Impresso fechado,
pode ser aberto pela ECT
Impresso
Especial
9912285067/2011-DR/CE
FIEC
Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano VII n No 73 n JUNHO/2013
CORREIOS
3
DIA DA INDÚSTRIA
Homenagem a quatro empresários cearenses, exemplos de empreendedorismo, e discursos
em defesa de uma indústria viva e moderna marcaram a solenidade comemorativa
/sistemafiec
@fieconline
Publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará
junho 2013 | No 73
........................................................................................
CAPA
Inovação
10
Israel é exemplo
Missão organizada pela FIEC
conhece experiências de
24
Dia da Indústria
Comemoração homenageia quatro empresários e é
marcada por discursos de defesa do setor
sucesso que levaram o país
a ser destaque mundial
Sustentabilidade
Serviços para a indústria
18
Instituto SENAI de Tecnologia
Equipamento na área metalmecânica será instalado
em Maracanaú, na região
nos negócios
22 Sucesso
Consultoria do SESI
Competitividade
42 Indústria Viva
Seminário realizado
na FIEC apresentou o
programa e discutiu os
rumos da indústria local
auxilia micro e pequenas
empresas a ser
sustentáveis
metropolitana de Fortaleza
Desigualdade regional
34
Integra Brasil
Primeiro dos quatro workshops
previstos é realizado na
Federação das Indústrias do
Estado do Ceará
Seções
Tecnologia e educação
38
SESI/CE recebe equipamentos
Unidades escolares atuarão
com kit de equipamentos
MensagemdaPresidência........5
Notas&Fatos..............................6
Inovações&Descobertas..........41
para projeto de tecnologia
da informação
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
3
Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior,
Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa
Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard
Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros. CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo
Lima Marcelo Suplentes Fernando Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI
Titulares Fernando Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro, Alexandre Pereira Silva,
Carlos Roberto Carvalho Fujita e Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega
Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Suplente Raimundo Nonato
Teixeira Xavier Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes da
Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante dos Trabalhadores
da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard Pereira Silveira, Edgar
Gadelha Pereira Filho e Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula Andréa Cavalcante da Frota e Luiz Francisco
Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria
Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho
e Emprego Efetivo Francisco José Pontes Ibiapina Suplente Raimundo Nonato Teixeira Xavier Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará
Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional Fernando Ribeiro de Melo Nunes
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Instituto de Desenvolvimento Industrial – INDI
Presidente Roberto Proença de Macêdo – Diretor corporativo Carlos Matos
Instituto FIEC de Responsabilidade Social – FIRESO
Presidente Roberto Proença de Macêdo – Vice-presidente Wânia Cysne de Medeiros Dummar
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Camila Gadelha ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz
Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Fotografia de capa José
Sobrinho Diagramação Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.
Telefones (085) 3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia
(AIRM) do Sistema FIEC Gerente da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434 e
3421-5436 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revistadafiec
Revista da FIEC. – Ano 7, n 73 (jun. 2013) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
CDU: 67(051)
4 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
MensagemdaPresidência
Roberto Proença de Macêdo
O ecossistema produtivo
do Ceará
Estamos avançando em nossos esforços para a constru-
empresas sul-africanas, espaço que hoje vem sendo ocupado
ção de um novo processo de desenvolvimento industrial, em uma pelos chineses. Já o embaixador sul-coreano Bon-Woo KOO,
perspectiva de estreita integração com os demais setores produ- mirando os nossos projetos estruturantes do complexo intivos, com a academia e com o governo. As estruturas montadas dustrial do Pecém, manifestou o seu desejo de ter empresas
pela FIEC e seus parceiros começam a engrenar, almejando che- cearenses como fornecedoras da CSP, tanto na fase de imgarmos a uma rede tripartite de articulação capaz de conectar os plantação como na de funcionamento.
mais diversos agentes, com o objetivo de inovar para aumentar
No seminário Indústria Viva, constatou-se a necessidade
nossa competitividade.
imperiosa de termos indústrias competitivas e, para isso, preInspirados em iniciativas de cooperação como as que origina- cisamos fortalecer as já existentes e criarmos novas para atenram os ecossistemas do Vale do Silício
der demandas emergentes no Ceará, no
e do entorno da Unicamp, pretendeBrasil e no mundo. O professor Maurímos potencializar nossas competêncio Canêdo, da FGV, chamou a atenção
As
estruturas
montadas
cias de manufatura, gestão, modelo de
para o fato de que não basta ter indúsnegócio e forma de atuar no mercado,
pela FIEC e seus parceiros trias pesadas, é “preciso dar ênfase a
reforçando a inserção do Ceará em
políticas industriais leves”. Outro aspeccomeçam
a
engrenar,
almejando
suas conexões globais. O ecossistema
to destacado por esse pesquisador é a
que queremos montar envolve todo
chegarmos a uma rede tripartite de necessidade de se ter uma visão crítica
o setor produtivo, suas relações instisobre o processo de encadeamento, pois
tucionais, a cultura da inovação e as articulação capaz de conectar os
não é qualquer cadeia produtiva que
estratégia de negócios.
oferece as melhores condições de commais
diversos
agentes.
Após o retorno da nossa missão
petitividade. Ele defende o conceito de
a Israel, quando fomos àquele país
encadeamento inteligente, ou seja, um
vivenciar o seu ecossistema de inovaencadeamento fundamentado nas peção, temos tido uma intensa movimentação em torno de no- culiaridades de cada setor.
vas oportunidades de negócio envolvendo empresas do estado.
O desenvolvimento sustentável da indústria cearense passa
Nesse sentido, foram estimulantes as visitas feitas à nossa Fede- pela nossa capacidade de agregar valor aos nossos produtos e
ração por embaixadores e grandes investidores internacionais, a serviços, de aumentar a produtividade das nossas empresas,
realização do seminário Indústria Viva e os frutos colhidos pelo enfim, pelo grau de transformação dos nossos talentos em emCIC em suas viagens de mobilização para viabilizar o Fórum preendimentos competitivos que gerem emprego e renda. TeIntegra Brasil em favor da união e fortalecimento regional, na mos feito grande esforço na análise das oportunidades ofereperspectiva do desenvolvimento equilibrado do país.
cidas por startups e estudos para a criação de polos industriais
A diversidade das oportunidades fica evidente nas propo- em diversas regiões do estado.
sições feitas pelos embaixadores da África do Sul e da Coreia
A formação e a consolidação do ecossistema produtivo do Ceará
do Sul. O diplomata africano Mphakama Mbete concentrou- dependem do grau de protagonismo do empresariado na constru-se no delineamento de possibilidades para nós cearenses na ção do futuro que desejamos e da nossa capacidade de intensifimontagem de empreendimentos solo ou em parcerias com carmos o trabalho conjunto entre empresas, academia e governos.
“
“
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge Alberto Vieira
Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo Adjunto José Ricardo
Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha Pereira Filho Diretores Antonio
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
5
a c o n t ece
Inova SENAI
Inscrições de
projetos até
15 de julho
O Núcleo dAlunos,
docentes, técnicos e
consultores do SENAI,
além de representantes
de empresas parceiras,
podem inscrever até
15 de julho projetos na
etapa estadual da Inova
SENAI, competição
de abrangência
nacional que tem o
objetivo de incentivar
o desenvolvimento
da capacidade
empreendedora,
raciocínio lógico e
criatividade mediante
projetos de inovação de
interesse da indústria
e da sociedade. Os
projetos podem
concorrer nas categorias
Produto Inovador,
Processo Inovador,
Serviço Inovador e Voto
Popular, direcionados
às áreas de alimentos,
automação industrial,
energia, produção
gráfica, química,
telecomunicações e
têxtil e vestuário, dentre
outras. A competição será
realizada nos dias 20 e
21 de novembro.
>> Cartas à redação contendo
comentários ou sugestões de
reportagens podem ser enviadas
para a Assessoria de Imprensa
e Relações com a Mídia (AIRM)
Avenida Barão de Studart, 1980,
térreo, telefone: (85) 3421-5434.
E-mail: [email protected]
n o
S is t e m a
F I E C ,
n a
P o l í t ic a
e
n a
E c o n o m i a
Green Building
Relações internacionais
Embaixador da África
do Sul na FIEC
Sinduscon
lança
cartilha
O
embaixador da África do Sul no Brasil, Mphakama
Mbete, foi recebido pelo presidente da FIEC, Roberto
Proença de Macêdo, na Casa da Indústria, no início de
junho. No encontro, o embaixador externou o desejo de ver
empresas cearenses investindo na África do Sul, citando
áreas de interesse como alimentos, tecnologia e maquinário.
Segundo Mphakama Mbet, o país possui uma economia que
está se mostrando cada vez mais forte, apesar de existirem
ainda alguns obstáculos a ser superados. Roberto Macêdo
retribuiu o interesse em manter relações comerciais com a
África do Sul, lembrando que a CNI e o governo brasileiro
já desenvolvem ações visando aprofundar as ações
comerciais. O presidente da FIEC disse que, em relação ao
Ceará, os empresários estão sempre dispostos a aproveitar
as boas oportunidades que surgem no mercado.
O Sindicato da Indústria
da Construção Civil do
Ceará (Sinduscon/CE)
lançou, no final de maio,
a cartilha Green Building
(Edifício Verde), de
autoria dos especialistas
Alexandre Mourão,
Alexandre Rocha, Caroline
Valente e Eduardo Cabral,
sob a coordenação
do vice-presidente de
Tecnologia da entidade,
Eugênio Montenegro. A
publicação traz o conceito
de obras sustentáveis,
desde a concepção e
utilização dos produtos,
até o seu descarte. Na
cartilha, também são
prestados esclarecimentos
sobre certificados que
contemplam empresas
que promovem práticas
construtivas atreladas à
sustentabilidade, como
o LEED (Leadership in
Energy and Environmental
Design) e o AQUA (Alta
Qualidade Ambiental).
Corin
Presidente da CDC participa de reunião
O presidente da Companhia Docas do Ceará
(CDC), Paulo André Holanda, que administra
o Porto de Fortaleza, situado no Mucuripe,
reuniu-se em 12 de junho com membros do
Conselho Temático de Relações Internacionais
(Corin) da FIEC. Na oportunidade, ele
apresentou a estrutura do porto e discutiu
assuntos relacionados ao recebimento de
cargas. De acordo com Paulo André, o porto
6 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
tem estrutura para operar múltiplas cargas.
Ele destacou a criação do Centro Vocacional
Tecnológico Portuário Manuel Dias Branco
(CVT) da Companhia Docas, voltado a oferecer
capacitação tecnológica de trabalhadores
portuários e jovens e adultos no entorno do
Porto do Mucuripe, como também à difusão do
conhecimento científico e tecnológico para a
população local por meio de cursos.
Responsabilidade social
Inovação
SESI/CE recebe
inscrições para
curso
IEL apresenta
programa de trainees
O Núcleo de
Responsabilidade Social
Empresarial (NRSE) do
SESI/CE recebe inscrições
para a 11ª turma do curso
de Formação de Agentes de
Responsabilidade Social.
O propósito é formar
lideranças com foco na
sustentabilidade para
implantação de ferramentas
de responsabilidade social
e mobilização de recursos
para gerar maior impacto
social. O início do curso
está previsto para o mês
de agosto. O programa de
agentes foi lançado em 2006
a fim de ampliar a atuação
das empresas cearenses
nesse campo. Desde então,
mais de 200 profissionais
foram formados, oriundos
de mais de 140 empresas em
todo o estado. O cronograma
do curso, com 44 horas/
aula, abordará temas como
mudança de paradigma,
espiral de relacionamento, o
reconhecimento do potencial
criativo, polaridades e
conflitos, combate ao
estresse, modelo e estilos
de lideranças, planejamento
estratégico e orientação
para formação de rede,
dentre outros. Informações:
3421 5852 / 3421 5854
ou [email protected].
CURTAS
---------------------
Foto: GIOVANNI SANTOS
q u e
Foto: GIOVANNI SANTOS
O
Notas&Fatos
Notas&Fatos
O
IEL/CE promoveu no dia 18 de junho
um café da manhã para apresentar a
empresários e gestores o Programa
de Formação de Recursos Humanos em
Áreas Estratégicas (RHAE) Trainee para
Inovação, uma parceria em nível federal
envolvendo o IEL Nacional e o CNPq, que
visa desenvolver ações de inovação no setor
privado. O programa oferece bolsas de estudo
a graduandos, graduados ou mestrandos para
o desenvolvimento de planos de inovação
vinculados à tecnologia de produção e/ou
gestão. O CNPq e o IEL oferecerão mil bolsas
em todo o Brasil. As empresas selecionadas
entram como parceiras do programa pelo
período de 14 meses, no qual serão executadas
as ações vinculadas ao projeto base. Mais
informações pelo telefone (85) 3421 6529.
AGENDA
...................................................
A FIEC está com inscrições abertas, até 31 de julho, para a 10ª edição do Prêmio FIEC
por Desempenho Ambiental. Este ano, ao se comemorar dez anos da iniciativa, o Núcleo
de Meio Ambiente (Numa) da FIEC pretende não só fortalecer o trabalho de divulgação
da premiação, como ampliar as ações em torno da preservação do meio ambiente. Estão
em disputa as modalidades Produção Mais Limpa, Reuso de Água, Educação Ambiental e
Integração com a Sociedade. Poderão participar empresas do setor industrial, associadas
aos 39 sindicatos filiados à FIEC, que tenham implantado projetos de melhoria de
qualidade do meio ambiente. Mais informações: (85) 3421 5916 / 3421.5923 /
http://www.fiec.org.br/meioambiente/premio_fiec.asp.
n
n O presidente do
Sindicato das Indústrias
Metalúrgicas Mecânicas
e de Materiais Elétricos
do Estado do Ceará
(Simec), Ricard Pereira,
apresentou as boas
práticas do sindicato
quanto ao associativismo
durante o 7º Programa
de Imersão da Federação
das Indústrias do Rio
Grande do Norte (FIERN) –
Fortalecimento da Gestão
Sindical, no Rio Grande
do Norte, entre os dias 7
e 9 de junho. Estiveram
presentes a diretoria
da FIERN, dirigentes
do SESI/SENAI/IEL,
presidentes e delegados
dos 28 sindicatos filiados
à Federação das Indústrias,
a gerente do PDA da CNI,
Camilla Cavalcante, a
executiva da CNI, Diana
Nery, o consultor Márcio
França e a gestora do PDA
da FIEC, Lúcia Abreu.
n O setor de panificação
e a cadeia produtiva desse
segmento no Ceará têm
encontro marcado nos dias
21, 22 e 23 de agosto,
por ocasião em Fortaleza
do Cearapão. Considerado
um dos maiores eventos
de panificação da região
Nordeste, o evento será
realizado no Centro de
Eventos e contará com
vários expositores que
trazem novidades no
segmento. O Cearapão é
promovido pelo Sindicato
das Indústrias de
Panificação e Confeitaria
do Estado do Ceará, em
parceria com a Associação
Cearense da Indústria de
Panificação (Acip).
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
7
Israel
Exemplo de inovação
milhões de habitantes, tem estocado perto de
75 bilhões de dólares em investimentos diretos,
uma média de 9,49 mil dólares por habitante,
quase três vezes mais que o Brasil, em termos
relativos. Nos últimos dez anos, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o valor real
da economia israelense, por cidadão, cresceu
48,64% – contra 27,83% na União Europeia,
30,26% nos Estados Unidos e 32,67% nos 35
países com maior renda per capita do mundo.
A explicação de números tão positivos se
deve ao desenvolvimento de forte indústria
aeroespacial, a negócios na área de energia e,
principalmente, a uma base econômica forte de
indústria de alta tecnologia, com exportações de
softwares, produtos farmacêuticos e químicos.
Grande parte do sucesso na economia é fruto
do investimento em tecnologia e inovação, que
é feito, sobretudo, pelo governo, mas com ampla
participação do setor privado, com parceria de
centros de pesquisa e universidades.
Para aprender na prática esse processo de
aproximação do setor produtivo com as universidades e conhecer os mecanismos de geração e
transferências de tecnologia para as empresas,
a Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FIEC) liderou, entre os dias 28 de abril e 5 de
maio, uma missão a Israel, composta de empresários, representantes do governo estadual e de
universidades cearenses. Segundo o presidente
da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, que es-
teve à frente da missão, parte do sucesso do país
deve-se ao patriotismo da população. “Antes
de tudo, eles são patriotas. É uma nação muito
orientada para a sobrevivência. Cada cidadão é
formado para amar a pátria e dar retorno a ela.”
O presidente se mostrou ainda mais impressionado com o que viu em Israel durante a missão. “Uma coisa é ouvir sobre a realidade de Israel,
outra coisa é ver.” E fez uma alerta: “Temos muito
a fazer no Ceará, principalmente uma mudança
cultural para criarmos um outro futuro”.
A missão consolida a segunda etapa do programa Universidade-Empresa (Uniempre), iniciativa da FIEC, executada pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI), que
teve início em 2011 com o objetivo maior de fortalecer a cooperação entre indústria e academia,
visando promover avanço tecnológico, inovação
e aumento da competitividade do setor industrial
do Ceará. A iniciativa já contempla quase 34% da
indústria cearense, com a participação dos setores
eletrometal-mecânico, construção civil e químico.
A partir da missão, já existem ações concretas. Na segunda semana de junho, professores
israelenses, entre eles Raphael Bar-El, da Universidade de Ben-Gurion, que atua como consultor da FIEC, e Dafna Schwartz, consultora
externa do Ministério da Indústria e Comércio
de Israel e membro do conselho de diretores de
seis entidades no país, estiveram no Ceará para
discutir a segunda fase do Uniempre.
Missão organizada pela FIEC levou empresários, líderes classistas,
representantes de universidades e do governo a Israel para conhecer
experiências de sucesso que levaram o país a ser destaque mundial
E
m 65 anos de existência, Israel, país localizado em
área de deserto, com população ligeiramente menor
que a cearense, alcançou um Produto Interno Bruto
(PIB) per capita de 31,282 dólares, segundo dados do Banco
Mundial, em 2010, enquanto o do Ceará é de 2,986 dólares,
que representa 9,5% do PIB per capita israelense. Há outros
números de impacto. A indústria manufatureira representa
10 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
perto de 35% de um PIB situado em 243 bilhões de dólares,
e 75% das exportações. A tecnologia responde diretamente
por 15% desses números e reforça o caminho para a elevada
produtividade das demais atividades.
Excluindo o setor militar, o país aplica 4,5% da renda
anual de sua economia em pesquisa e desenvolvimento,
de longe o melhor desempenho mundial. Com apenas 7,7
Foto: ARQUIVO INDI
Camila Gedelha
Parte da comitiva da FIEC durante visita à Universidade de Ben-Gurion. Da esquerda para direita, acima: Paulo Studart, Fernando Cirino,
Roberto Macêdo, Raphael Bar-el, Fernando Nunes e Almir Bitencourt. Embaixo: Ricardo Cavalcante, Carlos Matos, Beto Studart, Roberto
Sérgio, Dafna Schwartz, Virgílio Araripe, Jesualdo Farias, Jackson Sávio.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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11
do Fundo de Inovação, que irá reunir um valor inicial de 2
milhões de reais para apoiar a criação de startups – empresas
de pequeno porte, inovadoras, de alta tecnologia. Atualmente, estão sendo definidas as questões tributárias do fundo,
para que comece a atuar. Carlos Matos se reuniu em meados
de maio com grupo de investidores e com técnicos de instituições como o Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais
(Ibmec) e o Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças
(Ibef), para aprofundar a discussão do fundo. A ideia, segundo o diretor do INDI, é que os investidores entrem como sócios nas startups, pois o mercado de capitais é mais adequado
que o crédito comercial para iniciativas de inovação.
Os resultados da missão não são apenas pontuais, garante Carlos Matos, e serão percebidos também com o passar
do tempo, por meio de mudança de atitudes e integração
entre os três atores do desenvolvimento da inovação – academia, setor produtivo e governo –, que foi o grande objetivo da ida a Israel. “Não só pelo que vimos em Israel, mas
pela integração, já começa a ser criada agenda de cada instituição que esteve na missão.”
Roteiro da inovação
A
s visitas foram organizadas para que os
participantes pudessem conhecer como
se dá o processo de interação entre as
empresas e os centros de pesquisa e ver de perto
os investimentos em inovação que fazem de Israel
um país lembrado pelo desenvolvimento dessa
área. A primeira parada, em Telaviv, foi para visitar
a Associação de Indústrias de Israel. Lá, líderes
classistas cearenses apresentaram seus setores
de atuação e puderam conhecer mais sobre as
indústrias locais.
“
“
Marcos Soares,
presidente do Sindquímica
Foto: ARQUIVO INDI
Precisamos
sentir as
situações cotidianas
nas empresas com os
olhos da inovação. Em
Israel, vimos que isso é
possível.
12 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Setor forte em Israel é o químico
e plástico, que participa com 22,3%
do valor adicionado da indústria. O
presidente do Sindicato das Indústrias
Químicas, Farmacêuticas e da Destilação e
Refinação de Petróleo do Estado do Ceará
(Sindquímica), Marcos Soares, aproveitou
o desenvolvimento do setor naquele
país para buscar possíveis parcerias.
“Apresentamos as empresas, o sindicato,
o setor e fizemos vários contatos. Foi uma
viagem muito proveitosa, sobretudo a
visita feita à empresa Teva, e que irá surtir
muito mais efeito”, conta. Ele já se reuniu
em São Paulo com representantes de
empreendimentos de Israel.
Como empresário, Marcos Soares diz que
trouxe de Israel uma certeza: as empresas
têm de olhar a inovação com outros olhos.
“Precisamos sentir as situações cotidianas
nas empresas com os olhos da inovação.
Em Israel, vimos que isso é possível.” O
mais estratégico, acredita, foi a parceria
com os representantes das universidades:
“Foi importante a união durante a viagem
para que eles percebam a importância de
as universidades trabalharem em prol das
indústrias, desenvolvendo produtos para
elas, recebendo demandas”.
Em seguida, a comitiva seguiu para o
Instituto Weizman, universidade pública de
pesquisa, a fim de ver de perto o processo de
transferência de tecnologia da academia para
uso na indústria. O instituto é um dos principais
centros de pesquisa multidisciplinares do
mundo, com cerca de 2 500 cientistas,
bolsistas de pós-doutorado, doutorado e
técnicos. A Yeda Research e Development
Company Ltda. é responsável pela transferência
de tecnologia do Weizmann, comercializando
propriedade intelectual criada em seus
laboratórios. No instituto, os participantes
ouviram falar no “vale da morte”, expressão
usada para explicar a distância entre o que se
produz na academia e a utilização prática por
parte do setor produtivo.
A próxima parada da comitiva foi na Central
de Inovação da Intel. A empresa, situada em
Haifa, hoje emprega mais de 7 800 pessoas,
além de afetar indiretamente o emprego de
23 000 trabalhadores em Israel. São pioneiros
da indústria de alta tecnologia no país,
trabalham em muitos níveis de tecnologia e
estão diretamente ligados ao desenvolvimento
da mão de obra qualificada.
Um ponto observado pelos participantes foi
o estímulo às tentativas de inovar. “Em Israel, o
fracasso não é um fator negativo. Faz parte da
caminhada. Essa é uma grande diferença para
o Brasil”, destacou Carlos Matos. O mesmo
foi observado pelo presidente do Sindicato
das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e
de Materiais Elétricos do Estado do Ceará
(Simec), Ricard Pereira. “Culturalmente, em
Israel, eles tentam, erram e tentam de novo,
até que chega a hora de acertar. Eles dão a
mão a quem tentou e não conseguiu, diferente
do nosso estado. Inovar é uma atividade de
risco. Isso é necessário.”
Ricard Pereira também conseguiu ver
semelhanças entre Israel e o Ceará: “Temos
boas cabeças, inteligência, assim como em
Israel”. As semelhanças climáticas também
foram observadas pelo vice-presidente da FIEC,
Beto Studart, que se surpreendeu com todas
as iniciativas e pesquisas realizadas naquele
país, mas em especial com a grande variedade
de setores produtivos contemplados e a gestão
de recursos hídricos. “Tivemos a oportunidade
de conhecer pesquisas e produtos em áreas
como a da indústria farmacêutica; entendemos
o funcionamento de startups surgidas na
indústria de tecnologia em informática e
telecomunicações; visitamos uma das maiores
Foto: ARQUIVO INDI
Outra iniciativa da missão foi o convite oficial aos gestores da Teva, maior empresa do mundo produtora de medicamentos genéricos inovadores, para instalação de uma unidade no Ceará. A FIEC também está engajada em trazer um
centro de tecnologia montado pela empresa para o estado. A
empresa tem sede em Israel e está em 60 países pelo mundo. De acordo com o diretor corporativo do INDI, Carlos
Matos, 7% de seu faturamento são investidos em pesquisa e
desenvolvimento, o que possibilita, “a constante descoberta
de novos medicamentos”.
A viagem também impulsionou articulações para que sejam utilizados corretamente os 30% dos fundos setoriais da
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) previstos para a
região Nordeste e que não estão sendo destinados adequadamente, de acordo com avaliação de Carlos Matos. Esses recursos, voltados para aplicação em pesquisa, desenvolvimento e
inovação nas empresas, são colocados à disposição via editais
nacionais. Porque alguns estados não atingem as exigências
dos editais, os recursos são aplicados em outras regiões.
Também impulsionada durante a missão foi a articulação
empresas de alimentos do país e que tem
projeção mundial; e pudemos compreender
como um país encravado em uma área tão
árida, assim como nós, no Ceará, consegue
trabalhar de forma competente a gestão de
águas”, enumerou Beto Studart.
A próxima visita foi realizada ao Technion
– Instituto de Tecnologia de Israel. Focado
em engenharia e ciências exatas, é de lá que
vêm saindo as pesquisas mais importantes do
mundo. O instituto foi o destaque das visitas
para o empresário e delegado representante
da FIEC na Confederação Nacional da
Indústria (CNI), Fernando Cirino Gurgel.
“O instituto merece destaque por ser uma
universidade de excelência em nível mundial,
que forma pessoas e tem uma adequada
estrutura de cooperação com as empresas.”
Também visitada pelos participantes
da missão foi a indústria Strauss, do ramo
de alimentos, com foco na inovação, que
está presente na indústria brasileira após
ter comprado a Santa Clara. Em 2001, o
faturamento da Strauss ficou em 83 milhões
de dólares. Após a compra da empresa
brasileira, o faturamento saltou para 605
bilhões. Em 2013, a expectativa é que o lucro
da empresa atinja a marca de 1,8 bilhão
de dólares. A Strauss, focada na relação
empresa-academia, criou um empreendimento
para estreitar esse convívio e facilitar os
resultados – a Alphastrauss. Durante a visita, o
presidente da FIEC e toda a comitiva fizeram o
convite oficial para que a empresa instale um
dos centros de tecnologia no Ceará. Segundo
Carlos Matos, a ideia foi bem recebida.
Visita à indústria
Strauss, empresa que
comprou no Brasil a
Santa Clara
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
13
Aproximação academia-empresa
O
fosso invisível que separa a academia do setor produtivo
começa a diminuir. A constatação é unânime entre os
participantes da missão. Essa aproximação teve início na
própria viagem, no relacionamento interpessoal. O vice-presidente
da FIEC e presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil
do Ceará (Sinduscon/CE), Roberto Sérgio, integrante da missão,
lembra que antes da ida a Israel existia um afastamento sem
motivos entre os dois setores, mas que tal distância foi diminuída.
“O magnífico reitor, lá, era igual a todos nós. Aqui no Brasil, no
Ceará, a academia é isolada dos empresários. O maior mérito da
missão foi a presença dos representantes das universidades. As
conversas e as trocas foram de importância tão grande quanto o
que foi absorvido nas visitas.”
Como empresário, Roberto Sérgio voltou com a certeza de
que é possível aproximar universidades de empresas e obter
ganhos satisfatórios para ambas as partes. “As pesquisas
realizadas nas universidades daqui vão para as prateleiras.
Os doutores fazem teses e a sociedade não utiliza. Cada vez
mais tenho a consciência, também como sindicalista, que,
se houver troca de informações e união, teremos sucesso
cada vez maior”, acredita.
14 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Ele lembra que em Israel as entidades representativas das
empresas têm aproximação intensa com a universidade: “É uma
via de mão dupla. A universidade apresenta as pesquisas às
associações de empresários e questiona se querem assumir
o financiamento. As associações também apresentam as
demandas e as universidades e institutos de pesquisas estudam
formas de resolvê-las”.
Para Beto Studart, um dos principais legados da
viagem foi ver de perto como acontece o que chamou de
“espetacular simbiose” entre a universidade e a sociedade.
“Uma proximidade entre o saber e a vida prática. Isso me
chamou muito a atenção, pois todo o movimento intelectual
desenvolvido pela academia se dá com uma preocupação
notória de se aproximar da vida das pessoas, de trazer
benefícios para o país. É por isso que Israel se destaca
mundialmente nesse conceito que eu chamaria, em uma
licença poética, de ‘ciência prática’’’, completa.
A aproximação com a experiência de Israel também foi
destacada pelo diretor financeiro da FIEC, Carlos Gama:
“Vimos como é possível, na prática, setor produtivo e academia
trocarem ideias e, juntos, encontrar soluções para os desafios
“
A única maneira
de construir
pontes é por meio do
diálogo constante.
Jackson Sávio de Vasconcelos,
diretor do Centro de Ciências
Tecnológicas da Unifor
Foto: ARQUIVO INDI
que se apresentam à humanidade. Vimos
isso no setor químico (descoberta de novos
medicamentos), de alimentação, de tecnologia da
informação e outros mais”.
“Na UFC, já havia o desejo, mesmo antes
de ser realizada a primeira missão a Israel,
de ter uma relação mais próxima com o setor
produtivo”, diz o reitor da Universidade Federal
do Ceará (UFC), Jesualdo Farias. Segundo ele,
a universidade já mantém relações estreitas com
muitas indústrias. Alguns laboratórios desenvolvem
pesquisas para instituições como LG, Ericson e Chesf,
além de uma próxima relação com a Petrobras.
Para ele, a viagem proporcionou o fortalecimento
das relações institucionais e maior percepção
do setor produtivo quanto à importância da
inovação. “A relação da FIEC com as universidades
se fortaleceu e se estreitaram também os
entendimentos e compreensões. A partir daqui,
vamos conduzir os processos de inovação com
outra perspectiva porque vimos como funciona em
Israel, um país referência”, acredita o reitor.
Segundo ele, a universidade possui um
Centro de Tecnologia e um Centro de Ciências
com professores e pesquisadores capacitados
e disponíveis para firmar parcerias com o
setor industrial. Além disso, o governo federal,
mediante recursos do Ministério de Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI), Financiadora de
Projetos e Estudos (Finep) e Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), encaminhou um montante de 8,8 milhões
de reais para a Central Analítica da UFC.
O equipamento oferecerá infraestrutura em
técnicas analíticas e microscópicas para viabilizar
pesquisas nas áreas da física, engenharia, química,
biologia, medicina, odontologia, geologia e
agronomia, dentre outras. A central terá parceria com
o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), foco em
inovação e será associada à Rede de Laboratórios
com atividade em nanociência e nanotecnologia do
MCTI. “Vamos trabalhar com a FIEC. Fazer o que for
possível”, garante o reitor.
Para o diretor do Centro de Ciências Tecnológicas
da Universidade de Fortaleza (Unifor), Jackson
Sávio de Vasconcelos, a academia brasileira precisa
construir pontes com o setor produtivo e a Unifor
está na vanguarda disso, no Ceará. “A única maneira
de construir pontes é por meio do diálogo constante.”
O centro de tecnologia da instituição possui 240
professores, sendo 80% doutores, e laboratórios
tão bem equipados quanto os de Israel. “A única
coisa que faltava era a aproximação com o setor
que produz, o olhar conjunto”. Conforme Jackson
Sávio, foram criados na Unifor canais para direcionar
os trabalhos da graduação e pós-graduação ao
encontro das demandas das empresas. A instituição
que mais chamou a atenção do diretor foi a Shenkar:
“Lá, tivemos a oportunidade de ver que as empresas
podem estar orientadas pelo design em todas as
áreas, desde a financeira, passando pela corporativa,
até os produtos”.
Para o reitor do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Virgílio
Araripe, o maior ganho da viagem foi avançar para
quebrar o tabu de difícil relação entre a academia
e as indústrias. “Todos podem sair ganhando com
uma relação mais próxima. As empresas se tornam
mais competitivas, um colabora com o outro. Essa
relação, que em Israel é muito forte, pode ocorrer
aqui. O IFCE quer ser parceiro dessa proposta.
Esperamos que essa relação seja cada vez mais
estreita”, anseia o reitor.
Virgílio Araripe: "Todos podem
sair ganhando com uma
relação mais próxima"
Foto: ARQUIVO INDI
Foto: ARQUIVO INDI
Arison Group é um grupo global de investimento
e filantropia, sediado em Israel, que atua na
área de responsabilidade socioambiental.
Ligado a ele está o grupo Shikun Vebinuy, líder
em infraestrutura, imobiliária e meio ambiente.
Por meio de suas subsidiárias, a empresa
vem desenvolvendo projetos complexos de
infraestrutura e construção, tanto em Israel quanto
no exterior, há mais de 80 anos.
A Shenkar – Faculdade de Engenharia, Design e
Arte localiza-se em Ramat Gan e serve à indústria
israelense, proporcionando qualificação acadêmica
e serviços de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).
A empresa Maya, especializada em escaneamento
subterrâneo, foi pioneira na área de detecção de
infraestrutura em Israel e tem equipes em campo
desde 1985. Baseia sua
atuação em alta tecnologia
e equipamentos modernos.
Desde sua fundação em
1921, o Bank Hapoalim
tem desempenhado um
papel-chave no crescimento
acelerado da economia
israelense. Atualmente,
continua a ser a principal
instituição financeira em Israel
e mantém presença global,
operando em 20 países.
“
Visita à
Universidade de
Ben-Gurion
O setor de nanotecnologia da Universidade
de Ben-Gurion foi o local de outra parada da
comitiva da FIEC. A universidade foi criada em
1969 como a University of the Negev, com o
objetivo de promover o desenvolvimento do
deserto do Negev. Hoje, a instituição é um
importante centro de ensino e pesquisa com
cerca de 20 000 alunos e institutos de pesquisa
como o Instituto Nacional de Biotecnologia, a Ilse
Katz – Instituto de Nanociência e Tecnologia e o
Jacob Blaustein Institutes for Research Desert,
dentre outros.
Os empresários e representantes das
universidades e do governo estadual do Ceará
também visitaram o Arison Group, a Faculdade
Shenkar, a empresa Maya e o Bank Hapoalim. O
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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15
Incentivos
G
rande parte dos institutos e universidades
visitados em Israel é mantida pelo poder
público. Conforme o secretário adjunto
da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação
Superior (Secitece), Almir Bitencourt, o governo
deve investir em inovação e tecnologia para
elevar o nível de competitividade da economia.
Segundo ele, isso pode ocorrer de duas formas.
Uma delas é destinando recursos para pesquisas
em universidades públicas e para empresas por
meio de investimentos em inovação e editais de
subvenção econômica.
A outra maneira é flexibilizar a legislação.
Ele cita o caso dos professores brasileiros de
instituições públicas de ensino superior, que
não podem se envolver diretamente com a
“
É preciso
rever a
questão da atuação
do professor na
indústria.
“
Foto: ARQUIVO INDI
Jesualdo Farias, reitor
da UFC
iniciativa privada. “Precisamos dar oportunidade
para que os professores colham os frutos das
pesquisas, sejam remunerados, compartilhem
os resultados.” Bitencourt compara a realidade
brasileira à de Israel: “Em países como Israel,
a capacidade empreendedora do pesquisador
é incentivada. Aqui, há essa dificuldade. É um
empecilho à inovação”.
Para Jesualdo Farias, a legislação brasileira é
restritiva à inovação. “É preciso rever a questão
da atuação do professor na indústria.” O reitor
da UFC chama a atenção também para a
necessidade de autonomia da gestão financeira
nas universidades públicas. Ele explica que
existe dificuldade em gerir o dinheiro quando a
universidade recebe o recurso previsto para um
projeto em parceria com uma empresa. A saída
é que o montante seja intermediado por uma
fundação ligada à universidade.
O professor também destaca a falta de incentivo
à propriedade intelectual como um gargalo na
legislação: “Os governos têm de estabelecer normas
mais rígidas no controle para que o autor dos
projetos possa usar o resultado da pesquisa sem
que tenha concorrência desleal. É um elemento
importante a assegurar as pesquisas”. Jesualdo
Farias defende que as universidades tenham
mais estrutura para os procedimentos legais de
geração de patentes. Em Israel, esse processo é
desburocratizado, em padrões de alta qualificação
técnica, assegura Almir Bitencourt. “Pesquisadores,
empresários e governo atuam de forma cooperativa
no desenvolvimento de projetos de inovação
significativos para a sociedade.”
Energia do futuro
Q
uem também voltou da missão a
Israel com objetivos alcançados foi
o empresário José Sampaio Filho,
presidente da Alpha Metalúrgica e diretor
de Inovação e Gestão do Simec. Ele está
desenvolvendo um projeto de energia solar
fotovoltaica para fachadas de prédios,
em parceria com o IFCE. Atualmente, o
projeto está em fase de estudos. Serão 24
meses até ficar pronto. Com seis meses de
desenvolvimento, o recurso total previsto é
de 480 000 reais.
Durante as visitas, o empresário
agendou encontro com a empresa
israelense Alsoreg, especializada em
produção de placas fotovoltaicas. Do país,
ele destacou a cultura da inovação: “Israel
tem no sangue a cultura da inovação. São
guerreiros natos. Trabalham com o capital
humano e valorizam o capital intelectual”.
“
Israel tem
no sangue a
cultura da inovação.
São guerreiros natos.
Trabalham com o capital
humano e valorizam o
capital intelectual.
Foto: ARQUIVO INDI
inovar e isso se faz com cérebros bem treinados e educados
convenientemente. A lição serve para o Brasil. Educação
é a chave para a inovação”, acredita. Durante a missão,
foram iniciados contatos para parceria entre o SENAI/CE e
a universidade Shenkar na área de design.
A opinião é compartilhada pelo diretor geral do SENAI
Nacional, Rafael Lucchesi, para quem o capital intelectual
é decisivo para o sucesso no atual cenário de intensa
competitividade. “Israel, com escassos recursos naturais,
decidiu priorizar a educação e a tecnologia como fonte de
geração de riqueza nacional. Suas instituições de excelência
científica e suas empresas de alta tecnologia alcançaram
a reputação da qual hoje desfrutam não pela quantidade de
equipamentos e ativos fixos que possuem, mas pela qualidade
das pessoas que fazem delas o que são”, avalia Lucchesi.
José Sampaio Filho, presidente da
Alpha Metalúrgica e diretor de Inovação
e Gestão do Simec
“PCP é um conjunto de atividades da administração da produção
relacionado à alocação eficaz e eficiente dos recursos de produção
(materiais, máquinas, equipamentos e pessoas), que comanda o sistema
produtivo, transformando informações de vários setores em ordens de
produção e ordens de compra. Tem como principal objetivo atender à
demanda dos clientes e planejar as necessidades da produção no curto,
médio e longo prazo.”
Portfólio Industrial
Agende uma visita: (85) 3224.1005
www.gomesdematos.com.br
16 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
“
No IFCE, as relações com as empresas ainda são
iniciantes, segundo Araripe, mas devem progredir: “Temos
interesse em conduzir mestrados e linhas de pesquisa
voltados para o setor produtivo. Os centros de educação e
pesquisa precisam ser apropriados pela indústria. Dar uma
resposta mais rápida aos problemas do segmento tem de
ser também o nosso objetivo”. Atualmente, são 23 câmpus
do instituto no Ceará e mais seis estão em construção, com
grande alcance no interior do estado.
Unanimidade também entre os integrantes da missão
é que a educação é o principal caminho para inovar. De
acordo com o diretor regional do Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI/CE), Fernando Nunes,
o Brasil pode aprender com Israel a importância da
qualificação adequada. “As empresas mundiais precisam
A construção começou no início de maio
Instituto impulsionará
área metal-mecânica
18 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
tos e laboratórios: “Serão serviços de laboratórios que receberão os produtos e
equipamentos enviados pelas empresas
para ser ensaiados, e há também consultorias para solução de problemas existentes
dentro das indústrias”.
Serviços que o IST metal-mecânico atenderá
Calibração dimensional, temperatura, pressão e medidas elétricas
Ensaios mecânicos destrutivos, em materiais metálicos e poliméricos:
Ensaios não destrutivos (END)
Ensaios metalográficos
Ensaios de proficiência
Desenvolvimento de produtos
Desenvolvimento de produtos fabricados utilizando resinas poliméricas
Projetos de construções mecânicas, envolvendo projetos de máquinas e
equipamentos, produtos e componentes
Processo de automação em máquinas e processos produtivos
Foto: GIOVANNI SANTOS
O
gues, no Distrito Industrial, a unidade será um provedor de
soluções para o desenvolvimento e a melhoria de produtos e
processos de fabricação e produção à indústria do setor, facilitando o aumento da produtividade e da competitividade
da indústria cearense.
Com investimentos previstos em R$ 9,5 milhões, e
contrapartida de 68% da Confederação Nacional da
Fernando Nunes, diretor
regional do SENAI/CE
Metrologia
Prevista para 2014, a nova unidade, uma iniciativa do Sistema FIEC, por
meio do SENAI oferecerá uma gama de serviços à indústria do estado
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI/CE),
entidade do Sistema FIEC, começou no início de maio
a edificar no município de Maracanaú (zona metropolitana de Fortaleza) o Instituto SENAI de Tecnologia (IST) destinado à área metal-mecânica. Trata-se de um dos 38 ISTs que
o SENAI vai implantar em todo o Brasil até 2014. Localizado
no Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodri-
“
O SENAI já
possui um
importante portfólio
de serviços técnicos e
tecnológicos na área
metal-mecânica, que
agora será ampliado.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Indústria (CNI), por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), e 32% do Departamento Regional,
a implantação do instituto resulta de um upgrade nas instalações atuais do SENAI em
Maracanaú. Segundo o gerente da unidade,
Tarcísio Cavalcante Bastos, a obra será construída em 12 meses. Terá 2 700 metros quadrados de área, que abrigarão laboratórios
e oficinas voltados à prestação de serviços
para a indústria do estado em metrologia,
desenvolvimento de produtos, processo de
fabricação e gestão de processos industriais.
O diretor regional do SENAI/CE, Fernando Nunes, explica que o IST está estrategicamente situado no Distrito Industrial,
onde se concentra a maior quantidade de
indústrias cearenses, mas que também atenderá a todo o estado, principalmente os empreendimentos localizados no Complexo
Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). “O
SENAI já possui em Maracanaú um importante portfólio de serviços técnicos e tecnológicos na área metal-mecânica, que agora
será ampliado com a chegada do IST.”
Fernando Nunes diz que o IST surgiu de
uma demanda já existente e que precisava
ser complementada com novos equipamen-
“
Foto: GIOVANNI SANTOS
SENAI Maracanaú
Tarcísio Bastos: "A obra será
construída em 12 meses"
Processos de fabricação
Fabricação em máquinas e equipamentos protótipos
Tratamentos térmicos em materiais metálicos
Gestão de processos industriais
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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19
Segmento cresce no estado
S
etor metal-mecânico cearense vislumbra um horizonte
promissor nos próximos anos, afirma o presidente do
Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de
Materiais Elétricos do Estado do Ceará (Simec), Ricard Pereira. Embora parte desse futuro dependa das obras estruturantes que estão previstas para o estado, ele ressalta a possibilidade de ser instalada uma indústria laminadora no CIPP como
potencializadora do setor.
Tal fato sinaliza, segundo Ricard Pereira, o marco inicial para
a estruturação de um polo metal-mecânico no estado na área do
complexo. Dessa forma, destaca a importância da chegada do
IST Metal-mecânico para atender à demanda não apenas por
serviços, mas também por formação de mão de obra especiali-
“
“
Ricard Pereira,
presidente do Simec
Foto: JOSÉ SOBRINHO
A demanda por
profissionais
e serviços vai crescer
muito. E essa é uma
visão estratégica de
futuro que a FIEC, por
meio do SENAI, vem
desenvolvendo.
zada. “A demanda por profissionais e serviços vai crescer muito.
E essa é uma visão estratégica de futuro que a FIEC, por meio
do SENAI, vem desenvolvendo.”
Estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Ceará (Ipece) aponta o setor metal-mecânico cearense com aumento de 59,8% em seu número de indústrias no período de
2005 a 2010. O incremento foi maior que todo o acumulado da
indústria de transformação, que cresceu 37,5% no mesmo período. Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)
de 2010, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram que o segmento metal-mecânico possui no Ceará 1 225
indústrias, representando 8% dos empreendimentos. O setor
reúne 8,6% das indústrias de grande porte do estado, 7% das
médias, 6,4% das pequenas e 8,2% das microindústrias. Em sua
totalidade, responde por 13,4% da indústria de transformação
do país. O setor emprega 25 760 trabalhadores, 10,6% de toda a
mão de obra que atua na indústria de transformação.
O Ceará possui uma forte cultura de fabricação metal-mecânica. São empresas que produzem equipamentos, componentes
e peças em série e sob encomenda, sendo a produção seriada a
mais forte. Essa é uma característica positiva e raramente encontrada em outros estados brasileiros.
Além disso, é importante o potencial de desenvolvimento do
setor para fornecer suporte a produtos fabricados com polímeros e borrachas, os quais possuem uma forte integração com o
setor metal-mecânico, principalmente quando da demanda de
equipamentos especiais, moldes e matrizes que atuam na produção de produtos à base de polímeros, como a fabricação e
gestão de moldes, gestão da produção, calibração dimensional
de máquinas e ensaios metalográficos.
SEGMENTO METAL-MECÂNICO
Segmento possui no Ceará 1 225 indústrias
Indústrias % no Ceará
Grande porte Médio porte 8,6%
7%
Pequenas 6,4%
Microindústrias
8,2%
Por que um IST metal-mecânico?
E
studo de mercado realizada pelo SENAI/CE concluiu
que o estado apresenta uma grande diversidade de
segmentos industriais, dentre os quais se destaca
a indústria de transformação, composta pelos setores de
couro e calçados, alimentos e bebidas, têxtil e vestuário e
metal-mecânico. Nesse contexto, o setor desempenha um
importante papel na economia do estado, principalmente
quando são analisados os investimentos futuros e a
necessidade de desenvolvimento de produtos para as
indústrias do próprio segmento.
20 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Além disso, apresenta uma grande inserção nos demais
setores industriais, em virtude das tecnologias da indústria
metal-mecânica impactar diretamente seus processos de
fabricação, seja na oferta de soluções em equipamentos,
ou mesmo no aprimoramento de processos com o uso de
tecnologias de automação.
O IST metal-mecânico, portanto, é uma iniciativa
alinhada às demandas de mercado para o setor e
preparado para o crescimento industrial que o Ceará tem
apresentado e projetado para os próximos anos.
Sustentabilidade
Nova consultoria do Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial do
SESI/CE ensina micro e pequenas empresas a ser sustentáveis
N
os atuais conceitos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) e desenvolvimento sustentável os
negócios devem ser executados levando em consideração os aspectos econômicos, ambientais, sociais e humanos da organização. Ou seja, ser sustentável hoje significa
contar com uma abordagem holística para manter a viabilidade da empresa no longo prazo, o que, por sua vez, requer
capacidade de aumentar a receita, melhorar as margens de
lucro e manter a competitividade.
22 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Mas como ser ou se tornar uma empresa sustentável? Como conduzir os negócios tomando como base as
dimensões econômica, ambiental e social? O consultor
Marcelo Coutinho, do Núcleo de Responsabilidade Social Empresarial (NRSE) do Serviço Social da Indústria
(SESI/CE), explica que “uma empresa se torna sustentável quando se movimenta não apenas a favor do seu sucesso, mas também de seus funcionários, fornecedores,
clientes, comunidade onde atua, enfim, da sociedade
“
Uma empresa se
torna sustentável
quando se movimenta
não apenas a favor
do seu sucesso, mas
também da sociedade
como um todo.
“
Sucesso nos negócios
como um todo. “Só é sustentável se houver
uma relação ganha-ganha.”
Para ajudar as micro e pequenas empresas cearenses em tal desafio, o SESI/CE, por
meio do NRSE, está lançando a Consultoria
Coletiva nos 5Cs da Sustentabilidade. Marcelo explica que os 5 Cs são a base para a
implantação de um sistema de gestão fundamentado na responsabilidade corporativa: “Eles visam orientar a gestão nos fundamentos da ética e transparência, melhorar o
comprometimento dos gestores e colaboradores, dinamizar os canais de comunicação
e aumentar a produtividade”.
Abrangem, na prática, os conceitos de
ética, comunicação e transparência social,
cliente, comunidade e público interno e comitê de sustentabilidade. Todos são implantados nas empresas por meio de intervenções
in loco da equipe de consultores do SESI. O
primeiro (ética) promove a elaboração, divulgação e sistematização de um conjunto
de normas e procedimentos que devem ser
cumpridos por todos da empresa, inclusive
os donos do negócio. “Observamos as práticas já adotadas na corporação e sugerimos
mudanças ou adaptações que garantem aplicações aceitas mundialmente”, diz Marcelo.
Por meio do “C” comunicação e transparência social promovem-se a elaboração,
divulgação e análise do balanço social da
empresa. Balanço social é um demonstrativo
reunindo informações sobre os projetos, benefícios e ações sociais dirigidas aos empregados, investidores, analistas de mercado,
acionistas e à comunidade. “Após a consultoria, sugerimos ações de responsabilidade
social que poderiam ser desenvolvidas, mas
muitas vezes são omitidas por falta de conhecimento do potencial da empresa”, conta Marcelo. O terceiro “C”, cliente, ajuda o
empreendimento a elaborar diagnóstico de
atendimento, treinamento dos colaboradores e orientação de ações de responsabilidade corporativa, além de fazer um levantamento de riscos em produtos e serviços.
O quarto elemento da consultoria é comunidade e público interno. Nessa fase, são
feitos o diagnóstico dos colaboradores (que
geralmente moram perto da empresa) e a
aproximação da empresa com a comunidade
do entorno por meio das famílias dos empregados. “Ter boas relações na comunidade
Marcelo Coutinho, consultor
do NRSE do SESI/CE
ajuda a melhorar a reputação do negócio com
o público interno e externo. E essa boa relação é promovida pelas parcerias com escolas,
organizações não governamentais e outros
organismos que promovem o bem-estar da
comunidade. Por intermédio da consultoria,
visitamos o entorno e indicamos onde e como
a empresa deve atuar para criar vínculos produtivos”, explica o consultor do SESI/CE.
O último “C” é o comitê de sustentabilidade. Aqui, a consultoria promove ações para
implantar canais de comunicação, orientando a realização de reuniões gerais e setoriais
e a elaboração dos instrumentais de comunicação entre as diversas áreas. “Realizamos
oficinas de gestão participativa com os gerentes e supervisores. A ideia é fazer com
que a empresa resolva os gargalos de comunicação que, muitas vezes, trazem prejuízos
aos negócios”, conclui Marcelo Coutinho.
A Consultoria Coletiva nos 5Cs da Sustentabilidade – Primeiros passos para micro
e pequenas empresas pode ser aplicada envolvendo todos os cinco “Cs”, ou na quantidade desejada pelo cliente.
Serviço
Os interessados devem entrar em contato
com NRSE do SESI/CE pelos telefones
(85) 3421 5851 e 3421 5855.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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23
Indústria em festa
Comemoração pelo Dia da Indústria homenageou quatro empresários
cearenses, exemplos de empreendedorismo, e foi marcada também
por discursos defendendo o segmento
Q
uatro personalidades, exemplos de empreendedorismo, contribuição social e de ações em prol do
desenvolvimento do estado do Ceará, foram homenageadas no dia 6 de junho pela Confederação Nacional
da Indústria (CNI) e Federação das Indústrias do Estado
do Ceará (FIEC), durante a solenidade comemorativa do
Dia da Indústria, no La Maison Dunas. A data, celebrada
em 25 de maio, foi festejada com a presença de empresários, políticos, membros do Poder Judiciário e jornalistas.
O vice-governador do Ceará, Domingos Filho, representando o governador Cid Ferreira Gomes, e o prefeito de
24 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Fortaleza, Roberto Cláudio, foram algumas das celebridades que participaram do evento.
Durante a solenidade, o industrial do ramo metal-mecânico
Fernando Cirino Gurgel, ex-presidente da FIEC, recebeu a comenda Ordem do Mérito Industrial, concedida pela CNI. Os
empresários Ana Lúcia Bastos Mota, Waldyr Diogo de Siqueira Filho e Flávio Barreto Parente (in memoriam) receberam a
Medalha do Mérito Industrial, outorgada pela FIEC.
Fernando Cirino nasceu em Fortaleza, descendente
de família cearense, com larga tradição no setor industrial. Casado com Tereza Gurgel, é pai de quatro filhos.
“
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Formou-se em Ciências Econômicas pela
Universidade Federal do Ceará (UFC). Fez
cursos de extensão profissional e atualização
voltados para sua área de atuação, no país e
no exterior. Como empresário, é diretor-presidente da Durametal S/A, localizada no Distrito Industrial de Maracanaú, cuja produção
atende aos mercados interno e externo.
Foi presidente da FIEC, de 1992 a 1999;
diretor-tesoureiro da CNI, de 1995 a 2002;
vice-presidente da CNI, de 2002 a 2006. Presidiu o Centro Industrial do Ceará (CIC),
no biênio 1987/89, e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas Mecânicas e de Materiais
Elétricos do Estado do Ceará (Simec), no período de 1980/84. Também foi agraciado com
a Medalha do Mérito Industrial, concedida
pela FIEC, em 2009.
Atualmente é vice-presidente da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), membro
do Conselho Superior do Sindicato Nacional
da Indústria de Componentes para Veículos
Automotores (Sindipeças/Abipeças) e delegado
representante da FIEC na CNI.
Após receber a homenagem, o empresário
disse, em seu discurso, que Deus lhe deu o dom
de empreender: “Empreender, para mim, é, a
um só tempo, um jeito de trabalhar, um jeito
de aprender, de partilhar experiências, de gerar
conhecimentos, de produzir e socializar riqueza, um jeito de ser solidário e de ser cidadão.
Empreender é um modo de viver. E eu vivo intensamente este modo”.
Ele afirmou que logo cedo se identificou
com a atividade industrial, que o animava, provocava e atraía nos arroubos da juventude. Da
história construída, ele se orgulha de ter sido
baseada em ações honestas, dignificando e
honrando o nome do pai, Célio Gurgel, a saga
do estado do Ceará e a história do país. “Tudo
o que temos, o que fizemos, o que construímos
e o que produzimos é fruto de muito trabalho,
de muito suor e muita dedicação.”
O empresário lembrou momentos simbólicos que marcaram sua trajetória. Dentre eles,
a aquisição da empresa Metaneide, em 1977,
quando contou com o apoio e o aval do pai, e a
inauguração da Durametal, em Maracanaú.
O industrial destacou, ainda, as lições que
aprendeu com as experiências vividas à frente do Simec, CIC, FIEC e como diretor tesoureiro da CNI. Com a presidência do Simec,
aprendeu a importância do associativismo
Empreender, para
mim, é, a um só
tempo, um jeito de trabalhar,
um jeito de aprender, de
partilhar experiências, de gerar
conhecimentos, de produzir e
socializar riqueza, um jeito de ser
solidário e de ser cidadão.
“
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Reconhecimento
Fernando Cirino Gurgel, homenageado com a
Medalha Ordem do Mérito Industrial pela CNI
como instrumento de defesa e fortalecimento das classes produtivas. À frente do CIC,
pôde entender que é possível fazer política
a partir do ambiente empresarial, com reflexos positivos na construção coletiva de uma
sociedade mais próspera. Na presidência da
FIEC, consolidou em si o conceito de que a
vida laboral só tem sentido a dois, a três, a
muitos. Como diretor da CNI, disse ter visto o quanto o Nordeste tem a contribuir para
o desenvolvimento do país, seja partilhando
saberes, competências, capacidade empreendedora, criatividade e alegria.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
25
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Waldyr Diogo e
Flávio Parente Filho
26 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Waldyr Diogo de Siqueira Filho nasceu em
Fortaleza em 1944. É graduado em Administração
e fez curso intensivo na University of Miami, na
Flórida, Estados Unidos. É casado com Maria
Helena Mota Diogo de Siqueira.
Em 1966, criou a firma individual Waldyr Diogo
Filho, iniciando a fabricação da aguardente Canaju.
Em 1967, constituiu a Cunicultura Santa Helena,
passando a criar e comercializar coelhos em grande
escala. Atualmente é diretor da Diogo Construções e
Participações Ltda., da Agro-Alimentar Waldyr Diogo
Ltda. e da Hotéis e Turismo Diogo Ltda. Durante sua
trajetória profissional, participou por 19 anos de
diretorias da FIEC e, por 12 anos, da diretoria do
Centro Industrial Ceará (CIC).
Ana Lúcia Bastos Mota nasceu em 1945,
em Fortaleza. É graduada em Geografia pela
Universidade Federal do Ceará (UFC). Trabalhou
no Departamento Autônomo de Estradas e
Rodagem e na Teleceará. Casou-se em 1972
com José Tarcísio Mota Sá, funcionário do Banco
do Nordeste e proprietário de uma indústria de
mosaicos, com quem teve três filhos. Saiu da
Teleceará para trabalhar com seu marido em uma
loja de material de construção e, mais tarde, na
fábrica. Entrou na indústria de cerâmica, em 1991,
com a instalação da fábrica em Maracanaú.
Foi presidente da Associação das Empresas
dos Distritos Industriais do Estado do Ceará (Aedi)
de 2007 a 2009. Participa e contribui ativamente
nos Conselhos de Relações Internacionais (Corin)
e de Economia, Finanças e Tributos (Cofin) da
FIEC. Em 2011, começou a participar de comitê
da Associação Nacional dos Fabricantes de Pisos
e Revestimentos Cerâmicos (Anfacer), encarregado
de elaborar um estudo tendo como finalidade
diminuir os custos de energia. Em 2013, assumiu
vaga no Conselho Fiscal da Anfacer e no Conselho
dos Leitores do jornal O Povo.
Ana Lucia é presidente da Cerbras – Cerâmicas
do Brasil, empresa que há 23 anos produz
cerâmica com excelência. Em 2014, passará
pela quarta ampliação, que a levará a atingir a
marca de 2,5 milhões de metros quadrados de
cerâmicas fabricadas mensalmente.
Hoje, com produção de 1,7 milhão de metros
quadrados de cerâmicas/mês, a Cerbras exporta
para 25 países e tem como principais clientes
no Brasil as regiões Norte e Nordeste. É a única
indústria desse setor no Norte e Nordeste a ter ISO
9001 e certificado do Inmetro. Levar a empresa a
este porte não foi fácil, lembra a empresária, que
discursou em nome do homenageados pela FIEC
O empreendedorismo do marido, José Tarcísio
Mota Sá, que atuava no comércio e também teve
algumas indústrias, todas ligadas ao setor de
construção civil, o levou a fundar uma fábrica
de cerâmica em Maracanaú no início dos anos
90. Apenas quatro anos depois, após concluir
a primeira ampliação, ele faleceu, deixando
Ana Lúcia à frente da empresa juntamente com
o filho, Felipe. Na época, a produção era de
cerca de 240 000 metros quadrados/mês. “As
dificuldades foram muitas, mas desistir nunca foi
uma opção”, diz ela.
Essencial para passar por essas dificuldades
foi a união da família e de todos os funcionários.
“O trabalho em equipe, compartilhado,
reconhecido e premiado ensejou que tivéssemos
sucesso e conseguíssemos nos reerguer,
conseguindo aumentar a produção em 25% com o
mesmo parque industrial”, conta a empresária.
Os filhos deram novo fôlego e novas ideias ao
negócio. A maneira de gerir a empresa também
é o segredo do sucesso da Cerbras. “Procuro
a cada dia administrar a fábrica de maneira
descentralizada, ouvindo sugestões, sempre em
busca de melhorias.”
A educação, para ela, é a base de uma
sociedade e precisa ser constantemente
estimulada. “Costumo dizer que a educação é o
alicerce de uma sociedade que pretenda ser justa
e desenvolvida, em todos os aspectos. Por isso,
“
“
O
s empresários Ana Lúcia Bastos Mota,
Waldyr Diogo de Siqueira Filho e Flávio
Barreto Parente (in memoriam) receberam
a Medalha do Mérito Industrial, concedida pela
FIEC. Flávio Parente nasceu em Camocim/CE.
Pioneiro da radiofonia no estado, foi criador da
Rede Iracemista de Emissoras de Rádio (Fortaleza,
Sobral, Juazeiro, Maranguape e Iguatu) e um dos
fundadores da TV e Rádio Jangadeiro, chegando a
ser diretor-presidente.
Em 2013, completaria 90 anos, dos quais
70 dedicados a atividades produtivas em vários
segmentos econômicos do Ceará, a exemplo do
comércio, radiodifusão, têxtil, criação de camarão
em viveiro, extração de sal e imobiliário. Na década
de 60, chegou a ser o maior produtor de sal marinho
do estado do Ceará, com salinas em Icapuí, Aracati,
Beberibe, Aquiraz, Caucaia e Camocim.
Como representante da atividade salineira,
Flávio Parente integrou a diretoria do Sindicato
das Indústrias da Extração do Sal do Estado do
Ceará (Sindsal) por várias décadas, ocupando
sua presidência até a reeleição do presidente
da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, em 2010.
Foi também um dos pioneiros na carcinicultura
cearense, vendendo sua produção para Europa
e Estados Unidos. Participou do Sistema FIEC
por quase 40 anos, como delegado, conselheiro
ou diretor. Faleceu em Fortaleza, no dia 28 de
dezembro de 2012. Foi casado com a Aglair
Parente. Teve seis filhos, 12 netos e oito bisnetos.
O homenageado foi representado pelo filho, Flávio
Barreto Parente Filho.
Filho de Waldyr Diogo de Siqueira – primeiro
presidente da FIEC – e Norma Ferreira Diogo,
Foto: GIOVANNI SANTOS
Medalha do Mérito Industrial
Costumo dizer que a educação é o alicerce
de uma sociedade que pretenda ser justa e
desenvolvida, em todos os aspectos.
Ana Lúcia Bastos Mota, homenageada com a Medalha do Mérito Industrial da FIEC
estimulamos a educação entre os funcionários
da Cerbras. É grande a alegria que sinto quando
um deles evolui intelectualmente, conclui um
curso superior, uma pós-graduação.” A empresária
destaca: “A educação, que fica a dever em nosso
país, precisaria ser cada vez mais estimulada
pelos governantes. Trata-se de uma questão de
sobrevivência e competitividade em um mundo
cada vez mais globalizado. E de futuro!”
As comendas
A
Ordem do Mérito Industrial foi criada
pela Diretoria da CNI em 1958, e é
destinada a premiar personalidades e
instituições, nacionais e estrangeiras, que se
tenham tornado dignas do reconhecimento ou
da admiração da indústria brasileira. O número
máximo de concessões da Ordem do Mérito
Industrial é de dez agraciados por ano.
A Medalha do Mérito Industrial
foi criada pela FIEC em 1974 para
ser concedida a empresários e outras
personalidades com atuação marcante
no impulso das atividades fabris e no
desenvolvimento econômico do Ceará, por
meio de relevantes serviços prestados ao
setor industrial cearense.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
27
“
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Armando Monteiro,
senador e ex-presidente da CNI
28 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
competências, trabalhar pela inovação, que será a
chave da competitividade, por meio de um pilar
fundamental: a educação. É uma agenda tensa e
desafiadora, mas não há lugar para pessimismo ou
desalento”, arrematou.
Fernando Cirino chamou a atenção para o
momento político brasileiro: “O nosso país trilha um caminho perigoso. Há pseudolíderes
ocupando cargos estratégicos, sem nenhum
preparo, por simples indicação política, sem a
menor consciência social, pensando exclusivamente em si mesmos”.
O empresário lembrou da dificuldade dos
que querem empreender. Para ele, a máquina, da
forma como está aparelhada, tem proporcionado grande dificuldade para quem quer empreender e gerar riqueza.
Conforme o industrial, o Ceará, hoje, é
bem mais do que era, com grandes obras e investimentos que levam a certeza de que vale a
pena investir aqui. Essa também foi a afirmação do vice-governador do Ceará, Domingos
Filho. “O que parecia sonho está se tornando
realidade”, disse o político, referindo-se aos
investimentos que estão sendo realizados em
infraestrutura em todo o estado, como rodo-
Foto: GIOVANNI SANTOS
“
Temos de ter
a ambição
de conservar esse
patrimônio que é a
indústria. O país precisa
da indústria. Essa é
a melhor maneira de
crescer.
sobre a superação das dificuldades enfrentadas
pelo país, em um conjunto de proposições que
abrange dez temas: educação, ambiente macroeconômico, eficiência do Estado, segurança jurídica, desenvolvimento de mercados, relações do
trabalho, financiamento, infraestrutura, tributação e inovação e produtividade.
Segundo o presidente da FIEC, a entidade tem
se esforçado em contribuir para os avanços da
competitividade da indústria cearense focando
na inovação: “Temos a convicção de que o futuro
da indústria tem de passar por uma revolução de
produtos, de tecnologia e de processos”. Roberto
Macêdo reafirmou a consciência da necessidade
de o segmento ser mais competitivo. “A FIEC está
procurando cumprir seu papel de entidade voltada para o fortalecimento dos diversos setores da
indústria, por meio dos sindicatos.”
O senador e ex-presidente da CNI, Armando
Monteiro, que representou na solenidade o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, frisou
que as comemorações pelo Dia da Indústria também eram de reflexão. “A indústria vive um momento delicado, de redução na formação do produto econômico. Estamos vivendo um momento
de desindustrialização.”
Momento este, disse o senador, que técnicos
afirmam estar se revelando precocemente. “O setor secundário está perdendo espaço para o terciário muito antes do que poderia ser esperado.
A indústria está perdendo mercado doméstico
e o que preocupa é a velocidade disso.” Ele afirmou ser necessário salvar a indústria. “Temos de
ter a ambição de conservar esse patrimônio que
é a indústria. O país precisa da indústria. Essa é
a melhor maneira de crescer”, alertou.
O movimento pela recuperação do segmento
está pautado também no âmbito institucional, e
não só nas empresas. “Há questões que se colocam
fora da empresa, em um ambiente institucional. A
indústria está perdendo força devido à tributação,
aos altos custos logísticos. O tempo político tem
de se ajustar ao tempo econômico”, entende Armando Monteiro.
De acordo com o senador, o Brasil precisa assumir uma agenda pró-competitividade e o congresso tem um papel insubstituível nisso. “O Brasil
tem duas agendas essenciais pelas quais precisa lutar. Uma velha, que trata das reformas inconclusas,
e outra nova, que tem o objetivo de desenvolver
Domingos Filho: "O que parecia sonho está
se tornando realidade"
“
“
P
ara além dos festejos, os diversos discursos proferidos na solenidade lembraram
o momento pelo qual passa o setor. Roberto Macêdo afirmou que vivemos hoje um
momento de muitas incertezas diante de tudo
o que se passou no período que separa a festa
deste ano da de 2012. “São preocupantes as desavenças entre poderes da república, as ameaças de volta da inflação, a insegurança jurídica
e o baixo índice de crescimento da economia.
Tudo isso, agravado pelas concessões características dos anos pré-eleitorais.”
Fernando Cirino, um dos homenageados, disse que as dificuldades com que um empresário se
depara são muitas. “Isso tem nos levado a conviver em um ambiente onde a corrupção aflora,
onde a burocracia impera, onde a carência de infraestrutura prejudica a competitividade”, acredita. Mesmo assim, aposta na persistência: “Somos
teimosos. Acreditamos neste país, na criatividade
de seu povo e na competência de suas empresas”.
Roberto Macêdo destacou a articulação da
CNI e das 27 federações de indústria em busca de soluções para os problemas do setor e do
país. Expressão dessa articulação, segundo ele, é
o Mapa Estratégico da Indústria, elaborado no
âmbito do Fórum Nacional da Indústria. Nesse mapa, os industriais apresentam suas visões
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Indústria forte
Não há caminho para uma economia
pujante, de redução das desigualdades,
que não seja o caminho da boa política.
Roberto Cláudio, prefeito de Fortaleza
vias, portos e aeroportos. Ele também citou os
investimentos na refinaria, siderúrgica, Zona
de Processamento de Exportações (ZPE) e as
novas frentes de exploração mineral. “Este ano,
o Ceará já cresceu mais que a média nacional.
Estamos trabalhando pelo desenvolvimento de
políticas de incentivo ao empreendedorismo.”
Também para incentivar o empreendedorismo
e a realização de negócios, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, informou que será criada a
Agência de Desenvolvimento de Fortaleza. “O
setor industrial é o que tem trazido mais dinamismo e relevância à economia do Ceará nos últimos
anos. Tem uma posição de empreender e produzir bens e, o mais relevante, gera oportunidade de
emprego e renda para a população”, analisou.
Roberto Cláudio concorda que o poder público tem responsabilidades quanto ao desenvolvimento da economia. “Não há caminho para uma
economia pujante, de redução das desigualdades,
que não seja o caminho da boa política.” Para
ele, bons investimentos e boas práticas marcam
o Ceará de hoje, que vive um momento novo. O
prefeito lembrou que Fortaleza não é uma cidade
industrial, mas que tem parte de sua economia
baseada nessa atividade.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
29
Flashes
Flashes
Ana Lúcia Mota e família
Fernando Ibiapina e Jocélia
Waldyr Diogo e família
Alexandre Pereira e Walter Cavalcante
Cesar Mota, Beta Aragão, Ana Lúcia Mota e
Flávio Parente Filho
Família Flávio Parente
Roberto Macêdo e família
Roberto Cláudio, Ana Lúcia Mota e
Domingos Filho
Carlos Fujita e Rebeca Ferreira Gomes
Célio Gurgel, Fernando Cirino e Tereza
30 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Beto Studart, Fernando Cirino,
Waldyr Diogo e Cláudio Targino
Fernando Cirino e família
Homenageados e autoridades
Ednilton Soarez, Assis Machado,
Euvaldo Bringel e Artur Bruno
Raul Amaral e Germano Maia
Ivan Bezerra, Rommel Bezerra, Alcântara
Macêdo, Verônica e Hélio Perdigão
Luiziane e José Dias Vasconcelos,
Bessa Júnior e Ana Carla Bessa
Mauro Benevides e Armando Monteiro
Lauro Fiuza, Valmir Campelo e Jorge Parente
Eugênio Montenegro, Mauro Filho
e Roberto Sérgio
Carlos Prado, Roberto Macêdo,
Edgar Gadelha e Roberto Sérgio
Helena Farias, Jesualdo Farias e
José Pimentel
Philomeno Junior, Beatriz Philomeno Gomes
e Nicole Barbosa
Alexandre Sales, Ricardo Cavalcante, André
Montenegro e Nelson Montenegro
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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31
Flashes
Raiane, Rosimeire e Agostinho Alcântara
Flashes
Armando Monteiro, Mônica Guimarães,
Tereza e Fernando Cirino
Cláudio Targino e Zena Targino
Marília e Fernando Nunes
Marcos e Kilvia Montenegro, Roseane e
Pedro Medeiros
32 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Jesualdo Farias, Roberto Cláudio,
Beto Studart e Domingos Filho
Oirta Vasconcelos, Paula Frota e
Francisco Magalhães
Ricardo e Rosângela Cavalcante
Sandra Costa, Eulálio Costa e Roberto Sérgio
Frederico Hosanan e Lúcia Castro
Ednilton Soarez e Artur Bruno
Ivan Bezerra Filho e Ivan Bezerra Neto
Paulo Studart, Carlos César Lima
e João Guimarães
Francisco Barreto e Jocely Dantas
Oswaldo Studart, Fernando Cirino,
Ricardo Caminha e Lauro Martins
Tom Prado, Eduardo Diogo, Carlos Prado,
Carlos Matos e Felipe Gurgel
Sérgio Aguiar e Mônica
Gaudêncio Lucena, Fernando Cirino e
Eduardo Diogo
Eliane e Jaime Machado, Guida e
Oto de Sá Cavalcante
Nelson Montenegro, Fred Saboya, Beto
Studart, Ricardo Cavalcante e Fernando Cirino
Wania Dummar e Anya Ribeiro
Everardo Teles e Rommel Bezerra
Dieter Gerding e Ingrid
Fernando Cesar Mesquita, Inácio Arruda,
Raimundo Lutif e Tales de Sá Cavalcante
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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33
Foto: GIOVANNI SANTOS
Para retomar comércio
Federalismo
desvirtuado
Para o professor da PUC/Rio, Ricardo Ismael, é preciso tornar o texto
constitucional escrito em realidade em nosso país
LUIZ HENRIQUE CAMPOS
T
ransformar o texto constitucional escrito em realidade
por meio do enfrentamento no campo político. Esse é
um dos principais problemas que o Brasil precisa superar para mudar o quadro da desigualdade regional que deixa
os estados menos desenvolvidos em posição de pedintes das
benesses do estado. A síntese do pensamento do professor da
PUC/Rio, Ricardo Ismael, fez parte das discussões do primeiro
dos quatro workshops do Integra Brasil – Fórum do Nordeste
no Brasil e no Mundo, realizado na FIEC em 4 de junho, que
tratou sobre os Aspectos Político-Institucionais do Desenvolvimento do Nordeste. Os encontros subsidiarão os debates do
34 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
seminário previsto para os dias 27, 28 e 29 de agosto, em Fortaleza. A partir desses encontros, será elaborado um documento
sob forma de plano voltado à realização das ações e negociações que constituirão a "moeda de troca" do Nordeste em suas
futuras relações no âmbito da federação brasileira.
A argumentação de Ricardo Ismael se baseia no projeto de pesquisa Federalismo e Desigualdades Regionais em
Perspectiva Comparada, que investigou o federalismo brasileiro nesse sentido, discutindo preferencialmente as diferenças e semelhanças entre os modelos federalistas praticados nos Estados Unidos, no Brasil e na Alemanha. Para
Foto: GIOVANNI SANTOS
isso, estudou a questão das desigualdades sociais
e econômicas entre as unidades subnacionais na
federação brasileira, enfocando os mecanismos
cooperativos utilizados pelo governo federal para
enfrentar a questão das desigualdades regionais,
as políticas públicas federais voltadas para uma
melhor distribuição territorial das atividades econômicas e dos investimentos em ciência e tecnologia e aquelas políticas direcionadas para erradicação da pobreza e da pobreza extrema no país.
Dessa forma, aponta Ricardo Ismael, o federalismo se conceitua na preocupação com a unidade nacional, mas preservando a diversidade. Assim, vai haver sempre dois componentes básicos:
a cooperação e a competição. No caso do Brasil, o
professor sugere algumas questões que dificultam
a sua implementação. Uma delas é a ausência de
uma cultura cívica nos estados brasileiros, o que
faz com que a descentralização termine favorecendo a dominação oligárquica. Outra questão
é que a concentração espacial da economia do
país acaba impedindo a autonomia financeira da
maioria dos municípios e até dos estados. Para se
ter uma ideia, apenas 309 municípios, dos 5 570
existentes no Brasil, respondem por cerca de 70%
do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Isso, na
visão de Ricardo Ismael, indica que não há condição de se pensar em fazer política pública. O
fato, destaca ele, “é que no Brasil as pessoas não
escolhem onde nascer, mas têm de escolher onde
morar para poder sobreviver".
Como regras para o declínio da ideia de região no debate público brasileiro, Ricardo Ismael
aponta, dentre outros aspectos, que no Nordeste isso foi politicamente construído. “Há muitas
diferenças entre os estados nordestinos”, diz. Ele
lembra Celso Furtado, afirmando que "a cooperação regional foi inventada modernamente pela
necessidade de um mercado maior". Segundo
Ismael, a ideia de região para Celso Furtado não
seria culturalista na perspectiva de Gilberto Freire, mas artificializada pela economia. Para agravar essa situação, com o esvaziamento da Sudene,
o professor entende que se perdeu um fórum de
articulação política dos interesses dos estados do
Nordeste. “Não precisava nem ser a Sudene, podia ser qualquer outro fórum, mas a questão é que
o Nordeste não tem isso hoje."
Sem esse local, destaca Ismael, há a predominância das ações estadualistas, ou seja, individuais, na relação com o governo federal. "Foi assim
durante os governos FHC e Lula, e está sendo
agora na gestão Dilma.” Conforme ele, um aspecto interessante é que o enfoque dado no governo FHC ao Nordeste é que era preciso tratar de
‘questão problema’, e não, ‘região problema’. Isso
significa, acrescenta, que o governo federal não
vai tratar do Nordeste em si, de forma ampla e
estratégica. E sim dos problemas de saúde, educação e pobreza, mas de forma pontual. "Se tirou
o foco da questão regional. E isso tem se mantido
até agora. O reflexo desse modelo é que há a diminuição da perspectiva de uma visão estratégica
sobre a região." Outro ponto abordado por Ricardo Ismael é que a integração do país na economia
internacional tornou-se mais importante do que
a integração nacional equilibrada. "O esforço para
fora tem sido maior do que para dentro do país,
com consequências no aumento das desigualdades. A questão é saber se o declínio da ideia de
região é conjuntural ou representa uma mudança
mais permanente."
Diante desse cenário, como é que as regiões
menos favorecidas podem voltar a exercer a sua
expressão política?, questiona Ricardo Ismael,
para quem o primeiro ponto é passar a exercer o
poder de veto por meio da classe política. Outro
aspecto é que os estados decidam se articular em
torno de uma agenda em defesa de interesses comuns. O problema, diz, é que grande parte dos
próprios estados não quer lutar por ações coletivas entre eles. "Em vista disso, a rigor, seria necessário se ter instituições fortes na região. Mas
sem consenso sobre essas instituições fica complicado." Ismael também considera grave a questão
da mobilização da sociedade civil para a discussão sobre as questões regionais. "Somente assim a
classe política se sente incomodada. Mas isso não
é fácil", reconhece. "Sem que haja um enfrentamento no campo político, todavia, não dá."
Primeiro workshop do
Integra Brasil realizado
em junho na FIEC
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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35
Seminário
A
s questões e as sugestões levantadas
nos workshops, como também a base
de dados, informações e análises, serão
compiladas em um relatório pelo advogado
Alcimor Rocha Neto, que será levado ao
seminário que ocorrerá de 27 a 29 de agosto
no Centro de Eventos do Ceará. De acordo com
a presidente do CIC, braço político da FIEC,
Nicolle Barbosa, com a etapa dos trabalhos
técnicos haverá reuniões envolvendo os
governadores dos estados do Nordeste. “No
dia 11 de junho, o governador do Piauí foi
visitado e para os demais estados foi solicitado
horário.” Além disso, a presidente garante que
“
O Integra Brasil
trabalhará
também com a
sociedade civil.
Foto: GIOVANNI SANTOS
“
Nicolle Barbosa,
presidente do CIC
Ensino de qualidade e desenvolvimento sustentável,
o melhor caminho para o Ceará.
www.unichristus.edu.br
o movimento trabalhará também com a
sociedade civil.
O Integra Brasil promoverá mais três
workshops: no mês de julho em Recife (5)
e Salvador (15), e, em agosto, no Rio de
Janeiro (13). O movimento já passou pelos
estados do Rio Grande do Norte, Alagoas,
Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Sergipe,
onde conquistou pleno apoio das federações
de indústria. Na Bahia, teve a adesão
da Federação do Comércio e do Fórum
Empresarial. O movimento é uma iniciativa
do CIC/FIEC e conta com o apoio da
Confederação Nacional da Indústria (CNI),
das federações do comércio do Nordeste,
da Transpetro, da Federação da Agricultura
e Pecuária do Estado do Ceará, do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES), do Banco do Nordeste
(BNB) e do governo do Ceará. Atendendo
a pedidos do setor produtivo dos estados
nordestinos, haverá uma mesa-redonda que
irá tratar das desigualdades intra-regionais,
em Campina Grande (PB).
O movimento também fará uma reunião
ampliada de discussão no Congresso
Nacional, em Brasília (DF). Os resultados
do seminário que será realizado em
agosto serão condensados em um plano
estratégico de ação política, com os
objetivos, as metas, os instrumentos, os
mecanismos de intervenção, os atores,
as arenas de decisão, as estratégias de
negociação econômica e a mobilização
política, a fim de orientar as ações para a
sua concretização e encaminhamentos.
Curso Feedback na
educação continuada
Trabalhador da indústria
Desenvolvendo
competências
Unidades escolares do SESI/CE receberam kit
de equipamentos que serão utilizados como
instrumento pedagógico de projeto na área da
A
s escolas do Serviço Social da Indústria (SESI/CE), entidade do Sistema
FIEC, receberam em maio um kit de
equipamentos para ser utilizado como instrumento pedagógico do projeto Tecnologia
da Informação para o Desenvolvimento de
Competências do Trabalhador da Indústria.
No total, foram distribuídos 500 notebooks,
80 tablets, 30 projetores 3D e dez roteadores, entre as escolas Euzébio Mota de Alencar – Núcleo Parangaba; Tomaz Pompeu de
Souza Brasil – Núcleo Barra do Ceará; Padre
Azarias Sobreira – Núcleo Juazeiro do Norte;
e Professora Silvana Machado dos Santos –
Núcleo de Sobral. Os equipamentos se destinam a colaboradores do SESI, em regime de
comodato, e para utilização dos alunos trabalhadores nas salas de aula.
O objetivo do projeto, que se enquadra
no Mapa Estratégico da Indústria até 2015,
é promover o desenvolvimento de competências do trabalhador da indústria no âm-
38 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
bito da tecnologia da informação, mediante o
acesso a recursos tecnológicos que atendam
com qualidade a indústria e seus trabalhadores nos cursos de educação básica e continuada na modalidade presencial e a distância.
Como preconiza o Mapa Estratégico, a educação está inserida como vertente fundamental para o crescimento da economia, seja pelo
efeito direto sobre a melhoria da produtividade
do trabalho – formação de trabalhadores mais
eficientes, capital humano –, seja pelo aumento
da capacidade do país de absorção e geração de
novas tecnologias. É com esse espírito, relata o
superintendente regional do SESI, Francisco das
Chagas Magalhães, que a entidade tem procurado ampliar seu portfólio de soluções para atender
adequadamente às novas necessidades da indústria competitiva, por meio de cursos para os trabalhadores, considerando-se que eles mantêm o
trabalhador em constante aperfeiçoamento, promovem a elevação da autoestima, a melhoria na
comunicação interpessoal e nos relacionamentos
Foto: GIOVANNI SANTOS
tecnologia da informação
profissionais e a ampliação do universo cultural
e intelectual. Também oferece a possibilidade do
desenvolvimento de competências para a autonomia, solução de problemas, inovação, criatividade, solidariedade e responsabilidade social.
Por meio dos equipamentos tecnológicos,
o SESI vai reforçar, sobretudo, sua atuação
em treinamentos na área de inclusão digital.
Atualmente são ofertados: construção virtual,
educação tecnológica, leitura e inclusão digital, matemática e inclusão digital. Quanto ao
curso de construção virtual, a proposta é oferecer uma nova abordagem para trabalhar a
leitura, projeção e construção de planta baixa,
usando os recursos do BrOffice Draw, desde
a divisão de cômodos, por meio do design
interno da casa, até a colocação de mobílias.
Com isso, o conceito é explorar as ferramentas de software virtualmente.
Os cursos de educação tecnológica estão
fundamentados nas necessidades do contexto atual, que, por estar permeado pelos
mais diversos recursos tecnológicos (internet, caixas eletrônicos, máquinas automáticas, leitores de código de barras, controles
remotos de audiovídeo e portões automáticos), exige do trabalhador conhecimentos,
competências e habilidades para utilizarem
esses recursos no cotidiano.
Em relação ao curso matemática e inclusão digital, que consiste no desenvolvimento
de atividades relacionadas às operações matemáticas (adição, subtração, multiplicação e
divisão), dá-se relevo às atividades com jogos
e desafios articulados à inclusão digital, utilizando, como recurso principal, os softwares
educativos, integrados a textos, imagens e
animação, trabalhados numa sequência não
linear. Seu objetivo é contribuir para a inclusão digital dos estudantes, articulada com o
desenvolvimento das competências e habilidades das situações-problema que envolvam
as operações matemáticas (soma, subtração,
multiplicação e divisão).
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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39
Inovaçoes
&Descobertas
Unidades móveis atenderão às empresas de grande porte
O
Gesso pode ser reciclado
indefinidamente
Luva avisa quando da presença de substâncias tóxicas
Foto: ARQUIVO CNI
SESI vai implantar no segundo semestre
deste ano trabalho na área de educação
básica e educação continuada com
empresas de grande porte do setor calçadista,
utilizando unidades móveis na própria empresa.
O projeto será efetivado em indústrias
localizadas em Fortaleza, Sobral e na região do
Cariri. A perspectiva da utilização das unidades
dentro da empresa se insere no contexto de
que se o absenteísmo gera baixa produção, o
deslocamento do trabalhador para as unidades
fixas, fora da empresa, é também um fator que
provoca baixa no salário do trabalhador.
Além de evitar o aspecto do deslocamento,
as unidades móveis são equipadas com estrutura apta
a trazer conforto aos usuários, sendo constituída por
sala de aula e biblioteca com mobiliário e acessibilidade
adequados, onde os colaboradores poderão realizar cursos,
fazer leituras na mídia impressa e digital e assistir a vídeos
e palestras. Fruto do projeto Construção de Unidades
Móveis para Educação e Saúde que mantém consonância
com as diretrizes e objetivos estratégicos previstos no
Edital Extraordinário/2010 – Mobilidade dos Serviços
Estratégicos – SESI DN, cada equipamento é capaz de
atender 960 trabalhadores/mês.
Características das unidades móveis
Estantes para livros
TV na sala de aula
Dois aparelhos de ar condicionado
Plataforma elevatória para portadores de necessidades especiais
Compartimentos internos (divisórias)
Instalações elétricas
Equipamentos e acessórios adequados à realização de ações educativas
Um estudo da engenheira
civil Sayonara Maria de Moraes
Pinheiro, da Unicamp, apontou
que é possível reciclar o resíduo do
gesso proveniente da construção
civil indefinidamente. O trabalho da
pesquisadora atestou a possibilidade
de recuperar o material, mantendo
as mesmas propriedades físicas
e mecânicas do gesso comercial.
O modelo experimental para a
reciclagem do resíduo envolve duas
fases: moagem e calcinação. Após
essas etapas, foram avaliadas as
propriedades físicas e mecânicas
do material reciclado. "Os resíduos
foram submetidos a ciclos de
reciclagem consecutivos. Com tais
ciclos, nós queríamos verificar se era
possível reciclar o gesso que já havia
passado pelo processo. Chegamos
até o quinto ciclo e o gesso
apresentou características químicas
e microestruturais similares ao longo
de todo o procedimento. Podemos
inferir, portanto, que ele pode ser
reciclado indefinidamente", explica
a engenheira. Os ciclos provam,
segundo a pesquisadora, que o
gesso da construção civil pode ser
totalmente sustentável. “Chegamos à
conclusão de que é viável recuperar
um resíduo que não era considerado
possível de ser reciclado. Tanto que
não existem usinas de reciclagem
para este material no país. Estima-se
que o resíduo do gesso represente
em torno de 4% do volume do
descarte da construção civil,
que em São Paulo, por exemplo,
corresponde a mais de 50% de
todo o resíduo sólido urbano
gerado”, ratifica Sayonara.
Trabalhadores de vários segmentos industriais estão
expostos a produtos com alto poder de corrosão e
tóxicos. Por isso qualquer acidente pode trazer sérios
danos à saúde. Mas uma invenção do Instituto de
Tecnologias de Estado Sólido, na Alemanha, promete
dar uma mãozinha para acabar com esse risco. Trata-se
de uma luva sensorial que muda de cor quando toca
em substâncias tóxicas. Segundo a cientista Sabine
Trupp, responsável pela inovação, a luva sensorial é
voltada sobretudo para trabalhadores da indústria
química, de semicondutores e de laboratórios, onde
muitas substâncias agressivas são imperceptíveis aos
sentidos humanos. Os sensores presentes na luva
podem detectar gases, como o monóxido de carbono
ou sulfeto de hidrogênio. Também podem ser utilizados
para a detecção rápida de vazamentos em tubulações
de gás. Sabine explica que o sinal de alerta é disparado
por um corante integrado no tecido da luva, que reage
Tecido impermeável faz suor
escorrer para fora da roupa
Os bioengenheiros Siyuan Xing e Jia Jiang, da
Universidade da Califórnia, em Davis, nos Estados
Unidos, criaram um tecido impermeável que drena o
suor para fora da roupa. O tecido usa uma tecnologia
chamada microfluídica, que funciona como a pele
humana e transforma o excesso de suor em gotas que
escorrem pela roupa, saindo diretamente pelo lado de
fora do tecido. A microfluídica usa minúsculos canais
para manipular os fluidos. Para que escorram pelos
microcanais, é necessário dotá-los de segmentos
hidrofílicos, que atraem água, ou hidrofóbicos, que
repelem água, conforme a situação. A dupla desenvolveu
a tecnologia usando uma malha de fibras hidrofílicas
costuradas sobre um tecido altamente repelente à água.
Ajustando o padrão das fibras condutoras de água e
a forma como elas são costuradas em cada lado do
tecido, é possível controlar onde o suor é recolhido e por
onde ele vai escoar no lado de fora.
com a presença de analitos, neste caso as substâncias
tóxicas. Os sensores são aplicados nos tecidos por meio
de impressão, o que permite que a técnica seja aplicada
também em roupas, aventais e até instrumentos e
móveis. O próximo passo da pesquisa, segundo Sabine,
é criar módulos sensores miniaturizados, que possam
detectar as substâncias tóxicas, gravar as imagens e
transmitir os dados para um sistema de alerta central.
Celulares que dispensam
carregamento de bateria
Uma empresa francesa desenvolveu módulos
de células solares com espessura de 300 mícrons
que podem ser encaixados sobre ou sob a tela
sensível ao toque. Custando apenas 1 dólar ou 2
dólares, a tecnologia carrega os aparelhos enquanto
não estão em uso. Segundo o diretor de mercados
internacionais da empresa, Mathieu Debroca, é
possível compensar totalmente o consumo de
energia de um smartphone durante o standby. “E
podemos estender a vida da bateria em 20%”,
afirma. As células atuais absorvem 2,5 miliwatts por
centímetro quadrado do telefone, mas a invenção
trabalha para impulsionar a eficiência de 8% para
30%, criando uma corrente de energia que poderia
carregar o aparelho e dar mais 50% de conversação.
A tecnologia abre de vez a esperança de que em
2014 chegue ao mercado smartphones e tablets
com uma eficiência energética tão alta que não seja
mais necessário carregar a bateria.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
|
41
Seminário realizado pela FIEC, por meio do INDI, discutiu os
rumos da indústria cearense e iniciou a construção de uma
agenda pró-competitividade
U
ma indústria viva, moderna e produtiva. Em busca
desse objetivo é que pesquisadores, gestores públicos
e representantes da iniciativa privada participaram do
seminário Indústria Viva: Os desafios para a competitividade, realizado no dia 10 de junho na Federação das Indústrias
do Estado do Ceará (FIEC). O evento apresentou o programa Indústria Viva, uma iniciativa da FIEC, executada pelo
Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI),
cujo objetivo é promover a competitividade da indústria
local, prospectar o futuro, articular o desenvolvimento industrial, dinamizar o interior do estado e estimular o empreendedorismo e a eficiência produtiva. O seminário teve
foco no debate de temas relacionados à competitividade
e aos novos caminhos para o fortalecimento da indústria,
42 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
bem como questões-chave para o crescimento do setor no
Ceará e no Brasil.
O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo,
disse que o Indústria Viva tem a missão primordial de
produzir e encaminhar o futuro. Iniciado em meados de
2012, o projeto vem ganhando apoio na esfera pública, o
que o motiva e anima cada vez mais a lhe dar continuidade. “Estamos traçando um planejamento para a indústria
dos próximos anos. Isso, diante das incertezas do cenário
político e econômico do país, é difícil fazer, mas temos de
ter um rumo traçado para alcançarmos a longo prazo. Precisamos saber aonde devemos ir.”
Roberto Macêdo destacou que a iniciativa marca um processo novo que está ocorrendo na FIEC, de lutar por uma
Renato da Fonseca,
gerente-executivo de Pesquisa e
Competitividade da CNI
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Por uma indústria viva
“
O crescimento
dos países
emergentes, como China
e Índia, tem um impacto
forte na indústria
brasileira.
“
Competitividade
indústria viva e moderna para sobreviver às
dificuldades. “Juntos, vamos transformar,
com tempo, maturidade e segurança, a economia do nosso estado.” Ele lembrou que o
Indústria Viva faz parte de outras atividades
que estão ocorrendo na federação cearense,
como o Programa de Integração Universidade-Empresa (Uniempre) e o Integra Brasil –
Fórum Nordeste no Brasil e no Mundo.
“Quem somos e quem queremos ser?”
Essa foi a provocação feita pelo diretor corporativo do INDI, Carlos Matos, ao final
do evento, indicando qual deverá ser o foco
do projeto e as próximas ações. “Cumprimos nosso propósito de refletir sobre o futuro para agir no presente. A partir daqui,
tenho a convicção de que o protagonismo
tem de ser empresarial. Se confiarmos ao
poder público todas as ações necessárias
seremos fracassados.”
Carlos Matos anunciou que o programa
assinará um convênio com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)
para discutir cada setor ligado à FIEC, com
base na experiência local, a fim de construir
uma visão de futuro para a indústria cearense. Segundo ele, ainda há muito a fazer
no interior do Ceará por meio de polos industriais pensados pelo Indústria Viva. Os
próximos passos do programa envolvem a
organização de seminários temáticos para
aprofundar discussões com o objetivo de
construir agendas de curto, médio e longo
prazos para cada setor.
O seminário discutiu os cenários da indústria atual, as políticas públicas, a nova
agenda para a indústria e os desafios da
competitividade, dentre outros temas transversais. O gerente-executivo de Pesquisa e
Competitividade da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, abordou os cenários da indústria, tanto mundiais
como brasileiros. Ele apontou que o crescimento dos países emergentes, como China
e Índia, tem um impacto forte na indústria
brasileira. Ao mesmo tempo que esses países
demandam alimentos e recursos naturais e
minerais, levam o país a um elevado estado
de competição por causa dos manufaturados
que produzem a custos mais baixos.
O executivo fez um diagnóstico do cenário atual da indústria brasileira, com
destaque para três pontos: fortalecimento
do mercado interno, transição demográfica
(população jovem, mas pouco qualificada)
e reconfiguração espacial da atividades econômica. Quanto ao último ponto, Renato
afirma que a descentralização da região
Centro-Sul do Brasil depende de investimentos em logística e educação.
Todos esses fatores levam o Brasil a ter a
décima indústria do mundo, em produção
industrial. O setor é responsável por 28% do
Produto Interno Bruto (PIB), 45% da receita tributária e 25% do emprego formal. Renato alertou para o fato de o segmento estar
perdendo participação em relação a outros
setores da economia, como o de serviços,
por exemplo. Também disse que a indústria
brasileira está perdendo mercado interno e
também externo. Além disso, segundo ele,
esse cenário de dificuldade para o setor não
é só brasileiro, mas mundial.
O economista e presidente da Inter. B
– Consultoria Internacional de Negócios,
Cláudio Frischtak, concorda que a participação da indústria na economia brasileira
está perdendo força. Ele chama esse fenômeno de envelhecimento precoce da indústria, já que seria um processo natural,
mas que está ocorrendo de forma antecipada. Os motivos para esse envelhecimento,
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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43
inferior a economias maduras, que devem ao
setor de serviços seu crescimento.
No Brasil, o
Investe-se pouco em infraestrutura. Essa
também foi uma constatação de Frischtak. No
regime tributário
Brasil, os investimentos nessa área têm sido da
se caracteriza por uma
ordem de 2% do PIB, insuficientes, na sua avaliação. Os pontos críticos são os transportes e
elevada arrecadação
o saneamento. O Chile investiu 5,10% do PIB
quando comparado aos
nessa área entre 2008 e 2011. A Índia irá investir, entre 2013 e 2017, 6% e a China invesnossos competidores
tiu, em 2010, 13,4% do PIB em infraestrutura.
e países de renda per
O regime tributário é outro gargalo para a
competitividade nas empresas, apontou o ecocapita semelhante.
nomista: “No Brasil, o regime se caracteriza por
uma elevada arrecadação quando comparado
Cláudio Frischtak,
aos nossos competidores e a países de renda per
economista e presidente da Inter. B
capita semelhante. Além disso, ainda temos regras complexas e de difícil aplicação”. Mas Frischtak é otimista: “A situação não é irremediável,
nem irreversível, mas é necessário agir. É fundamental aumentar a produtividade sistêmica,
melhorar a infraestrutura, conter a escalada de
impostos, racionalizar o sistema tributário e mepara o economista, são os custos sistêmicos lhorar a eficiência do Estado.”
Países desenvolvidos investem em produtivielevados, insuficiência no investimento e
dade
do trabalho, alertou Renato da Fonseca, e
atualização tecnológica, baixa produtividade
a
única
maneira de aumentá-la indefinidamente
e elevados custos unitários do trabalho. “Esé
por
meio
da inovação. Segundo ele, de acordo
ses fatores limitam a capacidade de a indúscom
um
levantamento
feito pela CNI, as empretria competir e restringem seu crescimento”,
sas
brasileiras
devem
em
produtividade devido
afirmou Frischtak. Para driblar esse quadro,
a
três
fatores:
capital
humano,
tributação e alta
aponta a produtividade como chave. Entre
concorrência.
Outro
assunto
abordado
por Re1996 e 2012, segundo dados do Inter. B, os
nato
foi
a
competitividade
na
indústria.
“O deganhos de produtividade por trabalhador
safio
da
competitividade
no
Brasil
é
sistêmico.
cresceram apenas 0,91% ao ano, valor muito
Envolve empresa, setor em
que está inserida e a sistêmica como um todo, como
Diminuição da participação da indústria de transformação na economia brasileira
infraestrutura, burocracia e
legislação do trabalho, dentre outros fatores.”
Destaque do seminário
também foi a palestra do
economista do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Mansueto Almeida, que tratou sobre políticas
públicas e a nova agenda
para a indústria. Ele esteve
na FIEC em abril para discutir o assunto, que foi tema de
matéria da Revista da FIEC
– edição 71 (Desafios para a
FoNTE: IBGE
Indústria – página 10).
44 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
Foto: GIOVANNI SANTOS
Foto: JOSÉ SOBRINHO
“
“
Pesquisadores, gestores públicos e representantes
da iniciativa privada discutem na FIEC um modelo de
indústria competitiva sustentável
Indústria sustentável
P
esquisadores, gestores públicos e representantes da
iniciativa privada que participaram do seminário Indústria Viva aceitaram o desafio de pensar um modelo de indústria competitiva sustentável e durante uma
manhã, por meio da utilização do modelo de tema livre
como metodologia de discussão, traçaram um panorama
amplificado do que poderia vir a ser essa construção. O
encontro, que contou com a participação de representantes da Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Federal do Ceará (UFC), Serviço Social da Indústria
(SESI/CE), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI/CE), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Confederação Nacional da Indústria
(CNI), Fundação Getulio Vargas (FGV), Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Secretaria da Ciência
e Tecnologia do Estado (Secitece), resultará em uma proposta de agenda a ser aprofundada.
Segundo Carlos Matos, um dos idealizadores da reunião, a indústria em todo o mundo está passando por
profundas transformações. No Ceará, por exemplo, “contamos com a ajuda de incentivos fiscais, mas precisamos
avançar para criar condições de não mais depender apenas desse mecanismo”. E nesse sentido, diz, não se pode
achar que governo e iniciativa privada podem resolver
os problemas sozinhos. Ele apontou que a construção da
metodologia de discussão levou em conta, como objeti-
vos estratégicos imprescindíveis: integração, valorização de
pessoal, inovação, competitividade sustentável e conexão
mundial. Para Carlos Matos, o Brasil conseguiu superar
a questão da agenda da estabilidade, mas é preciso agora
avançar quanto à competitividade.
Coordenador de Política Industrial da ABDI, Roberto
Pedreira escolheu tratar dos desafios, competitividade e futuro da indústria brasileira. Ele contou que, mesmo com a
crise, as empresas com mais de 500 empregados nos países
em desenvolvimento aumentaram os dispêndios em P&D
(pesquisa e desenvolvimento) nos últimos anos. No Brasil,
entretanto, os dados não apontam nessa direção. “E isso
se deve às incertezas na economia.” Na avaliação do coordenador, o problema não seria, assim, nem os instrumentos, nem os recursos destinados para inovação, mas sim a
conjuntura que não se apresenta favorável a investimentos.
Lembrou que esse fenômeno ocorre nas grandes empresas, pois nas pequenas a inovação ocorre por necessidade.
“Mais especificamente quanto às pequenas, os gestores não
conhecem, ou não têm acesso a instrumentos de inovação.”
Na mesma linha de raciocínio, o pesquisador da FGV,
Marcelo Canêdo, entende que há um conflito entre a política de inovação e os mecanismos que compõem o segmento
industrial. Para ele, a burocracia cria muitas dificuldades,
não permitindo que as empresas se modernizem. O pesquisador citou o exemplo da indústria petrolífera brasileira, que tem uma cadeia produtiva totalmente dependente.
Junho de 2013 | RevistadaFIEC
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45
"Se em algum dia não tivermos mais essa indústria, sua
cadeia não terá como se adequar e sobreviver à nova realidade. O que temos, então, é uma política horizontal, e, não,
uma política industrial."
O gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da
CNI, Renato da Fonseca, destacou que inovação é uma
ação de risco, mas a mentalidade do empresariado está
condicionada ao sucesso da obtenção do lucro. Apontou
que, por isso, deveria ser dado mais estímulo ao empreendedor. Fonseca, porém, acha que o governo atrapalha
muito o ambiente de negócios. O ideal seria que, caso
o empreendedor não obtenha sucesso em um negócio, seja incentivado a abrir outro. No entanto, se ele
não conseguiu acertar, tem dificuldade até de fechar a
empresa, "imagine abrir outra". Para o gerente, dada a
importância do empreendedorismo, a questão deveria
ser tratada na esfera municipal, unidade federativa que
está mais perto da realidade local. "O que temos visto,
todavia, é uma insegurança jurídica muito grande, que
só estimula a informalidade."
Federalismo, poupança e gestão
P
esquisador do Ipea, Mansueto Almeida
traçou paralelo entre a macro e a
microeconomia, citando que qualquer
melhora na economia reflete imediatamente
também nos custos da empresa, destacando
como exemplo a subida dos salários. No
caso do Brasil, esse reflexo é direto porque
a empresa tem de lidar com outros fatores
que interferem na competitividade, como a
infraestrutura e a burocracia. Por outro lado,
apontou, há no mundo um excesso de produtos
manufaturados no mercado. Outro ponto
destacado é que no Brasil o crescimento do
gasto público representa ainda aumento da
carga tributária, já que alguma coisa tem de
ser feita para sustentá-lo. Mansueto explica
que o gasto público elevado também gera baixa
“
O empresário
está muito
voltado ao dia a dia,
sem se preocupar com o
que está acontecendo no
mundo.
“
Henrique Marinho,
presidente da Corecon/CE
poupança: “A consequência disso virá no
futuro, quando o país tiver de oferecer
saúde ao maior contingente de idosos que
teremos nos próximos anos. Para ele, esse
quadro verificado na macroeconomia acaba
por contaminar a microeconomia, que não
inova, entre outros problemas”.
O perfil médio do gestor empresarial foi
o tema escolhido pelo professor da Unifor
e presidente do Conselho Regional de
Economia (Corecon/CE), Henrique Marinho.
Na sua visão, a figura do empresário, na
grande maioria, está dissociada da questão
das tendências e de uma ambientação
macroeconômica. "Estão muito voltados
ao dia a dia, sem se preocupar com o que
está acontecendo no mundo." Marinho faz
referência também ao questionamento que
comumente se faz ao Estado, afirmando
que seu papel é importante, mas considera
que ele é do tamanho que nós o criamos.
"Os mesmos que reclamam do seu
tamanho, não recusam essas benesses
quando são favorecidos. E isso tem custo."
Para o doutorando em Economia pela
CAEN/UFC, Carlos Eduardo Marinho, que
abordou federalismo no debate, disse que
o modelo de pacto federativo brasileiro
amplia as desigualdades regionais porque
não consegue equalizar os recursos com
os gastos de saúde e educação das
unidades federativas. Ele ressalta que, em
vista disso, os grandes prejudicados são
os estados pobres: "Sem uma reforma
do sistema federativo, com a equalização
dos recursos de saúde e educação, não
saíremos do canto".
Modelo SESI de Sustentabilidade no Trabalho
O SESI tem uma ferramenta gratuita de diagnóstico e autoavaliação que vai mostrar para
você, empresário industrial, que o investimento em qualidade de vida proporciona aumento na
produtividade e sustentabilidade dos negócios. Ganha o trabalhador, ganha a indústria.
Confira também outras consultorias em Responsabilidade Social e Sustentabilidade Empresarial:
• Gestão da Responsabilidade Corporativa
• Gestão do Investimento Social Privado
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Entre em contato com o SESI e solicite uma visita: (85) 3421.5852 | 3421.5854
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46 | RevistadaFIEC | Junho de 2013
O Brasil pode
muito mais
Um grande movimento por um novo Brasil,
um Nordeste mais forte e mais equilíbrio
entre as regiões: é o Integra Brasil – Fórum
Nordeste no Brasil e no Mundo. Uma iniciativa
do setor produtivo, que reúne entidades de classes,
instituições públicas e privadas, lideranças políticas
inte
e todos os cidadãos interessados
num país realmente
grande e desenvolvido.
Porque o Brasil pode muito mais.
Contatos Telefone: (85) 3261-9612 / 3421-5465
E-mail: [email protected]
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Iniciativa
Apoio
Este espaço está reservado para as marcas de instituições privadas e públicas, organizações
do setor produtivo e governamental, que estão aderindo ao Integra Brasil. Sindicatos
e Associações vinculados à FIEC interessadas em manifestar seu apoio por meio da veiculação
deste anúncio em suas revistas, podem entrar em contato pelos telefones listados à esquerda.
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DIA DA INDÚSTRIA