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ANO DE HBA
O que já fizemos
UNIDADE DA COLUNA
Uma equipa exclusiva
Nº5 * janeiro 2013 * Bimestral * Distribuição gratuita
beatriz
ângelo
VIAGENS
QUE CUIDAM
ESCOLA Fomos falar de HPV
* LOURES Cuidados de saúde em casa
editorial
FOTO: JOÃO ANDRÉS
UM ANO
NOVO
Artur Vaz Administrador Executivo
Hospital Beatriz Ângelo cumpriu, no dia 19 de janeiro, o
seu primeiro ano de vida. 365
dias passaram desde que, em 2012 e
apenas alguns dias após a entrega do
edifício pelo consórcio construtor, o
Hospital iniciou o seu funcionamento, primeiro discretamente mas, após
a abertura da Urgência Geral a 27 de
fevereiro, de forma crescentemente
afirmativa.
Estes 365 dias parecem-nos, a nós que
montamos o Hospital e acompanhamos cada um dos sobressaltos, dúvidas e hesitações do seu processo de
abertura faseada, bem mais longos
que apenas um ano!
Todavia, e independentemente de
considerarmos que há sempre espaço
para melhorarmos o nosso desempenho, temos todos a consciência do
trabalho que realizámos. Foi, até agora, o processo de abertura de um hospital completamente novo que decor-
O
“
”
reu mais rapidamente. Desde que
arrancou a sua construção até que
abriu a primeira consulta ao público,
decorreram, exatamente, dois anos e
19 dias - 749 dias em contrarrelógio.
Nenhuma das datas constantes do
contrato, seja de construção seja de
abertura dos diversos serviços, foi
ultrapassada. Antes pelo contrário,
algumas foram mesmo antecipadas.
Num momento de crise como o atual,
é bom que haja consciência da qualidade dos profissionais de engenharia,
de saúde e de gestão portugueses, capazes de cumprir escrupulosamente
o planeamento de um projeto tão complexo quanto a criação de um hospital a partir do nada, num período tão
curto e de forma tão efetiva.
Nestes nossos primeiros 365 dias,
prestámos assistência às mais de cem
mil pessoas que nos procuraram, em
cerca de quatrocentos mil contactos
entre essas pessoas e o HBA.
Na nossa Maternidade, que abriu a
22 de fevereiro de 2012, já nasceram
1.580 bebés. Mais de 120 mil consultas, 136 mil urgências, cerca de 14
mil doentes saídos do internamento,
mais de 5,6 mil intervenções cirúrgicas e quase 5 mil sessões de hospital
de dia realizados em 2012 atestam a
capacidade do HBA para responder
às necessidades das populações que
serve.
2013 será o primeiro ano completo
de funcionamento do HBA. Entre os
desafios da certificação e acreditação,
a prestação de mais e melhores cuidados de saúde e a melhoria dos nossos níveis de serviço, teremos ainda
de encontrar o tempo e a energia para
conseguirmos que 2013 seja, para os
profissionais e para os utilizadores
do Hospital um bom ano, porque isso
depende também e essencialmente
de nós.
Um ano novo. Um bom ano novo.
Este foi, até agora, o processo de abertura de um hospital
completamente novo que decorreu mais rapidamente
Janeiro 2013
3
sumário
Revista de Informação
da Espírito Santo Saúde
- Hospital Beatriz Ângelo
DIREÇÃO
Graça Rosendo
CONSELHO EDITORIAL
Isabel Vaz
Artur Vaz
Marisa Morais
REDAÇÃO
Rua Carlos Alberto da Mota
Pinto, nº 17, 9º andar
1070-313 Lisboa • Portugal
Tel: 213 138 260
Fax: 213 530 292
NIF: 504 885 367
[email protected]
PROPRIEDADE
CAPA Por que razão é preciso transferir doentes do Hospital Beatriz Ângelo
para o Hospital de Santa Maria? Os médicos Miguel Almeida Ribeiro e José Vale explicam.
Págs. 16 a 24
Edição: Media Capital Edições
Promotora General
de Revistas, S. A.
– Sucursal em Portugal
Rua Mário Castelhano, 40,
Queluz de Baixo,
2734-502 Barcarena
Telefone: 214 369 552
Diretor: Pedro Javaloyes
Diretora Editorial:
Rita Machado
Editora: Ana Cáceres Monteiro
Fotografia: Clara Azevedo e
Paulo Henriques
Assistente Editorial:
Ana Paula Pires
Revisão: Adriana Silva
Diretor de Produção e
Paginação: Ramiro Agapito
Projeto Gráfico:
Pedro Martins
Paginação: Paulo Franco,
Pedro Martins e Sofia Duarte
Tratamento de Imagem:
Ricardo Pereira
(coordenador)
Impressão: Lisgráfica
Casal de Santa Leopoldina,
2730-053 Queluz de Baixo
Tiragem: 100.000 exemplares
Registo na ERC
com o nº 126152
03 EDITORIAL
DE ARTUR VAZ
Novo ano.
40 BASTIDORES
Quem trabalha na Receção
Principal do HBA?
88
07 OPINIÃO
Luís Cunha Ribeiro,
Presidente do Conselho
Diretivo da Administração
Regional de Saúde
de Lisboa e Vale do Tejo.
38
46 CUIDADOS
C
O
CONTINUADOS
AU
Unidade de Cuidados
na Comunidade de Loures
presta cuidados continuados
pre
em casa dos doentes.
08 1º ANIVERSÁRIO
O HBA fez um ano.
26 UNIDADE
DA COLUNA
Uma equipa multidisciplinar
dedicada em exclusivo à
patologia da coluna.
26
46
50 AGENDA
Os eventos de Loures e de
Odivelas no primeiro trimestre
de 2013 e as reuniões clínicas
na Espírito Santo Saúde.
32 INFEÇÕES
RESPIRATÓRIAS
O pediatra João Crispim
explica como esta doença
afeta as crianças.
38 GABINETE
DO UTENTE
Para ajudar quem utiliza o hosospital e para facilitar o contacto
cto
dos centros de saúde.
42 HBA NA ESCOLA
A médica Isabel Riscado foi
explicar o que é o vírus do
Papiloma Humano aos alunos
Pa
da Escola Pedro Alexandrino.
42
32
opinião
Luís Cunha Ribeiro Presidente do Conselho Diretivo da Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
entrada em funcionamento de um novo
hospital e o seu primeiro ano de vida são, porventura, dos marcos mais agradáveis na carreira de um
profissional de saúde.
O envelhecimento da população, a sofisticação dos cuidados médicos, o desenvolvimento tecnológico e o
alargamento dos mesmos a
camadas cada vez mais vastas
da população deu origem a
uma acrescida – e legítima,
claro está – procura de cuidados de saúde. Este aumento
da procura tem reflexo natural
na rede hospitalar, procurando que as unidades hospitalares acompanhem as novas
realidades geodemográficas
do país.
Foi neste contexto que surgiu
o Hospital Beatriz Ângelo,
no início de 2012, abrangendo uma população estimada
de 272 mil pessoas, residentes em 4 concelhos a oeste
do Concelho de Lisboa. Este
Hospital, construído de raiz
A
e com recurso às mais modernas tecnologias, resultante de um contrato de parceria
entre o Estado Português, a
SGHL - Sociedade Gestora
do Hospital de Loures, SA e
a HL - Sociedade Gestora do
Edifício, SA, é assim um Hospital público, integrado no
Serviço Nacional de Saúde,
que veio dar resposta às necessidades de uma zona do
país onde o reforço de cuidados de saúde era há muitos
“
”
Proust escreveu que: acreditar
na medicina seria a suprema
loucura se não acreditar nela
não fosse uma maior ainda.
A medicina apenas trata o que
é tratável, o que quer dizer que
nem sempre trata. É procurando contrariar esta realidade
que centenas de profissionais
de saúde estão a dar o seu melhor para servir os utentes.
Dentro das quatro paredes do
Hospital Beatriz Ângelo tem-se assistido a muitas histórias
gelo uma realidade, aproveito
esta oportunidade para dar os
parabéns por este primeiro
aniversário e deixar votos de
mais sucessos pessoais e profissionais.
Da parte da Administração
Regional de Saúde de Lisboa
e Vale do Tejo terão sempre
um parceiro ativo e interessado em manter o Hospital Beatriz Ângelo uma referência
na boa prestação de cuidados
de saúde aos cidadãos.
Da parte da ARS de Lisboa e Vale do Tejo terão sempre um parceiro
ativo e interessado em manter o HBA como uma referência
anos evidente. Tornou-se,
assim, um bom exemplo de
adequação dos recursos disponíveis às necessidades existentes.
Os profissionais da Saúde trabalham diariamente no limbo
da vida. Naquela área nebulosa em que amiúde se prefere estar vagamente certo do
que precisamente errado.
Em “Le Côté des Guermantes”,
bonitas: desde o nascimento
de novas vidas ao aliviar do
sofrimento. Naturalmente,
existem igualmente alguns
revezes, mas saibamos encará-los de frente na perspetiva
de uma verdadeira parceria,
alicerçada no profissionalismo
e cimentada pelo humanismo
e solidariedade.
A todos os que continuam a
fazer do Hospital Beatriz Ân-
A gestão dos meios existentes,
compatibilizando múltiplas
necessidades com interesses
nem sempre compagináveis,
constitui um desafio que diariamente se enfrenta e que só
pode ser dirimido tendo em
conta o superior interesse dos
cidadãos. O respeito por nós
próprios assim o obriga, o interesse de todos para quem
trabalhamos assim o impõe.
Janeiro 2013
7
1º aniversário
19
JANEIRO
2013
Estamos de
8
Janeiro 2013
1º aniversário
e parabéns
Janeiro 2013
9
1º aniversário
1 ANO DE
“Só tenho a dizer bem. Pode escrever à vontade. Fui
excelentemente tratado. Calhei com uma médica que
adoro. E o hospital empenhou-se imenso em tudo, até
em evitar que eu tivesse problemas na minha empresa! Só posso dizer bem! Desejo muitas felicidades a
todos para continuar o bom trabalho”
Joaquim, 50 anos, Sobral de Monte Agraço
“Tive o meu filho aqui, há dois meses. E correu tudo
muito bem. Deram-me epidural no parto, que eu não
sabia que podia fazer, e foi o melhor que me aconteceu. A minha experiência aqui tem sido ótima”.
Cátia, 29 anos, Loures
“Vim cá só uma vez, à Urgência. É claro que se espera
sempre um bocado. Mas fui bem atendida. É isso que
interessa”.
Verónica, 19 anos, Loures
129.021 135.501
consultas externas
10
Janeiro 2013
atendimentos nas Urgências
1º aniversário
HBA
Pôr um hospital a funcionar e vê-lo receber os
primeiros doentes e fazer as primeiras cirurgias
é uma experiência única. No final do primeiro ano
de atividade do Hospital Beatriz Ângelo, o balanço
desta experiência não podia ser melhor. Para todos.
“Nunca precisei de ir ao médico, nunca me doeu
nada… Agora fui fazer exames de rotina e descobriram-me isto. Acho que vou ter de ser operada, mas
não sou de entrar em pânico. E estou a ser seguida por
um médico muito simpático, que me parece excelente.
Só cá vim duas vezes e tenho sido tão bem tratada!”
“No global, tenho de dar nota positiva ao hospital.
É ótimo, sobretudo em comparação com outros hospitais públicos. Mas há aspetos em que ainda têm de ser
melhorados. Outro dia, vim cá com uma criança fazer
um exame e fui a três sítios diferentes aqui do hospital,
até perceber exatamente onde devia ir. É claro que
acabei por chegar atrasado ao exame… Por isso,
o que eu desejo é que continuem a trabalhar bem
mas também que vão melhorando estas coisas”
Teresa, 61 anos, Loures
José, 55 anos, Santo António dos Cavaleiros
5.618 1.580 101.157
cirurgias
partos
doentes registados
Janeiro 2013
11
notícias
Apoiamos a campanha contra a violência doméstica
Oito horas de filmagens, quilos e quilos de material, dezenas de pessoas e um cenário: uma sala de consulta
na pediatria do Hospital Beatriz Ângelo (HBA).
O anúncio da nova campanha contra a violência doméstica, lançada pelo Governo no final do ano
passado, foi gravado nas instalações do nosso hospital,
e mostra a conversa de um
médico com a mãe de uma
criança, revelando como a
violência doméstica de que
ela é vítima afeta também o
filho.
O anúncio está disponível
no site da campanha “Em
vossa defesa, dê um murro
na mesa” e foi lançado publicamente logo após a rea-
Governantes
estrangeiros
visitam HBA
O Hospital Beatriz Ângelo
(HBA) recebeu, durante o ano
passado, várias visitas ilustres.
Entre elas, destacaram-se as
da Ministra da Saúde sérvia
(na foto em cima, ao centro) e
da vice-ministra da Saúde do
Cazaquistão (na foto em baixo,
também ao centro) e
respetivas comitivas.
O modelo de Parceria
Público-Privada na Saúde
adotado pelo Governo
português, de que o HBA é um
dos exemplos, foi o principal
motivo da visita das duas
governantes.
Num caso como no outro, as
comitivas estrangeiras foram
recebidas pela Administração
do hospital, tendo a ambas
sido proporcionada uma visita
às instalações, o que lhes
permitiu um contacto direto
com os profissionais do HBA.
12
Janeiro 2013
lização de uma conferência
promovida pela Secretaria
de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade,
também no HBA a propósito da mesma campanha.
Esta conferência trouxe ao
Hospital de Loures o minis-
tro da Saúde, Paulo Macedo,
a secretária de Estado, Teresa Morais, e o diretor-geral
de Saúde, Francisco George,
tendo sido apresentadas as
mais recentes estatísticas sobre este fenómeno e quais
os resultados da intervenção
das autoridades, quer a nível
legislativo quer a nível judicial. O tema da conferência
estava, no entanto, centrado
nas questões de saúde, em
especial no papel deste setor
na deteção e prevenção da
violência doméstica.
Falar de sida
A sessão clínica comemorativa do Dia
Mundial da Sida reuniu, no Hospital
Beatriz Ângelo, no passado dia 7 de
dezembro, alguns dos mais importantes
especialistas portugueses nesta área.
Além de António Diniz, diretor do
Programa Nacional para a Infeção VIH/
sida, esta sessão contou com a presença
do médico infecciologista Jaime Nina.
Nina integrava, nos anos 80, a equipa
liderada pela professora Odete Ferreira,
que revelou ao mundo a existência de um
novo vírus da sida. Nesta sessão
comemorativa, contou a história dessa
investigação e de como os médicos e
cientistas portugueses, na altura,
conseguiram dar cartas numa área em
que os Estados Unidos dominavam.
notícias
Uma árvore de Natal muito especial
Durante todo o mês de dezembro, a
atividade foi intensa.
Materiais variados, muitas ideias e a
criatividade à solta. Foi o que bastou
para que o primeiro Natal do Hospital
Beatriz Ângelo (HBA) fosse comemorado como se impunha.
A obra foi da autoria dos doentes da
Psiquiatria e da Pedopsiquiatra do
HBA, que criaram os mais originais
enfeites de Natal para a árvore que foi
montada na entrada principal do hospital.
Bolas feitas de lã ou decoradas com
guardanapos de papel, anjos de madeira e pais natais de cartão, sinos e
estrelas de tecido bordado e até um
presépio feito de papel e tecido – a
variedade era imensa e o resultado foi
uma verdadeira obra de arte.
A decoração da árvore foi o momento
alto deste processo criativo – que foi,
sobretudo, mais um pretexto terapêutico para permitir criar laços ainda
mais fortes entre os doentes e os profissionais do Departamento de Psiquiatria.
Mas foi também um momento de festa no hospital, a que ninguém quis
deixar de assistir.
Médicos de família no encontro clínico do HBA
O primeiro encontro clínico do Hospital Beatriz Ângelo (HBA), realizado no passado
dia 10 de janeiro, contou com uma forte presença dos médicos de família pertencentes
aos centros de saúde da área de influência deste hospital público.
O tema escolhido para este primeiro encontro – o carcinoma de cólon e reto – serviu
de pretexto para a apresentação de alguns dados estatísticos já reunidos pelos médicos
do HBA sobre a população servida pelo hospital e para troca de ideias sobre como
identificar o problema, como referenciar para a consulta de especialidade e como intervir para prevenir tratamentos mais radicais.
Rui Maio, diretor clínico do HBA, fez uma apresentação sobre a casuística da consulta
do grupo multidisciplinar do cancro do cólon e reto, revelando que entre março e dezembro foram diagnosticadas no hospital 131 destas neoplasias, 19% das quais em
doentes com mais de 80 anos. Significativo foi, no entanto, como destacou, o facto de
42% destes doentes terem sido admitidos no HBA através do Serviço de Urgência.
A gastrenterologista do HBA Luísa Glória, apresentou, por sua vez, os resultados de
um rastreio do cancro do cólon e reto feito em colaboração com os centros de saúde.
Janeiro 2013
13
notícias
“Nascer cidadão” permite registar bebés no HBA
As crianças nascidas no Hospital Beatriz Ângelo (HBA) podem ser, a partir de agora, registadas no próprio
hospital, deixando assim de ser necessária a deslocação à conservatória
do Registo Civil para fazer o assento
do nascimento com as necessárias
declarações dos pais.
O HBA tem já disponível o programa
“Nascer Cidadão”, que permite fazer
esse registo diretamente no hospital,
logo após o nascimento da criança.
Um funcionário do Registo Civil com
acesso direto à aplicação informática
própria está presente na área da Re-
ceção Principal do HBA para efetuar
todos os procedimentos necessários.
Para este registo, é apenas preciso
apresentar o nome escolhido para a
criança (no máximo dois nomes próprios e quatro apelidos) e escolher a
naturalidade da criança, que tanto
pode ser a freguesia do concelho do
hospital ou a freguesia da residência
habitual da mãe.
A declaração para o assento de nascimento pode ser feita pelo pai, mesmo que este não seja casado com a
mãe da criança.
Priscilla é o nosso bebé 1500
O Hospital Beatriz Ângelo (HBA) atingiu, no passado dia 18 de dezembro,
os 1500 partos, com o nascimento de Priscilla, um parto que foi
celebrado por toda a equipa da Maternidade deste hospital público. O
HBA abriu a sua maternidade a 22 de fevereiro de 2012 e, em menos de
um ano, quase atingiu os 1600 partos. 2012 terminou com 1580
nascimentos no novo hospital de Loures - um número que confirma o
cumprimento de todos os requisitos de segurança técnica definidos pela
Organização Mundial de Saúde, pelas autoridades de saúde nacionais e
pela Ordem dos Médicos. Priscilla, o nosso bebé 1500, nasceu às nove
da manhã, com 3,200 quilos e o parto correu sem problemas. À mãe e à
filha, toda a equipa do HBA deseja as maiores felicidades.
14
Janeiro 2013
O registo civil da criança filha de pais
estrangeiros não legalizados pode
fazer-se também através do programa
“Nascer Cidadão”, sem implicações
para a situação dos pais.
Seja como for, qualquer criança que
nasça em território nacional adquire
imediatamente a nacionalidade portuguesa se um dos pais for nacional
ou tiver residência fixa no nosso país.
Basta, para isso, que seja apresentado
o documento comprovativo dessa
residência, a certidão de nascimento
do pai de nacionalidade portuguesa
ou a indicação da conservatória e ano
do seu registo de nascimento.
O registo da criança é imediato e gratuito, sendo desde logo entregue aos
pais o documento comprovativo da
realização desse registo.
Se os pais não usarem o “Nascer Cidadão”, devem dirigir-se a uma qualquer conservatória do Registo Civil
até 20 dias após o nascimento para
fazerem o registo do bebé.
Com a realização do registo da criança através deste programa no próprio
hospital, é também possível tratar,
de imediato, da sua inscrição no
centro de saúde, da emissão do cartão de contribuinte, entre outros documentos.
No Hospital Beatriz Ângelo, este
serviço está disponível de segunda
a sábado, das 14h00 às 17h00, e fica
situado na zona da Receção Principal, por detrás do respetivo balcão.
transferências
O Hospital Beatriz Ângelo (HBA), por determinação
do Ministério da Saúde, tem a maioria das especialidades
médicas de que a população que serve necessita.
Mas há situações específicas que exigem a intervenção
de um hospital central. Nesses casos, o HBA tem
de proceder à transferência dos doentes para o Hospital
de Santa Maria.
VIAGENS QUE
Diariamente, pelo menos dois a três doentes do Hospital Beatriz Ângelo (HBA)
com doença cardíaca aguda são enviados para o Hospital de Santa Maria
(HSM), em Lisboa. São transportados
em ambulâncias requisitadas especialmente para o efeito, acompanhados sempre por um enfermeiro – e por um médico, quando a situação o exige – e levados para os serviços deste hospital,
onde as respetivas equipas já os aguardam para fazer os procedimentos médicos necessários. Quando a intervenção
no HSM está terminada, os doentes vol16
Janeiro 2013
tam para o HBA, mantendo-se no internamento até terem alta clínica.
Muitas vezes acontece, também, que doentes chegados à Urgência do HBA em
situação cardíaca considerada grave são
quase imediatamente transferidos para
o Santa Maria. Nestes casos, são as ambulâncias do INEM que levam os doentes, por serem aquelas que estão especialmente preparadas para acompanhar
os casos emergentes. No HSM, estes doentes dão entrada pelo serviço de Urgência, que já foi alertado pelas equipas
do HBA para a situação, estando tudo,
por isso, devidamente preparado para
os receber. Quando a situação está estabilizada mas os doentes precisam de estar internados, e quando já não há qualquer risco no seu transporte, o Hospital
de Santa Maria volta a transferi-los para
o HBA. Aqui, continuarão a ser assistidos no internamento, até o seu problema
estar resolvido e poderem ter alta do
hospital.
Quem já esteve num hospital, provavelmente já assistiu ou passou por situações
destas. Inevitavelmente, somos levados
a pensar no incómodo para os doentes
tema de capa
CUIDAM
que têm de andar de um lado para o outro, temos dúvidas sobre as capacidades
dos profissionais e das unidades de saúde que têm de o fazer e, sobretudo, temos receios de que, por terem de ser
transportados para outro lado, possa ficar comprometida a correta assistência
aos doentes.
Na verdade, não há transferências de
doentes entre hospitais sem ser cumprida uma de duas condições: há toda a
segurança em fazê-lo; ou, sem a transferência, o doente fica em risco de vida.
Não há meio-termo.
Estas transferências ocorrem regulamente
entre hospitais do Serviço Nacional de
Saúde (SNS) - com muitos doentes a serem
encaminhados para as Urgências ou para
exames e consultas dos hospitais centrais
de Lisboa, Porto ou Coimbra. Aqui, estão
concentrados serviços a quem o Ministério da Saúde atribuiu competências específicas, que não existem em nenhuns outros hospitais – como acontece com o HBA,
quando tem de encaminhar os seus doentes para o Hospital de Santa Maria.
“Os nossos doentes não são pior tratados
pelo facto de irem para o HSM e voltarem,
continuando a ser aqui assistidos. Isso
posso claramente garantir-lhe”, afirma,
sem hesitações, o diretor da cardiologia
do HBA, Miguel Almeida Ribeiro. “O facto de os transferirmos não significa nenhum atraso no tratamento. Nem significa que, por isso, o acompanhamento feito aqui seja pior”, reforça.
O serviço de cardiologia é responsável
por uma parte substancial das transferências de doentes para o Hospital de
Santa Maria. Como se disse, diariamente dois a três doentes são encaminhados
do HBA para o centro de hemodinâmica
Janeiro 2013
17
transferências
O Ministério da Saúde decidiu concentrar os centros de hemodinâmica nos hospitais centrais. Por isso, o HBA não tem este serviço
daquele hospital para fazer cateterismos
e angioplastias, colocar pacemakers, fazer estudos de arritmologia, entre muitas
outras intervenções que são necessárias
nas doenças agudas do coração, tanto na
doença cardíaca aguda como na doença
coronária aguda.
Estas intervenções podem ser programadas e, nesse caso, acontecem no espaço
de 24 a 48 horas após a entrada do doente na Urgência do HBA e o seu internamento. “São exames rápidos, em que
a situação clínica do doente está estabilizada e este é transportado com toda a
segurança”, diz o médico.
Mas, quando têm de ser urgentes, como
no caso dos enfartes agudos do miocárdio ou das arritmias muito graves, por
exemplo, o doente é enviado com a maior
rapidez possível para o Santa Maria. “São
os casos em que acionamos o sistema de
emergência inter-hospitalar e em que o
doente vai acompanhado na ambulância
por um médico, para o hospital central”,
acrescenta, salientando: “Se a situação
for de grande instabilidade, é provável
que o doente não volte logo para o HBA.
Porque precisa de uma cirurgia urgente,
por exemplo, ou porque o transporte de
regresso é efetivamente um risco. Fica
então internado em Santa Maria até a situação estabilizar, o que pode demorar
dias, e volta quando estiver melhor, para
continuar a ser assistido aqui”.
Estas transferências inter-hospitalares de
doentes têm uma justificação. “O Hospital Beatriz Ângelo não tem um serviço
de hemodinâmica”, começa por dizer
Miguel Almeida Ribeiro. “Nesta área, a
estratégia de organização do SNS definida pelo Governo foi concentrar os serviços de hemodinâmica em centros de excelência nos grandes hospitais centrais.
E isto porque, para haver segurança e
qualidade nestes procedimentos, tem de
haver especialistas dedicados apenas a
isso e a trabalhar permanentemente com
estes casos. Não faz sentido, pois, existir
um serviço destes em todos os hospitais.
Nem se justifica, perante as necessidades
da população”, explica Miguel Almeida
Ribeiro. Por isso, continua, “o Hospital
O dia-a-dia do trabalho de médicos e enfermeiros que lidam com os doentes da Cardiologia
do HBA implica sempre uma articulação constante com o Hospital de Santa Maria
18
Janeiro 2013
Beatriz Ângelo tem sempre de enviar os
seus doentes que precisam destas intervenções para Santa Maria”.
O diretor do serviço de Cardiologia do
HBA faz questão, aliás, de dizer que a articulação com o Hospital de Santa Maria
é “excelente, no que diz respeito, sobretudo, aos doentes com doença coronária
aguda. A forma de concretizarmos esta
relação entre os dois hospitais foi previamente acertada em conjunto, e funciona
diariamente sem qualquer problema”.
Quando um doente internado no HBA
tem indicação para fazer cateterismo, é
elaborado um relatório médico, que é
enviado por correio eletrónico para Santa Maria e quase imediatamente visto
pelo responsável do serviço neste hospital. Na sequência disso, o exame é
marcado. E “a resposta que temos tido
sempre para os nossos doentes internados é igual ou inferior a 24 horas”, ou
seja, por regra, menos de um dia depois
de ter sido pedido o exame, o doente
está a ser transferido para Santa Maria
para o fazer. “Isto só não acontece se o
exame é pedido numa sexta-feira. Aí, a
marcação nunca é feita para o dia seguinte, mas para a segunda ou terça-feira seguintes”, esclarece, ainda, fazendo
a ressalva: “Naturalmente, se surge alguma situação de instabilidade no doente, é ativada a via verde coronária inter-hospitalar, o que significa que o nosso doente é enviado de urgência para o
Santa Maria, seja dia de semana ou fim
de semana, e o procedimento será feito
pelo cardiologista de intervenção que lá
estiver de prevenção à Urgência”.
Nas áreas da Cardiologia em que o HBA
faz transferência de doentes para o HSM,
a doença coronária para a hemodinâmica
é a que tem mais peso. Mas outras áreas
começam, à medida que o próprio hospital em Loures vai crescendo, a ganhar relevância. É o caso da arritmologia, ou seja,
dos doentes que precisam de “colocar um
pacemaker ou um desfibrilhador,
que necessitam de fazer ablações
ou estudos fisiológicos de arritmias”. Mas, neste caso, a articulação com o Santa Maria tem contornos diferentes.
Conforme explicou Miguel Almeida Ribeiro, de duas em duas
semanas, um especialista dessa
área do Hospital de Santa Maria
faz consulta no HBA aos doentes
com essa patologia específica.
“Não é uma consulta aberta. Só
recebe doentes referenciados pelos cardiologistas daqui do nosso
hospital”, ressalva, explicando:
“O doente é visto pelo cardiolo- Miguel Almeida Ribeiro, diretor da Cardiologia
gista e se este entende que ele do Hospital Beatriz Ângelo
precisa de ser acompanhado pelo
especialista de Santa Maria, encaminha- ria, durante o procedimento lá e, depois,
na consulta que ele faz aqui”.
o para esta consulta especial”.
Depois, se o doente tiver de ser sujeito A outra área das doenças do coração em
a procedimentos da cardiologia de in- que há também necessidade de transfetervenção, também é transferido para o rir doentes do HBA para o Hospital de
Santa Maria. “E é este colega que faz essa Santa Maria é a cirurgia cardíaca. “Para
referenciação para lá, depois de, na con- os doentes internados que necessitam
sulta especial feita aqui no HBA, iden- de uma cirurgia cardíaca urgente, o protificar os casos”. Na verdade, acrescenta cedimento de articulação é igual ao dos
Miguel Almeida Ribeiro, “ele próprio que precisam de intervenção da hemoacompanha os doentes em todo o per- dinâmica: é enviado um relatório para
curso: na referenciação para Santa Ma- o responsável da cirurgia cardíaca do
HSM e é este colega que determina a necessidade e a urgência da operação. Se
for esse o caso, o doente é transferido
para lá, aguardando no internamento do
Santa Maria pela cirurgia”, explica o diretor da Cardiologia do HBA.
Já para os doentes de ambulatório, ou
seja, aqueles que são seguidos na consulta de cardiologia do HBA, o procedimento é diferente. “Temos reuniões regulares em que participa um cirurgião
cardíaco do Santa Maria, em que é feita
a avaliação de cada caso, em conjunto,
e é tomada a decisão sobre a necessidade de cirurgia. A marcação será feita depois pelo serviço do HSM, logo que receberem o relatório do caso discutido
nestas reuniões”, acrescenta ainda.
“A incidência de patologia cardíaca é
cada vez maior, quer no internamento,
quer na urgência”, diz Miguel Almeida
Ribeiro, pelo que é fundamental que os
doentes conheçam os sinais de alerta e
atuem de modo a que a resposta dos serviços seja o mais eficaz possível.
Nesta área da Cardiologia, a via verde
coronária – um sistema de alerta que liga
o CODU (que atende as chamadas do
112), o INEM e os serviços de urgência
dos hospitais do SNS, independentemente da sua diferenciação – permite
Janeiro 2013
19
transferências
que, em todos os níveis, a intervenção
dos serviços seja o mais rápida possível.
E, para ser a mais eficaz, é fundamental
que o doente seja logo encaminhado para
o serviço que estiver melhor preparado
para agir na sua situação.
É por isso que é fundamental, diz o médico, que, perante suspeita de doença
cardíaca aguda, o doente ligue para o
112, em vez de ir pelo seu pé para o
hospital. “Se ligar e descrever aquilo
que sente, certamente será acionada a
via verde coronária pré-hospitalar: o
próprio INEM avalia a situação e se ela
for de gravidade, o doente é logo levado
para um hospital central onde pode ser
feita a intervenção completa e necessária”, reforça, adiantando: “Mas se o doente se dirige, pelos seus meios, à urgência mais próxima, essa intervenção
Na reunião diária do serviço de Cardiologia, os médicos decidem que doentes precisam de
realizar exames e quando devem ser encaminhados para o hospital central
pode não ser tão rápida como é desejável”, diz, lembrando que pode sempre
haver algum atraso na admissão administrativa ou na triagem. “No HBA, de
qualquer modo, assim que o doente indica os sinais de alerta, normalmente
na triagem, é ativada uma ‘via verde dor
torácia’ interna que implica que o doente vá imediatamente realizar um eletrocardiograma, passando à frente de
todos os outros. Ao mesmo tempo, os
médicos são alertados para a situação e
têm de avaliar o resultado do exame
logo a seguir, para definir a estratégia
de intervenção. Se o caso for efetivamente grave, a decisão é só uma: transferir imediatamente o doente, para a
hemodinâmica do Santa Maria”.
O responsável da Cardiologia do HBA
não deixa, no entanto, de aproveitar a
oportunidade para fazer um alerta: “O
que nós queremos obter com o tratamento da doença cardíaca é aumentar os
anos de vida e com qualidade. E isso
não se consegue tratando apenas os episódios agudos. O doente tem sempre a
noção de que são estas crises agudas que
condicionam o seu futuro, mas isso não
é de todo verdade!”
Neurocirurgias só no Santa Maria
As transferências de doentes para
o Hospital de Santa Maria, que são
obrigatórias nas situações de
doença cardíaca aguda, acontecem
também sempre que é necessária
a intervenção da Neurocirurgia. O
Hospital Beatriz Ângelo tem um
serviço de Neurologia, com
especialistas nas mais importantes
patologias do sistema nervoso.
Mas não possui um serviço
específico de Neurocirurgia, por
determinação do Ministério da
Saúde.
“Perante a avaliação que é feita ao
doente pelo médico neurologista,
quer ele esteja internado quer esteja a ser acompanhado em
ambulatório, se há necessidade da
intervenção cirúrgica, o doente é
imediatamente transferido para
Santa Maria”. A explicação é dada
pelo diretor da Neurologia do HBA,
José Vale, que ainda salienta:
20
Janeiro 2013
“Contactamos o nosso colega do
hospital central para programar a
consulta na Neurocirurgia de lá e o
nosso doente internado vai à
consulta, é-lhe marcada a cirurgia,
mas volta para aguardar por ela no
nosso internamento. Se o doente
entretanto tem alta daqui do HBA,
mas tem também indicação para a
Neurocirurgia, já sai do nosso
hospital com a consulta marcada
lá e devidamente informado sobre
o que deve fazer”. Naturalmente,
depois de terem alta cirurgica, os
doentes voltam a ser seguidos no
HBA, na consulta de Neurologia
deste hospital
A articulação com o serviço de
Neurocirurgia do HSM “foi
preparada e organizada ainda
antes de o nosso hospital abrir”,
explica José Vale. “Reunimos para
definir os protocolos de transferência dos doentes – ou seja, quando
devem ir e quando já podem voltar,
por serem doentes da nossa área
de influência – e estamos agora a
ultimar uma plataforma online, que
liga os dois hospitais nesta área, e
que permite que os colegas de lá
acedam, no seu terminal de
computador, aos exames que os
doentes fizeram”, revela o médico.
Trata-se, diz ainda, “de um
instrumento de trabalho muito
importante, porque facilita os
contactos, permite o acesso
imediato aos exames e acelera a
decisão sobre como intervir em
cada caso. Sobretudo, permite dar
uma resposta mais cómoda e
rápida ao doente, que não tem de
andar com os exames para trás e
para a frente. Quando o doente vai
à consulta ao HSM, os médicos já
viram tudo, já analisaram o caso e
já lhe podem dizer o que vão fazer”.
Apesar de essa plataforma ainda
não estar a funcionar, “as coisas
têm corrido muito bem. E a
resposta da Neurocirurgia do Santa
Maria é praticamente imediata”,
afirma.
A intervenção da Neurocirurgia do
HSM está também prevista para os
casos detetados na Urgência do
HBA.
Os neurologistas do serviço de
José Vale estão de prevenção à
urgência todos os dias da semana,
das oito da manhã às oito da noite,
e quando “entra alguém com um
quadro neurológico que os exames
imagiológicos não esclarecem ou
que nos leva a suspeitar de algo
que necessita de outro tipo de
intervenção”, pode ser preciso
transferir o doente para que os
neurocirurgiões do Santa Maria
analisem também a situação.
Será sempre necessária “a
avaliação do neurologista que
tema de capa
“A doença cardíaca não existe só quando
há uma crise. E garantir que, durante todas as fases da doença, os doentes são
bem tratados e todos os objetivos terapêuticos são cumpridos é fundamental. Este
tratamento é feito, sobretudo, em ambulatório, por equipas multidisciplinares,
em articulação perfeita com os cuidados
primários de saúde. Estamos todos, afinal,
a tratar o mesmo doente”.
Neste momento, uma parte substancial
dos doentes seguidos na consulta de Cardiologia é referenciada pelos médicos de
família. E, assegura Miguel Almeida Ribeiro, a resposta é imediata, dentro do
grau de prioridade atribuído a cada caso.
“Não há listas de espera no HBA, nesta
especialidade”, conclui o médico, deixando um pedido: “É fundamental que
entre o hospital e os centros de saúde
haja uma comunicação regular e fácil.
Para comodidade dos nossos doentes e
para melhorar a sua assistência. Só assim
evitamos que cheguem à consulta no
hospital sem exames, sem a medicação,
sem qualquer informação sobre o que
têm, o que nos impede de fazer a avaliação completa do caso e obriga a marcar
nova consulta”.
estiver aqui na nossa Urgência. É
ele que decide essa transferência,
a qual é feita sempre após o
contacto com os colegas da
Neurocirurgia de lá, para que
esteja tudo preparado quando
o doente lá chegar”.
Durante o fim de semana e nos
períodos noturnos, a partir das oito
da noite, os doentes com quadros
neurológicos mais graves que
entrem na Urgência do HBA são
igualmente transferidos para Santa
Maria – de acordo com a rede de
referenciação das urgências nesta
especialidade, estabelecida pelo
Ministério da Saúde.
De facto, o número de casos
surgidos nos períodos noturnos e
que exigem a intervenção da
neurologia “não justifica a
dispersão de especialistas por
todos os serviços de urgência que
existem. O nosso hospital, ainda
por cima, está apenas a 15 minutos
da Urgência de Santa Maria e os
recursos deste hospital central são
suficientes para atender com
eficácia e rapidez todos os casos
surgidos à noite e ao fim de
semana”, explica o diretor da
Neurologia do HBA, ressalvando:
“Naturalmente, mesmos estas
transferências só são feitas em
condições de absoluta segurança.
Portanto, o doente é sempre
estabilizado aqui, e só é enviado
para lá se não houver qualquer
risco nesse transporte”.
Nos casos menos graves, mesmo
que os doentes cheguem ao
hospital à noite, “poderão ficar no
SO da nossa Urgência até à
chegada do neurologista, sem
qualquer risco e sempre sob
vigilância permanente”, explica
José Vale.
A Via Verde do Acidente Vascular
Cerebral (AVC) – um sistema de
alerta entre o CODU (que atende as
chamadas do 112), o INEM e as
urgências dos hospitais, e que
permite acelerar a assistência aos
doentes com suspeita de AVC – é
também um dos motivos por que o
Hospital Beatriz Ângelo pode ser
obrigado a transferir doentes para
Santa Maria.
Um doente com suspeita de AVC ou
perante os sinais de alarme, deve
sempre ligar para o 112, sendo
imediatamente ativada a respectiva
Via Verde. Isto significa que o
serviço de Urgência mais próximo
é alertado, para que esteja tudo
preparado para fazer “a revascularização direta do vaso que está
entupido e a provocar o enfarte
cerebral”, explica o médico. Este
procedimento é decidido pelo
neurologista, perante a avaliação
do caso, e tem de ser efetuado no
mais curto espaço de tempo, para
permitir a reabilitação do doente.
“Quanto mais tarde se atuar, mais
difícil pode ser essa reabilitação”,
adianta ainda.
Durante a noite e ao fim
de semana, se a Via Verde
é ativada pelo CODU para um
doente da área do HBA, o INEM
terá de levá-lo para o Hospital
de Santa Maria, precisamente
por ser essa a indicação da rede
de referenciação das urgências
de Neurologia. “O problema
– alerta José Vale - é se o
doente “vem para o HBA pelo
seu próprio pé, nesses períodos.
Só isso pode implicar um atraso
na intervenção médica, porque
terá sempre de ser imediatamente
transferido para o HSM. Portanto,
perante sinais de alerta de AVC,
só há mesmo uma coisa a fazer:
ligar para o 112”.
Janeiro 2013
21
transferências
Mais uma artéria
‘desentupida’
Já há uns dias que andava a sentir-se cans
cansado.
ado
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No sáb
sábado
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do ant
anteri
anterior
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or tin
tinha
ha est
estado
ado a jog
jogar
ar à
bola com os amigos e depois disso ficou pior. Não associou o tabaco ao seu mal- estar,
apenas sentiu que não estava com as mesmas forças do costume. Na tarde do dia de Natal
sentiu uma dor forte no peito. O filho trouxe-o logo para a urgência do Hospital Beatriz
Ângelo.
Nunca lhe tinha passado pela cabeça que, aos 51 anos, fosse acontecer isto. “Pensamos
sempre que os problemas só acontecem aos outros”, admite, com um sorriso meio
envergonhado. Luís teve um princípio de enfarte, ficou internado no HBA e agora está já com
o cateterismo marcado para fazer no Santa Maria, o mais rápido possível. “Tenho uma veia
entupida e vão desentupí-la. Logo a mim, que sou canalizador”, vai dizendo, soltando uma
gargalhada.
Está com uma calma notável, como se nada tivesse acontecido. Sente-se bem outra vez e só
o incomodam os fios a que está ligado. Já está, por isso, desejoso que o exame seja rápido
para voltar para casa o mais rapidamente possível. “O problema vai ser o tabaco. Não sei
como vou fazer para parar com os cigarros...”. É o único momento em que carrega a
expressão. Não o assusta mais nada, nem o procedimento que ainda vai fazer, nem o risco
em que esteve. E quanto ao futuro, “logo se verá”, diz, novamente de sorriso na face.
Purificação, de 74 anos, já voltou do Hospital de Santa Maria. “Sei que vou ter de ser operada,
mas tive de ir lá fazer o exame às artérias coronárias. É muito chato ter de andar de um lado
para o outro, o caminho parece que está cheio de buracos”, lamenta com a voz meio soprada,
fazendo um esforço para falar.
É doente cardíaca há vários anos e, nos últimos tempos, a sua situação tem-se agravado, ao
ponto de já mal conseguir levantar-se da cama. Está sempre cansada. “E os comprimidos
para isto são tão caros...”, queixa-se. Está agora internada no HBA, na sequência de uma ida à
Urgência. “Chamei o 112, estava a sentir-me muito mal. E fiquei logo internada”. A próxima
etapa será a operação.
Luís está pronto para seguir para o
Hospital de Santa Maria. Não vê a
hora de se despachar. A
ambulância está já à sua espera.
São sete e meia da manhã, pelo
que a viagem será bastante rápida.
Vai deitado numa maca e será
encaminhado, diretamente, para o
Serviço de Hemodinâmica daquele
hospital, onde já o aguardam.
A enfermeira Maria faz a receção
do doente. A avaliação de
parâmetros como a tensão arterial
ou a febre, e o questionário de
entrada são obrigatórios. “Toma
alguma medicação? Tem alergias?
É diabético? Já alguma vez tinha
tido um enfarte? Sabe o que vem
fazer?...”
Maria explica ainda a Luís a razão
por que tem de fazer este
procedimento: “Pensa-se que
tenha uma artéria entupida total ou
parcialmente. Por isso, vão
injetar-lhe um contraste e depois,
através de um exame imagiológico,
conseguem ver-se as artérias e
descobrir qual é a que está
entupida para a desobstruir”.
“Conhece alguém que tenha feito
um cateterismo?”, pergunta ainda.
22
Janeiro 2013
transferências
O serviço
i d
de h
hemodinâmica
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do H
Hospital
it l d
de S
Santa
t
Maria recebe doentes como o Luís de vários
hospitais da área da Grande Lisboa, como
Santarém, Torres Vedras, Peniche, Caldas da Rainha
e Litoral Alentejano, além de Loures. Mas pode
também receber doentes trazidos pelo INEM, de
urgência, no âmbito da rede de referenciação da Via
Verde coronária. Os números deste serviço são
impressionantes: quatro mil procedimentos
coronários por ano, das quais 1200 são
angioplastias coronárias e 300 são angiografias
primárias provenientes do Serviço de Urgência.
Diogo Torres, o especialista em cardiologia de
intervenção que vai realizar o cateterismo a Luís,
explica que “ter um hospital à porta de casa não
significa sempre ter melhor saúde. Num serviço
como este, é preciso ter muita experiência e esta só
se ganha realizando muitas intervenções. Por isso,
faz todo o sentido concentrar aqui no Santa Maria
estas necessidades das populações de todas as
áreas aqui à volta. Somos um grupo de especialistas
séniores, trabalhamos 12 horas por dia e estamos
também de apoio à Urgência durante 24 horas,
todos os dias. E conseguimos responder sempre
com a rapidez adequada às necessidades dos
doentes”, afirma.
O cardiopneumologista Diogo Torres adianta ainda
que a articulação com todos os hospitais que
referenciam para este serviço “é excelente”, o que
resulta, explica, “da organização que temos aqui e
dos excelentes enfermeiros que trabalham
connosco”. Com o HBA, em particular, o médico
confirma aquilo que já tínhamos ouvido: “Há uma
relação de grande proximidade com os colegas de
Loures. Temos um contacto muito fácil e rápido, por
isso, perante qualquer dúvida, temos condições
para resolver rapidamente os problemas e dar uma
resposta completa aos doentes que dali chegam”.
Cada procedimento demora, em média, meia hora.
Luís já está na sala de hemodinâmica, com o médico e
toda a equipa necessária a esta intervenção, e
acompanhará tudo sempre acordado. É feita uma
anestesia local para introduzir o cateter que permitirá
chegar às artérias coronárias, especificamente ao
local onde há o entupimento que provocou o princípio
do enfarte. Este cateter tem cerca de 130 centímetros
de comprimento e será através dele, depois, que
seguirá o ‘balão’ que vai “resolver o assunto”.
“Está a sentir-se bem, não está? Diga-me lá como
foi a dor que sentiu?” O médico vai conversando
com Luís, para o tranquilizar. “Não se mexa”,
pede-lhe, de vez em quando. Começam a falar de
futebol. A música de fundo toca suavemente. Se
não fossem aqueles aparelhos todos, dir-se-ia que
este era um vulgar encontro de amigos num café.
Até que Diogo diz: “Bom, vamos isto! Dêm-me
um ‘BMW’, por favor”.
Passadas
umas horas, Luís está de volta ao HBA.
P
Assim
que, em Santa Maria, consideraram que a sua
A
situação
clínica não apresentava riscos,
s
contactaram
o HBA e foi enviada uma ambulância
c
para
o doente regressar.
p
Liliana
é a enfermeira requisitada para o
L
acompanhar.
“Temos sempre connosco tudo aquilo
a
que
q possa ser preciso para qualquer emergência.
Antes
de sairmos com o doente, medimos-lhe a
A
tensão
e vamos sempre vigiando se há
t
hemorragias”,
explica Liliana. “Correu tudo
h
bem
com este transporte. O Luís veio de maca
b
e em menos de uma hora estava já no seu quarto,
aqui
a no HBA”.
Luís
L levanta a cabeça, enquanto ainda está
na
n maca. “Com o tabaco é que vai ser pior”,
confessa,
na despedida.
c
unidade da coluna
Dedicados
à coluna
A nova Unidade da Coluna do Hospital Beatriz Ângelo reúne médicos
de várias especialidades com o objetivo de dar a resposta mais rápida
e adequada às pessoas com doenças graves da coluna. “Temos
a visão de cada caso nas várias perspetivas, reunimos diferentes
experiências e ouvimo-nos uns aos outros para perceber qual
é a decisão mais acertada”, resume o neurocirurgião Álvaro Lima,
que coordena esta Unidade.
A expressão de dor estava descrita ao pormenor na cara de Ana Paula. Depois de
três idas à Urgência em apenas três semanas, de ter tentado todas as terapêuticas
de emergência possíveis, sobretudo depois
de já não conseguir manter-se de pé ou
sequer dormir umas horas seguidas, depois de tudo isto, sentiu o seu mundo desabar. Quando a conhecemos, estava sentada numa cadeira de rodas, com a perna
direita esticada, os olhos fechados a esconder a dor, aguardando a sua vez para
uma consulta no Hospital Beatriz Ângelo
(HBA). Dois meses depois, Ana Paula voltou a ser a pessoa que era antes de tudo
isto acontecer. Com uma diferença: não
esquece o sofrimento por que passou, para
nunca mais se esquecer também de que
deve proteger sempre a sua coluna.
“Sentia dores nas costas há uns dois anos.
Mas iam e vinham, nunca foram nada de
grave. Isto piorou no dia em que peguei
nos meus dois netos ao mesmo tempo. Aí
é que senti uma dor mais forte. Desde então, foi sempre piorando”, recorda Ana
Paula. Quando já não aguentou mais, pro26
Janeiro 2013
curou o hospital. E a falta de resposta da
terapêutica médica de emergência acabou
por ser o sinal de alerta para que fosse referenciada, diretamente da Urgência, para
a consulta de Álvaro Lima, que coordena
a Unidade da Coluna do HBA.
A partir daí, tudo aconteceu rapidamente:
a consulta com o especialista, a primeira
tentativa de tratamento na Unidade da Dor
e, por fim, a opção pela cirurgia. 24 horas
depois de ser operada, Ana Paula estava
em condições de ter alta.
“Só sentirá dores resultantes da própria
cirurgia. E leva medicação para essas dores, mais nada. Daqui a um mês, voltará
para uma consulta. Nessa altura, estará já
a fazer a sua vida normal”, explica Álvaro
Lima, ao lado da doente que operou na
véspera. Ela está agora com a felicidade
estampada no rosto. “Vou ter muito juízo!”, promete ao médico, depois de o ouvir dizer que pode voltar para casa. E isso
significa o quê? “Que não vou estar sentada durante muito tempo seguido, que
vou fazer caminhadas regularmente, que
não vou fazer grandes esforços nem pegar
unidade da coluna
Janeiro 2013
27
cuidados continuados
A enfermeira Elvira, da Unidade da Dor, antes
de Ana Paula fazer o primeiro tratamento
(à esquerda) e reunião multidisciplinar da
Unidade da Coluna, que reúne os diferentes
especialistas desta área
em coisas pesadas…”
Ana Paula apresentava todos os sintomas
típicos de uma das patologias da coluna
mais frequentes: a hérnia discal. “Muitas
vezes, ouvimos as pessoas dizer que sofrem desta doença, mas na maior parte
dos casos não será bem assim. A hérnia
discal tem um quadro clínico muito típico, que se carateriza por dores incapacitantes, resistentes aos tratamentos comuns
e envolvendo compromisso neurológico,
ou seja, dores, formigueiro e falta de força
nos braços ou nas pernas. Quando, de facto, as pessoas estão, devido a este quadro,
completamente incapazes de fazer a sua
vida normal e de forma permanente, aí
sim podemos falar de hérnia discal”, explica Álvaro Lima.
E este esclarecimento impõe-se, adianta o
médico, precisamente porque é para estas
patologias mais graves que é necessária a
28
Janeiro 2013
“Pode ser difícil saber para que especialista
enviar o doente. A abordagem multidisciplinar
da nossa Unidade responde a essa dúvida”
intervenção de um serviço hospitalar. “A
esmagadora maioria dos problemas de coluna sentidos pelas pessoas resultam de
problemas simples que se resolvem com
tratamentos simples, os quais podem e
devem ser prescritos e acompanhados pelos médicos de família nos centros de saúde”, esclarece.
O Hospital Beatriz Ângelo criou uma Unidade da Coluna destinada, precisamente,
às patologias mais graves da coluna. “Os
doentes são referenciados para esta Unidade, quer pelos médicos de família, quer
pelo próprio Serviço de Urgência do HBA,
como aconteceu com Ana Paula, ou ainda
pelos colegas de outras especialidades
aqui do hospital, quando entendem que
os seus doentes devem ser vistos por nós”.
E quando é o médico de família a fazê-lo,
esclarece, “pode referenciar para qualquer
das três especialidades que, habitualmente, recebem estes doentes (ortopedia, neurologia e reumatologia), que eles acabam
por ser encaminhados para esta consulta”,
explica.
A ideia, acrescenta o neurocirurgião que
coordena esta Unidade, é permitir ao hospital dar uma resposta especialmente ade-
unidade da coluna
quada a cada caso concreto destes doentes
mais graves e, de preferência, o mais rápida possível. De que forma? “Através de
uma intervenção multidisciplinar, quer
no diagnóstico, quer no tratamento”, responde.
A Unidade da Coluna do HBA é coordenada por um neurocirurgião e reúne ortopedistas, neurologistas, reumatologistas e
neurorradiologistas, além de integrar também os médicos especialistas em tratamento da dor e os fisiatras. “A nossa Unidade tem ainda o apoio de uma médica
que trabalha com acupunctura e do psicólogo e da dietista da Unidade da Dor”,
esclarece Álvaro Lima, explicando: “O
acompanhamento das patologias mais difíceis da coluna não deve ser feito por uma
única especialidade. Aliás, muitas vezes
até é difícil aos próprios clínicos gerais
decidir se o seu doente deve ser encami-
nhado para a ortopedia ou para a neurologia. Afinal, qual é o especialista certo
para o caso? A abordagem multidisciplinar feita na Unidade da Coluna responde
a essa dúvida”, diz ainda.
De facto, adianta o neurocirurgião, “aqui,
cada caso é discutido e analisado nas suas
várias perspetivas, para que se possam
tomar as opções adequadas em termos de
tratamento”. Mas o trabalho feito neste
contexto “permite-nos também saber o
que é que cada um de nós pode fazer;
como e quem deve reagir perante cada
situação concreta; e analisar o caso à medida que vamos intervindo nele, optando,
a cada momento, por este ou por aquele
caminho”.
Os médicos da Unidade da Coluna encontram-se todas as semanas para esta reunião
multidisciplinar. Os casos, envolvendo sempre patologias degenerativas, tumorais ou
traumáticas da coluna, são habitualmente
selecionados pelo próprio coordenador.
Mas pode acontecer que algum dos seus
colegas se tenha deparado com um dos chamados ‘casos difíceis’ e entenda ser necessário discuti-lo também neste contexto multidisciplinar. Ana Paula foi uma das doentes que passaram nesta reunião.
Depois de ser vista na consulta por Álvaro Lima, para a qual foi referenciada diretamente pela urgência, o médico entendeu
que o seu caso, dado o sofrimento em que
Ana Paula já estava, exigia uma intervenção rápida. Foi então diretamente encaminhada para a Unidade da Dor, dirigida
pela médica Rosário Alonso, onde iniciou
a primeira fase desta intervenção hospitalar.
Nesta altura, os médicos entendiam ser
ainda possível resolver o problema de Ana
Paula através de uma abordagem a este
Janeiro 2013
29
unidade da coluna
Ana Paula está como nova, preparada
para voltar à vida do dia-a-dia. Mas promete
que agora vai proteger mais a sua coluna
nível, como acontece com uma grande
percentagem de doentes com patologias
da coluna.
“Devemos sempre tentar um tratamento
conservador, se o diagnóstico que foi feito
não o contra-indicar. Neste primeiro nível,
podemos optar por várias modalidades de
tratamento, que vão desde a fisioterapia à
intervenção da Unidade da Dor, onde se
pode recorrer a diversas técnicas. E há
muitas situações que se resolvem através
desta intervenção mais conservadora: as
dores acabam por ser controladas nas primeiras semanas e desaparecer, mesmo
com a redução da medicação. Temos, normalmente, entre quatro a oito semanas
para verificar se isso acontece. E se se verificarem essas melhorias, já não será preciso fazer mais nada, a não ser reeducar o
doente para que previna novos problemas
no futuro”, diz Álvaro Lima.
“Mas se a resposta a este tratamento conservador não for positiva, então podemos
ter de avançar para a cirurgia”, acrescenta. E aqui o neurocirurgião faz novo aler-
ta: “Primeiro, é fundamental que as pessoas percebam que nem todos os casos
têm indicação para a cirurgia. Só a falência dos vários métodos de tratamento
conservador e a persistência das queixas
é que pode levar-nos a optar pela operação. Segundo, é também importante que
se desmontem os mitos sobre os riscos
da cirurgia à coluna. Hoje, esses riscos
são muito baixos, porque se fazem abordagens cirúrgicas muito mais simples e
menos invasivas”. Ou seja, “com pequenas incisões e recuperação pós-operatória muito mais rápida. O doente operado
a uma hérnia discal, hoje, tem alta 24
horas depois da cirurgia e mais ou menos ao fim de um mês está a fazer a sua
vida normal”.
Há um outro fator que pode ajudar a compreender melhor este contexto e a afastar
o habitual medo destas operações: os médicos são cada vez mais especializados
porque se dedicam exclusivamente a estas técnicas cirúrgicas. É o caso de Álvaro
Lima, que é neurocirurgião, coordena a
Ana Paula teve alta 24 horas depois de ter sido operada pelo neurocirurgião Álvaro Lima
30
Janeiro 2013
Unidade da Coluna do HBA, trabalha lado
a lado no diagnóstico e tratamento com
colegas de outras especialidades mas está
dedicado, em termos cirúrgicos, apenas a
esta área. “Curiosamente, temos muitos
doentes que vêm dos centros de saúde
para a nossa consulta com a informação
de que no nosso hospital não há neurocirurgiões”, comenta, com um sorriso. Está
visto que não é assim...
Manter uma relação estreita com os centros de saúde nesta área é o próximo objetivo dos profissionais desta Unidade.
Isto para que se consiga atingir, plenamente, “a referenciação mais correta” para a
consulta da coluna. Ou seja, diz Álvaro
Lima, “dar prioridade aos doentes que são
verdadeiramente urgentes e graves”.
“Se a referenciação é indiscriminada, há
sempre o risco de que esses doentes fiquem prejudicados, à espera da consulta,
quando deviam ser os primeiros a ser chamados”, reforça.
É por isso que o médico insiste: “Uma dor
crónica que, apesar disso, é perfeitamente
tolerável, não é incapacitante, não altera
unidade da coluna
O QUE
DEVE SABER
A maior parte das cirurgias
à coluna têm, hoje, um risco
mínimo e permitem ao
doente recuperar totalmente
em cerca de um mês
a vida do doente e surge esporadicamente, não tem necessariamente de ter atendimento especializado. Pode ser tratada
com medicação ou fisioterapia, prescritas
pelo médico de família”.
Em todo este processo de tratamento, há
finalmente um fator a que o neurocirurgião não pode deixar de referir: a educação para a prevenção da doença. E esse
trabalho deve ser feito por todos aqueles
que intervêm no doente, quer ao nível
dos cuidados primários, antes de a doença se agravar, quer ao nível dos cuida-
dos hospitalares, depois de um tratamento para a dor que tenha resultado positivo ou de uma intervenção cirúrgica.
“Transmitir aos doentes informações sobre os cuidados preventivos desta doença é uma tarefa permanente. Todos os
dias, nas nossas consultas, fazemos isso.
Porque continua a haver muita falta de
informação e, por isso, pouco cuidado
com a saúde da coluna”.
Os trabalhos pesados, os esforços físicos,
a vida sedentária, o aumento de peso,
estar sentado todo o dia – que é tão prejudicial como ter um trabalho pesado!
– e, sobretudo, estar mal sentado, ter uma
postura incorreta, eis alguns dos principais fatores que provocam patologias
degenerativas da coluna. O resultado de
tudo isto é que sete em cada dez portugueses têm dores nas costas e admitem
que essas dores provocam mal-estar geral, cansaço e fadiga. Mais: um terço já
esteve de baixa médica e mais de 40%
sentiram limitações na sua vida familiar
ou social em consequência das dores
nas costas.
O diagnóstico das doenças da coluna
é feito através de um exame físico
completo à coluna vertebral
e aos membros superiores e inferiores,
devendo ser examinada a flexibilidade,
o nível de movimento e sinais
indicadores de lesão de nervos
ou da coluna. Este pode depois ser
complementado com exames
de imagem.
Os principais sintomas são: dor, rigidez
e limitação da mobilidade, formigueiros,
dormência, falta de força e, ainda que
raramente, alterações urinárias.
As doenças mais comuns da coluna
são a doença discal degenerativa,
a escoliose, a espondilartrose,
a hérnia discal, a osteoporose
e as fraturas na coluna.
Há várias opções de tratamento,
consoante a gravidade do caso,
destacando-se: o tratamento conservador, quando as dores nas costas estão
ainda numa fase primária (repouso,
redução da atividade, medicação,
fisioterapia, alterações de hábitos
de vida e de postura); e o tratamento
cirúrgico, no qual deve ser utilizada
a técnica que lese o menos possível
as estruturas musculares adjacentes
à coluna vertebral.
A abordagem cirúrgica da coluna pode
ser convencional (intervenção que utiliza
maiores cortes na pele e músculos, com
desvantagens no efeito estético e nas
dores pós-operatórias e implicando
maiores períodos de internamento)
ou minimamente invasiva (as novas
tecnologias têm permitido
um grande desenvolvimento nestas técnicas
cirúrgicas que tratam
igualmente as causas
das dores e das
malformações da
coluna, conseguindo
um regresso
mais rápido à vida
normal e uma
evolução menos
dolorosa
no pós-operatório).
*fonte:
www.olhepelassuascostas.com
infeções respiratórias
NARIZ
ENTUPIDO
As infeções respiratórias são a doença mais comum desta época nas
crianças. A maior parte é de origem viral e não tem qualquer gravidade. Por isso, ir a correr para a Urgência nestas alturas não é a melhor
solução. O pediatra João Crispim explica quais são os sinais de alerta a
que os pais devem estar atentos.
A notícia passou recentemente em todos
os jornais e televisões, anunciando um aumento da procura das urgências pediátricas
e dos internamentos hospitalares. Nas primeiras semanas de janeiro, um surto de
bronquiolite em crianças pequenas levou
muitos pais a procurar ajuda nos serviços
hospitalares, situação que se verificou, sobretudo, na zona da Grande Lisboa, incluindo no Hospital Beatriz Ângelo (HBA).
As preocupações dos pais não surgem
sem fundamento, é certo. Mas na maioria
dos casos, como explica o pediatra João
Crispim, não há razões para correr para o
hospital. “Tivemos, de facto, uma grande
percentagem de admissões na Urgência
nestas semanas. Mas a grande maioria dos
casos que aqui recebemos não apresentava quadros de gravidade”.
Nestes casos, diz o médico do HBA, “basta ficar em casa a descansar, tomar uma
colher de chá com mel ao deitar para controlar a tosse, e ir vigiando a evolução da
doença durante os três primeiros dias”.
E há um motivo especial para que esta
recomendação seja feita, acrescenta João
32
Janeiro 2013
Crispim: “É que tivemos já vários internamentos de crianças que vieram à Urgência por problemas simples, ficaram
algum tempo na sala de espera e foi o que
bastou para acabarem por voltar, uns dias
depois, com infeções respiratórias mais
graves. Sendo estas situações de contágio
fácil, o contacto com as outras crianças
doentes pode ter este resultado”.
A dificuldade, para muitos pais, é identificar o momento em que está na hora de
ir com o filho para o hospital, ou seja, saber quando é que se está, de facto, perante uma infeção respiratória grave. “Há sinais de alerta, para os quais temos todos
de estar atentos, e que impõem o recurso
ao hospital para que a criança seja observada e tratada. O principal desses sinais
é a dificuldade respiratória. Se a criança
respira muito depressa, se são visíveis os
intervalos entre as costelas, se, quando
respira, ‘usa a barriga’, ou se, no caso dos
mais pequeninos, abre muito as narinas
ou balança para conseguir respirar, aí estamos perante um quadro de dificuldade
respiratória”, explica João Crispim.
infeções respiratórias
infeções respiratórias
Além disso, “é também um sinal de alerta a recusa da criança em se alimentar e
um estado geral de prostração, que não
se altera mesmo quando ela não tem febre. Perante esses três sinais, será urgente ir ao médico”, reforça, acrescentando:
“Mas, como já disse, a grande maioria das
situações não tem este quadro, nem precisa de recursos hospitalares. Basta procurar ajuda e informação junto da linha
de Saúde 24, do médico de família ou do
médico assistente”.
É fundamental, diz ainda o pediatra, “que
se evitem os lugares onde haja maior densidade de pessoas, sobretudo de pessoas
doentes. E a Urgência é um dos locais
onde o risco de contágio é maior”. Aliás,
“este serviço hospitalar deve estar dedicado aos casos graves, áqueles que exigem, efetivamente, uma intervenção rá-
“As pessoas continuam a achar que não
sabemos qual é a doença que a criança tem,
quando falamos em virose. Não é verdade!”
pida e diferenciada”, reforça o médico.
As infeções respiratórias em crianças são
as doenças mais comuns nesta época do
ano e dividem-se em dois grandes grupos:
as que afetam as vias respiratórias superiores – como as otites, amigdalites, sinusites, a tosse e a obstrução ou o corrimento nasal, entre outras – e as que afetam as
vias respiratórias inferiores – como as
pneumonias, bronquiolites, infeções que
provocam pieira, etc. As infeções respiratórias são quase sempre de origem viral,
tanto para as chamadas infeções respira-
SINTOMAS
FREQUENTES
E SINAIS
DE ALERTA
NAS INFEÇÕES RESPIRATÓRIAS PROVOCADAS POR VÍRUS, DE MENOR GRAVIDADE:
• Obstrução nasal
• Corrimento nasal, inicialmente transparente que progride para opaco e amarelado/esverdeado
• Tosse com expetoração
• Dor de garganta
• Dor de ouvidos, geralmente bilateral
• Diminuição ligeira do apetite
• Febre baixa a moderada, que cede aos antipiréticos
• Dores musculares
NAS INFEÇÕES RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS, QUE DEVEM MOTIVAR O RECURSO AO
SERVIÇO DE URGÊNCIA:
• Incapacidade ou recusa de ingestão de líquidos
• Prostração marcada
• Respiração muito rápida
• Gemido constante com a respiração
• Fazer “covinhas” entre as costelas, abaixo das costelas ou sobre as clavículas com a respiração
• Utilizar muito o abdómen para ajudar na respiração
• Abrir e fechar as narinas ou balançar a cabeça com a respiração
34
Janeiro 2013
tórias altas como para as baixas. Mas também podem ser provocadas por bactérias,
sendo que a infeção respiratória bacteriana “aparece quase sempre na sequência
de uma infecção viral anterior, porque o
organismo fica fragilizado e não consegue
combater o desenvolvimento da doença
bacteriana”, explica João Crispim.
“Na verdade, aquilo que é importante para
nós, médicos, não é saber, logo à partida,
se a infeção é viral ou bacteriana. A nossa
atenção vai, antes de mais, para a gravidade do quadro clínico das crianças, em
termos respiratórios. Se, além dos sintomas mais comuns da constipação, se verificarem os tais sinais de alerta, então aí
estamos perante uma situação de dificuldade respiratória, que precisa de cuidados
especiais”.
Aliás, “as pessoas continuam a ter a
ideia de que, quando dizemos que a
criança tem uma ‘virose’, não sabemos
o que ela tem. Não é verdade! A infeção
respiratória viral pode ser provocada
por vírus muito diferentes e, por muito
que isso pareça estranho, não é importante para nós saber qual é exatamente
o vírus que está a provocar aquela doença àquela criança. É um vírus, desses
que circulam na comunidade nesta época do ano, e na maioria das vezes não
provoca sintomas graves”.
Quando se fala em época de maior circulação destes vírus, fazemos invariavelmente a ligação ao inverno, ao frio,
às correntes de ar. “São culpados fáceis!”, diz o médico. “Não é a exposição
a essas condições mais ou menos adversas que cria os problemas, mas sim o
contacto entre as pessoas. E onde há
maiores aglomerados de pessoas, maior
é a possibilidade deste contágio acontecer”, acrescenta.
As creches e as escolas são o exemplo
mais comum e mais frequente deste con-
cuidados continuados
Dois Afonsos, o mesmo problema: um tem 19 meses e o outro 7 (página ao lado). Estão ambos internados por causa dos problemas respiratórios
tágio: basta uma das crianças da sala estar
constipada, ou seja, ter uma destas doenças virais, e colocar os brinquedos na boca
ou espirrar e tossir perto das outras crianças, para ocorrer contágio. “E este contágio já é possivel, antes mesmo de a doença ter sintomas evidentes”.
Uma destas doenças respiratórias virais
é a bronquiolite, que atinge sobretudo
crianças muito pequenas e que tem dado
origem, nestas primeiras semanas do ano,
a muitos internamentos hospitalares. É o
caso do Diogo, um bebé de 35 dias que
está internado há 24 horas no Hospital
Beatriz Ângelo.
“A bronquiolite é uma doença que afeta
diretamente as vias respiratórias inferiores chamadas bronquíolos e que é provocada pelos mesmos vírus que provocam
as constipações banais nas crianças mais
velhas e nos adultos. Nos bebés, que têm
as vias respiratórias ainda muito estreitas,
o vírus provoca uma inflamação desses
bronquíolos, causando dificuldade respiratória”, explica o médico.
Regra geral, diz, “a bronquiolite começa
com um quadro de corrimento e obstrução nasal e tosse. Mas se a doença se mantém por mais de três dias, pode verificar-se alguma dificuldade respiratória que,
ainda assim, na maioria dos casos, não
apresenta gravidade: a situação resolve-se
com medicação e sem necessidade de internamento”. Mas este quadro pode também agravar-se e obrigar a internamento.
Quando a febre é persistente, quando a
criança está prostrada, quando não se alimenta e quando evidencia os tais sinais
de alerta quanto ao quadro respiratório.
“Atenção: mesmo com internamento, sendo a maioria destes casos de origem viral,
não se tratam com antibiótico. As bronquiolites virais têm apenas um tratamento de suporte – com oxigênio para repor
os respetivos níveis no sangue, com ajuda
à alimentação (por soro ou sonda nasal) e
criando as condições para que os bebés se
mantenham o mais confortáveis possível
enquanto a doença passa por si”. É o que
está a ser feito a Diogo, que acabará por
ter alta em breve, assim que a situação de
crise seja ultrapassada.
Já não é assim nas pieiras, nas chamadas
“sibilâncias recorrentes” ou na asma. Estas infeções respiratórias das crianças
manifestam-se, muitas vezes, por aquilo
que vulgarmente designamos por ‘gatinhos da respiração’ – um ruído que é provocado pelo esforço da expiração (do ar
a sair), quando as vias áreas estão obstruídas. “Na verdade, este ‘assobio’ que se
ouve tem a ver com o facto de o ar estar
a passar por um canal muito mais estreito”, explica o médico. Trata-se, então, de
patologias que ocorrem em crianças que
“já têm uma predisposição para que os
bronquíolos se apertem perante determinados estímulos”, acrescenta, explicando:
“Estes estímulos podem ser ou não alérgicos. Há crianças que desenvolvem pieiras, por exemplo, quando têm contacto
com um cão ou um gato. Mas, noutros
casos, sobretudo nos bebés com menos
de três anos, são estímulos infecciosos
que desencadeiam a asma ou a pieira. Os
Janeiro 2013
35
infeções respiratórias
próprios vírus podem provocar estas crises, em crianças com a referida predisposição”, diz João Crispim.
Aqui, a abordagem terapêutica também é
diferente, sendo necessário, acrescenta o
médico, o recurso a medicamentos broncodilatadores, “que dilatam e relaxam os
músculos para permitir que o ar passe
adequadamente”. “Há, na verdade, um
escalonamento da terapêutica: podemos
começar com aerossóis e depois, se necessário, recorrer a corticóides, tendo ambos essa função broncodilatadora. Naturalmente, se a situação é acompanhada
de infeção bacteriana, temos de recorrer
aos antibióticos – mas isso só perante a
confirmação, através da evolução da febre, da avaliação dos parâmetros analíticos e das imagens radiológicas, de que
essa infeção existe efetivamente”, reforça
o pediatra.
A maioria dos internamentos hospitalares ocorre com as crianças que têm,
com maior ou menor dimensão, episódios repetidos de pieira. Como é o caso
do Afonso, de 19 meses, que está internado pela segunda vez. A primeira vez,
quando tinha 11 meses, “aconteceu após
uma série desses episódios, pelo que
depois ficou em vigilância médica”,
conta a mãe.
Durante o Verão, Afonso esteve sempre
bem, mas agora voltou a ter crises. “O
João Crispim com um dos seus doentes. Às vezes, são internados com poucos dias de vida
pai tem asma, portanto é possível que
exista aqui alguma predisposição”, diz
ainda a mãe. “Hoje, já estou mais ou
menos preparada para os sinais de aler-
Mariana, 5 anos, tem uma doença congénita, pelo que precisa de uma vigilância especial
36
Janeiro 2013
ta, já percebo quando ele está em crise.
O que faço? Corro para o hospital”, exclama a mãe.
Esta vigilância e o conhecimento dos
sinais de alerta é também fundamental
em crianças com patologias crónicas,
como é o caso da Mariana, de 5 anos.
“A doença faz com que ela apanhe estas coisas com facilidade, por isso já
sabemos o que fazer”, diz a mãe, sentada ao lado da cama onde a filha dorme profundamente.
“Há vários dias que a Mariana não conseguia descansar como deve ser. Já tínhamos vindo à Urgência uma vez com ela,
mas agora ficou internada porque, de
facto, a situação se agravou”. A mãe aparenta uma calma que o estado da Mariana não parece permitir. Mas é só aparência, mesmo. “A preocupação existe sempre. Sobretudo por causa da doença de
que ela sofre. Nunca estamos descansados”, diz.
gabinete do utente
Ao serviço
do utente
Clarisse e Sílvia dão a cara todos os dias pelo Hospital Beatriz Ângelo,
no Gabinete do Utente. O seu trabalho é fundamental para ajudar a
resolver os problemas de quem utiliza o hospital e, a partir de agora,
para facilitar a ligação dos centros de saúde ao HBA.
Atendem, em média, 30 telefonemas por
dia e fazem-no sempre como se cada um
fosse único. A porta do gabinete onde
trabalham, numa das zonas mais movimentadas do hospital, abre-se com uma
frequência alucinante e elas mantêm
sempre o mesmo sorriso simpático no
rosto. Ouvem queixas, leem reclamações,
anotam as sugestões. Mas não só: “Porque há muita gente a elogiar o hospital.
E até já elogiaram o nosso trabalho”, dizem, com visível orgulho. “Estamos aqui
para ajudar a resolver qualquer problema que surja ou alguma dúvida que as
pessoas tenham”.
Clarisse e Sílvia sabem o que lhes compete. E fazem-no com uma calma e uma
eficiência invejáveis. A sua tarefa é fazer
funcionar o Gabinete do Utente do Hospital Beatriz Ângelo (HBA) – um gabine38
Janeiro 2013
te que, determina a lei, existe para servir
como meio de defesa dos utentes e, por
isso, tem como objetivo ser um espaço
de mediação e diálogo entre os cidadãos
e o hospital, com vista à melhoria da
qualidade dos serviços e da prestação
dos cuidados de saúde.
Desde este mês, passaram também a ser
responsáveis sobre a comunicação com
os centros de saúde, cabendo-lhes facilitar o contacto entre médicos de família
e os seus colegas do hospital ou verificar
a marcação de consultas feitas pelos centros de saúde sobre as quais haja dúvidas, entre muitas outras necessidades
que venham a ter os centros de saúde da
área do HBA - para quem haverá um número de telefone e um endereço de correio eletrónico próprios.
Os números deste Gabinete são impres-
sionantes: em menos de um ano, quase
mil chamadas telefónicas atendidas, mais
de dois mil pedidos de ajuda ou de informações, cerca de 600 reclamações e
uma centena de elogios. Tudo o que fazem é registado e ninguém pode ficar
sem resposta. “Às vezes podemos demorar um pouco mais a enviar a resposta às
pessoas”, diz Clarisse, mal desliga outro
telefonema recebido no Gabinete. Sílvia
acrescenta: “Há um prazo previsto para
estes procedimentos e às vezes é difícil
obter todos os esclarecimentos num curto espaço de tempo. Mas, claro, nunca
deixamos de responder e esclarecer as
pessoas que nos procuram”.
“Perguntam-nos sobre tudo”, confessa
Clarisse. Quanto custa um parto, “porque as pessoas pensam que este é um
hospital privado”; como podem marcar
gabinete do utente
AS PERGUNTAS
MAIS FREQUENTES
“Gostaria de saber se é possível marcar
uma consulta de psicologia diretamente
no hospital”
Todas as consultas externas no Hospital
Beatriz Ângelo têm que ser referenciadas pelo
médico de família, através do centro de saúde
onde o utente está inscrito ou do hospital onde
está a ser seguido.
“Estou a ser seguido no Hospital de Santa
Maria e agora pertenço à área de
influência do Hospital Beatriz Ângelo.
Posso pedir a transferência para o Hospital
Beatriz Ângelo? Se sim, como devo
proceder?”
As transferências de processo clínico de outra
unidade hospitalar para o Hospital Beatriz Ângelo
terão de ser pelo médico assistente do hospital
onde era seguido para os colegas da mesma
especialidade no HBA, se essa for a vontade do
doente. Em alternativa, o doente pode manifestar
essa vontade junto do seu médico de família. A
transferência terá sempre de ser acompanhada
do relatório clínico do doente.
consultas de especialidade ou exames
complementares de diagnóstico pela
ADSE; se é possivel fazer doações de
sangue ou trabalhar como voluntário;
quais os horários das visitas no internamento e até o estado de saúde de algum familiar ou amigo que tenha ficado no hospital.
“Muitas vezes também ajudamos a resolver o problema dos atrasos”. Referese às situações em que as pessoas, com
hora marcada para consulta ou exame,
chegam atrasadas e ficam em risco de
perder a vez. “Tentamos arranjar vaga
com outro médico, por exemplo, ou
perceber se as pessoas podem ficar,
mesmo que tenham de esperar um pouco mais. Pelo menos, para evitar que
tenham vindo em vão”, diz Clarisse.
O seu trabalho inclui também a recolha
e a posterior entrega do chamado espólio dos doentes – daqueles que, por exemplo, chegam sozinhos ao hospital dando
entrada pela urgência. “Tudo aquilo que
as pessoas trazem consigo é guardado
num cofre, depois de devidamente registado. No momento em que os doentes
têm alta, o Gabinete é informado para
que possamos devolver-lhes as suas coisas”. Sílvia solta uma gargalhada quando
recorda o ‘espólio’ mais estranho que ficou à sua guarda: latas de Coca-Cola e
pizzas.
“Há doentes que já recorreram ao nosso
Gabinete e que agora, quando vêm ao
hospital, passam por cá só para nos cumprimentar”, lembram, por fim, as duas.
Não há, afinal, melhor sinal do que este
para terem a certeza de que o seu trabalho é reconhecido.
“Gostaria de saber se realizam visitas à
maternidade, em que dias e se é necessário marcar”
As visitas à maternidade do Hospital Beatriz
Ângelo realizam-se às terças e quintas-feiras,
às 11h00. Recomenda-se que estas visitas
sejam agendadas através do centro de saúde
onde a grávida está inscrita, uma vez que, caso
exista um grupo com elevado número de
visitantes, a prioridade será dada às inscrições
provenientes dos centros de saúde.
“Gostaria de saber se nesse hospital
se realizam polissonografias e outros
exames. Já tenho requisição médica”
No Hospital Beatriz Ângelo realizam-se todos
os exames, mas apenas quando são prescritos
por um médico do hospital, não por médicos
externos. Ou seja, são feitos a utentes que já
estejam a ser seguidos no hospital.
“Estou grávida de 33 semanas e a médica
aconselhou-me a fazer a mala e a do meu
bebé, mas queria saber se me podem
facultar a vossa lista do que devo levar
para o bebé”
Relativamente ao que poderá trazer para a
maternidade, sugerimos que traga na mala do
Bebé: camisola interior ou body, collants ou
calças de pé, babygrow ou cueiro, casaco de lã
ou linho, meias ou botas, gorro, fraldas e
toalhetes, para dois dias.
Mais informação no site www.hbeatrizangelo.pt
Janeiro 2013
39
bastidores
Sejam
bem-vindos!
A Receção Principal é a porta de entrada do
Hospital Beatriz Ângelo por onde mais pessoas
passam. Receber de forma acolhedora e simpática
tanta gente está nas mãos de 12 homens
e mulheres. E eles não param um segundo.
Registam as visitas dos doentes, dão informações, recebem
pagamentos. Eles são a primeira cara a ser vista por quem
chega pela entrada principal do Hospital Beatriz Ângelo
e, só por isso, podem fazer toda a diferença.
“Seja bem-vinda”, diz Paulo. “As melhoras do seu pai”,
diz, ao lado, Susana. De dez em dez segundos, há uma
solicitação nova: a pessoa com a próxima senha, outra
que volta atrás para fazer mais uma pergunta, outra ainda que se perdeu e precisa de mais informações. O movimento é contínuo, sempre sem interrupções, sempre
de sorriso no rosto, sempre com um tom simpático e
acolhedor na voz.
“Temos de cumprimentar as pessoas, falar-lhes de forma
educada. Porque elas não vêm cá por gosto, vêm porque
algo de mau aconteceu a um familiar ou amigo. O nosso
cuidado é a dobrar”, confessa Paulo.
As pessoas vão passando na sua frente, e é como se ele
as conhecesse a todas. “Então, como está? Aqui, de novo?
As coisas não estão melhor?” Do lado de lá do balcão,
as perguntas de Paulo, de Daniela ou de Susana funcionam como uma espécie de mecanismo para desarmar
intuitos mais ou menos agressivos. “É claro que há sempre gente que chega a este balcão mal disposta. Mas a
maior parte reage bem à forma como os acolhemos”, diz
Susana. Não admira, por isso, que aqui se recebam muitos elogios “à simpatia de toda a gente”.
À ‘hora de ponta’, como diz Paulo, “a Receção Principal é
literalmente invadida”. Mas nem isso, nem as 600 senhas
diárias de atendimento não desarmam este grupo. São 12
e revezam-se em turnos de quatro de cada vez para manter
a Receção Principal a funcionar permanentemente das oito
da manhã às nove da noite. E fazem-no tão bem!
40
Janeiro 2013
600 senhas diárias
de atendimento
e muitas perguntas,
muitos pedidos
de ajuda, muitas
interrupções. Quase
nada desarma este
grupo. Na Receção
Principal do HBA,
toda a gente
é bem recebida:
“Sejam bem-vindos!”
bastidores
Janeiro 2013
41
HBA na escola
Na escola para
falar de HPV
A médica Isabel Riscado, do Hospital Beatriz Ângelo, falou com os estudantes da Escola Secundária Pedro Alexandrino, do concelho de Odivelas,
sobre os riscos associados às infeções pelo vírus do papiloma humano e sobre a prevenção do cancro do colo do útero. Um tema que interessou muito
às raparigas, mas que tem cada vez mais a ver também com os rapazes.
Maria tem 17 anos e admite que sabia
pouco sobre o que esteve a ouvir. “Às vezes, falamos sobre este tema nas aulas”.
Mas, tal como João, a seu lado, não hesita nas respostas: “Uso sempre preservativo, sim. Nunca apanhei nenhum susto,
nem pensar!”, assegura ele, enquanto ela
diz: “Iniciei a minha vida sexual há pouco tempo e ainda não tomo a pílula... Já
agora: o teste de Papanicolau pode ser
feito em qualquer idade, independentemente de ser virgem?”
Foi grande o grupo de alunos que assistiu, quase sempre em silêncio, a quase
duas horas de palestra da médica ginecologista Isabel Riscado, do Hospital Beatriz
Ângelo. Maria não fez a pergunta antes,
mas não por ter tido vergonha de se expor, diz. “Foi falta de oportunidade, mesmo!”, garante, sorrindo.
A médica está rodeada de jovens, sobretudo raparigas, com dúvidas de última
hora que ficaram sem resposta. E as perguntas multiplicam-se, a cada nova informação que Isabel Riscado devolve às suas
interlocutoras. Definitivamente, o tempo
deixado para o debate foi curto, reconhece no final a médica. “Mas é para esclarecer as dúvidas que fazemos isto. Só é
pena não podermos ficar, todos, aqui mais
tempo a conversar”.
O tema parece difícil – sobretudo se for
para discutir em público. Mas diz respeito a todos, claro. E é particulamente im42
Janeiro 2013
A médica Isabel Riscado falou
sobre prevenção e riscos das
infeções por HPV
cuidados continuados
Uma plateia cheia
de adolescentes
e professores ouviu
atentamente a médica do HBA
portante para a plateia que hoje assistiu
à exposição feita por Isabel Riscado sobre
“Doenças sexuais associadas ao vírus do
papiloma humano. Como prevenir?”
O auditório demorou apenas alguns minutos a ficar em silêncio. Seis turmas de
jovens do ensino secundário, entre os 16
e os 19 anos, das áreas de ciências, humanidades e do ensino profissional, mais
uma dezena de professores, enchem por
completo a sala, na Escola Secundária
Pedro Alexandrino, da Póvoa de Santo
Adrião, Odivelas. Isabel Riscado está habituada a este público. “Faz parte do meu
trabalho ajudar as populações, em particular os jovens, a perceber a importância
destes assuntos. Para mim , isto é também
fazer prevenção primária destas doenças”.
A médica começa por explicar aquilo que,
com certeza, muitos dos presentes já ouviram. Que o vírus do papiloma humano,
vulgo HPV, se transmite por via sexual.
“As infeções por HPV são as mais frequentes entre as doenças sexualmente
transmissíveis. Mas, neste caso, para o
contágio ocorrer basta um contacto genital íntimo”. E aqui faz uma pausa. “Repararam que eu não disse que se transmite
por ‘relação sexual’? É que é completamente diferente!” A sala fica mais atenta
quando Isabel Riscado insiste nesta ideia:
“Contacto íntimo genital não quer dizer
que seja preciso existir uma relação sexual completa. O HPV transmite-se apenas por contacto de pele”.
Depois, diz que há vários tipos de vírus
HPV, muito diferentes uns dos outros, que
“afetam principalmente o colo do útero,
mas também a vulva, a vagina, o pénis e
as área perianais”, e que, no final, podem
ser quase todos responsáveis pelo aparecimento de cancros nessas áreas do corpo.
“70% a 80% das mulheres têm, pelo menos, uma infeção por HPV ao longo da
sua vida. E 50% dessas mulheres têm en-
tre os 15 e os 25 anos”, diz a médica,
acrescentando: “É claro que, na maioria
destes casos, a infeção é passageira e resolve-se espontaneamente. Mas, em 10%
a 20%, esta infeção torna-se persistente.
E é nestas situações que a probabilidade
de a doença degenerar aumenta. Atualmente, morre uma mulher por dia com
cancro do colo do útero. É a segunda causa de morte em mulheres jovens. Mas o
HPV também afeta cada vez mais homens”,
ressalva.
Quando começa a falar de “práticas sexuais agora muito em moda”, a sala agita-se. Ouvem-se risos, o burburinho aumenta, os sorrisos meio trocistas, meio comprometidos, espalham-se entre quem assiste. Aqui e ali, um ‘chiu!’ sai da boca
dos professores presentes. “Não temos de
ter vergonha de falar destes assuntos. Eu
sou médica e estou aqui para vos falar de
tudo. É muito importante que percebam
isso”, reforça Isabel Riscado. Logo a seJaneiro 2013
43
HBA na escola
guir, insiste: “É fundamental usar preservativo para evitar as doenças sexualmente transmissíveis, mas, no caso deste vírus,
o preservativo não é garantia de proteção.
Precisamente porque o vírus se transmite
por contacto de pele”, reforça.
As imagens no grande ecrã do auditório
da Escola Pedro Alexandrino dizem quase tudo. Enquanto a médica explica o que
se deve fazer para prevenir a doença, os
riscos de contágio, o modo
como atuam as vacinas
existentes contra o HPV e
a necessidade de fazer as
três doses da vacinação a
partir dos 13 anos de idade, vão passando imagens
do que as variantes do vírus do papiloma humano
provocam na pele, dentro
e fora do organismo.
As expressões contraem-se, à medida que as imagens mostram a
realidade desta doença. Volta o burburinho. “Mas aquilo é mesmo o que eu ‘tou
a ver?”, pergunta alguém para os colegas
do lado. Os outros riem-se. Outros viram
a cara para o lado. “O grande problema,
insiste a médica, é que no início esta doença não tem sintomas. A maior parte das
situações não provoca queixas”.
“Fator de risco é qualquer coisa que aumenta a probabilidade de contrair uma
doença”, prossegue. No caso do cancro do
colo do útero, diz ainda Isabel, o principal
fator de risco é a infeção por HPV. “As mulheres infetadas têm um risco 300 a 400
vezes superior de contrair cancro, do que
aquelas que não têm essa infeção”.
No final da palestra, os jovens continuaram
a fazer perguntas. Há sempre mais uma
dúvida para esclarecer
Mas há outros fatores de risco igualmente
importantes: “O tabaco, por exemplo – que
nós sabemos todos que é um fator de risco
para o cancro do pulmão – faz também
aumentar o risco de ter cancro do colo do
útero”. E passa a explicar: “É que a nicotina destrói uma proteína que nos protege
das células cancerosas. Por isso, as mulheres fumadoras têm uma probabilidade duas
vezes superior de ter cancro do colo do
útero do que as não fumadoras”.
“Porque é que as mulheres têm mais que
os homens?”. A pergunta, vinda da plateia, não surge do nada. Mal a médica deu
a palavra aos jovens estudantes, as hesitações duraram meio segundo. “Pois! Porquê?”, repete alguém lá para trás.
SABIA QUE...
Q A vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) faz parte do Plano Nacional de Vacinação
e as raparigas devem iniciar a vacinação aos 13 anos de idade
Q A maioria das pessoas contrai o HPV na adolescência
Q A infeção por HPV é uma doença sexualmente transmissível, cujo contágio se faz por contacto
íntimo genital
Q Por dia, morre uma mulher com cancro do colo do útero, cujo principal fator de risco
é a infeção por HPV
Q O consumo de tabaco, a alimentação pobre em frutos e vegetais e o início precoce
da vida sexual são outros importantes fatores de risco para esta doença
Q A realização regular de exames ginecológicos, como a citologia, e a utilização de contracetivos
ajudam a prevenir a infeção por HPV e, assim, a evitar o cancro do colo do útero
44
Janeiro 2013
“Pode tomar-se a vacina, mesmo depois de
iniciar a vida sexual?”. “E qual é o preço?”.
“Quando se interrompe, tem de se começar do princípio?” “E se tivermos relações
antes dos 16 anos, a vacina é eficaz na mesma?” A médica responde calmamente a
cada pergunta, procurando garantir que o
esclarecimento fica de facto feito.
“E os rapazes, não têm perguntas para fazer? É que isto tem também muito a ver
convosco”, diz Isabel Riscado, justificando: “Os casos de cancro do ânus e da orofaringe estão a aumentar imenso, em muitos países, sobretudo entre a população
masculina jovem”. A frase ainda não terminou e já se ouvem aplausos, vindos,
claro, da assistência feminina.
Um rapaz ganha coragem. Pergunta se o
contágio da doença pode acontecer sem
penetração sexual. “Sim, pode acontecer
por contacto de pele, como disse há pouco. Por isso é que o preservativo não protege totalmente neste caso. Esta é mesmo
a única doença sexualmente transmissível em que isso acontece”.
O tempo passa depressa. Enquanto ainda
responde às perguntas das jovens que,
entretanto, se juntaram à sua volta, a médica já só consegue agradecer alto a “atenção que me deram. Parabéns a todos. Foram fantásticos!” Na agenda, tem já marcadas sessões semelhantes em mais duas
escolas da área do Hospital Beatriz Ângelo. Afinal, o trabalho de um médico não
se faz só dentro do hospital.
cuidados continuados
Um milagre por dia
A Equipa de Cuidados Continuados Domiciliários de Loures acompanha, neste momento,
cerca de 40 doentes dependentes, com necessidades especiais e complexas. Um trabalho
que faz com que os doentes e as suas famílias sintam estar a viver, dentro as suas próprias casas,
um milagre a cada dia que passa
O prédio, em Santo António dos Cavaleiros,
já teve melhores dias. O elevador avaria-se
cada vez com mais frequência e, à falta de
condições para arranjar um novo, os moradores conformam-se, esperando que nada de
grave e urgente aconteça nessas alturas. No
12º andar, mora Alberto com a mulher e a filha. Ela faz limpezas nas casas e nos prédios
das redondezas, a filha estuda na universidade e ele está na cama há mais de dez anos.
Tem 55 anos e os tempos em que foi comerciante parecem ter ficado perdidos, num passado quase esquecido lá para trás da vida.
A casa está fria. Do fundo da cozinha, que se
mantém de porta fechada, vem o som de um
latido fino e insistente. O resto é silêncio. Alberto fica sozinho todas as manhãs, num quarto que só ganha luz quando as cortinas são
corridas. “Tenho de ir trabalhar. E consegui
arranjar umas limpezas aqui perto, por isso
se ele precisa de alguma coisa, consigo estar
cá rapidamente”, diz a mulher, quando, finalmente, chega a casa no final da manhã.
“Já sabemos que, se a mulher não está, é
com a porteira que vamos ter. É ela que tem
a chave de casa”. A enfermeira Paula acompanha Alberto desde que ele foi referenciado para a Equipa de Cuidados Continuados
Domiciliários de Loures. “Vimos cá diariamente. Se for preciso, até mais do que uma
vez por dia”, confessa a enfermeira. “É que
há uma grande falta de apoio, em termos
de instituições, para estes doentes aqui na
zona”. Alberto já esteve numa lista de espera para ser integrado numa instituição
adequada às suas necessidades. Tem uma
doença neurológica que, nos últimos dez
anos, o tem afastado progressivamente da
vida. Não fala, não se mexe, não consegue
alimentar-se sozinho.
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cuidados continuados
Percebe-se que estava a dormitar, no silêncio
do quarto ainda escuro. Mas reconhece a enfermeira assim que ouve a sua voz. Paula fala
suavemente. Pede licença para abrir a cortina
e o quarto enche-se imediatamente de luz.
Alberto esboça um sorriso. “Ele sentiu-se muito melhor, depois de termos feito as massagens
respiratórias, da última vez que cá estivemos”,
explica a enfermeira. “Não é verdade, senhor
Alberto?”, pergunta, virando-se diretamente
para ele. “Sabemos que não está cá a sua mulher, mas vamos tratar de si na mesma. Não
se preocupe”, diz-lhe, logo de seguida.
“Dormiu bem? Fica-lhe bem o novo corte de
cabelo”. Paula não deixa nunca de interagir
com o doente, enquanto cumpre meticulosamente tudo aquilo que envolvem estes cuidados continuados domiciliários – mudar pensos e fraldas, ajudar na higiene, verificar o
estado geral do doente, garantir o seu conforto para evitar quedas e feridas de pressão, e
apoiar a família nas dúvidas do dia-a-dia, na
marcação de exames e consultas, na reorganização da vida da casa. Ser cuidador de um
familiar dependente significa mudar quase
tudo na nossa vida, reconhece a enfermeira.
“É com tudo isso que lidamos diariamente.
Com a realidade destes doentes especiais e
das suas famílias, quase como se fôssemos um
dos seus membros”.
A intervenção da Equipa de Cuidados Continuados Domiciliários de Loures, que está integrada na Unidade de Cuidados na Comunidade deste concelho, dentro da estrutura dos
cuidados de saúde primários, é necessariamente uma intervenção multidisciplinar. A
equipa inclui cinco enfermeiras, uma assistente social, uma psicóloga, três assistentes
operacionais e, quando necessário, ainda dois
médicos. E está preparada para, no contexto
dos cuidados domiciliários, acompanhar pessoas em situação de dependência funcional,
doença terminal ou processo de convalescença, quando a situação desses doentes não requer internamento hospitalar, além de trabalhar também na educação para a saúde dos
doentes, familiares e cuidadores, conforme
explicou a enfermeira coordenadora, Alice
Alves.
Criada há três anos, acompanha já 40 doentes
em simultâneo, com a regularidade que a situação de cada um deles impõe, apesar de,
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cuidados continuados
acrescenta a coordenadora, “a equipa não
estar ainda completa em termos de recursos humanos e, portanto, sentirmos, muitas vezes, que o nosso tempo não chega
para tudo o que estes doentes precisam”.
A verdade é que este é um trabalho que
faz milagres, todos os dias. É assim que
fala dele Joaquina, mulher de António,
que a enfermeira Anabela visita diariamente. António tem 89 anos e tem Alzheimer. “É um lutador, este senhor”, diz Anabela, enquanto o cumprimenta. A casa,
numa aldeia da zona rural do concelho de
Loures, parece de bonecas. “Vivo aqui
desde sempre. Sou nascida aqui e o meu
marido também. Mas eu sou mais nova,
ele tem 21 anos mais que eu”, conta Joaquina, entretida, enquanto a enfermeira
se prepara para a tarefa que a levou ali.
Joaquina não desvia o olhar um minuto.
Sabe exatamente o que é que Anabela vai
fazer, mas nem por isso quer deixar de estar
ao lado do marido. É ele o centro da sua
vida, dia e noite – e não por estar conformada com essa fatalidade, mas porque é
esse o seu desejo e o seu destino. “Foi um
bom marido. E eu não o quero no hospital.
Aqui comigo está melhor. E desde que esta
equipa nos ajuda, não temos problemas:
acabaram-se os internamentos uns atrás dos
outros”, assegura, acrescentando de seguida: “Mas tenho pena que ele esteja a sofrer
tanto. Já não sei o que posso fazer mais...”
RITA MIRANDA
Equipa de gestão de altas do HBA
“Estamos
sempre em
contacto com
as equipas que
estão no terreno”
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A enfermeira quer saber como é que António passou a noite. A pergunta é feita
dirigindo-se ao doente mas, claro, é Joaquina quem responde sempre, dando as
informações de que Anabela precisa para
se manter a par da evolução do estado de
saúde de António. “Dormiu muito mal.
Gritou muito”, vai dizendo a mulher. “Acha
que a noite o assusta?”, pergunta Anabela.
“Ah, de certeza! Ele tem medo daquilo
que a gente sabe...”, diz Joaquina, quase
sussurrando. “É por isso que eu lhe deixo
sempre a luz de presença ligada”.
Anabela está há quase uma hora a tratar
de António. De vez em quanto, ele abre
os olhos e parece dirigir-lhe um sorriso.
Joaquina festeja o momento, sempre que
isso acontece. “Ele está de olho aberto
para a ver. Acha que o trata melhor do
que eu!”, vai dizendo, com um sorriso
cúmplice. Depois, falam dos medicamen-
A equipa de gestão de altas (EGA)
do Hospital Beatriz Ângelo, de que
fazem parte médicos, enfermeiros,
assistentes sociais e elementos da
direção de operações, é, neste momento, uma das principais origens
da referenciação de doentes dependentes para a Equipa da Unidade de
Cuidados na Comunidade de Loures,
liderada pela enfermeira Alice Alves. A boa articulação entre estas
equipas – como explica Rita Miranda, responsável pelo Serviço Social
do HBA – é fundamental para dar
aos doentes com necessidades especiais o acompanhamento que a sua
situação exige.
tos que ele tem de tomar, das receitas para
aviar, das informações que Anabela quer
levar para a médica de família de António. E, claro, da família que o vem visitar
todos os dias: a neta de cinco anos, os filhos, a nora. “Vivem todos aqui perto. E
toda a gente me ajuda”, diz, com satisfação, Joaquina.
Joaquina já sabe, de qualquer modo, que
se precisar de algo mais pode telefonar:
durante todo o dia, a equipa de cuidados
continuados domiciliários tem uma linha
direta disponível para atender os familiares destes doentes, esclarecer dúvidas,
orientar nos momentos mais difíceis e intervir imediatamente, se o caso for de urgência. E este é um dos principais fatores
de confiança e tranquilidade para estes
cuidadores.
Quando o hospital, se o doente está internado, ou o médico de família, se o doente
cuidados continuados
está em casa, referencia um caso para esta
equipa, dá-lhe acesso, automaticamente,
ao essencial da informação sobre o estado
clínico do doente e as suas necessidades
concretas relativamente aos cuidados domiciliários a prestar. Isso permite planear
de imediato a intervenção da equipa. Mas
este é um trabalho que implica vigilância
e avaliação constantes. Em particular, quando se fala da intervenção dos psicólogos.
Lurdes tem acompanhado, desde sempre,
a enfermeira Serafina na visita diária a
casa de João, que sofre de esclerose múltipla em estado avançado e vive com a
mãe. A psicóloga já lhe deu ‘alta’ várias
vezes, mas faz questão de vir regularmente conversar com ele, ‘tomar o pulso’ à sua
estabilidade emocional e psicológica. “O
João é um homem muito inteligente, muito atento a tudo o que se passa, sempre
informado e procurando manter-se o mais
possível ativo”, conta, enquanto a enfermeira mede a tensão ao doente e lhe vai
perguntando do seu dia-a-dia.
“Vai levantar-se para almoçar à mesa,
não vai?”, insiste Serafina. João está deitado. É assim que tem passado, nestes
últimos anos, a maior parte dos seus dias,
apesar da fisioterapia diária, do empenho que revela em cada gesto, do prazer
que lhe dão as pequenas coisas. “A vida
é feita de momentos, não é? E estes, posso garantir, são bons momentos”, diz,
referindo-se à visita da equipa dos cuidados domiciliários de Loures. “Por causa destas visitas, não me descuido com
nada. Estou sempre atento a tudo, para
aprender... E tenho apreendido imenso
convosco”, diz, dirigindo-se directamente a Lurdes e a Serafina.
No primeiro ano, a Equipa de Cuidados
Continuados Domiciliários de
Loures fez mais de 3200 visitas
a doentes dependentes com demências, diabetes e na sequência de acidentes vasculares cerebrais, tendo iniciado, logo nesse ano, a formação de cuidadores informais e formais, que
abrangeu cerca de quatro dezenas de pessoas. Três anos depois,
o número anual de visitas realizadas chegou às cinco mil –
isto numa área de quase 140 quilómetros quadrados, onde há grandes falhas neste tipo de apoio social e de saúde
e onde, por isso, é necessário acorrer a zonas muito dispersas e distantes umas das
outras.
Ainda assim, assegura a coordenadora da
equipa, “a resposta da nossa equipa é imediata: assim que nos é referenciado um
doente, avançamos”.
Como é feita a referenciação de doentes
que necessitam de cuidados continuados domiciliários?
As equipas médicas e de enfermagem que
acompanham os doentes internados no
HBA identificam situações que, após a
alta, possam beneficiar do apoio das equipas de cuidados domiciliários. Após esta
identificação, os doentes são assinalados
para a EGA, que prepara uma avaliação
das necessidades e submete o pedido para
a Rede Nacional de Cuidados Continuados (RNCCI). Este pedido é depois avaliado, e caso seja aceite, o doente passará a
ter acompanhamento quando chegar a
casa. Por vezes, os doentes precisam de
cuidados domiciliários que não são en-
quadráveis no âmbito da RNCCI. Nestes
casos, a articulação é direta entre equipas
de enfermagem – a do serviço de internamento e a do centro de saúde.
Qual é a frequência desta referenciação?
No âmbito da RNCCI, temos várias referenciações – no mínimo, uma por semana.
As referenciações diretas para as equipas
dos centros de saúde são quase diárias.
Como são os contactos com a equipa que
presta esses cuidados em Loures (que
está integrada na Unidade de Cuidados
na Comunidade do ACES de Loures)?
Consideramos que estas equipas são essenciais para os cuidados de saúde às populações que o HBA serve, permitindo
que os doentes regressem mais cedo às
suas casas e às suas famílias, o que é essencial para a sua plena recuperação. A
EGA do HBA está em permanente contacto e coordenação com as várias equipas,
até porque partilhamos vários doentes.
Além disso, procuramos reunir mensalmente com as várias equipas de coordenação local (ECL) da RNCCI (no caso de
Loures está sediada em Sacavém), e discutimos casos, procedimentos e formas
de melhorar a articulação. Normalmente,
nestas reuniões estão presentes elementos
das equipas que prestam os cuidados domiciliários, pelo que também há oportunidade de interagir diretamente com estes
profissionais.
Janeiro 2013
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agenda
2.ª EDIÇÃO DO SEMINÁRIO
DE ENERGIA SUSTENTÁVEL
* 22 DE FEVEREIRO
* DAS 09H00 ÀS 16H30
* PALÁCIO MARQUESES
DE PRAIA E MONFORTE
SÁBADOS EM CHEIO
* TODOS OS SÁBADOS, ÀS 15 HORAS
* BIBLIOTECA MUNICIPAL JOSÉ
SARAMAGO
Brincar com os livros ou sobre os
livros em família para criar hábitos
de leitura, partilhar experiências,
divulgar espaços, serviços,
equipamentos e documentos.
EDUARDO GAGEIRO. O RAPAZ DE
SACAVÉM, FOTÓGRAFO DO MUNDO
* INAUGURAÇÃO 16 DE FEVEREIRO
* MUSEU DE CERÂMICA DE SACAVÉM
Exposição biográfica de uma das
grandes figuras da fotografia
portuguesa, que tem a sua origem
no concelho de Loures.
UMA NOITE NO MUSEU
- MÚSICA NA CAPELA
* 3 DE FEVEREIRO E 2 DE MARÇO
* MUSEU MUNICIPAL DE LOURES /
QUINTA DO CONVENTINHO
Ciclo de concertos intimistas na
Capela do Espírito Santo, que irão
animar as noites da Quinta do
Conventinho.
EXPOSIÇÃO DO SEMINÁRIO
DE ENERGIA SUSTENTÁVEL
* 22, 23 E 24 DE FEVEREIRO
* PAVILHÃO DE MACAU,
PARQUE DA CIDADE.
COMEMORAÇÕES DA SEMANA
DA ÁRVORE
* 05 A 09 DE MARÇO
* PARQUE MUNICIPAL
DE CABEÇO DE MONTACHIQUE
PELAS RUAS DE SACAVÉM
* 12 DE JANEIRO
* MUSEU DE CERÂMICA DE SACAVÉM
Caminhada lúdico-cultural ao
encontro da história e das
memórias da cidade de Sacavém,
através da visita a locais
relacionados com a antiga Fábrica
de Loiça e com o património
religioso edificado.
PARA VOLAR NECESITAS CAER
* ATÉ 4 DE MAIO
* GALERIA MUNICIPAL
VIEIRA DA SILVA
Exposição de pintura de Vitor
Pinhão
MOSTRA DE MÚSICA MODERNA
* FINAL EM LOURES
Mostra de promoção do trabalho
e da criatividade de projetos
musicais individuais e coletivos,
que visa incentivar a afirmação de
novos valores no panorama local,
assim como o alargamento da
oferta cultural musical no
concelho de Loures,
especialmente junto da população
mais jovem.
A ARTE NOVA
NOS AZULEJOS EM PORTUGAL
* ATÉ 31 DE JANEIRO
* MUSEU DE CERÂMICA DE SACAVÉM
Peças da Coleção Feliciano David
e Graciete Rodrigues de azulejaria
nacional e internacional de pendor
Arte Nova.
OFICINAS DE DESENHO
* 5 A 19 DE FEVEREIRO E 5 A 19 DE
MARÇO
* GALERIA MUNICIPAL
VIEIRA DA SILVA
Ateliês de desenho para crianças
e jovens em idade escolar.
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“CAMINHANDO PELO PATRIMÓNIO
ARQUITETÓNICO DE LOURES”
* ATÉ 19 DE SETEMBRO
* ARQUIVO MUNICIPAL DE LOURES
MERCADO AGROBIO
* TODOS OS SÁBADOS,
* DAS 9H00 ÀS 14H00
* PRAÇA DA LIBERDADE, EM LOURES
Iniciativa organizada no âmbito do
protocolo de cooperação entre o
Departamento de Atividades
Económicas e Turismo da Câmara
Municipal de Loures e a AGROBIO
– Associação Portuguesa de
Agricultura Biológica.
O mercado tem como objetivo
contribuir para a divulgação e
dinamização, no concelho, de
atividades económicas geradas
pelo modo de produção biológica,
contribuindo para a adoção de
estilos de vida responsáveis, para a
promoção da saúde dos munícipes
e para a sustentabilidade no
território de Loures.
MOVIMENTO NA CASA
* 1.ª SEXTA FEIRA DE CADA MÊS
* 22H00 ÀS 24H00
* CASA DE JUVENTUDE DE ODIVELAS
Práticas de Dança na Casa
da Juventude. Esta iniciativa
tem a colaboração da Academia
Arte & Dança. Entrada livre.
GABINETE ‘ORIENTA-TE’
* SEGUNDA A SEXTA FEIRA
* 10H00 ÀS 18H00
* CASA DE JUVENTUDE DE ODIVELAS
É um espaço que tem como
objetivo ajudar os jovens através
de serviços de aconselhamento e
orientação em áreas como a
Sexualidade, Mediação Social e
Emprego. O Atendimento será
efetuado através de Marcação
Prévia na Casa da Juventude
BANCO DE BENS DOADOS
* TERÇAS E QUINTAS-FEIRAS
* 14H30 E 1OH30
* LOJA SOCIAL
Espaço que reúne as valências de
armazém solidário e loja social, no
qual é feito o atendimento às
famílias e se coordena a receção e
distribuição de bens. O banco de
bens doados aceita bens em
diferentes categorias, desde que
os mesmos se encontrem em
estado novo ou passível de
reutilização.
HORA DO CONTO:
“PARA LÁ DAS NUVENS”
* 1.ª SEXTA FEIRA DE CADA MÊS
* 22H00 ÀS 24H00
* BIBLIOTECA MUNICIPAL D. DINIS,
ODIVELAS
E se um dia acordássemos e
estivéssemos para lá das nuvens?
agenda
AGENDA ESS
Janeiro
HOSPITAL DA LUZ
DIA 30
“Cirurgia da tiroideia com a utilização de instrumento de
selagem de vasos”
O que poderíamos encontrar? Um
espaço mágico onde a imaginação
ganha forma de nuvem e os
sonhos são embalados pela Lua.
Pescadores de objetos darão vida
a este lugar onde nada é o que
realmente parece…
EXPOSIÇÃO DE PINTURA “SENHORA
DAS ÁGUAS”, LENA GAL
* ATÉ 14 ABRIL. TERÇA A DOMINGO
* 10HO0 ÀS 23H00
* CENTRO DE EXPOSIÇÃO DE
ODIVELAS
Pintura sobre o couro, com uma
filosofia plástica e pictórica
própria.
EXPOSIÇÃO DE PINTURA “357”
* ATÉ 14 ABRIL. TERÇA A DOMINGO
* 10HO0 ÀS 23H00
* CENTRO DE EXPOSIÇÃO DE
ODIVELAS
A Exposição “357”, que foi
anteriormente realizada na
Galeria Art Lounge, mostra uma
série de 40 trabalhos do artista
Marco Ayres, com cerca de 10
sequências de várias cores e tons
e outros trabalhos mais recentes.
“PEDRAS PARA A HISTÓRIA DO
TERRITÓRIO DE ODIVELAS”
* TERÇA A DOMINGO
* 10HO0 ÀS 23H00
* CENTRO DE EXPOSIÇÃO DE
ODIVELAS
Pequena mostra de peças
arqueológicas que relembram um
pouco da Pré-História do território
de Odivelas. São utensílios que
ilustram a presença humana do
período Neolítico, e que por vezes
eram utilizados como oferendas
funerárias.
Fevereiro
HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELO
DIA 14
“Encontros no HBA - Infecciologia”
DIAS 22
“Curso de cardiotocografia”
DIAS 23 e 24
“Workshop interativo em doenças autoimunes”
VISITAS ORIENTADAS AO
PATRIMÓNIO HISTÓRICO-CULTURAL
Visitas efetuadas a escolas e
grupos – total de 25 participantes
(mediante inscrição prévia)
Informações/inscrições: Divisão
de Cultura, Turismo, Património
Cultural e Bibliotecas
Tel: 219 320 800
WORKSHOP “SOMBRAS
DANÇANTES”
* 9 FEVEREIRO
* 10HO0 ÀS 12H00
* CENTRO DE EXPOSIÇÃO DE
ODIVELAS
Nesta atividade, as crianças são
convidadas a explorar a diferença
entre o seu eu e/ou o outro
através da sombra de artes
visuais. Preço: 7 euros
ODISSI YOGA - WORKSHOP DE
DANÇA INDIANA E YOGA
* 10 FEVEREIRO
* 15HO0 ÀS 17H00
* CENTRO DE EXPOSIÇÃO DE
ODIVELAS
Preço: 20 euros.
Março
HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELO
DIAS 2 e 3
“Workshop interativo em doenças autoimunes - II”
DIA 14
“Encontros no HBA - Nefrologia/Urologia”
HOSPITAL DA LUZ
DIA 1
“A coluna vertebral em cuidados de saúde primários”
DIAS 8 e 9
“Congresso de Casos clínicos de cardiologia”
DIA 22
“Reunião nacional de comissões de ética”
Janeiro 2013
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IESS Beatriz Ângelo Nº5