CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
TEMA
“MEU
MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
MUNDO”
JESUS
Patrono do Encontro
INFORMAÇÕES GERAIS
8h às 8h30min
Chegada / Recepção
8h30min às 9h
Abertura/ Deslocamento
9h às 10h20min
Estudo
10h20min às 11h10min
Intervalo
11h10min às 12h55min
Estudo
13h
Encerramento
Coordenação Geral: FÁTIMA VENTURA
Coordenação Imediata: Colegiado do Encontro Espírita sobre Jesus
Organização de Conteúdo: Equipe de Estudo do Encontro
Finalização: Setor Editorial do CELD
CENTROS PARTICIPANTES
LOCAL
Centro Espírita Léon Denis
Bento Ribeiro
Centro Espírita Antonio de Aquino
Magalhães
Bastos
DATA
DA REALIZAÇÃO
27/setembro
27/setembro
Centro Espírita Irmão Clarêncio
Vila da Penha
27/setembro
Núcleo Espírita Antonio de Aquino
Bangu
27/setembro
Assoc. Cristã Esp. Chico Xavier
Nova Iguaçu
27/setembro
Centro Espírita Casa do Caminho
Taquara
27/setembro
Centro Espírita Bezerra de Menezes
Duque de Caxias
27/setembro
Grupo Espírita Fraternidade e Amor
Bangu
3/outubro(sáb.)
Núcleo Espírita Rabi da Galileia
Santa Cruz
4/outubro
Centro Espírita Abigail
Santa Cruz
4/outubro
Centro Espírita Abigail de Lima
Madureira
4/outubro
Centro Espírita Abel Sebastião de Almeida
Sampaio
4/outubro
Centro Espírita Israel Barcelos
Bento Ribeiro
4/outubro
Centro Espírita Ismael
Magalhães
Bastos
11/outubro
Centro Espírita Maria de Nazaré
Nilópolis
11/outubro
Centro Espírita Léon Denis (Cabo Frio)
Cabo Frio
11/outubro
Grupo Espírita Maria de Nazaré
Madureira
18/outubro
Grupo Espírita Allan Kardec
Bangu
21/Nov. (sáb.)
TEMAS ESTUDADOS
1994 – 1o E.E.JESUS – “Jesus e o Espiritismo”
1995 – 2o E.E.JESUS – “Jesus e a Alegria”
1996 – 3o E.E.JESUS – “O Cristo Misericordioso”
1997 – 4o E.E.JESUS – “Amai os vossos Inimigos”
1998 – 5o E.E.JESUS – “Jesus e o Perdão das Ofensas”
1999 – 6o E.E.JESUS – “Jesus e a Reencarnação”
2000 – 7o E.E.JESUS – “Jesus diante dos Mundos Superiores e Inferiores”
2001 – 8o E.E.JESUS – “Jesus e a Felicidade Futura”
2002 – 9o E.E.JESUS – “Jesus e as Aflições do Homem”
2003 – 10o E.E.JESUS – “Muitos os Chamados e Poucos os Escolhidos”
2004 – 11o E.E.JESUS – “Os Trabalhadores da Última Hora”
2005 – 12o E.E.JESUS – “Estranha Moral”
2006 – 13o E.E.JESUS – “Ajuda-te que o Céu te Ajudará”
2007 – 14o E.E.JESUS – “O Cristo Consolador”
2008 – 15o E.E.JESUS – “O Consolador e nós”
2009 – 16o E.E.JESUS – “O Homem de Bem e o Homem Inteligente Segundo Jesus”
2010 – 17o E.E.JESUS – “O Homem de Bem, a Sociedade de Consumo e Jesus”
2011 – 18o E.E.JESUS – “O Homem de Bem diante das Horas Críticas”
2012 – 19o E.E.JESUS – “O Homem de Bem – O Missionário do Cristo”
2013 – 20o E.E.JESUS – “O Homem de Bem e a Vida Intuitiva – Jesus o Bom Pastor”
2014 – 21o E.E.JESUS – “Não Vim Destruir a Lei”
SUMÁRIO
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Sensibilização ______________________________________ 7
Tema 1- A Vida Futura _______________________________ 8
Tema 2- O Reino de Deus ___________________________ 14
Tema 3- A Realeza de Jesus _________________________ 17
Tema 4- O Ponto de Vista ____________________________ 19
Conclusão ________________________________________ 22
Mensagem Final ___________________________________ 23
Anexos __________________________________________ 25
Referências Bibliográficas ____________________________ 37
OBJETIVOS
I- OBJETIVO GERAL: Compreender que a verdadeira vida é a do
espírito imortal e que este deve ser o objetivo principal do homem na
Terra.
II- OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Identificar a vida futura como base do ensinamento do Cristo.
Reconhecer que a realeza de Jesus é para todo o sempre, pois se
refere ao plano do espírito imortal.
Verificar nos ensinamentos de Jesus a imortalidade da alma e a
reencarnação como aspectos da vida futura.
Estabelecer a relação existente entre vida (atos) presente(s) e
penas e recompensas futuras.
Avaliar o quanto estes conhecimentos doutrinários interferem no
ponto de vista sob o qual encaramos a vida terrena.
III- Concluir que é preciso viver trabalhando pela implantação do
Reino de Deus em si próprio e, por decorrência, no planeta como um
todo.
6
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
SENSIBILIZAÇÃO
Jesus convida os apóstolos para a tarefa de implantação do Reino de Deus na
Terra.
Jesus diante de Pilatos.
Quem é Jesus para você?
A quem Jesus chama?
Para que Jesus chama?
Atendemos ao seu chamado?
De que maneira? Em que medida?
O projeto de Jesus é realizável sem a vida futura?
7
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
(...) Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos trabalhadores da
última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o
trabalho ao alvorecer e só o terminarei quando o dia terminar. Todos
viestes quando fostes chamados, uns um pouco mais cedo, outros um
pouco mais tarde, para a encarnação cujas correntes arrastais; mas há
quantos séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha sem que
houvésseis querido entrar? Eis que chegou o momento de receberdes o
salário; empregai bem essa hora que vos resta, e nunca vos esqueçais
de que vossa existência, por mais longa que ela vos pareça, não é mais
que um momento fugaz na imensidade dos tempos que para vós
constituem a eternidade. (Constantino, espírito protetor. Bordeaux, 1863.)
o
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 2. 4 §.
TEMA I- A VIDA FUTURA
Quais são as nossas maiores preocupações; o objetivo principal
de nossa vida agora?
Eu me planejo para vida futura? Em que medida?
Jesus se refere à vida futura? Em que passagens?
“Pilatos, tornando a entrar no palácio, e fazendo vir Jesus à sua
presença, perguntou-lhe: ‘Tu és o rei dos Judeus’? Respondeu-lhe Jesus:
‘Meu Reino não é deste mundo’...”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II, item 1.
Por essas palavras, Jesus claramente se refere à vida futura, que ele
apresenta, em todas as circunstâncias, como a meta a que tende a
humanidade e como devendo ser o objeto das principais preocupações do
homem sobre a Terra (...)
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II, item 2.
8
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Kardec alerta que: em todas as circunstâncias, a vida futura
deve ser objeto das principais preocupações do homem sobre a
Terra...
Os ensinamentos de Jesus têm sentido sem a vida
futura?
Quais ensinamentos do Mestre perdem a razão de
ser sem a vida futura?
(...) Todos os seus ensinamentos se referem a esse grande
princípio. Realmente, sem a vida futura, a maioria desses preceitos
de moral não teriam nenhuma razão de ser, eis por que aqueles
que não creem na vida futura, imaginando que Jesus só falava da
vida presente, não compreendem esses preceitos ou os acham
ingênuos.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II, item 2.
Como entender o amor de Deus diante das anomalias da vida
terrestre?
Por que Deus permite?
O conceito da vida futura (...) “pode ser considerado como a base dos
ensinamentos do Cristo” e (...) “só ele pode justificar as anomalias da vida
terrestre e ajustar-se com a Justiça de Deus”.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II, item 2.
9
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
A vida futura nos remete a dois conceitos ensinados por Jesus: a
imortalidade da alma e a reencarnação.
Na “Parábola do Mau Rico” Jesus nos fala que: “Ora, aconteceu que
esse pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico também
morreu e teve o inferno como sepulcro.” (Lucas, XVI:22.)
Em que consiste a felicidade dos bons Espíritos?
O Livro dos Espíritos, p. 967.
“Em conhecer todas as coisas; em não ter ódio, nem ciúme, nem inveja,
nem ambição, nem qualquer das paixões que fazem a infelicidade dos
homens. O amor que os une é para eles uma fonte de suprema felicidade.
Não experimentam as necessidades, nem os sofrimentos, nem as angústias
da vida material; são felizes pelo bem que fazem; de resto, a felicidade dos
Espíritos é sempre proporcional à elevação deles.”
Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos
inferiores?
O Livro dos Espíritos, p. 970.
“São tão variados quanto as causas que os produziram e proporcionais
ao grau de inferioridade, como os gozos o são ao grau de superioridade;
podem resumir-se assim: invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes e
não poderem obtê-lo; verem a felicidade e não poderem alcançá-la; pesar,
ciúme, raiva, desespero pelo que os impede de serem felizes; remorsos,
ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazêlos e é isto o que os tortura.”
10
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Além de ensinar sobre a continuidade da vida após a morte, Jesus
exemplificou, apresentando-se durante 40 dias (At., I:3) após o episódio da
crucificação.
Vejamos os textos de Paulo e Emmanuel
“E, se não há ressurreição de mortos, também o Cristo não
ressuscitou.”
a
Paulo. (1 Epístola aos Coríntios, cap.XV:13.)
(...) Comentando o assunto, portas adentro do esforço cristão,
somos compelidos a reconhecer que os negadores do processo
evolutivo do homem espiritual, depois do sepulcro, definem-se contra o
próprio Evangelho. O Mestre dos Mestres ressuscitou em trabalho
edificante. Quem, desse modo, atravessará o portal da morte para cair
em ociosidade incompreensível?
Somos almas, em função de aperfeiçoamento, e, além do
túmulo, encontramos a continuação do esforço e da vida. Emmanuel
Francisco Cândido Xavier (médium) – “Além-túmulo” – lição 68 –
Caminho, Verdade e Vida.
O Espírito progride no estado errante?
O Livro dos Espíritos, p. 230.
“Pode melhorar-se muito, sempre conforme sua vontade e seu desejo;
porém, é na existência corporal que ele coloca em prática as novas ideias que
adquiriu.”
A felicidade perfeita está ligada à perfeição, isto é, à depuração completa do espírito. Toda imperfeição é ao mesmo tempo uma causa de
sofrimento e de privação de prazer, do mesmo modo que toda qualidade
adquirida é uma causa de prazer e de atenuação de sofrimentos. Daí resulta
que a soma da felicidade e dos sofrimentos é proporcional à soma das
qualidades boas ou más que o espírito possui.
a
o
O Céu e o Inferno – 1 parte – cap. VIII – “Código Penal da Vida Futura”, 3 item.
11
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Os ensinamentos citados reafirmam o que foi ensinado por Jesus:
“Em verdade, em verdade, te digo que ninguém pode ver o
Reino de Deus se não nascer de novo.” (João, III:3.)
“Em verdade, em verdade, te digo que, se um homem não
renasce da água e do espírito, ele não pode entrar no Reino de
Deus.” (João, III:5.)
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. IV, item 5.
“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o e
atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo ou aleijado do
que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno.”
Jesus (Mateus, XVIII:8.)
Unicamente a reencarnação esclarece as questões do ser, do
sofrimento e do destino. Em muitas ocasiões, falou-nos Jesus de seus
belos e sábios princípios.
Esta passagem de Mateus é sumamente expressiva.
(...) A expressão “melhor te é entrar na vida” representa solução
fundamental.
Acaso, não eram os ouvintes pessoas humanas? Referia-se,
porém, o Senhor à existência contínua, à vida de sempre, dentro da
qual todo espírito despertará para a sua gloriosa destinação de
eternidade.
Na elevada simbologia de suas palavras, apresenta-nos Jesus o
motivo determinante dos renascimentos dolorosos, em que observamos aleijados, cegos e paralíticos de berço, que pedem semelhantes
provas como períodos de refazimento e regeneração indispensáveis à
felicidade porvindoura.
Emmanuel
Francisco Cândido Xavier (médium) – “Reencarnação” – lição 108 –
Caminho, Verdade e Vida.
Não parece natural escolher as provas menos penosas?
o
o
O Livro dos Espíritos, p. 266 e C.K. 1 e 2 §.
12
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
“Para vós, sim; para o espírito, não; quando desligado da matéria, a
ilusão cessa e ele pensa de uma outra maneira.”
O homem, na Terra, e sob a influência das ideias carnais, só vê o lado
penoso dessas provas; é por isso que lhe parece natural escolher as que, do seu
ponto de vista, podem aliar-se aos gozos materiais; mas, na vida espiritual, ele
compara esses gozos fugidios e grosseiros com a felicidade inalterável que
entrevê e, assim sendo, o que lhe poderiam causar alguns sofrimentos passageiros? O espírito pode, portanto, escolher a prova mais rude e, por conseguinte,
a existência mais penosa, na esperança de alcançar mais depressa um estado
melhor, como o enfermo escolhe, frequentemente, o remédio mais desagradável
para se curar mais rápido. Aquele que quer ter seu nome ligado à descoberta de
um país desconhecido não escolhe uma estrada florida; sabe dos perigos que
corre, mas sabe, também, da glória que o aguarda, se tiver êxito.
(...) Assim é o viajante que, no fundo do vale escurecido pelo nevoeiro,
não enxerga a extensão, nem os pontos extremos de sua estrada; tendo
chegado ao cume da montanha, abarca o caminho percorrido e o que lhe resta
a percorrer; vê seu objetivo, os obstáculos que ainda terá que transpor e pode,
então, organizar com mais segurança os meios de chegar. O espírito encarnado é como o viajante no sopé da montanha; desligado dos liames terrestres
ele vê mais longe como aquele que se encontra no topo do monte. Para o
viajante, a meta é o repouso, após a fadiga; para o espírito é a felicidade
suprema, após as tribulações e as provas.
(...) Com o Espiritismo, a vida futura não é mais um simples
artigo de fé, uma hipótese, ela é uma realidade material demonstrada
pelos fatos, visto que são as testemunhas oculares que vêm
descrevê-la em todas as suas fases e peripécias, de tal maneira que
não somente a dúvida não é mais possível, como a inteligência mais
simples pode imaginá-la sob seu verdadeiro aspecto, como se
representa um país do qual se lê uma descrição detalhada; ora, essa
descrição da vida futura é de tal forma circunstanciada, as condições
de existência, feliz ou infeliz, daqueles que ali se encontram, são tão
racionais que se reconhece que não pode ser de forma diferente, e
que ela representa, perfeitamente, a verdadeira Justiça de Deus.
o
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II – 3 – 3 §.
A vida futura é, portanto, a vida com a
consciência de que somos espíritos imortais,
filhos de Deus.
13
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
TEMA II- O REINO DE DEUS
O que é o Reino de Deus?
“O Reino de Deus é semelhante...”
Jesus nos fala insistentemente sobre o Reino de Deus. Para defini-lo,
Ele nos ensina que o Reino de Deus cresce naturalmente em nós, como
nas parábolas da semente que germina por si só (Mc., IV:26 a 29) do grão de
mostarda (Mt., XIII:31 a 32) e do fermento (Mt., XIII:33). É preciso enfrentar as
lutas naturais do crescimento, mas as potências da alma já estão em nós.
Ele também nos diz que nesse processo de crescimento alguns
aproveitam melhor as oportunidades, e outros recalcitram precisando
realizar esforços maiores para a retomada do caminho (O filho perdido e o
filho fiel: o “filho pródigo” – Lc., XV:11 a 32). No caso das parábolas da Rede
(Mt., XIII:47 a 52) e do Joio (Mt., XIII:24 a 30) fica demonstrado que as nossas
escolhas trazem sempre consequências que nos aproximam ou não desse
Reino que buscamos.
Na “Parábola do Banquete Nupcial”, Jesus nos convida para a festa do
Reino de Deus (Mt., XXII:1 a 14). Muitas vezes recusamos o convite e nos
mantemos presos às questões da vida material (o campo, o negócio).
Aqueles, porém que o aceitam, passam a viver a alegria da festa, mesmo
antes que ela se estabeleça.
Nas “Parábolas dos Talentos” (Mt., XXV:14 a 30) e “das Minas” (Lc., XIX:11
Jesus se refere aos recursos que Deus nos oferece para
trabalharmos na conquista dessa verdadeira felicidade e ao valor que eles
devem ter para nós, responsáveis que somos pela sua boa utilização.
a 28),
Na “Parábola dos Trabalhadores da Vinha” (Mt., XX:1 a 16) o ensinamento
diz respeito à boa vontade, à necessidade de estarmos sempre dispostos ao
trabalho na vinha do Senhor, sem exigências de qualquer espécie.
Na “Parábola das Dez Virgens” (Mt., XXV:1 a 13) somos levados a refletir
sobre a vigilância que nos cabe. Temos nosso objetivo maior em mente? É
preciso vigiar para que possamos estar sempre caminhando em sua
direção. Além da vigilância, é necessário o alimento da alma, representado
pelo azeite, para que possamos nos sustentar na luta que abraçamos.
14
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Onde ele está?
“Não se poderá dizer: Ei-lo aqui! Ei-lo ali! Pois eis que o Reino de Deus
está dentro/no meio de vós” (Lc., XVII:20 e 21.)
Em que sentido é preciso entender essas palavras
do Cristo: “Meu Reino não é deste mundo”?
O Livro dos Espíritos, p. 1018.
“Respondendo assim, o Cristo falava em sentido figurado. Queria dizer
que reina apenas sobre os corações puros e desinteressados. Ele está em
qualquer parte onde domine o amor do bem; mas, os homens ávidos das
coisas deste mundo e apegados aos bens da Terra não estão com ele.”
(São Luís)
Como alcançá-lo?
“Buscai primeiramente o Reino dos Céus e sua justiça e tudo mais vos
será dado por acréscimo” (Mt., VI: 33).
“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos
Céus” (Mt., V:3).
“Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque
deles é o Reino dos Céus” (Mt., V:10).
“Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo algum
entrareis no Reino dos Céus” (Mt., V:20).
“Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino
de Deus” (Lc., IX:62).
“Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos
Céus. Mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos
Céus” (Mt., VII: 21).
“Em verdade, em verdade te digo quem não nascer de novo não pode ver
o Reino de Deus” (Jo., III:3).
“Em verdade, em verdade te digo que se um homem não renasce da
água e do espírito, ele não pode entrar no Reino de Deus” (Jo., III:5).
15
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Para se preparar um lugar no Reino dos Céus é preciso
abnegação, humildade, caridade em toda a sua perfeita prática, e
benevolência para todos; não se pergunta o que fomos, qual a
posição que ocupamos, mas o bem que fizemos, as lágrimas que
enxugamos. (...)
o
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II – 8 – 2 §.
O Reino de Deus será implantado na Terra?
Algum dia, o reino do bem poderá ter lugar na Terra?
O Livro dos Espíritos, p. 1019.
“Bem-aventurados os mansos porque herdarão a Terra.” (Mt., V:4.)
“O bem reinará na Terra quando, entre os espíritos que vêm habitá-la,
os bons superarem os maus; então, eles aí farão reinar o amor e a justiça,
que são a fonte do bem e da felicidade. É através do progresso moral e da
prática das Leis de Deus que o homem atrairá para a Terra os bons espíritos
e dela afastará os maus; os maus, porém, não a deixarão, enquanto dela não
estiverem banidos o orgulho e o egoísmo.”
O Reino de Deus é um estado íntimo caracterizado pela
consciência de que somos espíritos imortais, filhos de Deus,
em processo de aperfeiçoamento.
Os ensinos de Jesus e da Doutrina Espírita constituem
recursos valiosos para a facilitação desse processo.
16
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
TEMA III- A REALEZA DE JESUS
“Enquanto os reis terrestres têm um reino com períodos definidos pelas
circunstâncias, ou pelo próprio tempo de vida dos monarcas, o reinado de
Jesus é perene, pois seu foco é o espírito imortal.”
Victor
(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mario Coelho, no CELD)
“Pilatos então pergunta: ‘Logo, tu és rei’? Jesus responde: ‘Tu o
dizes, sou rei. Nasci e vim a este mundo para dar testemunho da
verdade; todo aquele que pertence à verdade ouve a minha voz’.”
(João, XVIII: 33, 36 e 37.)
17
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida
Vida” (Jo., XIV:6).
“Eu
Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo
salvo” (Jo., X:9).
“Eu
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá sua vida pelas suas
ovelhas” (Jo., X:11).
“Eu sou
u o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e o
que crê em mim nunca mais terá sede
sede” (Jo., VI:35).
“Eu
Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não andará em trevas,
mas terá a luz da vida” (Jo., VIII:12).
“Eu,
Eu, porém, entre vós, sou como aquele que serve
serve.”
(Lc., XXII:27.)
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
TEMA IV - O PONTO DE VISTA
Tentemos responder às questões abaixo, refletindo no nosso ponto
de vista habitual. Depois, com base nos estudos anteriores, respondamos às mesmas questões sob o ponto de vista estabelecido por Jesus.
1. Senhor, por que permaneço triste, tantas vezes amargurado, se
já tenho conhecimento do teu Evangelho de luz?
2. Senhor, por toda parte vejo a vitória do crime, o jogo das
ambições, a colheita dos desenganos. Como me posiciono diante
disso?
3. Senhor, o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente?
4. Senhor, e quando os negócios do mundo nos são adversos? E
quando tudo parece em luta contra nós?
5. Senhor, não será justificável a tristeza quando perdemos um
ente amado?
Após ouvir os encontristas, vamos analisar as respostas
dadas, comparando-as com o texto de O Evangelho Segundo o
Espiritismo, cap. II, item 5.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
“A ideia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável
no futuro, e essa fé tem consequências imensas sobre a moralização
dos homens, visto que ela muda completamente o ponto de vista sob
o qual eles encaram a vida terrestre.”
“Para aquele que, pelo pensamento, se coloca na vida espiritual, que
é indefinida, a vida corporal não é mais que uma passagem, uma
curta estada em um país ingrato.”
As vicissitudes e as atribulações da vida não são mais que incidentes
que ele recebe com paciência, porque sabe que são de curta duração
e devem ser seguidos por um estado mais feliz...”
“(...) a morte nada tem de assustador; não é mais a porta para o nada,
mas a porta da liberdade que abre para o desterrado a entrada de
uma morada de felicidade e de paz.”
“Sabendo que está em lugar temporário e não definitivo, ele aceita as
inquietações da vida com mais indiferença, e disso resulta, para ele,
uma calma de espírito que lhe suaviza a amargura.”
“Pela simples dúvida que possua sobre a vida futura, o homem dirige
todos os seus pensamentos para a vida terrena.”
“Tomando o seu ponto de vista a partir da vida terrena, no centro da
qual ele está colocado, tudo ao seu redor toma vastas proporções. O
mal que o atinge, assim como o bem dirigido aos outros, tudo adquire,
aos seus olhos, uma grande importância.”
“Assim acontece com aquele que encara a vida terrestre do ponto de
vista da vida futura; a humanidade, como as estrelas do firmamento,
se perde na imensidão; ele percebe então que grandes e pequenos
são confundidos como as formigas sobre um monte de terra; que
proletários e soberanos têm o mesmo valor, e lamenta essas criaturas
efêmeras que tanto se empenham em conseguir, na vida terrena, um
lugar que as eleva tão pouco e que devem conservar por tão pouco
tempo.”
20
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
“Ora, a procura do bem-estar força o homem a melhorar todas as
coisas, ele é impulsionado pelo instinto do progresso e da conservação, que está nas leis da Natureza.”
“Deus, portanto, não condena as satisfações terrenas, mas o abuso
dessas satisfações em prejuízo das coisas da alma; é contra esse
abuso que se previnem os que aplicam a si mesmos estas palavras
de Jesus: ‘Meu Reino não é deste mundo’.”
“O Espiritismo amplia o pensamento e lhe abre novos horizontes, em
lugar dessa visão estreita e mesquinha que o concentra na vida
presente, que faz do instante que se passa sobre a Terra a única e
frágil base do futuro eterno, o Espiritismo mostra que essa vida é
apenas um elo no conjunto harmonioso e grandioso da obra do
Criador; ele mostra os vínculos que unem todas as existências do
mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos
os mundos. Ele dá, assim, uma base e uma razão de ser à
fraternidade universal...”
O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. II – 5 a 7 – “O Ponto de Vista”.
21
22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
CONCLUSÃO
Parábolas do Tesouro Escondido e da Pérola
“O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no
campo; um homem o acha e torna a esconder e, na sua alegria,
vai, vende tudo o que possui e compra aquele campo.
O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que
anda em busca de pérolas finas. Ao achar uma pérola de grande
valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.”
(Mt., XIII:44 a 46.)
O Reino de Deus é o maior dos tesouros que podemos
ambicionar, valendo a pena abrir mão, por ele, de tudo o que é
ilusório e transitório.
“(...) o Reino de Deus é estado de espírito, de pureza, de
bondade, de felicidade, de amor, estado de graça que se comunica ao
ambiente. Suas matrizes já existem na intimidade do ser humano.”
“Observadas as leis criadas pela sabedoria infinita, estaremos
vivendo em nós o Reino de Deus.”
“Podemos, portanto, dizer que há duas tônicas, duas dominantes,
no pensamento de Jesus: a busca do Reino de Deus, como
finalidade, como objetivo da vida e a prática do amor como programa
para essa busca, como seu instrumento e veículo.”
“O Reino de Deus está em vós.” O tempo da sua realização
depende de cada um, do esforço que fizer, das renúncias que aceitar,
das batalhas que vencer na sua própria intimidade. Mas, atenção, ele
já está em nós.
Enquanto isso, vamos nascendo de novo até aprender, porque,
como disse Ele, “Quem não nascer de novo não pode ver o Reino de
Deus.”
Cristianismo: A Mensagem Esquecida, cap. 12, item II – “O Reino de Deus”.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
MENSAGEM FINAL
O REINO DO ESPÍRITO
Pela graça infinita de Deus, paz!
Balthazar, pela graça de Deus.
A Doutrina Espírita assemelha-se à estrela que surge no céu, orientando
o viajor para onde ele precisa ir. É o resultado do progresso humano. É a
caminhada do homem, chegando à fase terrena atual, ao seu estágio atual.
Trabalhadores do Antigo Testamento do mundo ocidental e, posteriormente, trabalhadores do Oriente e do Ocidente vieram à Terra trazer conceitos básicos para o progresso do homem, todos eles calcados no sentimento
do amor. Jesus foi o coroamento dessas informações e o Mestre de todos
aqueles que vieram anteriormente.
A humanidade, recebendo as informações crísticas, não as soube
aproveitar na época devida, quer por conta da ignorância dos homens, quer
por conta da tentativa de predomínio de uma religião sobre outras. Até que
chegou o tempo em que a Doutrina Espírita pôde restabelecer a lei de amor,
relembrando Jesus e acrescentando os conceitos de reencarnação e da
comunicação que pode haver com os espíritos, tão livremente quanto livre for
a mente dos homens. A Doutrina Espírita veio dar base para que a humanidade pudesse compreender os chamados fenômenos transcendentais.
Vive-se, agora, uma fase em que a humanidade crescerá e em que
Jesus verá o resultado de sua pregação e de seu esforço em trazer-lhe
conceitos tão belos, tão positivos.
Serão precisos quinhentos a seiscentos anos para que a humanidade se
transforme toda e realmente seja regenerada. A partir daí, conceitos diferentes são trazidos, novas ideias, novos sentimentos, com vistas ao futuro, onde
o homem terá revelações contínuas do mundo dos espíritos e verá espíritos
tão bem quanto vê encarnados.
É o reino do espírito se aproximando. Corpos menos pesados, paixões
menos grosseiras, seres superiores, conhecimentos ao alcance de todos. A
sociedade terá se despojado, então, de considerável parcela de egoísmo,
dando lugar ao sentimento de amor ao próximo, com o banimento de todas as
guerras, com o afastamento do mal.
O ser que herdar esta Terra viverá em um mundo de plenitudes,
encaminhando-se para o total conhecimento. O passado será relembrado
apenas como coisa antiga e a única preocupação humana será a de progredir
incessantemente, porque “tal é a Lei”.
E assim, podemos dizer que nós, os espíritas, estamos fazendo parte
deste grupo de espíritos que começa a se transformar. Somos todos os
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
pioneiros deste período de transformação e, ao mesmo tempo que pioneiros,
instaladores das bases concretas deste conhecimento.
Elevai a Deus, em prece, os vossos pensamentos, agradecendo esta
chance ímpar que os espíritos possuem de trazer momentos de elevação
para a humanidade que se transforma.
Guardai no fundo de vossas almas a certeza absoluta de que Deus
comanda todos os seres e Jesus, estando presente sempre junto a nós, será,
realmente, o Mestre deste planeta, tão somente Ele. Todos os demais
precursores serão recordados respeitosamente, mas um único Mestre existirá:
Jesus.
Que todos os que estiverem convivendo com a mensagem da Doutrina
Espírita se considerem escolhidos; não individualmente, mas como seres que,
juntando-se a Jesus, passam a fazer parte deste exército espiritual que há de
levar o conceito cristão-espírita por onde passar.
Que Deus a todos abençoe, ilumine e ajude!
Que todos sejam abençoados pela força dos céus!
Que todos se renovem cada vez mais, e que a bondade de Deus os
acompanhe, hoje e sempre!
Que assim seja! Paz!
Balthazar, pela graça de Deus.
Pela Graça Infinita de Deus, vol.1 – Mensagem recebida em 21/3/1999.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
ANEXOS
Tema II
1.
PARÁBOLAS*
Parábola da Semente que Germina por si só
“E dizia: ‘O Reino de Deus é como um homem que lançou a semente
na terra: ele dorme e acorda de noite e de dia, mas a semente germina e
cresce, sem que ele saiba como. A terra por si mesma produz fruto: primeiro
a erva, depois a espiga e, por fim, a espiga cheia de grãos. Quando o fruto
está no ponto, imediatamente se lhe lança a foice, porque a colheita
chegou’.”
(Mc., IV:26-29.)
Parábola do Grão de Mostarda
“Propôs-lhes outra parábola, dizendo: ‘O Reino dos Céus é semelhante
a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo.
Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce é a maior das
hortaliças e torna-se árvore, a tal ponto que as aves do céu se abrigam nos
seus ramos’.”
(Mt., XIII:31 e 32.)
Parábola do Fermento
“Contou-lhes outra parábola: ‘O Reino dos Céus é semelhante ao
fermento que uma mulher tomou e pôs em três medidas de farinha, até que
tudo ficasse fermentado’.”
(Mt., XIII:33.)
O Filho Perdido e o Filho Fiel: “O Filho Pródigo”
“Disse ainda: ‘Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai:
‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre
eles. Poucos dias depois, ajuntando todos os seus haveres, o filho mais
jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida
devassa.
E gastou tudo. Sobreveio àquela região uma grande fome e ele
começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens
daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele
queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém
lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão
com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! — Vou-me embora, procurar o
meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de
ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu,
então, e foi ao encontro de seu pai.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de
compaixão, correu e lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho,
então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser
chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a
melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias
nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este
meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado! E
começaram a festejar.
Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa
ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava
acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o
novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então ele ficou com muita
raiva e não queria entrar. Seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém,
respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, e jamais transgredi um
só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com
meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com
prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’ Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu
estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que
festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e
tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado’!”
(Lc., XV:11 a 32.)
Parábola da Rede
“O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar,
que apanha tudo. Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados,
juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. Assim
será no fim do mundo; virão os anjos e separarão os maus dentre os justos e
os lançarão na fornalha ardente. Ali haverá choro e ranger de dentes.”
Parábola do Joio
“Propôs-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é semelhante a um
homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam,
veio o seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando
o trigo cresceu e começou a granar, apareceu também o joio. Os servos do
proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa
semente no teu campo? Como então está cheio de joio?’ Ao que este
respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’.Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres,
então, que vamos arrancá-lo?’ ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que,
ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer
juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Arrancai
primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo,
recolhei-o no meu celeiro’.”
(Mt., XIII:24 a 30.)
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Parábola do Banquete Nupcial
“Jesus voltou a falar-lhes em parábolas e disse: ‘O Reino dos Céus é
semelhante a um rei que celebrou as núpcias do seu filho. Enviou seus
servos para chamar os convidados para as núpcias, mas estes não quiseram
vir.Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis
que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram degolados e
tudo está pronto. Vinde às núpcias’. Eles, porém, sem darem a menor
atenção, foram-se, um para o seu campo, outro para o seu negócio, e os
restantes, agarrando os servos, os maltrataram e os mataram. Diante disso,
o rei ficou com muita raiva e, mandando as suas tropas, destruiu aqueles
homicidas e incendiou-lhes a cidade. Em seguida, disse aos servos: ‘As
núpcias estão prontas, mas os convidados não eram dignos, ide, pois, às
encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes’. E
esses servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram,
maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de convivas. Quando o
rei entrou para examinar os convivas, viu ali um homem sem a veste nupcial
e disse-lhe: ‘Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial?’ Ele, porém,
ficou calado. Então disse o rei aos que serviam: ‘Amarrai-lhe os pés e as
mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de
dentes’. Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos’.”
(Mt., XXII:1 a 14.)
Parábola dos Talentos
“Pois será como um homem que, viajando para o estrangeiro, chamou
os seus próprios servos e entregou-lhes os seus bens. A um deu cinco
talentos, a outro dois, a outro um. A cada um de acordo com a sua
capacidade. E partiu. Imediatamente, o que recebera cinco talentos saiu a
trabalhar com eles e ganhou outros cinco. Da mesma maneira, o que
recebera dois ganhou outros dois. Mas aquele que recebera um só tomou-o
e foi abrir uma cova no chão. E enterrou o dinheiro do seu senhor. Depois de
muito tempo, o senhor daqueles servos voltou e pôs-se a ajustar contas com
eles. Chegando aquele que recebera cinco talentos, entregou-lhe outros
cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me confiaste cinco talentos. Aqui estão outros
cinco que ganhei’. Disse-lhe o senhor: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o
pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’
“Chegando também o dos dois talentos, disse: ‘Senhor, tu me confiaste dois
talentos. Aqui estão outros dois talentos que ganhei’. Disse-lhe o senhor:
‘Muito bem, servo bom e fiel! Sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te
colocarei. Vem alegrar-te com o teu senhor!’ Por fim, chegando o que
recebera um talento, disse: ‘Senhor, eu sei que és um homem severo, que
colhes onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste. Assim,
amedrontado, fui enterrar o teu talento no chão. Aqui tens o que é teu’. A isso
respondeu-lhe o senhor: ‘Servo mau e preguiçoso, sabias que eu colho onde
não semeei e que ajunto onde não espalhei? Pois então devias ter
depositado o meu dinheiro com os banqueiros e, ao voltar, eu receberia com
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
juros o que é meu. Tirai-lhe o talento que tem e dai-o àquele que tem dez,
porque a todo aquele que tem será dado e terá em abundância, mas daquele
que não tem, até o que tem será tirado. Quanto ao servo inútil, lançai-o fora,
nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes’!”
(Mt., XXV:14 a 30.)
Parábola das Minas
“Como eles ouviam isso, Jesus acrescentou uma parábola, porque
estava perto de Jerusalém, e eles pensavam que o Reino de Deus ia se
manifestar imediatamente. Disse então: ‘Um homem de nobre origem partiu
para uma região longínqua a fim de ser investido na realeza e voltar. Chamando dez de seus servos, deu-lhes dez minas e disse-lhes: ‘Fazei-as
render até que eu volte’. Ora, seus cidadãos o odiavam. E enviaram atrás
dele uma embaixada para dizer: ‘Não queremos que este reine sobre nós’.
Quando ele regressou, após ter recebido a realeza, mandou chamar
aqueles servos aos quais havia confiado dinheiro, para saber o que cada um
tinha feito render. Apresentou-se o primeiro e disse: ‘Senhor, tua mina
rendeu dez minas’. ‘Muito bem, servo bom’, disse ele, ‘uma vez que te
mostraste fiel no pouco, recebe autoridade sobre dez cidades’.
Veio o segundo e disse: ‘Senhor, tua mina produziu cinco minas’.
Também a este ele disse: ‘Tu também, fica à frente de cinco cidades’. Veio o
outro e disse: ‘Senhor, eis aqui a tua mina, que depositei num lenço, pois tive
medo de ti, porque és um homem severo, tomas o que não depositaste e
colhes o que não semeaste’. Então ele disse: ‘Servo mau, eu te julgo pela tua
própria boca. Sabias que eu sou um homem severo, que tomo o que não
depositei e colho o que não semeei. Por que, então, não confiaste o meu
dinheiro ao banco? À minha volta eu o teria recuperado com juros’. E disse
aos que lá estavam: ‘Tirai-lhe a mina e dai-a ao que tem dez minas’.
Responderam-lhe: ‘Senhor, ele já tem dez minas’... ‘Digo-vos, a quem tem,
será dado; mas àquele que não tem, será tirado até mesmo o que tem.
Quanto a esses meus inimigos, que não queriam que eu reinasse
sobre eles, trazei-os aqui e trucidai-os em minha presença’.”
(Lc., XIX:11 a 28.)
Parábola dos Trabalhadores da Vinha
“Porque o Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu
de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Depois de
combinar com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a
vinha.Tornando a sair pela hora terceira, viu outros que estavam na praça,
desocupados, e disse-lhes: ‘Ide, também vós para a vinha, e eu vos darei o
que for justo’. Eles foram. Tornando a sair pela hora sexta e pela hora nona,
fez a mesma coisa. Saindo pela hora undécima, encontrou outros que lá
estavam e disse-lhes: ‘Por que ficais aí o dia inteiro desocupados?
Responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. Disse-lhes: ‘Ide, também
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
vós, para a vinha’. Chegada a tarde, disse o dono da vinha ao seu
administrador: ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário começando
pelos últimos até os primeiros’. Vindo os da hora undécima, receberam um
denário cada um. E vindo os primeiros, pensaram que receberiam mais, mas
receberam um denário cada um também eles. Ao receber, murmuravam
contra o pai de família, dizendo: ‘Estes últimos fizeram uma hora só e tu os
igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor do sol’. Ele, então,
disse a um deles: ‘Amigo, não fui injusto contigo. Não combinaste um
denário? Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este último o mesmo que a
ti. Não tenho o direito de fazer o que eu quero com o que é meu? Ou o teu
olho é mau porque eu sou bom?’ Assim, os últimos serão primeiros, e os
primeiros serão últimos’.”
(Mt., XX:1 a 16.)
Parábola das Dez Virgens
“Então o Reino dos Céus será semelhante a dez virgens que, tomando
as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo. Cinco eram insensatas e
cinco, prudentes. As insensatas, ao pegarem as lâmpadas, não levaram
azeite consigo, enquanto as prudentes levaram vasos de azeite com suas
lâmpadas. Atrasando o noivo, todas elas acabaram cochilando e dormindo.
Quando foi aí pela meia-noite, ouviu-se um grito: ‘O noivo vem aí! Saí ao seu
encontro!’ Todas as virgens levantaram-se, então, e trataram de aprontar as
lâmpadas. As insensatas disseram às prudentes: ‘Dai-nos do vosso azeite,
porque as nossas lâmpadas estão se apagando’. As prudentes responderam:
‘De modo algum, o azeite poderia não bastar para nós e para vós. Ide antes
aos que vendem e comprai para vós’. Enquanto foram comprar o azeite, o
noivo chegou e as que estavam prontas entraram com ele para o banquete
de núpcias. E fechou-se a porta. “Finalmente, chegaram as outras virgens,
dizendo: ‘Senhor, senhor, abre-nos!’ Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos
digo: não vos conheço!’ Vigiai, portanto, porque não sabeis nem o dia nem a
hora.” (Mt., XXV:1 a 13.)
___________________________
* Bíblia de Jerusalém – Paulus.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
2.
AQUISIÇÃO DA CONSCIÊNCIA
Onde está escrita a Lei de Deus?
“Na consciência”.
O Livro dos Espíritos, perg.621.
“No momento da conscientização, isto é, no instante a partir do qual
consegues discernir com acerto, usando como parâmetro o Equilíbrio,
alcanças o ponto elevado na condição de ser humano.
Efeito natural do processo evolutivo, essa conquista te permitirá avaliar
fatores profundos como o bem e o mal, o certo e o errado, o dever e a
irresponsabilidade, a honra e o desar, o nobre e o vulgar, o lícito e o
irregular, a liberdade e a libertinagem.
Trabalhando dados não palpáveis, saberás selecionar os fenômenos
existenciais e as ocorrências, tornando tuas diretrizes de segurança
aquelas que proporcionam bem-estar, harmonia, progresso moral, tranquilidade.
Essa consciência não é de natureza intelectual, atividade dos mecanismos cerebrais. É a força que os propele, porque nascidas nas
experiências evolutivas, a exteriorizar-se em forma de ações.
Encontramo-la em pessoas incultas intelectualmente, e ausente em
outras, portadoras de conhecimentos acadêmicos. (...)
(...) A aquisição da consciência é desafio da vida, que merece exame,
consideração e trabalho. (...)
(...) A consciência é o estágio elevado que deves adquirir, a fim de
seguires no rumo da angelitude.”
Divaldo P. Franco — Momentos de Consciência — Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
Tema IV
3.
BOM ÂNIMO
O apóstolo Bartolomeu foi um dos mais dedicados discípulos do Cristo,
desde os primeiros tempos de suas pregações, junto ao Tiberíades. Todas as
suas possibilidades eram empregadas em acompanhar o Mestre, na sua
tarefa divina. Entretanto, Bartolomeu era triste e, vezes inúmeras, o Senhor o
surpreendia em meditações profundas e dolorosas.
Foi, talvez, por isso que, uma noite, enquanto Simão Pedro e sua família
se entregavam a inadiáveis afazeres domésticos, Jesus aproveitou alguns
instantes para lhe falar mais demoradamente ao coração.
Após uma interrogativa afetuosa e fraternal, Bartolomeu deixou falasse o
seu espírito sensível.
— Mestre — exclamou, timidamente — não saberia nunca explicar-vos o
porquê de minhas tristezas amargurosas. Só sei dizer que o vosso Evangelho
me enche de esperanças para o Reino de luz que nos espera os corações,
além, nas alturas... Quando esclarecestes que o vosso Reino não é deste
mundo, experimentei uma nova coragem para atravessar as misérias do
caminho da Terra, pois, aqui, o selo do mal parece obscurecer as coisas mais
puras!... Por toda parte, é a vitória do crime, o jogo das ambições, a colheita
dos desenganos!...
A voz do apóstolo se tornara quase abafada pelas lágrimas. Todavia,
Jesus fitou-o brandamente e lhe falou, com serenidade:
— A nossa doutrina, entretanto, é a do Evangelho ou da Boa Nova e
já viste, Bartolomeu, uma boa notícia não produzir alegria? Fazes bem,
conservando a tua esperança em face dos novos ensinamentos; mas,
não quero senão acender o bom ânimo no espírito dos meus discípulos.
Se já tive ocasião de ensinar que o meu Reino ainda não é deste mundo,
isso não quer dizer que eu desdenhe o trabalho de estendê-la, um dia,
aos corações que mourejam na Terra. Achas, então, que eu teria vindo a
este mundo, sem essa certeza confortadora? O Evangelho terá de
florescer, primeiramente, na alma das criaturas, antes de frutificar para o
espírito dos povos. Mas, venho de meu Pai, cheio de fortaleza e
confiança, e a minha mensagem terá de proporcionar grande júbilo a
quantos a receberem de coração.
Depois de uma pausa, em que o discípulo o contemplava silencioso, o
Mestre continuou:
— A vida terrestre é uma estrada prodigiosa, que conduz aos
braços amorosos de Deus. O trabalho é a marcha. A luta comum é a
caminhada de cada dia. Os instantes deliciosas da manhã e as horas
soturnas de serenidade são os pontos de repouso; mas, ouve-me bem!
Na atividade ou no descanso físico, a oportunidade de uma hora, de uma
leve ação, de uma palavra humilde é o convite de Nosso Pai para que
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
semeemos as suas bênçãos sacrossantas. Em geral, os homens abusam
desse ensejo precioso para anteporem a sua vontade imperfeita aos
desígnios superiores, perturbando a própria marcha. Daí resultam as
jornadas mais ásperas obrigatórias para retificação das faltas cometidas, os infrutíferos labores. Em vista destas razões, observamos que os
viajores da Terra estão sempre desalentados. Na obcecação de sua
vontade própria, ferem a fronte nas pedras da estrada, cerram os
ouvidos à realidade espiritual, vendam os olhos com a sombra da
rebeldia e passam em lágrimas, em desesperadas imprecações e
amargurados gemidos, sem enxergarem a fonte cristalina, a estrela
cariciosa do céu, o perfume da flor, a palavra de um amigo, a claridade
das experiências que Deus espalhou, para a sua jornada, em todos os
aspectos do caminho.
Houve um pequeno intervalo nas considerações afetuosas, depois do
que, sem mesmo perceber inteiramente o alcance de suas palavras,
Bartolomeu interrogou:
— Mestre, os vossos esclarecimentos dissipam os meus pesares; mas,
o Evangelho exige de nós a fortaleza permanente?
— A verdade não exige, transforma. O Evangelho não poderia
reclamar estados especiais de seus discípulos; porém, é preciso
considerar que a alegria, a coragem e a esperança devem ser traços
constantes de suas atividades em cada dia. Por que nos firmamos no
pesadelo de uma hora, se conhecemos a realidade gloriosa da eternidade com o Nosso Pai?
— E quando os negócios do mundo nos são adversos? E quando tudo
parece em luta contra nós? — Perguntou o pescador, de olhar inquieto.
Jesus, todavia, como se percebesse, inteiramente, a finalidade de suas
perguntas, esclareceu com bondade:
— Qual o melhor negócio do mundo, Bartolomeu? Será a aventura
que se efetua a peso de ouro, muita vez amordaçando-se o coração e a
consciência, para aumentar as preocupações da vida material, ou a
iluminação definitiva da alma para Deus, que se realiza tão só pela boa
vontade do homem, que deseja marchar para o seu amor, por entre as
luzes do caminho? Não será a adversidade nos negócios do mundo um
convite amigo para a criatura semear com mais amor, um apelo indireto
que arranque às ilusões da Terra para as verdades do Reino de Deus?
Bartolomeu guardou aquela resposta no coração, não, todavia, sem
experimentar certa estranheza. E logo, lembrando-se de que sua genitora
partira, havia pouco tempo, para a sombra do túmulo, interpelou ainda,
ansioso:
— Mestre, e não será justificável a tristeza quando perdemos um ente
amado?
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
— Mas, quem estará perdido, se Deus é o Pai de todos nós?... Se os
que estão sepultados no lodo dos crimes hão de vislumbrar, um dia, a
alvorada da redenção, por que lamentarmos em desespero, o amigo que
partiu ao chamado do Todo-Poderoso? A morte do corpo abre as portas
de um mundo “novo para a alma”. Ninguém fica verdadeiramente órfão
sobre a Terra, como nenhum ser está abandonado, porque tudo é de
Deus e todos somos seus filhos. Eis por que todo discípulo do
Evangelho tem de ser um semeador de paz e de alegria!...
Jesus entrou em silêncio, como se houvera terminado a sua exposição
judiciosa e serena.
E, pois que a hora já ia adiantada, Bartolomeu se despediu. O olhar do
Mestre oferecia ao seu, naquela noite, uma luz mais doce e mais brilhante;
suas mãos lhe tocaram os ombros, levemente, deixando-lhe uma sensação
salutar e desconhecida.
Embora nascido em Caná da Galileia, Bartolomeu residia, então, em
Dalmanuta, para onde se dirigiu, meditando gravemente nas lições que havia
recebido. A noite pareceu-lhe formosa como nunca. No alto, as estrelas se lhe
afiguravam as luzes gloriosas do palácio de Judeus à espera das suas
criaturas, com hinos de alegria. As águas de Genesaré, aos seus olhos,
estavam mais plácidas e felizes. Os ventos brandos lhe sussurravam ao
entendimento cariciosas inspirações, como um correio delicado que chegasse
do céu.
Bartolomeu começou a recordar as razões de suas tristezas
intraduzíveis, mas, com surpresa, não mais as encontrou no campo do
coração. Lembrava-se de haver perdido a afetuosa genitora; refletiu, porém,
com mais amplitude, quanto aos desígnios da Providência Divina. Deus não
lhe era pai e mãe nos céus? Recordou os contratempos da vida e ponderou
que seus irmãos pelo sangue o aborreciam e caluniavam. Entretanto, Jesus
não lhe era um irmão generoso e sincero? Passou em revista os insucessos
materiais. Contudo, que eram as suas pescarias ou a avareza dos
negociantes de Betsaida e de Cafarnaum, comparados à luz do Reino de
Deus, que ele trabalhava por edificar no coração?
Chegou a casa pela madrugada. Ao longe, os primeiros clarões do Sol
lhe pareciam mensageiros do conforto celestial. O canto das aves ecoava em
seu espírito como notas harmoniosas de profunda alegria. O próprio mugido
dos bois apresentava nova tonalidade aos seus ouvidos. Sua alma estava
agora clara, o coração aliviado e feliz.
Ao ranger os gonzos da porta, seus irmãos dirigiram-lhe impropérios,
acusando-o de mau filho, de vagabundo e traidor da lei. Bartolomeu, porém,
recordou o Evangelho e sentiu que só ele tinha bastante alegria para dar a
seus irmãos. Em vez de reagir asperamente, como de outras vezes, sorriulhes com a bondade das explicações amigas. Seu velho pai o acusou,
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
igualmente, escorraçando-o. O apóstolo, no entanto, achou natural. Seu pai
não conhecia a Jesus e ele o conhecia. Não conseguindo esclarecê-los,
guardou os bens do silêncio e achou-se na posse de uma alegria nova.
Depois de repousar alguns momentos, tomou as suas redes velhas e
demandou sua barca. Teve para todos os companheiros de serviço uma frase
consoladora e amiga. O lago como que estava mais acolhedor e mais belo;
seus camaradas de trabalho, mais delicados e acessíveis. De tarde, não
questionou com os comerciantes, enchendo-lhes, aliás, o espírito de boas
palavras e de atitudes cativantes e educativas.
Bartolomeu havia convertido todos os desalentos num cântico de alegria,
ao sopro regenerador dos ensinamentos do Cristo; todos o observaram com
admiração, exceto Jesus, que conhecia, com júbilo, a nova atitude mental de
seu discípulo.
No sábado seguinte, o Mestre demandou as margens do lago, cercado
de seus numerosos seguidores. Ali, aglomeravam-se homens e mulheres do
povo, judeus e funcionários de Ântipas, a par de brande número de soldados
romanos.
Jesus começou a pregar a Boa Nova e, a certa altura, contou, conforme
a narrativa de Mateus, que — “o Reino dos céus é semelhante a um tesouro
que, oculto num campo, foi achado e escondido por um homem que, movido
de gozo, vendeu tudo o que possuía e comprou aquele campo”.
Nesse instante, o olhar do Mestre pousou sobre Bartolomeu que o
contemplava, embevecido; a luz branda de seus olhos generosos penetrou
fundo no íntimo do apóstolo, pela ternura que evidenciava, e o pescador
humilde compreendeu a delicada alusão do ensinamento, experimentando a
alma leve e satisfeita, depois de haver alijado todas as vaidades de que ainda
se não desfizera para adquirir o tesouro divino, no campo infinito da vida.
Enviando a Jesus um olhar de amor e reconhecimento, Bartolomeu
limpou uma lágrima. Era a primeira vez que chorava de alegria. O pescador
de Dalmanuta aderira, para sempre, aos eternos júbilos do Evangelho do
Reino.
Boa Nova – lição 8 – pelo Espírito Humberto de Campos.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
4- O Ponto de Vista
Não há ninguém que não tenha notado o quanto as coisas mudam
de aspecto, segundo o ponto de vista sob o qual são consideradas; não é
somente o aspecto que se modifica, mas ainda a própria importância da
coisa. Que se coloque no centro de um meio qualquer, fosse ele pequeno,
parece imenso; que se coloque fora, parecerá todo outro. Tal que vê uma
coisa do alto de uma montanha a acha insignificante, enquanto que, na
base da montanha, lhe parece gigantesca.
É um efeito de ótica, mas que também se aplica às coisas morais.
Um dia inteiro de sofrimento parecerá uma eternidade; à medida que o dia
se afasta de nós admiramo-nos de haver desesperado por tão pouco. Os
pesares da infância também têm uma importância relativa e, para a
criança, são tão amargos quanto para a idade adulta. Por que, então, nos
parecem tão fúteis? Porque não mais os sentimos, ao passo que a criança
os sente completamente e não vê além do seu círculo de atividade; ela os
vê do interior, nós, do exterior. Suponhamos um ser colocado, em relação
a nós, na posição que estamos em relação à criança; ele julgará as
nossas preocupações do mesmo ponto de vista e as achará pueris.
(...) O Espiritismo nos mostra uma aplicação deste princípio, mas de
outra importância nas suas consequências. Ele nos mostra a vida feita no
que ela é, colocando-nos no ponto de vista da vida futura (...)
Faz mais ainda: mostra-nos a vida da alma, o ser essencial, uma vez
que é o ser pensante, remontando no passado a uma época desconhecida, e se estendendo indefinidamente no futuro, de tal sorte que a
vida terrestre, fosse ela de um século, não é mais do que um ponto nesse
longo percurso. Se a vida inteira é tão pouca coisa, comparada à vida da
alma, que serão, pois, os incidentes da vida? E, no entanto, o homem,
colocado no centro desta vida, com ela se preocupa como se devesse
durar sempre; tudo toma para ele proporções colossais: a menor pedra ao
choque lhe parece um rochedo; uma decepção o desespera; um fracasso
o abate; uma palavra coloca-o furioso. Sua visão, limitada ao presente, ao
que o toca imediatamente, lhe exagera a importância dos menores
incidentes; um negócio não realizado lhe tira o apetite; uma questão de
precedência é um negócio de Estado; uma injustiça coloca-o fora de si.
Conseguir é o objetivo de todos os seus esforços, objeto de todas as suas
combinações; mas, para a maioria, o que é conseguir? É, se não se tem
do que viver, se criar, por meios honestos, uma existência tranquila? E a
nobre emulação de adquirir talento e desenvolver sua inteligência? É o
desejo de deixar, depois de si, um nome justamente honrado, e realizar
trabalhos úteis para a Humanidade? Não; conseguir, é superar seu
vizinho, eclipsá-lo, é afastá-lo, transtorná-lo mesmo, para se colocar em
seu lugar; e, por esse belo triunfo, do qual a morte não deixará talvez
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
gozar vinte e quatro horas, que de cuidados, que de tributações! Quanto
de gênio mesmo dispensa, algumas vezes, que teria podido ser mais
utilmente empregado! Depois, quanto de raiva, quanto de insônias se não
se triunfa! Que febre de ciúme causa o sucesso de um rival! Então,
prende-se à sua má estrela, à sua sorte, à sua chance fatal, ao passo que
a má estrela, o mais frequentemente, é a imperícia e a incapacidade. Dirse-á, verdadeiramente, que o homem toma a tarefa de tornar tão penosos
quanto possível os poucos instantes que deve passar sobre a Terra, e dos
quais não é senhor, uma vez que o dia de amanhã jamais está
assegurado.
(...) A vida corpórea é necessária ao Espírito, ou à alma, o que é a
mesma coisa, para que possa cumprir no mundo material as funções que
lhe são destinadas pela Providência: é um dos órgãos da harmonia
universal. A atividade que está forçada a desdobrar nas funções que
exerce com o seu desconhecimento, crendo não agir senão por si mesma,
ajuda o desenvolvimento de sua inteligência e facilita seu adiantamento. A
felicidade do Espírito na vida espiritual, sendo proporcional ao seu
adiantamento e ao bem que pôde fazer como homem, disso resulta que
quanto mais a vida espiritual adquire importância aos olhos do homem,
mais ele sente a necessidade de fazer o que for possível para nela
assegurar o melhor lugar possível. A experiência daqueles que viveram
vem provar que uma vida terrestre inútil ou mal empregada é sem proveito
para o futuro, e que aqueles que não procuram neste mundo senão as
satisfações materiais as pagam bem caro, seja pelos seus sofrimentos no
mundo dos Espíritos, seja pela obrigação, em que estão, de recomeçar
sua tarefa em condições mais penosas do que no passado, e tal é o caso
de muitos daqueles que sofrem sobre a Terra. Portanto, considerando as
coisas deste mundo do ponto de vista extracorpóreo, o homem, longe de
ser excitado pela negligência e pela ociosidade, compreende melhor a
necessidade do trabalho. (...)
Allan Kardec – Revista Espírita – julho de 1862 – Artigo: “O Ponto de Vista”.
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22º ENCONTRO ESPÍRITA SOBRE JESUS
“MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Joanna de Ângelis (Espírito). Momentos de Consciência. Psicografia
de Divaldo Pereira Franco, 1a edição. Salvador: Editora Alvorada, 1992.
Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.
Humberto de Campos (Espírito). Boa Nova. Psicografia: Francisco
Cândido Xavier, 20a edição. Rio de Janeiro: FEB.
Emmanuel (Espírito). Caminho, Verdade e Vida. Psicografia: Francisco
Cândido Xavier, 21a edição, 2001. Rio de Janeiro: FEB.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 5a edição. Rio
de Janeiro: CELD, 2010.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno, 2a edição. Rio de Janeiro: CELD,
2011.
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 1a edição. Rio de Janeiro:
CELD, 2010.
KARDEC, Allan. Revista Espírita. 1862 / traduzida rigorosamente
conforme o original por Júlio Abreu Filho. Sobradinho, DF: Edicel, 1991.
MIRANDA, Hermínio. Cristianismo: A Mensagem Esquecida. 1a
edição. Editora O Clarim. São Paulo: 1988.
Victor (Espírito). Psicografia recebida pelo médium Mário Coelho, no
CELD, em 9/11/2014, RJ.
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ANOTAÇÕES
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