ANÁLISE DA OPERAÇÃO DA BARRAGEM DE REJEITOS DA MINERAÇÃO
SERRA GRANDE S.A., MUNICIPIO DE CRIXÁS, GOIÁS.
Ernane Assunção Fernandes1
Harlen Inácio dos Santos 2
Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental
Av. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3227-1351.
CEP: 74605-010 – Goiânia - GO.
RESUMO
A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma decisiva para o bem estar e
a melhoria da qualidade das presentes e futuras gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma
sociedade, desde que sejam operadas com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do
desenvolvimento sustentável. Foi realizada vistoria na empresa MSG em seu sistema de operação para
constatar se foram executados os métodos abordados e qual os procedimentos estão sendo adotados no
processo, tendo como uma visão critica do desempenho dos procedimentos estabelecidos para construção,
monitoração e controle dessas estruturas que compõe o sistema de contenção de rejeitos das atividades da
mineradora. Os aspectos abordados foram respectivamente o modo que esta sendo construída sua barragem de
rejeitos e o sistema de bombeamento, monitoração e controle deste sistema. Os resultados mostrados
evidenciam falhas no processo. Verificou-se que a empresa MSG necessita de uma revisão em seu manual.
Palavras-chave: Mineração, Barragem de Rejeitos, Operações de Bombeamentos e Impacto Ambiental.
ABSTRACT
Mining is one of the basic sectors of the country's economy, contributing decisively to the welfare and
improving the quality of present and future generations, is central to the development of a society, if they are
operated with social responsibility and is always present the precepts of sustainable development. Survey was
conducted in the company MSG in its operating system to see if the methods were executed addressed is what
the procedures are being adopted in the process, taking as a critical view of the performance of established
procedures for construction, monitoring and control of structures that make up the system of containment of
tailings from the mining activities. The points raised were respectively the way it is constructed dam of its
tailings and pumping system, monitoring and control of this system. The results showed evidence flaws in the
process. It was found that the company MSG needs a revision in its manual.
Key- words: Mining, the tailings dam, pumping operations and environmental impact.
Goiânia, 01 de dezembro de 2008.
1
2
Acadêmico de Engª Ambiental da Universidade Católica de Goiás ([email protected])
Orientador Profº Dr. da Universidade Católica de Goiás - UCG ([email protected])
2
1 INTRODUÇÃO
A poluição ambiental representa atualmente um dos aspectos mais relevantes
em mineração, constituindo-se em uma de suas conseqüências mais combatidas. Tem-se
que a mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de forma
decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e futuras
gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, desde que sejam
operadas com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do
desenvolvimento sustentável.
Alguns beneficiamentos de minérios exige moagem dos materiais e
adicionamento da água e produtos químicos na planta de tratamento, o que faz com que os
rejeitos são transportados em forma de polpa. Esta polpa é conduzida até uma bacia de
acumulação confinada por uma barragem, onde os sólidos sedimentam e as águas são
clarificadas.
Atualmente a disposição de rejeitos tem sido um aspecto muito focalizado nos
estudos do plano diretor de uma empresa de mineração. A segurança e o perfeito
funcionamento destes sistemas são fundamentais para a contínua realização das atividades
minerais. Mineração é uma atividade que gera um grande volume de rejeitos, devido à
pequena concentração de metal encontrada no mineral bruto.
Com base nessa realidade, surgiu o interesse em estudar o impacto ambiental do
processamento de minério no município de Crixás - Goiás, essa pesquisa teve como
referência a Mineração Serra Grande S/A - MSG, cuja atividade principal é extração de
ouro.
A Mineração Serra Grande S/A - MSG discute a problemática de como manter
o crescimento da produção com uma melhor qualidade, de maneira que haja uma integração
da empresa com a natureza, minimizando o máximo os impactos sofridos.
Assim considerando, esta pesquisa visa identificar, através de análise critica da
metodologia estabelecida no Manual de Operações de Barragem de Rejeitos da Mineração
Serra Grande S/A - MSG, o desempenho dos procedimentos estabelecidos para construção,
monitoração e controle dessas estruturas que compõe o sistema de contenção de rejeitos das
atividades da mineradora.
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Chammas (1989), define mineração como um complexo de atividades
necessárias à extração econômica de bens minerais da costra terrestre, provocando
transformações no meio ambiente. A lavra constitui-se no conjunto de atividades
coordenadas que extraem um bem mineral, objetivando o seu aproveitamento industrial ou
uso direto. Na lavra são produzidos resíduos minerais chamados de estéril, provenientes do
decape de mina. Já nos processos de resíduos minerais denominados rejeitos. Em linhas
gerais pode-se dizer que ao longo da atividade de mineração são obtidos a pilhas de estéril,
o produto final e as disposições rejeitos.
O processo de extração mineral no Brasil possui um destaque altamente
representativo no cenário econômico mundial. Para que a atividade de mineração apresente
uma sustentabilidade nos mais diversos segmentos, como a manutenção de custo de
mercado mais atrativo e atenda as exigências relativas às legislações ambientais pertinentes
nos paises. O beneficiamento ou tratamento de minérios é aqueles que envolvem
separações físicas e químicas, visando à obtenção da substância mineral de interesse (DIAS
et all., 1985).
O perfil do setor mineral brasileiro é composto por 95% de pequenas e médias
minerações. Segundo a Revista Minérios & Minerales (1999), os dados obtidos nas
concessões de lavra demonstram que as minas no Brasil estão distribuídas regionalmente
com 4% no norte, 8% no centro-oeste, 13% no nordeste, 21% no sul e 54% no sudeste.
Estima-se que em 1992 existiam em torno de 16.528 pequenas empresas, com produção
mineral.
Observa-se que as operações necessárias para a realização das atividades de
mineração podem acarretar alterações significativas no ambiente, as quais, dependendo de
sua importância, podem constituir impactos ambientais negativos. Os principais processos
de alteração no meio físico, biológico e antrópico, passíveis de alteração negativa pelas
operações das fases de instalação e funcionamento da mineração (AMORIM, 2007).
Tomando-se por base as alterações do meio físico, os conceitos empregados
pela geotécnica tende a estabelecer um maior grau de segurança para este tipo de atividade
e requerem uma atenção especial, em virtude da heterogeneidade de material, das
4
atividades de lavra e geração de rejeito mineral. As diferenças nas diversas áreas e formas
de exploração podem dificultar o monitoramento de algumas etapas do processo de
produção mineral e principalmente o controle da disposição do rejeito (AMORIM, 2007).
Os impactos ambientais associados à disposição de rejeito representam um
passivo ambiental na atividade de extração mineral considerando principalmente o volume
de rejeitos gerados bem como as extensas áreas destinadas à sua estocagem. Além disso, a
ocorrência de grandes acidentes relacionada a estruturas de contenção de rejeito, no Brasil e
no mundo, tem aumentado a exigências quanto ao controle de segurança dos sistemas de
disposição de rejeitos (DIAS et all., 1985).
De uma forma geral, os rejeitos exibem características mineralógicas,
geotécnicas e físico-químicos bastantes variáveis, tanto em função do tipo de minério
explorado quanto do próprio processo de beneficiamento. Essas condicionantes geram
dificuldades na obtenção de parâmetros físicos representativos, interferindo diretamente no
controle do material e na estabilidade e segurança dos sistemas de disposição de rejeitos
(BATES, 2003).
De acordo com Amorim (2007), atividade de mineração é caracterizada
fundamentalmente pela pesquisa e exploração de recursos minerais úteis, que se encontrem
no solo e subsolo.
O produto final, que é a substância de interesse da mineradora, se encontra
vinculado à natureza de cada mineração, tendo como base à pesquisa mineral realizada o
plano de lavra estabelecido e o tratamento aplicado ao minério. Todo processo, tanto de
lavra como beneficiamento, tem por objetivo de gerar produtos que satisfaçam à qualidade
exigida pelo mercado consumidor. A mineração é sem dúvida um fator importante no
desenvolvimento do país, tanto gerando riquezas quanto contribuindo para a formação e
progresso de diversas regiões (DIAS et all., 1985).
Bates (2003), de um modo geral, pode-se dizer que no Brasil as pilhas são
formadas por basculamento direto do material nas encostas ou terrenos que margeiam a
área de lavra, de maneira desordenada. Há dois aspectos básicos que devem ser analisados
na deposição de estéril de mineração: localização e formação das pilhas.
Do ponto de vista de localização, o estéril deve ser depositado o mais próximo
possível da área de lavra e, preferencialmente, em cotas inferiores à da mineração, de tal
forma a se terem reduzido os custos de transporte. A formação de pilhas controlada é
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evidentemente mais onerosa ao empreendimento mineiro que o simples basculamento do
material nas encostas ou terrenos adjacentes à mina (BATES, 2003).
A formação ordenada de deposito de estéril é uma prática muito pouco adotada
pelas empresas de mineração. Tal comportamento se explica pelo custo que tal método
representa em comparação. Construir adequadamente uma pilha de estéril é certamente
menos trabalhoso e mais econômico que corrigir um depósito em processo de ruptura. O
material estéril pode ser classificado basicamente em três categorias principais: materiais
não-coesivos, coesivos e degradáveis (DIAS et all., 1985).
Rejeito de mineração é todo o material resultante de processos químicos e
físicos envolvidos na extração dos metais. O tamanho das partículas de rejeito se encontra
tipicamente na faixa de partículas de areias finas e siltes. As características químicas dos
rejeitos variam de acordo com o mineral de interesse e as substâncias químicas envolvidas
no processo de extração dos metais (ARAUJO, 2008).
A disposição dos rejeitos tem tornado um grande problema ambiental das
atividades de mineração em função da exploração crescente de jazidas de baixos teores,
tendo como conseqüência o aumento do volume de rejeitos gerados e a exigências de áreas
maiores para sua deposição. Convém ressaltar, que fora o impacto visual na paisagem, com
a destinação dos resíduos gerados pela mineração, o principal efeito ecológico normalmente
é a poluição das águas (ARAUJO, 2008).
Os métodos de disposição de rejeitos foram desenvolvidos a partir com entraves
ambientais e mudanças nas praticas de mineração. Na fase inicial da extração mineral,
alguns métodos de descartes de rejeitos incluíam a descarga direta nos rios e córregos e
cursos de água ou despejos aleatórios do material diretamente na superfície (ARAUJO,
2008).
Segundo Amorim (2007), considera que o aumento do controle ambiental e a
pressão da opinião pública, torna-se necessário à elaboração de um projeto de disposição de
rejeito designado não apenas para o estágio de operação de mina, mas também para seu
abandono. Assim, um sistema de disposição de rejeito deve satisfazer aos requisitos de
segurança, controle de contaminação, capacidade de armazenamento e economia.
A elaboração de projetos, operação e manutenção das barragens de rejeitos
existentes têm possibilitando o desenvolvimento de soluções para a disposição dos resíduos
minerais. Ressalta-se que é economicamente vantajoso situar o armazenamento do rejeito
6
perto da mina, entretanto, esta imposição fica limitada á seleção de locais nas
proximidades. A área subjacente á barragem deve ter resistência estrutural e suportar o seu
peso próprio (AMORIM, 2007).
Nos sistemas de disposição de rejeitos por meio de barragens, existem poucas
alternativas de construção quando comparadas com as barragens tradicionais de
acumulação de água, devido principalmente à viabilidade técnica-econômica das operações
existentes no setor mineral. Durante o processo de beneficiamento de minérios, os rejeitos
são produzidos na forma de polpa, cujo meio de transporte mais viável e econômico é por
via hidráulica (ESPÓSITO, 2000).
Uma forma de disposição pode ser realizada por um sistema de canhões
uniformemente espaçados que lançam os rejeitos ao longo da crista da barragem, sem a
necessidade de relocar freqüentemente o canhão ou desconectar partes da tubulação. O
lançamento também pode ser feito por um único canhão, entretanto, esta solução apresenta
alguns inconvenientes em virtude da necessidade de deslocamentos ao longo da barragem.
Em caso de utilização de canhões, o processo de separação granulométrica ocorre na
própria praia em função de descarga, com concentração e características mineralógicas do
rejeito (BATES, 2003).
As barragens de rejeitos são formadas em duas etapas: a primeira etapa consiste
na construção de um dique de partida composta de solo ou enroscamento compactado. A
segunda etapa corresponde à construção contínua e conjunta com a operação de mina,
através de alteamentos sucessivos executados com solos compactados ou com a fração
grossa do rejeito arenoso gerado ao longo do beneficiamento, seja suficiente para a
construção da barragem. Estes alteamentos devem ocorrer nas mesmas proporções do
reservatório para evitar que o lago se aproxime da barragem e venha a causar a elevação da
linha freática e a possível perda de estabilidade (COMPANHIA VALE DO RIO DOCE,
1992).
Barragens construídas com o próprio rejeito tornam-se vantajosa devido ao
baixo custo quando comparadas às barragens convencionais, que são constituídas em uma
única etapa usando materiais de empréstimos e com elevado custo. Além disso, dependendo
da necessidade de disposição dos resíduos minerais, por parte das empresas de mineração,
as barragens de rejeitos podem ser alteadas em etapas (AMORIM, 2007).
O alteamento das barragens pode assumir muitas configurações, cada uma com
7
suas próprias característica, requisitos, vantagens e riscos. Considerando o rejeito como o
material usado nos alteamentos das barragens, podem ser considerados três métodos
construtivos: Método da Montante, Método da Jusante e Método da Linha do Centro
(AMORIM, 2007).
O método da montante é o mais antigo e econômico, sendo uma evolução
natural do procedimento empírico de disposição de rejeito, como pode ser observada Fig. l.
Realiza-se inicialmente a construção de um dique de partida, normalmente construído de
solo ou enrocamento compactado. Após a construção do dique, o rejeito é lançado por
canhões em direção montante da linha simetria do dique, formando assim a praia de
disposição, que se tornará à fundação e eventualmente material de construção para o
próximo alteamento, como ser observa na Fig. l.
Figura 1: Método da Montante (ARAUJO, 2008).
As principais vantagens do método de montante são o baixo custo de
construção e a velocidade com que a barragem pode ser alteada. Klohn (1981) afirma que
com o uso de ciclones a velocidade de construção se eleva bastante. Chammas (1989)
recomenda a implantação de praias de lama entre o talude de montante da barragem e o
nível do reservatório como segurança para barragens de rejeitos.
Quanto o método da jusante, o dique de partida é construído e a barragem é
alteada em direção a jusante e conseqüentemente o alteamento não ocorre sobre o rejeito
previamente depositado. Este método exige maiores volumes de materiais de construção
controlados, podendo ser utilizado o próprio rejeito, solos de empréstimos ou estéril
proveniente da cobertura da lavra. Na utilização do próprio rejeito deverão ser utilizados
ciclones ou outros métodos de separação, para garantir que somente a fração grossa seja
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utilizada no corpo da barragem (AMORIM, 2007).
A maior desvantagem deste método é o grande volume do maciço controlado
ou compactado, o que gera um alto custo da construção. Klohn (1981), entende que o
problema para se ter este tipo de disposição é que pode ocorrer a insuficiência de material
grosso para manter a crista da barragem de rejeito acima do nível do reservatório.
O método da linha de centro é uma variação do método da jusante e a diferença
é que a crista da barragem não se desloca para a jusante, mas sim verticalmente de forma
que o espaldar de montante apóia-se sobre o rejeito e o de jusante sobre toda a etapa
subseqüente. A maior vantagem deste método em relação ao de jusante é a necessidade de
um menor volume de material para construção do corpo da barragem. O método da linha de
centro é uma solução geometricamente intermediária entre os métodos de montante e
jusante, embora seu comportamento estrutural se aproxime mais do método da jusante,
permitindo a utilização de drenos internos e assim ter o controle da linha, como se observa
na Fig. 2.
Figura 2: Método da Linha do Centro (ARAUJO, 2008).
Entretanto quando se tem algum método destes apresentado por mineradoras
para se ter uma forma de disposição de rejeito, sempre irá apresentar algum risco de
contaminação, devido todo seu processo de extração mineral.
O processo de cianeto para beneficiamento de minério de ouro com teor de
corte de 0,7 g Au/ tonelada de minério está sendo utilizado no país, em escala industrial. A
produção de uma mina típica é de 730 toneladas de “Run of mine” (Rom) por dia. O tempo
de lixiviação é de aproximadamente dois meses de lavagem e o teor de cianeto no circuito
fechado é de 0,15 g/l de cianeto de sódio (BATES, 2003).
O princípio básico da lixiviação é a de dissolução preferencial de cianeto sobre
os metais preciosos contidos no minério. Estudos mais recentes sobre o mecanismo da
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cianetação, indicam que esta reação procede em 2 estágios. A maior parte se dissolve
segundo a reação: 2 Au + 4 CN¯ + O2 + 2H2O (GUMIERE, 1995)..
A solução de cianeto é constantemente reciclada até que se extinga seu
potencial de lixiviamento, mas uma porção deve ser descarregada para que não haja
concentração de compostos indesejáveis. Estas duas descargas de soluções extintas devem
sofrer tratamento, tendo em vista que o conteúdo de cianetos presentes está acima do
permitido pela legislação federal que é de 0,2 mg/l (GUMIERE, 1995).
A forma na qual o cianeto ocorre na solução extinta e nos tanques para
tratamento não é bem conhecida. Pode estar na forma de cianetos livres, complexos de
cianeto com cobre, ferro, níquel, zinco (GUMIERE, 1995).
Os tratamentos mais utilizados para solução extinta são: degradação natural;
processos de oxidação (cloração, ozonização, oxidação com peróxido de hidrogênio, etc);
acidificação, volatilização e reneutralização; processos eletrolíticos; troca iônica. Cada
processo deste vai gerar um efluente típico a ser estudado. Cada forma de cianeto irá causar
impactos e trocas no meio ambiente de diferente (BATES, 2003).
Os efluentes gerados no processo de lixiviação dependem não só do minério
utilizado como do método de tratamento da solução extinta (BATES, 2003).
A toxidez de cianeto não pode ser determinada tomando-se o cianeto livre como
único responsável, pois outras formas de cianeto podem gerar cianeto livre após sofrerem
mudanças físico-químicas, apesar disto o interesse toxicológico está focado sobre o HCN
liberado (RUBIO, 2001).
O cianeto é uma substância comercializada na forma sólida e com ela é
preparada uma solução de cianeto de sódio (NaCN) para que possa ser usado
posteriormente. Calcula-se que para cada tonelada de minério consuma-se 250 gramas de
cianeto para a dissolução do ouro nele presente. Além do cianeto, outras substância são
necessárias na produção, tais como: soda cáustica, ácido clorídrico, cal virgem, etc. O local
onde ocorre o processo de lixiviação ou cianetação do ouro é denominado de planta. O
processo envolve uma série de técnicas de reações químicas complexas e que por isso exige
um rigoroso controle para não pôr em risco a vida dos operadores e, posteriormente, da
fauna e flora adjacentes ao local (RUBIO, 2001).
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3 METODOLOGIA
A fase inicial dos estudos foi marcada pelo levantamento de informações e
formação do banco de dados. As pesquisas foram realizadas com buscas em fontes
bibliográficas, fontes de dados disponíveis na Internet e em contato com a empresa.
Na segunda fase foram realizadas visitas técnicas à empresa Mineração Serra
Grande S/A - MSG. Ainda foram realizadas entrevistas com profissionais especializados na
área de extração mineral, em especial o Gerente da Planta Metalúrgica, e colaboradores da
Divisão de Produção. O procedimento elaborado para a pesquisa deste trabalho, consistiu
em levantamento do processo de construção da barragem de rejeitos, sistemas de
bombeamentos e monitoração e controle do sistema.
Foi realizada em terceira fase, análise do manual apresentado pela Mineração
Serra Grande S/A -MSG, nele foram estudados e analisados todos os procedimentos a
serem executados para construção, monitoração e controle de sua barragem.
Mediante as informações apresentadas no manual de operação, foi realizada
vistoria no sistema de operação para constatar se foram executados os métodos abordados e
quais os procedimentos estão sendo adotados no processo. O profissional que acompanhou
toda a visita para a pesquisa foi o Gerente da Planta Metalúrgica, um Engenheiro Químico.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Mineração Serra Grande S/A - MSG constitui uma empresa de mineração
dedicada à exploração de ouro no Estado de Goiás, onde assume o compromisso de garantir
que todas as atividades de sua operação sejam desenvolvidas preservando o Meio
Ambiente, a Segurança e a Saúde de seus empregados e de seus prestadores de serviços.
A barragem de rejeitos da MSG, foi construída com base no Projeto Conceitual
elaborado pelo CED da Anglo American Corporation, de 08/1989 e em projeto detalhado
de construção desenvolvido pela empresa contratada GEOMEC, de Belo Horizonte - MG,
a qual também efetuou o apoio técnico durante o período de construção, ocorrido de
novembro 1988 a fevereiro 1990 (aproximadamente 16 meses).
Em 29/12/1993 a barragem foi inspecionada pela MVP Consultoria, e
decorrente desta inspeção foram solicitados resultados da monitoração que, analisados,
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identificaram crítica situação de estabilidade do processo de disposição. Em vista disso, foi
envolvido em caráter de emergência a consultoria técnica externa, a qual visitou o local no
período de 16 a 18 de fevereiro de 1994, onde expôs seu manual de operação.
Considerando a metodologia estabelecida no Manual de Operações de
Barragem de Rejeitos da MSG, os desempenhos dos procedimentos estabelecidos para
construção estão finalizados, nela apresenta a seguinte geometria presente: Até a elevação
de 413,0 m o maciço é do tipo convencional e foi construído pelo método de linha de centro
em aterro compactado utilizando para isso materiais de empréstimos de solos residuais
silto-argiloso e areias provenientes dos rios da região de Crixás, da elevação 413,0 m até a
elevação 416,0 m o maciço sofreu alteamento de sua crista utilizando materiais de
empréstimos locais e estéril de sua própria mina.
A partir da elevação 416,0 m a barragem vem sendo construída com rejeitos
ciclonados, pelo método de alteamento para montante, após um período inicial em que seu
método construtivo era de linha de centro, como se observa na Fig. 3.
Figura 3: Barragem de Rejeitos da empresa MSG.
12
Através do sistema de rejeitos ciclonados, em que frações grossas são extraídas
dos rejeitos para classificação estão utilizando hidrociclones para compor o crescimento do
maciço. Os rejeitos utilizados na construção do alteamento da barragem estão sendo obtidos
da seguinte forma: Os rejeitos originários da Planta Metalúrgica são repolpado utilizando a
água recirculada da barragem em densidade de 1.300 g/cm³, nele estão obtidos (25% de
sólidos). Esta polpa é bombeada através de um conjunto de bombas ligadas em série para a
barragem de rejeitos, utilizando uma tubulação de aço carbono de diâmetro de 7”.
Esta tubulação de transporte de rejeitos se encontra monitorada diariamente
para eventual incidentes de vazamentos que conseqüentemente pode ocorrer conseqüências
de ordem econômica, ambiental e de segurança. O controle de vazamentos está realizado
em duas formas, ação preventiva e corretiva.
No controle preventivo estão incluídos as ações de:
• Inspeções periódicas ao longo de toda a linha.
• Substituição imediata de tubos desgastados.
• Manutenção do sistema eficiente de comunicação entre o operador da barragem e
planta de beneficiamento, para agilizações de ações.
O controle corretivo determina que, na ocorrência de qualquer vazamento
detectado, por menor que seja, venha a ser prontamente reparado. As implicações deste,
têm a ver com danos ambientais, queda na eficiência do processo da ciclonagem e redução
na velocidade de alteamento da barragem.
Esta tubulação transporta a polpa com os rejeitos do processo desde a Planta de
Beneficiamento até a crista da barragem, onde essa polpa é ciclonada para a produção do
material de alteamento da barragem.
Como 75% dessa polpa é liquida, no sistema de bombeamento forma-se um
reservatório de água sobrenadante na barragem, onde está instalado um conjunto de bombas
flutuantes, com função de recalque de água do reservatório para Planta. Parte desta água
recirculada é utilizada no processo e parte é enviada a ETE (Estação de Tratamento de
Efluente) para tratamento e posterior descarte.
A Estação de Tratamento de Efluentes tem uma capacidade máxima de vazão
de 120 m3/h, 24 horas por dia (período de chuvas) tratando, assim, uma média de 57.600
m³/mês. Em casos emergenciais pode atingir 86.000 m³/mês, operando em 3 turnos.
Historicamente o tratamento da ETE acusa um volume médio tratado de 88 m³/h.
13
O sistema de bombeamento do sobrenadante é feito a partir de sua captação no
reservatório da barragem de rejeitos através de uma bomba horizontal, com capacidade de
140 m³/h, instalada sobre uma balsa flutuante que conduz está água até a planta por
tubulações de aço carbono de 6”. Esta tubulação de recirculação de água para a Planta está
sujeita a vazamentos e, assim, está sendo monitorada para prevenir ou reparar os eventuais
vazamentos, que poderão produzir conseqüências de ordem econômica, de segurança da
barragem e de ordem ambiental, em razão de provocar contaminações. O controle das
vazamentos da linha de recirculação de água esta sendo feito à maneira das instruções para
o controle similar na tubulação de rejeitos.
Atualmente a monitoração e controle do sistema de contenção de rejeitos estão
sendo realizados nas seguintes seqüências:
•
Inspeções periódicas em campo, onde estão sendo realizadas observações
superficiais nas várias estruturas que constituem o sistema de contenção dos
rejeitos;
•
Leituras sistemáticas dos instrumentos;
•
Avaliação das condições de funcionamento e/ou de segurança da estrutura, realizada
com base nas inspeções periódicas, nas leituras dos instrumentos, na utilização de
ferramentas auxiliares como as “cartas de risco”, no conhecimento teórico e na
experiência acumulada tanto com as atuais estruturas e conseqüentemente com
estruturas semelhantes.
Das informações obtidas a partir de uma minuciosa inspeção em todo o sistema
durante o sistema de monitoração e controle, são elaborados relatórios quadrimestrais que
são a base de reuniões realizadas, onde atende uma agenda padrão que apresenta todos os
aspectos da operação. Nela ressalta a ata contendo os registros das ações tomadas no
período e também definidos os planos operacionais futuros.
Todos os problemas detectados estão sendo enfocados e direcionados a
respectivas ações para solução, com a indicação do responsável e prazo de conclusão.
Após analise realizada no manual com a visita a campo, foi identificado uma
falha na execução da implantação do sistema de bombeamento de rejeitos, conforme Fig. 4.
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Figura 4: Tubulação de Rejeitos da empresa MSG.
Para evitar eventual contaminação dos cursos d’água da região, os quais
interceptam o traçado da linha de rejeitos, não foram construídos diques de proteção
impermeabilizado, que teriam a finalidade de conter e permitir a retomada dos rejeitos
oriundos de vazamentos até a interrupção do bombeamento e sejam acionadas as
providencias de recuperação.
5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
De acordo com o estudo conclui-se a partir desta pesquisa, indica que a empresa
MSG não seguiu totalmente as recomendações propostas no manual de operação
apresentado pela MVP Consultoria.
Um ponto bastante relevante proposto no manual e adotado na empresa com
bastante eficiência em seu processo de disposição de rejeitos em sua barragem que pode ser
citado é a sua reutilização de água, onde se torna fator de economia da empresa, na medida
em que este procedimento possibilita a diminuição de custos.
Recomenda-se que seja realizada revisão no manual de operação especialmente
nos sistemas de bombeamentos, especificamente na tubulação da linha de rejeitos é na
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tubulação de recirculação de água do sobrenadante. Pois em todas as extensões necessita-se
da construção de diques de proteção para que não haja comprometimento de contaminação
direta no solo. Vale ressaltar que a empresa tem o compromisso de garantir que todas as
atividades de sua operação sejam desenvolvidas preservando o Meio Ambiente, a
Segurança e a Saúde de seus empregados.
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ANÁLISE DA OPERAÇÃO DA BARRAGEM DE REJEITOS