela apresentação da capa. Não há
dúvida de que o livro de artista deveria estar presente na exposição do artista! Então, vale a pena planejar uma exposição,
efetuar a curadoria do acervo, planejar a montagem e preparar
a mediação cultural.
Valorizando a processualidade
Muitas questões sobre arte, mediação cultural e curadoria circularam por meio do documentário e dos alunos. Sabemos que
estes encontros podem ser significativos ou não. Segundo
Madalena Freire14 :
O que não toca em nosso significado, o que nos parece não
ter sentido, não nos fisga, não nos seduz a aprender nem
a ensinar. Parar para refletir sobre o nosso ensinar, nos
possibilita diagnosticar o que nos provoca conflito, dúvida, questionamento, constatação de não saber; estes são
nossos conteúdos significativos.
Resgate suas anotações iniciais e verifique: o que superou suas
expectativas? Quais as conquistas? E as novas idéias? Onde
houve avanços? O que os alunos conhecem agora que não sabiam antes? O que foi mais significativo? O professor mediador
precisa estar atento às pistas oferecidas por sua audiência: o
que não funcionou e precisa ser alterado em próximos projetos?
Outros documentários podem ser buscados para continuar seu
trabalho mediador.
17
Glossário
18
Citacionismo – o termo se refere a um procedimento nas artes plásticas, principalmente nas artes moderna e contemporânea, em que o artista faz uso de
imagens já consagradas na história da arte, como referência na composição de
seu próprio trabalho. Essa citação, que pode ser implícita ou explícita, acaba
por evocar um diálogo entre artistas e obras, de diferentes períodos e estilos,
criando novos contextos para uma mesma imagem. Um exemplo dessa
intertextualidade nas artes plásticas pode ser observado a partir do célebre
quadro de Édouard Manet Le déjeuner sur l’herbe (Piquenique na grama, 1863),
diretamente calcado da obra Concerto campestre, de Giorgione. Esse quadro
foi citado em diversas outras obras, assinadas por Pablo Picasso, Alain Jacquet,
Claude Monet, Glauco Rodrigues, Márcio Sampaio e Adir Sodré, entre outros.
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais <www.itaucultural org.br>.
Crítica de arte – do verbo grego krínein, julgar. Diz respeito às análises e aos
juízos de valor emitidos sobre as obras de arte que, no limite, reconhecem e
definem os produtos artísticos como tais. Envolve interpretação, julgamento,
avaliação e estabelecimento de gosto. A crítica de arte nesse sentido específico surge no século 18, num ambiente caracterizado pelos salões literários e
artísticos, acompanhando as exposições periódicas, o surgimento de um público e o desenvolvimento da imprensa. Pressupõe que as obras de arte constituem objetos de reflexão e de conhecimento, ou seja, que elas se apresentam não
apenas revestidas de uma forma sensível, mas ainda representam determinados aspectos das realidades culturais humanas: histórica, social, psicológica,
política, econômica e religiosa. A crítica abre-se ao debate, tenta convencer,
convida à contradição. Fonte: CUNHA, Newton. Dicionário Sesc: a linguagem
da cultura. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 186-187.
Crítica genética – é uma investigação que vê a obra de arte a partir de
sua construção. O interesse dos estudos genéticos é o movimento criativo: o ir e vir da mão do criador, observando sua arte sob o prisma do gesto
e do trabalho. O crítico genético procura entrar na complexidade desse
processo, analisando os rastros deixados pelo artista. Documentos que,
independentemente de sua materialidade (manuscritos, esboços, ensaios, partituras, copiões, contatos, depoimentos, roteiros, story-boards,
maquetes e cadernos de artistas), contêm sempre a idéia de registro. Há,
por parte do artista, uma necessidade de reter elementos, que podem ser
possíveis concretizações da obra ou auxiliares dessa concretização. Esses documentos de processo são, portanto, registros materiais do processo
criador. Fonte: SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de
criação artística. São Paulo: Fapesp: Annablume, 1998.
Curador – do latim curatore, aquele que cuida ou administra em nome de
outrem, tutor. Originalmente um termo jurídico, a partir do século 19 migra
para o terreno das artes, designando o responsável pela guarda legal, catalogação e exposição de coleção de arte, documentos e obras literárias particulares. No século 20, passa a ser o dirigente encarregado de: preservar,
recuperar e promover exposições de acervos públicos e privados; sugerir e
justificar novas aquisições; e, ainda, divulgar pesquisas da instituição por
meio de publicações e seminários. Atualmente, o curador tem sido o profissional incumbido de sugerir e orientar o conteúdo de eventos de artes plás-
material educativo para o professor-propositor
DANIEL SENISE – A CONSTRUÇÃO DA AUSÊNCIA
ticas modernistas e contemporâneas (bienais, por exemplo), conforme temas ou critérios pessoais, e mesmo o de administrar, financeiramente, as
exposições. Fonte: CUNHA, Newton. Dicionário Sesc: a linguagem da cultura. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 206.
Frotagge – (esfregadura) desenho obtido a partir da cópia de um modelo
ou original, colocando-se sobre este uma folha de papel que passa então
a ser esfregada ou friccionada com um grafite, giz ou caneta. Técnica inventada por Max Ernest. Fonte: CUNHA, Newton. Dicionário Sesc: a linguagem da cultura. São Paulo: Perspectiva: Sesc São Paulo, 2003, p. 225.
Mediação – “Mediar é estar entre. (...) Ultrapassando a idéia de mediação
como ponte, compreendê-la como um estar entre implica em uma ação fundamentada e que se aperfeiçoa na consciente percepção da atuação do mediador que está entre muitos: as obras e as conexões com as outras obras
apresentadas, o museu ou a instituição cultural, o artista, o curador, o
museógrafo, o desenho museográfico da exposição e os textos de parede que
acolhem ou afastam, a mídia e o mercado de arte que valorizam certas obras
e descartam outras, o historiador e o crítico que a interpretam e a
contextualizam, os materiais educativos e os mediadores (monitores ou professores) que privilegiam obras em suas curadorias educativas, a qualidade
das reproduções fotográficas que mostramos (xerox, transparências, slides
ou apresentações em Power point) com qualidade, dimensões e informações
diversas, o patrimônio cultural de nossa comunidade, a expectativa da escola
e dos demais professores, além de todos os que estão conosco como fruidores,
assim como nós mediadores, também repletos de outros dentro de nós, como
vozes internas que fazem parte de nosso repertório pessoal e cultural.” Fonte: GRUPO de Pesquisa - Mediação Arte/Cultura/Público. Revista Mediação: Provocações Estéticas. São Paulo, v.1, d.1, out. 2005, p. 55.
Bibliografia
BASBAUM, Ricardo (org.). Arte contemporânea brasileira: texturas, dicções, ficções, estratégias. Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001.
FARIAS, Agnaldo. Arte brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2002. (Folha explica).
GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Entre cenografias: o museu e a exposição
de arte no século XX. São Paulo: Edusp, 2004.
GRUPO de Pesquisa - Mediação Arte/Cultura/Público. Revista Mediação: Provocações Estéticas. São Paulo, v.1, d.1, out. 2005, p. 55.
MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
OTT, Robert William. Ensinando crítica nos museus. In: BARBOSA, Ana Mae.
Arte-educação: leitura no subsolo. São Paulo: Cortez, 1997. p. 112.
SALLES, Cecília Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São Paulo: Fapesp: Annablume, 1998.
SENISE, Daniel. Daniel Senise: ela que não está. São Paulo: Cosac & Naify, 1998.
Seleção de endereços de artistas e sobre arte na rede internet
Os sites abaixo foram acessados em 10 de maio de 2006.
ESCOLA DE ARTES VISUAIS DO PARQUE LAGE. Disponível em:
<www.eavparquelage.org.br>.
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MONOTIPIA. Disponível em: <www.iar.unicamp.br/cpgravura/cadernosdegravura>.
Veja artigo de Luise Weiss no caderno n.2, nov. 2003, parte 2.
SENISE, Daniel. Disponível em: <www.bravoonline.com.br/impressa.php?
edit=ap&numEd=95>.
___. Disponível em: <http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/496,1.shl>.
___. Disponível em: <www.britocimino.com.br/port/artistas/senise/texto.htm>.
WHISTLER, James. Disponível em <www.artcyclopedia.com/artists/
whistler_james_mcneill.htm>.
Notas
1
A escola, que completa 30 anos em 2005, mantém-se como o principal núcleo
brasileiro de formação em artes visuais. Freqüentaram seus cursos muitos dos
mais importantes nomes da produção artística contemporânea do país, conferindo à escola projeção internacional. Fonte: <www.annamarianiemeyer.com.br/
eventos.htm>. Acesso em 30 ago. 2005.
2
Em 1984, chega ao fim o regime militar que tinha restringido a produção
e circulação de informação e cultura no país.
3
Na DVDteca Arte na Escola, você encontra Tela s/ tinta (Geração 80) sobre
a citada exposição, além de outros DVDs sobre artistas que dela participaram.
4
A curadora Sheila Leirner criou corredores com telas de grandes formatos de artistas internacionais e nacionais, provocando muitos debates.
Fonte: <www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo6/18bienal/index.html#>. Acesso em 10 maio 2006.
5
Agnaldo FARIAS, Arte brasileira hoje, p. 112.
6
No texto Território dos sentidos. In: Daniel SENISE, Daniel Senise: ela
que não está, p. 15.
7
Há um grupo de pesquisa sobre mediação no Instituto de Artes/Unesp,
coordenado por Mirian Celeste Martins, do qual faz parte a autora deste
material educativo.
8
MARTINS, Mirian Celeste et al. Didática do ensino de arte: a língua do
mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998, p. 76.
9
Alberto MANGUEL, Lendo imagens, p. 32 e p. 29.
10
LARROSA, Jorge. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004, p. 160.
11
Veja o documentário sobre Waltercio Caldas na DVDteca Arte na Escola.
12
PANOFSKY, Erwin. Significado nas artes visuais. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1979, p. 36 (grifo do autor).
13
Há várias obras que citam Leonardo da Vinci. Em MARTINS, Mirian Celeste et al. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir
e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998 – você pode encontrar reproduções de obras sobre a Mona Lisa, nas p. 76-78.
14
FREIRE, Madalena. No texto: Provocar o conflito, a dúvida, o “não-sei”.
Boletim: Diálogos Imprescindíveis. São Paulo: Espaço Pedagógico, ano
1, n.2, p.1 fev. 1998.
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