17/04/09
Nova espécie de peixe é descoberta no Jequitinhonha
O monitoramento realizado pela Companhia Energética de Minas Gerais - Cemig na Bacia do Rio
Jequitinhonha resultou na descoberta de uma nova espécie de peixe, apresentada nessa quintafeira (16/04), na Usina Hidrelétrica Irapé.
O peixe é um piau de pequeno porte, com cerca de 10 cm de comprimento, caracterizado pela
presença de máculas (bolas) pretas grandes e médias distribuídas pela lateral de seu corpo.
O biólogo Francisco Andrade Neto realizou a captura da nova espécie no Córrego Vacaria, um
afluente do Jequitinhonha, localizado em Padre Carvalho, no Norte de Minas, dentro das ações de
monitoramento do Programa Peixe Vivo, criado para preservar os peixes das bacias hidrográficas
onde a Cemig tem usinas. Segundo Francisco, a distribuição da nova espécie deve ser restrita,
pois o piau foi capturado seis vezes, sempre na mesma localidade.
Para a escolha do nome comum do peixe, a Cemig irá promover um concurso entre os moradores
da região onde ele foi descoberto, no Médio Jequitinhonha. O concurso "Piau, o quê?" irá colher
sugestões de ribeirinhos, pescadores, estudantes, autoridades e demais representantes locais para
o nome do novo piau do Jequitinhonha.
Para descrever cientificamente o novo piau, foram adotados critérios como o número de escamas
e dentes, que o diferenciam das demais espécies já conhecidas. A descrição está sendo realizada
por pesquisadores da Fundação Biodiversitas, do Departamento de Zoologia da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais - PUC-MG e da Cemig. Já se sabe que a espécie faz parte
do gênero leporinus e pertence a um grupo com sete espécies já catalogadas: seis restritas à
Bacia Amazônica e do Rio Orenoco e outra endêmica da Bacia do Rio São Francisco, no Alto
Paracatu (MG).
Monitoramento
Desde o início do enchimento do reservatório de Irapé, em 2006, a Cemig realiza diversas ações
ambientais. Os estudos buscam monitorar a população de peixes no reservatório e tributários e
identificar as áreas em que as espécies possam se reproduzir, antes e após a barragem. A coleta
de dados com os locais de ocorrência, a dieta, a reprodução e a variedade vai facilitar na
identificação da densidade da ictiofauna ao longo do tempo e auxiliar no planejamento das ações
de preservação.
Para Francisco, a pesquisa, a maior já realizada na região, deve trazer dados muito importantes
para a preservação das espécies nativas. "Essa fauna aquática ainda é muito pouco estudada,
sendo que a região do Médio Jequitinhonha e de seus tributários é considerada uma área de
importância biológica muito alta, segundo o Atlas da Fundação Biodiversitas - Biodiversidade em
Minas Gerais. Acredito que o número de novas espécies pode chegar a 80", estima.
Existem 35 espécies nativas descritas no Médio Jequitinhonha, incluindo surubim, maria-mole,
curimba e cascudo, dentre outras. Três delas também são do gênero leporinus: timburé, piautrês-pintas e piapara. Devido ao número restrito de espécies em relação a outras bacias
hidrográficas, a descoberta ganha importância para a Bacia do Rio Jequitinhonha, pois, quanto
maior a variedade de peixes, mais expressiva ela é considerada para a biodiversidade do Estado.
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