UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TAISE CARDOSO DA SILVA
ABORDAGENS EDUCATIVAS DA SEXUALIDADE DAS FAMÍLIAS COM SEUS
FILHOS ADOLESCENTES
Biguaçu
2009
TAISE CARDOSO DA SILVA
ABORDAGENS EDUCATIVAS DA SEXUALIDADE DAS FAMÍLIAS COM SEUS
FILHOS ADOLESCENTES
Monografia apresentada como requisito
parcial para a obtenção do grau de
Enfermeiro pela Universidade do Vale do
Itajaí, Centro de Educação de Biguaçu.
Orientadora: Profª. Ana
Oliveira da Silva Hoffmann
Biguaçu
2009
Cristina
de
RESUMO
Esta pesquisa objetiva identificar as diferentes abordagens utilizadas pelas famílias
para exercerem a tarefa de educação sexual de seus filhos adolescentes. Trata-se
de uma abordagem qualitativa, exploratório-descritiva. As entrevistas foram
aplicadas a oito famílias, que possuem filhos adolescentes, da área de abrangência
da Unidade de Saúde Luar, do município de São José, durante o mês de junho de
2009. Os dados da pesquisa foram coletados através de um questionário semiestruturado e foram analisados através da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo
com embasamento na Teoria do Desenvolvimento da Família. Assim, os resultados
desta pesquisa evidenciaram que a maior parte dos pais sujeitos da pesquisa são
mulheres que se encontram na faixa dos 31 aos 55 anos, católicas e com emprego
formal. Além disso, Discurso do Sujeito Coletivo foi originado a partir das seguintes
ancoragens que foram construídas com base nas idéias centrais: abordagem da
educação sexual no contexto familiar; Percepção do desenvolvimento da
sexualidade não somente como uma questão biológica; abordagem da educação
sexual no contexto familiar; fragilidades quanto à tarefa de educação sexual no
contexto familiar; e suporte esperado pelas famílias para auxiliar na tarefa de
educação sexual. Finalmente, após refletir sobre os resultados desta pesquisa,
pode-se afirmar que o referencial teórico escolhido foi necessário no sentido de
compartilhar saberes que contribuam para o crescimento da família como unidade
competente de promoção da sua própria saúde e a de seus membros que, neste
caso, destacamos a saúde sexual e reprodutiva tendo como alicerce a educação
sexual.
Palavras-chave: Sexualidade. Família. Adolescentes.
ABSTRACT
This search aims to identify the different ways used by the families to implement the
theory of sexual education with yours teenagers children. It is a qualitative, exploratorydescriptive approach. The interviews were applied to eight families that have teenagers
children in the Luar Unit of São José city area, during the month of June 2009. The data of the
research were collected through a questionnaire semi-structured and analyzed by the
technique of the Collective Subject Discourse with light in the Theory of Development of the
Family. Thus, the results of this research showed that most parents are woman tha have
between 31 and 55 years old, Catholic and who have formal employment. Moreover, the
Collective Subject Discourse arose from the following anchorages that were built based on the
central ideas: Approach to sex education in the family; the development of sexuality not only
as a biological issue; Approach to sex education in the family; Weaknesses for the task of sex
education in the family and Support for families and expected to assist in the task of sex
education. Finally, after reflecting on the results of this research, we can state that the
theoretical framework chosen was necessary in order to share knowledge contributing to the
growth of family as a unit responsible for promoting their own health to its members in this
case highlight the sexual health and reproductive and sexual education as a foundation.
Keyword: Sexuality, Family. Teenagers
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer a um Ser Superior, Deus, que nos
fortalece nos momentos impróprios, nas fraquezas e nas angústias de nossas vidas.
Obrigada, Deus, por não me fazer desistir dos meus objetivos;
Gostaria de agradecer, em especial, a meus pais Efísio e Marlete, por
acreditar em meus sonhos e, agora aqui estou, cumprindo mais uma de muitas
etapas que estão por vir em minha vida. Espero que se sintam orgulhosos de mim!
Peço desculpas por momentos de ausência, mau humor e estresse.
Agradeço a todos os familiares que me apoiaram;
Gostaria de agradecer à banca examinadora desta monografia, Profª. Drª.
Ligia Paim, Profª. Mestre Janelice Neves Bastiane de Azevedo e à Profª. Mestre Ana
Cristina de Oliveira Silva Hoffmann meu muitíssimo obrigada por fazer parte da
avaliação e do enriquecimento desta pesquisa. Sinto-me orgulhosa de ter vocês
fazendo parte desta banca. Em especial, à orientadora desta monografia, Ana, pela
grandiosa paciência, sabedoria, e por guiar meus caminhos na construção deste
trabalho. Peço desculpas por, algumas vezes, me ausentar era devido há algumas
frustrações e desânimo. Meu muito obrigada!
Em geral, a todos os mestres que dão corpo a este curso, fico satisfeita por
vocês terem me repassado um pouquinho de seus enormes conhecimentos! Em
especial, Drª. Profª. Cladis L. K. Moraes, Profª. Mestre Liliane Werner, Profª. Drª.
Maria de Lourdes Hames, Profª. Mestre Adriana Dutra Tholl, Profª. Mestre Helga
Regina Bresciane, Profª. Mestre Valdete Prêve, Prof° Mestre Maritê Argenta e à
Profª. Mestre Maria Ligia dos Reis Bellaguarda.
Agradeço minhas amigas, que me ajudaram e me apoiaram neste percurso:
Pâmela Lanza Pinto, Albertina Brasil Andrés e Ane Cristina Pereira. Fico grata por
me ajudarem em certos momentos e que momentos!!
Ao Mestre em Odontologia João Adolfo Czernay, por me compreender e me
apoiar quando precisava me ausentar do serviço para a realização de trabalhos
acadêmicos. Peço desculpas pelo meu estresse.
Agradeço à Corporação de Bombeiros Militar de Santa Catarina do município
de Biguaçu pela oportunidade de estar atuando juntamente com vocês, pelos
ensinamentos. Aprendi algo muito importante sendo essencial e de grande valia
5
para o ser humano: a humildade, simplicidade e ser verdadeiramente humana! Muito
obrigada por me passarem essas virtudes!
Enfim, agradeço a todos que compartilharam comigo este momento!
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1: Distribuição dos pais dos adolescentes segundo o sexo ......................... 41
Gráfico 2: Distribuição dos pais dos adolescentes segundo a idade........................ 42
Gráfico 3: Distribuição dos pais adolescentes segundo a religiosidade ................... 43
Gráfico 4: Distribuição dos pais dos adolescentes segundo a profissão .................. 43
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AC – Ancoragem
AIDS – Acquired Immunodeficiency Syndrome
DSC – Discurso do Sujeito Coletivo
DSTs – Doenças Sexualmente Transmissíveis
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
ECH – Expressões-chave
HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana
IC – Idéias Centrais
MS – Ministério da Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 13
2.1 Objetivo geral .................................................................................................... 13
2.2 Objetivos específicos........................................................................................ 13
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 14
3.1 Sexualidade e adolescência ............................................................................. 14
3.2 A adolescência: papel da família nesta fase e a tarefa da educação sexual17
3.3 A participação da enfermagem na educação sexual do adolescente........... 22
4 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 28
4.1 Teoria do desenvolvimento da família............................................................. 28
4.2 Conceitos norteadores do estudo ................................................................... 32
5 METODOLOGIA DA PESQUISA........................................................................... 34
5.1 Contextualização do local de estudo............................................................... 34
5.2 Sujeitos do estudo ............................................................................................ 35
5.3 Tipo de pesquisa ............................................................................................... 35
5.4 Métodos para coleta de dados ......................................................................... 36
5.5 Análise e interpretação dos dados .................................................................. 38
5.6 Aspectos éticos e bioéticos ............................................................................. 40
6 A EDUCAÇÃO SEXUAL DOS ADOLESCENTES NO CONTEXTO FAMILIAR ... 41
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55
APÊNDICE A – CARTA AO SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO JOSÉ
.................................................................................................................................. 65
APÊNDICE B – CARTA À COORDENAÇÃO DO CENTRO DE SAÚDE LUAR...... 66
APÊNDICE C – ROTEIRO PRELIMINAR DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
.................................................................................................................................. 67
APÊNDICE D – TERMO DE COMPROMISSO DE ORIENTAÇÃO .......................... 68
APÊNDICE E – CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO - CONVITE À
PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO ................................................................................. 69
9
1 INTRODUÇÃO
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n° 8.069/90, circunscreve
a adolescência como o período de vida que inicia nos 12 e finda aos 18 anos de
idade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) delimita adolescência como a
segunda década da vida (dos 10 aos 19 anos), e a juventude como a fase que
corresponde dos 15 aos 21 anos. O Ministério da Saúde (MS) toma por base a
definição da OMS, definindo o público beneficiário como o contingente da população
entre 10 a 24 anos de idade (BRASIL, 2007).
O adolescente é um ser biológico, animal, social, situado no real, totalmente
humano, cheio de sonhos expectativas, ansiedades, necessidades, crenças, valores,
conhecimentos, temores, tristezas, alegrias e energias peculiares. É um ser coletivo,
afinal está inserido num macro sistema interativo em que a sua visão se transforma
de acordo com a dinâmica das interações com o meio social (PATRÍCIO, 2000).
Marcada pela passagem da infância para a vida adulta, a adolescência é uma
fase do desenvolvimento que caracterizada por transformações biopsicossociais,
determinadas por fatores genéticos e ambientais (GOLDBERG et al., 1987). É
marcada também por especificidades emocionais e comportamentais que se
refletem na saúde sexual e reprodutiva, tornando os adolescentes mais vulneráveis
aos mesmos riscos aos quais muitos adultos estão expostos (OMS, 1989).
Acredita-se que talvez em razão das próprias características da fase, os
adolescentes sejam tão vulneráveis. Do ponto de vista psicológico, essa
vulnerabilidade é percebida nas seguintes características: onipotência pubertária;
necessidade de buscar o novo; transgressão; dificuldade de escolher; conflito entre
razão e sentimento (negação); urgência temporal; dificuldade de administrar
esperas; suscetibilidade a pressões grupais e à moda; dependência econômica;
medo de exposição; insegurança; elaboração fantasiosa das primeiras atitudes
sexuais (CAVASIN; ARRUDA, 1998).
Muito se diz acerca da adolescência do ponto de vista das teorias do
desenvolvimento psicológico. As clássicas apontam a adolescência como época de
crises, turbulências e transformações marcantes de personalidades, de inteligência e
de conduta social. Tais crises poderiam estar ligadas ao desenvolvimento fisiológico,
como o desencadeamento dos hormônios em função do amadurecimento das
10
gônadas, ou a aspectos exclusivamente socioculturais, com a entrada no mundo
adulto. As teorias psicanalíticas localizam, no período da adolescência, a época das
decisões internas importantes, como a escolha do objeto sexual influenciada pela
sexualidade genital (SOUZA et al., 2006).
Porém, algumas questões se mostram relevantes quando se fala da
vulnerabilidade dos adolescentes no plano individual ou social. A gravidez na
adolescência é uma delas, sendo uma realidade evidenciada no Brasil pelo
crescente número de adolescentes no serviço de pré-natal e maternidade, sua maior
incidência se dá nas populações de baixa renda e na associação entre alta
fecundidade e baixa escolaridade. Além disso, há significativo aumento da infecção
pelo HIV/AIDS entre adolescentes e jovens. Segundo a Organização das Nações
Unidas (ONU), das 30 milhões de pessoas infectadas pelo HIV no mundo, pelo
menos um terço tem entre 10 e 24 anos. No Brasil, 13,4% dos casos diagnosticados
entre 1980 e 1998 foram entre adolescentes (BRASIL, 2007).
Durante esse período de transformações, o apoio dado aos adolescentes é
muito importante, para que esses as tolerem e não se sintam vulneráveis às
mudanças biopsicossociais. Para tanto, a família deve estar bem estruturada, a fim
de não facilitar a ocorrência, comum entre os adolescentes, de violência, uso de
drogas e gravidez precoce (GODINHO et al., 2000).
Assim, a família, mais do que ninguém, educa todo dia, toda hora sendo a
instância mais responsável pelas condições de emancipação dos filhos (DEMO,
1997 apud MARQUES; VIEIRA; BARROSO, 2003) e deve focalizar no diálogo
(entendimento) as estratégias de ajudar os adolescentes para que possam lidar com
a sexualidade de forma saudável e livre de riscos não se esquecendo de que o
dialogo é apenas um aspecto da comunicação.
Para Ribeiro (1998), a comunicação familiar é fundamental na socialização do
adolescente, pois, no ambiente social da família, esse processo se inicia e onde ele
forma suas primeiras opiniões. Nesse sentido, a família é o local principal da
formação do caráter de uma pessoa e o canal de comunicação deve ser bem
desenvolvido por esta, para que haja interrelação e, conseqüentemente, segurança
de aceitação e compreensão do jovem sobre o seu meio, principalmente pela
necessidade de maior atenção da família na educação sexual dos filhos. De acordo
com Cortella (2000), o conhecimento dos adolescentes, apreendidos através de sua
realidade sociocultural e formador de seus conceitos, denomina-se senso comum, o
11
qual se entende como forte influenciador na vivência da sexualidade, que, por sua
vez, encontra barreiras de comunicação no seio da família. Percebe-se que isso
afeta a educação dos pais aos filhos e, como estes são seres que não nasceram
prontos, acabam sendo o resultado de todo um mundo passado que transitou para
eles através dos adultos.
Mioto (1994) ressalta a importância da família nesse processo, pois
adolescência é considerada um momento crucial no desenvolvimento da família. A
entrada do filho na adolescência desencadeia um movimento no âmbito das
relações familiares que envolve reestruturações diferenciadas de cada membro e do
próprio grupo. Para Duque (1994), com o intuito de evitar que seus filhos sofram,
muitos pais tentam determinar suas escolhas, com justificativa de já terem passado
pelo mesmo tipo de experiência. Dessa forma, os pais podem agravar o conflito de
rebeldia do jovem que necessita, como tarefa normal do desenvolvimento,
diferenciar-se para poder individualizar-se.
Nessa direção, a família, considerada por Jesus (2000) uma estrutura social
ideal para que seus membros em crescimento e desenvolvimento se eduquem,
especialmente no tocante à sexualidade, tem se mostrado importante para atuar na
educação sexual dos filhos frente às dificuldades relatadas pelos pais no trato com
suas questões sexuais.
A saúde das famílias na fase da adolescência, portanto, merece a atenção
dos profissionais de saúde e de enfermagem no que diz respeito à promoção,
proteção, prevenção e recuperação da saúde e ao estabelecimento de estratégias
que atendam essa população de forma personalizada, humana e com qualidade
(HOFFMANN, 2005). Aos profissionais da saúde, em especial ao enfermeiro,
compete o compromisso ético de buscar e atualizar os seus conhecimentos e,
concomitante, instrumentalizar-se para assistir com competência este novo sujeito
do cuidado à família, que tanto carece de assistência e de indicadores necessários
para cuidar de seus membros para, dessa forma, alcançar o viver-ser-estar,
saudável em um mundo em transformações (MARCON; ELSEN, 1999).
Como a realidade se apresenta, acredita-se ser de fundamental importância a
atuação do enfermeiro enquanto facilitador do processo de transição entre a infância
para a vida adulta. Devem-se valorizar os adolescentes e suas famílias como
sujeitos de sua história, interagindo com todos os membros da família, a fim de
complementar a assistência não somente ao adolescente propriamente dito, nem
12
todos estão frente a novos estágios: os filhos e os pais. Assim, todos necessitam
também
de
suporte,
prevenção
e
intervenção
no
que
diz
respeito
ao
desenvolvimento de suas tarefas ou funções, neste caso especialmente no que se
refere à tarefa da educação sexual no contexto familiar (HOFFMANN, 1999).
Justifica-se, dessa forma, a temática deste estudo que será realizado com o
objetivo de identificar as diferentes abordagens utilizadas pelas famílias para
exercerem a tarefa da educação sexual de seus filhos adolescentes, analisando as
maneiras com que lidam com questões relativas à sexualidade e identificando as
principais dificuldades encontradas na orientação dos filhos, bem como a
participação do enfermeiro durante este estágio do ciclo de vida familiar.
Sendo assim, a questão norteadora deste estudo é: Quais as abordagens
utilizadas pelas famílias para exercerem a tarefa de educação sexual de seus
filhos adolescentes?
13
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Elencar referenciais para os processos educativos da enfermagem com as
famílias no que diz respeito a construção de uma abordagem orientadora quanto a
sexualidade dos seus filhos adolescentes.
2.2 Objetivos específicos
- Levantar as fragilidades e potencialidades das experiências de famílias
acerca da abordagem dos pais quanto a questões relacionadas à educação sexual
de seus filhos adolescentes.
- Identificar as maneiras utilizadas pelas famílias ao exercerem a tarefa de
educação sexual de seus filhos adolescentes.
14
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Sexualidade e adolescência
De acordo com Foucault (1993), a sexualidade passou a ser enquadrada
numa nova ordem discursiva, a partir da sua institucionalização, por meio dos
diferentes mecanismos sociais.
Hoje, a sexualidade ultrapassou a intimidade do quarto e ganhou as ruas, os
outdoors e as bancas de jornal. Faz parte do cotidiano das pessoas e é consumida
no decorrer das horas, no rádio do carro, na televisão das casas, na Internet, nos
jornais e nas revistas. Tornou-se um grande espetáculo para ser visto e consumido,
tendo a mídia como sua grande difusora. Esta veicula simultaneamente campanhas
educativas e imagens eróticas, reunindo um conjunto de informações que
ambiguamente atende a transformações socioculturais e aprofunda estereótipos. A
mídia veicula, ainda, corpos esculturais, padrões de relacionamento e de beleza e
fórmulas de prazer e de felicidade, transformando pessoas e sentimentos em
mercadorias, em resposta ao mercado publicitário (PEREIRA et al., 2007).
No entanto, pode-se afirmar que, na sociedade, o tema sexualidade persiste
envolto em mistérios e tabus, pois, conforme Jesus (2000, p. 47), “Os conceitos
atuais sobre sexualidade ainda guardam consigo a essência de gerações anteriores,
carregados de mitos e crenças.”
Para a maioria das pessoas, falar de sexualidade remete imediatamente ao
ato sexual e à reprodução. Mas o termo sexualidade é muito mais abrangente. Pode
ser definido como uma forma de expressão dos afetos, uma maneira de cada
indivíduo se descobrir e descobrir os outros. A sexualidade engloba a identidade
sexual (masculina e feminina), os afetos e a auto-estima, as alterações físicas e
psicológicas ao longo da vida, o conhecimento anatômico e fisiológico do homem e
da mulher, a higiene sexual, a gravidez, a maternidade e a paternidade, os métodos
anticoncepcionais, as doenças sexualmente transmissíveis, os transtornos sexuais,
entre outros aspectos.
No entendimento de Gherpelli (1996), quando se fala de sexualidade,
pressupõe-se tratar de intimidade, uma vez que ela está estreitamente ligada às
relações afetivas. A sexualidade é um atributo de qualquer ser humano. Porém, a
15
sexualidade não constitui fato isolado, mas é moldada e expressada concretamente
nas relações que o sujeito estabelece, desde a mais tenra idade, consigo mesmo e
com os outros.
Cano, Ferriani e Gomes (2000) afirmam que a sexualidade é um dos
importantes aspectos da adolescência, porque, nessa fase da vida do ser humano, a
identidade sexual está se formando.
A adolescência corresponde a um fenômeno biopsicossocial cujo elemento
psicológico do processo é constantemente determinado, modificado e influenciado
pela sociedade (KALINA, 1999). Ela corresponde a um período de descobertas dos
próprios limites, de questionamentos dos valores e das normas familiares e de
intensa adesão a valores e normas do grupo de amigos. Nessa medida, é um tempo
de rupturas e aprendizados, uma etapa caracterizada pela necessidade de
integração social, pela busca da autoafirmação e da independência individual e pela
definição da identidade sexual (SILVA; MATTOS, 2004).
Nesse sentido, Brêtas et al. (2003, p.3) definem a adolescência como
[...] um período de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizado
por intenso crescimento e desenvolvimento que se manifesta por marcantes
transformações anatômicas, fisiológicas, psicológicas e sociais.
Para Outeiral (1994), a adolescência divide-se em três etapas, de início e fim
não muito precisos, em que algumas características se confundem e flutuações
progressivas e regressivas se sucedem. A primeira, a adolescência inicial (de 10 a
14 anos), é caracterizada basicamente pelas transformações corporais e as
alterações psíquicas derivadas desse acontecimento. A segunda, a adolescência
média (de 14 a 16 ou 17 anos), tem como elemento central as questões
relacionadas à sexualidade, em especial, a passagem da bissexualidade para a
heterossexualidade. A terceira, a adolescência final (de 16 ou 17 anos até 20 anos),
apresenta vários elementos importantes, entre os quais o estabelecimento de novos
vínculos com os pais, a questão profissional, a aceitação do novo corpo e dos
processos psíquicos do mundo adulto.
Nesta fase da vida, são percebidas várias modificações, principalmente as
comportamentais, sendo o desabrochar da sexualidade fator importante que
interfere na qualidade de vida dos adolescentes (SIQUEIRA, 2003; ALMEIDA, 2008).
Quanto ao desenvolvimento e crescimento físico dos adolescentes, ocorre a
formação dos caracteres sexuais, nos garotos a semenarca e nas garotas a
16
menarca, anunciando que estão fisiologicamente reprodutivos. A partir desse
momento, a sexualidade torna-se mais evidente, este grupo etário, poderá iniciar
vida sexual e se não utilizar métodos de contracepção ou de barreira estarão
predisponentes aos agravos referentes à gravidez não planejada, às Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e AIDS (TOMITA; FERRARI, 2007).
A fase de transição marcada pelas transformações biopsicológicas promove a
definição das características sexuais secundárias nos meninos e nas meninas,
tornando-os aptos para se reproduzir. Ambos vivenciam um aumento no
desenvolvimento cognitivo e na estrutura da personalidade e apresentam
modificações externas hormonais (CRIVELARI, 2007; TIBA, 1994 apud ALMEIDA,
2008).
Em um contexto mais psicológico, Brêtas et al. (2003) complementa
afirmando que é a etapa na qual o indivíduo busca a identidade adulta, apoiando-se
nas primeiras relações afetivas, já interiorizadas, que teve com seus familiares e
verificando a realidade que a sua sociedade lhe oferece.
É importante destacar que as novas experiências na adolescência podem
desencadear sentimentos de medo e insegurança. Como sexo é algo desconhecido
no universo do adolescente, este tende a iniciar cada vez mais precocemente a
prática de relações sexuais, muitas vezes até mesmo por pressão do grupo social no
qual se encontra engajado. De acordo com Frison (2002), a vida sexual dos
adolescentes começa cada vez mais cedo. Dados do Ministério da Saúde indicam
que grande parte dos adolescentes tem sua primeira relação sexual antes dos 15
anos de idade.
Porém, este ato precoce de um adolescente imaturo, inexperiente e pouco
esclarecido para tal situação poderá pôr sua saúde em risco de DSTs e de futura
paternidade/maternidade indesejada. Todavia, podem ser evitados os riscos, há de
se ter uma estrutura familiar do adolescer bem preparada para esse tipo de
orientação (FERNANDES et al., 1999 apud SOUZA et al., 2006).
A atual realidade dos adolescentes brasileiros mostra que os mesmos vivem
em uma sociedade onde os tabus ainda estão presentes na relação pais/filhos,
igrejas, escolas e há diferenças sócio-econômicas e culturais que levam os
adolescentes a terem dificuldades em vivenciar sua sexualidade de forma plena e
responsável (OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008)
Segundo Rocha (2004), dados revelam que, no mundo, uma em cada três
17
adolescentes de 19 anos já é mãe ou está grávida do primeiro filho, somente 30%
dos jovens usam métodos contraceptivos e, pelo menos, 1/3 das 30 milhões de
pessoas infectadas pelo HIV têm entre 19 e 24 anos.
Se se questionar o porquê do aumento do número de adolescentes grávidas
e/ou com DSTs/AIDS em pleno crescimento a cada ano, alguns fatores estão
relacionados a discussão, tais como a liberalização da sexualidade, a desinformação
sobre o tema, a desagregação familiar, a urbanização acelerada, as precariedades
das condições de vida e a influência dos meios de comunicação (PAULICS, 1996
apud OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008).
Complementam Souza et al. (2006) que esses problemas poderiam ser
evitados se o adolescente encontrasse, no ambiente familiar, liberdade para discutir
sobre sexo e sexualidade.
Portanto, sabe-se que, durante a adolescência, é muito comum os filhos
ficarem distantes dos pais, dificultando o relacionamento entre ambos. Por muitas
vezes, os pais sentem-se incompetentes para estabelecer relações com seus filhos,
à medida que vão crescendo, temendo, em alguns casos, deparar-se com o
despertar da sexualidade (TIBA, 2005).
Por fim, concorda-se com Cano, Ferriani e Gomes (2000) quando afirmam
que, como a banalização da sexualidade tem dificultado a tarefa de educar, de
associar sexo a afeto, responsabilidade e promoção da saúde, a sexualidade deve
ser um tema de discussão e debate entre pais, educadores e profissionais de saúde,
tendo como objetivo encontrar maneiras de informar e orientar os jovens para que
protelem ao máximo sua iniciação sexual, tenham responsabilidade, auto-estima e
pratiquem sexo com segurança.
3.2 A adolescência: papel da família nesta fase e a tarefa da educação sexual
O termo família tem sua origem no latim famel (escravo, doméstico) e
normalmente é entendido em seu sentido estrito, como sendo uma união conjugal, a
qual abrange os cônjuges e sua prole, sendo que sua constituição, via de regra, dáse por meio do casamento. Já em seu significado amplo, o termo “família quer
significar todo conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo da consanguinidade.
18
Representa-se, pois, pela totalidade de pessoas que descendem de um tronco
ancestral comum” (DE PLÁCIDO e SILVA, 2006, p. 597).
A família, desde os tempos mais antigos, corresponde a um grupo social que
exerce marcada influência sobre a vida das pessoas, sendo encarada como uma
organização complexa, inserida em um contexto social mais amplo com o qual
mantém constante interação (BIASOLI-ALVES, 2004).
O conceito de "família" tem evoluído ao longo dos tempos, quer nas suas
funções enquanto sistema quer nas funções de cada elemento que a compõe.
O ciclo vital evolutivo da família é dinâmico (OSÓRIO, 1996; TALLÓN et al.,
1999), sendo marcado tanto por eventos críticos previsíveis (nascimento,
adolescência, casamento dos filhos, entre outros) quanto por eventos críticos não
previsíveis (separações, doenças, perdas, entre outros), os quais causam grande
impacto no contexto familiar, provocando um aumento da pressão e uma
desorganização dentro desse contexto, o que acaba influenciando diretamente no
processo de desenvolvimento da família (SCABINI, 1992).
Os eventos que marcam o ciclo evolutivo familiar, tanto previsíveis quanto
imprevisíveis, provocam, portanto, uma crise no funcionamento da família, a qual
necessita ser solucionada para que haja a manutenção da saúde familiar (SCABINI,
1992). Esta crise afeta, direta ou indiretamente, todos os membros da família, como
a que acontece, por exemplo, no período da adolescência, considerado como uma
fase do ciclo vital familiar que provoca intensas transformações relacionais,
especialmente entre pais e filhos (SUDBRACK, 2001). Isso porque, segundo
Cerveny e Berthoud (2001), pais e filhos encontram-se em momentos diferentes de
transformação, ou seja, os adolescentes costumam questionar valores e regras
familiares, preocupando-se intensamente com o futuro, enquanto seus pais se
encontram em uma etapa de questionamento profissional, de reflexão e de
transformação, também repensando o futuro.
Considerando-se este contexto, é necessário que a família supere as crises
pelas quais passa e consiga modificar-se, englobando as diferenças e mudanças
pessoais dos membros que a constituem como as que ocorrem nos períodos
considerados como típicos de transição, por exemplo, a adolescência. Além disso,
conflitos e tensões correspondem a aspectos marcantes da vida familiar em todos os
momentos de sua existência, uma vez que, na família, segundo Romanelli (1997), a
expressão de sentimentos, aspirações e emoções é mais livre.
19
Nesse sentido, a adolescência é considerada um momento crucial no
desenvolvimento da família. A entrada do filho na adolescência desencadeia um
movimento no âmbito das relações familiares que envolvem reestruturações
diferenciadas de cada membro e do próprio grupo. A vivência desse movimento
constitui o ponto culminante do processo de dependência-independência que se
desenrola no interior da família (MIOTO, 1994).
É inevitável que todo o sistema familiar seja atravessado por esse processo
desenvolvimental do filho adolescente, fazendo ajustes necessários para integrar
essas mudanças (MALDONADO, 1997 apud WAGNER, 2005). Cabe à família a
principal tarefa nesse momento evolutivo de aumentar a flexibilidade das fronteiras
familiares a fim de integrar os movimentos de independência dos filhos (CARTER;
MCGOLDRICK, 1995).
O grupo familiar tem um papel fundamental na constituição dos indivíduos,
sendo importante na determinação e na organização da personalidade, além de
influenciar significativamente no comportamento individual através das ações e
medidas educativas tomadas no âmbito familiar (DRUMMOND; DRUMMOND
FILHO, 1998). Pode-se dizer, assim, que esta instituição é responsável pelo
processo de socialização primária das crianças e dos adolescentes (SCHENKER;
MINAYO, 2003).
Segundo Jesus (2000 apud HOFFMANN, 2005, p.23), a família é considerada
uma estrutura social ideal para que
seus membros em crescimento e
desenvolvimento se eduquem. Especialmente no tocante à sexualidade, tem se
mostrado impotente para atuar na educação sexual dos filhos frente às dificuldades
que os pais relatam no trato com as questões sexuais. Na maioria das famílias,
torna-se um atrito muito grande discutir sobre o termo sexualidade, pois, para estes
pais, na sua época de juventude, criara-se uma barreira quando se tratava da
educação sexual, sendo este tipo de assunto, “proibido” por várias gerações. Esse
relato revela que a barreira que distancia o adolescente das conversas com seus
pais sobre sexualidade também é de um gênero cultural impregnado em nas famílias
com filhos adolescentes (HOFFMANN, 2005).
A educação sexual tem como finalidade desenvolver a capacidade do
adolescente de ser responsável pelo próprio corpo e de adotar atitudes maduras
diante de tantas manifestações de sexo. Assim, ela é um processo único, porque as
20
próprias pessoas são particularmente diferentes em cada momento, em cada ato
(ALMEIDA, 2008).
Portanto, embasando-se em Cano, Ferriani e Gomes (2000), reafirma-se que
a educação sexual deve-se iniciar dentro do âmbito familiar na fase infantil do
adolescer, pois, nessa etapa da vida, irá passar por diversas transformações como:
física, biológica e psicológica. Logo, nesse período, a sexualidade do jovem ficará
mais visível diante dos pais, familiares e amigos. Torna-se imprescindível a
presença, principalmente, dos pais para que eduquem e orientem seus filhos.
Frente ao exposto, Biasoli-Alves (2001 apud HOFFMANN, 2005) cita que os
adultos têm um papel central neste processo, pois oferecem a base inicial aos mais
jovens, a bagagem de regras e normas essenciais para o social, bem como atuam
como
modelos
introjetados,
geralmente
como
ideais,
cujas
atitudes
e
comportamentos serão transmitidos às gerações que os sucedem.
Porém, de acordo com Whaley e Wong (1999), na medida em que os
adolescentes lutam por seus direitos e privilégios adquiridos, eles frequentemente
criam tensões dentro do ambiente domiciliar. Além disso, resistem ao controle dos
pais, e os conflitos podem surgir a partir de quase todas as situações ou de qualquer
assunto. Para essas autoras, os adolescentes são críticos, argumentativos,
confiando menos nos pais e se distanciando também.
As primeiras experiências em relação à sexualidade normalmente acontecem
na própria família, uma vez que os pais manifestam sua sexualidade de várias
maneiras, seu comportamento e ações aparecem como o primeiro e, talvez, o mais
importante modelo de vivência da sexualidade para as crianças. Acredita-se que
todas as famílias realizam, de uma maneira ou de outra, a educação sexual de seus
filhos,
pois,
mesmo
nunca
falando
abertamente
sobre
o
tema,
alguns
comportamentos dos pais, em seu dia a dia, retratam questões de sexualidade,
fazendo com que a criança e o adolescente as vivencie e aprenda (BRASIL, 1997).
Para Frison (2002), as crianças convivem todos os dias com cenas de sexo, em
casa ou na rua, sendo inclusive erotizadas precocemente, através da cópia de
modelos da mídia, de músicas e coreografias que simulam atos sexuais. Apesar de
todas as informações disponíveis aos adolescentes, muitos pais se negam a discutir
questões ligadas à sexualidade, com medo de que isso vá despertar-lhes um
comportamento precoce.
Diversas pesquisas confirmam que a maioria das famílias não oferece
21
informações necessárias sobre o assunto aos adolescentes, acreditando que esta é
uma tarefa da escola e/ou dos serviços de saúde, bem como existe a forte influência
de elementos culturais sobre esse comportamento (SOUZA et al., 2006).
Portanto, conforme afirma Jesus (2000), privar os adolescentes de
informações sobre o ato sexual, suas conseqüências benéficas ou maléficas, não
parece ser o melhor caminho a ser seguido para a educação sexual. É nesse
período de vida que os jovens precisam ser orientados e devem receber as
informações corretas quebrando o tabu da empiricidade estabelecida tanto em seu
meio familiar como pela própria sociedade.
Complementando, conforme declara Suplicy (1991), a questão da sexualidade
mudou tão rapidamente, nas últimas décadas, que deixou os pais meio perdidos.
Antigamente, as famílias não tinham muitas dúvidas em saber o que era certo ou
errado; o que podiam permitir ou não. Hoje, porém, vive-se um momento difícil para
a construção de um sistema de valores de forma geral, no caso em estudo, de
valores sexuais.
Os pais da década atual foram os adolescentes desse período de
transformações e vivenciaram, de diferentes maneiras, os movimentos que
influenciaram suas visões de mundo e, de certa forma, os deixaram inseguros vendo
os rígidos padrões morais de sua infância irem sendo derrubados pelas rápidas
transformações que estavam ocorrendo, sem que houvesse um tempo para a
elaboração e modificação da realidade interna de cada um (SALES, 1988 apud
CANO; FERRIANI; GOMES, 2000).
No entanto, algo positivo pode-se afirmar, pois, apesar de toda dificuldade de
pais e educadores em abordar as questões de sexualidade, parece já existir uma
certa abertura e preocupação em canalizar a energia sexual dos jovens
adolescentes de maneira ordenada, consciente e responsável, apesar de ter-se um
longo caminho ainda a percorrer, muitos tabus e mitos a derrubar (CANO;
FERRIANI; GOMES, 2000).
Ressalta-se que a tarefa de educar e transmitir valores nos dias atuais tem
sido um desafio para as famílias e, quando por algum motivo os jovens não se
enquadram nos padrões sociais estabelecidos, as mesmas são consideradas
culpadas e incompetentes em sua função educativa. De certa forma, não apenas a
sociedade, mas, muitas vezes, os próprios profissionais de saúde tentam localizar,
na estrutura familiar, as dificuldades ou os "problemas" que o adolescente apresenta
22
(CANO; FERRIANI; GOMES, 2000).
De acordo com Hoffmann (2005), embora seja indiscutível a necessidade de
abordar as questões sexuais em casa, atualmente muitos pais parecem estar em
busca de como fazer isso.
Em suma, a literatura consultada salienta que as transformações ocorridas na
sociedade, na estrutura familiar e na forma como os pais foram educados
provocaram dificuldades referentes à educação dos filhos, principalmente na
adolescência, nos aspectos relacionados à sexualidade, o que vem preocupando
muito a sociedade de forma geral, em especial pais, educadores e profissionais de
saúde. Portanto, a tendência, hoje, no que se refere à saúde do adolescente é a
orientação sexual precoce, porque possibilita a prevenção de doenças, a melhoria
da qualidade de vida, a promoção da saúde e a prática saudável e responsável da
sexualidade (ALMEIDA, 2008).
3.3 A participação da enfermagem na educação sexual do adolescente
Estudos realizados por Nunes e Silva (2001) mostram o aumento da
preocupação das lideranças políticas, dos profissionais de saúde, pais e educadores
a respeito do compromisso em desenvolver ações integradas para a melhoria na
qualidade da assistência ao adolescente. Esta preocupação aumentou em função da
precocidade da iniciação sexual entre os jovens e, como conseqüência, a elevação
do número de gravidez indesejada na adolescência, bem como de outros agravos à
saúde.
Mandu (2001) afirma que faltam espaços e suporte apropriados às suas
demandas sejam no campo da orientação ou recuperação da sua saúde, em
especial, a sexual e reprodutiva. O autor considera que a definição de ações
promocionais e interventivas em saúde e enfermagem a serem desenvolvidas com
adolescentes e suas famílias de acordo com cada realidade local pode se
referenciar em uma classificação de necessidade em saúde, construída com base
em seus direitos, a partir de demandas legitimamente apresentadas por
adolescentes e suas famílias e na consideração aos fatores concretos geradores
dos processos de saúde-doença (HOFFMANN, 2005).
23
Esta problemática alertou para a necessidade de existir espaço aos
adolescentes no qual os mesmos tenham oportunidade de colocar as suas
questões, pois constata-se em alguns livros e artigos sobre o assunto que cada vez
mais cedo os jovens têm uma vida sexualmente ativa. Portanto, é preciso ressaltar a
importância da educação sexual, “nomeadamente pelo fato desta proporcionar aos
jovens um desenvolvimento mais equilibrado da sua personalidade, possibilitandolhes opções mais responsáveis sobre a sua própria sexualidade” (FONTES;
RODRIGUES, 2002, p.178).
Pode-se afirmar que todo jovem tem o direito de ser orientado corretamente
sobre sua sexualidade e esta deve começar no próprio lar, estender-se à escola e a
todas as instituições que façam parte da sociedade, em especial às instituições da
área da saúde, visto que, conforme relatam diferentes estudos, esse alicerce é
importante para que o indivíduo seja capaz de resolver questões como: usar ou não
anticoncepcionais, praticar ou não o aborto, entre outras, sem adquirir sentimentos
de culpa, sem abalar sua integridade mental (CANO; FERRIANI; GOMES, 2000).
Entre as principais barreiras ao trabalho com a saúde sexual e reprodutiva de
adolescentes estão falta de implantação plena das políticas propostas, ausência de
programas que possam se adaptar à realidade de cada Unidade e falha em não
envolver os jovens em qualquer atividade promocional existente. Educadores, pais,
fornecedores de serviços sociais e de saúde estão, muitas vezes, despreparados
para lidar com a questão sexual dos adolescentes, devido à falta de qualificação
para discutir assuntos relativos à sexualidade, o que dificulta ainda mais o
desenvolvimento de trabalhos externos na comunidade (OMS, 1989 apud
OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008).
O Ministério da Saúde divulgou, em 2006, uma série preliminar intitulada
“Marco Teórico e referencial: saúde sexual e reprodutiva de adolescentes e jovens”.
O documento do MS pode ser considerado um avanço, pois contempla as questões
relacionadas a grupos especiais entre adolescentes e jovens e a integralidade da
assistência. Jovens em regime de reclusão, jovens com necessidades especiais,
discriminação da adolescente grávida, mercado de trabalho, relação entre drogas e
prática sexual inadequada, homossexualidade, raça entre outros assuntos permeiam
a realidade dos adolescentes e jovens brasileiros e estão ligados à saúde sexual e à
saúde reprodutiva destes (OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008).
Porém, há a necessidade de implantar ações de serviços de saúde que
24
atendam os adolescentes e jovens de forma integral resolutiva e participativa. A
existência de serviços de saúde de qualidade tem sido colocada como um desafio
para o alcance de melhores condições de vida e saúde desse grupo (OLIVEIRA;
CARVALHO; SILVA, 2008).
Sendo assim, recorre-se a Rocha et al. (2001 apud HOFFMANN, 2005) cuja
alusão é a de que o acompanhamento do adolescente na família pelo profissional de
saúde pressupõe um trabalho que não se limite ao entendimento a partir de
programas segmentados e individualizados. Inúmeros serviços de saúde encontramse despreparados para o trabalho com adolescentes e familiares, com a atenção às
peculiaridades e complexidades de suas necessidades.
Assim, nos atendimentos individuais, independente do motivo da consulta,
cada visita à unidade é uma oportunidade de promover a saúde. Neste momento, a
entrevista constitui exercício de comunicação interpessoal em que há uma troca de
informações e a percepção das necessidades da sua clientela. É uma chance de
conhecer seus hábitos, valores e criar vínculo entre o profissional e o adolescente
(OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008).
Além disso, deve ser enfatizado que a atividade grupal é muito importante
nesta faixa etária, pois uma das características dos adolescentes e jovens é de
procurar no grupo de companheiros a sua identidade e as respostas para as suas
ansiedades, facilitando a expressão de sentimentos, a troca de informações e
experiências, bem como a busca de soluções para seus problemas. Cabe ao
profissional desenvolver ações educativas a partir das necessidades identificadas
pelo próprio grupo, considerando o contexto histórico, político, econômico e
sociocultural da região (OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008).
Nesse sentido, quaisquer que sejam o espaço e a profissão de origem, quem
trabalha com grupos de adolescentes devem conhecer as características básicas do
grupo, ter clara disposição para o trabalho participativo e estar consciente de sua
função dentro dos vários contextos da comunidade em que estes se inserem
(FERRARI, 2004).
É importante que a equipe de saúde conheça todos os caminhos trilhados por
pais, professores e pela própria sociedade no que se refere à sexualidade, para que,
de fato, possa colaborar na formação dos jovens de hoje, onde quer que eles
estejam: na escola, hospital ou Unidade Básica de Saúde (CANO; FERRIANI;
GOMES, 2000).
25
Partindo-se do fato de que os enfermeiros, como profissionais de saúde com
uma formação generalista, atuam nas diversas áreas, preventivas, curativas e na
educação em saúde, pode-se dizer que a saúde dos adolescentes constitui uma
interface da sua atuação (OLIVEIRA; CARVALHO; SILVA, 2008). Cabe também à
enfermagem
aproveitar
este
espaço
existente
de
fragilidade
entre
pais-
adolescentes-sociedade para atuar juntamente com esse grupo, reeducando-os e
instruindo-os de maneira qualificada (HOFFMANN, 2005, p.26). Frente a esse
contexto bastante complexo, focaliza-se o enfermeiro como membro da equipe de
saúde que tem papel fundamental na educação para a saúde de crianças e jovens.
Como o sexo tem sido amplamente divulgado e debatido através de todos os meios
de comunicação, cabe ao enfermeiro conhecer os interesses reais dessas
divulgações e os interesses econômicos camuflados nas entrelinhas (CANO;
FERRIANI; GOMES, 2000).
O enfermeiro poderá assistir/cuidar tanto do adolescente como de sua família
neste período de transição, através de aconselhamento, troca de idéias,
esclarecimentos e ações que possam prevenir problemas, tornando esta etapa de
vida mais saudável e harmoniosa. Constitui-se como um profissional da área da
saúde que está habilitado para desenvolver ações de educação em saúde; portanto
poderá planejar e implementar ações que favoreçam a saúde do adolescente e
também apoiar sua família, pois é nesse período que os pais, embora notando
mudanças significativas no modo de ser e de viver de seus filhos, apresentam
grande dificuldade para interagir com eles, principalmente no que se refere à
sexualidade (RAMOS, 2001).
Enfim, na realidade, a atuação do enfermeiro em saúde sexual e reprodutiva
dos adolescentes é muito complexa, mostrando que a atenção integral direcionada
aos adolescentes e que considere as mudanças bio-psico-sociais pelas quais eles
passam neste momento de suas vidas, constitui-se num desafio. De modo geral, as
condições de trabalho a que os enfermeiros das UBS estão submetidos são
precárias, faltam materiais educativos, estrutura física adequada para os
atendimentos e para as atividades educativas; associados a esses fatores estão os
inúmeros programas que eles devem desenvolver dentro da Unidade de Saúde, o
que impossibilita o desempenho pleno voltado aos adolescentes (OLIVEIRA;
CARVALHO; SILVA, 2008).
26
Dessa forma, o enfermeiro pode contribuir significativamente junto ao
adolescente, à família e à comunidade, na medida em que realiza suas ações com
qualidade, interesse e responsabilidade em face das questões que lhe são
apresentadas. Levando-se em conta que a enfermagem é uma prática social e se
integra às demais práticas de saúde, ela tem a necessidade de trabalhar de maneira
interdisciplinar e integrada contribuindo, dessa maneira, para melhorar a qualidade
de vida das famílias e adolescentes (ROCHA; TASSITANO; SANTANA, 2001).
O trabalho do enfermeiro com adolescentes e com famílias requer um
conhecimento e aprimoramento profissional para uma prática de enfermagem
diferenciada. Não se pode trabalhar com jovens sem conhecer os vários aspectos e
as especificidades de seu período de desenvolvimento humano (ALMEIDA, 2008).
Contudo, trabalhar com família exige atenção especial por parte do enfermeiro,
pois cada família possui a sua história de vida. Quando se trata de abordar questões
referentes à sexualidade, está-se em face de valores, mitos, ritos, tabus, costumes e
vivências próprias. Portanto, neste processo, o enfermeiro e as famílias devem
compartilhar conhecimentos e ações com objetivo de orientar os adolescentes para
exercerem sua sexualidade com responsabilidade, dignidade e prazer (SILVA;
TONETE, 2006).
Nesse processo, é importante o envolvimento e a interação de adolescente,
família e enfermeiro no desenvolvimento de ações que contemplem as
especificidades desta etapa de vida, em que o desabrochar da sexualidade adquire
importância para a manutenção da saúde. Então, acredita-se que a família deve ser
incluída na educação sexual de seus filhos adolescentes e o profissional de saúde,
em especial, o enfermeiro, tem a função de apoiá-la, fortalecê-la e orientá-la
(ALMEIDA, 2008).
Sendo assim, ressalta-se que o enfermeiro, na abordagem à família como um
dos espaços do adolescer, deve incluir, entre outras questões, a atenção para com o
trabalho infanto-juvenil, as condições de habitação, a segurança, a alimentação, o
esporte, o lazer, a educação, os direitos sexuais e reprodutivos, a prevenção e o
combate ao uso de substâncias psicoativas, prevenção e manejo de situações de
violência. A família é parte de uma comunidade constituída de outras famílias, que
possui potenciais e recursos a serem explorados (HOFFMANN, 2005). Para Rocha
et al. (2001), o fortalecimento das famílias a partir da melhoria da auto-estima
permite a identificação de potencialidades, perspectivas de vida e futuro que
27
acionem os serviços públicos de atenção e que consigam superar alguns fatores
limitantes do processo participativo.
28
4 REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 Teoria do desenvolvimento da família
A teoria do desenvolvimento da família atravessou várias etapas em sua
evolução, surgindo com a idéia de ciclo de vida familiar, na primeira metade do
século XX, a qual, mais tarde, é substituída pelo conceito da carreira da família
(KLEIN; WHITE, 1996 apud DIAS, 2005).
Na atualidade, a teoria sofre criticas e se reestrutura principalmente em
relação aos estágios de vida que foram vistos, inicialmente, de forma determinada e
inviável, assim como as tarefas de desenvolvimento da família. Segundo Klein e
White (1996 apud DIAS, 2005), a teoria pode ser considerada em um período de
formalização com proposições, conceitos e modelos. Entre os principais teóricos
responsáveis pelo desenvolvimento dessa perspectiva se sobressaem os autores
Paul Glick, Evelyn Duval, Hill e Rodgers e Aldous. A divulgação da teoria entre os
profissionais da saúde no Brasil se dá principalmente através dos trabalhos de
Carter e McGoldrick (1995, 2001), de Boehs (2002), de Cerveny e Berthoud (1997),
de Paes (2005), de Fantini (2005), de Hoffmann (2005), entre outros (DIAS, 2005).
Nesta teoria, a família é descrita como um pequeno grupo, um sistema semifechado de personalidades, que interage com um sistema sócio-cultural maior.
Como um sistema inter-relacionado, as alterações não acontecem em uma parte
sem uma série de modificações em outras partes. A teoria do desenvolvimento
aborda a modificação da família com o passar do tempo, através do uso dos
estágios do ciclo de vida familiar de Duvall, com base nas alterações previsíveis na
estrutura, na função e nos papéis da família, sendo a idade do primogênito o
marcador para a transição de um estágio ao outro. À medida que o primeiro filho
cresce e se desenvolve, a família entra nos estágios subsequentes. Em todos os
estágios, a família depara-se com certas tarefas do desenvolvimento. Ao mesmo
tempo, cada membro da família deve realizar suas tarefas de desenvolvimento
individual como parte de seu desenvolvimento pessoal (WHALEY; WONG, 1999).
A teoria fundamenta-se em pressupostos que tem por base a família, não
como grupo restrito, mas inserido em um tecido social mais amplo (KLEIN; WHITE,
29
1996 apud DIAS, 2005).
De acordo com Dias (2005), tais pressupostos dizem respeito aos múltiplos
níveis de análise da teoria (como grupo, agregado de famílias e a família como
instituição
social);
às
funções
da família
como
grupo
e como unidade
semipermeável, em uma visão multidimensional de tempo.
O foco principal da teoria são as mudanças significativas e padronizadas
vivenciadas pelas famílias, enquanto se movem através dos estágios da vida
familiar. A família passa a ser vista como um grupo social composto por indivíduos
que interagem entre si, compondo uma unidade semipermeável, ocupando,
construindo uma trajetória de vida e sujeito a regras e expectativas da sociedade na
qual está inserida (KLEIN; WHITE, 1996 apud HOFFMANN, 2005).
Segundo Dias (2005), a família está em constante mutação, tanto
internamente quanto em relação à sociedade. No seio familiar, seus integrantes
podem estar em vários estados de transição, como ser o mais novo, o mais velho,
ou a família em fase de começar a ter filhos. No contexto social, a família tanto
contribui como reage às mudanças, tais como a industrialização, a depressão
econômica, a superpopulação e de bem-estar, entre outras.
As dimensões mais enfatizadas na Teoria do Desenvolvimento são o tempo e
a mudança. O tempo visto como processo social multidimensional é contemplando
conforme o marcado no relógio, no calendário, na idade, nas gerações, nos eventos,
nas fases e na carreira familiar. Por outro lado, a mudança na família envolve o
conteúdo, a estrutura, as transições (estresses e crises) e as tarefas de
desenvolvimento na família que são inevitáveis e importantes para a compreensão
na unidade familiar. Outro pressuposto diz respeito ao grupo familiar ser afetado por
três níveis de análise: a) como grupo formando subgrupos: marido/mulher, entre
irmãos; individual; b) como agregado de famílias, estruturas por classe social e
etnicidade; c) como instituição social, com normas e expectativas (KLEIN; WHITE,
1996 apud HOFFMANN, 2005).
São os seguintes os Estágios de desenvolvimento da família, segundo Duvall
(apud WHALEY; WONG, 1999):
Estágio I – Casamento em um lar independente: a união das famílias,
caracterizada pelo restabelecimento da identidade do casal, realinhamento dos
relacionamentos com a família ampliada.
30
Estágio II – Famílias com lactentes: integração do lactente na unidade
familiar, acomodação às novas funções parenterais e dos avós, com a manutenção
de uma ligação conjugal.
Estágio III – Famílias com pré-escolares: com a tarefa de favorecer a
socialização das crianças.
Estágio IV – Famílias com escolares: este estágio caracteriza-se pelo
desenvolvimento por parte das crianças de relacionamentos com os amigos e,
consequentemente, os pais ajustam-se às influências da escola e dos colegas de
seus filhos.
Estágio V – Famílias com adolescentes: os adolescentes desenvolvem
uma crescente autonomia e seus pais reorientam-se para as questões de carreira e
da metade da vida conjugal e começam com mudanças no sentido de preocupar-se
com a geração com mais idade.
Estágio VI – Famílias como centros de partida: os pais e os adultos
jovens encontram-se estabelecendo identidades independentes e renegociando as
relações conjugais e parenterais.
Estágio VII – Famílias de meia-idade: há nesse estágio um
reinvestimento na identidade do casal com concomitante desenvolvimento de
interesses independentes e um realinhamento das relações para incluir afiliados e
netos, além de lidar com incapacidades e com a morte da geração com mais idade.
Estágio VIII – Famílias em envelhecimento: este estágio é marcado
pelo deslocamento da função de trabalho para a aposentadoria e para o semiconfinamento ou recolhimento total, mantendo o funcionamento individual e do casal
enquanto se adaptam ao processo de envelhecimento e se preparam para a própria
morte e aceitação da perda do parceiro e/ou filhos e de outros amigos.
Por outro lado, duas pesquisadoras brasileiras, a partir de uma pesquisa com
famílias paulistas, identificaram quatro fases do ciclo de vida familiar, não
rigidamente circunscritas (CERVENY; BERTHOUD,1997 apud HOFFMANN, 2005):
1ª fase – Fase da aquisição: é a 1ª etapa do ciclo do jovem casal que se
forma. Às vezes, dura muitos anos para alguns casais, que retardam a vinda dos
filhos. Os objetivos dessa fase estão em encontrar o lugar para morar, um emprego
que proporcione condições de sobrevivência e, muitas vezes, até complementação
educacional. Os filhos pequenos também fazem parte dessa primeira fase, assim
como a busca da creche, escola. Essa fase é caracterizada pelos objetivos comuns
31
que unem as duas pessoas que resolveram se unir e pelo início da aquisição de um
modelo de família próprio, sendo que as aquisições nesse período tornam-se o eixo
propulsor que vai modelar o núcleo que está se formando.
2ª fase – Fase adolescente: é determinada pela entrada dos filhos na
adolescência que afeta sobremaneira a família, que se torna também adolescente
no sentido das mudanças que estão ocorrendo. Geralmente vai encontrar os pais na
faixa dos 40/50 anos quando existe uma preocupação muito grande com a própria
aparência, com as realizações. Os adolescentes, por sua vez, estão questionando
valores, regras familiares e pensando no futuro, enquanto seus pais estão na fase
do questionamento profissional, fazendo reformulações e também estão pensando
no futuro. É uma época de mudanças e muitos divórcios ocorrem nessa fase de
“virada de vida”. Há, nessa fase, casos de competição entre mães e filhas e entre
pais e filhos e alguns casais apresentam dificuldades para se unir em função das
rivalidades, o que acaba por deixar o adolescente muito vulnerável.
3ª fase – Fase madura: é o momento em que o casal tem duas ou mais
gerações necessitando de apoio e atenção e que talvez seja o momento mais difícil
no ciclo de vida das famílias, pois os pais estão envelhecendo, ficando sob a
responsabilidade do casal, além de ser o início das perdas na geração mais velha. A
preocupação com o corpo e a saúde não é mais uma questão só de aparência como
na fase anterior. O econômico toma uma grande dimensão, pois diminui
naturalmente a força para o trabalho. Os filhos casados estão se tornando pais e,
muitas vezes, acabam necessitando dos próprios pais para o cuidado de seus filhos.
Muitas famílias ainda ajudam economicamente seus filhos que não conseguem
entrar no mercado de trabalho após o término dos estudos. Além disso, o aumento
do número de divórcios nas fases anteriores pode também reverter na volta dos
filhos à família de origem.
4ª fase – Fase última: ela depende muito de como foram vividas as fases
anteriores e geralmente coincide com a aposentadoria e com o retorno a uma vida a
dois para o casal, pois o econômico torna-se nessa fase uma questão de garantia
para a qualidade de vida, já que as responsabilidades já passaram para uma
geração mais nova. Uma grande preocupação nessa fase é o balanço
intergeracional. Para o casal, este é o momento em que se tornam novamente sós,
sem a intermediação dos filhos.
32
É válido enfatizar que as fases não podem ser rigidamente determinadas. Às
vezes, existem sobreposições e uma avança sobre a outra.
4.2 Conceitos norteadores do estudo
Com a finalidade de conduzir este estudo, serão utilizados os seguintes
conceitos relacionados à Teoria do Desenvolvimento da Família:
Desenvolvimento – é o processo que ocorre num organismo ou estrutura
viva durante uma extensão de tempo (HARRIS apud ROWE, 1981). No organismo
humano, processos de mudanças ocorrem no seu interior e em relação ao meio. O
organismo responde a ambos, interagindo com o meio (FRANK apud ROWE, 1981).
Como um membro individual da família cresce, amadurece e passa por sucessivos
reajustamentos, assim a família como um todo passa por fases de desenvolvimento
que vão desde a formação até a contração (HILL apud ROWE, 1981). Neste estudo,
serão adotados os estágios segundo Duvall.
Família – é um sistema social semi-aberto composto por indivíduos ligados
entre si por compromisso mútuo (geralmente afetivo) que possuam posições e
funções ou tarefas definidas pela cultura e pela sociedade na qual a família ocupa
posição peculiar (HILL; RODGERS apud ROWE, 1981). A família tem uma trajetória
que é pontuada por mudanças.
Posição – refere-se à localização dos membros da família na estrutura
familiar. Exemplo na família nuclear marido-pai, esposa-mãe, filha-irmã, filho-irmão
(HILL; RODGERS apud ROWE, 1981). Essas posições podem sofrer modificações
nos diferentes estágios de desenvolvimento da família.
Tarefa de Desenvolvimento – diz respeito àquilo que se espera que um
determinado membro e a família desempenhem ao longo da sua trajetória. Estas
funções são dinâmicas e mudam de acordo com os estágios. As funções ou tarefas
da adolescência são: transformação do eu físico (rápido crescimento físico e
maturidade sexual durante a puberdade/sexualidade), transformação do eu
(identidade), transformação de apego e da tomada de decisões (autonomia),
separação e perda durante a adolescência (CARTER; Mc GOLDRIK, 1995). No caso
da família com adolescentes, as tarefas relacionam-se a orientação, afeto, cuidado e
33
vigilância voltada ao adolescente, pois, frente as atuais demandas da sociedade, no
que diz respeito ao aumento de casos de violência, acidentes, gravidez e DSTs,
nesta fase, requer por parte das famílias, uma atenção especial aos seus filhos
nesse período (HOFFMANN, 2005). Portanto, as tarefas da família não devem ser
de competência exclusiva da mesma, os profissionais da saúde também devem se
envolver nas suas tarefas em favor do bem-estar da família (PAES, 2005).
Adolescência – fase da transformação que começa com o rápido
crescimento físico e maturação sexual durante a puberdade. Em resultado da
maturação sexual, são acelerados os movimentos que buscam solidificar uma
identidade e estabelecer a autonomia em relação à família (que são, na verdade,
processos desenvolvimentais para toda a vida). Nesta fase, expectativas sociais se
modificam e, muitas vezes, entram em conflito, em relação aos papéis sexuais, são
também impostas ao adolescente pela família, escola, companheiros e mídia. Sua
capacidade de diferenciar-se dos outros depende de quão bem eles manejam os
comportamentos
sociais
esperados,
para
expressar
as
intensas
emoções
precipitadas pela puberdade (CARTER; Mc GOLDRIK, 1995).
Saúde/doença
–
a
família
e
o
adolescente,
dentro
do
ciclo
de
desenvolvimento, atravessam uma transição esperada na qual pode haver
mudanças de relações, de posição e papel, de capacidade física e mental, de
situação econômica e de ambiente. Quando a família não consegue ou tem
dificuldade de manejar estas mudanças, como parte das tarefas ou funções de
desenvolvimento, considera-se uma situação com necessidades das ações de
profissionais de saúde, incluindo a enfermagem. Para auxiliar a família a atravessar
esta transição, a enfermagem age como suporte e/ou de forma preventiva
(HOFFMANN, 1999).
Enfermagem – trata-se de uma profissão comprometida com o cuidado ao
indivíduo, à família e à comunidade, oferecendo suporte nos diferentes estágios do
ciclo de vida familiar, prevenindo alterações nos estágios de desenvolvimento, além
de promover ações terapêuticas junto às famílias (RANKIN, 1989 apud HOFFMANN,
2005). Na família que atravessa a fase da adolescência, a enfermagem dá suporte,
previne e age terapeuticamente nas mudanças esperadas para esta fase, auxiliando
para que a família possa desempenhar as funções, próprias desta fase. A
enfermagem precisa de educação continuada para poder atuar com famílias de
adolescentes (HOFFMANN, 2005).
34
5 METODOLOGIA DA PESQUISA
Nesta seção, serão definidos métodos, finalidades, tipos e procedimentos que
definiram a pesquisa em alinhamento com o problema já delimitado.
Segundo Roesch (2005, p. 82), “definir a metodologia significa realizar uma
escolha de como se pretende investigar a realidade. O método não significa apenas
o instrumento de coleta ou análise de dados, mas é algo muito mais abrangente”.
Richardson (2007) explica que método é o caminho ou a maneira para chegar a
determinado fim ou objetivo. A metodologia, por sua vez, constitui os procedimentos
e as regras utilizadas por um determinado método. Assim, entende-se que é preciso
utilizar a metodologia adequada para se atingir os objetivos desejados. Para tanto,
apresenta-se, a seguir, a metodologia adotada neste trabalho.
Para operacionalização desta pesquisa, inicialmente apresentou-se a
proposta do estudo para o Secretário Municipal da Saúde de São José e para a
Coordenadora do Centro de Saúde LUAR (Apêndice A), a qual também foi
encaminhada para a Comissão de Ética em Pesquisa da UNIVALI. Assim, após
conhecimento e autorização dos mesmos, iniciou-se a realização das entrevistas
(Apêndice B) durante o mês de junho de 2009.
5.1 Contextualização do local de estudo
O local investigado foi o Centro de Saúde Luar, gerenciado pela Secretaria
Municipal da Saúde/SUS de São José. Esta unidade de saúde localiza-se no bairro
de Serraria, situado no município de São José, pertencente à região da Grande
Florianópolis. Inaugurado em março de 1999, funciona das 7 às 19 horas. Para seu
efetivo funcionamento, conta com 1 (uma) enfermeira coordenadora, 2 (duas)
equipes da Estratégia de Saúde da Família (2 enfermeiras, 2 médicas comunitárias,
4 auxiliares de enfermagem, 12 (doze) agentes comunitários de saúde), 6 (seis)
técnicas em enfermagem, 2 (duas) médicas generalistas, 1 (um) pediatra, 1 (um)
ginecologista, 2 (duas) odontólogas e 1 (um) auxiliar de serviços gerais, perfazendo
um total aproximado de 15000 atendimentos por mês, incluindo procedimentos
35
médicos, odontológicos e de enfermagem.
O Centro de Saúde apresenta uma demanda bem diversificada com área de
abrangência que inclui o Loteamento Luar, Dona Wanda, Dona Adélia, Goiabal,
Serraria, entre outras localidades do município.
Para a realização desta pesquisa, foi utilizado o espaço físico do Centro de
Saúde, além do domicílio nos casos em que se fizeram necessário de acordo com a
disponibilidade e aceitação das famílias envolvidas.
5.2 Sujeitos do estudo
Os sujeitos de estudo para esta pesquisa foram oito pais ou mães de
adolescentes, que fazem parte da demanda de usuários do Centro de Saúde Luar, a
partir do momento em que estes aceitaram participar deste estudo, mediante a
assinatura do Termo de Consentimento Informado (Apêndice C). Portanto, é
importante destacar que alguns dos sujeitos além de usuários, também são
funcionários do Centro de Saúde.
O levantamento das famílias foi realizado aleatoriamente com auxílio das
duas Equipes de Saúde da Família do Centro de Saúde Luar, em especial dos
Agentes Comunitários de Saúde, que realizaram, em um primeiro momento, contato
com as famílias informando sobre a pesquisa e orientando que, mediante interesse
em participar, seu contato telefônico seria fornecido para a pesquisadora. Esta, por
sua vez, realizou os contatos para agendamento das entrevistas e negociação do
local das mesmas. Ressalta-se que duas entrevistas foram realizadas no domicílio
por solicitação dos entrevistados e as demais no Centro de Saúde (consultório de
enfermagem), com agendamento prévio.
5.3 Tipo de pesquisa
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, exploratório-descritivo. Este
tipo de pesquisa pode ser entendido como aquele capaz de incorporar a questão do
36
significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às
estruturas sociais (MINAYO, 2004). Segundo a autora, essa metodologia enfatiza a
importância de conhecer, entender e interpretar a natureza das situações e eventos
passados ou presentes. Para Trivinos (1987), o estudo exploratório permite ao
pesquisador aumentar suas experiências em torno de um determinado problema.
A pesquisa qualitativa busca a descrição e a exploração de fenômenos
sociais, psicológicos, culturais, estruturais, funcionais e econômicos. Quando
realizada com famílias tem como propósito, quase sempre, entender um problema
ou determinada situação que envolve seus membros (ALTHOFF; ELSEN;
NITSCHKE, 2004).
Para Mercado-Martinez e Bosi (2004, p. 28), as pesquisas qualitativas
constituem uma “modalidade de investigação cada vez mais empregada e aceita na
área da saúde e das ciências humanas e sociais”. Os autores, quanto ao uso desta
modalidade de pesquisa nas Ciências da Saúde, citam que sua orientação se dá
pela vertente mais tradicionalista do modelo hegemônico de ciência. Os
quantitativistas positivistas, por sua vez, foram, aos poucos, forçados a
incorporar novas direções teóricas e metodológicas ante a crescente
insatisfação com os resultados encontrados no âmbito sanitário e, em
especial, nos serviços de saúde oferecidos à população.
5.4 Métodos para coleta de dados
Para alcançar o máximo de informação necessária no que tange aos objetivos
deste estudo, optou-se pela entrevista semi-estruturada.
A entrevista é um procedimento bastante usado no trabalho de pesquisa
porque, por meio dela, obtêm-se informações importantes sobre o tema a ser
estudado. Devido a isso, não deve ser tratada como uma conversa informal, mas
deve ser previamente planejada e organizada (MINAYO, 2004).
A entrevista consiste numa conversação caracterizada pela arte de fazer
perguntas e ouvir o outro (FONTANA; FREI apud TRENTINI; PAIM, 1999).
Na modalidade de entrevista individual semi-estruturada, o investigador está
presente e o informante tem todas as perspectivas possíveis de responder os
questionamentos básicos com liberdade e espontaneidade, o que, obviamente,
37
enriquece a investigação (TRIVINOS apud GAUTHIER et al., 1998).
No que se refere à modalidade de entrevista, pode ser: estruturada, na qual
as perguntas são previamente formuladas; e não-estruturada, a qual possibilita que
o entrevistado fale livremente sobre o assunto proposto pelo entrevistador (SIMIONI;
LEFÉVRE; PEREIRA, 1997 apud ALMEIDA, 2008).
De acordo com Polit e Hungler (1995), a entrevista semi-estruturada é
utilizada quando o pesquisador tem alguns tópicos que devem ser cobertos, ou seja,
ele se utiliza de um guia com tópicos escritos para garantir que todas as intenções,
as perguntas sejam abordadas. Nesta perspectiva, o entrevistador deve agir como
um facilitador, de modo que estimule o participante a falar livremente sobre o tema.
Sendo assim, segundo Trentini e Paim (1999), o pesquisador, ao conduzir a
entrevista, terá em mente o referencial teórico e o conhecimento adquirido referente
ao tema de pesquisa, que certamente suscitarão direções para o questionamento e
não condicionarão o entrevistador a elaborar as mesmas perguntas para todos os
entrevistados.
A construção das questões que fizeram parte da entrevista semi-estruturada
(Apêndice B) surgiram a partir da questão norteadora deste estudo “Quais as
abordagens utilizadas pelas famílias para exercerem a tarefa de educação
sexual de seus filhos adolescentes?”
As entrevistas, por sua vez, foram gravadas para preservar a confiabilidade
dos dados, que foram transcritos na íntegra pela pesquisadora.
Portanto, segundo Lefèvre e Lefèvre (2005), todo roteiro de entrevista deve
ser testado anteriormente em sujeitos semelhantes ou equivalentes aos que serão
pesquisados, com a finalidade de constatar se as perguntas elaboradas são
adequadas para levantar os dados desejados.
Vale ressaltar que foi realizado um teste piloto para validação do roteiro de
entrevista, com duas famílias com filhos na fase da adolescência que pertencem ao
convívio familiar da pesquisadora, mas não houve a necessidade de modificá-lo,
pois foi respondido sem dificuldades.
38
5.5 Análise e interpretação dos dados
Segundo Marconi e Lakatos (2003), a análise, bem como a interpretação e o
tratamento dos dados é a atividade intelectual que procura dar um significado mais amplo
às respostas, vinculando-as a outros conhecimentos, pois os dados coletados deverão
ser apresentados de forma que possam ser compreendidos por todos os interessados.
A interpretação e análise de dados é compromisso da equipe de pesquisa que
se envolve com a investigação científica no âmbito interno do trabalho assistencial
em saúde (TRENTINI; PAIM, 1999).
Para a realização desta análise interpretativa, foi utilizada a técnica do
Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), segundo Lefèvre e Lefèvre (2000), pois se trata
de uma proposta de organização e tabulação de dados qualitativos de natureza
verbal. Tem como fundamento a teoria da Representação Social e seus
pressupostos sociológicos consistem basicamente em analisar o material verbal
coletado extraído de cada um dos depoimentos. O DSC é uma modalidade de
apresentação de resultados de pesquisas qualitativas, que tem depoimentos como
matéria-prima, sob a forma de um ou vários discursos-síntese escritos na primeira
pessoa do singular, expediente que visa expressar o pensamento de uma
coletividade, como se esta coletividade fosse o emissor de um discurso. Esta técnica
consiste em selecionar, de cada resposta individual a uma questão, as expressõeschave, que são trechos mais significativos destas respostas. Tais expressões
correspondem a idéias centrais que são a síntese do conteúdo discursivo
manifestado nas expressões-chave. Com o material das expressões-chave das
idéias centrais constróem-se discursos-síntese, na primeira pessoa do singular, que
são os DSCs, cujo pensamento de um grupo ou coletividade aparece como se fosse
um discurso individual.
Nesse sentido, os dados foram analisados através da metodologia do DSC,
que se propõe a organizar os dados de natureza verbal obtidos de depoimentos,
artigos de jornal, matérias de revista, cartas e outros, analisando-os em suas idéias
centrais e expressões-chave. “O sujeito coletivo se expressa, então, através de um
discurso emitido no que se poderia chamar de primeira pessoa (coletiva) do singular”
(LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005, p. 16).
39
Proposto por Lefèvre e Lefèvre (2003, p.16), o DSC mostra que o
“pensamento coletivo precisa sempre ser pesquisado qualitativamente”. O sujeito
coletivo é expresso por meio de um discurso que poderia ser chamado de primeira
pessoa (coletiva) do singular [...]. “Trata-se de um eu interpretativo que, ao mesmo
tempo em que sinaliza a presença de um sujeito individual do discurso, expressa
uma referência coletiva na medida em que esse eu fala pela ou em nome de uma
coletividade”. Segundo os autores, esse “discurso coletivo expressa um sujeito
coletivo e viabiliza um pensamento social”.
Para a confecção do DSC, Lefèvre e Lefèvre (2003) sugerem as seguintes
figuras metodológicas:
• Expressões-chave (ECH) – são pedaços, trechos ou transcrições literais do
discurso, que devem ser sublinhadas, iluminadas, coloridas pelo pesquisador, e que
revelam a essência do depoimento ou, mais preciosamente, do conteúdo discursivo
dos segmentos em que se divide o depoimento (que, em geral, correspondem às
questões de pesquisa). Busca-se, portanto, o resgate da literalidade do depoimento.
• Idéias centrais (IC) – é um nome ou expressão lingüística que revela e
descreve, da maneira mais sintética, precisa e fidedigna possível, o sentido de cada
um dos discursos analisados e de cada conjunto homogêneo de ECH, que vai dar
nascimento, posteriormente, ao DSC. É importante assinalar que a IC não é uma
interpretação, mas uma descrição do sentido de um depoimento ou de um conjunto
de depoimentos.
• Ancoragem (AC) – algumas ECH remetem não a uma IC correspondente,
mas a uma figura metodológica que, sob a inspiração da teoria da representação
social, denomina-se ancoragem, que é a manifestação lingüística explícita de uma
dada teoria, ou ideologia, ou crença que o autor do discurso professa e que, na
qualidade de afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para
‘’enquadrar’’ uma situação específica.
Nesse sentido, após a separação das respostas dos sujeitos em cada tabela
com a respectiva pergunta, realizou-se a leitura de cada resposta, destacando as
expressões chaves da mesma, e começou-se então a formulação da idéia central de
cada discurso com a identificação das ancoragens a partir das idéias centrais,
formando, dessa forma, um discurso de cada ancoragem.
Como resultado deste estudo, originou-se o Discurso do Sujeito Coletivo, de
acordo com as questões relacionadas às diferentes abordagens utilizadas pelas
40
famílias no exercício da tarefa de educação sexual de seus adolescentes.
Assim, após a construção do Discurso do Sujeito Coletivo, os dados foram
analisados de acordo com o referencial teórico adotado e a revisão de literatura
realizada previamente, que foi complementada conforme a necessidade.
5.6 Aspectos éticos e bioéticos
Considerando-se as diretrizes para pesquisa com seres humanos a fim de
protegerem os direitos dos envolvidos na pesquisa, os aspectos éticos desta
investigação estão fundamentados na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde.
Para operacionalização desta investigação, inicialmente, apresentou-se o
projeto para o Secretário Municipal de Saúde de São José (Apêndice A) e para
Coordenadora do Centro de Saúde LUAR (Apêndice B), o qual também foi
encaminhado e, posteriormente, aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da
UNIVALI. Ressalta-se que esta pesquisa foi orientada pela Profª Mestre Ana Cristina
Oliveira da Silva Hoffmann (Apêndice D).
O sigilo e anonimato das informações fornecidas foram garantidos por meio
da utilização de pseudônimos relativos a raças de cães. Na verdade, foi uma
escolha aleatória, somente para identificar os sujeitos e, como cada um pertence a
uma família com sobrenome específico, utilizou-se as raças caninas para sua
denominação.
Também foi elaborado um Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice E)
baseado na Resolução nº 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos, que
foi devidamente assinado pelos participantes. Todavia, houve a disponibilidade de
os informantes desistirem de participar das entrevistas ou da pesquisa de maneira
geral, quando assim desejassem.
41
6 A EDUCAÇÃO SEXUAL DOS ADOLESCENTES NO CONTEXTO FAMILIAR
Inicialmente, foi realizado o levantamento do perfil dos sujeitos desta
pesquisa, ou seja, os integrantes de oito famílias que se encontravam na fase da
adolescência de acordo com os estágios do ciclo de vida familiar, propostos por
Duvall (apud WHALEY; WONG, 1999). Este levantamento foi realizado através da
categorização
dos
dados
coletados
durante
as
entrevistas,
destacando
principalmente as questões relacionadas a sexo, idade, religiosidade e profissão,
objetivando, assim, breve compreensão da realidade do tema pesquisado.
No gráfico 1, a seguir, apresenta-se o resultado da distribuição dos pais dos
adolescentes segundo o sexo:
1; 14%
masculino
feminino
6; 86%
Gráfico 1: Distribuição dos pais dos adolescentes segundo o sexo
Fonte: Questionário semi-estruturado para os sujeitos da pesquisa, maio de 2009, São José.
De acordo com o gráfico, percebe-se que a maior parte dos pais sujeitos da
pesquisa são mulheres, até porque, no contexto familiar, de maneira geral, são elas
as responsáveis pela tarefa de educação de seus filhos, o que não é muito diferente
quando se trata especificamente da educação sexual.
Nascimento e Romera (1999) constataram que à mãe é delegada a educação
sexual no lar, função que assume automaticamente, excluindo o pai, e o faz sem
perceber. Ao mesmo tempo, os pais expressam sentir-se fora do processo, porém
revelam-se acomodados à situação. As autoras relatam, ainda, que as informações
sobre prevenção de doenças e contracepção são enfatizadas para os rapazes, pois
são mais livres dos efeitos da repressão devido à permissividade cultural quanto ao
exercício da sexualidade.
42
É fundamental, portanto, que as famílias também possam ter oportunidades
com auxílio profissional, para discutir e refletir sobre as tarefas de cada membro, a
fim de que consigam dividir estas tarefas sem que ocorra uma sobrecarga,
especialmente, como já enfatizado, para as mães, esposas, filhas e trabalhadoras
(professoras, domésticas, enfermeiras, comerciantes, entre outras profissões),
especialmente no que diz respeito a
tarefa de educação sexual (HOFFMANN,
2005).
O gráfico 2 apresenta o resultado da distribuição dos pais dos adolescentes
segundo a idade:
1; 13%
1; 12%
1; 12%
1; 13%
1; 13%
2; 24%
1; 13%
31 anos
36 anos
40 anos
42 anos
44 anos
45 anos
55 anos
Gráfico 2: Distribuição dos pais dos adolescentes segundo a idade
Fonte: Questionário semi-estruturado para os sujeitos da pesquisa, maio de 2009, São
José
No que se refere à idade dos pais dos sujeitos, verifica-se que se encontram
na faixa dos 31 aos 55 anos, porém espera-se que as gerações de pais mais jovens
consigam exercer a tarefa de educação sexual com mais êxito, em função de toda
veiculação de informações através da mídia e especialmente no próprio contexto
escolar.
A seguir, o gráfico 3 ilustra a distribuição dos pais adolescentes segundo a
religiosidade:
43
1; 13%
1; 13%
5; 62%
1; 12%
Católico
Candomblé
Evangélico
Ateu
Gráfico 3: Distribuição dos pais adolescentes segundo religiosidade
Fonte: Questionário semi-estruturado para os sujeitos da pesquisa, maio de 2009, São
José
Quanto à religiosidade, os resultados do gráfico 3 revelam que a religião
católica é mais freqüente entre as famílias sujeitos da pesquisa, o que pode interferir
de maneira significativa na educação sexual, já que tal religião ainda nos dias atuais
mostra-se muito conservadora no que diz respeito ao exercício da sexualidade pelos
seus fiéis.
Costa (1986) ressalta que a sexualidade dentro da concepção religiosa é
carregada de tabus que afetam a maneira de se encarar a sexualidade, e o primeiro
deles refere-se ao “pecado“ de Adão e Eva, a partir do qual tudo o que diz respeito
ao relacionamento sexual está ligado a um sentimento “de vergonha”. Outros tabus
são os de que os anjos são assexuados e, portanto puros, e o diabo representa a
sexualidade vivida como algo promiscuo; todos eles atestam uma atitude
desfavorável da igreja com relação ao sexo e ao prazer.
Quanto à distribuição dos pais dos adolescentes segundo a profissão,
observe o gráfico 4 abaixo:
Pensionista
1; 13%
1; 13%
2; 24%
Professor
1; 13%
1; 13%
2; 24%
Agente comunitário
de saúde
Auxiliar de
enfermagem
Do lar
Auxiliar de serviços
gerais
Gráfico 4: Distribuição dos pais dos adolescentes segundo a profissão
Fonte: Questionário semi-estruturado para os sujeitos da pesquisa, maio de 2009, São José
44
O gráfico 4 revela que a maior parte dos pais dos sujeitos possui um emprego
formal, o que se pode considerar como um ponto positivo, pois se supõe que
pessoas que trabalham fora de casa podem mostrar-se informadas e esclarecidas,
facilitando o diálogo no ambiente familiar.
Em seguida, será realizada uma discussão a partir das ancoragens que foram
construídas com base nas idéias centrais que originaram o Discurso do Sujeito
Coletivo:
IDÉIA – CENTRAL I
Visão biológica
ANCORAGEM I
Entendimento da sexualidade
como uma questão biológica
DSC DA ANCORAGEM
Sexualidade é algo entre marido
e mulher, como uma atração
entre um homem e uma mulher,
ou seja, um pelo outro, é algo
natural que acontece com todo
ser humano. É também um
período de transformação e
descoberta do uso do corpo.
Percebe-se que a sexualidade é definida com ênfase nas questões biológicas
e sexuais, sendo uma definição muito limitada, frente ao que realmente se conceitua
como sexualidade.
Para a maioria das pessoas, falar de sexualidade remete imediatamente ao
ato sexual e à reprodução. Mas o termo sexualidade é muito mais abrangente. Pode
ser definido como uma forma de expressão dos afetos, uma maneira de cada
indivíduo se descobrir e descobrir os outros. A sexualidade engloba a identidade
sexual (masculina e feminina), os afetos e a auto-estima, as alterações físicas e
psicológicas ao longo da vida, o conhecimento anatômico e fisiológico do homem e
da mulher, a higiene sexual, a gravidez, a maternidade e a paternidade, os métodos
anticoncepcionais, as doenças sexualmente transmissíveis, os transtornos sexuais,
entre outros aspectos.
No entanto, que na sociedade, o tema sexualidade persiste envolto em
mistérios e tabus, pois, conforme Jesus (2000, p. 47), “Os conceitos atuais sobre
sexualidade ainda guardam consigo a essência de gerações anteriores, carregados
de mitos e crenças.”
45
IDÉIA – CENTRAL II
Transformações físicas e
comportamentais
ANCORAGEM II
Percepção do desenvolvimento da
sexualidade não somente como
uma questão biológica
DSC DA ANCORAGEM
Percebo com as transformações
do corpo, surgem os peitos nas
meninas e a voz dos meninos fica
mais grossa. Eles ficam mais
vaidosos, mudam o
comportamento (não querem
mais brincar) e o estilo de se
vestir. Também ficam mais
curiosos e começam a querer
ficar mais com os amigos.
No discurso acima, a sexualidade não foi resumida a somente uma questão
biológica, como no discurso anterior, pois se evidencia a percepção da mudança de
comportamento
dos
adolescentes,
além
das
modificações
biológicas,
que
obviamente marcam bastante esta fase.
A adolescência é uma fase do desenvolvimento que marca a passagem da
infância para a vida adulta, caracterizada por transformações biopsicossociais,
determinadas por fatores genéticos e ambientais (GOLDBERG et al., 1987). É
marcada também por especificidades emocionais e comportamentais que se
refletem na saúde sexual e reprodutiva, tornando os adolescentes mais vulneráveis
aos mesmos riscos aos quais muitos adultos estão expostos (OMS, 1989).
Esta fase de transição marcada pelas transformações biopsicológicas
promove a definição das características sexuais secundárias nos meninos e nas
meninas, tornando-os aptos para se reproduzir. Ambos vivenciam um aumento no
desenvolvimento cognitivo e na estrutura da personalidade e apresentam
modificações externas hormonais (CRIVELARI, 2007; TIBA, 1994 apud ALMEIDA,
2008)
Neste sentido, Cano, Ferriani e Gomes (2000) afirmam que a sexualidade é
um dos importantes aspectos da adolescência, muito enfatizado não apenas pelos
dados já apontados, mas também porque, nessa fase da vida do ser humano, a
identidade sexual está se consolidando.
46
IDÉIA – CENTRAL III
Exemplaridade de casos
negativos
ANCORAGEM III
Abordagem da educação sexual
no contexto familiar
DSC DA ANCORAGEM
Tento conversar utilizando
exemplos da televisão ou que
aconteceram com alguém da
nossa família ou da comunidade,
meus filhos também trazem como
exemplo situações que
aconteceram com seus amigos
da escola, como gravidez e
doenças. Procuro responder o
que eles me perguntam e falo
mais nos problemas da gravidez
e das doenças.
Constata-se que os pais utilizam o diálogo para tentativa de realização da
tarefa de educação sexual de seus filhos adolescentes, porém ainda limitam-se
somente às discussões relacionadas a gravidez não planejada e doenças
sexualmente transmissíveis, sendo que tal abordagem deveria ser mais ampla, não
limitando-se somente a fatores biológicos.
A vivência da sexualidade, em sua plenitude e de forma saudável, constitui-se
um elemento essencial para a saúde e qualidade de vida. Esse tema deve ser
trabalhado ao longo dos anos, sobretudo durante a pré-adolescência e
adolescência, períodos em que há grande curiosidade e interesse em discutir o tema
em
razão
do
crescimento,
do
desenvolvimento
físico
e
emocional,
das
transformações corporais e sociais, da experiência de uma nova sexualidade, da
possibilidade de reproduzir e do início da atividade sexual (HOFFMANN; ZAMPIÉRI,
2001).
A família deve focalizar no diálogo (entendimento) as estratégias de ajudar os
adolescentes para que possam lidar com a sexualidade de forma saudável e livre de
riscos, não se esquecendo de que o diálogo é apenas um aspecto da comunicação.
(MARQUES; VIEIRA; BARROSO, 2003).
Pereira e Schuh (2008) destacam que grande parte do conhecimento sobre
sexo que os adolescentes absorvem é equivocada, incompleta, enfim, não é o
suficiente para se obter uma vivência da sexualidade em sua plenitude e de forma
saudável, sendo que é preciso muito mais do que isso.
Mesmo assim, pode-se dizer que a maior parte das famílias não reproduz a
educação recebida, pois, de acordo com Nascimento e Romera (1999), logo, se há
algumas décadas pais e filhos se tratavam com meras formalidades, hoje permitem
47
até verem-se nus e, a alguns filhos, é consentida a prática sexual com seu
respectivos parceiro com seu consentimento dentro de suas próprias casas.
Na verdade, os pais do adolescente estão, em geral, tão confusos e perplexos
sobre as alterações e o comportamento desse estágio de desenvolvimento quanto o
próprio adolescente. Eles também precisam de apoio e de orientação quanto a sua
tarefa, para ajudá-lo a atravessar este período de experimentação. Precisam, ainda,
compreender as mudanças que estão ocorrendo e entender e aceitar os
comportamentos esperados que acompanham o processo de independência,
estando preparados para “permitir” e promover a modificação de uma relação de
dependência para uma de mutualidade (WHALEY; WONG, 1999).
IDÉIA – CENTRAL IV
Dificuldades relacionada a
educação recebida
ANCORAGEM IV
Fragilidades quanto à tarefa de
educação sexual no contexto
familiar
DSC DA ANCORAGEM
A gente fica um pouco sem graça
de ficar falando nesse assunto, dá
um certo constrangimento, não sei
como chegar nos meus filhos para
iniciar o assunto, pois meus pais
não comentavam sobre essas
coisas lá em casa, tive que
descobrir tudo por conta própria.
Nossa educação era bem
diferente de hoje. Na verdade não
costumo e não gosto de falar
muito sobre isso.
Pode-se realmente afirmar que uma das maiores fragilidades das famílias
quanto à tarefa de educação sexual, restringe-se à dificuldade que os pais possuem
em falar sobre sexualidade de maneira geral, pois, mesmo quando se dispõem a
dialogar sobre o tema, não se sentem à vontade para tal, o que se justifica
provavelmente pela educação conservadora que receberam de seus pais,
característica marcante desta geração.
Muitos dos pais de adolescentes foram educados num ambiente de
repressão às manifestações sexuais. Seus pais preferiam não tocar no assunto e, na
escola, professores de biologia se limitavam a descrever a função reprodutiva dos
órgãos sexuais, sem abordar suas funções na resposta sexual humana (BRASIL,
2005).
Vitiello (1994) considera a dificuldade de os pais falarem da sexualidade como
de cunho cultural e diz que essas dificuldades somente poderão ser superadas com
48
esforço pessoal, pois temos de levar em conta a força dos preconceitos herdados
em nossa cultura.
Em contrapartida, Nascimento e Romera (1999) destacam que os
mecanismos de negação da sexualidade de filhos e filhas adolescentes é regra
geral, em contraposição à idéia de que há incentivo para os moços e repressão para
as moças. No mesmo estudo, os pais apontaram soluções por eles encontradas que
os têm ajudado nessa tarefa. As revistas, outrora rasgadas e queimadas pelos pais,
hoje estão estabelecidas como ponte para conversas, além de os pais encontrarem
ali respostas para as suas próprias questões.
IDÉIA – CENTRAL V
Diálogo aberto entre os
membros da família
Conforme
já
ANCORAGEM V
Potencialidades quanto à tarefa
de educação sexual no contexto
familiar
evidenciado,
destacou-se
DSC DA ANCORAGEM
O lado positivo é que nossa
família é aberta para as
perguntas, mesmo com as
dificuldades e estou sempre
tentando ensinar e esclarecer as
dúvidas, Além disso, os filhos
mais velhos acabam ensinando
os mais novos, e isso é bom pois
falam a mesma linguagem.
que,
apesar
da
educação
conservadora que os pais receberam de suas famílias, disponibilizam-se a dialogar
sobre o tema, mesmo com suas limitações. Enxergam o auxílio dos filhos mais
velhos na educação dos mais novos como uma potencialidade. Porém, acaba sendo
um fator preocupante, pois não se sabe qual o tipo de informação repassada entre
os irmãos, ou seja, qual a ênfase que é dada quando discutem entre eles temas
sobre sexualidade. De certa forma, pode-se afirmar que o adolescente acaba
ficando sem uma fonte segura para esclarecer suas dúvidas procurando, muitas
vezes, outras fontes errôneas ou inseguras como os diálogos entre amigos. Embora
pesquisas tenham demonstrado que as fontes de informação dos adolescentes são
predominantemente os amigos, nem sempre estes contam com informações seguras
(TOMITA; FERRARI, 2007).
Paradoxalmente, no Brasil, são poucos os estudos relacionados ao exercício
da sexualidade e à abordagem da educação sexual. Na família, o diálogo é ainda
pobre ou inexistente; na escola, o debate é tímido e ocorre voltado mais para os
aspectos biológicos, reforçando a idéia da sexualidade ligada à reprodução e tanto
educadores como profissionais de saúde permanecem com posturas impregnadas
49
de preconceitos e tabus. Estes são transmitidos aos jovens de maneira, por vezes,
mais marcante do que a pseudo-abertura colocada na fala, mas que não encontra
respaldo na postura (SAITO; LEAL, 2000).
IDÉIA – CENTRAL VI
Tarefa compartilhada com a
escola
ANCORAGEM VI
Suporte esperado pelas famílias
para auxiliar na tarefa de
educação sexual
DSC DA ANCORAGEM
Acho que a escola poderia estar
dando este suporte, realizando
esta tarefa, ensinando essas
coisas para os alunos, através de
livros e revistas sobre o assunto.
Mas não incentivar o sexo e sim
ensinar.
Evidenciou-se que as famílias contam com o auxílio da escola para dar suporte
no que diz respeito à tarefa de educação sexual, enfatizando também a utilização de
recursos didáticos como livros e revistas. Porém, em nenhum momento fizeram
referência ao suporte esperado por parte dos profissionais de saúde. Além disso,
percebe-se um discurso envolto por preconceitos, sem conhecimento provavelmente
do que realmente significa a educação sexual.
Assim como o apoio da família é fundamental, a escola também necessita
responsabilizar-se por esta tarefa, já que a maior parte do tempo os adolescentes
passam na escola.
A escola pode então oferecer um espaço onde crianças e adolescentes
possam esclarecer suas dúvidas e continuar formulando novas questões
contribuindo para o alívio das ansiedades que, muitas vezes, interferem no
aprendizado dos conteúdos escolares (BENTO; CARRAPA; PANTALEÃO, 2005).
As manifestações de sexualidade afloram em várias faixas etárias. Ignorar,
ocultar ou reprimir são respostas mais habituais dadas pelos profissionais da escola.
Cabe à escola desenvolver ações críticas, reflexivas e educativas. Os alunos na
escola demonstram claramente a sua curiosidade e inquietação sobre sexualidade
(BENTO; CARRAPA; PANTALEÃO, 2005)
Apesar do papel da educação sexual ser ainda discutível para evitar as
experiências sexuais precoces, já é referência da literatura que a gravidez entre
adolescentes não será controlada sem educação sexual (SAITO; LEAL, 2000).
Frente a essas constatações, é possível concluir que os horizontes da escola
devem se ampliar cada vez mais, abrangendo conhecimentos sempre mais
50
relevantes sobre adolescência e sexualidade, o que possibilitará o desenvolvimento
de técnicas de abordagem ainda mais adequadas (SAITO; LEAL, 2000).
É importante salientar que a educação sexual não é garantia de que não vá
ocorrer relação entre os adolescentes. O trabalho não é diretivo. O maior objetivo
não é chegar lá para dizer: “Você não vai poder ter relação sexual”. Mas deve-se
dizer: “Pense no que significa ter uma relação sexual. Pense nas conseqüências que
isso traria”. As aulas ajudam muito os adolescentes a ter consciência do problema,
encararem as resistências, as dificuldades e os riscos, superarem os preconceitos,
mas não podem garantir que o comportamento não aconteça. Ou mesmo que uma
alternativa mais conservadora, como a abstinência, instale-se no lugar (BRASIL,
2005).
O educador deve se mostrar disponível para conversar a respeito das
questões apresentadas, não emitir juízo de valor sobre as colocações feitas pelos
alunos e responder às perguntas de forma direta e esclarecedora. Informação
correta do ponto de vista científico ou esclarecimentos sobre as questões feitas
pelos alunos são fundamentais para o seu bem estar e tranqüilidade, para uma
maior consciência de seu próprio corpo e melhores condições de prevenção a DSTs,
gravidez indesejada e abuso sexual (BENTO; CARRAPA; PANTALEÃO, 2005).
A escola tem um papel importante a desempenhar na busca de soluções
para esse e outros problemas, participando ativamente na formação dos alunos por
meio da educação sobre a sexualidade. Porém, os pais têm o dever de transmitir,
desde a infância, os alicerces da educação sexual, ainda em casa, cabendo à escola
complementar esta educação (BRASIL, 1997).
Do ponto de vista político-social, a política publica do SUS e o sistema
educacional, devem á sociedade, um programa de saúde escolar que inclua esta
temática aos adolescentes. A procura mútua dessas instâncias de políticas públicas
precisa ser ocasionada pela população e ofertada pelos serviços da rede escolar em
convenio com a rede de serviço de saúde (PAIM, 2009).
Finalmente, à partir dos discursos apresentados, identificou-se quatro
diferentes abordagens adotadas pelos pais ou mães de adolescentes para
exercerem a tarefa de educação sexual, na qual estão caracterizadas a seguir:
• Abordagem do Tipo I: que é estritamente biológica e intimista, valorizadora do
corpo e do ato sexual, expressada pela atração homem-mulher.
51
• Abordagem do Tipo II: dentre os discursos apresentados destaca-se que os
pais valorizam a transição e a identidade social, ou seja, observam somente
as modificações externas.
• Abordagem do Tipo III: neste caso, os pais somente discutem com seus filhos
aqueles exemplos negativos (que não deram certo) e que aconteceram na
comunidade onde residem, na escola, na própria família ou que foram
divulgados pela mídia. Na verdade, são diálogos objetos de casos sociais
mais graves.
• Abordagem do Tipo IV: muitos pais aguardam a iniciativa dos filhos
(perguntas, relatos vivenciados, etc) para então falar sobre sexualidade, em
função do constrangimento que possuem em tocar no assunto.
52
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou identificar as diferentes abordagens utilizadas pelas
famílias para exercerem a tarefa de educação sexual de seus filhos adolescentes,
sendo embasado na Teoria de Desenvolvimento da Família, entendendo que a
educação sexual é uma das tarefas designadas para a família, não somente quando
se encontram na fase da adolescência, devendo iniciar a partir do nascimento de
seus filhos.
Assim, os resultados evidenciaram que geralmente esta tarefa é atribuída
para a figura da mãe no contexto da família. Pode-se afirmar que as questões
ligadas à religiosidade e ao fato de reconhecerem a sexualidade mais voltada para
as questões biológicas acabam dificultando a realização desta tarefa por parte das
famílias. Chama a atenção, porém, que, mesmo quando os pais mostram-se
disponíveis para o diálogo sobre o tema, esbarram nas questões culturais e
relacionadas à própria educação que receberam de suas famílias de origem, que, na
maioria das vezes, resume-se a uma educação formal e muito conservadora.
É importante deixar claro que essa tarefa deve ser realizada pela família
desde a infância, pois, conforme Aratangy (1998), os filhos não entram na
adolescência de repente! A construção desse vínculo educativo faz-se ao longo do
tempo através do diálogo, um pouco por dia, com tentativas e frustrações de ambos
os lados. No caso de anos de desinteresse e distanciamento, é difícil convencer o
adolescente de que os pais estão sinceramente interessados em suas atividades, e
a conversa tem o sentido de proximidade, não de invasão. Para os adolescentes,
essas tentativas de aproximação surgem mais como interrogatórios controladores do
que conversas amistosas.
Também se evidenciou, neste estudo, que as famílias contam com o suporte
da escola, enquanto apoiadora na realização da tarefa de educação sexual. Mas, de
acordo com a realidade, sabe-se que a escola, de maneira geral, não supre as
expectativas das famílias, ao passo que não possui educadores preparados para
abordar este tema, pois muitos também encontram as dificuldades referidas pelos
pais, no sentido de conseguir falar abertamente sobre os aspectos ligados à
sexualidade.
53
Assim, os pais precisam aproveitar as mais diversas oportunidades para
desempenhar esta tarefa, que vão surgindo no cotidiano familiar ou que podem ser
evidenciadas através de leituras de livros apropriados. A consulta a profissionais de
saúde, ou educadores que estejam habilitados a lidar com o assunto e que tenham
experiência prática profissional e convivência com adolescentes, pode ser outra
estratégia utilizada pelos pais. Contudo, é requisito fundamental para estes
profissionais o estar bem fundamentado, pois percebe-se que muitos profissionais
da saúde ou educação não estão preparados para auxiliar as famílias no
desempenho de tarefas como esta em questão (HOFFMANN, 2005).
Neste sentido, considera-se importante que a equipe de saúde conheça todos
os caminhos trilhados por pais, professores e pela própria sociedade no que se
refere à sexualidade, para que, de fato, possa colaborar na formação dos jovens de
hoje, onde quer que eles estejam: na escola, hospital ou Unidade Básica de Saúde
(CANO; FERRIANI; GOMES, 2000).
E como a enfermagem, trata-se de uma profissão que deve oferecer suporte,
prevenir e agir terapeuticamente nas mudanças esperadas para esta fase,
auxiliando assim, a família que atravessa a fase da adolescência, para que possa
desempenhar as funções, próprias desta fase, especificamente no que se refere as
questões que envolvem a sexualidade. Mas, é preciso destacar que assim como os
professores, a enfermagem também precisa de educação continuada para poder
atuar com famílias de adolescentes principalmente no que tange a sexualidade
(HOFFMANN, 2005).
Dessa forma, destaca-se a importância e a necessidade da realização de
ações intersetoriais, envolvendo pais, educadores e profissionais da saúde, no
sentido de buscar instrumentalizar-se os mecanismos mais prováveis para
abordagem da sexualidade, tanto no contexto familiar, escolar e dos serviços de
saúde.
Mesmo não sendo evidenciado pelas famílias o suporte que poderia ser
oferecido pelos profissionais da saúde, parece essencial um aprofundamento da
preparação da enfermagem para lidar com as questões relacionadas à saúde sexual
e reprodutiva, extrapolando competências para ir além do atendimento clínico.
Necessita o profissional da enfermagem compreendê-las na sua integralidade com
características e necessidades próprias de acordo com o estágio do ciclo vital em
que se encontram, objetivando o exercício de uma sexualidade saudável no meio
54
familiar, em especial quando se reporta aos adolescentes que acabam sendo mais
vulneráveis a riscos e problemas relacionados à falta de informação.
Finalmente, após refletir sobre os resultados desta pesquisa, pode-se afirmar
que o referencial teórico escolhido foi necessário no sentido de compartilhar saberes
que contribuam para o crescimento da família como unidade competente de
promoção da sua própria saúde e a de seus membros que, neste caso, destacamos
a saúde sexual e reprodutiva tendo como alicerce a educação sexual.
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cotidiano da equipe de enfermagem do serviço da atenção básica de saúde.
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2007.
TRENTINI, M.; PAIM, L. Pesquisa em enfermagem: uma modalidade convergenteassistencial. Florianópolis: EdUFSC, 1999.
TRIVINOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa
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VITIELLO, N. Reprodução e sexualidade: um manual para educadores. São Paulo:
CEICH, 1994.
ZAGURY, Tania. Sem padecer no paraíso: em defesa dos pais ou sobre a tirania
dos filhos. 10. ed. RJ, Record, 1994.
64
WAGNER, Adriana et al. Estratégias de comunicação familiar: a perspectiva dos
filhos adolescentes. Psicol. Reflex. Crit., Porto Alegre, v. 18, n. 2, ago. 2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010279722005000200016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 abr. 2009.
WHALEY, L. T.; WONG, D. L. Enfermagem pediátrica: elementos essenciais à
intervenção efetiva. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
65
APÊNDICE A – CARTA AO SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO JOSÉ
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Curso de Graduação em Enfermagem – Campus Biguaçu
São José, 14 de abril de 2009.
Prezado Sr. Áureo dos Santos, Secretário Municipal de Saúde de São José,
Como acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem, estou
desenvolvendo um Trabalho de Conclusão do Curso, denominado “A educação
sexual no contexto família durante a fase da adolescência”. Essa pesquisa é
orientada pela Professora Ana Cristina Oliveira da S. Hoffmann. Para sua
concretização, solicitamos sua autorização para desenvolvimento no Centro de
Saúde Luar, por meio de entrevistas que serão realizadas com pais ou mães de
adolescentes que pertencem à área de abrangência do Centro de Saúde Luar,
durante o mês de junho do corrente ano.
Informo, conforme os preceitos éticos em pesquisa, que os dados coletados
durante o estudo, serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo
mantidos em sigilo sobre a identidade dos referidos participantes.
Além disso, comprometo-me em fornecer a este Centro de Saúde uma cópia
do relatório final de estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados
juntos aos profissionais interessados.
Sua aprovação, portanto, será de fundamental importância para este estudo.
Respeitosamente,
Taíse Cardoso da Silva
Pesquisadora
Ana Cristina Oliveira da Silva Hoffmann
Orientadora
66
APÊNDICE B – CARTA À COORDENAÇÃO DO CENTRO DE SAÚDE LUAR
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Curso de Graduação em Enfermagem – Campus Biguaçu
São José, 14 de abril de 2009.
Prezada Sra. Gláucia Khalil, Coordenadora do Centro de Saúde Luar,
Como acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem, estou
desenvolvendo um Trabalho de Conclusão do Curso, denominado “A educação
sexual no contexto família durante a fase da adolescência”. Essa pesquisa é
orientada pela Professora Ana Cristina Oliveira da S. Hoffmann. Para sua
concretização, solicitamos sua autorização para desenvolvimento no Centro de
Saúde Luar, por meio de entrevistas que serão realizadas com pais ou mães de
adolescentes que pertencem à área de abrangência
deste Centro de Saúde,
durante o mês de junho do corrente ano.
Informo, conforme os preceitos éticos em pesquisa, que os dados coletados
durante o estudo, serão utilizados exclusivamente para fins de pesquisa, sendo
mantidos em sigilo sobre a identidade dos referidos participantes.
Além disso, comprometo-me em fornecer a este Centro de Saúde uma cópia
do relatório final de estudo, a fim de que possam ser divulgados seus resultados
juntos aos profissionais interessados.
Sua aprovação, portanto, será de fundamental importância para este estudo.
Respeitosamente,
Taíse Cardoso da Silva
Pesquisadora
Ana Cristina Oliveira da Silva Hoffmann
Orientadora
67
APÊNDICE C – ROTEIRO PRELIMINAR DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
QUESTÃO NORTEADORA: “Quais as diferentes abordagens que você utiliza
utilizadas para exercer a tarefa de educação sexual de seus filhos adolescentes”?
1 – Identificação
Entrevistada:
Data _____/_____/______
Sexo: ________Estado civil:____________________Religião:____________
Idade: ______Profissão:_____________________Renda familiar:__________
Nº e idade dos filhos:______________________________________________
Naturalidade:____________________ Procedência:_____________________
Descendência:
_____________________
2- Questões específicas da pesquisa
Como você define a sexualidade?
Como você percebe o desenvolvimento da sexualidade no seu filho
adolescente?
Quais as diferentes abordagens que utilizadas na sua família para exercer a
tarefa de educação sexual de seus filhos adolescentes?
Quais as fragilidades e potencialidades encontradas na sua família acerca
das questões relacionadas à educação sexual de seu(s) filho(s)?
Que tipo de suporte você gostaria de receber para melhor educar
sexualmente seu(s) filho(s)?
68
APÊNDICE D – TERMO DE COMPROMISSO DE ORIENTAÇÃO
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
Centro de Educação Biguaçu
Curso de Graduação em Enfermagem
Termo de Compromisso de Orientação
Eu, Ana Cristina Oliveira da Silva Hoffmann, professora da disciplina de Saúde
da mulher, criança e adolescente, do curso de graduação em Enfermagem,
concordo em orientar a monografia de conclusão de curso da aluna Taíse Cardoso
da Silva, tendo como tema “Identificar as diferentes abordagens utilizadas pelas
famílias para exercerem a tarefa de educação sexual de seus filhos
adolescentes”. A orientanda está ciente das Normas para Elaboração do Trabalho
Monográfico de Conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem, bem como das
atividades propostas.
Biguaçu (SC), abril de 2009.
____________________________________
Ana Cristina Oliveira da S. Hoffmann
Orientadora
________________________
Taíse Cardoso da Silva
Pesquisadora
69
APÊNDICE E – CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIMENTO
CONVITE À PARTICIPAÇÃO NO ESTUDO
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
Curso de Graduação em Enfermagem – Campus Biguaçu
Consentimento Livre e Esclarecimento
Convite à Participação no Estudo
Projeto de Pesquisa: “A educação sexual no contexto família durante a fase
da adolescência.”
Esta pesquisa propõe-se: Identificar as diferentes abordagens utilizadas pelas
famílias para exercerem a tarefa de educação sexual de seus filhos adolescentes.
Os procedimentos do estudo requerem a gravação em fita cassete, das
entrevistas realizadas com pais ou mães de adolescentes que pertencem a área de
abrangência do CS Luar, município de São José/SC. Por tanto, faz-se necessário a
sua aceitação em participar da pesquisa, não envolvendo qualquer risco de sua
identificação como participante da mesma, ficando assegurando seu direito de
recusa em participar.
Eu, ____________________________________________, documento de
identidade nº.______________________, declaro que aceito, de forma livre e
esclarecida, a participar da estudo “A Educação Sexual no Contexto Família durante
a Fase da Adolescência” , tendo conhecimento dos seus objetivos. Fui informado (a)
de forma detalhada sobre o sigilo e confidencialidade das informações que prestarei,
assim como fui assegurado da impossibilidade de qualquer informação ter
repercussão em minha vida.
Ciente das orientações, estou de acordo em participar voluntariamente de
pesquisa proposta, sob a coordenação e orientação da Professora Ana Cristina
Oliveira da Silva Hoffmann, participando da entrevista, com a acadêmica de
enfermagem e pesquisadoras Taíse Cardoso da Silva, da Universidade do vale do
Itajaí.
Local e Data________________________________________________
Assinatura__________________________________________________
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