CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ IRANI PEREIRA MONTIEL IANNARELLA EROSÃO DO SOLO EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE PELOTAS – RS: SUBSÍDIOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL PELOTAS – RS 2011 IRANI PEREIRA MONTIEL IANNARELLA EROSÃO DO SOLO EM UMA BACIA HIDROGRÁFICA DO MUNICÍPIO DE PELOTAS – RS: SUBSÍDIOS PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL Monografia de Conclusão de Curso de PósGraduação lato sensu em Educação Ambiental, apresentada ao Centro Universitário Barão de Mauá. Orientador: Prof. Dr. Silvio Reinod Costa PELOTAS – RS 2011 I17e Iannarella, Irani Pereira Montiel Erosão do solo em uma bacia hidrográfica do município de Pelotas, RS: subsídios para a Educação Ambiental / Irani Pereira Montiel Iannarella – Pelotas, 2011. 51p. Trabalho de conclusão do curso de Educação Ambiental do Centro Universitário Barão de Mauá. Orientador: Prof. Dr. Silvio Reinod Costa 1. Sedimentos 2. Disseminação de conhecimento 3. Práticas conservacionistas do solo I. Costa, Silvio Reinod II. Título CDU 37.016:502/504.121(816.2) Bibliotecária Responsável: Vanda Lilian Lauande CRB8 3365 DEDICO A minha família... ...meu marido Michele ...meus pais René e Luísa ...meu irmão Rovani ...minha cunhada Zoilamar ...minha sobrinha Rafaela "A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família." Leon Tolstoi ...meus sogros, meus segundos pais, Antonio e Margherita ...meus cunhados Enrico e Maria ...meu sobrinho Davide Por me incentivarem a progredir. A vocês, meu amor incondicional! AGRADECIMENTOS Agradeço... A Deus, por me permitir a existência e por todas as conquistas na minha vida. Ao meu marido Michele, que renunciou a estar próximo da família, dos amigos e do seu país, para juntos construirmos a nossa história. Agradeço o companheirismo, abnegação, apoio, incentivo e ajuda constante. A ti, Michele, o meu imenso agradecimento e o meu eterno amor! Ao meu pai René e minha mãe Luísa, pelos valores a mim transmitidos, pela imensa demonstração de amor a mim despendida, pelo apoio e por compreenderem o motivo de minha ausência em alguns momentos, compreensão que muito colaborou para a efetivação deste trabalho. Ao meu irmão Rovani e minha cunhada Zoila, pela amizade, incentivo e por entender, também, a exemplo de meus pais, o importante motivo que me levou a privação do convívio mais frequente em família. À minha sobrinha Rafaela, que na sabedoria dos seus dez anos, num momento em que me percebeu cansada, disse-me: “tia, não esquece que no dicionário, a palavra sucesso vem depois da palavra sacrifício”. A ti, Rafaela, o meu muito obrigada! Ao papà Antonio / mamma Margherita, meus cunhados Enrico / Maria e meu sobrinho Davide, pelo incentivo e por entenderem que o amor é a mola propulsora, capaz de transformar vidas. Também, por compreenderem que “estamos distantes, mas não tanto, visto que conseguimos admirar a beleza da mesma lua.” Aos meus avós Areovaldo / Joaquina (in memorian) e Emílio / Deolmira (in memorian), os quais acredito imensamente, estão sempre próximos, emanando energias positivas. Ao Prof. Luis Eduardo Akiyoshi Sanches Suzuki, com o qual divido a realização deste trabalho. Pela paciência, suporte acadêmico, valioso empréstimo de livros didáticos e cedência de fotografias. Principalmente, pela amizade, generosidade e espírito altruísta. Também, por não me deixar desistir nos momentos de angústia. A ti, professor, minha sincera gratidão! Às minhas amigas, com quem trabalhei durante tantos anos e com as quais partilhei incríveis e inesquecíveis momentos, o “quarteto letra R”, Renata, Rosane, Rosângela e Rosiméri, pelo imenso incentivo, ...quase uma exigência! Especialmente à Renata, que me ajudou a não esmorecer nos períodos de fragilidade. A vocês, o meu muitíssimo obrigada! Aos meus grandes amigos Alexandre e Cristina, que mesmo distantes, sei que me apóiam e torcem por mim. “A saudade existe não porque estamos longe, mas porque um dia estivemos juntos...”, acreditem! Aos meus queridos tios, Amadelino e Iolanda (in memorian), pelo estímulo, confiança e amizade sincera. Às minhas grandes amigas Maria José e Dna. Irene (in memorian), por terem sempre acreditado na minha capacidade. Aos amigos, com os quais trabalho atualmente, Edgar, Laura e Izalda, pelo incentivo e compreensão, quando me mostrava visivelmente cansada. Um agradecimento especial à Laura pelo empréstimo de livros didáticos. Ao amigo Márcio, pela amizade, incentivo e pela certeza de poder contar. À Fabiana e Bianca, pela presteza em ajudar e pela sugestão de ótimas bibliografias. Ao Centro Universitário Barão de Mauá, por oportunizar-me a realização deste curso através de sua modalidade à distância e ao Colégio São José, em cujas dependências físicas transcorreram a execução do mesmo. Ao meu orientador, Prof. Dr. Silvio Reinod Costa, pela orientação e auxílio na elaboração deste trabalho e pelas aprendizagens adquiridas, um particular agradecimento. À Profa Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa, pela orientação na elaboração do projeto referente a este trabalho, um particular agradecimento. À minha coordenadora Profa Maria Elisa Silveira de Silveira, pela imensa ajuda e atenção a mim dispensadas, um especial obrigada. Enfim, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, a minha imensa gratidão! É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.” Victor Hugo RESUMO A presente investigação teve como tema central, avaliar a erosão do solo em uma bacia hidrográfica do município de Pelotas, RS, e, através desta, fornecer subsídios para Educação Ambiental. Este estudo realizou-se na Bacia Hidrográfica do Arroio Pelotas, no âmbito do município, a qual é integrada por parte dos municípios de Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre e Morro Redondo, com cerca de 910 km² de área. Para a realização deste trabalho, foi percorrido um domínio de, aproximadamente, 927 metros e, adotado o método visual, o caminhamento e a fotografia, que foi utilizada como instrumento de registro para análise dos locais. Foram realizadas caminhadas dentro do arroio de modo que pudessem ser identificadas as margens com problemas de erosão e para que fosse verificada a existência ou ausência de proteção vegetal nessa orla. Aproveitando o caminhamento no curso d’água, foram identificados resíduos sólidos. Em cada local foi realizada a marcação do ponto com um aparelho de GPS (Global Position System). Estas informações e imagens foram utilizadas para propor formas de educação ambiental. O estudo da erosão do solo em uma bacia hidrográfica do município de Pelotas fez-se necessário devido à importância que a mesma possui para o abastecimento de água potável para a cidade. No decorrer deste trabalho foram registrados na bacia hidrográfica do Arroio Pelotas, áreas visivelmente desprotegidas de mata ciliar, erosão em margens, assoreamento e poluição por resíduos sólidos. Para recuperação das margens, baseada nas observações de campo e na literatura, sugere-se técnicas de controle da erosão como técnicas vegetativas ou obras técnicas de engenharia. A partir do trabalho de campo, foram sugeridos mecanismos, materiais e técnicas para conscientização das pessoas a respeito da conservação do solo e da água, mostrando uma realidade presente no município de Pelotas. É necessário que se estabeleça novos padrões de comportamento e culturais da população em relação ao consumo e descarte de resíduos sólidos, e isso depende de um trabalho de educação e conscientização. Palavras-chave: sedimentos; disseminação de conhecimento; práticas conservacionistas do solo. SOMMARIO Questa ricerca investicativa ha come oggetto centrale, valutare l’erosione della terra nel bacino idrografico del municipio di Pelotas, RS, ed attraverso questa, fornire materiale didattico per educazione ambientale. Questo studio è stato realizzato nel bacino idrografico del torrente Pelotas, nell’ambito del municipio, il quale è integrato per parte dei municipi di Pelotas, Canguçu, Arroio do Padre e Morro Redondo, con circa 910 km2 di area. Per la realizzazione di questo lavoro, è stato percorso un territorio di circa 927 metri ed adottato il metodo visuale, l’escursione e la fotografia, la quale è stata utilizzata come strumento visivo per le analisi dei luoghi. Sono state realizzate escursioni dentro il torrente in modo che si potesse identificare terreni con problemi di erosione e per che fosse verificata la presenza o l’assenza di piante ai margini di essi. Approfittando dell’escursione nel corso d’acqua, sono stati identificati accumuli di residui solidi. I punti di questi luoghi sono stati registrati con un' apparecchio G.P.S. (Global Position System). Queste informazioni ed immagini sono state utilizzate per proporre forme di educazione ambientale. Lo studio dell’erosione del terreno nel bacino idrografico del municipio di Pelotas è stato necessario, dovuto all’importanza che la stessa possiede perchè fornisce la maggioranza dell’acqua potabile della città. Nel decorrere di questo lavoro sono stati registrati nel bacino del torrente Pelotas, aree visibilmente prive di vegetazione, erosioni ai margini, assoreamento e inquinamento di residui solidi. Per il recupero dei margini, basata nell’osservazioni di campo e nelle scritture, si suggeriscono tecniche di controllo dell’erosione come tecniche vegetative o opere tecniche d’ingegneria. Partendo dal lavoro in campo, si suggerisce meccanismi, materiali e tecniche per sensibilizzare le persone al rispetto e conservazione del terreno e dell’acqua, mostrando la realtà presente nel municipio di Pelotas. È necessario stabilire nuovi metodi di comportamenti e culturali della popolazione in relazione al consumo e scarto di residui solidi, e questo dipende dal un lavoro di educazione e sensibilizzazione. Parole-chiave: sedimenti; diffusione di conoscenza; pratiche di conservacione della terra. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas. ............. 21 Figura 2. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 354) na Bacia do Arroio Pelotas. ............. 22 Figura 3. Imagem dos pontos (de 355 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas............................... 23 Figura 4. Algumas coisas na figura estão poluindo o rio. Descubra quais e mude-as para melhor. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho) 41 Figura 5. A falta de proteção nos topos dos morros e áreas com declive acentuado faz a água escoar rapidamente, causando erosão. Os topos dos morros e encostas íngremes devem ser protegidos por árvores, para evitar a erosão. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho).................................................................................... 41 Figura 6. Ação de desmatamento 01 – Muitas florestas acabam dessa maneira. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). ............................... 43 Figura 7. Ação de desmatamento 02. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados)................................................................................................... 44 Figura 8. Ação de desmatamento 03. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados)................................................................................................... 44 Figura 9. Poluição dos rios. (Copyright © 2003 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). ................................................................................................................. 44 LISTA DE FOTOS Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – I.......................................................... 26 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – II. ....................................................... 27 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – III....................................................... 28 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IV....................................................... 29 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – V. ...................................................... 30 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VI....................................................... 31 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VII. .................................................... 32 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VIII. ................................................... 33 Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IX....................................................... 34 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 26 Quadro 2. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 27 Quadro 3. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 28 Quadro 4. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ....................... 29 Quadro 5. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 30 Quadro 6. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 31 Quadro 7. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 32 Quadro 8. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 33 Quadro 9. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. ............................................ 34 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 14 2. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................... 21 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 24 3.1. Fase 1: Levantamento de campo – subsídios para a Educação Ambiental ................... 24 3.2. Fase 2: Mecanismos para Educação Ambiental............................................................ 35 3.2.1 Mecanismos para a Educação Ambiental no ensino fundamental .......................... 36 3.2.2 Mecanismos para a Educação Ambiental para o público adulto............................. 45 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 47 5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 48 1. INTRODUÇÃO “O termo meio ambiente é considerado pelo pensamento geral como sinônimo de natureza, local a ser apreciado, respeitado e preservado” (REBOUÇAS, 2009). Com o passar dos anos, os impactos ambientais e as ações causadas pelo homem fazem com que as características do ambiente se alterem. De acordo com Barreto e Oliveira (1995), impacto ambiental constitui-se em modificações nas condições ecológicas. Todos os impactos ambientais são provocados por tensores que induzem a diferentes modificações, com consequência de maior ou menor intensidade. Tensor é qualquer fato ou situação que conduz um sistema a movimentar seus recursos, gastando mais energia para manter seu equilíbrio homeostático. Branco (1988) conceitua impacto como qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; o meio biótico, a qualidade dos recursos ambientais, sendo essas alterações físicas, químicas e biológicas, sofridas pelo meio ambiente decorrente da atividade antrópica. Essas alterações se fazem sentir também no solo, através de erosão, da acidificação, do acúmulo de metais pesados, da redução de nutrientes e de matéria orgânica e tendo como impacto a perda de área produtiva, da produção e da renda familiar, alterando dessa forma a qualidade de vida da população. Ao longo da história geológica do planeta a erosão constituiu-se no principal processo de modelamento de sua superfície. As grandes bacias sedimentares, a forma das montanhas, dos planaltos e das planícies são todas situações associadas de alguma forma a processos erosivos (SANTOS, 2010). A erosão é um processo de movimentação do solo ou de rochas, que pode afluir naturalmente, formando paisagens e solos com diferentes características, ou por interferência do ser humano, acarretando danos ao ambiente. Existem vários tipos de erosão: por gravidade, eólica, pluvial, marinha, química, glacial, fluvial, marginal, etc... Nenhum outro fenômeno de solo é mais destrutivo em âmbito mundial do que a erosão, que abrange perdas de água e de nutrientes em ritmos muito elevados. Além disso, o solo removido pode deslocar-se para rios e lagos, podendo gerar problemas de contaminação (BRADY, 1989). O tipo e as características de solo, a cobertura do solo, a existência ou não de plantas, a inclinação do terreno, o comprimento do declive e a infiltração da água para o interior do solo, são fatores que influenciam no processo de erosão. A degradação do ambiente pelo homem quando este destrói as florestas, pode ocasionar a desertificação. Quando isto acontece, os processos erosivos acentuam-se, ocorrendo perda da capacidade produtiva em virtude de solos descobertos. “São consideradas de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural, destinadas a atenuar a erosão das terras, bem como a preservação das matas ciliares, levando-se em conta as metragens mencionadas na lei” (BRASIL, 1965). Estes itens foram contemplados na Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, através da qual foi instituído o novo Código Florestal na data de 25 de maio deste ano. Berté (2009) enfatiza que o “Código Florestal Brasileiro foi criado no ano de 1965 pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco o qual, já naquela época, preocupava-se com a degradação ambiental no Brasil”. De acordo com Barbosa (2000), as matas ciliares são formações florestais que acompanham os cursos d’água e são componentes da estrutura de bacias hidrográficas. Segundo o mesmo, essas comunidades florestais desempenham inúmeras funções na dinâmica de uma bacia hidrográfica e são condições básicas para a manutenção da integridade dos processos hidrológicos e ecológicos nessas unidades da paisagem. “As matas ciliares estão situadas sobre áreas do território que são protegidas legalmente” (BRASIL, 1965). Ainda com relação às chuvas, é importante salientar que, se as chuvas são frequentes e o terreno já está saturado de água, a tendência é que o solo nada mais absorva e com isso, toda a água da chuva que cair, escoará pela superfície. Se o solo é arenoso o escoamento tende a ser maior do que se ele for argiloso. Sem levar em conta os efeitos poluidores da erosão, tem-se que considerar dois aspectos maléficos dessa ação: o primeiro, devido ao assoreamento que preenche o volume original dos rios e lagos e como consequência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, causando as famosas cheias; o segundo é que a instabilidade causada nas partes mais elevadas podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias. 15 Considerando, então, os efeitos poluidores, pode-se citar que os arrastes podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos; podem causar a morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento; podem causar turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenação das águas; podem arrastar biocidas e adubos até os corpos d’água e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora dos mesmos (PORTUGAL, 1992). A erosão é responsável por grandes danos. Quando ocorre, pode carrear camada de solo férteis, provocar enchentes por soterramento de corpos d’água, causando mortes e instabilidade no meio animal e vegetal. Existe ainda a possibilidade de que efluentes agrícolas, urbanos e industriais sejam transportados para corpos d’água, ocasionando eutrofização, e, consequentemente, diminuindo a qualidade da água e a diversidade de seres vivos no meio, razão que nos induz a dar ênfase nesta investigação, a erosão hídrica. Considerando a importância de matas ciliares nas margens de rios e seu efeito na redução da erosão do solo, este trabalho enfatizou a erosão marginal e fluvial. A erosão fluvial é causada pelas águas dos rios, principalmente nas épocas de cheias, podendo, em alguns casos, ocasionar a destruição das margens de rios por desmoronamento ou escorregamento (GUIDICINI e NIEBLE, 1983). A erosão fluvial nas margens e no leito transporta os sedimentos incoesivos (areias) partícula por partícula, enquanto que os coesivos (síltico-argilosos) podem ser carreados em porções maiores originadas por solapamento da base e colapso das margens (LEINZ e AMARAL, 1998). Segundo Fernandez (1990), erosão marginal é o recuo linear das margens, devido à remoção dos materiais do barranco pela ação fluvial (correntes e ondas) ou por forças de origem externa (precipitação). De acordo com Thorne e Tovey (1981 apud HOLANDA et al., 2001), erosão marginal é um processo geomórfico de grande transcendência e sua importância prática e científica aumentou nas últimas décadas devido a três principais razões: primeiro, a erosão da margem desempenha um papel importante no controle da largura do canal; segundo, esta erosão contribui significativamente no incremento da carga de fundo dos rios; e, terceiro, a destruição progressiva da área marginal desvaloriza os terrenos ribeirinhos e limita o seu uso adequado. 16 A atuação dos principais agentes erosivos que comandam a erosão marginal ainda gera dúvidas. As diferentes conclusões a que vários cientistas chegaram a respeito dos fatores que controlam esta erosão são decorrentes das diversas condições pedológicas, hidrológicas e climáticas das áreas estudadas (FERNANDEZ, 1995). Os desequilíbrios ambientais muitas vezes têm causa setorial dentro de um conjunto de elementos que compõem a paisagem. A bacia hidrográfica, como parte integrante de tais setores (naturais e sociais) deve ser gerenciada com esta função, para que sejam amenizados os impactos ambientais (CUNHA e GUERRA, 1996). O processo de assoreamento numa bacia hidrográfica encontra-se intimamente relacionado aos processos erosivos, uma vez que é este que fornece os materiais que ao serem transportados e depositados darão origem ao assoreamento. Assoreamento e erosão são dois processos diretamente proporcionais na dinâmica da bacia hidrográfica (ZIMBRES, 2011). Para a geografia, ciência que estuda a Terra e as relações que se estabelecem no decorrente uso da mesma pelo ser humano, a bacia hidrográfica é um importante objeto de estudo, pois esta se constitui em um sistema complexo, onde convivem juntamente dinâmicas e processos naturais, incluindo os processos químicos, físicos e biológicos e a ocupação do homem, que faz uso dos recursos naturais oferecidos por esse sistema (BELTRAME, 1994). O uso do solo, o tipo de vegetação ou a presença ou ausência de vegetação nas margens dos rios, influencia na erosão? A relevância deste questionamento originou este estudo, que tem como tema a Erosão do solo em uma bacia hidrográfica do município de Pelotas, RS: subsídios para Educação Ambiental. E a partir deste questionamento e a pertinência do tema, formas e técnicas de educação ambiental foram propostas. O ambiente de estudo será a bacia do Arroio Pelotas que, de acordo com Megiato e Koester (2008), é importante para o município de Pelotas, pois além de ser a maior bacia também faz parte da história do município, tendo em vista que o início da sua ocupação se deu às margens do Arroio Pelotas. O ciclo do charque na cidade de Pelotas se implantou ao redor deste arroio, pois a atividade das charqueadas precisava de água e, consequentemente, do mesmo para escoar a produção, sendo que este na Planície Costeira é navegável e faz ligação com o Canal São Gonçalo, saída para a Laguna dos Patos. “Por ter sido reconhecida sua importância na história da ocupação e economia do município, o Arroio Pelotas foi declarado Patrimônio Cultural do Estado do RS pela Lei nº 11.895 de março de 2003” (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, 2003). 17 O Arroio Pelotas é responsável dentro do município, pelo fornecimento de água bruta para o SANEP. O local de tomada de água situa-se junto à jusante do Arroio Pilão, sendo que a capacidade de recalque é de 36.000.000 litros por dia. As águas do Arroio Pelotas e de seu afluente Arroio Quilombo vão para a Estação de Tratamento de Água Sinnott, a qual abastece vários bairros da cidade de Pelotas (SANEP, 2011). Os recursos hídricos são a base para o desenvolvimento social, econômico e ambiental de uma região. Durante muito tempo pensou-se na água como um recurso inesgotável. Talvez por este motivo não se tenha dado a devida importância que o tema requer. Atualmente, no entanto, o uso intensivo deste recurso em diversas atividades faz com que sua escassez seja matéria de preocupação para a humanidade. A poluição de rios, lagos, mares e oceanos, também são motivo de intensa inquietação. Morais (2007), faz notar que em virtude do uso da água doce em diversas atividades humanas, esta pode ter suas propriedades modificadas pela contaminação por vários materiais. Acena para o fato de que a água poluída se torna imprópria para ser usada pelas pessoas ou consumida por outros seres vivos e que a diferente distribuição e a transformação das características da água pelas atividades humanas no Planeta, fazem com que exista a possibilidade de, futuramente, não haver condições de uso desta pelos seres humanos. Salienta que a vida na Terra, tal como conhecemos, sem água em condições de uso, ficará em risco quando os estoques se esgotarem e esclarece que, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), o número de pessoas que estão sem acesso à água de boa qualidade já é superior a um bilhão. Por apresentar a temática Erosão do Solo em uma Bacia Hidrográfica do município de Pelotas, é relevante fazer referência a Lei no 5502 de 11 de setembro de 2008 do município, que institui o Plano Diretor Municipal e estabelece as diretrizes e proposições de ordenamento e desenvolvimento territorial no município. Parece oportuno, também, fazer referência a alguns de seus artigos, os quais são mencionados a seguir: Art. 52 – Constituem objetivos da proteção ao ambiente natural: I – Proteger os recursos naturais, buscando o controle e redução dos níveis de poluição e de degradação em quaisquer de suas formas; 18 III – Proteger nascentes, cursos d’água, arroios e lagos buscando mecanismos de recuperação de áreas degradadas e estabelecendo o controle da poluição da água, do ar e do solo, definindo metas para a sua redução. O Artigo 58 faz referência às Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Natural (AEIAN). Determina que, preferencialmente em algumas áreas da cidade, as AEIAN Particulares que possuem características que possibilitem a sua transformação em Unidades de Conservação (UC) sejam alteradas, cabendo ao proprietário requerer o seu enquadramento nos termos desta Lei. A AEIAN Arroio Pelotas é citada neste artigo como uma das áreas preferenciais. Art. 59 – Consideram-se Áreas de Preservação Permanente (APP) as seguintes áreas, sem prejuízo das disposições constantes nos diplomas Federais e Estaduais: I – Faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal, com largura mínima de: a) trinta metros, para o curso d’água com menos de dez metros de largura; b) cinquenta metros, para o curso d’água com dez a cinquenta metros de largura; c) cem metros, para o curso d’água com largura maior que um metro. XXXV – Entorno de nascentes ou olhos d’água, ainda que intermitentes, com raio mínimo de cinquenta metros, de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia hidrográfica contribuinte (JUSBRASIL, 2008). A relevância em avaliar e mostrar as erosões na bacia hidrográfica do município de Pelotas é constatada pelo abastecimento com essa água em vários bairros da cidade de Pelotas. Por este motivo, faz-se necessário os vários estudos que tem sido feitos referentes à essa bacia. Um dos principais aspectos, é que seja analisado o efeito das partículas na corrosão de canos e até nos filtros da estação de tratamento, tendo em vista que o encanamento danificado pode comprometer a qualidade da água. Considerou-se relevante também, avaliar o processo de assoreamento. Diante da importância deste tema, é imprescindível que os responsáveis por empreendimentos e atividades às margens ou próximas delas, sejam conscientizados, a partir da educação ambiental, sobre os danos causados no ambiente. Pelos motivos supra citados, desenvolveu-se o presente trabalho, no período de maio a agosto de 2011, com os objetivos de avaliar a intensidade do impacto da erosão nas 19 margens do Arroio Pelotas, município de Pelotas, RS, e através dessa avaliação, foram propostos mecanismos de educação e conscientização ambiental a partir de uma realidade presente no município. 20 2. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho se dividiu basicamente em duas partes: 1) levantamento de campo, avaliando a erosão e a proteção vegetal nas margens do arroio; 2) a partir do levantamento de campo, utilizaram-se estas informações e imagens para propor formas de educação ambiental. No levantamento de campo, verificou-se a presença de resíduos sólidos ao longo do arroio, criando mais uma linha de estudo, a poluição do arroio por resíduos sólidos. Na pesquisa de campo, acerca da necessidade de se avaliar a erosão do solo e a proteção vegetal nas margens do arroio, e a presença de resíduos sólidos, em uma bacia hidrográfica, realizou-se o levantamento na bacia hidrográfica do Arroio Pelotas, localizada no município de Pelotas, RS. Foi adotado o método visual, o caminhamento e a fotografia, que foi utilizada como instrumento de registro para análise dos locais. Além destes, utilizouse imagens do programa Google Earth para visualização dos pontos de amostragem (Figura 1). Ao longo do percurso, alguns pontos foram marcados com o uso de um GPS (Global Position System), de modo a associar as fotografias aos pontos na imagem do programa Google Earth. Figura 1. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas. Fonte: Google Earth, acessado em 30/12/2011. 21 Foram feitos dois percursos de caminhada dentro do arroio: a) um abrangendo os pontos 353 a 351 (346 a 353), onde percorreu-se uma distância de aproximadamente 630 metros (Figura 2); b) outra caminhada abrangendo os pontos 355 a 360 (355 a 361), onde percorreu-se aproximadamente 297 metros (Figura 3). O ponto 354 foi um ponto isolado, o qual foi alcançado fora da água, por uma estrada não pavimentada (Figura 2). Figura 2. Imagem dos pontos amostrais (de 346 a 354) na Bacia do Arroio Pelotas. Fonte: Google Earth, acessado em 30/12/2011. 22 Figura 3. Imagem dos pontos (de 355 a 361) na Bacia do Arroio Pelotas. Fonte: Google Earth, acessado em 30/12/2011. Durante o caminhamento ao longo do arroio, fotografias foram realizadas das margens do mesmo, com o objetivo de registrar a vegetação e os possíveis indícios de erosão, e os resíduos sólidos no arroio também foram identificados e fotografados. A partir desse levantamento, foram propostas formas de educação ambiental para a região, de modo a conscientizar as pessoas acerca da erosão e resíduos sólidos (lixo). As fotografias e registros locais permitem que os participantes do processo educativo vejam e reflitam sobre a realidade local, e que sejam conscientes que eles são os principais responsáveis e são afetados por tais danos. E a partir daí, tomem decisões para mudar tal realidade. As propostas de educação foram direcionadas para o público infantil, no intuito de criar a consciência ambiental logo no início da formação do indivíduo, e para o público adulto, que são os principais responsáveis pelo uso da bacia hidrográfica. 23 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Fase 1: Levantamento de campo – subsídios para a Educação Ambiental Durante a caminhada pelo Arroio Pelotas verificou-se vários bancos de areia, fato que pode estar associado especialmente à erosão em margens de rios, áreas de lavoura e estradas rurais. Os quadros 1 a 4 apresentam imagens dos diferentes pontos amostrados (346 a 361) ao longo do percurso no arroio, e juntamente com as imagens algumas considerações relacionadas a cada ponto. As imagens do Google Earth não são atualizadas, no entanto, foi possível verificar alguns pontos na margem do arroio onde a vegetação é mínima, fato confirmado pelas imagens apresentadas. Principalmente nos pontos 346, 347, 356 e 360 foi possível fazer essa associação (imagem do Google Earth e as fotografias). Além de alguns pontos com pouca vegetação ao longo das margens, os bancos de areia podem ser visualizados principalmente nos pontos 346, 347, 349, 355, 357 e 359. Wischmeier e Smith (1958) desenvolveram uma equação de perdas de solo que exprime a ação dos principais fatores que influenciam a erosão hídrica. Dentre estes fatores, tem-se a chuva, a erodibilidade do solo, o comprimento do declive, grau de declive, uso e manejo e prática conservacionista. Nos quadros 5 a 9 são apresentadas fotografias ao longo do percurso, entre um ponto de amostragem e outro. Neste percurso, além de margens com pouca vegetação e bancos de areia no arroio, verificou-se a presença de resíduos sólidos inorgânicos (lixo). Estas imagens mostram a necessidade de uma ação urgente de educação ambiental, de modo a conscientizar as pessoas sobre a necessidade de um manejo mais racional e conservacionista dos recursos naturais e o descarte adequado dos resíduos sólidos inorgânicos. Diante deste contexto, a legislação que trata do novo código florestal e dos resíduos sólidos são pontos importantes para se tratar na fase da Educação Ambiental. Vale aqui citar a Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de 24 Resíduos Sólidos e altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, referente a esta (BRASIL, 2010). A norma brasileira NBR 10.004 define resíduos sólidos como: Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isto soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 1987). De acordo com Ferreira (2000) nos países desenvolvidos, as ações visando a minimização da geração de resíduos estão centradas em três aspectos: - redução de resíduos nos processos industriais, onde se têm utilizado mudanças nas matérias-primas até o desenvolvimento de novos processos com tecnologias mais limpas com o objetivo de reduzir a geração de resíduos; - produtos que, após o consumo, gerem menos resíduos e/ou resíduos menos agressivos ao ambiente; - estabelecimento de legislação sobre embalagens de produtos, onde a tendência é utilizar o conceito de responsabilidade do produtor sobre o impacto ambiental do seu produto. 25 Quadro 1. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Ponto Margem esquerda Margem direita 346 346 Na margem direita observou-se a pouca proteção da margem por vegetação, enquanto a margem esquerda do arroio apresentava vegetação. 347 347 Na margem direita observou-se pouca proteção vegetal da margem, bem como bancos de areia, enquanto na margem esquerda observou-se proteção vegetal da margem e bancos de areia no leito do arroio. 348 348 Na margem direita verificou-se uma melhor cobertura vegetal em relação à margem esquerda. 349 349 Na margem esquerda verificou-se uma margem com vegetação, enquanto na margem direita verificou-se uma passagem para banhistas entre a pouca vegetação existente. Verificou-se também a presença de bambus nas margens. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – I. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 26 Quadro 2. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Ponto Margem esquerda Margem direita 350 350 Verificaram-se as margens com vegetação. 351 351 Verificaram-se as margens com vegetação. 352 352 Verificaram-se as margens com vegetação. 353 353 Verificaram-se as margens com vegetação. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – II. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 27 Quadro 3. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Ponto Margem esquerda Margem direita 354 354 Verificou-se pouca vegetação nas margens e muita deposição de sedimentos. 355 355 Verificou-se margens vegetadas e deposição de sedimentos no arroio. 356 356 Na margem esquerda verificou-se uma margem com bambus e do lado direito uma vegetação mais densa. 357 357 Na margem esquerda verificou-se vegetação, enquanto na margem direita observou-se uma vegetação pouco densa. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – III. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 28 Quadro 4. Imagens das margens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Ponto Margem esquerda Margem direita 358 358 Neste ponto verificou-se pouca vegetação e alguns galhos caídos na margem. 359 359 Neste ponto verificaram-se margens vegetadas e deposição de sedimentos. 360 360 Verificou-se uma vegetação pouco densa. 361 361 Neste ponto verificou-se uma margem vegetada e galhos de árvores caídos na mesma. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IV. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 29 Quadro 5. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Imagem Observação Percurso entre os pontos 351 e 352, onde se observou alguns pontos com deposição de sedimentos, especialmente material grosseiro como areia e cascalho. Percurso entre os pontos 353 e 354, onde se observou alguns pontos com deposição de sedimentos, especialmente material grosseiro como areia e cascalho, e resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma garrafa PET. Percurso entre os pontos 353 e 354, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma lata de alumínio. Percurso entre os pontos 353 e 354, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco plástico preso a um galho. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – V. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 30 Quadro 6. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Imagem Observação Imagem do ponto 354, onde houve a queda de uma ponte. Observou-se neste ponto acúmulo de sedimentos, especialmente material grosseiro como areia e cascalho, além da ausência de vegetação protegendo as margens do arroio. Percurso entre os pontos 356 e 357, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma pasta de dente. Percurso entre os pontos 356 e 357, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, metade de um recipiente plástico. Percurso entre os pontos 356 e 357, onde se observou alguns pontos com deposição de sedimentos, especialmente material grosseiro como areia e cascalho, galhos de árvores inclinados e margens desprotegidas de vegetação. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VI. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 31 Quadro 7. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Imagem Observação Percurso entre os pontos 357 e 358, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma lata de alumínio. Percurso entre os pontos 358 e 359, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um recipiente de plástico. Percurso entre os pontos 358 e 359, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco plástico preso a um galho. Percurso entre os pontos 358 e 359, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco plástico preso mergulhado na água. Percurso entre os pontos 359 e 360, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, metade de uma garrafa PET. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VII. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 32 Quadro 8. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Imagem Observação Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, alguns sacos plásticos presos a galhos de árvores. Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma garrafa de plástico. Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco plástico preso a um galho de árvore. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – VIII. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) 33 Quadro 9. Imagens do arroio nos diferentes pontos do percurso. Imagem Observação Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, um saco plástico preso a um galho de árvore. Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou alguns pontos com deposição de sedimentos, especialmente material grosseiro como areia e cascalho. Percurso entre os pontos 360 e 361, onde se observou alguns pontos com deposição de resíduos sólidos inorgânicos, neste caso, uma garrafa PET presa a galhos de árvores. Ao longo do percurso entre os pontos 360 e361 observou algumas margens do arroio pouco protegidas por vegetação. Fotos: Arroio Pelotas – Margens Esquerda e Direita – IX. Fonte: Luis Eduardo A. Sanches Suzuki (2011) As imagens acima mostraram a atual situação de alguns pontos do Arroio Pelotas. Locais com pouca proteção da margem por vegetação, bancos de areia, deposição de sedimentos (areia e cascalho), galhos caídos na margem, resíduos sólidos inorgânicos como lata de alumínio, garrafa PET, saco plástico, tubo de pasta de dente, recipiente plástico, etc... Faz-se necessário reforçar a importância que representa a bacia hidrográfica do município de 34 Pelotas para o abastecimento de água potável para a cidade e a necessidade de se preservar esta bacia, o que é possível através das ações de Educação Ambiental. As primeiras informações sobre o Meio Ambiente devem ser transmitidas ainda na infância, através da família e na escola, com o intuito de formar cidadãos conscientes. E neste caso, os pais e agricultores também são atores fundamentais nesse processo, pois eles são os principais responsáveis pelo uso e manejo do solo na bacia. 3.2. Fase 2: Mecanismos para Educação Ambiental As fotografias, percepções e identificações coletadas ao longo da primeira fase do trabalho permitem levar às pessoas uma realidade local, e a necessidade de que eles atuem na mudança para um melhor ambiente. E nesta segunda fase, os mecanismos para a Educação Ambiental atingem desde crianças do ensino fundamental e médio até adultos. Segundo Gaudiano (2005) “a educação ambiental constitui uma área importante dentro do atual currículo escolar da educação primária, dada a problemática ambiental que se caracteriza como uma das crises do mundo contemporâneo.” Salienta que da capacidade dos educadores que, com o seu trabalho, querem contribuir para prevenir, mitigar e resolver os complexos problemas ambientais que nos afligem, dependerá um grande conjunto de linhas que irão definir os perfis sociais, econômicos, políticos e ecológicos. Costa e Costa (2004) afirmam que a educação ambiental trata-se do processo de aprendizagem e comunicação de problemas relacionados à interação dos homens com seu ambiente natural. É o instrumento de formação de uma consciência através do conhecimento e da reflexão sobre a realidade ambiental. Mas não basta apenas transmitir os conteúdos referentes à educação ambiental. Quando assimilados estes devem cumprir o seu principal objetivo, ou seja, a mudança de atitudes face ao ambiente (GONÇALVES et al., 2007). Ao definir conflito ambiental, Berté (2007) destaca que este “ocorre quando atores sociais tomam consciência de dano e/ou risco ao meio ambiente, se mobilizam e agem no intuito de interromper ou eliminar o processo de ameaça”. 35 De acordo com Giordan e Souchon (1996, apud GONÇALVES et al., 2007), uma das melhores formas de iniciar uma ação de educação ambiental, que capte o interesse da população-alvo, é abordar e estudar problemas locais, explorar dúvidas individuais e problemas da sua região e só depois questões mais gerais que dizem respeito a toda a Biofera. Considera-se que a temática aqui desenvolvida atende a este apelo. Pretende-se, com este estudo, não somente investigar a existência de um problema local de proporções importantes, mas também, motivar a comunidade em geral para que haja uma mudança de atitude em relação a este. 3.2.1 Mecanismos para a Educação Ambiental no ensino fundamental Vários têm sido os mecanismos adotados para a Educação Ambiental, especialmente no ensino fundamental. Desde cartilhas, teatros, poesias, jogos, atividades virtuais (internet), músicas, dentre outras. Essa diversidade de mecanismos é interessante pois, ao diversificar, chama-se a atenção para o assunto de diferentes maneiras, possibilitando atingir o maior número de pessoas possível. Segundo Morais (2007), a interação com os colegas de idade próxima e imersos na mesma situação favorece a aprendizagem. As trocas de idéias e opiniões, num ambiente de confiança e conforto emocional, podem permitir situações de aprendizagem mais rica do que se o aluno estivesse realizando sozinho as atividades ou interagindo apenas com o professor. Ainda, segundo a mesma, o objetivo maior do trabalho de educação ambiental é a ação transformadora sobre o mundo, que pode incluir pequenas mudanças isoladas e individuais de comportamentos como fechar a pia enquanto escova os dentes ou ensaboa as vasilhas ou as ações podem ser mais amplas, coletivas, a partir da formação e da atuação de grupos organizados para a reivindicação de uma mudança na política municipal de coleta de lixo, por exemplo, ou através da participação no Conselho Municipal de Meio Ambiente ou no Comitê da Bacia Hidrográfica da região. 36 Nesse sentido, é importante a interação entre os alunos e o professor ou mediador, gerando um ambiente de discussão. Em sala de aula, já no ensino fundamental, é possível ensinar, a princípio, o que significa “erosão” para que, posteriormente, o aluno possa compreender o significado dos demais tipos, incluindo a erosão hídrica, tema deste trabalho. Talvez metodologias interessantes, voltadas principalmente para a educação infantil, seja o aprendizado através da poesia e da música. A letra da poesia “Erosão” de John (Por John Emilio G. Tatton. ® AGUA – Associação Guardiã da Água – 2004 Todos os direitos reservados.), pode ser trabalhada em sala de aula, por exemplo. EROSÃO John Como o verme parasita a carne que o alimenta passa o homem pela vida queimando o verde do planeta Na maioria das vezes por nada ou pelo ingênuo hábito da coivara vem sendo por séculos queimada nossa ex-verdejante terra Sentindo a mesma dor da ferida Que ataca a carne e o coração Quando é cruelmente corroída Pelo processo da erosão Que leva embora na enchurrada No vento, a camada rica de húmus Que demorou anos para ser formada 37 Em repetidos e sucessivos acúmulos Os mananciais vão se assoreando E o solo não mais segura a água Ocasionando secas, cheias, inundando E nos trazendo muita mágoa Chega de sofrer: de ignorância É urgente nos educarmos ambientalmente Que esse modelo consumista em ganância Vai sucumbir pela boca fatalmente! Aproximam-se os desertos Por um erro, aliás EROSÃO! O que veio do pó decerto Que ao pó retornarão...!!! Fonte: http://www.agua.bio.br/botao_e_L.htm Outra forma de ensino é a música, por exemplo, a música “Erosão”, composta por Walter Santos e Tereza Souza e cantada por Luiz Gonzaga, que é tema de um alerta anunciado já há muito tempo e que pode ser incluída no conteúdo programático do ensino fundamental. Ela mostra com profundidade o sofrimento daqueles que convivem com este tipo de degradação, conforme letra a seguir: EROSÃO Walter Santos / Tereza Souza Ainda hei de ver um dia A minha terra sem a praga da erosão Ai! Quem me dera se eu pudesse Se Deus me desse uma atenção E ajustasse todo o povo No mutirão para acabar com a erosão 38 Ainda hei de ver um dia De novo o verde Se espalhar no meu sertão A erosão parece uma serpente Rachando a terra, devorando o chão E a riqueza que era da gente Vai toda embora com a erosão Por isso, agora estou aqui cantando Chamando o povo pra esse mutirão Vamos minha gente, salvar nossa terra Das rachaduras da erosão No meu pedacinho de chão Não tem perigo de erosão Eu aprendi o jeito certo De proteger a terra e a minha plantação Ai, minha gente, que fartura Tanta riqueza se espalhando pelo chão É macaxeira, girimum caboclo Batata- doce, melancia e melão Feijão de corda se enroscando em tudo Dá gosto de ver minha plantação Lá no açude, a água tão limpinha Espelha o verde e a criação É tão bonito este meu pé-de-serra Com a terra livre da erosão (bis) Fonte: http://luiz-gonzaga.musicas.mus.br/letras/1564318/ A mesma música pode ser utilizada na aula de inglês. Ao mesmo tempo em que o aluno está exercitando a aprendizagem de um outro idioma, está reforçando o que já foi visto a respeito deste conteúdo. 39 Ao aprender esta música, além da idéia generalizada que o aluno adquire sobre o conteúdo erosão, também inicia a trabalhar o conceito de erosão hídrica. Isto se percebe através dos versos... “Lá no açude, a água tão limpinha / Espelha o verde e a criação / É tão bonito este meu pé-de-serra / Com a terra livre da erosão”. Outra maneira de introduzir o conceito de erosão hídrica seria utilizar como estratégia de ensino, atividades lúdicas. Sobre a importância de brincar Le Boulch (1982) assinala que [...] a criança vai adquirir pouco a pouco confiança nela, e melhor conhecimento de suas possibilidades limites, com frequência impostos pela presença da outra criança com quem ela deverá aprender a cooperar durante o jogo. Resumindo, a atividade lúdica incide na autonomia e na socialização, condição de uma boa relação com o mundo. De acordo com Kishimoto (2001), usa-se nas atividades escolares, brincadeiras e jogos didáticos, com o propósito de desenvolver o método de ensino-aprendizagem além do desenvolvimento físico, emocional e social da criança. A demonstração abaixo de um jogo desenvolvido por Flávio Bello Fialho e produzido pela CNPSA EMBRAPA / Suínos e Aves (2002), é um exemplo de como o conteúdo de erosão hídrica pode ser inserido no ensino fundamental. O jogo consiste em clicar na figura para possibilitar o surgimento da tela seguinte, onde questões relacionadas a um manejo adequado do ambiente são levantadas. A seguir são apresentadas a tela inicial (Figura 4) e final (Figura 5) da atividade. 40 Ajude a limpar o rio! Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho Figura 4. Algumas coisas na figura estão poluindo o rio. Descubra quais e mude-as para melhor. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho) A partir dessa primeira imagem, outras vão surgindo de modo que o indivíduo auxilie na construção de um manejo adequado do ambiente. Neste contexto, temas como erosão hídrica, assoreamento de rios, contaminação da água, mata ciliar dentre outros vão sendo desenvolvidos. Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho Figura 5. A falta de proteção nos topos dos morros e áreas com declive acentuado faz a água escoar rapidamente, causando erosão. Os topos dos morros e encostas íngremes devem ser 41 protegidos por árvores, para evitar a erosão. (Copyright © 2002 Embrapa Suínos e Aves Desenvolvido por Flávio Bello Fialho) Através desta atividade o aluno aprende, de maneira divertida, conceitos de erosão e poluição dos rios. Por intermédio desta, o professor poderá introduzir os conteúdos “desmatamento” e “mata ciliar”, significados e importância. Desmatamento, mata ciliar e erosão, são conceitos interligados. Segundo Morais (2007), “a mata ciliar é a vegetação que nasce junto às margens dos cursos d’água, protegendo-os assim como os cílios protegem nossos olhos”. É importante para o universo infantil, o fato de se relacionar as matas ciliares com os cílios, a fim de fixar com mais facilidade o conteúdo. Vale aqui salientar a importância da mata ciliar na preservação das bacias hidrográficas. De acordo com Morais (2007), [...] as matas ciliares retêm o escoamento das águas de chuva, ajudando a conservar o solo e dando estabilidade aos barrancos e às margens dos cursos d’água. A absorção da água e seu armazenamento pelos vegetais dessas matas, contribuem para diminuir o pico dos períodos de cheia. As relações alimentares que se estabelecem entre os seres vivos dessas matas e aqueles que habitam os cursos d’água contribuem para a circulação de nutrientes entre esses seres vivos, o solo e a água. As matas ciliares servem de locais onde muitas espécies de animais obtêm abrigo, alimento e se reproduzem. A manutenção da vegetação nativa nas margens dos rios e ribeirões é imprescindível para a conservação da água e da vida que dela depende. Por sua grande importância, as matas ciliares são Áreas de Preservação Permanente, o que significa que são protegidas por lei. A lei, o Código Florestal, determina que é obrigatória a conservação de uma faixa de mata ciliar de acordo com a largura do curso d’água. Quando a mata ciliar é degradada, as consequências se farão sentir em todos os componentes dos ecossistemas: o solo pode sofrer erosão, os rios podem receber terra e terem seu volume diminuído, e até mesmo espécies podem se extinguir. Por isso, além de proibir a supressão da mata ciliar, a legislação exige a recuperação da vegetação nativa nos casos em que ela já foi degradada. Outro processo que põe em risco os cursos d’água é a supressão da vegetação situada no entorno das nascentes. Como o que ocorre com as nascentes pode trazer graves consequências para a bacia hidrográfica como um todo, é muito 42 importante cuidar delas e da vegetação que as protege. Para isso, a lei determina que a vegetação nativa presente em um raio mínimo de 50 metros de uma nascente também é de preservação permanente, assim como a vegetação natural no topo de morros, montes, montanhas e serras. Essa vegetação é essencial para a recarga da água, isto é, para que ocorra a infiltração de água no solo, repondo o volume e mantendo depósitos e cursos d’água, superficiais e subterrâneos. Como nem sempre a vegetação das áreas de recarga é preservada, as bacias hidrográficas e os seres vivos que delas dependem podem ser colocados em risco. Como atividade em sala de aula, Putzke (2009) sugere que os acadêmicos juntamente com a comunidade, adotem trechos de cursos d’água próximos à escola, a fim de levantar as condições da vegetação ciliar e de tentar sua recuperação. Para inserir o tema “desmatamento”, pode-se lançar mão de outro recurso não menos importante na introdução de conteúdos na Educação Infantil, ou seja, a utilização de estórias em quadrinhos, conforme é mostrado abaixo (Figuras 6, 7 e 8) nas charges de Maurício de Sousa. Figura 6. Ação de desmatamento 01 – Muitas florestas acabam dessa maneira. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). 43 Figura 7. Ação de desmatamento 02. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). Figura 8. Ação de desmatamento 03. (Copyright © 2000 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). Através de atividades lúdicas, neste caso, por intermédio do desenho, amplia-se a possibilidade de a criança construir um juízo crítico no que tange ao prejuízo que a ação de desmatar causa a todos os seres vivos, e, com relação à importância de não poluirmos os rios, como mostra a estória em quadrinhos (Figura 9) de Maurício de Sousa (2003). Figura 9. Poluição dos rios. (Copyright © 2003 Maurício de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados). Após o desenvolvimento das atividades, o professor pode fazer questionamentos aos alunos, de modo a avaliar as atividades desenvolvidas e o aprendizado do aluno. Algumas 44 perguntas que podem ser feitas aos alunos: Podemos beber a água de rios, lagos e arroio? De que forma a água chega em nossas casas? De onde vem a água de nossas casas? Por que devemos preservar as matas? O que é erosão? Quais os problemas que a erosão pode trazer? A este respeito, Dias (2006) sugere como atividade, informar se as áreas onde a água é captada para a represa são protegidas contra a poluição e o desflorestamento. Também, organizar uma visita à área de captação. Também destaca que nações do mundo estão em conflito ou em guerra pela disputa da água. Salienta que, embora o Brasil seja um dos países que possui as maiores reservas de água do mundo, é vital não se descuidar da preservação das nossas nascentes e das práticas de uso que evitem ou, pelo menos, reduzam o desperdício. O mesmo, nos alerta que a disponibilidade e qualidade da água dependem dos hábitos de consumo e das medidas de proteção dos seus mananciais. Analfabetismo ambiental, desperdício, desflorestamento e poluição são as maiores ameaças ao acesso à água potável. 3.2.2 Mecanismos para a Educação Ambiental para o público adulto Para o público adulto a Educação Ambiental é fundamental, pois são eles que agem e atuam no uso e manejo do solo. No entanto, a Educação Ambiental para o público adulto é um complemento da Educação Ambiental para o ensino fundamental, porque a partir dessa educação as crianças cobrarão dos pais atitudes mais positivas em relação ao meio ambiente. A linguagem utilizada na educação para adultos deve ser outra daquela utilizada no ensino fundamental, no entanto, algumas estratégias utilizadas no ensino fundamental podem ser mantidas para os adultos, modificando apenas a linguagem, como por exemplo, utilizar a mesma tira da estória em quadrinhos, cujo autor é Mauricio de Sousa, já mostrada anteriormente quando se fez referência à Educação Ambiental para o ensino fundamental, e trabalhar a cena mostrada pelos personagens Chico Bento e seu primo Zé Lelé, que representam crianças que vivem em um ambiente rural. Através da mesma, pode-se explorar as razões da investigação aqui proposta, ou seja, a questão da erosão, assoreamento, poluição dos rios, gás carbônico, efeito estufa, enfim, uma série de questões, as quais têm suas origens no desmatamento. 45 Seminários, dias de campo, visitas ao arroio, palestras e outras atividades interativas podem ser feitas para o público adulto. Especialistas em erosão podem ministrar palestras para os agricultores, indicando técnicas de manejo e conservação do solo e da água, bem como utilizar algumas propriedades rurais para instalar áreas demonstrativas de manejo conservacionista. Dentre as práticas conservacionistas pode-se citar aquelas de caráter vegetativo, onde se utiliza a vegetação para proteger o solo contra a erosão; práticas de caráter edáfico, na qual modificações no sistema de cultivo, além de controlar a erosão, mantêm ou melhoram a fertilidade do solo; práticas de caráter mecânico, onde se utiliza estruturas artificiais com a finalidade de reduzir a velocidade de escoamento da enxurrada e facilitar a infiltração da água no solo (BERTONI E LOMBARDI NETO, 2010). Pode-se programar uma visita em alguns pontos do arroio onde se verificou a falta da vegetação e indícios de erosão, bem como visitar locais de ocupação por banhistas no verão e mostrar os resíduos sólidos deixados por eles no local. A partir destas visitas, fazer questionamentos de modo que percebam de que forma eles podem atuar na mudança daquelas condições. 46 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A água, elemento tão importante para a sobrevivência da humanidade, é hoje motivo de inquietação devido à sua crescente escassez. Atenção especial deve ser dada a este recurso, e a educação ambiental é o caminho para conscientizar as pessoas da necessidade de conservação e preservação desse bem tão valioso. No decorrer deste trabalho foram registrados na bacia hidrográfica do Arroio Pelotas, áreas visivelmente desprotegidas de mata ciliar, erosão em margens, assoreamento e poluição por resíduos sólidos. Para recuperação das margens, baseada nas observações de campo e na literatura, sugere-se técnicas de controle da erosão como técnicas vegetativas ou obras técnicas de engenharia. A partir do trabalho de campo, foram sugeridos mecanismos, materiais e técnicas para conscientização das pessoas a respeito da conservação do solo e da água, mostrando uma realidade presente no município de Pelotas. Foram sugeridos materiais didáticos para melhor compreensão dos resultados pelos alunos. Desta forma, espera-se que os resultados obtidos no campo possam servir como forma de conscientizar as pessoas da necessidade de conservação do solo e da água, a partir de uma realidade próxima a elas. É necessário que se estabeleça novos padrões de comportamento e culturais da população em relação ao consumo e descarte de resíduos sólidos, e isso depende de um trabalho de educação e conscientização. 47 5. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). Resíduos sólidos – Classificação. NBR-10.004. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA. Lei nº 11.895 de 28 março de 2003. Declara o Arroio Pelotas Patrimônio Cultural do Estado do RS. Assembléia Legislativa do Estado do RS. SISTEMA LEGIS. D-O 62 de 31/03/03. P-1. Porto Alegre, 2003. Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/Legis/M010/M0100018.asp?Hid_IdNorma=442&Texto => Acesso em: 11 maio 2011. BARBOSA, L. M. 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