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O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS CRISES HIPERTENSIVAS NA UNIDADE DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA DO HOSPITAL MUNICIPAL DRº KLEIDE COELHO DE LIMA NO MUNICÍPIO DE
BARRA DO GARÇAS – MT.
Neurivaldo Cassiano Campos Junior1
Abel Pompeu de Campos Júnior2*
Lorena Barbosa3
Tatiana Lima de Melo4
RESUMO
No Brasil, morrem anualmente milhares de pacientes devido a doenças cardiovasculares e a hipertensão arterial
sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco. Assim, este estudo tem por objetivo verificar a incidência da
Hipertensão Arterial Sistêmica na população de Barra do Garças no período de 2009 a 2010, no pronto atendimento
do hospital municipal Dr° Kleide Coelho de Lima. Fatores relacionados a crises hipertensivas nessa população
estudada como faixa etária, sexo, estado civil, cor, raça, pressão arterial sistólica e diastólica que aparecem no estudo
de modo estatístico, visando uma percepção bem clara da cena encontrada no campo de pesquisa. O estudo de caráter
retrospectivo com abordagem quantitativa realizada no período de 2009 a 2010, sendo desenvolvida entre os meses de
agosto e setembro de 2011 por todos os pacientes acometidos por crises hipertensivas na unidade de urgência e
emergência. De acordo com os resultados obtidos pelo estudo, confirmaram nossa hipótese em relação à alta
prevalência nessa população em relação com os aspectos multifatoriais, já mencionados, porém os resultados obtidos
relacionado aos hipertensos de etnia afro-brasileira, apresentaram pouca significância em relação aos outros estudo de
diversos autores onde encontraram uma incidência maior nessa população. Constatam-se, portanto, que os
profissionais de saúde reconheçam a importância do registro como fonte de informações para se conhecer as
característica dessa população, como estratégia no controle das crises hipertensivas
Palavras-chave: Hipertensão Arterial; Crises hipertensivas; Urgência e Emergência
ABSTRACT
In Brazil, die millions of patients every year because of cardiovascular diseases and arterial hypertension systemic is
one of the most important risk factors. So, this study has as objective to verify the incidence of the arterial
hypertension systemic in the population of Bara do Garças in the period of 2009 and 2010, at the responsiveness of
the municipal hospital DR. Kleide Coelho de Lima. Factors related with the hypertensive crisis in this population
studied as age group, sex, marital status, color and race, arterial pressure systolic and diastolic that appears in the
study by the statistical way, seeking a perception really clear of the scene found in the search camp. The study
retrospective character with quantitative approach held in the period of 2009 and 2010, being developed between the
months of august and September, 2011 by all the patients affected by hypertensive crisis the unit of urgency and
emergency. According with the results obtained by the study, was confirmed our hypothesis in relation with the high
prevalence in this population in relation with the multifactorial aspects, aforementioned, but the results obtained
related to the hypertensive of ethnicity African-Brazilian, was present little significance in relation with the others
studies of several authors where was found a more incidence in this population. So note that the professionals of
health recognize the importance of the record as source of information to know the characters of this population, as
strategy on the control of the hypertensive crisis
Keywords: Arterial Hypertension; Hypertensive crisis; Urgency and emergency
1 – Enfermeiro pelas Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT.
2 – Administrador, Fisioterapeuta Mestre, Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT.
3 – Nutricionista Mestre, Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT
4 – Bióloga doutora, Docente das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia – UNIVAR – MT
*Endereço para contato: [email protected]
1. INTRODUÇÃO
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é
uma patologia que compreende um dos fatores de risco
mais importante para as doenças cardiovasculares e
atinge de 15% a 20% da população adulta Apesar dos
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avanços tecnológicos nos últimos anos relacionados ao
seu tratamento, os índices de controle da HAS são
baixos em inúmeros países, inclusive no Brasil, pois
nos serviços de urgência e emergência tem se mostrado
em geral um aumento abrupto nos atendimentos por
pacientes com pressão arterial elevada (Arquivo
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Brasileiro de Cardiologia, 2004; FILGUEIRA,2001;
PASSOS; ASSIS e BARRETO, 2006).
A hipertensão, na maioria das vezes, é
apontada como “o assassino silencioso” devido à falta
de sinais e sintomas que possam caracterizar os
portadores das crises hipertensivas. Um estudo
nacional realizado nos anos de 1999 a 2000 mostrou
que 31% das pessoas com níveis pressóricos acima de
140/90 mmhg não estavam conscientes de sua elevada
pressão arterial. Uma vez identificada, a pressão
arterial deve ser observada e monitorada em intervalos
regulares, pois a hipertensão é uma condição
permanente (SMELTZER et al. 2008).
Estudos mostram que três quartos das pessoas
acometidas pela hipertensão mantém pressão arterial
não controlada, mesmo ganhando métodos terapêuticos
anti-hipertensivos. Desses, apenas 1% apresenta um ou
vários episódios das crises hipertensivas (VARON e
MARIK., 2000).
O desenvolvimento da hipertensão depende da
interação de fatores ambientais e predisposição
genética, embora a ocorrência dessas interações seja
incerta. Sabe-se, portanto, que a hipertensão é
acompanhada de alterações sistêmicas, entre elas nos
sistemas cardiovascular e nervoso autônomo simpático,
que na grande maioria são de causas desconhecidas
(SMELTZER et al., 2005). Além disso, nos países em
grande desenvolvimento, o crescimento dos idosos e o
aumento da longevidade associados ao estilo de vida e
padrões alimentares contribuem para o aumento da
hipertensão arterial (PASSOS; ASSIS e BARRETO,
2006).
De acordo com os estudos de Martin et al.,
(2004), a abordagem das crises hipertensivas em
relação ao diagnóstico correto apresenta contradições
na diferenciação entre urgência e emergência, nos
problemas de avaliação e a escolha certa do tratamento
adequado, assumindo maior importância em que o
diagnóstico e o tratamento adequado previnem
complicações.
O presente estudo tem por objetivo
caracterizar o perfil epidemiológico de pacientes
acometidos por hipertensão arterial sistêmica, com
ênfase na quantidade de pacientes, faixa etária, cor e
raça, gênero, estado civil, grau de escolaridade e
pressão sistólica e diastólica. O trabalho foi realizado
com pacientes atendidos na unidade de urgência e
emergência no Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho
de lima no período de janeiro de 2009 a dezembro de
2010 no município de Barra do Garças – MT.
O presente estudo vem da necessidade de um
trabalho frente à Hipertensão Arterial Sistêmica, do
reconhecimento que ela perfaz um problema grave de
saúde pública, e que nas emergências Hipertensivas
tem alto índice de morbidade e mortalidade. Além da
obtenção de conhecimento prévio e recente a cerca
dessa patologia para ser instrumento de orientação na
prevenção dos casos e na orientação nos setores
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secundários e terciários de atendimento no SUS –
Sistema Único de Saúde.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Para esse estudo foi realizado um
levantamento com os prontuários dos pacientes
acometidos por hipertensão arterial sistêmica que
foram atendidos na unidade de Urgência e Emergência
do Hospital Municipal Dr. Kleide Coelho de Lima no
período de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, no
município de Barra do Garças – MT. A pesquisa foi de
caráter, retrospectivo, exploratório, descritivo, com
abordagem quantitativa.
Nesses prontuários foram verificados a faixa
etária, a cor e a raça, o gênero, o estado civil, a pressão
sistólica e diastólica e o grau de escolaridade de cada
paciente. Com esses dados e mais a quantidade de
pacientes foram realizadas as análises de frequências e
a percentagem das variáveis analisadas. Para melhor
visualização, os resultados foram apresentados em
gráficos e tabelas confeccionados nos programas Excel
e Word 2010.
Quanto às implicações éticas envolvidas será
assinado um termo de autorização pelo responsável
Técnico administrativo do Hospital Municipal Dr.
Kleide Coelho de Lima.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que a maior
incidência de pessoas acometidas por crises
hipertensivas aconteceu nas faixas etárias de 50 a 59
anos, 23% em 2009 e 22% em 2010, e 60 a 69 anos,
22% em ambos os anos estudados (Figura 1). Por outro
lado, as menores frequências de pessoas que
apresentavam um quadro de hipertensão arterial foram
encontradas nas faixas etárias de 20 a 29 anos, 3% em
2009 e 5% em 2010, e 90 a 99 anos, 2% em 2009 e
2010 (Figura 1). Um fato importante de ocorrência no
atendimento das crises hipertensivas é que acima dos
70 anos até os 89 anos houve um significativo aumento
da pressão arterial no ano de 2009 com 22% dos casos
analisados. Em nosso estudo observamos que na faixa
dos 90 a 99 anos houve o mesmo número de casos
registrados de hipertensos nos dois anos de ocorrência
com 2% para cada ano respectivamente.
Segundo Lima et al., (2002) a hipertensão
deixou de ser doenças da “velhice” e vem ocorrendo na
grande maioria dos adultos jovens, o que nos faz
pensar que esses adultos sofram com inúmeras
complicações geradas pela hipertensão. Portanto a
idade média das crises hipertensivas encontrada na
população estudada no município de Barra Garças está
em consonância com a maioria dos dados relatados em
outros estudos.
Nos idosos a hipertensão arterial está entre as
doenças crônicas mais comuns, além de ser um dos
mais importantes fatores de risco para doenças
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cardiovasculares, principalmente quando ataca o idoso
(EVANGELISTA et al., 2011). Os mesmos autores
afirmam que no Brasil morrem anualmente 300.00
pacientes
em
consequências
de
doenças
cardiovasculares, sendo que em muitos casos isso pode
ser desencadeado pela hipertensão não diagnosticada.
TABELA 1: Incidência das crises hipertensivas
registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho
de Lima de Barra do Garças – MT, nos anos de 2009 e
2010 segundo a cor e raça. Barra do Garças - MT,
2011.
2010
2009
Variáveis
Feminin
o
Masculin
o
Feminin
o
Masculino
Cor
N
%
N
%
N
%
N
%
Branco
76
74
11
250
36
309
Negro
7
1
1
2
4
3
1
6
26
8
3
10
8
38
0
7
53
Pardo
1
1
3
8
1
9
3
5
1
Nenhuma
2
1
1
1
2
1
3
1
4
3
4
1
281
22
41
3
9
1
42
6
37
5
4
9
4
1
322
30
Indígena
29
0
25
8
4
3
7
3
1
Nenhuma
26
4
21
3
29
3
18
2
Raça
Branco
Negro
Figura 1: Incidência das crises hipertensivas
registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho
de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e
2010 segundo a faixa etária. Barra do Garças- MT,
2011.
A importância relativa dos atendimentos por
altos níveis pressóricos no hospital municipal tem
aumentado com a idade, decrescendo no grupo dos
mais idosos. Isto porque a estimativa não é
populacional, mais de acordo com a clientela atendida
na urgência e emergência, sendo um denominador dos
cálculos comuns a todas as idades. Além disso, as
pessoas de faixas etárias mais elevadas (com maior
idade) podem estar em tratamento para controle da
pressão arterial.
A Tabela 1 apresenta os valores para os
pacientes acometidos por hipertensão arterial com
distinção entre gênero, cor e raça. A cor parda
apresentou os maiores valores de porcentagem de
pessoas com hipertensão arterial, sendo que o sexo
feminino teve maior incidência quando comparado
com o masculino, tanto no ano de 2009 (38% mulheres
e 36% homens) quanto no ano de 2010 (43% mulheres
e 35% homens). Ao contrário disso, as pessoas de cor
negra com pressão alta tiveram menor porcentagem em
ambos os anos e os gêneros (Tabela 1). Quando
considerada a raça, a branca teve maior porcentagem
de pessoas com hipertensão arterial, sendo 43% e 49%
das mulheres acometidas nos anos de 2009 e 2010,
respectivamente, e 41% (2009) e 37% (2010) dos
homens com a patologia (Tabela1).
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Os pacientes de cor parda foram os mais
acometidos pela hipertensão arterial, tanto nos gêneros
(feminino e masculino) quanto no período (2009 e
2010) estudados, sendo que a segunda maior incidência
desta patologia ocorreu em pessoas de cor branca. Em
estudos realizados no ano de 2000 no hospital de base
no município de São José do Rio Preto verificou-se o
alto índice (86,6%) dos atendimentos de emergências
hipertensivas em pacientes de cor branca (MARTIN et
al.,2004). Essa diferença pode ser devida à
determinação do protocolo amostral em relação à cor
declarada no prontuário dos pacientes.
Os dados mostram que no Pronto Socorro de
Barra do Garças o índice de hipertensos foi maior na
raça branca, o que contraria inúmeros estudos
realizados no Brasil. De acordo com a Sociedade
Brasileira de Cardiologia (2002), a incidência de
hipertensos são maiores nos negros, relacionado à etnia
ou as condições socioeconômicas. Os estudos de
Magnabosco (2007) também indicam maior incidência
da hipertensão arterial sistêmica na cor não branca,
devido a fatores genéticos relevantes como responsável
por esse fato. Os estudos realizados por Lima et al.,
(2005) no Hospital Universitário Oswaldo Cruz em
Recife (PE) indicam que 75% dos pacientes atendidos
com crises hipertensivas, no período de maio de 2001 a
outubro de 2002, eram considerados como não brancos,
dessa forma diferindo dos resultados encontrados nesse
estudo realizado no hospital de Barra do Garças. A
maior incidência de pacientes da raça branca
acometidos pela hipertensão em Barra do Garças pode
ser explicada pelo fato do preconceito da definição da
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cor, pois dificilmente o indivíduo moreno vai declarar
em ser negro.
A ocorrência dos hipertensos entre os sexos
masculino e feminino variou de um ano para o outro. A
Figura 2 mostra que as mulheres acometidas com
hipertensão apresentaram maior porcentagem, tanto no
ano de 2009 (51%) quanto em 2010 (57%). O aumento
do percentual da hipertensão em mulheres pode ser
explicado pela maior conscientização das mulheres,
quando comparadas aos homens, em relação à doença,
as quais procuram os médicos especializados e
começam o tratamento no início da doença e,
consequentemente, se aderem melhor à isso (NOBLAT
et al., 2004). E ainda, outros estudos, como os
realizados por Hajjar; Kotchen e Kotchen (2006),
mostram prevalência da hipertensão mundial, embora
com pequena diferença, entre os gêneros, com maiores
índices em homens mais jovens e em mulheres mais
idosas.
pacientes nos dois anos (2009 e 2010) e dos dois
gêneros (feminino e masculino) estudados (Tabela 2).
Segundos os dados do ano de 2009, observouse um discreto percentual nos níveis de pressão
diastólica na faixa de 60 – 80 representando 3% para
ambos os sexos, e nota-se um aumento de pacientes na
faixa de 90 – 110 com 35% de pacientes do sexo
masculino e 37% do sexo feminino, observamos
também a diminuição de pacientes na faixa de 150 –
180 com 1% para ambos os sexos. No ano de 2010
nota-se uma discreta diminuição na faixa de 60 - 80 em
relação ao ano anterior com 2% para ambos os sexos.
Segundo Hogan (2000), as emergências
hipertensivas são definidas como pressão arterial
sistólica quando maiores de 210 mmhg e diastólica
maior que 130mmhg, associada a diversos sintomas.
Emergências hipertensivas são frequentes em pacientes
que não aderem ao tratamento (MARTIN et al., 2004).
Com a idade a pressão sistólica tende a
aumentar e a diastólica aumenta até os 50 anos em
homens e 60 anos em mulheres, podendo diminuir após
essa faixa etária. Mais da metade da população idosa
tem hipertensão, sendo a mais frequente a sistólica o
que dificulta o controle da doença.
Tabela 2: Incidência das crises hipertensivas
registrados no Hospital Municipal Dr° Kleide Coelho
de Lima de Barra do Garças nos anos de 2009 e 2010
segundo a pressão arterial sistólica e diastólica. Barra
do Garças - MT, 2011.
2009
Feminino Masculino
Figura 2: Incidência das crises hipertensivas
registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho
de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e
2010 segundo o gênero . Barra do Garças - MT, 2011.
Segundo Lessa et al.,(2006) a diferença na
incidência do aumento de pressão arterial entre os
sexos (feminino e masculino) pode variar,
nacionalmente ou internacionalmente, de acordo com
fatores socioeconômicos, étnicos, escolaridade etc. O
aumento na hipertensão arterial em mulheres se deve
ao mundo moderno, onde a mulher entra no mercado
de trabalho e com isso adquiri alguns riscos de vida e,
por consequência, há um aumento no estresse, o qual
pode desencadear várias patologias como, por
exemplo, a hipertensão arterial sistêmica.
A análise da Tabela 2 evidenciou que a maior
porcentagem de pacientes estudados tinha pressão
arterial sistólica na faixa de 150-170 em ambos os anos
(2009 e 2010), sendo 28% e 26% nas mulheres e
homens, respectivamente, no ano de 2009 e 34%
(mulheres) e 25% (homens) em 2010. Na faixa de 180140 ocorreu a segunda maior porcentagem, enquanto
que a faixa de 260-280 foi verificada apenas 1% dos
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2010
Feminino Masculino
150-170
180-190
200-220
230-250
260-280
N°
188
103
46
7
4
%
28
15
7
1
1
PA Sistólica
N°
%
181
26
98
14
37
5
11
2
4
1
N°
297
123
57
18
2
%
34
14
6
2
1
N°
223
93
47
9
1
%
25
11
5
1
1
60-80
90-110
120-140
150-180
190-220
23
252
70
4
0
3
37
10
1
0
PA Diastólica
21
3
23
240
35 368
67
10
90
5
1
14
0
0
2
2
42
10
2
1
17
278
72
7
0
2
32
8
1
0
Os resultados entre o estado civil e a
hipertensão arterial são apresentados na Figura 3. Há
maior incidência de hipertensos casados, os quais
representam 45% no ano de 2009 e 49% no ano de
2010. Quanto aos pacientes solteiros, 22% foram
atendidos no ano de 2009 e 23% no ano seguinte. Os
hipertensos amasiados no ano de 2009 representaram
10% e no ano seguinte com 9%. Em ambos os anos
de estudo, os desquitados representaram 2% dos
pacientes hipertensos, o mesmo nível porcentual foi
encontrado para os divorciados no ano de 2009 e com
um pequeno aumento no ano seguinte de 3%.
Observamos também que houve um pequeno aumento
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nos pacientes viúvos com 12% em 2009 e 13% em
2010.
Em estudos realizados em uma unidade básica
de saúde no Maranhão por Mousinho e Moura (2008),
os resultados relacionados ao estado civil foram
parecidos com os encontrados no pronto socorro de
Barra do Garças, onde os pacientes casados
correspondem às maiores porcentagens afetadas com
hipertensão. Os mesmos autores afirmam que os
solteiros são menos acometidos por hipertensão arterial
por causa do auxílio de um membro da família,
facilitando o tratamento adequado.
De acordo com os estudos de Sawyer; Leite e
Alexandrino, (2002), a presença de um companheiro ou
de familiares está lidado aos serviços de saúde,
havendo maiores chances de diagnosticar a
hipertensão, o que mostra a maior incidência da
hipertensão nessas classes civis.
Figura 3: Incidência das crises hipertensivas
registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho
de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e
2010 segundo o estado civil. Barra do Garças - MT,
2011.
Figura 4: Incidência das crises hipertensivas
registrados no hospital Municipal Dr° Kleide Coelho
de Lima de Barra do Garças - MT, nos anos de 2009 e
2010 segundo a escolaridade. Barra do Garças - MT,
2011.
A baixa escolaridade é um fator que pode
contribuir para a resistência dos pacientes à
determinados tratamentos, entre eles o de hipertensão.
Além da resistência, a pouca educação escolar
associada com fatores socioeconômicos como baixa
renda, que limita o acesso ao centros especializados de
saúde, e psicológicos, como alcolismo, também
contribuem para o aumento na pressão arterial da
população (MION Jr et al., 2004).
Assim sendo, a escolaridade e um fator que
merece atenção, pois de acordo com os estudos de
Mansano; Vila e Rossi (2009) quanto menor o nível
escolar dos indivíduos maior será a exposição as
doenças cardiovasculares e o risco de desenvolver a
hipertensão arterial, diferente daqueles com nível
superior, que pode ter maiores informações necessárias
ao tratamento.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No atributo escolaridade foi observada maior
incidência de pacientes hipertensos com 1º grau
incompleto, representando 40% no ano de 2009 e no
ano seguinte com 38%; a segunda maior incidência foi
encontrada em pacientes que tinham ensino
fundamental completo com 18% das fichas analisadas
no ano de 2009 e no ano consecutivo com uma discreta
diminuição com 17%; já os hipertensos que se
mostraram sem nenhum estudo ou não declararam a
sua escolaridade representaram 17% no ano de 2009 e
16% no ano subsequente (Figura 4).
Por outro lado, os resultados mostraram que as
menores porcentagens foram encontradas em pacientes
com crises hipertensivas que tinham o 3º grau
completo, apenas 3% no ano de 2009 e 4% no ano de
2010, e o 3º grau incompleto, 1% de hipertensos em
ambos os anos estudados (Figura 4).
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ISSN 1984-431X
Ao analisarmos os resultados conclui-se que,
no município de Barra do Garças, os atendimentos aos
hipertensos tenham sido cada vez mais frequente na
unidade de urgência e emergência do Hospital
Municipal Dr° Kleide Coelho de Lima nos anos de
2009 a 2010. Portanto, no ano de 2009 observa-se que
de 682 fichas de atendimentos a maioria foi do sexo
feminino com 51% e no ano seguinte foram analisadas
871 fichas de atendimento com 57% dos pacientes do
sexo feminino. Com relação às características assistidas
constatou-se que a maioria dos pacientes se encaixava
na faixa etária de 50 a 59 anos nos dois anos estudados,
com grande incidência de pessoas da cor parda e raça
branca.
Contudo, evidenciou-se um elevado índice da
pressão arterial sistólica na faixa de 150-170, nos dois
anos analisados em ambos os sexos. No ano de 2009
observou-se um discreto percentual nos níveis de
pressão arterial diastólica na faixa de 60-80 com 3%
para ambos os sexos e no ano seguinte percebe-se uma
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relativa diminuição em relação ao ano anterior com 2%
para ambos os sexos. O ano que mais teve atendimento
foi o de 2010 e com maior incidência de casados nos
dois anos respectivamente. Portanto, nos anos
analisados há uma incidência maior nas crises
hipertensivas nos pacientes com 1º grau incompleto.
Quanto ao preenchimento das fichas de
atendimentos pelos médicos, observou-se que muitos
não descreviam os possíveis sinais e sintomas
apresentados pelos pacientes, que geralmente
compareciam na unidade de urgência e emergência
para fazer uma avaliação clínica ou porque eram
pacientes com diagnóstico de hipertensão arterial
sistêmica. Assim sendo, diante do estudo apresentado,
a partir da metodologia empregada e dos resultados
obtidos, os objetivos propostos foram alcançados,
discutidos, demonstrados e reforçados.
Portando, percebe-se a necessidade de alertar
os profissionais na área da saúde sobre a importância
do registro, para se conhecer as características destes
pacientes a fim de manter um controle e prevenção dos
hipertensos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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123 1. INTRODUÇÃO A Hipertensão Arterial Sistêmica