T28 - TEOR DE ÓLEO E PROTEÍNAEM CULTIVARES DE SOJA
DA EMBRAPA SOJA
V. De T. Benassi1; W. S. Crancianinov1; J. M. G. Mandarino1; M. C. Carrão-Panizzi1
1
Embrapa Soja, Caixa Postal 1061, 86001-970, Londrina, PR; [email protected]
INTRODUÇÃO
A principal utilização da soja, tanto no Brasil como no resto do mundo, é como matériaprima para a indústria de esmagamento, que produz óleo bruto ou degomado e farelo. O
óleo é utilizado como matéria-prima para a indústria alimentícia (óleo refinado, gorduras
hidrogenadas, margarinas, maionese, etc) e o farelo é principalmente utilizado na indústria
de rações. O óleo de soja é o líder mundial dos óleos vegetais representando entre 20 e
24% de todos os óleos e gorduras consumidas no mundo. No Brasil este número se eleva
acima de 50% em produtos alimentícios (Moreira, 1999).
A caracterização das cultivares de soja quanto ao teor de óleo e proteína possibilita
disponibilizar informações sobre as cultivares mais indicadas para determinados usos,
agrega valor qualitativo a esses produtos e viabiliza o aumento de sua participação no
mercado. A avaliação dos efeitos do local de semeadura sobre o teor de óleo permite a
recomendação de locais que otimizem a expressão desta característica de qualidade
(Pípolo, 2002).
O teor de proteína nos grãos de soja está diretamente relacionado à fixação biológica
do nitrogênio e esse teor se altera de acordo com variações de ambiente, principalmente,
no que se refere ao regime pluviométrico no período de enchimento de grãos (PÍPOLO,
2002). O mesmo acontece com os teores de óleo; normalmente as cultivares apresentam
entre 15 e 25% de lipídios totais. Esta característica apresenta variação ambiental entre
plantas do mesmo genótipo, entre vagens da mesma planta e entre sementes de uma
mesma vagem (MIRANDA et al., 1984).
A influência ambiental nos teores de óleo e proteína dos grãos de soja não tem sido
suficientemente estudada no Brasil. Apesar de a literatura internacional relatar a
existência de um padrão geográfico para a variação dos teores de óleo e proteína da soja,
onde a temperatura teria um papel direto importante, trabalhos realizados recentemente
indicam que as diferenças observadas a campo podem ser explicadas pela variação na
disponibilidade de nitrogênio. Condições climáticas (ano e local de semeadura) afetam o
teor de óleo das sementes de soja (Garner et al., 1914)
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho foi determinar os teores de óleo e proteína de 17 cultivares de
soja desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético da Embrapa Soja (BRS 133,
BRS 184, BRS 185, BRS 212, BRS 213, BRS 214, BRS 215, BRS 230, BRS 231, BRS
232, BRS 257, BRS 258, BRS 259, BRS 260, BRS 261, BRS 262 e Embrapa 48)
produzidas em Londrina, PR na safra de 2004/2005, semeadas em outubro, novembro e
dezembro.
MATERIAL E MÉTODOS
As amostras foram trituradas em moínho analítico e analisadas em triplicata. Foi
determinada a umidade pelo método gravimétrico (AOCS, 1988), para se avaliar os
resultados em base seca. Para a determinação dos teores de óleo e proteína foram
utilizadas as metodologias preconizadas pelas Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz.
Para as análises de proteínas, foi usado o método de micro Kjeldahl, e para o teor de
lipídios por extração no destilador de Soxhlet.
- 110 -
Ecofisiología y Climatología
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados mostraram que os teores de óleo e proteína não apresentam diferenças
significativas entre os grãos das cultivares produzidas nas três épocas.
As cultivares BRS 257 e BRS 259 apresentaram os maiores teores de proteína nas três
épocas de semeaduras (outubro, novembro e dezembro), respectivamente: 40,2%; 42,2%;
41,4% e 41,3%; 40,7%; 41,9%, apresentados na tabela 1. Os menores teores de proteína
foram observados nas cultivares Embrapa 48 e BRS 133 com 36,9%; 37,7%; 36,5%; e
36,1%; 37,8%; e 37,1%, nas três épocas, respectivamente.
A cultivar BRS 260 apresentou os maiores teores de óleo, 24,2% (outubro), 25,1%
(novembro) e 23,8% (dezembro), enquanto a cultivar BRS 230 apresentou os menores
teores de óleo: 20,2%, 20,0% e 20,3%, nas três épocas, respectivamente (tabela 2).
Tabela 1. Teor de proteína (%) em 17 cultivares de soja, semeadas
em Londrina/PR, em 3 diferentes épocas da safra 2004/05.
Cultivar
Embrapa 48
BRS 133
BRS 184
BRS 185
BRS 212
BRS 213
BRS 214
Época de Semeadura
Outubro
Novembro
39,96 bI
37,72 aJ
36,11 cK
37,78 aJ
38,14 bG
38,65 aHI
38,85 aEF
38,32 bI
37,46 cH
38,82 aGH
37,61 bH
38,74 aGH
38,68 bF
39,75 aD
Dezembro
36,52 cL
37,15 bK
38,26 bGH
37,86 cI
38,45 bFG
37,73 bIJ
38,64 bEF
BRS 215
BRS 230
BRS 231
BRS 232
BRS 257
BRS 258
BRS 259
BRS 260
BRS 261
BRS 262
39,13 aDE
41,50 aA
40,46 bC
38,28 bG
40,17 cC
40,90 bB
41,34 bA
36,52 cJ
39,24 bD
38,212 cG
38,52 bFG
40,47 cC
39,56 cD
38,03 cHI
41,34 bB
41,29 aB
41,34 bB
39,71 aD
37,48 cJK
38,92 bE
38,51 bHI
41,12 bB
41,14 aB
39,04 aFG
42,22 aA
39,28 cEF
40,67 cC
38,40 bI
39,47 aDE
39,30 aEF
Médias repetidas pelas mesmas letras minúsculas nas linhas e mesmas letras maiúsculas nas colunas não
diferem entre si pelo teste de Tukey (p= 0,05).
- 111 -
Ecofisiología y Climatología
Tabela 2. Teor de óleo (%) em 17 cultivares de soja, semeadas
em Londrina/PR, em 3 diferentes épocas da safra 2004/05.
Cultivar
Embrapa 48
BRS 133
BRS 184
BRS 185
BRS 212
BRS 213
BRS 214
BRS 215
BRS 230
BRS 231
BRS 232
BRS 257
BRS 258
BRS 259
BRS 260
BRS 261
BRS 262
Época de Semeadura
Outubro
Novembro
21,87 cG
23,03 bC
22,76 aDE
22,27 bE
23,72 bB
24,06 aB
23,09 bC
22,01 cE
21,13 alJ
20,28 bJK
22,57aEF
20,46 bIJ
21,45 aHl
20,13 bK
22,41 aF
20,78 cH
20,26 bK
20,12 bK
21,12 bJ
20,74 cHI
21,26 bGH
19,68 cL
20,26 bK
20,01 bK
22,91 aCD
22,63 bD
22,42 cF
22,71 bCD
24,12 bA
25,24 aA
22,68 aDEF
21,62 bF
21,85 bG
21,15 cG
Dezembro
23,31 aDE
22,37 bFG
22,37 cFG
24,68 aA
21,16 aH
22,58 aF
21,44 aH
21,26 bH
20,53 aI
24,05 aB
23,18 aE
23,79 aBC
23,06 aE
23,78 aBC
23,62 cCD
22,56 aF
22,12 aG
Médias repetidas pela mesmas letras minúsculas nas linhas e mesmas letras maiúsculas nas colunas não
diferem entre si pelo teste de Tukey (p= 0,05).
REFERÊNCIAS
AOCS. Official Methods and Recommended Practices of the American Oil Chemists’ Society. 3. ed. Champaign,
1988. v.1-2.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto AdolfoLutz, Métodos químicos e físicos para análise
de alimentos.3. ed., São Paulo. 1985. v.1, 533p.
GARNER, W.W., ALLARD, H.A., FAUBERT, C.L. Oil content of seeds affected by nutrition of plant. J. Agric. Res.
v.3, p.227,1914.
MIRANDA, M. A. C. de; SUASSUNA FILHO, J.;BULISANI, E. A.; MASCARENHAS, H. A.; TISSELI FILHO, O.;
BRAGA, N. R. Efeito maternal e do genótipo sobre o teor de óleo e tamanho de sementes f1 de soja. In:
SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA DE SOJA, 3., Campinas, 1984. Anais... Campinas: EMBRAPACNPSo, 1984. p. 309-317.
MOREIRA, M. A. Programa de Melhoramento genético da qualidade de óleo e proteína da soja desenvolvido na
UFV. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOJA, 1., 1999, Londrina. Anais... Londrina: Embrapa Soja, 1999. p.
99-104.
PIPOLO, A. E. Influência da temperatura sobre as concentrações de proteína e óleo em sementes de
soja(Glycine max (L.) Merrill). Piracicaba, 2002. 128 p. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de São
Paulo.
3
OBSERVAÇÃO
3
Trabalho apresentado no IV Congresso Brasileiro de Soja realizado em Londrina, Brasil
de 5 a 8 de Junho de 2006.
- 112 -
Ecofisiología y Climatología
Download

TEOR DE ÓLEO E PROTEÍNAEM CULTIVARES DE SOJA