A SEDE DE DEUS VIVO
“Senhor, Tu és o meu Deus, há muito que te procuro com grande ansiedade. Como a
terra seca do sertão à espera da chuva, todo o meu ser anseia por Ti, Senhor”. (Sl.62)
Conto oriental
Certo dia, um discípulo foi ter com o Mestre e lhe disse:
- Mestre, quero encontrar a Deus!
O Mestre olhou o jovem discípulo, limitou-se a sorrir, sem nada dizer.
O discípulo vinha diariamente procurar o Mestre, e repetia-lhe sempre as mesmas palavras. Dizia
que estava em busca de Deus e que queria dedicar-se à religião.
O Mestre, porém, não lhe dava atenção. Sabia o que convinha fazer.
Num dia em que o calor era muito intenso, o Mestre pediu ao discípulo que o acompanhasse até o
rio, próximo dali, para, juntos, atravessá-lo a nado.
Lá chegando, o discípulo lançou-se à àgua. O Mestre o acompanhou. Quando estavam em meio à
corrente, o Mestre, subitamente, agarrou o discípulo pela cabeça, afundou-o na água e o segurou lá
embaixo, enquanto o pobre coitado procurava, desesperadamente, libertar-se e respirar.
Quando o discípulo estava a ponto de morrer afogado, o Mestre, então, largou-o e perguntou-lhe:
- Do que é que você mais desejava quando eu segurava sua cabeça debaixo d’àgua?
- De ar – respondeu o discípulo.
O Mestre continuou: - Será que neste instante você tem tanto desejo de Deus quanto tinha de
ar debaixo d’àgua? E se O desejar tanto assim, encontra-LO-á no mesmo instante. Se, porém,
você não tem tal desejo e tal sede de encontrar a Deus, é melhor que lute com toda sua
inteligência, com todo seu coração, com seus lábios; do contrário, não O encontrará. Sem
esta sede de Deus, você faria melhor continuar ateu. Porque um ateu pode, muitas vezes, ser
sincero, ao passo que você não é.
Preparar o coração
* O ser humano é um ser insaciável, insatisfeito... vive eternamente buscando, sem saber o quê. Em contato com este “poço infinito” (seu interior), sente a necessidade de preenchê-lo a qualquer preço; na maioria das vezes, preenche-o com “coisas”: busca de poder, posses, prestígio... e sente-se frustrado,
porque nada lhe satisfaz.
* Na realidade, o único que pode saciá-lo é o encontro consigo mesmo e com Deus, no seu interior.
É na dimensão mais profunda, no seu “coração”, que o ser humano é divino. Por isso, é lá e somente
lá que a pessoa encontra-se a si mesma, a sua identidade pessoal.
* Só o Senhor e Criador, de quem recebe gratuitamente o sôpro da vida, pode preencher seu interior.
* Portanto, o caminho da vida é para dentro; feliz quem encontra o caminho do coração.
É no coração que está a fonte, a origem e o mistério do ser humano.
* A verdadeira grandeza é como o poço: quanto mais profunda, menos ruído faz.
Repita em seu coração
- “Como o animal sedento à procura das águas correntes, assim também eu estou à tua procura, ó meu Deus!
Tenho sede de Deus, do Deus vivo. Quando é que poderei estar face a face com Ele?” (Sl. 42,2-3).
- “Beba a água de sua cisterna, a água que jorra do seu poço. Não derrame pela rua a água de sua fonte,
nem pelas praças a água dos seus riachos. Seja bendita a sua fonte...” (Prov. 5,15-18).
- “Não busqueis água em cisternas fendidas, que não retém a água” (Jer. 2,13).
- “... a quem tem sede eu darei gratuitamente da fonte de água viva” (Apc. 21,6).
- “Senhor, Tu nos fizeste para Ti, e o nosso coração está inquieto até que não descanse em Ti”
- “Mas a fome de Deus que eu levo comigo não conhece descanso: ela é exigente! Então eu sigo...
Ela é tremenda e persistente! Então eu sigo... cada vez mais para frente!
Ela é constante e forte! Então eu sigo... Até à morte” (C. de M. Doherty).
Na oração
* repetir e “saborear” (várias vezes) as frases anteriores, saciando sua sede de Deus;
* deixe-se conduzir pela “fome e sede” de Deus que está enraizada em seu coração;
* faça o possível para estimular esta sede, entregando-se a ela;
* esteja certo de que esta “inquietação” tem sua resposta no Amor de Deus, presente na Criação;
“O Amor de Deus brilha em mim como os raios do sol... Do mesmo modo que vejo o sol em seus ,
raios, Deus se derrama em todas as dádivas que despeja em mim” (S. Inácio de Loyola).
FONTE: CEI-JESUÍTAS - Centro de Espiritualidade Inaciana
Rua Bambina, 115 - Botafogo – RJ – 22251-050
[email protected] / www.ceijesuitas.org.br
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